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Invertebrados II
Zoologia dos
Invertebrados II
Arno Blankensteyn
Florianópolis, 2010.
Governo Federal Comissão Editorial Viviane Mara Woehl, Alexandre
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Verzani Nogueira
Ministro de Educação Fernando Haddad
Secretário de Ensino a Distância Carlos Eduardo Projeto Gráfico Material impresso e on-line
Bielschowky Coordenação Prof. Haenz Gutierrez Quintana
Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Equipe Henrique Eduardo Carneiro da Cunha, Juliana
Brasil Celso Costa Chuan Lu, Laís Barbosa, Ricardo Goulart Tredezini
Capítulo 12 - Os Quetognatos.........................................................155
12.1 Introdução............................................................................................................... 157
Apresentação
12.2 Estrutura Geral....................................................................................................... 157
Resumo............................................................................................................................. 159
Este livro será apresentado lembrando a história dos fósseis que reflete a
história do atual Reino Animal. Os grandes grupos de invertebrados surgiram
nos oceanos há mais de 550 milhões de anos e desde então vêm co-evoluindo
em comunidades biológicas aquáticas e terrestres, e hoje mostram uma ele-
vada complexidade de modos de vida e variedade de formas. Os invertebra-
dos como moluscos, anelídeos, artrópodos, equinodermados, entre outros, já
estavam presentes nos tempos dos dinossauros, compondo os ecossistemas.
Nesse contexto, a importância do estudo dos diferentes grupos de animais é
justificada pois contribui para o conhecimento das comunidades biológicas e
dos ecossistemas da Terra.
As linhas pedagógicas da presente Disciplina tratarão da zoologia basea-
das na história evolutiva e no papel funcional que as espécies da fauna assu-
mem nas comunidades biológicas atuais e nas nossas vidas. Neste segundo
enfoque, com conceitos de ecossistemas, pretende-se mostrar que durante o
estudo da fauna, também podemos falar de educação ambiental.
Arno Blankensteyn
c a p í t u lo 4
c a p í t u lo 4
Os Clitelados - Os Anelídeos
Oligoquetos e Hirudíneos
Nesse capítulo você entenderá o sistema hermafrodita dos
clitelados, bem como as questões populacionais e evolutivas
relacionadas com o modelo monoico de reprodução. Você
também compreenderá os aspectos ecológicos envolvidos na
dieta hematófaga das sanguessugas e no trabalho das minho-
cas na escavação dos solos.
Os Clitelados - Os Anelídeos Oligoquetos e Hirudíneos 63
4.1 Introdução
Os clitelados compõem outro grande grupo de anelídeos e in-
cluem as minhocas (oligoquetos) e as sanguessugas (hirudíneos).
São organismos vermiformes de corpo mole, dotados de muita
movimentação. A base morfológica externa dos clitelados é um
tronco segmentado de anelídeos, sendo que nas sanguessugas há
mais variações, principalmente devido à formação de ventosas.
Para o processo de alimentação e digestão as sanguessugas dis-
põem de adaptações anatômicas e fisiológicas. A segmentação da
maioria dos oligoquetos é completa, com septos intersegmentares;
apenas nas sanguessugas a cavidade do corpo é única, ou seja, não
Ventosas
Estrutura circular, muscular, ocorrem septos intersegmentares. Os clitelados não apresentam
que tem função de fixação muitos apêndices sensoriais e nem locomotores; oligoquetos pos-
e locomoção e representa
fusão de segmentos
suem poucas cerdas. As sanguessugas apresentam número fixo de
anteriores e posteriores. segmentos e não possuem cerdas. Os clitelados são anelídeos que
compartilham uma característica interessante: são hermafroditas,
Cerdas
Estrutura quitinosa de mas sem autofecundação.
origem epidérmica dos
anelídeos, presentes apenas O nome “clitelados” é originado da presença de um clitelo. Nos
nos oligoquetos. oligoquetos maduros sempre é possível visualizar o anel esbran-
Clitelo quiçado, ou clitelo. Nos hirudíneos, esse só aparece na época da
Segmentos mais espessos reprodução. O sucesso do hermafroditismo das minhocas terres-
do corpo de certos
anelídeos, cuja função
tres é ligado às limitações impostas pelo ambiente, além do fato de
é secretar um material haver necessidade do encontro de dois vermes para estes procede-
viscoso para a cópula e que rem à reprodução, esse encontro pode ser dificultado por questões
forma o casulo no qual são
depositados os óvulos. de baixas densidades populacionais.
64 Zoologia de Invertebrados II Os Clitelados - Os Anelídeos Oligoquetos e Hirudíneos 65
As trocas gasosas são tegumentares na maioria das espécies. A A reprodução das minhocas ocorre em várias etapas: a) cópula
circulação é fechada em vasos e com “corações” nas grandes mi- cruzada para transferência de espermatozoides (Figura 4.3a); b)
nhocas; nas sanguessugas o sistema é hemocelômico e a hemoglo- individualização com cada indivíduo levando uma carga de es-
bina está presente em ambos os grupos. A excreção se dá por meio permatozoides em espermatecas; c) secreção do casulo no clitelo,
de muitos metanefrídeos. O sistema nervoso é um conjunto de através de glândulas mucosas da epiderme; d) liberação do óvulo
gânglios cerebrais ligados a um cordão nervoso ventral sob o tubo para dentro do casulo; e) deslizamento do casulo com óvulos para
digestivo, com muitas terminações para todas as partes do corpo, cima das aberturas das espermatecas; f) liberação dos esperma-
como papilas sensoriais dorsais. tozoides no casulo para fecundação dos óvulos; g) liberação do
casulo no ambiente para desenvolvimento dos embriões; h) desen-
volvimento direto, ou seja, juvenis saem do casulo (Figura 4.3b).
4.2 Os Oligoquetos – Estrutura Geral
Nas minhocas terrestres o esqueleto hidrostático atinge a maior
Húmus
eficiência. A separação dos celomas segmentares (Figura 4.2) pro- Produto da defecação das
picia a formação de ondas de peristaltismo que são responsáveis minhocas, um material Cavidade bucal
pela locomoção e escavação (Figura 4.1). A atividade de escavação fertilizante com propriedades Musculatura Peritônio Prostômio
Gânglio cerebral
coloidais, que auxilia no uso longitudinal Vaso dorsal
dos solos proporciona a drenagem e aeração, além da fertilização e na conservação dos solos. Celoma Faringe
Musculatura circular
devido à produção do húmus. A morfologia externa é simplificada Epiderme Tecido cloragógeno Músculos
faríngeos
e a questão mais importante do grupo é o hermafroditismo. Cutícula Tiflossole Segmento 5
Intestino Vaso sanguíneo
Esôfago dorsal
Cerda Vaso circum- Septo
esofágico
(coração) Nefrídio
Receptáculo seminal Glândula
Testículo calcífera
Funil seminal
Vesícula
Bexiga Ovário seminal
Axônios Funil do
Nefridióporo Duto
gigantes oviduto
Nefróstoma espermático
Axônios dorsais Ovissaco
Vaso neural lateral Cordão
gigantes Papo
nervoso Segmento 15
Vaso subneural ventrais
ventral
A
10 cm
Moela
Intestino
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
s
B
Figura 4.1 - Esquema do funcionamento do esqueleto hidrostático em oligoquetos. Os segmentos Figura 4.2 - Os oligoquetos: (A) desenho esquemático de uma seção do corpo; (B) vista dorsal dissecada mostrando a organização
marcados com pontos maiores estão sofrendo contração da musculatura longitudinal, formando interna. (Adaptado de Ruppert et al.; 2005, p. 535).
uma onda de peristaltismo. A consequência do processo é o avanço da minhoca. (Adaptado de
Ruppert et al.; 2005, p. 534).
66 Zoologia de Invertebrados II Os Clitelados - Os Anelídeos Oligoquetos e Hirudíneos 67
V Boca
I
Posição das
mandíbulas V
Gonóporo
masculino Faringe X Faringe protraível
Musculatura
radial
Casulo sendo formado
no clitelo
B X Glândula
salivar
XV
Papo
Duto ejaculatório
Ovário Testículo
Seio dorsal XV
Casulo
Ceco gástrico
XX Vesícula seminal
Intestino XX
Figura 4.3 – (A) Reprodução em oligoquetos mostrando duas formas de ocorrer a cópula
cruzada. (B) Reprodução em oligoquetos: Sequência do processo de liberação do casulo Ceco intestinal
no ambiente. (Adaptado de Ruppert et al.; 2005, p. 542).
Reto
XXV XXV
Reto
4.3 Os Hirudíneos – Estrutura Geral
A B
As sanguessugas são vermes hematófagos e ectoparasitas muito
especializados. Suas principais características são: i) a segmentação
corporal, com um número fixo de 33 segmentos em todas as espé- Figura 4.4 - Organização interna de Hirudíneos: (A) Hirudo medicinalis e (B) Glossiphonidae. Os números em romanos
presentes nesta e em outras ilustrações a seguir representam o número de segmentos do corpo apresentado pela figura.
cies e, ii) adaptações anatômicas e fisiológicas do tubo digestório, (Adaptado de Ruppert et al.; 2005, p. 552).
como as ventosas, glândulas secretoras de substâncias anestésicas
68 Zoologia de Invertebrados II Os Clitelados - Os Anelídeos Oligoquetos e Hirudíneos 69
Espermatozoides
Espermatóforo Espermatozoides
Ovário
D
E F
Figura 4.6 - Reprodução em Hirudíneos: (A) cópula cruzada; (B) casulo; (C) liberação de casulo; (D) espermatóforo; (E)
Glossiphonidae incubando centenas de juvenis na face ventral do corpo; (F) processo de impregnação hipodérmica.
(Adaptado de Ruppert et al.; 2005, p. 555).