O documento descreve a evolução da educação no Brasil desde a independência em 1824 até a atualidade. A educação brasileira teve um desenvolvimento turbulento e descontínuo ao longo da história, com poucas mudanças significativas até a Constituição de 1988, que estabeleceu a educação como um direito de todos. No entanto, muitos dos princípios constitucionais ainda não foram implementados na prática. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 regulamentou a educação básica e superior no país, mas também
O documento descreve a evolução da educação no Brasil desde a independência em 1824 até a atualidade. A educação brasileira teve um desenvolvimento turbulento e descontínuo ao longo da história, com poucas mudanças significativas até a Constituição de 1988, que estabeleceu a educação como um direito de todos. No entanto, muitos dos princípios constitucionais ainda não foram implementados na prática. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 regulamentou a educação básica e superior no país, mas também
O documento descreve a evolução da educação no Brasil desde a independência em 1824 até a atualidade. A educação brasileira teve um desenvolvimento turbulento e descontínuo ao longo da história, com poucas mudanças significativas até a Constituição de 1988, que estabeleceu a educação como um direito de todos. No entanto, muitos dos princípios constitucionais ainda não foram implementados na prática. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 regulamentou a educação básica e superior no país, mas também
O panorama histórico da educação básica no Brasil é acidentado e turbulento,
marcado por diversas interrupções e descontinuidades que tornaram sua evolução mais lenta. O primeiro registro formal de uma política para a educação básica se dá de maneira tímida na Constituição de 1824, dois anos após a independência do Brasil. Durante o período monárquico, houve iniciativas esparsas e isoladas que não foram capazes de integrar um sistema educacional consistente. A educação só volta a ser revisada 67 anos depois, na Constituição de 1891, dois anos após a declaração da república. Durante a República Velha, um movimento importante foi o Manifesto dos pioneiros da Educação Nova de 1923, que propunha uma reforma educacional, mas, no geral, não houve grandes mudanças na educação escolar brasileira com o advento da República. Com início em 1930, a Era Vargas foi marcada pela Reforma Capanema, uma série de leis e decretos que visavam incentivar o ensino técnico profissionalizante para atender à demanda por mão de obra qualificada exigida pelo crescimento industrial. Com o fim da Era Vargas, uma nova Constituição é promulgada em 1946 que permitiu a criação das primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educação em 1961. A LDB pormenorizou a organização escolar e curricular da educação nacional, mas foi abalada pelo golpe militar de 1964. O segundo período ditatorial representa um grande atraso para a educação brasileira, com fortes intervenções estatais de cunho ideológico e desmobilização da sociedade organizada. Quando a ditadura acaba, em 1985, a educação vive um dos seus piores momentos da história. Só com a “Constituição Cidadã” de 1988 é que a educação finalmente elevada como um direito de todos e responsabiliza o Estado e a família por fornecê-la, além de estabelecer princípios baseados na democracia e nos direitos humanos. Ela abre caminho para diversas ações como a criação de fundos destinados à educação, o Estatuto da Criança e do Adolescente, os Planos Nacionais de educação, entre outros. Entretanto, depois de mais de 30 anos de Constituição Cidadã e diversas emendas, destacam-se os direitos básicos que não conseguiram se concretizar. Não é preciso uma longa leitura do Capítulo III da Educação, da Cultura e do Desporto, da Constituição Nacional, para identificar essas premissas. Logo no segundo artigo (art. 206,) que elenca os princípios pelos quais o ensino será ministrado, nota-se a discrepância entre a lei e a realidade. A seguir, faz-se uma breve avaliação de cada um dos nove incisos do referido artigo: • I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola: esse princípio abrange todas os problemas de desigualdade social existentes no país que, enquanto não forem resolvidos, não será possível cumprir com este direito. • II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber: o conhecimento privilegiado pelas escolas é o tecnicista, influenciado pelas políticas econômicas. Neste sentido, a escola acaba sendo moldada de acordo com os imperativos do mercado e da livre concorrência, transformando a educação em mercadoria, a escola em empresa. O pensamento crítico, a arte e o saber são colocados em segundo plano, ou nem são considerados. • III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino: na realidade, a autonomia prevista em lei esbarra em resistências do poder público que fiscaliza os modelos da educação e os rege segundo princípios ideológicos, como o que houve É nítida a intervenção do governo na educação de forma geral, como a MP 979 que dá ao MEC o poder de nomear reitores de universidades federais (contrariando a Constituição) e a regulamentação da educação domiciliar que altera as leis nº8.069/90 (ECA) e nº 9.394/96 (LDB ), além de aliviar a responsabilidade do Estado sobre a educação nacional, contrariando o art. 205 da Constituição. • V - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais: a gratuidade do ensino público, especialmente do ensino superior, é simbólica. É necessário um grande investimento para ingressar numa universidade pública, fato comprovado pelo perfil dos alunos que a frequentam. • V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas: é importante frisar que este inciso foi incluído na Constituição somente em 2006. Representa um avanço, mas na prática da profissão pouco foi feito. • VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei: uma gestão participativa, compartilhada ou democrática significa envolver e engajar a comunidade escolar o que, em si, já representa um grande desafio, alimentado pela diferença de interesses entre as partes. Exige do gestor da escola uma capacidade de liderança, no que tange a inspirar, motivar e animar ideias, pessoas e projetos, além de uma mente aberta ao novo e revisar modelos antiquados que não servem mais ao momento atual. É por isso que é preciso pesquisar em artigos científicos para encontrar escolas que adotaram com sucesso a gestão compartilhada. • VII - garantia de padrão de qualidade: um padrão de qualidade é estabelecido a partir de algum modelo, que até há pouco inexistia. Somente na emenda de 20 de agosto de 2020, há pouco mais de um mês, foi instituído o padrão mínimo de qualidade (§ 7º do art. 211) que considerará as condições adequadas de oferta e terá como referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ). • VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal: outro inciso incluído na emenda de 2006, representa um avanço pois estipula que um terço da carga horária remunerada do professor seja para planejamento. No entanto, na prática, o profissional necessita complementar sua renda e dar aula em escolas particulares, prejudicando esse tempo de planejamento. • IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida: este inciso foi incluído na última emenda (20 de agosto de 2020) e representa uma promessa de uma aprendizagem contínua, afinal o processo de aprendizagem não se limita a cumprir a diplomação oficial, muito pelo contrário, ela deve acompanhar os movimentos e evoluções da sociedade e do planeta. É um inciso que inclui de forma latente cursos de pós-graduação, extensão universitária, cursos livres, entre outras maneiras de ensino que nunca foram contemplados pela Constituição. As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) surgem num novo ciclo político, marcado pela democratização e pelo Estado de direito, ao mesmo tempo que é fortemente influenciado pelo neoliberalismo e pela sociedade capitalista moderna. A implementação da LDB vem disciplinar a educação escolar, reiterando preceitos constitucionais e acrescentando normas que organizam a prática educacional. Os níveis escolares foram compostos da Educação Básica, dividida em três níveis (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e Educação Superior. Enquanto a Educação Básica fica incumbida de desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, a Educação Superior é encarregada de: • I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; • II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; • III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; • IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; • V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; • VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; • VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. • VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares. Além disso, a LDB delega as responsabilidades à União, Estados e Municípios no provimento da educação nos diversos níveis, define a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um guia para condução dos objetivos de aprendizagem das instituições de ensino, inclusive na formação dos docentes, e determina a destinação de recursos para o financiamento do sistema educacional. Conclui-se que o Brasil está equipado com um arcabouço jurídico consistente, mas que encara uma realidade repleta de desafios e injustiças. Esse fato torna a prática docente um exercício de luta e de frustração, que mina o ânimo exigido para a ação, provocando a desistência de transformar o status quo e causando a rendição à bruta realidade cotidiana.
REFERÊNCIAS
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Fundeb no Senado é tão importante. Brasil de Fato. Recife, 20 de ago. 2020. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2020/08/20/o-que-e-custo-aluno- qualidade-e-por-que-votacao-do-fundeb-no-senado-e-tao-importante>. Acesso em: 23 de set. de 2020. BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm >. Acesso em 22 de set. de 2020. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm >. Acesso em 22 de set. de 2020. ILHA, Flávio. Bolsonaro autoriza intervenção em universidades federais. Extra Classe. Porto Alegre, 10 de jun. 2020. Disponível em: < https://www.extraclasse.org.br/educacao/2020/06/bolsonaro-autoriza-intervencao-em- universidades-federais/> Acesso em: 23 de set. de 2020. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Bolsonaro assina projeto que regulamenta educação domiciliar. Brasília, 12 de abr. 2019. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/75061-educacao-domiciliar>. Acesso em: 23 de set. de 2020. PALMA FILHO, J.C. Síntese LDB. Disponível em: <https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/33/3/LDB_Sintese.pdf>. Acesso em: 23 set. 2020. V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais. Brasília, 16 de mai. 2019. Disponível em: < http://ufes.br/sites/default/files/anexo/v_pesquisa_do_perfil_dos_graduandos_16_de_mai o.pdf>. Acesso em: 23 set. 2020.
Racionalidade e Projeto Político-pedagógico: um olhar a partir do Currículo e do relato das Práticas Docentes de professores do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Ceará