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PRISCILA REGINA RORATO VITOR

POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL

Atividade de Portfólio Ciclo 2 da Disciplina de


Políticas da Educação Básica, professor MS.
Luiz Ricardo Meneghelli Fernandes.

Curitiba
2020
1) Apresente as principais características das políticas educacionais em cada período da
histórica republicana do Brasil.

Com a proclamação da República em 15 de novembro de 1889, o cenário da educação


brasileira que possuíamos era de caráter elitista, com acesso para poucos, uma sociedade
escravista e com sua maioria de analfabetos, haviam poucas escolas, precariedade na
formação de professores e ausência de um sistema escolar. E mesmo com a reformulação da
Constituição de 1891 nos moldes do período republicano, instigando liberalismo e
transformações, poucas mudanças e tentativas de reformulação foram realizadas para
melhoria do sistema educacional, persistindo o modelo do período monárquico.
A partir da década de 1920, em decorrência da Primeira Guerra Mundial, intelectuais
militantes assumem a proposta, da então, Associação Brasileira de Educação, comprometidos
com a reestruturação da educação no país, esse movimento ficou conhecido como Escola
Nova, que se pautava no pensamento liberal da educação como forma de democratização da
sociedade. E com isso surgiu o então, "Manifesto dos Pioneiros de Educação Nova", que
determinaram proposições importantes de uma reforma educacional brasileira no início da
década de 30.
Período em que mudanças significativas começaram a surgir, assim como a nova
constituição 1934, a qual atribuía maior responsabilidade ao Estado e foi marcada por uma
nova etapa política no comando do Governo Provisório de Getúlio Vargas, que promoveu a
criação do Ministério da Educação, estipulou percentuais mínimos do orçamento da União e
Estados para investimentos com a educação, instituiu a obrigatoriedade e gratuidade do ensino
primário, entre outras conquistas para transformação do sistema de ensino no país.
Entretanto, por volta de 1937, com a Ditadura do Estado Novo, que persistiu até 1945,
e sob uma reformulação constitucional de caráter mais autoritário, centralizador e impositivo,
diferentemente da constituição de 34, retirava a obrigação da promoção da educação pelo
Estado e não se falava sobre formas de investimentos ao sistema educacional. Nessa fase
surgiu a necessidade de um ensino mais voltado para a formação profissionalizante, de mão
de obra voltada para o setor produtivo industrial e urbano, podendo ser ofertado por
instituições públicas ou privadas, a partir de então tivemos o surgimento do SENAI e
SENAC.
Em 1945 com o fim da Ditadura da Era Vargas, obtivemos uma nova Constituição em
1946 resgatando princípios e visando melhorias em relação a Constituição de 34, pautada nos
princípios de liberdade e democracia, e com ela um anteprojeto da chamada Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB), a qual levou 13 anos para ser aprovada, apenas em 20
de dezembro de 1961, pela Lei nº 4.024 através da qual determinou novas estruturas na
educação brasileira e visava a valorização da pessoa humana no que diz respeito à sua
dignidade e desenvolvimento integral de sua personalidade. No entanto foi muito questionada
e acabou não contemplando as necessidades de universalização do ensino básico. Esse
período histórico caracterizado por governos populistas compreendido pelos anos de 1946-
1964, defendiam a garantia do ensino público e gratuito e alfabetização da população adulta.
Em 1964 nos deparamos com um novo golpe militar, que estabeleceu um projeto
político autoritário, antidemocrático, baseado na violência do Estado, concentrador de renda e
excludente, derrubando uma democracia fragilizada que se constituiu no período pós-guerra.
Inevitavelmente interferindo no desenvolvimento de políticas da educação básica, que
constantemente sofrem influências dos interesses particulares dos grupos que se encontram no
poder. E durante esse novo período de Ditadura marcaram mudanças na educação do Brasil a
primeira em 1968 com a reforma universitária, a segunda em 1971 com a revogação da LDB
de 1961 e a renovação da estruturação do ensino básico em níveis: primeiro, segundo e
terceiro grau através da nova LDB 1971. Tais mudanças objetivavam a manipulação
ideológica por interesses do Estado e a desmobilização social de professores e alunos por
reinvindicações educacionais, perdurando até os anos 1985.
Com o fim da Ditadura o sistema educacional encontrava-se com altíssimas taxas de
analfabetismo, evasão escolar e negligência quanto a formação profissional. O primeiro passo
para reconstrução dos direitos sociais e reestabelecimento do Estado Democrático de Direito
deu-se com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a qual perdura até os tempos
atuais com a garantia dos princípios da educação como direito de todos e dever do Estado e da
família. Além da promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei
nº 9.394/96 a qual reestruturou todo o sistema escolar brasileiro e possibilitou profundas
mudanças adequadas ao modo de produção capitalista.
2) Apresente as concepções de educação expressas na Constituição Federal de 1988, dos
artigos 205 a 214, com uma crítica pessoal ao final.
A Constituição Federal de 1988, em seu capítulo III, seção I, estabelece
primordialmente:
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).”

Dessa forma, estabelecendo 3 princípios norteadores do direito democrático da


educação nacional, a igualdade, liberdade e o pluralismo. Definindo direitos inspirados no
liberalismo e no respeito aos direitos humanos, atribuindo competências ao Estado
relacionados a obrigatoriedade e garantia de acesso do ensino fundamental para a população.
Preparando assim, para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho, os quais
priorizam a liberdade da prática educativa e cultural e o respeito à diversidade das concepções
pedagógicas.
Além de assegurar o financiamento a partir de percentuais mínimos de investimento
por parte da União e seus entes federativos, e como cita em seu artigo 214, garantir a
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades, por
meio de ações integradas pelos poderes públicos e a garantia de uma formação básica comum
e universalizada, com intuito de erradicação do analfabetismo, melhorias na qualidade do
ensino, formação profissional, entre outras.
Resumidamente a Constituição de 88 em sua completude visa garantir a educação
como forma inviolável de direito social assegurado a todos, de qualidade, ampla, igualitária,
plural, gratuita e inclusiva.
Contudo, a educação sofre diversas influências políticas, apesar dos grandes avanços,
ainda vivemos em uma sociedade pautada na desigualdade social, com grande número de
analfabetismo funcional, principalmente pelas classes mais vulneráveis. Isso se dá por
motivos, da falta de investimento necessário, a precarização da educação de qualidade e a
falta de reconhecimento dos professores, visto essencialmente como fatores importantes para
constituição de uma educação como base formadora de uma sociedade democrática e mais
igualitária.
3) Numa forma de síntese, desenvolva os seguintes tópicos:

a) Retrospecto do processo de tramitação da LDB no Congresso Nacional (Câmara Federal e


Senado Federal);
b) Os princípios gerais da Educação Brasileira;
c) Os níveis da educação no Brasil: Educação Básica e Educação Superior;
d) Da Educação Básica;
e) A formação dos profissionais da educação básica.

Desde o período do Golpe Militar de 64, o Congresso Nacional passou por avanços e
recuos em relação ao sistema educacional do país e o estabelecimento de suas legislações,
quando então em 1996, no governo de Fernando Henrique Cardoso foi sancionada a nova
LDB de 1996, instituída pela lei federal nº 9394, que é apresentada como a mais importante
legislação brasileira sobre a educação depois da Constituição de 1988. Compreendida em sua
totalidade de 92 artigos que definem diversos assuntos relacionados a estruturação do sistema
de ensino brasileiro em seus vários níveis.
A LDB nº 9.394/96 define como marco legal o direito ao cidadão brasileiro do ensino
básico, dividido em educação infantil e fundamental gratuito, sendo extensivo também ao
ensino médio e ensino superior. Para cada ente federativo foram distribuídas funções
competentes aos mecanismos de ensino, além de obrigações das entidades de ensino, a carga
horária mínima para cada nível de ensino e diretrizes curriculares básicas.
Alguns autores defendem que apesar de a LDB se pautar na “descentralização” acaba
ocorrendo uma fragmentação em sistemas escolares de competências em esferas
administrativas diferentes, faltando assim maior clareza quanto aos princípios norteadores do
Plano Nacional de Educação, e culminando na grande centralização de competências à União
através do Ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação, o qual falta
participação popular nas decisões de melhorias públicas sobre as condições da educação
pública, dessa forma prejudicando a gestão democrática das instituições públicas, sem trazer
alterações efetivas e concretas para área da educação, sem grandes avanços.
Contudo não podemos ignorar o contexto histórico e político no qual houve os debates
a respeito da “lei maior da educação”, até sua sanção pelo poder Executivo, pois sofrem
influencias de aspectos ideológicos sobre o texto definitivo da LDB. Contexto pautado no
crescente processo de globalização e nos moldes do mundo capitalista, onde as elites
responsáveis pelo poder político estabeleceram alianças estrangeiras, investindo e inserindo o
Brasil na ordem mundial que foi desenhada para um modelo neoliberal. Caracterizando um
sistema educacional moldado por interesses políticos que acabam por desconsiderar a
verdadeira necessidade da população referente a educação de qualidade e formação de
professores capazes de atender as necessidades dos mesmos.
Referências

CORRÊA, R. A.; SERRAZES, K. E. Políticas da Educação Básica. Batatais: Claretiano,


2013.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Senado


Federal.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


Brasília, DF: Presidência da República.

PALMA FILHO, J.C. Síntese LDB.

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