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CENTRO UNIVERSITÁRIO
ESTÁCIO DO CEARÁ
Fortaleza – Ceará
2018
Copyright 2018. Francisco Fleury Uchoa Santos Júnior, José Rogério
Santana, Karla Camila Lima de Souza. (Organizadores).
Editora
Janete Pereira do Amaral
Normalização e Padronização
Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB-3/830
Capa
Janete Pereira do Amaral
_____________________________________________________
Núcleo de Publicações Acadêmico-Científicas
Rua Vicente Linhares, 308 - Aldeota
CEP: 60.135-270 - Fortaleza – CE - Fone: (85) 3456-4100
www.publica-estaciofic.com.br
1
DEDICATÓRIA
1 CAPÍTULO ..................................................................................... 5
2 CAPÍTULO ....................................................................................15
1
2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA ...........21
2.1 Entrevista de Memória Autobiográfica ......................................... 21
2.2 Teste de Retenção Visual de Benton ............................................. 22
2.3 Teste de Lembrete Seletivo de Buschke (BRST) ......................... 23
2.4 Figura Complexa de Rey .................................................................. 24
2.5 Teste de Aprendizagem Verbal da Califórnia .............................. 24
2.6 Teste de Aprendizagem Verbal Auditiva Rey (RAVLT) ............ 25
2.7 Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva ............. 26
2.7 Wechsler Memory Scale (WMS) ..................................................... 26
2.8 Span de Dígitos.................................................................................. 27
REFERÊNCIAS ......................................................................... 27
3 CAPÍTULO ................................................................................... 33
4 CAPÍTULO ................................................................................... 49
2
1.6 O Sono e sua Relação com a Memória Sensorial ........................ 53
1.7 Áreas da Memória Sensorial afetada por Lesões ......................... 54
REFERÊNCIAS ......................................................................... 55
5 CAPÍTULO ................................................................................... 57
6 CAPÍTULO ................................................................................... 65
7 CAPÍTULO ................................................................................... 79
8 CAPÍTULO ....................................................................................91
3
1.2 Função do EEG e a Memória......................................................... 97
1.3 Treinamento de Neurofeedback para melhora do Rendimento da
Memória .................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS ........................................................................ 100
4
1 CAPÍTULO
1 ANATOFISIOLOGIA DA MEMÓRIA
Fonte: Autor
5
agranular (motoras). As células homotípicas não são sensitivas nem motoras,
conforme ilustra o (Esquema 01).
Do ponto de vista funcional, o córtex cerebral está dividido em dois
grandes grupos de áreas funcionais: áreas de projeção e áreas de associação.
As áreas de projeção teriam conexões com centros subcorticais, enquanto as
áreas de associação teriam conexões apenas com áreas corticais. As áreas de
projeção são consideradas áreas primárias divididas em áreas secundárias:
sensitivas e motoras.
Fonte: Autor
6
Esquema 02: Classificação funcional do córtex cerebral
Fonte: Autor
7
1.1.2 Área Temporo Parietal
8
Esquema 03: Principais áreas corticais e subcorticais do sistema
límbico.
Fonte: Autor
9
sinalização neural para o controle dos movimentos, processos cognitivos,
aprendizagem, memória e emoções.
A organização dos núcleos talâmicos é definida a partir de
perspectivas anatômicas e funcionais. Com base nas localizações, seis grupos
de núcleos são diferenciados no tálamo: anteriores, mediais, laterais,
intralaminares, medianos e reticulares. Do ponto de vista funcional e na
extensão de suas conexões corticais, os diversos núcleos talâmicos são
divididos em duas classes funcionais: núcleos relés e núcleos de projeção
difusa. Os núcleos relés transmitem informação de influxos subcorticais
específicos para uma parte restrita do córtex cerebral. Os núcleos de
projeção difusa atuam na abertura de sentimentos e na regulação da
excitabilidade de regiões amplas do córtex cerebral. Dentre os núcleos
talâmicos, dois se destacam por atuarem no aprendizado, memória e
emoções, de acordo como ilustrado no (Esquema 04).
Fonte: Autor
10
2 ÁREAS CEREBRAIS RELACIONADAS COM A MEMÓRIA
DECLARATIVA
Fonte: Autor
2.1 Hipocampo
11
nascimento de um filho, ou negativa como a morte de um parente. O
hipocampo também é responsável pela memória espacial ou topográfica
relacionada a localizações no espaço, configurações ou rotas. Recentemente,
foram descobertas conexões do hipocampo com a área tegmental ventral
e com o núcleo accumbens1, o que explica o reforço das memórias
associadas a eventos de prazer.
12
conhecidos. Também não é ativado com a visão de objetos, pela qual
hipocampo é responsável.
3
O circuito de Papez é um circuito fechado que une as seguintes estruturas límbicas:
hipocampo, fórnix, corpo mamilar, fascículo mamilo-talâmico, núcleos anteriores do tálamo,
cápsula interna, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e novamente o hipocampo, fechando
o circuito. A importância desse circuito no mecanismo das emoções foi apontada inicialmente
por James Papez (1937) e há evidência de que ele está envolvido também nos mecanismos
da memória.
13
se aos núcleos anteriores do tálamo. Esses, por sua vez, projetam-se para o
córtex cingular posterior.
REFERÊNCIAS
14
2 CAPÍTULO
15
sejam dependentes basicamente de circuitos subcorticais que incluem o
núcleo caudato e circuitos cerebelares (IZQUIERDO et al., 2013).
A memória a que na maioria das vezes nos referimos quando falamos
de memória é a memória declarativa, isto é, nossas recordações ou
lembranças, informações que trazemos à consciência, como o nome de uma
pessoa, o que aconteceu na festa de sábado, o que comemos no almoço de
ontem etc.
A memória não declarativa é resultante da experiência decorrente de
uma mudança no comportamento, e é inconsciente. Contudo, podemos nos
recordar de quando aprendemos uma ação pela primeira vez, por exemplo,
podemos nos lembrar das primeiras vezes que nos ensinaram a andar de
bicicleta, mas não precisamos evocar essas informações todas as vezes que
formos pedalar. Quando pedalamos, então, estamos usando uma das
memórias não declarativas: a memória de procedimentos (FERREIRA,
2014).
16
ou acontecimentos específicos. Recordamos e revivemos essas lembranças,
de modo que podemos usá-las para planejar o futuro (FERREIRA, 2014).
17
prospectiva), mas também o seu conteúdo (componente retrospectiva).
Recentemente, Einstein et al., (2000) apresentam uma sequência de quatro
fases envolvidas na recordação prospectiva: a) a intenção é formada
(codificação/planejamento da intenção); b) ocorre um intervalo de tempo
durante o qual o sujeito está ocupado com outra atividade e a intenção é
retida (retenção da intenção); c) após este intervalo de tempo, a intenção é
recuperada por iniciativa própria perante pistas internas ou externas; e, por
fim, d) a intenção é realizada de acordo com o plano (execução da intenção)
(MATOS; ALBUQUERQUE, 2014). Já a memória retrospectiva representa
eventos em nosso histórico biográfico pessoal; envolve lembrança
consciente desses episódios (por exemplo, quando alguém se casou), e
tipicamente é avaliado por meio da aprendizagem de uma lista de palavras
ou uma série de figuras (MARTINS; DAMASCENO, 2008).
18
1.6 Memória Sensorial Visual
19
continuados ou rítmicos (como o das palavras) levam a desaceleração
cardíaca (QUAYLE, 2006).
Tal fato foi constatado através de experiências em que mães
cantarolavam determinadas cantigas durante o período de gestação, e logo
após o nascimento observou-se a preferência musical do feto pelas cantigas
conhecidas durante o período pré-natal. Além de estímulos sonoros, que são
detectados pela sua capacidade auditiva, o feto apresenta capacidades
psicomotoras muito ágeis. Considera-se o ambiente uterino interativo e
estimulante para o desenvolvimento do feto. Ele vive num espaço flutuante
e amplo, onde tem os seus membros e o corpo livre para movimentar-se
(MONDARDO, 2009).
O tato é outro sentido bem desenvolvido por volta de quatro meses
de gestação. O toque, as carícias são importantes para o desenvolvimento do
feto; assim, a mãe, segundo Burgierman (1998), ao massagear a barriga, tocá-
la, faz com que o feto sinta que está sendo acariciado, e perceba que está
recebendo devida atenção. Experiências visuais durante o período pré-natal
parecem ser muito limitadas. Segundo Piontelli (1995), estudos mostram que
algum tipo de luz pode penetrar as paredes abdominais da mãe, o que
comprova que o útero não pode mais ser considerado um ambiente escuro
e sim um ambiente que pode ser iluminado e, portanto, o feto ser estimulado
visualmente.
20
No decorrer de toda a nossa vida, nosso corpo armazena sensações
que estão ligadas a sentimentos e vivências afetivas, de cunho positivo e
negativo. Algumas dessas sensações irão desaparecer com o passar dos
tempos; outras, irão se sedimentar, deixando uma impressão gravada em
nosso corpo e em nossa mente, de forma consciente ou inconsciente. Essa
memória irá reagir frente a ações e impactos sofridos no dia a dia,
principalmente ao estresse e, por consequência, irá despertar em forma de
sensações e/ou lembranças, ou, o que é comum acontecer, em forma de
doença (VOLPI, 2004).
21
pessoa, de um objeto pessoal, de uma anotação, reconhecimento de figuras,
lembrança de pequenas histórias, reconhecimento de faces, lembrança de
uma nova rota, entrega de uma mensagem, questões sobre orientação
espacial e temporal. Os itens de recordação de história e de uma nova rota
possuem componentes tanto de evocação imediata quanto tardia
(OLIVEIRA, 2007).
A memória de objetos comuns e de faces é avaliada utilizando
reconhecimento em que o sujeito deve identificar os itens originais dentre
os distratores. A memória prospectiva é avaliada em três ocasiões: 1) na
recordação de que ao final da sessão o sujeito deve pedir ao avaliador que
lhe devolva seu objeto pessoal que foi guardado no início da sessão, 2) a
lembrança de que quando tocar um alarme o sujeito deve fazer uma pergunta
já combinada 20 minutos atrás e 3) a lembrança de pegar uma mensagem e
entregá-la em um ponto específico em uma rota dentro da própria sala
(OLIVEIRA, 2007).
22
O BVRT consiste em dez lâminas apresentadas sucessivamente, com
uma, duas ou três figuras geométricas, as quais possuem três formas
alternativas (Formas C, D e E), sendo que cada uma dessas formas pode ser
administrada de quatro modos diferentes (Administração A, B, C e D). Para
a adaptação brasileira, foram selecionadas as formas e administrações mais
utilizadas nas publicações internacionais (Administração A - Forma C, para
avaliação de memória visual, e Administração C - Forma D, para avaliação
das habilidades visoconstrutivas). No manual brasileiro, as duas formas de
aplicação foram denominadas Administração A (Memória) e Administração
C (Cópia). Enquanto na Administração A as lâminas são apresentadas
durante 10 segundos, na Administração C não há tempo limite de
apresentação das lâminas. Em relação aos itens, os primeiros dois estímulos
possuem apenas uma figura geométrica; já os outros oito estímulos de cada
forma consistem de duas figuras maiores e uma figura periférica menor
(STRAUSS; SHERMAN; SPREEN, 2006).
23
avaliar a possibilidade de redução do número de ensaios de 12 para seis. Os
escores obtidos em ambas as formas são igualmente representativos,
excetuando-se o escore de recordação randômica, o qual é mais dependente
da quantidade de ensaios. O procedimento com seis ensaios tem sido mais
utilizado (LARRABBE; TRAHAN, Donald; LEVIN, 2000; MORALES et
al., 2010).
http://www.pearsonclinical.com/psychology/products/100000166/california-
verbal-learning-test--second-edition-cvlt-ii.html
24
partes de construções (Lista B). Os itens da Lista A são apresentados em
uma ordem aleatória, sendo cada palavra lida lentamente (uma por segundo).
O sujeito é instruído a, posteriormente, recordar as palavras em qualquer
ordem. Após cinco tentativas com a (Lista A), a (Lista B) é lida ao sujeito.
Então, duas novas recordações da (Lista A) são pedidas ao sujeito, sendo
uma recordação livre e outra com pistas (o examinador solicita que o sujeito
lembre os nomes da lista conforme vai apresentando as categorias a que elas
pertencem). Essas pistas fornecem um auxílio aos sujeitos que não fizeram
uma associação semântica durante as tentativas de aprendizado da lista. Após
um intervalo de 20 minutos, novamente solicita-se a recordação da Lista A
de maneira livre e com pistas (OLIVEIRA, 2007).
25
2.7 Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva
26
americana, do ano de 1997, nomeada Wechsler Memory Scale – III (WMS-
III) é destinada à avaliação para a faixa etária dos 16 aos 89 anos. Baseando-
se em pressupostos teóricos mais atualizados, a última versão foi considerada
adequada em termos de suas propriedades psicométricas nos Estados
Unidos. Entretanto, por não existirem estudos psicométricos da WMS
publicados no Brasil, não é recomendado seu uso em avaliações clínicas
neste país.
O subteste Memória Lógica I e II do Wechsler Memory Scale (WMS-
III) averigua a capacidade de aprendizagem ou memória de material
conceitual apresentado sob a forma auditiva. Duas histórias são apresentadas
e os sujeitos devem ouvir atentamente e reproduzir, o mais fielmente
possível, o conteúdo das histórias (forma I - memória de curto prazo). Após
trinta minutos, é solicitado que o participante reproduza novamente as
histórias A e B (forma II - memória de longo prazo) (JARROS, 2011).
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31
32
3 CAPÍTULO
1 MEMÓRIA E EMOÇÃO
33
recordadas. Um exemplo claro desse fato é que as pessoas recordam
normalmente bem eventos que tiveram algum tipo de emoção enraizada e
envolvida intimamente. As emoções melhoram a memória declarativa
(aquela relacionada a fatos, ideias eventos e toda a informação que pode ser
trazida ao reconhecimento consciente e expressa através da linguagem)
através da ativação da amígdala, que será explicada melhor mais a frente)
(DALMAZ; ALEXANDRE NETTO, 2004).
A evocação da memória, por sua vez, não é somente o religar dos
fragmentos separados em sítios cerebrais trazendo à tona uma lembrança
específica. Ocasiões podem favorecer que apenas alguns pedaços do
engrama sejam avivados, ou podem confundir pensamentos e associações
provocados diretamente no mesmo gatilho, e estudos têm comprovado essa
falibilidade da memória humana. Além disso, as emoções e a motivação
envolvida no processo também podem influenciar o que e o quanto nós
lembramos; especialistas denominam esse fenômeno de “memoria por
dependência de estado” (MCGAUGH, 2002). Como exemplo de nossa falha
na evocação de memoórias, temos os sonhos. Neles, há combinações muito
variadas e de diferentes graus de complexidade, geralmente incluindo
interações entre memórias antigas e recentes, e dessas com o estado
emocional (neuro humoral e hormonal) do indivíduo, antes ou durante o
sono (SELIGMAN, 1987).
O conjunto de sensações subjetivas associadas a reações físicas que
se apresentam frente a determinadas situações é denominado emoção. As
emoções refletem a capacidade que os indivíduos têm de atribuir
importância aos eventos que o cercam e acabam interferindo em seu
comportamento. Damásio (1994) propôs a categorização das emoções em
primárias, ou iniciais (inatos, que se origina da mente, sem qualquer mescla
com a experiência sensível nem influência da imaginação criadora), e
secundárias (as que dependem de aprendizado). As emoções secundárias,
segundo esse autor, seriam dependentes da mescla entre as emoções
primárias e determinadas situações experimentadas (DAMASIO, 1994). Há
autores que separam em outras duas categorias: emoções intuitivas (vindas
da amígdala) e emoções cognitivas (vindas do córtex pré-frontal) (PEÑA-
SARRIONANDIA, 2015).
34
límbico por Broca (PESSOA; HOF, 2015; LINDQUIST et al., 2012).
Através do sistema nervoso autônomo, ele comanda certos
comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos,
interferindo positiva ou negativamente no funcionamento visceral e na
regulamentação metabólica de todo o organismo (MACHADO, 2005).
Como componentes pertencentes ao sistema límbico podemos
observar o hipocampo e o lobo límbico de Broca. Quanto aos componentes
especificamente subcorticais, onde é possível diferenciar as estruturas, temos
as amígdalas (núcleos amigdalinos), a área septal, os corpos mamilares, os
núcleos anteriores do tálamo, os núcleos habenulares e os núcleos
Accumbens. Os componentes cerebrais associados ao sistema límbico são o
tronco cerebral, o hipotálamo, o tálamo, a área pré-frontal e o rinencéfalo
(Sistema Olfativo) (PESSOA; HOF, 2015).
Cada emoção primária tem o seu início, fisiologicamente falando, de
uma forma diferente (PHAN et al., 2002), tanto o que se refere ao estímulo
inicial quanto às ações transcorridas para que ocorra uma resposta do corpo.
Paul Eckman (2003), famoso estudioso das emoções, cita cinco emoções
como sendo básicas: alegria, medo, raiva, tristeza e nojo. Ele descobriu que
cada emoção se expressa de forma diferente nas pessoas, em vários níveis.
Por exemplo, para cada emoção existem diferentes expressões faciais
associadas e um impulso diferente para a realização de um som específico
(ECKMAN, 2003).
2.1 Alegria
35
2.2 Medo
36
tálamo durante um estímulo auditivo relacionado ao medo (LEDOUX,
2003).
Um estudo utilizando ressonância magnética funcional (RMF)
demonstrou a ativação bilateral da amígdala durante a visualização de rostos
amedrontados, e quando apresentadas expressões faciais enfurecidas houve
estimulação apenas da amígdala direita. Tal experiência tornou possível
reforçar o fato de que a amígdala está associada à interpretação de expressões
faciais de ameaça e que suas conexões com as demais estruturas corticais e
subcorticais permite estabelecer uma resposta a essa ameaça (SUSLOW et
al., 2006; MAJESKI-COLOMBO et al., 2006).
2.3 Raiva
37
córtex rbito frontal a comportamentos inapropriados, como impulsividade,
raiva, pouca expressão de felicidade e características de distúrbio de
personalidade dupla (BERLIN; ROLLS; IVERSEN, 2005).
2.4 Tristeza
2.5 Nojo
38
et al., 2012). Não por acaso, a normal percepção de desgosto é relatada em
vários distúrbios psiquiátricos (BUHLMANN et al., 2004; MCKAY, 2006),
também seguindo doenças neurológicas que afetam (direta ou
indiretamente) essas áreas anatômicas (MCLELLAN et al., 2008;
SPRENGELMEYER et al., 1998).
A ínsula, que se conecta por via aferente com a amígdala, tem sido
implicada em uma variedade de funções e , nesse contexto, o foco principal
é no seu envolvimento nas expressões faciais de desgosto e a avaliação de
estímulos desagradáveis (PHILLIPS et al., 1997; LANE et al., 1997). Estudos
sugerem que a ínsula pode estar envolvida também em respostas a estímulos
sensoriais angustiantes, dos quais, por exemplo, um rosto odiado
desencadeia uma determinada sensação. Além disso, o dano ao putâmen e a
ínsula aparentemente compromete a capacidade do paciente de reconhecer
sinais de desgosto, pois as faces que representam nojo estão associadas a
uma maior ativação do putâmen direito e o córtex insular esquerdo (KIPPS
et al., 2007). As percepções de expressões faciais de nojo parecem depender
fundamentalmente de um funcionamento adequado dos gânglios basais e da
ínsula, uma estrutura identificada em primatas como o córtex gustativo
primário (ROLLS, 1995).
39
grego amêndoa) - em mamíferos (BROGLIO et al., 2005). Diversos estudos
apontam a amígdala como protagonista na aquisição de memórias
emocionais, porém, é importante salientar o papel fundamental dessa
estrutura tanto no reconhecimento e na evocação das emoções, quanto na
expressão fisiológica das respostas emocionais (ALBUQUERQUE; SILVA,
2009).
Segundo Paul Ekman (2011), autor de diversos livros sobre o mundo
das emoções, as emoções enviam sinais que mudam nossa expressão,
fisionomia, voz e postura corporal, como uma espécie de reação ao que é
interpretado pelo indivíduo. Esses sinais não podem ser escolhidos porque
são o resultado da ação do sistema nervoso. Ele pesquisou a expressão das
emoções em várias culturas isoladas, resultando na comprovação de que a
raça humana expressa os mesmos sinais faciais, independente da sociedade
ou etnia em que as pessoas estão inseridas. Durante experimentos
desenvolvidos em culturas orientais, Ekman (2011) criou o termo “regras de
conduta” para explicar que não há divergência nos sinais de expressão entre
povos do oriente e do ocidente, mas observa-se uma diferença na maneira
como seus integrantes as controlam durante o convívio em sociedade.
Quando aborda, no segundo capítulo, os motivos e os momentos em que os
seres humanos se emocionam, o autor utiliza a expressão “gatilhos
emocionais” para explicar os fatores que desencadeiam as emoções. Esses
“gatilhos”, portanto, são os fatores que diferenciam a evocação específica
para cada cultura ou para cada indivíduo (EKMAN, 2011).
Essa universalidade das expressões faciais da emoção provavelmente
foi notada pela primeira vez por Charles Darwin, que a viu como um indício
do armazenamento evolutivo das emoções no sistema nervoso central. A
mente dita emocional, tem sua resposta a estímulos muito mais rápida
quando comparada com a mente racional. A explicação para esse fato vem
do pressuposto que a mente emocional exclui a reflexão analítica sobre
determinando estímulo, que é a característica da mente racional
(GOLEMAN, 2012).
Ditas como mais "primitivas" por neurofisiologistas, as emoções
com a intenção de estabelecer seus vínculos com a fisiologia cerebral, são a
sensação de recompensa (prazer, satisfação) e de punição (desgosto,
aversão), tendo sido caracterizado, para cada uma delas, um circuito
encefálico específico. O "centro de recompensa" se relaciona,
principalmente, a regiões do hipotálamo, havendo conexões com o sistema
límbico (septo e a amígdala), algumas áreas do tálamo e os núcleos da base
(DAMASIO, 1994; GUYTON; HALL, 2006). Já o "centro de punição" foi
descrito com localização nas zonas periventriculares do hipotálamo e tálamo,
estando relacionado à amígdala e ao hipocampo (GUYTON; HALL, 2006).
40
Esse conhecimento é muito importante, pois nos dá noção que nossa carga
evolutiva foi moldada através de experiências dos nossos antepassados e,
assim, muitos desses estímulos foram replicados em nossa linhagem
evolutiva.
Damásio sugeriu uma explicação para a emoção, dizendo que o seu
papel como expressão dos mecanismos básicos de regulação
psicofisiológicas não só orientou o desenvolvimento evolutivo da razão
humana, como também é determinante para o adequado funcionamento
racional de cada indivíduo (DAMASIO, 1994). O comportamento de cada
emoção para com o meio, seja ele de aproximação ou retraimento, a
excitação ou a aquiescência de um organismo em relação a um objeto ou
situação decorrem da avaliação emocional desta. Desse modo, a reação
emocional pode ser vista como a garantia de sua autopreservação. É evidente
que a raiva e o medo salvaram numerosas vidas ao longo da evolução.
Portanto, a capacidade de formar memórias emocionais, constituindo
emoções secundárias, conferiu ampla vantagem aos organismos (DOLAN,
2002; MAREN, 2005). "Aprender emoções" nos deu vantagens evolutivas,
e o estudo dos mecanismos desse aprendizado sugerem a amígdala como
estrutura fundamental (ALBUQUERQUE; SILVA, 2009).
Evidências de estudos em seres humanos e animais de laboratório
apontam que a amígdala tem um importante papel na aprendizagem de
eventos que tenham caráter emocional envolvido (FURMARK et al., 1997;
HAMANN et al., 1999) e o planejamento comportamental baseado na
integração de informação internas e externas de um indivíduo (DAMASIO,
1994; LEDOUX, 1996). Tem-se atribuído uma grande variedade de funções
para o complexo amigdaloide, incluindo memória, atenção, interpretação do
significado emocional dos estímulos sensoriais e gênese dos aspectos
emocionais (AGGLETON, 1993; SCOTT et al., 1997). A amígdala parece
desempenhar um papel valioso no aprendizado sempre que este envolve um
valor emocional, independente de se tratar de estímulos primitivos de
recompensa ou punição, e sua atividade neural é diferencialmente afetada
pela carga emocional do estímulo (PATON et al., 2006; WILLICK;
KOKKINIDIS, 1995).
O objetivo dessa discussão não é elucidar todos os mecanismos
envolvidos entre a memória e emoção, e sim compilar as informações que já
existem e apontam que acontecimentos com forte carga afetiva são mais
fortemente lembrados do que os dito como neutros, que não foram
associados a emoções. Nossas experiências nos deram memórias conscientes
de experiências emocionalmente estimulantes, memórias duradouras que são
marcantes por uma série de características que só nós sabemos como se são
sua vivacidade, duração e detalhes (FIGURA 1). Estudos com abordagem
41
na neuropsicoogia apontam que os eventos emocionais são melhor
lembrados porque eles são novos focos da atenção e frequentemente
reverberados (CAHILL; MCGAUGH, 1998). Sabe-se então que esta
habilidade da memória é alterada por situações de emoção, mediadas,
principalmente pela amígdala, e sustentam diretamente a geração de
memórias de longo prazo. (OTMAKHOVA et al., 2013; PEZZE;
FELDON, 2004; BOCCHIO et al., 2016).
Fonte: Autor.
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48
4 CAPÍTULO
49
O sistema sensorial, quando recebe estímulos, armazena-os no buffer
sensorial, e este, para gerar uma resposta, precisa passar por um processo de
estágio seletivo até chegar no executante central, que possui capacidade
limitada (CATTS et al., 1995).
50
prazo que atua interpretando informações visuais por meio de exposições
verbais ou táteis, assim como por um armazenador espacial ativo que planeja
e armazena movimentos e localizações espaciais (GALERA; GARCIA;
VASQUES, 2013).
No sistema proposto por Baddeley (2000), a memória de trabalho
comporta quatro subsistemas funcionais para o seu desempenho: a memória
visuo-espacial, o laço fonológico (compreende as informações da memória
auditiva), recuperação episódica (armazena temporariamente diversas
modalidades) e a memória a longo prazo.
51
sinapse química. No estudo de Javitt e colaboradores, avaliou-se a ação do
receptor sintético de glutamato N-metil-D-aspartato (NMDA) sobre a
memória auditiva e a incompatilidade negativa e quais as suas implicações na
esquizofrenia, uma doença psiquiátrica endógena. Constatou-se que os
antagonistas do receptor NMDA impedem que sejam formuladas respostas
intracorticais antecipadas ou tardias ao desvio de estímulos auditivos, ou seja,
sem produção de incompatibilidade negativa. O que nos permite
compreender os déficits presentes no desempenho das atividades da
memória sensorial auditiva de indivíduos acometidos pela esquizofrenia
(JAVITT et al., 1996).
Quando os receptores sensitivos recebem algum estímulo, as
informações chegam ao córtex, previamente nos registros da memória
sensorial, e permanecem por alguns segundos ou até os estímulos
desaparecerem. As crianças transportam menos estímulos para a memória
de curto prazo, pois não possuem tantas habilidades na sistematização
verbal, recuperação visuoespacial e atenção visual e auditiva (CARNEIRO,
2008).
A memória auditiva é composta pelo armazenamento do ciclo
fonológico, que compreende a percepção de um curto prazo de tempo para
manter o que é recebido de informações verbais e a recuperação de estímulos
subvocais. Caso não ocorra a atividade da recuperação episódica, a
informação fonológica entra em declínio. De acordo com o crescimento e
desenvolvimento das habilidades linguísticas da criança, o nível de
armazenamento e recuperação verbal aumenta, tornando-se um fator crucial
para um melhor processamento da memória em curto prazo, possibilitando
uma ampliação no armazenamento de registros de estímulos sonoros
(CARNEIRO, 2008).
Sabe-se que a memória sensorial não atua em uma região unitária do
córtex cerebral. Para os diversos estímulos captados pelos receptores
sensoriais, existe uma distribuição de subsistemas corticais para codificar esta
informação. Com esse conhecimento, buscou-se estudar a neuroanatomia
de áreas afetadas pela incompatibilidade negativa gerada por sons que se
desviam em frequência, intensidade ou duração. Por meio da topografia, as
cores mostraram a intensidade de ondas estimuladas nas regiões
supratemporais do córtex auditivo enquanto o hemisfério contralateral foi
mais ativado do que o ouvido estimulado (GIARD et al., 1995).
52
fluência linguística, a atenção, os movimentos finos, a agilidade da mente,
dentre outros. Um estudo avaliou mais especificamente a dinâmica do
treinamento com música e o desempenho da memória visual e auditiva de
curto prazo com estudantes durante um período de 2 anos. Viu-se que o
treinamento musical na infância, além de proporcionar todos os benefícios
já citados, contribui para o aumento do nível de Quociente de Inteligência
(QI) em geral, estando relacionado à inteligência e progresso no âmbito
escolar (DEGÉ et al.,2011).
53
executa um papel relevante na consolidação de memória declarativa,
tornando-a resistente a interrupções (ELLENBOGEN et al., 2006).
Atividades que envolvem os processos cognitivos parecem ser mais
suscetíveis à perda da memória durante o sono REM (Rapid Eye Movement)
do que as tarefas relacionadas a memória declarativas (SMITH, 1995).
No estágio em que acontece o sono REM, certas atividades do corpo
sofrem alterações, como a amplitude da incompatibilidade negativa da
memória sensorial, que pode diminuir devido a algumas mudanças temporais
ou físicas presentes em estímulos recebidos (ATIENZA; CANTERO;
GÓMEZ, 2000).
Baseando-se nessa ideia, o estudo de Atienza, Cantero e Gómez
(2000) procurou identificar se, durante o sono REM, a memória ecoética
produz alguma informação por meio da produção de estímulos repetitivos,
que interferem na frequência e amplitude da incompatibilidade negativa e,
consequentemente, geram alterações na atividade da memória sensorial. As
evidências revelaram que houve uma redução na força dos estímulos sobre
o sistema de traços neurais neste estágio de sono, impedindo que as
informações fossem armazenadas na memória de longo prazo, o que nos
permite compreender que, na condição funcional do cérebro específico do
sono REM, foi possível desencadear a formação, a manutenção e a
recuperação dos vestígios da memória sensorial auditiva.
Após a descoberta de que a resiliência no armazenamento e
preservação de informações de uma memória podem ser melhores durante
os estágios de sono do que naqueles em que os indivíduos estão acordados,
uma sequência de estudos procurou demonstrar, através de imagens
cerebrais, que nas etapas normais do sono e no REM, a anatomia funcional
não acontece num modelo unitário, mas em diferentes padrões. No
momento do sono REM, há aumento de atividades nas regiões, núcleos
talâmicos, córtex occipital, tegmento pontino, córtex pré-frontais médio
basais e grupos límbicos associados, incluindo a amígdala, hipocampo e o
córtex cingulado anterior. O estudo também mostrou que pessoas que não
têm um sono com qualidade, sofrem, durante a aprendizagem, mudanças na
recuperação episódica, pois as regiões do lobo temporal medial são menos
ativas, recrutando atividades compensatórias do córtex pré-frontal
juntamente com o lobo parietal (WALKER, 2009).
54
com lesões no lobo parietal foram submetidos a técnicas que permitem
distinguir processos discriminativos da memória, independentemente da
modalidade sensorial. As técnicas visuais consistiam em padrões
geométricos e imagens com consoantes; as auditivas, em sons de consoantes.
Os resultados mostraram que a região posterior do lobo parietal apresentou
déficits que comprometem os dois sentidos de memória e, principalmente,
a tarefa de aprendizagem.
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56
5 CAPÍTULO
57
área motora suplementar, o córtex pariental, o córtex cingulado, o cerebelo
e os núcleos da base (LENT, 2008).
Durante uma luta de boxe, os competidores precisam estar atentos a
todo movimento e a qual estratégia irão traçar no decorrer da luta, para que
o movimento pensado ocorra de forma eficiente, considerando que as
tomadas de decisões no lobo frontal são acionadas. Ao se pensar em executar
um soco em seu adversário e o local em que se quer acertar, a área pré-
motora já é acionada junto com o córtex motor suplementar, agindo no
planejamento do movimento e contribuindo para ação motora (MALLOY-
DINIZ et al., 2014).
O córtex pré-motor tem importante papel nos movimentos de
precisão e na aprendizagem motora (COSTANZO, 2014), sendo mais
dominante em tarefas que dependem de informações externas, nas quais o
movimento é guiado por informações de dor, tato, visão e temperatura
(TAKASE, 2005). Os núcleos da base estimulam o córtex motor através de
vias talâmicas e são responsáveis pela organização e execução de
movimentos plenos (RUBIN; SAFDIEH; SAFDIEH, 2008). O córtex pré-
frontal atua no planejamento de estímulo comportamental e fisiológico,
atuando nas soluções de problemas e sustentação da atenção (MCKLVEEN;
MYERS; HERMAN, 2015; MALLOY-DINIZ et al., 2014).
O córtex motor primário é responsável pela execução do
movimento, na qual os motoneurônios superiores são estimulados,
ocorrendo a transmissão ao tronco encefálico e à medula espinhal. Os
motoneurônios inferiores são acionados quando o movimento voluntario é
executado (COSTANZO, 2014).
Durante o movimento de artes marciais dentro de uma competição,
como o chute para nocautear o adversário, os sinais emitidos à região do
córtex cerebelar têm um importante papel na coordenação e equilíbrio do
movimento, fazendo com que o gesto seja mais preciso e refinado. O
cerebelo, através de informações neurais, atua na correção de ajustes,
baseados em informações de movimentos prévios (KANDEL et al., 2014).
58
A cognição tem um importante papel na reprodução dos gestos
esportivos, pois envolvem processos como percepção, atenção, antecipação,
memória, pensamento, inteligência e tomada de decisão (MATIAS;
GRECO, 2010).
O atleta se encontra em várias situações, nas quais precisa ponderar
sobre a melhor tomada de decisões, que acontece por meio de
processamentos cognitivos. Para que isso ocorra, é necessário que se tenha
informações adquiridas e vivenciadas na modalidade esportiva. A
consciência de fatores externos como o conhecimento do ambiente e suas
dimensões, e fatores internos como informações adquiridas em seu próprio
corpo, da consciência do gesto a ser executado, saber o que se faz, saber
tomar a decisão certa, conhecer suas aptidões físicas, são conjunto de
atividades que influenciam nas ações executadas durante os gestos
esportivos (MATIAS; GRECO, 2010).
Para que a capacidade motora seja melhorada, é necessária uma
prática constante a fim de que o corpo se sinta familiarizado com o
movimento. O desempenho é otimizado com o aprendizado e o
amadurecimento do indivíduo. A experiência pode ser um fator importante
para prever o resultado do gesto a ser executado. Para isso, é preciso treinar
as habilidades técnicas. (FAIRBROTHER, 2012).
59
conduz o atleta a tomar uma decisão antes mesmo do resultado da ação ou
do estímulo, realizando a ação e prevendo intencionalmente o resultado.
Essa habilidade é mais bem observada em atletas com mais experiência do
que em iniciantes.
A memória é sempre ativada durante atividades esportivas, seja ela
de longo ou curto prazo. Nela, o atleta irá resgatar informações adquiridas
durante seus treinamentos ou informações durante a prática esportiva,
durante o gesto esportivo ou durante um jogo. O pensamento é sempre
ativado, seja ele pra gerar uma jogada criativa ou traçar uma série de medidas
ou ações para seguir sua estratégia. A inteligência é usada, em várias
situações, a fim de agir da melhor forma para executar as habilidades
motoras. A tomada de decisão consiste em realizar o gesto motor
(BORDINI et al., 2013; ANTUNES et al., 2006; MATIAS; GRECO, 2010).
Os atletas devem sempre buscar, através de treinamento perceptivo
motor e experiências em suas práticas, maior precisão de resposta de
antecipação e maior segurança em seus movimentos durante suas
competições (BORDINI et al., 2013).
60
prescrição de exercícios (FUKUCHI; DUARTE, 2008) e para prevenção de
lesões (NEVES et al., 2017), principalmente dentro do esporte no qual a
eficiência do movimento deve estar perfeita para um maior desempenho,
resultando em dados mais fidedignos, através de softwares.
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63
64
6 CAPÍTULO
65
O conceito de estresse não deve ser entendido apenas como uma
resposta fisiológica do organismo, culminando na liberação de hormônios e
neurotransmissores. É muito mais complexo que isso. Envolve aspectos
cognitivos como a percepção e a experiência de vida. Uma definição bastante
comum é que o estresse ocorre quando uma pessoa percebe um determinado
evento como ameaçador à sua homeostase, seja ele um evento físico, como
privação de sono, fome, sede, dor ou um evento psicológico, como a morte
de um parente, auto cobrança para passar em um concurso público,
problemas conjugais, dentre outros (WOLF, 2017). A lista de exemplos pode
ser bem maior. Precisaríamos de uma página ou mais para incluir os
principais.
Stress and cognition: are corticosteroids good or bad guys? (KLOET; OITZL;
JOËLS, 1999) é um dos meus artigos favoritos, que mostra que o cortisol,
hormônio liberado diante de uma situação estressante pelo eixo
hipotalâmico-hipófise-adrenal (HHA), pode trazer tanto benefícios quanto
malefícios ao indivíduo. Sabe-se que a liberação de cortisol é fundamental
para a sobrevivência e para a adaptação das espécies. Além de preparar os
indivíduos para lutar ou fugir frente a uma ameaça, aumentando a liberação
de energia armazenada e o fluxo sanguíneo para os músculos, tal resposta
fisiológica é vital para a lembrança de situações que representam perigo,
tendo, portanto, um valor adaptativo e protetor (QUERVAIN; SCHWABE;
ROOZENDAAL, 2017). Contudo, exposição a altas concentrações desse
hormônio podem ser um risco para a saúde, para o bem-estar e para a
aprendizagem (KLOET; JOËLS; HOLSBOER, 2005). Na exposição ao
estresse agudo, observa-se um crescente prejuízo no processo de
recuperação de informações aprendidas (WOLF, 2009). Estudos têm
mostrado, também, uma associação entre déficits cognitivos em transtornos
psicológicos, como a depressão maior e o transtorno bipolar, e alterações no
funcionamento do eixo HHA, acarretando uma hipersecreção de cortisol
(WOLF, 2017). Há também evidências de que o estresse crônico vivenciado
na gestação e na primeira infância traz não apenas comprometimentos
cognitivos ao indivíduo, como também aumenta a susceptibilidade do
desenvolvimento de psicopatologias (LUPIEN et al., 2009; QUESADA et
al., 2014). Mas por que o cortisol em excesso ou o estresse agudo ou crônico
afetam a cognição? E por que, no estresse agudo, observa-se um aumento
na consolidação das informações e a dificuldade da recuperação delas? Para
respondermos a essas questões, precisamos entender um pouco mais sobre
a neurobiologia do estresse. Esse é o primeiro ponto de parada, que trará a
bagagem necessária para que você possa aproveitar as maravilhas de nossa
viagem.
66
2 NEUROBIOLOGIA DO STRESS: COMO TUDO ACONTECE?
Fonte: Autor
67
O cortisol atua ligando-se a dois receptores: mineralocorticoides
(MR) e glicocorticoides (GR). Eles diferem tanto em afinidade quanto em
distribuição em regiões cerebrais. Os MRs têm 10 vezes mais afinidade com
o cortisol do que os GRs. Em consequência disso, os MRs ficam logo
saturados em baixas concentrações de cortisol, enquanto verifica-se
disponibilidade de GRs mesmo em situações de estresse ou 30 min após o
acordar, quando há o ápice da produção de cortisol (pico circadiano)
(KLOET et al., 1991). Além disso, enquanto os MRs, uma vez ativados, são
responsáveis por um aumento da excitabilidade neuronal, os GRs são
responsáveis pelo equilíbrio da rede neuronal (WOLF, 2017).
Mas e os efeitos cognitivos do cortisol? De posse do conhecimento
explorado anteriormente, posso responder a pergunta acima por meio da
tese: razão MR/GR. Quando temos a maioria dos MRs ocupados e apenas
poucos GRs ativados, há um aumento das funções cognitivas. Por outro
lado, uma baixa razão MR/GR pode levar a prejuízos cognitivos (KLOET;
OITZL; JOËLS, 1999). Uma vez que isso está compreendido, vamos para a
nossa segunda parada, que consistirá em um maior detalhamento, com base
em pesquisas, dos efeitos cognitivos e emocionais do estresse.
68
ramificações dendríticas comparados aos ratos mantidos agrupados e em
ambientes ricos em estímulos.
Além do hipocampo, o córtex pré-frontal (PFC) é outra estrutura
bastante vulnerável aos efeitos do cortisol (SCHOOFS; PREUSS; WOLF,
2008; SCHOOFS; WOLF; SMEETS, 2009). Essa estrutura é o que nos
diferencia dos outros animais e é responsável por tomada de decisão,
planejamento, raciocínio, memória de trabalho, controle das emoções, entre
outras funções executivas (KANDEL et al., 2014). Não é à toa que, sob
estresse, não conseguimos fazer cálculos matemáticos, decidir que caminho
seguir ou simplesmente planejar a escrita de um texto.
O estresse e seus hormônios têm consequências negativas para o
desenvolvimento emocional. Estudos realizados por Spitz revelaram que
crianças com boa nutrição, desprovidas de contato físico e criadas em
orfanatos com infraestrutura adequada mantinham baixo peso, eram
ansiosas e apresentavam sintomas depressivos (LANDEIRA-
FERNANDEZ; SILVA, 2007). Elevados problemas emocionais e altos
níveis de cortisol em resposta a um estressor psicossocial (The Trier Social
Stress Test for Children) têm sido observados em crianças nascidas prematuras
(QUESADA et al., 2014). O Trier Social Stress Test for Children é um teste
psicossocial utilizado para eliciar a liberação de cortisol, no qual o
participante deve apresentar uma estória para um comitê composto por duas
a três pessoas e realizar cálculos matemáticos como 758 – 7, 751 -7, 744 – 7
...; até cometer um erro. Cometido o erro, o comitê solicita à criança para
retomar os cálculos desde o início. O comitê comporta-se de maneira neutra
e os participantes devem contar a estória e falar a resposta das contas em um
microfone. Todo o procedimento é filmado (BUSKE-KIRSCHBAUM et al.,
1997).
Espero que nossa viagem esteja sendo proveitosa. Aconselho-os,
agora, a sentarem e respirarem fundo, pois farei uma grande revelação. O
estresse vivenciado pelos pais pode afetar negativamente o desenvolvimento
cognitivo e emocional de sua prole, aumentando a susceptibilidade às
psicopatologias.
Yehuda et al (2014) demonstraram que filhos de mães sobreviventes
do Holocausto apresentaram maior risco ao desenvolvimento de transtorno
de estresse pós-traumático (TEPT), enquanto os filhos de pais sobreviventes
desta catástrofe apresentaram maior risco ao desenvolvimento de depressão.
A prole participante do referido estudo nasceu após a Segunda Guerra
Mundial ou após seus pais terem fugido e encontrado um lugar seguro. Tal
fato pode ser explicado por mecanismos epigenéticos. Epigenética, termo
oriundo da biologia, refere-se às modificações da expressão gênica, sem
69
alterar a sequência de bases do DNA (adenina, timina, guanina, citosina).
Essas modificações, por sua vez, podem silenciar ou ativar diferentes genes
(MEANEY; SZYF, 2005). Em seu estudo, citado anteriormente, Yehuda et
al (2014) encontraram alterações na metilação do promotor do gene de
receptores de glicocorticoides (GR1F, exon 1), apresentando uma baixa
metilação desse gene na prole de mães sobreviventes do Holocausto e alta
na prole de pais sobreviventes da referida catástrofe, sendo esse um possível
mecanismo para explicar porque tais indivíduos já nascem com maior
susceptibilidade à psicopatologias. Resumindo, o estilo de vida de nossos
pais, avós e de outras gerações passadas explicam boa parte de nosso
comportamento, o que revela que Lamarck (lei do uso e desuso), apesar de
ter sido extremamente criticado, tinha, em parte, razão.
Assim como o estilo de vida de nossos pais e avós podem afetar o
nosso desenvolvimento cognitivo e emocional, o nosso estilo de vida pode
reverter tal situação, influenciando inclusive novas gerações. Estudos
animais corroboram com tal ideia. A prole de ratos, cujas mães são atentas e
com altas taxas de lambidas e atos de limpeza, apresentaram menos secreção
de cortisol após um evento estressante (reclusão) quando comparada àqueles
que recebiam menos lambidas e cuidados. Fazendo-se a troca de algumas
mães e filhotes de modo a deixar ratos de mães atentas e cuidadosas (altas
taxas de lambidas e limpeza) sendo criados por mães desleixadas (reduzidas
taxas de lambidas e limpeza) e vice-versa, observou-se que a prole criada por
mães atentas, mesmo sendo nascidas de mães de baixos índices de limpeza
e lambida, apresentou comportamentos como: explorar áreas abertas, limpar
e lamber seus próprios filhotes, atos semelhantes aos daqueles nascidos de
mães com altos índices de limpeza e lambida (ZHANG et al., 2013).
Considerando tais achados, é preciso pensar em uma educação com
baixos índices de estresse. Para propormos uma educação com esse foco,
mais informações são necessárias. O que é preciso para uma aprendizagem
de qualidade? Como esse processo ocorre? Tal conhecimento será obtido na
nossa próxima parada: O CAMINHO DA APRENDIZAGEM.
4 O CAMINHO DA APRENDIZAGEM
70
reorganizar suas vias neurais com base em novas experiências” (LANDEIRA-
FERNANDEZ; SILVA, 2007; p. 5).
Nosso encéfalo é formado por cerca de 86 bilhões de neurônios,
os quais comunicam-se por meio de sinapses. À medida que aprendemos,
novas sinapses são formadas. E, quanto mais sentidos sensoriais utilizarmos
(visão, audição, tato, olfato, paladar, cinestésico), mais efetiva será a
aprendizagem, mais fortes serão as sinapses. (GOLDSCHMIDT et al., 2008).
Por outro lado, aquilo que não usamos sofre uma poda. Como é inteligente
e econômico nosso SNC. Não acham? Portanto, a aprendizagem, além de
um ambiente rico em diferentes estímulos sensoriais, requer que tais
informações sejam utilizadas e reforçadas. É assim que ocorre o processo de
aprendizagem.
Mas por que é mais fácil lembrarmos de conteúdos emocionais do
que conteúdos neutros? Você se lembra mais: (1) da aula em que você fez
uma peça de teatro para explicar a Queda do Muro de Berlim; (2) da aula de
inglês em que o professor cantou sua música preferida ou (3) daquela em
que ele simplesmente expôs o conteúdo? A maioria marcará as opções 1 ou
2, pois ambas envolvem experiências emocionais, diferentemente do que
ocorre na opção 3. Mas por que isso ocorre?
Quando as informações envolvem conteúdos emocionais, a amígdala
basolateral (BLA), é ativada. Há evidências de que a BLA modula a
plasticidade sináptica no hipocampo, bem como outras memórias. Essa
ativação da BLA influencia a expressão das proteínas envolvidas com a
plasticidade cerebral, responsáveis por promover a consolidação sináptica
no hipocampo e em outras estruturas cerebrais envolvidas no
processamento da memória (LALUMIERE; MCGAUGH; MCINTYRE,
2017).
Além disso, para o aprendizado ser efetivo, ele tem que ser
significativo e prazeroso. É preciso ativar o sistema de recompensa, levando
o cérebro associar a causa da ativação à sensação de bem-estar e prazer. É
fundamental a ativação de regiões envolvidas com os estados internos do
corpo, como a ínsula, com a detecção ou antecipação de uma recompensa,
como o núcleo acumbente e corpo estriado ventral, com o valor subjetivo
da recompensa, como o córtex pré-frontal e, finalmente, de regiões
sinalizadoras da saciedade, como o giro cingulado e o córtex orbitofrontal
(HERCULANO-HOUZEL, 2012).
Estamos chegando ao fim de nossa viagem. Esta é uma das mais
importantes paradas: REPENSANDO A EDUCAÇÃO – NOVAS
PERSPECTIVAS. Agora você já tem conhecimento suficiente para
71
desfrutar desse momento. Vamos em frente e divirta-se. Aliás é preciso
prazer para aprender.
72
Não, de mulher pelada. (CONTINO, Gabriel: O
Pensador) (sic)
Por meio dessa música, Gabriel, o Pensador, mostra que essa forma
de educação não privilegia significado e aplicabilidade do conhecimento e,
portanto, não é efetiva. O aluno decorou, memorizou, mas não aprendeu.
Não consegue utilizar os conhecimentos adquiridos para inovar e
transformar a realidade.
A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada/
E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa
pirralhada!)/A rua é perigosa então eu vejo televisão/ (Tá
lá mais um corpo estendido no chão)/ Na hora do jornal eu
desligo porque eu nem sei nem o que é inflação/ - Ué não te
ensinaram?/- Não./ A maioria das matérias que eles dão
eu acho inútil/ Em vão, pouco interessantes, eu fico pu../ Tô
cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio/(Vai pro
colégio!!)/Então eu fui relendo tudo até a prova
começar/Voltei louco pra contar:/ Manhê! Tirei um dez na
prova/ Me dei bem, tirei um cem e eu quero ver quem me
reprova/ Decorei toda lição/Não errei nenhuma questão/
Não aprendi nada de bom/Mas tirei dez (boa filhão!)
/Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci/Decorei,
copiei, memorizei, mas não entendi/Quase tudo que aprendi,
amanhã eu já esqueci/Decorei, copiei, memorizei, mas não
entendi/ Decoreba: esse é o método de ensino. (CONTINO,
Gabriel: O Pensador) (sic)
Neste contexto, como o aluno se sente? Esse é o seu desejo? Ele
sente-se motivado? Suas expectativas são atendidas? O que ele gostaria que
fosse modificado? Na verdade, ele se sente como uma ameba, um ser
insignificante, uma esponja que absorve conteúdos, como enfatizado na
música. Vamos acompanhar?
Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino/ Não
aprendo as causas e consequências, só decoro os fatos/ Desse
jeito até história fica chato/ Mas os velhos me disseram que
o "porque" é o segredo/Então quando eu não entendo nada,
eu levanto o dedo/Porque eu quero usar a mente pra ficar
inteligente/Eu sei que ainda não sou gente grande, mas eu já
sou gente/E sei que o estudo é uma coisa boa/ O problema
é que sem motivação a gente enjoa/ O sistema bota um monte
de abobrinha no programa/ Mas pra aprender a ser um
ignorante (...)/Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da
minha cama (Ah, deixa eu dormir)/Eu gosto dos professores
e eu preciso de um mestre/Mas eu prefiro que eles me ensinem
alguma coisa que preste/- O que é corrupção? Para que serve
um deputado? /Não me diga que o Brasil foi descoberto por
73
acaso! /Ou que a minhoca é hermafrodita/ Ou sobre a tênia
solitária./Não me faça decorar as capitanias hereditárias!!
(...)/Vamos fugir dessa jaula! (CONTINO, Gabriel: O
Pensador) (sic)
Se, não há significado e utilidade naquilo que se aprende, ou seja, se
não há aprendizagem significativa, por que ficar horas sentado? É mais
lógico matar aula e fazer algo mais proveitoso, que envolva prazer. Aliás,
essa é das principais causas de evasão escolar.
"Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?) / Não. A aula/
Matei a aula porque não dava/ Eu não aguentava mais/ E
fui escutar o Pensador escondido dos meus pais/ Mas se eles
fossem da minha idade, eles entenderiam/ (Esse não é o valor
que um aluno merecia!)/ Íííh... Sujô (Hein?)/ O inspetor!/
(Acabou a farra, já pra sala do coordenador!)/ Achei que ia
ser suspenso mas era só pra conversar/ E me disseram que a
escola era meu segundo lar/ E é verdade, eu aprendo muita
coisa realmente/ Faço amigos, conheço gente, mas não quero
estudar pra sempre!/ Então eu vou passar de ano/ Não
tenho outra saída. (CONTINO, Gabriel: O Pensador) (sic)
O que os alunos almejam? Uma aprendizagem significativa, que os
preparem para a vida: uma aprendizagem prazerosa. Lembra-se da frase da
introdução deste capítulo: “Aprendizagem não precisa ser um fardo. Requer prazer,
envolvimento e emoção”.
Mas o ideal é que a escola me prepare para vida/ Discutindo
e ensinando os problemas atuais/ E não me dando as
mesmas aulas que eles deram para os meus pais/ Com
matérias das quais eles não lembram mais nada/E quando
eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada... (CONTINO,
Gabriel: O Pensador) (sic)
Portanto, é fundamental revermos e transformarmos a nossa
educação. Cinco pontos chaves são necessários para um aprendizado de
qualidade: motivação, significado, prazer, vivências e flexibilidade. Agora,
com essas ferramentas, podemos propor uma nova educação, inovadora,
transformadora e baseada na experiência. Alguns países, como a Finlândia,
já seguem esse caminho; outros, como a China, continuam com a forma
tradicional, mas já percebeu que os indivíduos que estão formando não
possuem as habilidades, atitudes e competências necessárias ao mercado de
trabalho. Por causa disso, as autoridades chinesas estão visitando vários
países, conhecendo seus sistemas educacionais, visando a transformação
(GASPAR, 2012; BASTOS, 2017).
74
Neste contexto, o papel do professor deixa de ser de detentor de
informações e passa a ser de facilitador. Segundo Kazantzakis (1989)
“professores ideais são aqueles que se transformam em pontes... e que
convidam os alunos a cruzá-la, depois de ter facilitado sua passagem, com
alegria e colapso, incentivando-os a criar pontes a partir de suas próprias
atitudes” (RIBEIRO, 2017).
Não há mais espaço para o autoritarismo do professor, nem para a
passividade do aluno, mas sim para troca de experiências, vivências, com
foco em uma aprendizagem significativa. Corroborando com essa ideia, Carl
Rogers postula alguns princípios fundamentais: (1) a aprendizagem é
facilitada realmente quando o aluno é ativo em seu processo de
aprendizagem; (2) a maior parte da aprendizagem é adquirida na prática; (3)
a aprendizagem voluntária é mais duradoura (JUSTO, 1976).
Com base nesses princípios, uma educação inovadora e
transformadora deveria privilegiar projetos e pesquisas. Em um trabalho em
equipe, professores e estudantes observariam o mundo ao seu redor,
explorá-lo-iam e enxergariam demandas e situações a serem modificadas. A
partir disso, pensariam em alternativas viáveis e criativas, visando sempre o
bem-estar da sociedade. Mas, para isso, é preciso desenvolver a nossa
inteligência emocional: uma das inteligências mais valorizadas no mercado
de trabalho. É preciso ter empatia, habilidades interpessoais,
autoconsciência, autocontrole, e saber lidar com estresse, emoções e
frustrações (GOLEMAN, 2012). E por que nossas crianças não são
estimuladas a desenvolver tal inteligência desde cedo? Se voltarmos nosso
olhar para esse ponto, com certeza, contribuiríamos para uma melhor
qualidade de vida de nossa sociedade, reduzindo o adoecimento e
fortalecendo nossa cognição.
Chegamos ao fim de nossa viagem. Espero que, a partir de agora,
o leitor reflita sobre a importância de um bom estilo de vida para a sua saúde,
cognição e processo de aprendizagem. Somos escritores de nossa estória e
escultores do nosso cérebro. Que sinapses você quer construir? Imagine, saia
para fora da caixa e crie sua própria estória. Vivencie e aprenda. Não deixe
que o medo e o estresse o paralisem.
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78
7 CAPÍTULO
1 MEMÓRIA INTRAUTERINA
79
Percebeu-se então que o feto não é um ser passivo que se
desenvolve em absoluto isolamento e silêncio, mas sim que ele
interage com o meio intra e extrauterino através de seus
movimentos, reagindo a sons provindos do corpo da mãe e do
meio externo.
A ultrassonografia foi o marco inicial de uma forma de
contato com o universo intra-uterino e tem beneficiado o estudo
do psiquismo fetal. Já se tornou possível conhecer importantes
informações a respeito das funções sensoriais, das altas funções
do cérebro do feto e também identificar traços iniciais de
personalidade, prevendo futuros comportamentos do bebê
através dos movimentos e das reações fetais (GOMES;
PICCININI, 2005).
Piontelli (1995) diz que, através das ultrassonagrafias da década de
70, buscou-se encontrar alguma relação entre o que era vivido no ventre
materno e o que poderia ser observado na relação materno-infantil após o
nascimento. Ele observou fetos gemelares ou não, demonstrando que o que
era vivido dentro do útero poderia causar algum impacto no
desenvolvimento futuro do indivíduo, resultando em uma interação pré-
natal e pós-natal, sem priorizar nenhum período. O que essa tecnologia de
imagem revelou foi o desenvolvimento individual do feto e o seu
relacionamento de simbiose com a mãe, estabelecendo uma comunicação a
nível pré-verbal. Cada feto habita um ambiente único, sujeito a diferentes e
singulares experiências e estimulações. Muitas dessas imagens faziam com
que os adultos que as observassem, fossem eles os pais da criança ou não,
atribuíssem sentimentos, emoções e comportamentos aos fetos,
corroborando com as ideias teóricas e clínicas do psicanalista Donald Woods
Winnicot (CHAZAN, 2000; 2005; 2008; 2011; PIONTELLI, 1995).
Souza-Dias (1996, p.40) complementa, referindo que:
Toda especulação sobre fetos e gestantes, que tem surgido
através da história e da evolução do pensamento, tem levado
à evidência de psiquismo no feto. Isto nos faz pensar que
possuímos a pré-concepção da existência desse fato, que vem
se manifestando e desenvolvendo através dos tempos, desde os
pensamentos supersticiosos até a ciência interpretativa e
intuitiva, que tem sido comprovada pela ciência experimental
através da ultrassonografia.
Tendo a possibilidade de visualizar o feto através da ultrassonografia,
a gestante entende o que é estar grávida e o seu filho se torna mais real. Com
as imagens que o exame disponibiliza, a mãe, durante a gestação, compara o
bebê dos sonhos com o bebê real e é como se o encontro com o bebê fosse
antecipado (CARON, 2000).
80
Seguindo uma ordem cronológica, podemos citar alguns estudiosos
pesquisadores que vêm se empenhando em relacionar a vida no ventre-
materno com a vida após o nascimento e as memórias intra-uterinas. O
trabalho de diversos psicanalistas ao longo dos anos explora essa
continuidade entre vida pré e pós-natal (AZEVEDO; MOREIRA, 2012). A
sociedade já vem reconhecendo a interação entre a vida intra e pós-uterina,
ficando fácil a interpretação da frase de Freud: “Há uma continuidade muito
maior entre a primeira infância e a vida intrauterina do que a impressionante
cesura do ato do nascimento nos permite supor” (FREUD, 1976, p.162).
Conseguimos explanar como a memória intra-uterina tem
comparecido na literatura psicanalítica desde os primórdios da psicanálise
até nossos dias. O assunto foi abordado, inicialmente, nos primórdios da
psicanálise [Freud, Rank, mais tarde também Raskovsky e Winnicot] e era
considerado apenas pelo vértice idealizado da experiência intra-uterina. Na
atualidade, são os aspectos traumáticos da vida intra-uterina que despertaram
o interesse dos psicanalistas, que entenderam ser esse o lugar-gênese de
diversas psicopatologias (WILHEIM, 2003).
Freud (1972) em sua obra “Interpretação dos Sonhos” relata que os
sonhos que recordam o nascimento são a vivência de fantasias relacionadas
com a vida intrauterina e com o nascimento. Rank (1961), em seu trabalho
“O trauma do nascimento”, discorre sobre a influência das experiências
vividas no período pré-natal e da forma de nascer na vida posterior (apud
AZEVEDO; MOREIRA, 2012, p.66).
Rascovsky (1977), psicanalista argentino fala que, quando o ser
humano está passando por uma experiência dolorosa e, muitas vezes,
intolarável, as experiências intrauterinas podem ser um sistema de defesa, às
quais o sujeito pode regredir. Ele ressalta que dormir representa uma
regressão cotidiana às condições fetais, chamando a atenção à posição fetal
assumida por algumas pessoas ao dormir. Assim, as experiências
intrauterinas são idealizadas como sendo paradisíacas e o sujeito pode
regredir a um estágio fetal diante de ansiedades insuportáveis.
O processo maturacional ou emocional, segundo Donald Woods
Winnicot tem início com as primeiras relações, as mais primitivas que toda
mãe e todo bebê vão estabelecer, ainda no ventre materno, deixando bem
claro que o processo emocional não se inicia com o nascimento. Winnicot
explica que a relação materno-infantil é uma relação na qual o par, mãe-bebê,
comunicar-se-á pela relação recíproca que foi desenvolvida desde a
concepção, passando pelo desenvolvimento do bebê no útero até o instante
do nascimento. Estabelece-se, então uma relação de confiança e mutualidade
advinda de uma gestação saudável e prazerosa. O conceito de memória
81
corporal e a progressão afetiva primária reforçam as sensações intrauterinas
do feto e o contato do bebê com a mãe em termos da fisicalidade dos corpos
vivos. As primeiras relações materno-infantis podem ser explicadas a partir
de três propósitos: trauma do nascimento, a observação de bebês em útero
e o método da observação de bebês na prevenção de traumas psíquicos
(SILVA, 2016).
Silva (2016, p. 32) argumenta sobre o processo maturacional ou
emocional do paradoxo de Winnicot:
[...] o bebê reconhece a voz da mãe e o calor do seu corpo,
assim como já vivenciava tudo o que se passava na
interioridade do corpo materno. A mãe, por sua vez,
desenvolverá uma relação simbiótica com seu bebê e
estabelecerá, com ele, uma comunicação pautada em
experiências não verbais, oferecendo-se como o primeiro
ambiente do qual o bebê precisa para se desenvolver
emocionalmente. É essa relação que constituirá o psiquismo
do bebê, seu mundo interno, seu interior e seu self.
Alguns autores vão confrontar a teoria do paradoxo de Winnicott.
Oto Rank, por exemplo, defende que o nascimento gera um trauma, quando
se separa a mãe do filho. A angústia de mover-se em direção à autonomia
gera um esforço que sobrecarrega o aparelho psíquico (RANK, 2015). Já
Freud, 1996, diz que o bebê, durante o processo de nascimento, jamais
experimentaria a angústia, pois a experiência seria inconsciente de sua
existência e totalmente narcísica. Para Winnicot, 1990, não se podia falar em
angústia visto que nesta época não existe nenhum inconsciente, nenhum
recalque. Porém por Freud falar em “narcisismo” do feto, deu a entender
que haveria uma relação bastante primitiva entre a mãe e o feto, que traria
consequências psíquicas ao longo de toda a vida do sujeito, caso o
nascimento fosse traumático.
Winnicott (1990) relata que a clínica de pacientes regredidos ou a
observação dos bebês desde o útero até o momento posterior ao nascimento
fez acrescentar à teoria psicanalítica os fenômenos do desenvolvimento do
indivíduo e das memórias da experiência pessoal. A clínica psicanalítica
mostra continuamente que, do ponto de vista do bebê, nada passa
despercebido e cada pormenor do parto fica registrado em sua mente a partir
do que Freud denominou de traços mnêmicos (chamados por Winnicott de
memória corporal). Muitas dessas evidências foram comprovadas a partir
das lembranças vividas por pacientes ainda em útero, quando esses ainda
eram bebês: virar-se, cair, sensações que dizem respeito à passagem do meio
líquido para o território seco, mudanças de temperatura, suprimento de
oxigênio e do alimento através do cordão umbilical, capacidade de se
82
alimentar ao seio ou pelo próprio esforço de obter alimento, respiração,
propriocepção corporal, etc. Existem evidências que os movimentos do
corpo ou sua quietude na vida intrauterina são significativos. Freud
acreditava que cada pessoa retinha memórias corporais durante o processo
de nascimento, uma vez que ele observou que o padrão de ansiedade pode
ser determinado pelas experiências de nascimento do indivíduo.
Em síntese, Freud denominou o armazenamento das experiências
pelas quais passamos o início da vida de “traços mnêmicos”, que só podem
ser acessadas se houver algum investimento psíquico dessas lembranças na
vida adulta. Para Winnicott, o bebê retém “memórias corporais”, que são
marcadas na superfície do corpo, e suscitadas na vida adulta pelo cérebro
quando em desenvolvimento biológico sadio. A partir deste
desenvolvimento cerebral, ainda intra-uterino, inicia-se a “estocagem de
experiências; as memórias corporais, que são pessoais, começam a juntar-se
para formar um novo ser humano”. A experiência clínica psicanalítica,
sobretudo com sujeitos regredidos, forneceu a maior parte das evidências
necessárias para se ter certeza de que essas memórias pertencem a um
momento anterior ao nascimento, pois nada daquilo que um ser humano
vivencia, mesmo em útero, é desperdiçado (WINNICOTT, 2006, p. 64).
Falando em experiências de regressão, Stanislav Grof é um
psiquiatra checo que desenvolveu, nos Estados Unidos, pesquisas sobre os
estados alterados de consciência (EAC) através de experiências com o ácido
lisérgico (LSD), como meio de atingir esses estados. O psiquiatra iniciou sua
pesquisa em meados da década de 1950, utilizando primeiramente o LSD e,
posteriormente, substituiu as substâncias psicotrópicas pela respiração
holotrópica. Esta última trata-se do método por ele desenvolvido e que
consiste na indução por meios respiratórios próprios, sons, estímulos tribais
que podem levar a estados alterados de consciência. Nascia a psicologia
transpessoal, tendo como suas bases o estudo das experiências emocionais
registradas durante o período da gestação, bem como as sensações ligadas
aos estágios do parto nas chamadas Matrizes Perinatais Básicas (MPB)
(GROFF, 2009).
No livro de sua autoria, “Mente Holotrópica”, Groff (2009) relata
que, em uma de suas experiências de tratamento com regressão, o paciente
tratado alegou ser um feto experimentando a perfeição de um útero bom.
Evoluindo para uma perspectiva cósmica resplandecente, misturando-se
com a experiência de um microcosmo igualmente milagroso, no que diz
respeito aos átomos e moléculas, dando lugar ao surgimento do mundo
bioquímico de origem da vida e das células individualizadas. As perturbações
pré-natais têm suas características intrauterinas distintas: a menos que sejam
experiências extremas com perigo de morte, tentativa de aborto ou uma
83
grave intoxicação, os sintomas são relativamente leves. Também são
próprios de um útero mal os resíduos industriais, guerras químicas e vestígios
tóxicos que contaminam o ar e a identificação com prisioneiros que morrem
nas câmeras de gás nos campos de concentração.
Sonia Rochel, em seus vídeos, dentre os quais se destaca Thalasso Bain
Baby, mostra uma técnica de relaxamento criada como experimento para
ativar a memória corporal do bebê recém-nascido a respeito do que ele
vivera intra-útero. A técnica consiste em mergulhar inteiramente o corpo do
bebê em uma cuba com água a não mais do que 27 graus, deixando, às vezes,
apenas seus lábios fora d’água, o qual remete ao banho de balde, conhecido
pela capacidade que tem de acalmar o bebê. Ele inicia o banho de maneira
esperta e, aos poucos, vai relaxando e ficando sonolento. O banho não dura
mais do que quinze minutos. Após esse tempo, a enfermeira tira-o do banho
e inicia uma massagem por todo o corpo do bebê, juntamente com o
direcionamento de palavras carinhosas. Isso acaba produzindo uma
excitação auto-erótica no bebê, que se caracteriza pela introdução do polegar
na boca. Talvez por isso, em francês, “mar” e “mãe” apresentam-se com a
mesma sonoridade: “la mer” e “la mère”, o que nos leva a afirmar e depreender
que o mar (la mer) no qual o bebê se banha é constituído pelo corpo da mãe
(la mère) que se oferece como um continente de acolhimento às necessidades
físicas, corporais e emocionais do bebê (SILVA, 2016).
Na experiência de regressão, observam-se as imagens que se originam
no reflexo da simbiose natural existente entre mãe e filho durante a gravidez.
Neste período, a conexão biológica e emocional existente entre feto e a mãe
é tão estreita como a que existe entre um órgão e o organismo ao qual
pertence. Essa experiência é de relação tão íntima que o feto pode ter todas
as sensações desencadeadas pelo comportamento da mãe. Seja esse
comportamento alimentar, sexual, patológico e até mesmo reflexo do meio
ambiente que a mãe frequenta (GROFF, 2009).
As discussões psicanalíticas nos levam a crer que a relação materno-
infantil se dá através da percepção e da consciência intra e extrauterinas da
respiração da mãe e da percepção e consciência da própria respiração do
bebê. É por essa razão que, após o nascimento, o infante precisa de um
ambiente que o acolha o mais próximo possível do ambiente intrauterino
(WINNICOTT, 1990). Tudo o que era vivido no útero tinha vital
importância para o que se seguiria após o nascimento. Mas é importante
enfatizar que o recém-nascido não tem maturidade para sentir-se ligado à
mãe, pois tudo o que ele pode vir a sentir é “segurança” e “continuidade” ou
“insegurança” e “descontinuidade” (WINNICOTT, 1978).
84
Wilfred R. Bion também contribuiu para essa discussão, assinalando
a existência de inscrições pré-natais no psiquismo, bem como de suas
manifestações e influência na vida pós-natal. Levantando algumas hipóteses
sobre as influências das impressões sensoriais no feto a partir de sua prática
clínica, tentou compreender os fenômenos psicossomáticos e psicóticos,
sempre afirmando que os estudos dele precisavam de outros estudos para se
confirmar ou não (CARVALHO et al., 2001).
Bion (1992) coopera para a temática do psiquismo fetal com o que
ele chama de proto-psiquismo embrionário e fetal. Ele afirma que o feto
recebe estímulos internos providos do corpo da mãe, do seu próprio corpo
e do meio externo, respondendo aos estímulos através de movimentos
corporais. A conclusão é que as vivências da vida pré-natal deixam registros
psíquicos que vão exercer influência na vida pós-natal.
Bion (1992, p. 91):
[...] não vejo razão para duvidar que o feto a termo tenha
uma personalidade. Parece-me gratuito e sem sentido supor
que o fato físico do nascimento seja algo que cria uma
personalidade que antes não existia. É muito razoável supor
que este feto, ou mesmo o embrião tenha uma mente que
algum dia possa ser descrita como muito inteligente.
Na análise comportamental do feto e suas memórias pré-natal, de
maneira mais contemporânea, temos o trabalho da psicanalista italiana
Alessandra Piontelli, que é considerada uma base de compreensão para o
psiquismo humano no período pré-natal, ressaltando a particularidade de
cada feto (PIONTELLI, 1995).
Qualquer feto apresenta uma única forma de se comportar e de agir,
mesmo quando falamos de gravidez gemelar. Em seu estudo, a psicanalista
Piontelli averiguou, de acordo com suas minuciosas observações, que: as
características individuais dos recém-nascidos são as mesmas observadas
intra-útero; o comportamento dos fetos aparece muito cedo na vida
intrauterina. Confirmou-se também que, em se tratando de gêmeos, cada um
dos irmãos apresenta um padrão de comportamento próprio, singular e bem
definido, e o padrão de interação entre eles aparece ainda intra-útero, com
características próprias, que irão nortear os comportamentos na vida pós-
natal. Chama atenção que, ao acompanhar as crianças de seu estudo na vida
pós-natal, os gêmeos procuravam reproduzir passagens de sua vida pré-natal,
o que a psicanalista acredita ser uma tentativa de comunicação, de
reconstrução e de elaboração das vivências intra-útero (PIONTELLI, 1995;
QUAYLE, 2011; WILHEIM, 2000).
85
A criança é um ser existente, desde sua concepção, antes de vir ao
mundo. Ela passa por sensações, aprendizados e experiências. Não pode ser
considerado apenas um embrião ou feto que, passivamente, chega ao
nascimento. A sua formação interna é constituída ainda intra-útero e o
mundo externo terá grande influência no seu psiquismo na vida pós-natal
(AZEVEDO; MOREIRA, 2012).
Destaca-se também a psicanalista Joana Wilheim, que estudou as
vivências do feto ao longo da gravidez, as quais fazem parte do seu
desenvolvimento pós-nascimento. Ela diz que, mesmo antes de nascer, o
bebê já possui vida afetiva e emocional e é capaz de sentir o que acontece
com a mãe. Afirma que o bebê inicia o processo de aprendizagem no
período pré-natal. Mesmo antes de nascer, o bebê já é um ser pensante e
emotivo, com conduta e temperamento já padronizados. Os atributos
individuais e a diversidade de personalidade são claras desde o início do
período gestacional, passando pela vida intrauterina e manifestando-se com
as mesmas peculiaridades na vida pós-natal. A conclusão é que o feto tem
um caráter na vida pré-natal que continuará na vida pós-natal. É ressaltado
ainda que, na realidade clínica, a psicanálise tem encontrado registros
traumáticos pertencentes ao período pré-natal e ao nascimento e que
traumas durante a vivência pré-natal podem resultar em futuras
psicopatologias (WILHEIM, 1997).
Wilheim (2000, p. 147) completa as ideias de Piontelli dizendo:
[...] proponho-me a testemunhar mais um pouco sobrea
existência de um mundo mental no feto e no recém nascido
cujos efeitos ressoam no espaço mental pós-natal e se
manifestam como ecos de um passado distante, dando a este
uma continuidade no presente embora por vezes de difícil
decodificação.
Compreendendo que todas as experiências biológicas pelas quais
passa o indivíduo são registradas em uma protomente por meio de uma
memória celular, tais registros constituiriam uma matriz básica, que se
encontra depositada no fundo de nossa mente, a qual fornece matéria-prima
para a produção de phantasias inconscientes, que seriam as memórias, que
vão sendo estocadas em uma protomente até o desenvolvimento completo
da mente (WILHEIM, 2003).
Outro estudioso, Eliacheff (1995), enfatiza que fenômenos tais como
a criança reconhecer as vozes dos pais e conseguir distingui-las das de
pessoas estranhas, de o feto ouvir, perceber através da pele e reconhecer
cheiros, são indícios que possibilitam pensar que o recém-nascido possui,
desde o período pré-natal, funções superiores, como: categorização
86
perceptiva, memória intra-uterina e aprendizagem. Leva-nos a pensar que
certos momentos da gravidez, se forem memorizados, podem exercer
influências posteriores, interligando-se com a vida pós-natal do bebê.
Golfeto (1993) salienta, de maneira pontual, que não se pode afirmar
que tudo que acontece com a mãe gestante tem influência sobre o futuro do
filho. O feto, com suas capacidades inatas de autodefesa, acaba por se
defender institivamente das agressões maternas e do meio extra-uterino.
Corrobora com esta mesma ideia o autor Tractenberg (1993), que fala que
nada que a mãe pensa ou sente durante a gravidez é irrelevante para o feto,
mas pode ser que não seja relevante para determinar seu desempenho mental
futuro.
Quanto a essas experiências senso-perceptivas do bebê, Busnel
(2002) conclui que o feto ouve e discrimina diferentes sílabas, memoriza
sons e músicas, prefere a voz da mãe em detrimento a de outras pessoas; em
resumo, “[...] o feto é um ser sensível que sente estimulações vindas do
exterior e do interior” (BUSNEL, 2002, p. 29).
O comportamento fetal e sua movimentação nada mais são do que a
demonstração de seus sentimentos, sejam eles: prazer e desprazer, tristeza e
alegria, angústia, bem-estar, agrado e desagrado. Através dos primeiros
movimentos fetais, observa-se as características pessoais e de personalidade
do feto. Através desses movimentos, o feto se comunica com a mãe e a mãe
vai nomear e interpretar tais movimentos. As expectativas da mãe segundo
o futuro bebê começam a surgir. O relacionamento inicial é fundamental
para o futuro dos pais-bebês e para estruturação da personalidade do
indivíduo. Entende-se que o feto, em sua estrutura, já possui sensações e
emoções, formando, assim, traços rudimentares de personalidade. Desse
modo, fatos que antecedem o nascimento influenciam no desenvolvimento
biopsicosocial do indivíduo (AZEVEDO; MOREIRA, 2012).
A escuta é uma capacidade de alto nível do ser humano, a sua
construção inicia-se ainda no útero. A relação com o universo não verbal
intra-uterina será de extrema importância para contextos terapêuticos
posteriores. A partir do quarto mês de gestação a criança é capaz de perceber
luz e som. Encontra posições preferidas, prova sabores a partir das
substâncias que são passadas a ele pela alimentação da mãe. A partir do
quarto mês ela ouve a voz da mãe e começa a se formar a habilidade musical
e até a linguística (MATIAS, 1999).
Como podemos observar, o ser antes tido como inerte, sem
características próprias, passou a ter vida bem antes do nascimento.
Aproximadamente nove meses antes. Os pesquisadores passaram a
denominar este período de intra-uterino, dedicando-lhe intensas
87
investigações científicas, o que resultou no conhecimento de uma série de
eventos críticos que acontecem após a fecundação (PINHEIRO, 2007).
É indiscutível que os fetos mais desenvolvidos devem ser
reconhecidos como pessoas ou sujeitos humanos, pois “os bebês são
humanos desde o início”. (WINNICOTT, 2006, p. 32).
O ser humano tem grande potencial de buscar conhecimento, sendo
capaz de fazê-lo antes mesmo de vir ao mundo. Devemos, portanto ficar
atentos aos movimentos e manifestações do bebê durante a gestação, pois
está mais do que claro o quanto essa fase reflete no desenvolvimento do ser
humano e na adaptação da criança ao meio ambiente.
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90
8 CAPÍTULO
91
que estimulava uma sensação de paladar agradável, ou seja, existem fatores
emocionais vinculados a esta memória (FUENTES et al., 2014).
Para a ativação destas áreas específicas do encéfalo, são gerados
vários potenciais elétricos e trocas eletroquímicas no cérebro, gerando no
indivíduo sensações e comportamentos vinculados àquela memória ou
aprendizado (LENT, 2000).
Existem regiões, em nível encefálico, descobertas anteriormente,
estudadas e mapeadas por diversos cientistas, que nos auxiliam no avanço
dos estudos contemporâneos. Uma dessas importantes áreas vinculadas à
memória foi descoberta em 1861 pelo cientista francês Paul Pierre Broca
(DRONKERS et al., 2007), que foi posteriormente denominada de área de
Broca pelo Neurologista Britânico, David Ferrin (1843-1928) (DAMASIO
et al., 1994).
A área de Broca é o centro motor da fala e também é responsável
pelo controle dos impulsos verbais, controle dos impulsos comportamentais
e pela memória de trabalho (PENFIELD; ROBERTS, 2014). A memória de
trabalho, que é parte da memória de curto prazo, é a memória que o
indivíduo tem, entre 10 e 15 segundos, para guardar uma informação, que
pode ser um número de telefone, por exemplo (BADDELEY, 1992).
Já no hipocampo e no lobo temporal, estão a memória de longo
prazo (MOSER; MOSER, 1998). O hipocampo, contudo, contém 6 milhões
de neurônios milimetricamente separados e desperta em todos os
neurocientistas a consciência de humildade e a motivação de continuar
pesquisando, porque ainda não se descobriu como a comunicação
neuroquímica entre seus neurônios é realizada para gerar atividade elétrica
(LEDOUX, 1993). Alguns neurocientistas acreditam que seja devido a
presença do neurotransmissor excitatório glutamato, mais ainda não se
provou (PORTER; MCCARTHY, 1996).
Neste capitulo, abordar-se-á, de maneira simplificada, as atividades
elétricas cerebrais envolvidas nos processos de memória, assim como serão
apresentados os conhecimentos iniciais sobre o eletroencefalograma
quantitativo.
92
pesquisador fisiologista Alemão, considerado Pai da Eletrofisiologia (RIBAS
et al., 2016a).
Naquela época, o maior problema era conseguir um Galvanômetro
(um equipamento) que tivesse sensibilidade para captar o estímulo elétrico
do cérebro, que é mínimo (em microvolts, que corresponde a mil voltas a
menos que milivolts), e, nesse cenário surgiu, então, outro pesquisador
chamado Willem Einthoven (1860-1927) (VERKHRATSKY; PARPURA,
2014).
Esse termo Galvanômetro foi usado, pela primeira vez, por
Leopoldo Nobili (1784-1835), em Florença, para homenagear Luigi Galvani
(1737-1798), assim que Nobili inventou um instrumento constituído por
uma agulha imantada entrelaçada a um fio eletrificado e com a presença da
corrente elétrica, cuja agulha respondia com uma mudança de posição
(BRESADOLA, 1998).
Nessa homenagem, Nobili quis demonstrar que Galvani estava certo
o tempo todo, porque foi Galvani o primeiro a estabelecer uma relação entre
atividade elétrica e os impulsos nervosos. Em seguida, Nobili denominou
esse instrumento de Galvanômetro de agulha e este fato passou a ser a base
da eletroencefalografia (RIBAS et al., 2016a).
Este Galvanômetro foi refinado em 1858 por William Thomson,
Lord Kelvin (1824-1907) e, posteriormente, por Willem Einthoven (1860-
1927), que que se destacou em contribuições para a medicina na Cardiologia
e na Neurologia, com o aperfeiçoamento dos Galvanômetros, e recebeu o
prêmio Nobel em medicina em 1912 (MEDEIROS KANDA; RIBAS et al.,
2016a).
Contudo, o primeiro cientista a registrar a primeira atividade elétrica
cerebral humana o fez em 1924, na Universidade de Gena na Alemanha:
Hans Berger (1873-1941). Foi ele quem descreveu o ritmo alpha e beta.
Berger conseguiu o primeiro traçado, utilizando o Galvanômetro de
Einthoven, em um rapaz que havia sofrido um acidente na época (RIBAS et
al., 2016a).
Pode-se dizer que todos os neurocientistas e fisiologistas que
trabalham com eletroencefalografia ainda fazem uso de Galvanômetros de
Einthoven para coletar dados das atividades elétricas cerebrais porque o
conceito ainda é o mesmo, apesar da tecnologia ser diferente. Mas, devido
ao peso da diferença na tecnologia, hoje são chamados de amplificadores.
Para que possamos fazer a leitura adequada de um EEG (Figura 01)
é importante que entendamos dois conceitos básicos das atividades dos
neurônios:
93
1. Frequência equivale a um potencial de ação de um nervo em 1
segundo. Esta medida é representada em Hertz (Hz) (ciclo por segundo)
(FRIES, 2005).
94
pontos do sistema 10-20 de eletroencefalografia (EEG) são conhecidos por
denominações abreviadas. A letra inicial corresponde à região – Frontopolar
(Fp), Frontal (F), Temporal (T), Central (C), Parietal (P) e Occipital (O) - e
o número ao hemisfério (ímpares: esquerdo, pares: direito) (MISULIS;
HEAD, 2003).
Já as frequências são categorizadas pelas letras gregas, tais como:
Delta (0,5Hz a 4Hz), Theta (4hz a 8Hz), Alpha (8hz a 12Hz), Beta baixa
(12Hz a 15Hz), Beta (15Hz a 23Hz), Beta alta (23Hz a 38Hz) e Gamma
(38hz a 42 Hz) (AMOROSO, 1965; SILVA, 1991).
A onda Delta é um ritmo lento que está presente em estágios de sono
moderado e profundo (DESJARDINS et al., 2017), possibilitando o ingresso
do Líquido Cefalorraquidiano (LCR), que o próprio encéfalo contém, como
se fosse um grande reservatório de LCR.
Durante o sono, o LCR é bombeado para dentro, ficando ao redor
dos vasos sanguíneos, removendo os resíduos de beta-amiloides, os quais
são, em seguida, despejados no sangue, como uma espécie de limpeza. Os
resíduos do cérebro são chamados de beta-amiloides, que são proteínas
produzidas pelo cérebro o tempo todo (ILIFF, 2014). É um ritmo
predominante durante os dois primeiros anos de vida e sua presença, com
alta amplitude em adultos em estado de vigília, pode ser indicativo de
disfunções cerebrais (GLOOR; BALL; SCHAUL, 1977).
O Theta também é considerado um ritmo lento e predomina em
estados iniciais de sono e, em estados de vigília, está relacionado com a
criatividade (RIBAS et al., 2016a). O excesso de onda Theta está associado a
um déficit de atenção denominado processando, no qual o indivíduo tende
a ficar processando mais imagens na mente com dificuldade de ficar
consciente e concentrado (RIBAS et al., 2016a).
Alpha é um ritmo habitualmente descrito como em estado de “ponto
morto”, mas pode ser descrito como um estado de vigília relaxada presente
com maior amplitude nas regiões posteriores (particularmente parietais e
occipitais) com olhos fechados (ANDERSEN; ANDERSSON, 1968).
Beta é considerada a principal banda gerada no EEG, tendo, em seu
espectro mais baixo, descrito com Ritmo Sensório Motor (RSM) (12-15 Hz).
É uma frequência de transição entre Alpha e Beta que equivale a um estado
de alerta e prontidão para uma ação. Os espectros médios (15Hz a 23Hz) e
elevados (23Hz a 38Hz) estão topograficamente localizados simetricamente
em regiões fronto-centrais e estão associados a estados de maior
concentração e atenção (PUZI et al., 2013).
95
Gamma é a banda mais elevada do espectro do EEG, que está ligada
a elevados níveis de atenção e integração perceptual (GONÇALVES;
BOGGIO, 2016).
Fonte: autor
96
Contudo, o sucesso da aprendizagem reflexa nos seres humanos, nesse caso,
dependerá do seu comportamento operante (ação) de se esforçar em se
concentrar (RIBAS et al., 2016b).
97
Contudo, esse padrão pode ser encontrado em pessoas com menos
de 55 anos que estejam invertendo o ciclo circadiano (trocando a noite pelo
dia) ou que não estejam vivenciando um sono reparador, com interrupções
dos esperados 5 (cinco) ciclos de sono, que deveria acontecer no período
noturno: sonolência (fase 1), sono leve (fase 2), sono moderado (fase 3),
sono profundo (fase 4) e sono REM (Rapid Eyes Moviment) (fase 5)
(BORBÉLY et al., 1981; RIBAS et al., 2016b).
No caso do pico de alpha abaixo de 10% em todos os pontos
principais do sistema 10-20, geralmente os pacientes apresentam
dificuldades em recuperar palavras da memória de longo prazo. A pessoa
fica com as palavras "na ponta da língua", mas sem condições de acessá-la
totalmente (RIBAS et al., 2016a).
Um outro fator muito importante na execução da memória de longo
prazo está na sincronia entre os hemisférios. A sincronia é interpretada pela
quantidade de coerência sobre a comunicação entre o hemisfério esquerdo
(onde predomina a razão) e o hemisfério direito (onde predomina a emoção)
(SINGER, 1993). É possível se identificar essa comunicação nos pontos T3
(memória declarativa) e T4 (memória afetiva) do sistema 10-20. O raciocínio
se dá da seguinte forma: excesso de comunicação entre elas gera distorções
cognitivas e até falsas memórias e pouca comunicação entre elas gera falha
na lembrança.
98
Figura 04: Ciclo de retroalimentação
Fonte: Autor
99
muscular, mesmo não sendo o foco da pesquisa. Observou-se, após 40
sessões de treinamentos, uma melhora significativa nos padrões de retenção
e resgate da memória (NASCIMENTO FILHO et al., 2017).
Da mesma forma, em outro estudo realizado com Neurofeedback
em criança com ataxia cerebelar, foram obtidos resultados similares em
redução do tônus muscular e funções cognitivas (MELO et al., 2017).
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104
SOBRE OS AUTORES
105
Andrea Amaro Quesada — Psicóloga formada pela Universidade de
Brasília; Mestrado em Ciências do Comportamento pela Universidade de
Brasília; Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de Brasília; PhD
em Neurociências pela Ruhr-Universität Bochum - Alemanha. Participa do
grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa - CNPQ & Quot;
Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Neurocomportamental da Criança
e Adolescente. Email: andrea.quesada@gmail.com
Francisco Fleury Uchoa Santos Júnior — Fisioterapeuta pela Faculdade
Integrada do Ceará; Osteopata D.O. pela Escola Brasileira de Osteopatia;
Especialista em Terapia Manual e Postural pelo Centro Universitário de
Maringá - CESUMAR; Mestrado em Ciências Fisiológicas pela Universidade
Estadual do Ceará; Doutorado em Biotecnologia pela Rede Nordeste de
Biotecnologia (RENORBIO); Formação em Reeducação Postural Global,
Reposturarse, KinesioTaping, Equilíbrio NeuroMuscular e Pilates. Docente
do curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Estácio do Ceará; Vice-
Líder do Grupo de Pesquisa BioDigital do Instituto Virtual da Universidade
Federal do Ceará; Pesquisador do Grupo de Biologia e Marcadores
Moleculares em Alterações Celulares Experimentais da Universidade
Estadual do Ceará; Diretor do Instituto Le Santé. Email:
drfleuryjr@gmail.com
Florence Tupinambá Duarte — Fisioterapeuta pelo Centro Universitário
do Estado do Pará. Aperfeiçoamento em Fisioterapia Cardiorrespiratória.
Faz parte do grupo cardíaco pediátrico GCPED. Email:
floratupi@hotmail.com
Jefferson Pacheco Amaral Fortes — Fisioterapeuta pela Faculdade de
Tecnologia Intensiva. Doutorando em Biotecnologia pela Rede Nordeste de
Biotecnologia – RENORBIO; Formação em Pilates e Podoposturologia;
Pesquisador do Laboratório de Bioquímica e Expressão Gênica da
Universidade Estadual do Ceará. Email: pachecojefferson@hotmail.com
José Rogério Santana — Pedagogo pela Universidade Federal do Ceará
(UFC), com formação em Educação Matemática. Pós-doutorado pela
Universidade Federal da Paraíba, na linha de Pesquisa História da Educação.
Mestre acadêmico e doutor em Educação com área de pesquisa em
Educação Matemática e Tecnologias Digitais pela UFC. Atualmente é
estudante de Pós-doutorado em História da Educação no Programa de Pós-
graduação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), bem como, é
professor associado I da Universidade Federal do Ceará no Instituto UFC
Virtual trabalhando com Educação a Distância (EaD) e Tecnologias Digitais.
Possui experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia
Educacional, atua nos seguintes temas: informática educativa, educação à
106
distância, educação matemática, geometria dinâmica e formação de
professores. Também desenvolve trabalhos sobre a relação Imagem e
Memória na perspectiva da Pedagogia das Imagens Culturais. Em 2010
iniciou estudos de graduação em Biomedicina pela Faculdade de Tecnologia
Intensiva do Ceará. É participante e colaborador do Labicult/UECE
(Universidade Estadual do Ceará) que trabalha com estudos em fisiologia do
exercício. Além de realizar estudos sobre desenvolvimento em software
educacional e práticas educativas digitais que envolvem Educação Biomédica
através de recursos digitais e Bioinformática. Participa do Programa de Pós-
graduação em Educação Brasileira da UFC (FACED/UFC), bem como, do
Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
(ENCIMA/UFC).
Kariza Lopes Barreto — Fisioterapeuta pela Universidade de Fortaleza;
Especialista em Reabilitação do Assoalho Pélvico e Saúde da Mulher pela
Universidade Federal de São Paulo; Mestrado em Fisioterapia pela
Universidade Del Pacífico. Email: karizaBarreto@hotmail.com
Karla Camila Lima de Souza — Fisioterapeuta pela Faculdade de
Tecnologia Intensiva; Especialista em Gestão em Saúde pela Escola
Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; Especialista em Terapia Intensiva
pela Escola de Saúde Pública do Ceará; Mestrado em Ciências Fisiológicas
pela Universidade Estadual do Ceará; Doutoranda em Biotecnologia em
Saúde pela Rede Nordeste de Biotecnologia – RENORBIO; Pesquisadora
do Laboratório de Bioquímica e Expressão Gênica da Universidade Estadual
do Ceará. Email: camila.karla@yahoo.com
Larissa Gomes Batista — Graduanda em Fisioterapia pelo Centro
Universitário Estácio do Ceará. Email:
Paloma Lima Castro — Graduanda em Fisioterapia pelo Centro
Universitário Estácio do Ceará. Email: palomacastro816@gmail.com
Paulo Cezar do Nascimento Filho — Psicólogo pela Universidade da
Amazônia. Especialista em Neuropsicologia pelo Centro Universitário
Christus. Autor de artigos relacionados ao Neurofeedback. Email:
psicofisio.paulo@gmail.com
Paula Matias Soares — Licenciatura Plena (Lic/Bach) em Educação Física
(UFC), Especialização em Fisiologia do Exercício (Escola Paulista de
Medicina - EPM/UNESP) e Biomecânica do Movimento (Universidade
Veiga de Almeida/RJ), Mestrado em Ciências Fisiológicas (UECE),
Doutorado em Biotecnologia - área: Saúde (RENORBIO-UFC) e Pós-
doutorado em Microscopia/Morfofuncional pelo Programa de Pós-
Graduação em Ciências Morfofuncionais - PPGCM (UFC). Professora
107
Adjunta L vinculada ao Curso de Licenciatura em Educação Física do Centro
de Ciências da Saúde (CCS-UECE). Vice coordenadora do Curso de
Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual do Ceará (CEF-
CCS-UECE). Professora do Programa de Pós-graduação em Ciências
Fisiológicas (PPGCF-ISCB-UECE). Coordenadora de Área do Subprojeto
do PIBID-EF (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência -
Educação Física) da UECE. Analista Comportamental CIS Assessment
formada pela Federação Brasileira de Coaching Integral Sistêmico
(FEBRACIS). Email: dra.soares_pm@yahoo.com.br
Pedro Cunha Lopes — Fisioterapeuta pelo Centro Universitário Estácio
do Ceará, Mestrando em Ciências Fisiológicas pela Universidade Estadual
do Ceará, Pesquisador do Laboratório de Bioquímica e Expressão Gênica
da Universidade Estadual do Ceará; Fisioterapeuta do Instituto Lé Santé.
Email: pedro.csl@hotmail.com
Vânia Marilande Ceccatto — Bióloga, Bacharel pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho com Licenciatura pelo Campus de
Rio Claro-SP, Mestrado em Ciências pelo Centro de Energia Nuclear na
Agricultura e Doutorado em Bioquímica pela Universidade Federal do
Ceará. Atualmente é professora associada no Curso de Ciências Biológicas
da Universidade Estadual do Ceará e professora permanente do Programa
de Pós Graduação em Ciências Fisiológicas e do Programa Doutorado em
Rede RENORBIO . É membro do Comitê de Ética para o Uso de Animais
(CEUA/UECE) e presidente da Comissão Interna de Biossegurança
(CIBIO/UECE). Ministra disciplinas de Genética e Biologia Molecular na
graduação em Ciências Biológicas e as disciplinas de Seminários e Expressão
Gênica e Técnicas Moleculares em Fisiologia do CMACF. Email:
vceccatto@yahoo.com.br
Valdenilson Ribeiro Ribas — Psicólogo pela Universidade Federal de
Pernambuco, Especialização em Saúde Mental na área de concentração em
Dependência Química do Núcleo Especializado em Dependência Química
(NEDEQ) do Departamento de Neuropsiquiatria da UFPE, Mestrado em
Neurociência na Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências do
Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco e Doutorado
em Neuropsiquiatria na Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências do
Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor do
curso de Gestão em Recursos Humanos da Faculdade Metropolitana da
grande Recife e Professor do curso de graduação em Pedagogia da Faculdade
José Lacerda Filho de Ciências Aplicadas - Faculdade de Ipojuca
(FAJOLCA). Email: ribas.professor@gmail.com
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Yara Carliane de Abreu Mesquita — Graduanda em Fisioterapia pela
Faculdade Maurício de Nassau; Atuou como monitora da disciplina de
Eletrotermofototerapia do Curso de Fisioterapia da Faculdade Maurício de
Nassau. Aluna voluntária de Iniciação Científica do Laboratório de
Bioquímica e Expressão de Gênica da Universidade Estadual do Ceará.
Email: yara_liane@hotmail.com
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