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JOGOS LÚDICOS COMO RECURSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


Keila Álvaro da Cunha dos Santos 1

RESUMO: O presente estudo tem como finalidade abordar a importância dos jogos
lúdicos no ensino-aprendizagem dos alunos das primeiras séries do ensino
fundamental da rede pública de ensino, traçando um paralelo em relação a sua
evolução diante da metodologia adotada, destacando dessa forma, a contribuição na
formação de base, onde será possível a interação do importante e a brincadeira. Será
abordado ainda, diferentes formas de pensamentos das mais importantes correntes
literárias acerca do tema, buscando entender de claramente os conceitos sobre os
jogos e sua forma de aplicação, com especial destaque sobre a visão do docente em
relação aos recursos lúdicos como forma de aprendizado. O trabalho não pretende
exaurir a discussão, tendo em vista se tratar de uma pesquisa, logo seus conceitos e
formas estão sempre em mudanças, no entanto, demonstrará ao final se os jogos
lúdicos são de fato uma ferramenta democrática e inclusiva do ensino-aprendizado.
Os marcos legais e sua aplicação na prática serão abordados com o intuito de
identificar a origem do Sistema Nacional de Educação do Brasil e se os resultados
estão sendo positivos.

Palavras-Chave: Jogos Lúdicos; Importância; Educação Fundamental; Professor;


Ministério da Educação.

INTRODUÇÃO
Durante o período da redemocratização do Brasil, oportunidade em foi
promulgada a Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição
Cidadã, o ensino fundamental se consolidou de forma universal no âmbito de um
direito Constitucional em que determina as competências de cada ente no processo
de ensino-aprendizagem.
Imperioso se faz esclarecer, antes que possamos aprofundar o assunto, que a
educação é inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade, ambos
execrados durante o período nebuloso e violador da ditatura no Brasil. Dessa forma,
renasce a educação do Sistema Brasileiro, mais humana, cuja finalidade principal é
desenvolver cidadãos.
De acordo com o §2º do Artigo 211 da Constituição Federal/88, compete aos
municípios, em regime de colaboração com os Governos Estaduais e Federal, a

1
Graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA E-mail do autor:
khcalvaro@gmail.com Orientador: ----------------------
2

atuação prioritária no ensino fundamental e educação infantil, ressaltando que


somente o primeiro tema é objeto de estudo do presente trabalho.
Outro marco legal e de suma importância é a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro
de 1996, conhecida como Lei de Diretrizes e Base da Educação, a qual criou a Base
Comum Curricular, sendo esta um conjunto de orientações de aprendizagem dos
alunos para atingir metas educacionais, ou seja, busca garantir que todos os alunos
tenham acesso ao conhecimento básicos e indispensáveis.
Atualmente a Lei de Diretrizes e Base da Educação, divide o Sistema
Educacional Brasileiro, da seguinte forma: educação básica, (onde está inserido o
ensino fundamental) e a educação superior.
No contexto do presente trabalho será aborda as séries iniciais do ensino
fundamental, quais sejam, período entre o 1º e o 5º ano, onde se espera que a criança
seja inserida cronologicamente aos 6 anos e previsão de término aos 10 anos. Mister
se faz ressaltar que, a base do ensino fundamental sofreu importantes mudanças em
decorrência da Lei nº 11.274 de 6 de fevereiro de 2006, onde tornou obrigatória a
matrícula e aumentou para 9 anos a duração de referido período.
Segundo dados do Ministério da Educação, órgão da administração pública
direta do Governo Federal, responsável pela condução de políticas públicas voltadas
para educação, o Brasil investe cerca de 5,4% do Produto Interno Bruto – PIB, um
percentual maior que a média dos países desenvolvidos.
A educação pela via da ludicidade propõe uma nova maneira de aprender
brincando, inspirando numa concepção de educação para além da instrução. Onde as
atividades lúdicas ajudam a formar conceitos, relacionar ideias, estabelecer relações
lógicas e desenvolver a expressão oral e corporal.
Este trabalho pretende a reflexão e a contribuição efetiva no contexto escolar
local de forma que a ação docente seja viabilizada no sentido de um maior
aproveitamento das ferramentas lúdicas para que o processo ensino aprendizagem
seja viabilizado.

1. CONTEXTO HISTÓRICO E MARCO LEGAL DO ENSINO FUNDAMENTAL NO


BRASIL
3

A expulsão dos jesuítas, comandada pelo então primeiro-ministro de Portugal,


Marquês do Pombal, significou uma remodelação total do sistema de ensino brasileiro.
Por ordem do Estado, os jesuítas tiveram seus livros e manuscritos destruídos pelos
portugueses, e a religião foi deixada de lado nos currículos.
Tratava-se de uma tentativa de introduzir matérias mais práticas no dia a dia
escolar. Entre a expulsão dos jesuítas e a organização de um novo modelo no Brasil,
no entanto, o país amargou um hiato de cerca de dez anos sem uma escola
estruturada.
Um dos momentos mais importantes da história da educação no Brasil ocorre
com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, fugida da Europa por conta da
invasão napoleônica a Portugal. Em um dos navios vindos da Europa,
desembarcaram no Rio de Janeiro cerca de 60 mil livros que, mais tarde, dariam
origem à Biblioteca Nacional, na própria capital carioca.
O Ensino Fundamental é um dos níveis da Educação Básica no Brasil,
obrigatório e gratuito (nas escolas públicas), e atende crianças a partir dos 6 anos de
idade, onde compreende o período de estudo entre o 1º ao 9º ano.
Em 1827, foi sancionada a primeira lei brasileira que tratava exclusivamente da
educação. O texto, em seu artigo 1º, afirmava:
“Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as
escolas de primeiras letras que forem necessárias”.
A nova regra também foi um marco para as garotas, que passaram a se
misturar aos meninos nas escolas de letras do Estado. Não havia, ainda, uma duração
de tempo definida para o ensino primário, mas a lei foi o início de uma nova forma de
organizar o ensino brasileiro.
De acordo com o IBGE, a taxa de analfabetismo na década de 1920, para
pessoas a partir dos 15 anos, era de 65%. O percentual só foi baixar da metade da
população na década de 1940, quando caiu para 40%, o que representava cerca de
15 milhões de pessoas.
Em 1961, é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB). Histórico, o documento institui um núcleo de disciplinas comuns a todos os
ramos. Mas é na segunda versão da LDB, porém, que se torna possível enxergar um
sistema de ensino mais parecido com o atual.
Essa estrutura permanece até LDB de 1996, quando entra em vigor a
denominação de Ensino Fundamental e Ensino Médio. A mudança ocorrida naquele
4

ano incluiu ambos os períodos como etapas da educação básica, e integrou,


oficialmente, a educação infantil, que ganhou mais relevância no cenário nacional.
Embora o Ensino Fundamental esteja praticamente universalizado no Brasil, o
acesso à educação para crianças entre 4 e 5, que se tornou obrigatório, é de 90%. O
dado é ainda pior nas faixas entre 15 e 17 anos, cuja taxa de escolarização é de
87,2%.
Atualmente o objetivo do Ensino Fundamental Brasileiro é a formação básica
do cidadão. Para isso, segundo o artigo 32º da LDB, é necessário:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos
o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade
humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
Os sistemas de ensino têm autonomia para desdobrar o Ensino Fundamental
em ciclos, desde que respeitem a carga horária mínima anual de 800 horas,
distribuídos em, no mínimo, 200 dias letivos efetivos.
O currículo para o Ensino Fundamental Brasileiro tem uma base nacional
comum, que deve ser complementada por cada sistema de ensino, de acordo com as
características regionais e sociais, desde que obedeçam as seguintes diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres
dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada
estabelecimento;
III - orientação para o trabalho;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-
formais. (ART. 27º, LDB 9394/96).

2. A ORIGEM DO TERMO LÚDICO

A brincadeira, o jogo, o faz-de-conta são expressões de uma fase especifica


da vida, a infância, que destaca justamente um momento de divertimento, de
5

inocência, em que o mundo infantil e o mundo do adulto entram em simbiose e onde


a criança aprende, se desenvolve, cria regras para o seu jogo e brincadeira, assume
papéis que ainda não é capaz de assumir na realidade e por isso amplia seu
conhecimento sobre o mundo, sobre os objetos e das relações com os outros, através
da criação de uma zona de desenvolvimento.
É nessa fase que o brincar caracteriza o ser no mundo, onde a criança assume
seu lugar como ser social, apesar da infância ser cultural, é necessário que nos
ambientes escolares todos possam ter acesso a brincadeira, os jogos, como forma de
externar essa espontaneidade e autonomia do tempo de criança.
Costa (2005) citado por Rau (2007, p.32) diz que:

A palavra lúdico vem do latim “ludus” e significa brincar. Neste


brincar estão incluídos os jogos, os brinquedos, as brincadeiras e a
palavra é relativa também a conduta daquele que joga, que brinca
e que se diverte. Por sua vez, o jogo oportuniza a aprendizagem do
sujeito e o seu desenvolvimento.

Desse modo, com base no pressuposto de que toda prática pedagógica deve
proporcionar alegria aos alunos no processo ensino-aprendizagem, o lúdico deve ser
levado a sério na escola, proporcionando o aprender pelo jogo e, logo, o aprender
brincando.
É necessário atentar para as palavras da autora quanto a ludicidade, ou melhor
do lúdico quando diz que trata-se também de “uma conduta daquele que joga” o que
acaba norteando-o para muito além da infância.
Essa conduta pode ser entendida como um recurso pedagógico onde a escola
assume a postura de permitir os alunos construírem conhecimentos ou seja, o jogo, a
brincadeira, o brinquedos podem se tornar ferramentas educacionais a despeito do
significado que representam para a criança.
Nas pesquisas de Psicomotricidade, por exemplo, o lúdico passou a ser
reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano, de
modo que a significado deixou de ser o simples sinônimo de jogo, visto que as
implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar
espontâneo (ALMEIDA, 2010).
6

O lúdico foi se assumindo um papel essencial nos estudos voltados para a


necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, podendo ser
caracterizado como espontâneo funcional e satisfatório.

3. O LÚDICO NO ENSINO FUNDAMENTAL


O lúdico nas primeiras séries do ensino fundamental proporciona uma
aprendizagem interativa e prazerosa, pois através do mesmo o aluno aprende
brincando.

O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer
"jogo”. Se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se
referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. O
lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de
psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a
definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações
da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar
espontâneo (FERREIRA; SILVA RESCHKE [s/d], p.3).

Soares (2010, p. 18) esclarece que as atividades lúdicas estão presentes em


todas as classes sociais, crianças de várias idades brincam, se divertem através da
ludicidade.
O lúdico promove a aprendizagem e favorece o desenvolvimento físico
intelectual e social do aluno, ou seja, possibilita um desenvolvimento real, completo e
prazeroso.

A atividade lúdica é muito viva e caracteriza-se sempre pelas


transformações, e não pela preservação, de objetos, papéis ou ações
do passado das sociedades [...]. Como uma atividade dinâmica, o
brincar modifica-se de um contexto para outro, de um grupo para
outro. Por isso, a sua riqueza. Essa qualidade de transformação dos
contextos das brincadeiras não pode ser ignorada. (FRIEDMANN,
2006, p. 43).

Como cita a autora acima as atividades lúdicas são extremamente dinâmicas,


pois o brincar os alunos interagem entre si e com isso aprendem de maneira
significativa.
7

Segundo Santos (2002, p. 12) o lúdico facilita a aprendizagem, o


desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental,
prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização,
comunicação, expressão e construção de conhecimento.
De acordo Pereira (2005) que as atividades lúdicas desenvolvem vários
aspectos no processo de aprendizagem dos alunos dentre eles podemos elencar a
atenção, a memorização e imaginação que são de fundamental importância para o
ensino de qualidade.

As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento


integral indicam que elas contribuem poderosamente no
desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão
intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a
motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade
a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica,
moral, intelectual e motriz da criança (NEGRINE, 1994, p.19).

Para que o lúdico auxilie na construção do conhecimento é necessário que o


professor faça a mediação da atividade planejada por ele e estabeleça os
objetivos para que a brincadeira tenha um caráter pedagógico promovendo dessa
maneira interação social e o desenvolvimento intelectual.
Segundo Kishimoto (1996 p. 83), ao permitir a manifestação do imaginário por
meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente a função pedagógica subsidia
o desenvolvimento integral do aluno.
Compreende-se que ao trabalhar o imaginário nas primeiras séries do ensino
fundamental o lúdico desenvolve a criatividade através dos objetos pré-dispostos de
maneira intencional.

O lúdico como método pedagógico prioriza a liberdade de


expressão e criação. Por meio dessa ferramenta, o aluno aprende
de uma forma menos rígida, mais tranquila e prazerosa,
possibilitando o alcance dos mais diversos níveis do
desenvolvimento. Cabe assim, uma estimulação por parte do
adulto/professor para a criação de ambiente que favoreça a
propagação do desenvolvimento por intermédio da ludicidade
(RIBEIRO 2013, p.1).
8

Matos (2013, p. 139), explica que a ludicidade é uma ferramenta muito


importante para a formação dos jovens, pois é através dela que desenvolve seu saber,
seu conhecimento e sua compreensão de mundo.
De acordo com Pereira (2005) que as atividades lúdicas desenvolvem vários
aspectos no processo de aprendizagem do aluno dentre eles podemos elencar a
atenção, a memorização e imaginação que são de fundamental importância para o
ensino de qualidade.
A atividade lúdica funciona como um elo entre os aspectos motores, cognitivos,
afetivos e sociais, na educação por isto a partir do brincar, se desenvolve à
aprendizagem, através do desenvolvimento social, cultural e pessoal, contribuindo
para uma vida saudável tanto física como mental.
A escola abre suas portas para o lúdico e faz uma reflexão sobre essa relação
lúdico-modernidade em que as relações de compra e de consumo imprimem aos
indivíduos novas maneiras e espaços de brincadeiras. Já não se brinca mais nas ruas,
os piques-pegas à tardinha desapareceram, as brincadeiras de amarelinha são
abstrações, não se brinca como se brincava outrora e isso faz toda a diferença nessa
nova configuração do brincar.

4. A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA CRIANÇAS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

O brincar é a ação dos desejos internalizados na criança. Fora de escola, o


brincar retrata um momento especifico da vida, onde o mundo da criança é
constantemente transformado e tudo pode se transformar em brinquedo,
dimensionando as experiências da criança com o mundo. VYGOTSKY (1984)
analisado por RAU (2007, p.46):

Para o autor a idéia de brincar se origina na imaginação criada pela


criança, em que os desejos impossíveis pode ser resgatados,
reduzindo a tensão e, ao mesmo tempo, constituindo uma maneira
de acomodação a conflitos e frustrações da vida real. Vygotsky
afirma que “brincar leva a criança a tornar-se mais flexível e buscar
alternativas de ação. Enquanto brinca, a criança concentra sua
9

atenção na atividade em si e não em seus resultados e efeitos.


Permitir brincar às crianças é uma tarefa essencial do educador.

De acordo com Neves (apud FERREIRA; SILVA RESCHKE [s/d], p.6) o lúdico
é de suma importância, pois apresenta valores específicos para todas as fases da vida
humana.
O lúdico é uma metodologia pedagógica que ensina brincando e não tem
cobranças, tornando a aprendizagem significativa e de qualidade. Tanto os jogos
como as brincadeiras proporcionam o desenvolvimento físico mental e intelectual.
Segundo Horn (2004, p.24), o lúdico, ou seja, as brincadeiras jogos e
brinquedos, são de suma importância para o desenvolvimento dos alunos, pois são
atividades primárias, as quais trazem benefícios nos aspectos físico, intelectual e
social.

A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é


um espaço que merece a atenção dos pais e educadores, pois é o
espaço para expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito
de toda a criança para o exercício da relação afetiva com o mundo,
com as pessoas e com os objetos (FERREIRA; SILVA RESCHKE
[s/d], p.6).

O lúdico representa para o estudante um meio de comunicação e prazer que


ela domina ou exerce em razão de sua própria iniciativa (SOUZA 2015, p.1).
Segundo Kishimoto (1996 p.24) por meio de uma aula lúdica, o aluno é
estimulado a desenvolver sua criatividade e não a produtividade, sendo sujeito do
processo pedagógico.
O lúdico é considerado um meio de comunicação e por isto estimula a
criatividade, a expressão e a espontaneidade, pois trabalha a imaginação e auxilia na
aprendizagem significativa.
Nessa perspectiva Fernandez (2001) citado por Rau (2007, p. 57) ao
contextualiza a relação do lúdico com o brincar e com jogo alude para o fato de:

Aprender é apropria-se da linguagem, é historiar-se, recordar o


passado para despertar-se ao futuro; é deixar-se surpreender pelo
já conhecido. Aprender é reconhecer-se, admitir-se. Crer e criar.
Arriscar-se a fazer dos sonhos textos visíveis e possíveis. Só será
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possível que as professoras e professores possam gerar espaços de


brincar-aprender para seus alunos quando eles simultaneamente
construírem a si mesmos.

Campos, em seu artigo intitulado “A importância do jogo no processo ensino-


aprendizagem” remete ao lúdico como uma manifestação prazerosa, espontânea e
decorrente para o desenvolvimento em muitos aspectos dos indivíduos. A autora cita
que:

Podemos dizer que o brincar e o jogar são atos indispensáveis à


saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes
em qualquer povo desde os mais remotos tempos. Através deles, as
crianças desenvolvem a linguagem, o pensamento, a socialização, a
iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz
de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo 19
melhor. O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo
ensino aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto
é, no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no
desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a
imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o
levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a
aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua
vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras,
quando vivenciamos conflitos numa competição, etc.

5. O LÚDICO E A APRENDIZAGEM

Segundo Oliveira (2013, p. 14), explica que aliar as atividades lúdicas ao


processo de ensino aprendizagem pode ser de grande valia para o desenvolvimento
do aluno.
De acordo com Malaquias; Ribeiro (2013), introdução do lúdico na vida escolar
do educando torna-se uma forma eficaz de repassar pelo universo ensino-
aprendizagem para imprimir-lhe o universo adulto.
Almeida (2014) complementa as atividades lúdicas contribuem para o
desenvolvimento e aprendizagem do aluno, porque colabora na sua formação,
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no seu desenvolvimento pessoal e consequentemente no desenvolvimento de


uma autoestima satisfatória.

A educação lúdica contribui e influência na formação,


possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento
permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático
enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua
prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica,
promovendo a interação social e tendo em vista o forte
compromisso de transformação e modificação do meio (ALMEIDA,
2008, p. 41).

Pedagogicamente o lúdico possui liberdade de trabalhar a expressão e a


comunicação dos alunos, pois é uma metodologia menos rígida por isto mais
prazerosa para se aprender. Através dele se desenvolve sua capacidade de explorar,
refletir e imaginar os conteúdos e adquirir conhecimento necessário para uma
aprendizagem significativa.

As atividades lúdicas nas primeiras séries do ensino fundamental


faz com que os alunos tenham capacidade desenvolvem o ato de
explorar e refletir sobre a cultura e a realidade em que vive
podendo incorporar e questionar sobre as regras e sobre seu lugar
na sociedade, pois durante tais atividades elas podem superar a
realidade, e muda-la por meio da imaginação (VITAL, 2009, p.11).

Não há como negar o caráter instigador do lúdico, especialmente ao assumir a


função de elemento motivador de uma espécie de aprendizagem que extrapola a
tradicional conjugação de conteúdo/explicação/assimilação que simplifica, por
demais, o tão fundamental ato de aprender, visando a forma crítica do aluno.
Rau (2007, p. 85) elenca o lúdico como contributo a aprendizagem em várias
áreas do desenvolvimento. A autora lega que:

O lúdico como recurso pedagógico direcionado às áreas do


desenvolvimento e aprendizagem pode ser muito significativo no
sentido de encorajar as crianças a tomar consciência dos
conhecimentos sociais que são desenvolvidos durante o jogo, os
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quais podem ser usados para ajudá-los no desenvolvimento de uma


compreensão positiva da sociedade e na aquisição de habilidades.

Vale ressaltar a necessidade de compreensão pelo professor sobre os


conceitos de jogos, brincadeiras e outras manifestações que convergem para o
fenômeno lúdico, o que demanda a assunção de novas posturas e maior
comprometimento.
Assim o jogo, a brincadeira, o faz-de-conta devem ser lembrados como
alternativas interessantes para a solução dos problemas no contexto da aula, porém,
fica evidente que para isso acontecer é preciso que os educadores sejam
conhecedores de um leque de atividades lúdicas, para que as mesmas possam lhe
servir de subsídios nas suas práticas pedagógicas; daí a importância de o professor
ser um estudioso e conhecedor da função pedagógica do jogo em sala de aula.
Nesse contexto não se deve entender a autonomia dos alunos como a simples
vivência de atividades prazerosas, realizadas de forma espontânea, mas sim com a
participação não imposta e realizada com a vontade dos alunos e com a gerencia
pedagógica do professor, ou seja, perde-se a intenção pedagógica em torno lúdico
quando simplesmente se permite os alunos brincarem no contexto da aula.

CONSIDERAÇÕES

Ao final da pesquisa constatamos a importância do lúdico para o processo de


ensino-aprendizagem, no entanto, tal procedimento ainda é pouco utilizado nas
escolas da rede pública de ensino, seja pela falta de estrutura ou por falta de incentivo
ao professor.
O Brasil atualmente, ainda se organiza no sentido de disponibilizar ao
estudante, fatores básicos que estão deficitários em seu serviço, como por exemplo a
valorização do professor, transporte e alimentação escolar. Mesmo o Brasil estando
entre os países que mais investem em educação, não alcança indicies satisfatórios,
em decorrência da metodologia adotada, onde o aluno é apenas um recebedor de
conteúdo.
O modelo arcaico ainda implementado na educação nacional, em especial no
ensino fundamental, apresenta a figura do professor como meio condutor de assuntos
e o aluno como receptor. O lúdico deve ser entendido como uma ferramenta de ensino
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na educação flexiva, onde o professor ganha um novo conceito, atuando como


pesquisador e o educando como protagonista do seu aprendizado, sendo incentivado
a buscar além das paredes da sala.
A proposta é substituir a estabilidade, a rigidez, pela dinamicidade do lúdico
para assegurar o domínio dos conhecimentos que fundamentam as práticas sociais e
capacidade de trabalhar o importante juntamente com a brincadeira, permitindo
aprender ao longo da vida.
A brincadeira é um instrumento que está presente ao longo da vida das crianças
e tê-la como um fator inclusivo e facilitador no ensino-aprendizagem, colabora com o
entendimento do educando, modificando suas percepções acerca do ambiente
escolar, e proporcionando prazer em aprender.
Já esta mais do que consolidado entre os principais autores que a prática do
lúdico melhora os índices de ensino-aprendizagem e o consequentemente o ambiente
escolar, no entanto, o tema se mostra em segundo plano nas escolas públicas, que
na maioria das vezes enfrentam problemas secundários que se tornam dificultadores
da implantação de uma educação mais atual.
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