O documento discute a importância da Base Nacional Comum Curricular de 2017 para a educação infantil no Brasil em um viés étnico-racial. Aponta que a educação infantil precisa ser mais acolhedora para crianças negras, oferecendo representatividade em livros, brinquedos e atividades. Também ressalta a necessidade de formação de professores sobre relações raciais para que possam criar um ambiente escolar livre de discriminação.
Descrição original:
Questões de branquitude e negritude brasileira analisadas
O documento discute a importância da Base Nacional Comum Curricular de 2017 para a educação infantil no Brasil em um viés étnico-racial. Aponta que a educação infantil precisa ser mais acolhedora para crianças negras, oferecendo representatividade em livros, brinquedos e atividades. Também ressalta a necessidade de formação de professores sobre relações raciais para que possam criar um ambiente escolar livre de discriminação.
O documento discute a importância da Base Nacional Comum Curricular de 2017 para a educação infantil no Brasil em um viés étnico-racial. Aponta que a educação infantil precisa ser mais acolhedora para crianças negras, oferecendo representatividade em livros, brinquedos e atividades. Também ressalta a necessidade de formação de professores sobre relações raciais para que possam criar um ambiente escolar livre de discriminação.
As Relações Étnicorraciais na Base Nacional Comum Curricular, área de
História, 2017, Ensino Fundamental
Disciplina: História e cultura Afro-brasileira Discente: Camila Gasparin Fontanive Matrícula: 202010589
Em 2017, é concluída a última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
para a Educação Infantil e Ensino Fundamental, constituindo-se como currículo nacional. No presente trabalho há de se discutir a importância da BNCC, estabelecida em 2017, analisando o sistema educacional e a sociedade brasileira num viés etnico-racial. De acordo e assegurado no Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, instituída em 13 de julho de 1990 e também registrado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/1996, toda a criança, desde seu nascimento, tem o direito à educação. A educação infantil é iniciada pela família e comunidades, assim, dando continuidade a etapa inicial da educação básica, atende crianças de 0 a 5 anos, tendo como maior função promover o desenvolvimento físico, intelectual e social das mesmas. Na primeira fase do desenvolvimento, de 0 a 3 anos, as crianças devem ser atendidas em creches ou instituições equivalentes, já entre 4 a 5 anos, devem frequentar pré-escolas. Em 2017, a forma como a Educação infantil está estruturada tem características recentes. Pesquisadores contemporâneos, como Silva (2008), Costa (2010) e Oliveira (2002) relatam mudanças necessárias para a ampliação das Unidades de Educação Infantil (UMEI), tais como a inclusão de crianças de até 6 anos nas legislações educacionais, bem como as mudanças na formação dos profissionais que atuam nesse segmento, passando pelo reconhecimento das especificidades que constituem a docência em creches e pré-escolas. Campos (2010, p. 2) afirma que:
“Os professores passaram a ter uma exigência de formação
equivalente àquela dos seus colegas do primeiro segmento do ensino fundamental, ou seja, curso superior, admitindo o curso de magistério em nível médio durante um período de transição. Aos municípios, cabe a principal responsabilidade no atendimento da demanda por Educação Infantil, sendo previsto o regime de colaboração entre os diversos níveis de governo.”
Em um passado recente, a Educação infantil se tratava de cuidar e dar proteção à
criança pequena em prol do direito das mães ao trabalho, mas hoje há a necessidade de atender demandas legais e pautar suas atividades cotidianas no binômio cuidar-educar, com preocupação no desenvolvimento amplo da criança. Mesmo com os avanços, nota-se um longo caminho a percorrer em prol de uma Educação infantil de qualidade. No que tange às crianças negras, há muito a ser feito para que o ambiente educacional possa ser classificado como acolhedor. Pesquisas empíricas como as realizadas por Passos (2012) e Cavalleiro (2002), apontaram que a escola constituiu-se em um local hostil para estudantes negros (CAVALLEIRO, 2000, p. 145) Um olhar superficial sobre o cotidiano escolar dá margem à compreensão de uma relação harmoniosa entre adultos e crianças; negros e brancos. Entretanto, esse aspecto positivo torna-se contraditório à medida que não são encontrados no espaço de convivência das crianças cartazes, fotos ou livros infantis que expressam a existência de crianças não brancas na sociedade brasileira (Cavalleiro (2000, p. 145) Assim, é necessário pensar nas relações raciais desenvolvidas entre crianças, educadores e diversos profissionais da educação infantil e os reflexos delas no desenvolvimento de crianças brancas e negras. O autor Cavalleiro fala sobre a harmonia, entretanto falta de representatividade num ambiente escolar, de ensino, mas é de importância pontuar que essa relação harmoniosa não deve ser generalizada. Essa é uma temática delicada para muitos setores da sociedade brasileira, levando em conta a história de nosso país, com a tentativa da construção de um país mais próximo dos padrões europeus somadas às teorias de embranquecimento, estas que ainda estão presentes nos discursos de muitos ainda hoje em dia. Essas teorias raciais disseminadas por grupos dominantes no século XIX, e antes dele também, constribuíram para formar uma imagem de inferioridade, desumanidade, incapacidade, miséria física, material e moral aos grupamentos negros brasileiros, e informam as ações dentro e fora da escola. Devido aos avanços conquistados a partir de denuncias de movimentos sociais negros de discriminação dentro do espaço escolar, tave a instituição da Lei 10639/2002 que obriga a inclusão da História e Cultura Africana e Afro-brasileira nos currículos da Educação Básica, fazendo-se necessário um investimento na reeducação das relações raciais na escola, sobretudo, as que perpassam a Educação infantil A criança constrói sentidos e identidade pessoal e coletiva a partir das interações sociais (DCNEI, 2019), então se a criança negra que recebe poucos cuidados dos profissionais da educação, em virtude de seu pertencimento étnico-racial (CAVALLEIRO, 2000), que não vê sua cultura e história materializada no espaço escolar em livros, brinquedos e brincadeiras, irá experienciar um processo de desenraizamento (D’ADESKY, 2001), o que pode provocar profundas marcas na construção da sua autoimagem, e ainda prejudicar a trajetória educacional e até mesmo sua vida futura. O racismo da educação infantil aparece até nos primeiros anos, quando bebês negros são menos “paparicados” pelas professoras do que bebês brancos (OLIVEIRA E ABRAMOWICZ, 2010), tal discriminação constituem-se em uma grave violação de direitos humanos segundos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1949 e ratificada no Brasil em 1965. Se as crianças negras entre 0 a 5 anos não usufruem de um ambiente escolar acolhedor onde possam crescer e se desenvolver em forma integral, é necessário investir em processos de reeducação para as relações raciais. De acordo com o inciso II do artigo 13 do Estatuto da Igualdade Racial, Lei 12.288/2010, o Poder Executivo Federal por meio dos órgãos competentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e privadas a incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que incluam valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira. A formação de professores é um quesito fundamental para que se trabalhe efetivamente a temática racial nas escolas, o profissional docente deve conseguir mergulhar com segurança em nossas raízes históricas, políticas e culturais. Apenas quando o obstaculo da discriminação for vencido as crianças negras terão a oportunidade e chance de escolha de desenvolverem-se e fazer as opções que lhes são direito. No dia 6 de abril de 2017, a proposta da BNCC, Base Nacional Comum Curricular, foi entregue pelo Ministério da Educação ao Conselho Nacional de Educação. De acordo com a Lei 9131/95 coube ao CNE, como órgão normativo do sistema nacional de educação, fazer a apreciação da proposta da BNCC para a produção de um parecer e de um projeto de resolução que, ao ser homologado pelo Ministro da Educação, se transformou em norma nacional. REFERÊNCIAS:
Relações étnico-raciais, educação infantil e direitos humanos: alguns apontamentos. (Belo Horizonte, online) [online]. 2017, vol.2, n.3. ISSN 2526-1126. http://pensaraeducacao.com.br/rbeducacaobasica/wp-content/uploads/sites/5/2019/05/ 1-RELAÇÕES-ÉTNICORACIAIS-EDUCAÇÃO-INFANTIL-E-DIREITOS-HUMA NOS-ALGUNS-APONTAMENTOS.pdf ● Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-comum-curri cular-bncc>. ● CAVALLEIRO, E. S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2000.
A priorização da educação na primeira infância para implementação de uma sociedade (verdadeiramente) livre, justa e solidária: oportunizando que cada um possa buscar a sua melhor versão