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Mantenha o Foco
Treinamento
Autoconsciente
Mantenha o Foco:
Treinamento Autoconsciente
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G963m
Formato: ePUB
Requisitos de sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-85-923367-0-7
CDD 796.07
SUMÁRIO
Introdução
Autoconsciência
A subjetividade
Autoconsciência e a minha realidade
Um ponto de equilíbrio
O poder da imaginação
Extremos
Os mantras
Fecha a cara e treina
O pré-treino
Sua Academia também deveria ser o seu templo
O agachamento e a fé
Mergulho e catarse
Estar autoconsciente
O Método Intensidade Total e a voz de comando
Otimizando a autoconsciência de todos
As diversas escolas
Memento
“Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”
A autoconsciência e os animais
Conclusão
AGRADECIMENTOS
Este livro foi escrito sob a inspiração e luz do meu filho Gabriel
Rezende Marques Guimarães. Em seus últimos anos de vida o Gabriel vinha
se ligando cada vez mais nos assuntos da mente e do espírito, fazendo uma
parceria energética com a atleta e hoje empresária Larissa Reis, que na época
se convertia ao budismo. Na semana em que haviam combinado de ir à
reunião do budismo juntos ocorreu o seu falecimento, reforçando a ligação da
Larissa com a doutrina.
Com uma narrativa linguística original e sem delongas, este livro nos
permite realizar uma viagem com o autor que, bem concentrado, descreve,
ora no passado, ora no presente, de forma inspiradora e instrutiva, várias
dicas para se conseguir a autoconsciência. Através de exemplos reais, guia-
nos no intuito de contribuir com uma ação motora centrada no fazer para
superar uma sobrecarga elevada e realizar um exercício por maior tempo,
como uma “fonte extra de energia”.
— SELVA!
Mas falar para ouvidos relutantes é muitas vezes uma inutilidade, pois
na hora do treino a pessoa estará dispersa, somente de corpo presente, irá para
a Academia com os pensamentos em outro lugar.
Comando enérgico:
— CONCENTRE-SE!
— FORÇA, RAPAZ!
Comando muito enérgico:
Comando calmo:
Discutir este assunto não cabe a mim, o que deixo para os filósofos e
psicólogos, vou apenas colocar a minha impressão.
Mas, como dito, existem aqueles infelizes que parecem nunca aprender,
ou que esquecem rapidamente o ocorrido lastimável, até se lesionar de novo e
de novo.
“Eu sou o maioral, disse a mim mesmo sem saber quem eu era.”
Muhammad Ali
Desta forma, uma das coisas que eu mais desejava na década de 1970
era passar no concurso para a EsPCEx, que me daria acesso à Academia
Militar das Agulhas Negras (AMAN), um difícil concurso na época.
Mas na escola militar quase nada eram flores, era praticamente uma
guerra. Muito embora o treinamento para a guerra seja ridículo frente à
própria guerra, como mencionado por um general da Primeira Guerra
Mundial, no mesmo o objetivo é pressionar o “estagiário” a fim de que o
militar aprenda a agir e raciocinar sob pressão.
— Porra, cadete, não sabe nem escrever o nome! Como entrou aqui,
seu incompetente?
Juro que, com dezessete anos, fiquei bem desconcertado, mas pensei
comigo: “Memorizei todas as imagens das palavras que escrevi em uma
cartolina, seu palhaço! Você nunca conseguiria isso!”. Logicamente só
pensei, pois se falasse pararia na cadeia.
Certa vez, passava pelo Vale Verde, em Londrina, no Paraná, onde tive
minha primeira Academia, a Acrópolis, em meados da década de 1980,
percorria o mesmo caminho diário a pé. Naquele dia, percebi um grande
barulho ao largo e logo depois uma movimentação. Ao me aproximar, vi
fumaça, forte cheiro de diesel e um caminhão velho que se desgovernara e
descera vale abaixo. Eu estava no auge de minha instrução militar e fui o
primeiro a descer pelo meio da vegetação e árvores, que estavam muito
destruídas pelo caminhão. Dentro do mesmo jaziam três pessoas presas
dentro da boleia retorcida, um homem já sem vida, outro em condição
lastimável e um terceiro também muito machucado. Por sorte, um jardineiro
desceu para auxiliar, e foi o único. Enquanto isso, lá em cima do vale
avolumava-se um número de curiosos que só opinavam e se barbarizavam.
Naquela época, o serviço de resgate era muito lento, demorou quase uma
hora para chegar. Neste interim, procurei acalmar os sobreviventes e fazer os
primeiros socorros. Eu fui obrigado a utilizar uma mentira branca para
acalmar um dos acidentados presos na boleia do caminhão, pois ele
perguntava como estava o pai ao lado que, na realidade, já havia falecido,
disse que estávamos fazendo o melhor para resgatá-lo.
Eu respondi seriamente:
— Minha senhora, ocorre que este ferido já está morto. Se não for para
auxiliar, volte já para sua casa e vá rezar, mas não atrapalhe!
Não deu outra, ergui o carro sozinho, pois, como sempre, ninguém mais
parou para auxiliar, apenas para xeretar, sendo que a Bárbara, com todo o
cuidado possível, retirou o motorista de dentro do carro antes do total colapso
do mesmo. Na verdade, tratava-se de um aluno da Academia Acrópolis. Ele
se identificou com dificuldade e me chamou pelo nome. Eu não pude
reconhecê-lo, pois estava muito traumatizado no rosto, apenas parei uma
caminhoneta e segui com ele até a emergência do Hospital Evangélico de
Londrina, onde passou por diversas cirurgias de reconstituição da face. Este
camarada advogado por anos sempre nos agradecia ao nos encontrar.
Saliento que naquela época não existia telefone celular, nem SIATE ou
SAMU. Hoje em dia, se você não for devidamente habilitado, espere o
resgate operacional chegar.
O mundo vem sendo cada vez mais ágil, rápido e muito estressante para
a maioria que não estiver preparada para abraçar as oportunidades que se
apresentam. É possível se beneficiar e abraçá-las.
Certa vez, o finado sogro, pai da Dra. Bárbara, disse-me: — A
oportunidade é como um careca que passa à sua frente, você o agarra pelos
cabelos!
Você pode ter “vontade”, mas se não tiver “imaginação”, terá que
contar com a sorte ou o acaso.
Agora, coloque a mesma tábua sobre três tijolos na areia da praia, qual
será a dificuldade em atravessá-la?” Veja por onde passa a “imaginação”, que
pode ser totalmente influenciada por um set mental. Você poderá
definitivamente ajustar sua determinação com exercícios mentais bem
elaborados.
Tenha cuidado para não ficar dando murro em ponta de faca, seja
razoável. Nem todos podem ser cientistas do CERN (Centro Europeu de
Pesquisas Nucleares), vencedor do Ironman ou o Mister Olympia. Não, você
não pode tudo, como muitos imaginam! Um novo tipo de educação lábil vem
fazendo jovens acreditarem que tudo podem. Existem condições razoáveis e
realistas para tudo, por isso, também existem pessoas especializadas em faces
diferentes do conhecimento. O que é possível, sim, é que cada um faça o seu
melhor. Costumo dizer que a perfeição não existe, que nem Deus é perfeito,
pois se fosse o próprio universo não estaria em constante modificação, como
observado primeiramente pelo astrônomo Edwin Hubble.
Outros tantos chegam com uma opinião elevada a seu próprio respeito,
convencidos de que podem alcançar o Olimpo. Normalmente, estes foram
estimulados pelos pais mal orientados, que não passaram de babás para os
próprios filhos, sempre reforçaram a ideia de que seu filho poderia tudo na
vida, que nada estaria fora de seu alcance, que todos os obstáculos seriam
removidos, que a vontade de seu filho não poderia ter limites. Porém, ao
avaliar a única coisa que eu poderia falar de forma direta ao mimado, seria
algo do tipo:
É LÓGICO que nem todos têm a devida genética para ser a Miss
Bumbum ou o Mister Olympia, ter a mesma habilidade do Pelé ou do Mickel
Jordan, tampouco ser um físico brilhante, como Albert Eisntein. Como diz a
gíria das ruas: “Cada um no seu quadrado!”.
Se o telefone toca para chamar alguém que está treinando é uma perda
de tempo:
— Não importa quem morreu, eu já disse que ele está treinando. (Bate
o telefone.)
Treino sério com pesos é muito similar a uma luta de artes marciais e o
levamos com a mesma seriedade. Em cima de um ring ou no dojo, se você
bobear vai à nocaute; na sala de musculação, será “nocauteado” pelos pesos.
O indivíduo da história acabou por compreender a seriedade do que fazemos.
Em Academias sérias isso deveria ser ensinado logo de início. Após alguns
treinos, até os mais magrinhos fecham a cara para treinar. Esta é a nossa
filosofia. Conversa é deixada para depois, com quem não está treinando.
— A mensalidade é setenta pila, mas você tem que ler as normas antes
de se matricular.
Bem, lá estava escrito que o som era alto mesmo, que instrutor não era
escravo e que o membro da Academia era obrigado a recolocar os pesos no
lugar. Se quisesse tratamento especial, que contratasse um personal trainer,
porque ninguém é babá e coisas assim.
— Já leu?
— Sim.
— Quer se matricular?
— Quero.
— Tem certeza?
Agora, se o seu ginásio for mesmo relutante, faça sua própria seleção
musical no seu smartphone.
11) O agachamento e a fé:
Neste momento, o atleta aperta o seu cinto, não antes de posicionar seu
tensor de joelho precisamente, olha fixamente para a barra simetricamente
posicionada no hack, então fixa o seu olhar no espelho e posiciona a barra
milimetricamente em seu trapézio, retirando-a do hack, com o olhar atento de
seu competente parceiro de treino. Daí, é somente o atleta e a barra, nada
mais passará pela sua mente, é um estado total de meditação! Todo e
qualquer pensamento atravessado em sua mente poderá ser catastrófico,
portanto inexistente. Agora o atleta será movido pela concentração e pela
certeza de conseguir, não há dúvidas!
Como dito por Churchill na frase inicial, se você estiver passando pelo
inferno, continue. Ou seja, você não pode ficar imobilizado pelo medo e pelas
dificuldades!
12) Mergulho e catarse:
Mas quando você tem que pensar para produzir uma ação determinada,
tal como se defender de um jeb ou agarrar uma bola que vem em alta
velocidade em sua direção, isto é um “tempo de reação”, que é e deve ser
treinado. Por isso, é importante ter um treinador ou parceiro de treino
experiente.
Do parceiro estressado:
Do treinador pó de arroz:
Calculo que não seja somente a música, mas que a voz de comando
determinada do treinador também possa desviar as sensações de dor do atleta,
regulando o cansaço e aumentando a sua concentração no que importa no
momento, ou seja, treinar, superar limites e aprimorar suas habilidades físicas
desejadas.
A punição diz o que não fazer, o reforço diz o que fazer. Uma punição
combinada com um reforço positivo de um dos comportamentos desejáveis
parece ser mais eficiente.
Não restam dúvidas de que as séries mais leves também são uma
preparação para as séries mais pesadas, mas manter o movimento
controladamente acelerado em todas as séries promoverá estímulos
neuroproprioceptivos diferentes, atingindo os tipos e subtipos de fibras
musculares de seu corpo de maneira variada. Afinal, não temos um só tipo de
fibra muscular em nosso corpo, e sim infinitas, das mais oxidativas às mais
glicolíticas, elas são classificadas didaticamente em alguns tipos apenas, mas
na realidade não existe um divisor claro. Assim, o nosso objetivo é o de
estimular seu músculo de diversas formas, onde irão variar a carga e a
aceleração para a maior intensidade possível do início ao fim do seu treino.
Caso 1
Caso 2
— Você pode muito mais, basta se concentrar. Não vou reduzir o peso,
e você realizará mais repetições com mais energia que a série “podre”
anterior! (Digo energicamente).
— Pois é, todos os seus treinos deveriam ser assim, sendo que a base
desta possibilidade é a concentração.
Caso 4
— Qual o treino que você fez antes, a que horas e como você se saiu?
— Dormiu bem?
Estas perguntas são complementares a percepção do treinador, que
muitas vezes já observa o estado energético do atleta logo ao fitá-lo à
distância que seja.
Não foram poucas as vezes que mandei o atleta de volta para casa, pois
não estava em condições de absorver o treinamento do dia. Alguns chegam
gripados e com febre, acometidos de alguma virose, insistindo em treinar.
Outros não se sentem bem e tentam camuflar o seu estado.
Mas não é raro o caso daqueles que, na verdade, fazem corpo mole por
preguiça, falta de foco ou por estarem com suas cabeças no mundo da lua,
pensando em outra coisa.
Janaina foi uma das atletas mais dedicadas e organizadas que já treinei.
Objetivando praticar o seu foco mental no que deve fazer para ser bem
sucedido em seus objetivos, existem escolas e técnicas com professores e
mestres treinados que poderão o acompanhar no aperfeiçoamento desta
prática.
“A chave para a imortalidade é viver uma vida que valha apena ser
lembrada.”
Bruce Lee
O que vou sugerir a seguir são reflexões para o seu treino a fim de
otimizá-lo, com a certeza que a estratégia de origem militar também irá o
auxiliar definitivamente em outras facetas do seu cotidiano, tal como o seu
estudo, trabalho e convívio social.
Mobilizar o seu poder mental para suas tarefas é essencial. Nestes dias,
existe uma diferença clara em Academias de ginástica. Às vezes, uma só
dispõe de diversas atividades, e não somente a sala com pesos, como no
passado.
Memento geral:
4) Você poderá criar seu próprio mantra e repeti-lo diversas vezes por
dia em casa ou em seu caminho para o trabalho. Apenas procure um
momento de quietude para repeti-lo para si mesmo, ou mesmo em voz baixa.
Se quiser, também o diga em voz alta, repita várias vezes por dia. A
plasticidade de seu cérebro acabará por criar um caminho no mesmo que o
direcionará no melhor caminho para atingir este objetivo em momentos de
escolha, tal como a indecisão entre uma fatia a mais de bolo de chocolate ou a
ponderação de um pequeno pedaço, ou entre ir e beber na balada ou dormir
um pouco mais cedo. Você pode dizer a si mesmo algo como: “EU QUERO,
EU POSSO E EU VOU SER…” repetidas vezes. Agora, isso também não
adiantará se você efetivamente só dizer, e não se mexer em direção ao seu
objetivo. Seja dinâmico!
4) Esteja preparado para fazer cada treino como se fosse único, com
suas propriedades e objetivos, a cada treino o seu dever é se superar. Treine
como se fosse o último treino de sua vida!
Memento pós-treino:
Ditado chinês
Não há absolutamente nada que alguém possa falar de útil se você não
estiver disposto a escutar, ouvir somente não basta! É necessário se
conscientizar e melhor se autoconscientizar para que o conteúdo possa ser
benéfico. Na verdade, a autoconscientização é uma porta que se abre somente
para dentro, sendo que o conteúdo útil já se integralizará à sua verdade
interior. Mas se o que tiverem dizendo para você for inútil, não terá como se
integralizar à sua verdade interior, será automaticamente rejeitado, ou seja, na
realidade o que é útil não será novo, pois já pertencia a você. Quantas foram
às vezes em que alguém disse algo para você que aparentemente o
surpreendeu, mas no fundo já parecia familiar?
E quantas foram às vezes que você já disse algo para alguém com o
objetivo de conscientizá-lo, ao menos, e absolutamente não adiantou? Mesmo
que esta pessoa pareça ter temporariamente entendido algo. Ocorre que ela
não estava preparada, e talvez nunca esteja.
Desta vez, trago o caso da Kaya Paloma, uma linda mistura de Pastor
Alemão e Akita, muito embora ela se pareça mais com um Pastor Alemão.
A Kaya me foi dada pela Francielli como um Pastor Alemão, mas logo
fiquei desconfiado da origem em função de sua aparência peculiar e pedi para
a Francielli pesquisar. Passados dois dias, ela veio com as fotos do pai e da
mãe da Kaya, o pai era realmente um Pastor Alemão, mas a mãe era uma
poderosa Akita. Sim, ela é uma “Pakita”! Sentindo-me enganado, pedi que a
devolvesse, mas a Francielli dizia que ela já passara muito tempo em uma
jaula no pet shop. Para completar, o olhar da Kaya transmitia o seu
pensamento: “Olha, mas o meu pai é um Pastor Alemão!”, como se quisesse
nos convencer a ficar com ela. Aquilo parecia realmente sério, ela não queria
voltar para o pet shop, queria ficar conosco. A Kaya sentava no nosso colo e
nos abraçava com suas patonas para não ser levada embora. Obviamente que
ela nos seduziu e hoje é a princesa da casa!
Uma ótima prática para chegar onde se deseja é mentalizar o seu ideal,
imaginar convictamente como você deseja “ser” daqui a algum tempo, o que
é muito maior do que apenas “ter”. Idealize esta imagem, mantenha a mesma
em mente, se desejar, mentalize também alguns dizeres, tais como: “Eu
posso! Eu conseguirei! Eu serei!”. A prática trará inspiração automática e
uma poderosa conexão universal.
BOSCO, S. Meditação para quem acha que não consegue meditar. 1 ed.
São Paulo: Urbana, 2015.