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5 LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................... 15
BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................ 39
1 EDUCAÇÃO NO BRASIL: CONCEPÇÃO E DESAFIOS PARA O SÉCULO XXI
Fonte: www.valoresreais.com
2 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO
Fonte: www.insper.edu.br
Fonte: www.primecursos.com.br
QUESTÕES CRÍTICAS
O conhecimento em si não conquista a incerteza, mas produz incertezas com
as quais ninguém jamais teve a experiência histórica de lidar.
Embora a forma e direção gerais das mudanças recém-mencionadas não
sejam mais objeto de disputa, permanecem ainda desacordos consideráveis com
relação à natureza e à extensão dessa coisa chamada "globalização". Quanto mais
aprendemos sobre ela, maiores as incertezas a respeito das suas consequências. Es-
sas questões se tornam ainda mais desafiadoras, à medida que avançamos das
mudanças amplas com as quais temos lidado para áreas específicas de política e
prática, como a educação. Reunimos aqui diversas questões críticas que, conforme
nos lembra Giddens, refletem as novas incertezas que as discussões sobre a glo-
balização trouxeram à luz.
Quais são as origens da globalização? Teoricamente, um dilema central é
se devemos localizar as origens da globalização contemporânea em torno de 1971-
1973, com a crise do petróleo, que promoveu diversas mudanças tecnológicas e
econômicas direcionadas para encontrar fontes substitutas para matérias-primas
estratégicas e buscar novas formas de produção que consumissem menos energia e
trabalho. De maneira alternativa, como fizeram alguns autores deste livro, podemos
localizar as origens da globalização há mais de um século, com mudanças nas tecno-
logias de comunicação, nos padrões de migração e nos fluxos de capital (por exemplo,
como aqueles afetados pelo processo de colonização do Terceiro Mundo).
Uma questão importante para muitos observadores é se estamos enfrentando
uma nova época histórica, a configuração de um novo sistema mundial, ou se essas
mudanças são significativas, mas não sem precedentes, com paralelos, por exemplo,
nas mudanças semelhantes que ocorreram no final da Idade Média. Nossa visão
sobre esse tema, todavia, não é uma questão de escolher entre uma ou outra opção.
Estamos em uma nova época histórica, uma nova ordem global, em que as velhas
formas não estão mortas, mas as novas ainda não estão inteiramente formadas. David
Held sugere em Democracy and global order, por exemplo, que estamos em uma nova
"Idade Média global", um período que reflete que, apesar de ainda terem vitalidade,
os Estados- nação não podem controlar suas fronteiras e, portanto, estão sujeitos a
todo o tipo de pressões internas e externas.
Além disso, mesmo que essa nova ordem global mostre o fim da soberania do
Estado- nação, essa situação apresenta impactos diferenciais, de acordo com a sua
posição na ordem mundial: Estados unificados em alianças regionais, como o NAFTA
e a União Europeia; Estados emergentes ou intermediários, como o Brasil, a Coréia,
a Índia e a China; Estados menos desenvolvidos, como a Argentina, a Hungria, o Chile
e a África do Sul; Estados em desenvolvimento, incluindo muitos na América Latina,
Ásia e África; e Estados subdesenvolvidos, em um estado de dependência extrema,
como o Haiti, alguns Estados da América Central, Moçambique, Angola e Albânia. O
impacto e o significado da "globalização" não apenas são duvidosos, como também
podem operar de maneira diferente em várias partes do mundo e, em certos contextos,
ter pouco impacto. Aqui, mais uma vez, a globalização, em si, não é um fenômeno
unificado e global.
Assim, apesar de a globalização poder refletir um conjunto de mudanças
tecnológicas, econômicas e culturais bastante definidas, a forma de sua importância
e suas tendências futuras não estão determinadas. Conforme observamos, a
especificidade histórica desse processo não garante necessariamente um impacto
simétrico e homogêneo ao redor do mundo. Essa narrativa da globalização é bastante
diferente da narrativa neoliberal, um discurso que tira vantagem dos processos
históricos de globalização para valorizar certas receitas econômicas sobre como ope-
rar a economia (através do livre-comércio, des- regulamentação, e assim por diante)
— e, por implicação, receitas sobre como transformar a educação, a política e a
cultura.
Além das narrativas dicotômicas sobre a globalização. Certas dualidades são
recorrentes na literatura a respeito deste tema. Em uma distinção de influência ampla,
existem duas forças principais em operação na ascensão da globalização: a
globalização de cima para baixo, um processo que afeta principalmente as elites
dentro e através de contextos nacionais, e a globalização de baixo para cima, um
processo popular que fundamentalmente emerge das organizações de base da
sociedade civil. Este contraste ressalta uma importante dinâmica política (e ajuda a
formar uma conveniente e esperançosa imagem de luta e resistência em escala
global), mas o seu uso disseminado obscurece as formas pelas quais essas duas
tendências não são inteiramente independentes uma da outra. Por exemplo, os
grupos "de cima" e "de baixo" tendem a se fundir em determinadas organizações não-
governamentais; e os movimentos populares "de baixo" ainda podem ser percebidos,
em certos contextos, como uma imposição "de cima".
Ainda assim, outras dualidades prevalecem: entre o global e o local; entre
dimensões econômicas e culturais da globalização; entre a globalização, vista como
uma tendência para a homogeneização em torno de normas e culturas ocidentais (ou,
de forma ainda mais limitada, norte-americanas) e vista como uma era de maior
contato entre culturas diversas, levando a um crescimento em hibridez e novidade; e
entre os efeitos materiais e retóricos da globalização — ou, como pode ser colocado,
entre a globalização e a "globalização". Finalmente, há a questão de se a globalização
é uma "coisa boa": será ela um benefício para a causa do crescimento, da igualdade
e da justiça econômica, ou será prejudicial? Ela promove o compartilhar cultural, a
tolerância e um espírito cosmopolita, ou produz apenas a ilusão dessa compreensão,
uma apreciação consumista imperturbável, como em um parque temático da Disney,
que suprime questões de conflito, diferença e assimetrias de poder?
Para nós, nenhuma dessas questões captura as sutilezas ou dificuldades dos
temas que estão em jogo. Todas elas apontam uma escolha fácil entre alternativas
polares, tipos "bons" e "ruins" de globalização, em vez de uma situação conflituosa de
tensões prolongadas e escolhas difíceis. Uma reconsideração ou, em muitos casos,
um desafio direto a esse tipo de dicotomia simples irá aparecer seguidamente em todo
o livro. Consideramos que isto é central para compreender a globalização em toda a
sua complexidade e ambiguidade.
Quais são as características cruciais da globalização? À luz de muitos desses
debates, pode ser extremamente arriscado estabelecer uma descrição das
características da globalização que afetam a educação de forma mais rigorosa, mas
elas parecem envolver, pelo menos:
Em termos econômicos, uma transição de formas fordistas a pós-fordistas de
organização do local de trabalho; um aumento na publicidade nos padrões de
consumo internacionalizados; uma redução de barreiras ao fluxo livre de
mercadorias, trabalhadores e investimentos entre fronteiras nacionais; e,
consequentemente, novas pressões sobre os papéis do trabalhador e do
consumidor na sociedade;
Em termos políticos, urna certa perda da soberania do Estado-nação ou, pelo
menos, a erosão da autonomia nacional e, consequentemente, um
enfraquecimento da noção de "cidadão" como um conceito unificado e
unificante, um conceito que possa ser caracterizado por papéis, direitos,
obrigações e status precisos (ver Capella, neste volume);
Em termos culturais, uma tensão entre as maneiras como a globalização
produz mais padronização e homogeneidade cultural, enquanto também
produz mais fragmentação com a ascensão de movimentos locais. Benjamin
Barber caracterizou essa dicotomia no título de seu livro, Jihad vs. McWorld;
contudo, uma terceira alternativa teórica identifica uma situação mais
conflituosa e dialética, com a homogeneidade e a heterogeneidade culturais
aparecendo de maneira simultânea no cenário da cultura. (Às vezes, essa
fusão, e tensão dialética, entre o global e o local é denominada "o global".)
OS DILEMAS DA GLOBALIZAÇÃO
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