Você está na página 1de 77

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 5

2 A MICROBIOLOGIA .......................................................................... 6

3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA MICROBIOLOGIA ............................ 7

3.1 História da evolução da Microbiologia ......................................... 7

3.1 Quem foi Robert Hooke? ............................................................. 7

3.2 Quem descobriu os microrganismos? ......................................... 8

3.3 Quem foi Louis Pasteur? ........................................................... 11

3.4 Félix Archimède Pouchet........................................................... 12

3.5 A Microbiologia como ciência .................................................... 14

4 OS MICROSCÓPIOS....................................................................... 15

4.1 Quanto aumenta um microscópio óptico? ................................. 16

4.2 O limite de resolução ................................................................. 16

4.3 Os diferentes microscópios ópticos ........................................... 16

4.4 Princípios de funcionamento dos microscópios eletrônicos ...... 19

4.5 O microscópio eletrônico de transmissão .................................. 20

4.6 O microscópio eletrônico de varredura ...................................... 23

5 CLASSIFICAÇÃO DOS MICROORGANISMOS .............................. 25

5.1 Os seres vivos ........................................................................... 25

5.2 A célula...................................................................................... 26

5.3 Citoplasma ................................................................................ 27

5.4 Organelas citoplasmáticas ........................................................ 28

5.1 Classificação dos 5 reinos ......................................................... 30

5.2 Principais características dos grupos de microrganismos ......... 31

6 BACTÉRIAS..................................................................................... 32

6.1 Morfologia.................................................................................. 32

2
6.2 Estruturas externas da célula bacteriana .................................. 33

6.3 Estruturas internas da célula bacteriana ................................... 36

6.4 Reprodução, nutrição e crescimento das bactérias ................... 37

6.5 Divisão das bactérias ................................................................ 40

7 FUNGOS.......................................................................................... 41

7.1 Características dos fungos em relação às bactérias ................. 42

7.2 Tipos de alimentação dos Fungos ............................................. 43

7.3 Leveduras.................................................................................. 44

7.4 Reprodução, nutrição e crescimento. ........................................ 47

8 VÍRUS .............................................................................................. 50

8.1 Características dos vírus ........................................................... 51

8.2 Estrutura viral ............................................................................ 51

8.3 Classificação morfológica .......................................................... 52

8.4 Multiplicação de bacteriófagos .................................................. 52

9 METABOLISMO E CINÉTICA DOS MICRORGANISMOS .............. 53

9.1 Cinética dos processos fermentativos ....................................... 56

9.2 Crescimento microbiano-tempo de geração .............................. 56

9.3 Métodos para quantificação do crescimento ............................. 56

9.4 Fatores que regulam o crescimento dos microrganismos ......... 57

10 PROVAS BIOQUÍMICAS E CULTURA DE MICRORGANISMOS 57

11 MEIOS DE CULTIVO .................................................................... 60

11.1 Classificação dos meios de cultivo ......................................... 60

12 TÉCNICAS DE SEMEADURA ...................................................... 61

13 RELAÇÃO ENTRE AGENTE X HOSPEDEIRO............................ 62

13.1 Multiplicação nos tecidos do hospedeiro ................................ 62

14 NORMAS EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA ................. 64

3
14.1 Processo de esterilização, desinfecção e preparo do
material...........................................................................................................64

15 ETAPAS DE PREPARAÇÃO DO MATERIAL............................... 65

15.1 Lavagem ................................................................................ 65

15.2 Acondicionamento .................................................................. 66

15.3 Esterilização ........................................................................... 66

15.4 Contagem total de microrganismos em placas ...................... 67

16 MICROBIOTA CORPORAL NORMAL .......................................... 67

16.1 Benefícios da microbiota humana .......................................... 69

16.2 Variação da microbiota ao longo da vida ............................... 69

16.3 Fatores que afetam a composição da microbiota humana ..... 71

17 CONSIDERAÇÕES ...................................................................... 72

18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 74

19 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS .................................................... 77

4
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro –
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

5
2 A MICROBIOLOGIA

Fonte: cursodefarmacia.net

A microbiologia é a ciência que estuda os organismos microscópicos e


suas atividades. Preocupa-se com a forma, estrutura, reprodução, fisiologia,
metabolismo e identificação dos microrganismos. Assim a microbiologia envolve
o estudo de organismos procariotos (bactérias, archaeas) e eucariotos (algas,
protozoários, fungos).
Esta ciência teve início com o polimento de lentes, feitas a partir de peças
de vidro combinadas até produzir aumentos suficientemente grandes que
possibilitassem a visualização dos microrganismos. Os relatos de Robert Hooke
e Antony Van Leeuwenhoek possibilitaram as primeiras observações de
bactérias e outros microrganismos. Embora não tenha sido, provavelmente, o
primeiro a ver as bactérias e os protozoários, o holandês Antony van
Leeuwenhoek (1632-1723) foi o primeiro a relatar suas observações, com
descrições precisas e desenhos. Antony Van Leeuwenhoek é considerado o
“pai” da microbiologia, porém os relatos de Hooke, descrevendo a estrutura de
um bolor, foram publicados anteriormente aos de Leeuwenhoek. Assim, esses
dois pesquisadores são considerados os pioneiros nessa ciência.

6
3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA MICROBIOLOGIA

3.1 História da evolução da Microbiologia

A Microbiologia é uma ciência que foi impulsionada com a descoberta


microscópio por Leeuwenhoek (1632-1723). A partir da descoberta do
microscópio e a constatação da existência dos microrganismos, os cientistas
começaram a indagar sua origem, surgindo então, as teorias da abiogênese ou
geração espontânea e a biogênese. Após os experimentos de Spallanzani que
provaram que infusões quando aquecidas, esterilizadas e fechadas
hermeticamente para evitar recontaminacao impediam o aparecimento de
microrganismos, a abiogênese foi descartada.
Acredita-se que os microrganismos apareceram na terra há bilhões de
anos a partir de um material complexo de águas oceânicas ou de nuvens que
circulavam a terra.
Os microrganismos são antigos, porém a microbiologia é uma ciência
jovem, uma vez que os microrganismos foram evidenciados há 300 anos e só
foram estudados e compreendidos 200 anos depois.

3.1 Quem foi Robert Hooke?

No século XVII, foram construídos os primeiros microscópios. Com um


deles, Robert Hooke observou lâminas de cortiça, chamando de células os
pequenos espaços regulares da sua estrutura. Mais tarde, tanto Hooke quanto
outros pesquisadores da época observaram que as células vivas não eram ocas
como a cortiça, mas o nome original permanece até hoje. Não seria injusto ou
incorreto dizer que o estudo da Biologia Celular começou nessa época.

O inglês Robert Hooke foi, em pleno século XVII, o que hoje chamamos
de “homem dos sete instrumentos”, atuando com contribuições
relevantes nos campos da Física, Astronomia, Química, Biologia,
Geologia, Arquitetura e Tecnologia Naval. Foi colaborador de cientistas
como Isaac Newton, seu grande rival da época, e Robert Boyle, a quem
auxiliou na determinação das leis dos gases. Correspondeu-se com
Antony van Leeuwenhoek confirmando suas observações ao
microscópio. (ATTIAS, 2010, apud MARTINS, 2011, p. 2).

7
Entre outras criações, inventou e melhorou instrumentos como o
barômetro e o anemômetro e um mecanismo que tornou os relógios mais
precisos. A Lei de Hooke, equação que descreve a elasticidade, é empregada
até hoje.
Suas contribuições nos campos da Biologia e Paleontologia não foram
menos importantes. A reputação de Hooke na história da Biologia se deve em
grande parte a sua obra Micrographia, publicada em 1665. Hooke desenvolveu
o microscópio composto e o sistema de iluminação, utilizando-o para descrever
detalhadamente uma grande variedade de organismos como insetos, esponjas,
penas e aquela que parece ser sua maior contribuição, finas lâminas de cortiça.
Em desenhos detalhados, Hooke descreveu a estrutura como pequenos
poros, semelhantes a favos de mel, dando-lhes o nome de células. Embora estas
estruturas observadas correspondessem apenas às paredes celulares de células
vegetais já mortas, o nome prevaleceu e dele derivaram os termos Citologia e,
mais modernamente, a Biologia Celular. Sua obra permanece até hoje, embora
não exista nenhum registro de sua própria aparência.

3.2 Quem descobriu os microrganismos?

Fonte: thefamouspeople.com

8
Antony Van Leeuwenhoek (1632-1723) era um homem comum que
possuía um armazém, era zelador da prefeitura e servia como provador oficial
de vinhos para a cidade de Delft na Holanda. Tinha como hobby polir lentes de
vidro, as montava entre finas placas de bronze ou prata para inspecionar fibras
e tecelagem de roupas, flores, folhas e pingos d’água. Na época, era comum o
interesse pelo mundo natural, mas Leeuwenhoek tinha o cuidado de descrever,
detalhadamente, tudo o que fazia e o que observava com suas lentes.
Usando seu precário microscópio, observava águas de rios, infusões de
pimenta, saliva, fezes e outros materiais; até que verificou nestes, a presença de
um grande número de pequeníssimos objetos móveis e de formas diferentes,
que não poderiam ser vistos sem a ajuda das lentes, e os chamou de animaculos
por acreditar que seriam pequenos animais vivos.

A invenção do microscópio, atribuída a Galileu, foi na verdade fruto do


aperfeiçoamento realizado pelo naturalista holandês Antony van
Leeuwenhoek, que o utilizou na observação de seres vivos. Dotado de
apenas uma lente de vidro, o microscópio primitivo inventado pelo
pesquisador permitia aumento de percepção visual de até 300 vezes e
com razoável nitidez. E tudo aquilo que se encontrava invisível aos
olhos tornou-se visível o suficiente para que fosse pesquisado. Este
primitivo microscópio foi construído em 1674 e com ele conseguiu-se
observar bactérias de 1 a 2 micra (medida equivalente a um milésimo
de milímetro). (LEAL, 2000 apud VIEIRA, 2008, p. 12).

Leeuwenhoek fez observações magníficas sobre a estrutura microscópica


das sementes e embriões de vegetais, animais invertebrados, espermatozoides,
sangue e células sanguíneas, dentre outras. Todos os tipos principais de
microrganismos que hoje conhecemos (protozoários, algas, fungos e bactérias)
foram primeiramente descritos por Leeuwenhoek.
Embora tenha feito descobertas fundamentais em Biologia, como as
bactérias e os protozoários (parasitas e de vida livre), Leeuwenhoek não era um
cientista convencional para seu tempo. Ser filho de comerciantes, sem fortuna,
sem educação universitária e sem dominar outros idiomas senão o holandês já
seria o bastante para excluí-lo do ambiente acadêmico da época.
Ainda assim, com habilidade extraordinária para polir lentes, uma grande
curiosidade e uma mente aberta e livre dos dogmas científicos de sua época,
Leeuwenhoek foi o primeiro a descrever as hemácias, os espermatozoides e
outros microrganismos.

9
Acredita-se que, inspirado pelo livro de Hooke, Micrographia,
Leeuwenhoek começou a polir lentes e a fabricar seus microscópios, tendo
montado mais de 500 deles. Seus microscópios, embora dotados de uma única
lente, eram capazes de aumentar até em 200 vezes os objetos. Por outro lado,
a iluminação era deficiente e sua manipulação bastante desconfortável para o
observador.
Em 1673, Leeuwenhoek começou a enviar cartas com suas observações
à recém-criada Royal Society of London. Em 1680 foi eleito Membro Titular da
mesma, juntando-se a Robert Hooke, Isaac Newton, Henry Boyle e outros
cientistas de renome marcantes até nossos dias.

Biogênese e Abiogênese
Após a revelação ao mundo da presença dos microrganismos, os
cientistas começaram a indagar a origem desses seres e se dividiram em duas
correntes de pensamento:
Biogênese: Alguns cientistas acreditavam inclusive Leeuwenhoek, que
as sementes destas criaturas microscópicas estavam sempre presentes no ar,
de onde ganhavam acesso aos materiais e ali cresciam desde que as condições
fossem adequadas ao seu desenvolvimento.
Abiogênese: Outros cientistas acreditavam que os microrganismos se
formavam espontaneamente a partir da matéria orgânica em decomposição ou
putrefação. A abiogênese também ficou conhecida como geração espontânea.
A ideia da geração espontânea teve origem na Grécia Antiga, que acreditava
que rãs e minhocas surgiam, espontaneamente, de um pequeno lago ou lama.
Outros acreditavam que larvas de insetos e moscas eram produzidas a
partir de carne em decomposição. Pouco a pouco, essas ideias foram perdendo
força, por demonstrações científicas como a do médico italiano Francesco Redi
(1626-1697), que demonstrou que as larvas encontradas na carne em putrefação
eram larvas de ovos de insetos e não um produto da geração espontânea.

Essa era uma questão muito importante, no século XIX. Recordemos


que foi ao longo do século XIX que surgiram as primeiras teorias sobre
evolução dos seres vivos - a proposta de Lamarck foi apresentada no
início do século, e a primeira versão da teoria de Charles Darwin foi
publicada em 1858. Jean-Baptiste Lamarck defendeu que todos os
fenômenos biológicos são puramente naturais e que a vida deve ter
surgido a partir de forças físicas e químicas, sem processos

10
sobrenaturais. Darwin preferiu não tocar nesse assunto, ou seja, nem
afirmou que os primeiros seres vivos surgiram naturalmente, nem que
foram criados diretamente por Deus. (ALLCHIN, 2007 apud MARTINS,
2009, p. 67).

Convencer os que apoiavam a abiogênese de que um ser não poderia


surgir apenas da matéria orgânica, tornou-se bem mais difícil, principalmente, a
partir do experimento de Heedham em 1749, que demonstrou que, de muitos
tipos diferentes de infusões, invariavelmente, emergiam criaturas microscópicas,
independentemente do tratamento que recebiam, protegidas ou não, fervidas ou
não. Hoje, sabe-se que os experimentos de Heedham foram falhos, pois este
não tomava precauções higiênicas para proteger seus experimentos do ar
circundante, permitindo dessa forma a contaminação de suas infusões.
Cinquenta anos após os experimentos de Heedham, Spallanzani
evidenciou em centenas de experiências, que o aquecimento das infusões até
esterilização, podia impedir a contaminação por microrganismos.
Posteriormente, Spallazani concluiu que poderia haver recontaminacao
das infusões por condução dos microrganismos pelo ar, desde que o frasco que
a continha não estivesse hermeticamente fechada ou apresentasse rachaduras,
propiciando na infusão, o aparecimento de colônias de microrganismos.

3.3 Quem foi Louis Pasteur?

Louis Pasteur (1822-1895) foi um químico francês respeitado na época


por seus inúmeros trabalhos científicos, o qual dedicou seus consideráveis
talentos ao estudo dos microrganismos. Interessou-se pela indústria de vinhos
franceses e pela função dos microrganismos na produção de álcool.
Este interesse incentivou-o a continuar o debate sobre a origem dos
microrganismos, uma vez que ainda persistiam alguns defensores da geração
espontâneas ou abiogênese, a exemplo do naturalista francês Felix Archimede
Pouchet (1800-1872). Pasteur fez uma série de experimentos definitivos. Um dos
principais processos foi o uso de frascos de colo longo e curvado, semelhante
ao pescoço de cisnes, que foram preenchidos com caldo nutritivo e aquecidos.
O ar podia passar livremente através dos frascos abertos, mas nenhum
microrganismo surgiu na solução.

11
A poeira e os microrganismos depositavam-se na área sinuosa em forma
de V do tubo e, portanto, não atingiam o caldo. Seus resultados foram
comunicados com entusiasmo na Universidade de Sorbonna, em Paris, em 7 de
abril de 1864.
Pasteur deu um grande impulso na tecnologia de alimentos. O processo
de preservação dos alimentos pela pasteurização foi criado por esse ilustre
cientista, e o nome do processo de pasteurização foi dado em sua homenagem.

Fonte: livescience.com

3.4 Félix Archimède Pouchet

Em 1856 o médico e naturalista francês Félix Archimède Pouchet (1800-


1876), diretor do Museu de História Natural de Rouen, iniciou a publicação de
uma série de pesquisas favoráveis à geração espontânea de organismos
microscópicos. Realizou vários experimentos nos quais procurava
primeiramente destruir todos os organismos existentes no material estudado, e
depois de algum tempo notava o aparecimento de novos microrganismos.
Como exemplo, ele fervia água, a fechava hermeticamente em um
recipiente, deixando esfriar; então introduzia oxigênio puro (produzido
quimicamente) e feno que havia sido aquecido em um forno a uma temperatura
de 100º durante meia hora. Depois de uma semana, observando o líquido ao
microscópio, Pouchet constatou a presença de uma grande quantidade de

12
seres vivos microscópicos e concluiu que estes haviam sido gerados
espontaneamente.
Os experimentos de Pouchet produziram forte repercussão na Academia
de Ciências de Paris. Pareciam ter sido bem realizados, e o naturalista, que
tinha então 56 anos de idade, era uma pessoa bem conhecida e respeitada na
época; mas a crença na geração espontânea, nesse momento, estava já
enfraquecida. Alguns pesquisadores franceses importantes, como Henri Milne
Edwards, Armand de Quatrefages e Claude Bernard, criticaram os
experimentos, alegando que os microrganismos observados poderiam ter vindo
do ar, ou então no próprio feno, apesar de seu aquecimento no forno.
No entanto, esses autores não procuraram repetir os experimentos.
Pouchet refez suas observações, tomando novas precauções, e os
microrganismos continuavam a aparecer. Um fisiólogo italiano, Paolo
Mantegazza, confirmou pouco depois as observações de Pouchet.

Depois de três anos de pesquisas, Pouchet publicou um livro sobre o


assunto, denominado Hétérogénie ou traité de la génération
spontanée. Essa obra tem um longo histórico da questão, seguido por
uma discussão filosófica sobre o tema. Depois discute a questão da
origem da vida na Terra, defendendo que os primeiros organismos se
formaram espontaneamente, mas esclarecendo que isso não era uma
concepção antirreligiosa. Por fim, o livro apresenta um grande número
de experimentos nos quais parecia estar ocorrendo geração
espontânea de microrganismos. (FARLEY 2007, apud MARTINS 2009,
p. 70).

Pouchet concluiu que sempre nasceriam “pequenos animais”


microscópicos (animaculos) quando houvesse água, ar e alguma substância
orgânica em decomposição, mesmo quando fossem tomados cuidados
aquecendo fortemente essas substâncias e evitando a entrada de
microrganismos do exterior. As pessoas que criticavam a geração espontânea
afirmavam que, nesses experimentos, deveriam ter permanecido alguns
microrganismos no material aquecido, ou então eles teriam entrado pelo ar,
reproduzindo-se na infusão e produzindo todos os seres microscópicos
observados. Afirmava-se, por exemplo, que a poeira do ar estaria cheia de
germes capazes de produzir os microrganismos observados.
Pouchet analisou também a poeira coletada de diversas formas, e não
encontrou microrganismos ou esporos que justificassem a grande quantidade de
microrganismos que apareciam nas infusões. Em 1860, dois químicos de
13
Toulouse, Nicolas Joly e Charles Musset, também fizeram análises
microscópicas do ar e da poeira, sem achar os microrganismos ou esporos que
se esperava encontrar.
Assim, as pesquisas de Pouchet, confirmadas por outros investigadores,
pareciam trazer fortes evidências a favor da geração espontânea dos pequenos
seres presentes nessas infusões.

Fonte: alchetron.com

3.5 A Microbiologia como ciência

Muitos curiosos e cientistas contribuíram para o estudo da Microbiologia


como ciência. Seu início se deu na segunda metade do século XIX, quando os
cientistas provaram que os microrganismos se originaram de pais iguais a eles
próprios e não de causas sobrenaturais ou de plantas e animais em putrefação,
como na teoria de geração espontânea.
A Microbiologia preocupa-se com o estudo dos microrganismos e de suas
atividades, estuda a forma, a estrutura, a reprodução, a fisiologia, o metabolismo
e a identificação dos seres microscópicos. Estuda também sua distribuição
natural, relações recíprocas e com outros seres vivos, efeitos benéficos e
prejudiciais sobre os homens e as alterações físicas e químicas que provocam
em seu meio ambiente.
Em sua maior parte, a Microbiologia trata com organismos microscópicos
unicelulares. Nos indivíduos unicelulares todos os processos vitais são

14
realizados numa única célula. Independentemente da complexidade de um
organismo, a célula é, na verdade, a unidade básica da vida.
No processo de reprodução, os organismos vivos mantem uma identidade
de espécie, possuindo potencialidades de alterações, buscando encontrar um
modo especial de sobreviver.
A tarefa dos microrganismos na natureza é algo sensacional,
especialmente, quando se lembra de seu papel como regulador do equilíbrio
entre seres vivos e mortos.

4 OS MICROSCÓPIOS

Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br

Em todos os microscópios ópticos, atuais e antigos, teremos uma fonte de


luz que é concentrada por um sistema de lentes condensadoras em uma amostra
montada sobre uma lâmina. O feixe luminoso atravessa a amostra e é captado
por uma lente objetiva que produz uma primeira imagem ampliada do objeto, que
será em seguida captada pela lente ocular que projetará a imagem final na retina
do observador.

15
4.1 Quanto aumenta um microscópio óptico?

O aumento final é o resultado da multiplicação do aumento dado pela


lente objetiva pelo aumento da lente ocular. Como existem várias lentes objetivas
num mesmo microscópio, uma grande variedade de aumentos pode ser
facilmente atingida, bastando girar o revólver.
Assim, se utilizamos uma objetiva de 20x e uma ocular de 10x, o aumento
final será de 200x (10x20=200). Hoje em dia não é mais necessário desenhar as
imagens observadas (como Hooke e seus contemporâneos faziam). A imagem
final pode ser capturada por uma câmara fotográfica, de vídeo ou ainda por um
sistema de computação.
Uma ampliação suplementar pode ser obtida ampliando uma fotografia da
imagem observada. Entretanto, de nada adiantaria ampliar a imagem além de
determinado ponto, pois nenhuma informação suplementar será obtida. Este é o
princípio do limite de resolução.

4.2 O limite de resolução

Se dependesse apenas dos olhos, não se conseguiria enxergar nada que


medisse menos de 0,2mm. Este é o limite de resolução de nossos olhos. Graças
aos microscópios ópticos, pôde-se distinguir objetos que medem até 1 milésimo
desse valor, isto é, o limite de resolução dos microscópios ópticos é de 0,2µm.
Naturalmente, isso depende da qualidade das lentes, mas também
principalmente, do comprimento de onda da luz utilizada.
Aumento e resolução são coisas distintas, e o aumento que não traz
informações adicionais sobre a amostra é chamado aumento vazio. Por que será
que isso acontece? Tudo é consequência da luz.

4.3 Os diferentes microscópios ópticos

Além de pequenas, as células possuem outras características que tornam


difícil sua observação. Em geral, são transparentes, muito hidratadas e frágeis e
quando em órgãos ou tecidos, precisam ser cortadas em lâminas finas que
permitam a passagem do feixe luminoso.
16
Por conta disso, foram sendo desenvolvidas ao longo dos anos tanto
novas técnicas de preparo das amostras, que lhes conferissem maior resistência
e contraste, quanto novas tecnologias na construção de microscópios que
permitissem a observação de células vivas.

A microscopia envolve conceitos tais como magnificação, resolução e


foco, e o domínio desses conceitos é de fundamental importância para
o microscopista. A magnificação de um microscópio é o grau de
aumento da imagem obtida em comparação com o objeto analisado,
enquanto seu poder de resolução é definido como a menor distância
entre dois pontos, os quais podem ser diferenciados na amostra em
análise. Por fim, o conceito de foco diz respeito à distância da lente (ou
espelho) onde os raios de luz convergem. O foco é importante, pois é
necessário colocar a amostra nessa distância para que a sua imagem
ampliada se apresente de forma definida. (SOUZA 2010, apud TELES,
2017, p.1).

O preparo de amostras para o microscópio óptico de campo claro, para


que possam ser guardadas por muito tempo, precisam em geral de um
tratamento químico que garanta sua preservação. Esse tratamento inclui várias
etapas:
Fixação: É o tratamento da amostra com substâncias químicas, como o formol,
que preservam sua forma original.
Desidratação: É a substituição da água presente dentro e fora das células por
um solvente orgânico, como o etanol ou metanol. Esse solvente tanto pode ser
removido deixando a lâmina secar quanto pode ser substituído por parafina ou
outra resina que torne o tecido rígido, permitindo que seja fatiado.
Microtomia: Tecidos como fígado ou músculo são muito espessos e precisam
ser cortados em fatias mais finas, que permitam a passagem parcial da luz. Uma
vez embebidos em parafina, deixa-se solidificar, e o tecido pode ser cortado
(fatiado).
Coloração: Como a maioria das células e seus componentes não são
naturalmente coloridos, uma série de corantes foram testados e, devido a sua
afinidade química por determinados componentes celulares, são empregados,
ajudando na identificação dos diferentes compartimentos celulares. O azul de
metileno é um desses corantes.
O resultado disso é que existe hoje uma grande família de microscópios
ópticos, cada um com suas vantagens e limitações sobre os demais. Dentre os
de uso mais corriqueiro, destacam-se:

17
Microscópio de campo claro ou microscópio simples: É o microscópio
“padrão”. Em geral, requer que a amostra seja fixada e corada antes da
observação. Entretanto, desde que a iluminação seja ajustada fechando-se um
pouco mais a passagem de luz pela condensadora, é possível observar células
a fresco, isto é, sem coloração prévia.
Microscópio de contraste de fase: Dispensa o uso de corantes, permitindo a
observação de células vivas. Um sistema de filtros (anéis de fase) interfere no
trajeto da luz, criando um contorno claro/escuro em torno das estruturas
celulares. Esse contraste permite a observação de células vivas, mas se elas
estiverem muito aglomeradas, a imagem se torna confusa, requerendo um
sistema óptico mais elaborado.
Microscópio de contraste interferencial: Também utiliza filtros para criar
contraste a partir de diferenças no trajeto da luz. A imagem final é mais agradável
para o observador, mas o sistema é menos comum, pois é mais caro que o
contraste de fase; também permite observar células vivas. Quando essas células
estão dispostas em camadas, pode-se focalizar apenas um plano, obtendo-se
assim cortes ópticos sem que o tecido seja cortado.
Microscópio de fluorescência: Utiliza uma fonte de luz ultravioleta e requer o
uso de corantes fluorescentes que se ligam a componentes específicos das
células. Esses corantes são capazes de absorver luz de um determinado
comprimento de onda (ultravioleta, por exemplo) e emitir num outro, dentro do
espectro visível.
Em algumas situações, as células podem ser observadas vivas; em
outras, não. O mais comum é que um modelo possa ter seus jogos de lentes e
fontes de luz alternada (intercambiados) para que se possam observar amostras
pelos três métodos.
Os microscópios de fluorescência permitem ver estruturas normalmente
muito finas para serem observadas com os comprimentos de onda da luz visível.
Microscópio confocal de varredura a laser: A conjugação da ciência da
computação aos microscópios de fluorescência trouxe uma nova dimensão à
microscopia óptica. O microscópio confocal possui, além de uma fonte de luz
visível, uma fonte de luz ultravioleta e uma fonte de raio laser. O feixe de laser
incide sobre a amostra; um sistema de filtros e aberturas especiais captura
sucessivamente a fluorescência emitida de vários planos focais. Este conjunto
18
de imagens é capturado digitalmente e são geradas em programas específicos
de computador.
Os microscópios ópticos começaram a ser construídos no século XVII, e
com eles foram observadas e batizadas as primeiras células. O aperfeiçoamento
na construção de lentes, filtros e sistemas de iluminação deu origem a uma
grande variedade de microscópios ópticos.
O microscópio confocal a laser inaugurou uma nova era na microscopia
óptica, mas a observação da maior parte das estruturas que compõem a célula
só é possível com um instrumento de maior poder de resolução: o microscópio
eletrônico.

4.4 Princípios de funcionamento dos microscópios eletrônicos

Os microscópios eletrônicos são instrumentos fundamentais no estudo da


célula. Foram desenvolvidos na primeira metade do século XX, sendo
contemporâneos da televisão e dos aparelhos de raios-X.
O século XX evidenciou uma verdadeira "febre" a partir da descoberta
dos elétrons, feita por Thompson, em 1897. Tanto os cálculos feitos pelos físicos
teóricos, quanto os experimentos feitos nos "tubos de raios catódicos" vieram a
provar a natureza ondulatória dos elétrons. Esses pioneiros provavelmente não
faziam a menor ideia de onde aquelas observações iriam levar, mas o estudo do
comportamento ondulatório dos elétrons resultou tanto na invenção dos
aparelhos de televisão quanto na de um dos instrumentos fundamentais no
estudo da Biologia Celular: o microscópio eletrônico.
No ano de 1926, Bush provou que era possível focalizar um feixe de
elétrons utilizando uma lente eletromagnética circular, estabelecendo assim os
fundamentos da óptica eletrônica. Com base nesses princípios, foi iniciada em
1931 a construção do primeiro microscópio eletrônico por um grupo liderado por
Ruska. Pelo enorme avanço que a microscopia eletrônica trouxe para as
ciências, Ernst Ruska recebeu o Prêmio Nobel na década de 80.
Em 1939, a Siemens construía o primeiro modelo comercial de
microscópio eletrônico.

Por volta de 1939, iniciou-se a produção em escala comercial do


microscópio eletrônico de transmissão pela empresa Siemens e
19
Halske, em Berlin. Os pesquisadores da Siemens que iniciaram os
trabalhos, principalmente na área biológica, foram Ernst Ruska e Bodo
Von Borries. Nessa época, já atingia uma resolução em torno de 2nm,
representando uma qualidade de resolução 100 vezes superior ao
microscópio óptico. O microscópio eletrônico de transmissão, além de
seu grande poder de resolução, oferece outras duas vantagens
positivas em relação ao microscópio ótico: a possibilidade de observar
o interior de amostras biológicas ou inorgânicas e a facilidade de
observação dos detalhes da microestrutura. (KESTENBACH 1989,
apud RAMOS 2013, p.11).

O microscópio eletrônico, na verdade se refere a uma família de


instrumentos que utiliza um feixe de elétrons para produzir uma imagem
ampliada de um objeto. Essa família é composta por dois tipos de microscópios:
Os microscópios eletrônicos de transmissão e os de varredura. Os primeiros se
baseiam na capacidade do feixe de elétrons de atravessar a amostra, enquanto
nos segundos o feixe de elétrons percorre a superfície da amostra gerando um
sinal que será visualizado num monitor.
Três séculos de microscopia óptica serviram para acelerar os progressos
na interpretação das imagens da microscopia eletrônica. Ao microscópio óptico
não é difícil determinar o formato geral da célula e a localização do núcleo, mas
não é muito fácil identificar estruturas dentro da célula. Mesmo assim, grande
parte das estruturas intracelulares, as organelas, já haviam sido descritas ao
microscópio óptico.
Naturalmente, as funções e a estrutura detalhada dessas organelas só
foram esclarecidas mais tarde. O grande salto conferido à Biologia Celular depois
da invenção desse instrumento reside no poder de resolução que suas imagens
possuem. Isto é, não é apenas uma questão de aumentar mais as células e sim
de permitir que sejam observadas estruturas menores dentro delas.

4.5 O microscópio eletrônico de transmissão

O microscópio eletrônico de transmissão é idêntico ao microscópio óptico


na montagem de seus itens básicos, apenas é maior e invertido. O que os
diferencia fundamentalmente é:
A fonte: Luz visível no microscópio óptico e feixe de elétrons no microscópio
eletrônico de transmissão.
O vácuo na coluna do microscópio eletrônico de transmissão.

20
As lentes: De vidro no microscópio óptico e eletromagnetos no microscópio
eletrônico de transmissão.
A espessura da amostra: da ordem de micrômetros (µm) no microscópio óptico
e de nanômetros (nm) no microscópio eletrônico.
O feixe de elétrons é gerado por um filamento de tungstênio que é
aquecido; podemos comparar ao que observamos numa lâmpada em que o
filamento aquecido emite o feixe luminoso. O vácuo, que também existe dentro
do bulbo da lâmpada, é necessário não apenas para impedir a combustão do
filamento na presença de oxigênio como também para impedir a colisão do feixe
de elétrons com moléculas do ar. Por outro lado, esse é um dos fatores que
impossibilita a observação de células vivas no microscópio eletrônico de
transmissão.
As lentes magnéticas desviam e orientam o feixe de elétrons da mesma
forma que as lentes de vidro desviam e orientam o feixe de luz; lembre-se de
que elétrons são uma radiação de carga negativa, sendo, portanto, atraídos por
cargas opostas e repelidos por cargas semelhantes.
Já a amostra precisa ser cortada em fatias muito finas para ser
atravessada pelos elétrons. Mesmo a lâmina de vidro mais fina barraria o feixe
de elétrons. Por esse motivo são usadas telas de cobre para servir de suporte
para os cortes ultrafinos.

Como se forma a imagem num microscópio eletrônico de transmissão?


Ao interagir com a amostra, os elétrons do feixe podem passar entre os
átomos sem colidir com eles, barrados por um átomo desviando-se num grande
ângulo (desvio elástico) e serem levemente desviados de sua rota por outro
átomo (desvio inelástico).
Destas possibilidades de interação resultará a imagem no microscópio
eletrônico de transmissão: Os elétrons barrados ou desviados serão excluídos
da imagem final, resultando em pontos escuros, enquanto os elétrons que
atravessarem a amostra irão colidir com uma tela fluorescente, dando origem a
pontos claros.

Preparo de amostras para observação ao MET

21
O ambiente no interior da coluna do microscópio eletrônico – vácuo feixe
de elétrons – não é nem um pouco favorável à preservação da estrutura celular.
Além disso, a composição química das células, basicamente átomos leves,
também não é propícia à formação de imagens no MET. Por esses motivos,
assim como o microscópio foi se aperfeiçoando desde sua invenção,
paralelamente toda uma metodologia de preparação de amostras para
observação ao microscópio eletrônico de transmissão foi sendo desenvolvida.
As etapas desse processo são as seguintes:
Fixação: Em geral é feita mergulhando as células ou tecidos em soluções que
estabilizam as membranas e os constituintes celulares na forma a mais próxima
possível da in vivo. Os mais utilizados são o formaldeído e o Glutaraldeido,
superior ao formol e por isso mais utilizado. Essas substâncias, chamadas
fixadores, são empregadas diluídas em tampões, que ajudam a manter o pH e a
osmolaridade da solução fixadora o mais próximo possível das condições vitais.
Dessa maneira evita-se a deformação ou o rompimento das estruturas celulares.
Pós-fixação e contrastação: Como os seres vivos são compostos basicamente
por átomos leves que desviam pouco ou nada a passagem do feixe de elétrons,
são utilizadas soluções de sais de metais pesados, que, além de melhorarem a
preservação das células, aumentam o contraste das amostras quando
observadas ao microscópio eletrônico de transmissão. Esses sais se impregnam
seletivamente nas membranas (caso do ósmio e do chumbo), no DNA (caso do
urânio) ou em outros componentes celulares, facilitando a visualização dessas
estruturas.
O tetróxido de ósmio impregna-se nas membranas funcionando como um
fixador e conferindo simultaneamente maior contraste às mesmas. Por ser
utilizado depois do Glutaraldeido, é um pós-fixador. Já os sais de chumbo e
urânio geralmente são utilizados na última etapa de preparação da amostra, logo
antes da observação ao microscópio eletrônico.
Desidratação, inclusão e Microtomia: A fixação confere preservação às
células; entretanto, o fato de serem em geral muito espessas e hidratadas para
que o feixe de elétrons possa atravessá-las também é um obstáculo a ser
superado. Para isso as amostras têm toda sua água substituída, inicialmente por
um solvente orgânico como álcool etílico ou acetona, e em seguida por uma
resina que, inicialmente, é líquida, mas nas condições adequadas que
22
geralmente ao ser aquecida endurece, permitindo que as amostras sejam
cortadas em fatias finas o suficiente para que os elétrons possam passar nas
áreas em que não se impregnaram os metais pesados.
A microscopia eletrônica de transmissão permite a observação do interior
da célula e de suas estruturas e organelas. Infelizmente, como a observação é
feita em fatias muito finas das células, tem-se sempre imagens bidimensionais
de objetos que, na realidade, são tridimensionais. Essa dificuldade foi, ao menos
parcialmente contornada pela microscopia eletrônica de varredura, onde a
resolução de detalhes da célula se combina à observação da sua estrutura
tridimensional.

4.6 O microscópio eletrônico de varredura

No microscópio de varredura um filamento de tungstênio aquecido gera


um feixe de elétrons, que também incide sobre a amostra, mas ao invés de
atravessá-la varre a superfície ponto a ponto; porém, interage com a amostra,
extraindo da superfície destes outros elétrons, chamados elétrons secundários,
que geram um sinal luminoso que é convertido numa imagem
O feixe de elétrons passeia sobre a amostra, como o feixe de laser sobre
o CD que você ouve. Assim como de cada ponto do CD é extraído um sinal
sonoro diferente, cada ponto da amostra interage de modo diferente com o feixe
de elétrons e dessas diferenças são gerados pontos mais ou menos brilhantes
que formarão a imagem. Essa imagem é observada num monitor de TV e pode
ser registrada em fotografia ou num computador.

O MEV é uma ferramenta bastante utilizada, tanto por pesquisadores


das áreas biológicas, quanto das áreas de materiais. Ele pode fornecer
rapidamente informações sobre a morfologia e identificação de
elementos químicos de uma amostra sólida, portanto, sua utilização é
comum em biologia, odontologia, farmácia, engenharia, química,
metalurgia, física, medicina e geologia [...]. Paralelamente com o
desenvolvimento do microscópio eletrônico, o desenvolvimento dos
computadores, softwares e imagens digitais facilitou bastante a análise
e publicação de resultados. (MACHADO, 2007 apud RAMOS 2013, p.
18).

Preparo da amostra para microscopia de varredura

23
Como, em geral, o objetivo do pesquisador ao utilizar o microscópio
eletrônico de varredura é obter informações sobre a forma externa das amostras
não cortadas em fatias, seu processamento envolve, após o tratamento com
soluções fixadoras, a secagem do material e seu revestimento com ouro ou outro
elemento condutor, para geração do sinal.

Outros microscópios eletrônicos


Os microscópios eletrônicos formam uma verdadeira família. De acordo
com os acessórios de que são dotados ou ainda conforme as amostras sejam
preparadas, diferentes tipos de imagem e de informação são obtidos.
O microscópio eletrônico de alta voltagem: Enquanto no microscópio
eletrônico de transmissão convencional o feixe de elétrons é acelerado de 50 a
80 KV, permitindo a observação de amostras até 100-150 nm de espessura, no
microscópio eletrônico de transmissão de alta voltagem a aceleração do feixe é
de até 1.000 KV. Isso permite a observação de amostras bem mais espessas
(até 2 µm). A maioria das células é mais espessa do que isso (5-20 µm), mas
mesmo assim aspectos importantes das células foram observados nesse
microscópio eletrônico de transmissão.
Microanálise: De acordo com a natureza dos átomos presentes na
amostra, a colisão com os elétrons do feixe gera raios-X e outras radiações que
podem ser captadas por detectores especiais, dando informações sobre a
composição química da amostra. Esses detectores são acessórios que podem
ser adaptados ao microscópio eletrônico de transmissão ou ao microscópio
eletrônico de varredura.
Varredura de alta resolução: Nesse microscópio o feixe emitido é muito
fino, varrendo áreas muito menores da amostra. Assim, detalhes que passam
despercebidos na varredura convencional podem ser resolvidos. Organelas e
filamentos do citoesqueleto, que normalmente não são visíveis ao microscópio
eletrônico de varredura, podem ser vistas a partir desta tecnologia.
Varredura de pressão variável (ambiental): Nesse modelo de
microscópio eletrônico de varredura, a pressão na coluna é variável, sendo
possível observar amostra frescas, isto é, sem nenhum tratamento químico e
sem o processo de secagem. Potencialmente, podem ser observadas amostras
vivas nesse microscópio, mas o poder de resolução é ainda bastante limitado.
24
5 CLASSIFICAÇÃO DOS MICROORGANISMOS

5.1 Os seres vivos

Fonte: tecnico.ulisboa.pt

Os seres vivos são constituídos de unidades microscópicas chamadas de


células que formam, em conjunto, estruturas organizadas. As células são
compostas de núcleo e citoplasma. Quando o núcleo celular é circundado por
uma membrana nuclear ou carioteca, os organismos que as possuem são
chamados de eucarióticos, os que não possuem células com carioteca são os
procarióticos a exemplo das bactérias.
Baseado na maneira pela qual os organismos obtêm alimentos, Robert H.
Whittaker classificou os organismos vivos em Cinco reinos: reino Monera, reino
Protista, reino Plantae, reino Animalia e reino Fungi.
Os microrganismos pertencem a três dos cinco reinos: As bactérias são
do reino Monera, os protozoários e algas microscópicas são Protistas e os
fungos microscópicos como leveduras e bolores pertencem ao reino Fungi.

25
5.2 A célula

Fonte: engenhariae.com.br

A célula e uma estrutura típica microscópica comum a todos os seres


vivos. Com os avanços da microscopia eletrônica na década de 1940, foi
possível a visualização de muitas estruturas da célula que seria impossível no
microscópio ótico.
Todas as células se compõem de duas regiões internas principais
conhecidas como núcleo e citoplasma. O núcleo, que é circundado pelo
citoplasma, contém todas as informações genéticas do organismo, sendo
responsável pela hereditariedade. O citoplasma é a sede primária dos processos
de síntese e o centro das atividades funcionais em geral.
Em contraste, as bactérias e o pequeno grupo de algas azul-verdes se
caracterizam por células menores procarióticas por não apresentarem
membrana nuclear. Nas plantas e microrganismos, a parede celular é a única
estrutura limitante.
Seu único papel parece ser o de proteção contra injurias mecânicas e
impedem, principalmente, a ruptura osmótica quando a célula e colocada em
ambiente com alto teor de agua.
A célula é a unidade estrutural e funcional dos organismos vivos, ou seja,
todos os seres vivos são formados por células. Os menores são constituídos por
uma única célula, os maiores por bilhões. A percepção de que todos os
organismos são compostos por células foi um dos mais importantes avanços
26
científicos. A palavra célula no sentido biológico foi usada, pela primeira vez, pelo
cientista inglês Robert Hooke no século XVII.
As células surgem de outras células preexistentes. As formas mais
simples de vida são células solitárias (organismos unicelulares), enquanto as
formas superiores contêm associações de células, constituindo colônias de
organismos unicelulares ou constituindo organismos pluricelulares mais
complexos, podendo apresentar estruturas e formas variadas.
Todas as células compartilham dois aspectos essenciais. O primeiro é
uma membrana externa, a membrana plasmática. O outro é o material genético
que regula a atividade da célula, possibilitando a sua reprodução e a passagem
das suas características para a sua descendência.
A organização do material genético é uma das características que separa
as células procariontes das células eucariontes. Nas células procariontes, o
material genético (DNA) está na forma de uma grande molécula circular,
conhecida como cromossomo. Em células eucariontes, o DNA é linear e
fortemente ligado a proteínas especiais, conhecidas como histonas, formando
certo número de cromossomos complexos.
As células dos microrganismos podem ser divididas em duas categorias:
Células Eucarióticas apresentam um núcleo separado do citoplasma por uma
membrana nuclear (carioteca); Células Procarióticas apresentam material
nuclear sem membrana.

Células eucarióticas, em geral, são maiores e mais elaboradas do que


as Bactérias e Archaea. Algumas vivem vidas independentes, como
organismos unicelulares, como as amebas e as leveduras; outras
vivem em agrupamentos multicelulares. Todos os organismos
multicelulares mais complexos – incluindo plantas, animais e fungos –
são formados a partir de células eucarióticas. Por definição, todas as
células eucarióticas possuem um núcleo. Mas a posse de um núcleo
significa possuir também uma variedade de outras organelas,
estruturas subcelulares que realizam funções especializadas. A
maioria dessas é igualmente comum a todos os organismos
eucarióticos. (ALBERTS 2011 apud TREVISAN 2013 p.5).

5.3 Citoplasma

O citoplasma é o espaço intracelular preenchido por uma matriz semifluida


que tem a consistência de gel, denominada hialoplasma, na qual está
“mergulhado” tudo o que se encontra dentro da célula, tal como moléculas e

27
organelas. O citoplasma é constituído principalmente de água (80%), mas
também contém íons, sais minerais e moléculas, tais como proteínas,
carboidratos e o RNA, que correspondem aos 20% restantes.

5.4 Organelas citoplasmáticas

Os organismos procariontes não possuem núcleo organizado e


geralmente são pequenos. Caracterizam-se por não possuírem organelas
envoltas por membranas, tais como o retículo endoplasmático, o complexo de
Golgi, as mitocôndrias e os plastos.
As células eucariontes são mais complexas e são típicas de protozoários,
fungos, animais e vegetais. Uma organela citoplasmática pode ser definida como
uma determinada parte do citoplasma responsável por uma ou mais funções
especiais.
As organelas mais importantes são:
Ribossomos: Responsáveis pela síntese de proteínas, não são limitados por
membranas e, portanto, ocorrem tanto em procariontes quanto em eucariontes.
Os ribossomos de eucariontes são ligeiramente maiores que os de procariontes.
Eles são compostos por duas subunidades de tamanhos diferentes.
Bioquimicamente, o ribossomo consiste em RNA ribossômico (RNAr) e
aproximadamente 50 proteínas estruturais.
Mitocôndrias: São formadas por duas membranas, uma externa e outra interna.
A membrana externa é lisa, e a interna possui inúmeras pregas, chamadas
cristas mitocondriais. A cavidade interna das mitocôndrias é preenchida por um
fluido, denominado matriz mitocondrial, que contém grande quantidade de
enzimas dissolvidas, necessárias para a extração de energia dos nutrientes.
As mitocôndrias são de fundamental importância no processo de
respiração celular e no fornecimento de energia a partir da quebra da glicose.

28
Fonte: emforma.net

Complexo de Golgi: São estruturas membranosas, formadas por bolsas


achatadas e empilhadas cuja função é elaborar e armazenar proteínas advindas
do retículo endoplasmático. É abundante em células secretoras.
Centríolo: É formado por um par de cilindros cuja parede é constituída por nove
conjuntos de três microtúbulos cada, e, geralmente, ocorrem aos pares nas
células. Os centríolos são desprovidos de membrana, sua constituição é de
natureza proteica.
Dos centríolos originam estruturas locomotoras, denominadas cílios e
flagelos, que diferem entre si quanto ao comprimento e número por célula.
Lisossomo: São pequenas bolsas portadoras de enzimas digestivas. Elas são
liberadas pelo complexo de Golgi, com a finalidade de promover a digestão de
substâncias englobadas pelas células. Pode também digerir componentes da
própria célula, promovendo a morte celular para uma contínua renovação.
Retículo endoplasmático liso: É uma rede de estruturas tubulares e
vesiculares achatadas e interligadas formada por uma membrana dupla,
amplamente distribuída pela célula e em comunicação com a membrana
plasmática ou com a carioteca. Não apresenta ribossomos aderidos à membrana
externa. É responsável pela síntese de todos os lipídios que constituem a
membrana plasmática, incluindo fosfolipídios e colesterol.
Retículo endoplasmático rugoso: Estrutura de formato achatado e com
ribossomos aderidos, está presente em maior número nas células
especializadas na secreção de proteínas.

29
Cloroplastos: São delimitadas por duas membranas lipoprotéicas, uma externa
lisa e outra interna que forma dobras para o interior da organela. Esse conjunto
bem organizado de membranas formam pilhas unidas entre si, chamadas de
grana. Cada elemento da pilha, que tem o formato de moeda, é o tilacóides. Todo
esse conjunto de membranas encontra-se mergulhado em um fluído gelatinoso
que preenche o cloroplasto, o estroma, onde há enzimas, DNA, pequenos
ribossomos e amido.
As moléculas de clorofila localizam-se nas membranas dos tilacóides, tal
sistema é, portanto, a sede das reações fotoquímicas responsáveis pela
captação e transformação da energia luminosa em energia química.
Flagelos: Os flagelos das bactérias (procariontes) são compostos por uma
proteína chamada flagelina, e dos eucariontes, são extensões filamentosas
citoplasmática, frequentes em protozoários, esponjas e gametas móveis. O
flagelo tem a mesma função em todas as células que é criar movimentos.

5.1 Classificação dos 5 reinos

A classificação dos organismos, mais recente, proposta por Robert H.


Whittaker em 1969 foi baseada a partir da maneira pela qual o organismo obtém
nutrientes de sua alimentação. Sendo estes:
Fotossíntese: Processo pelo qual a luz fornece energia para converter o dióxido
de carbono em água e açúcares.
Absorção: A captação de nutrientes químicos dissolvidos em água.
Ingestão: Entrada de partículas de alimentos não dissolvidas.
Nesse esquema de classificação, os procariotos que normalmente obtém
alimentos só por absorção constituem o reino Monera.
O reino Protista inclui os microrganismos eucarióticos unicelulares, que
representam os três tipos nutricionais: as algas são fotossintéticas, os
protozoários podem ingerir seu alimento e os fungos limosos somente absorvem
os nutrientes.
Os organismos eucarióticos superiores são colocados no reino Plantae
(plantas verdes fotossintéticas e algas superiores), Animalia (animais que
ingerem alimentos) e Fungi, organismos que tem parede celular, mas não
apresentam o pigmento clorofila encontrado em outras plantas para promover a
30
fotossíntese, portanto eles absorvem os nutrientes. Como pode se observar, os
microrganismos pertencem a três dos cinco reinos.

5.2 Principais características dos grupos de microrganismos

Protozoários: São microrganismos eucarióticos unicelulares. Como os animais


ingerem partículas alimentares, não apresentam parede celular rígida e não
contem clorofila. Movem-se através de cílios, flagelos ou pseudopode. Estes
microrganismos são estudados na ciência da Parasitologia.

O termo protozoário não tem valor taxonômico, mas ele é


frequentemente utilizado quando se quer referir a um organismo
unicelular eucarioto heterotrófico que pode ocorrer em diversos
habitats onde há água. Os protozoários são encontrados sob a forma
livre ou em associação com outros organismos e, neste último caso,
são denominados de epibiontes, comensais, simbiontes ou parasitas.
(ESTEBAN 1998, apud REGALI-SELEGHIM, 2011, p. 390).

São amplamente distribuídos na natureza, principalmente, em ambientes


aquáticos. Muitos são nocivos ao homem como a ameba e a giárdia.
Algas: São semelhantes as plantas por possuírem clorofila que participa do
processo de fotossíntese e apresentam uma parede celular rígida. São
eucariotos e pode ser unicelular ou multicelular com vários metros de
comprimento, podendo ser nocivas por produzirem toxinas, obstruir caixas
d’agua ou crescerem em piscinas. Entretanto, algumas espécies são usadas nas
indústrias de alimentos, farmacêuticas, cosméticos e para o uso em laboratório.
Fungos: Podem ser unicelulares ou multicelulares. São eucariotos e possuem
parede celular rígida. Os fungos não ingerem alimentos e obtêm os nutrientes do
ambiente através de absorção.
Bactérias: São seres unicelulares aclorofilados, microscópicos, que se
produzem por divisão binária. São chamadas de procarióticas porque não
possuem um núcleo organizado e são morfologicamente mais simples que as
células dos organismos “superiores”. Compreende os domínios: Bacteria e
Archae.
Vírus: Representam o limite entre as formas vivas e as sem vida. Não são
células como as descritas anteriormente, contém somente um tipo de ácido
nucleico, RNA ou DNA que é circundado por um envelope proteico ou capa.

31
Devido à ausência de componentes celulares necessários para o
metabolismo ou reprodução independente, o vírus pode multiplicar-se somente
dentro de células vivas, por isso não são considerados seres vivos por não
possuírem vida própria.

6 BACTÉRIAS

Fonte: quantamagazine.org

São organismos unicelulares que podem ser encontrados de forma


isolada ou em colônias; são constituídos por uma célula (unicelulares), não
possuem núcleo celular definido (procariontes) e não possuem organelas
membranosas.

As bactérias, como representantes dos seres procarióticos, foram


selecionadas na natureza pela sua elevada capacidade de adaptar-se
ao ambiente que as cerca, em virtude de sua grande taxa de
multiplicação, bem como por sua elevada taxa metabólica. Desta
forma, estes seres peculiares foram e ainda são utilizados no estudo
de técnicas genético-moleculares e análises bioquímicas, que vêm
sendo empregadas nos diferentes campos da microbiologia. (BECK
2000, apud MOREIRA, 2015, p. 13).

6.1 Morfologia

As bactérias são variáveis quanto ao tamanho e quanto às formas que


apresentam. Invisíveis a olho nu, só podendo ser visualizada com o auxílio do

32
microscópio, as bactérias são normalmente medidas em micrometros (µm), que
são equivalentes a 1/1000mm (10-3mm). A grande maioria tem aproximadamente
de 0,5 a 1µm de diâmetro ou largura.
Embora existam milhares de espécies bacterianas, elas podem ser
agrupadas em três tipos morfológicos gerais: cocos, bacilos e espiralados.
Formas de cocos (esféricas): É o grupo de bactérias mais homogêneo em
relação ao tamanho. Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com
o seu arranjo.
• Micrococos – cocos.
• Diplococos – cocos agrupados aos pares.
• Tétrades – agrupamentos de quatro cocos.
• Sarcina – agrupamentos de oito cocos em forma cúbica.
• Estreptococos – cocos agrupados em cadeias.
• Estafilococos – cocos agrupados em grupos irregulares, lembrando cachos de
uva.
Forma de bacilos: São células cilíndricas em forma de bastonete; apresentam
grande variação na forma e no tamanho entre gêneros e espécies.
Formas espiraladas: Caracterizadas por células em espiral; dividem-se em:
Espirilos: Possuem corpo rígido e movem-se à custa de flagelos externos. Ex.:
Gênero Aquaspirillium.
Espiroquetas: São flexíveis e locomovem-se geralmente por contrações do
citoplasma, podendo dar várias voltas completas em torno do próprio eixo. Ex.:
Gênero Treponema
Além desses três tipos morfológicos, existem algumas formas de
transição.
• Bacilos muito curtos: cocobacilo.
• Unidades celulares que se assemelham a uma vírgula: vibrião.

6.2 Estruturas externas da célula bacteriana

O tamanho, a forma e o arranjo das bactérias constituem sua morfologia,


sua aparência externa. A observação interna das estruturas celulares permite
conhecer um pouco o funcionamento da bactéria no ambiente.

33
Parede celular
A parede celular é uma estrutura rígida que está presente em quase todas
as bactérias e localiza-se acima da membrana citoplasmática. Ela contém
polímeros complexos conhecidos como peptideoglicano, que são responsáveis
pela sua rigidez. Esta impede que a célula estoure em decorrência do grande
turgor e atua como uma barreira de proteção contra determinados agentes
químicos e físicos externos e funciona como suporte de antígenos somáticos
bacterianos.
As bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos, com base na
capacidade de suas paredes celulares fixarem o corante violeta cristal: as Gram-
positivas (que coram em roxo) e as Gram-negativas (que coram em vermelho).

A parede bacteriana é a principal implicada na diferenciação da


coloração de Gram, e este comportamento reflete a diferença na
composição química da parede das bactérias Gram-positivas e Gram-
negativas. A parede das bactérias Gram-positivas caracteriza-se por
uma espessa camada de peptideoglicano, também conhecido como
mureína ou mucopeptídeo, enquanto nas bactérias Gram-negativas a
camada de peptidoglicano é muito delgada; entretanto, a estrutura da
parede das Gram negativas é bem mais complexa do ponto de vista
químico. (DAUR 2004, apud MOREIRA 2015, p.15).

A parede celular de bactérias Gram-positivas é composta basicamente


por peptideoglicano, que constitui uma espessa camada ao redor da célula.
Outros polímeros, tais como ácidos lipoteicóicos e polissacarídeos, também
podem estar presentes nessa camada.
Nas bactérias Gram-negativas o peptideoglicano constitui uma camada
basal delgada, sobre a qual se encontra outra camada, denominada membrana
externa que é composta por lipoproteínas, fosfolipídios, proteínas e
lipopolissacarídeos.
O processo de coloração de Gram consiste basicamente em tratar
bactérias sucessivamente com cristal violeta, lugol, álcool e fucsina. O cristal
violeta e o lugol penetram tanto nas bactérias Gram-positivas quanto nas Gram-
negativas, formando um complexo de cor roxa. O tratamento com álcool é a
etapa diferencial; nas Gram-positivas, o álcool não retira o complexo cristal
violeta+lugol, pois a sua ação desidratante faz com que a espessa camada de
peptideoglicano torne-se menos permeável, retendo o corante. Nas Gram-
negativas, devido à pequena espessura da camada de peptideoglicano, o

34
complexo corado é extraído pelo álcool, deixando as células descoradas. O
tratamento com fucsina não altera a cor roxa das Gram-positivas, ao passo que
as Gram-negativas descoradas pelo álcool se tornam avermelhada. A coloração
de Gram é amplamente utilizada para identificar e classificar bactérias.
Essa classificação é importante, pois as bactérias Gram-positivas são
mais sensíveis à penicilina e à sulfa. Este processo de coloração é um dos mais
importantes métodos realizados em laboratório de microbiologia.

Flagelos
De acordo com o número e distribuição dos flagelos, as bactérias podem
ser classificadas como: atríquias (sem flagelos), monotríquias (um único flagelo),
anfitríquias (um flagelo em cada extremidade), lofotríquias (um tufo de flagelos
em uma, ou ambas as extremidades) e peritríquias (apresentando flagelos ao
longo de todo o corpo bacteriano).
Algumas bactérias movimentam-se por outros meios, diversos da
atividade flagelar, tais como o deslizamento provocado pelo fluxo
protoplasmático ou pela resposta táxica (fototaxia, quimiotaxia).

Pelos (fímbrias)
São apêndices finos, retos e curtos que estão presentes em muitas
bactérias Gram-negativas. São encontrados tanto nas espécies móveis como
nas espécies imóveis e, portanto, não desempenham papel relativo à
mobilidade. Os pelos originam-se de corpúsculos basais na membrana
citoplasmática e sua função parece estar relacionada com a troca de material
genético durante a conjugação bacteriana (fímbria sexual) com a aderência às
superfícies mucosas. As fímbrias podem ser removidas sem comprometimento
da viabilidade celular e regeneram-se rapidamente.

Glicocálice
É formado por uma substância mucilaginosa ou gelatinosa e fica ligada à
parede celular como um revestimento externo. Se o Glicocálice estiver
organizado de maneira definida e acoplado firmemente à parede celular, recebe
o nome de cápsula, se estiver desorganizado e sem qualquer forma frouxamente
acoplada à parede celular, recebe o nome de camada limosa.
35
O Glicocálice pode ser de natureza polissacarídica (um ou vários tipos de
açúcares) ou polipeptídica (ácido glutâmico). Desempenha papel importante na
infecção, permitindo que a bactéria patogênica se ligue a tecidos específicos do
hospedeiro. Acredita-se que o Glicocálice possa proteger as bactérias da
dessecação.

Membrana plasmática (modelo mosaico fluido)


É uma membrana que separa a parede celular do citoplasma. Sua
espessura é da ordem de 7,5 nanômetros e é composta principalmente por uma
bicamada de fosfolipídios e proteínas, desempenha importante papel na
permeabilidade seletiva da célula.
A membrana é o sítio da atividade enzimática específica e do transporte
de moléculas para dentro e para fora da célula. Ela difere da membrana
plasmática das células eucarióticas por não apresentar esteroides em sua
composição; ser sede de numerosas enzimas do metabolismo respiratório das
bactérias e controlar a divisão bacteriana através dos mesossomos.
Os mesossomos são invaginações da membrana plasmática que podem
ser simples dobras ou estruturas tubulares ou vesiculares. Alguns autores
associam ainda aos mesossomos o valor funcional das mitocôndrias, atribuindo
a eles o papel na respiração bacteriana.

6.3 Estruturas internas da célula bacteriana

Citoplasma
É composto pela porção fluida e contém substâncias dissolvidas e
partículas, tais como ribossomos, e material nuclear ou nucleóide, rico em DNA.

Inclusões citoplasmáticas
As inclusões são formações não vivas existentes no citoplasma, como
grãos de amido, gotas de óleo, chamadas de grânulos, e podem servir como
fonte de material de reserva ou energia.

Nucleóide e plasmídeos

36
As células bacterianas não contêm o núcleo típico das células animais e
vegetais. O cromossomo bacteriano consiste de um cromossomo único e circular
e ocupa uma posição próxima ao centro da célula. Pode ser chamado de
nucleóide. Várias bactérias apresentam também moléculas de DNA
extracromossomal, denominadas plasmídeos, as quais são geralmente
circulares, contendo muitas vezes genes que conferem características
adaptativas vantajosas ao microrganismo.
As bactérias são importantes nos processos biotecnológicos, na indústria,
agricultura e na medicina.

6.4 Reprodução, nutrição e crescimento das bactérias.

Geralmente reproduzem-se assexuadamente por fissão binária ou


cissiparidade. Nesse processo reprodutivo ocorre à replicação do cromossomo
e uma única célula divide-se em duas; em seguida ocorre a divisão do
cromossomo bacteriano replicado e o desenvolvimento de uma parede celular
transversal. A fissão binária não é o único método reprodutivo assexuado entre
as bactérias. Também pode ocorrer esporulação e brotamento. Embora não
ocorra reprodução sexuada, pode ocorrer troca de material genético entre as
bactérias. Tal recombinação genética pode ocorrer por transformação,
conjugação ou transdução.
Transformação: Incorporação de fragmentos de DNA perdidos por outra
bactéria que se rompeu. Esse mecanismo demonstra formalmente que o DNA é
a base química da hereditariedade.
Conjugação: Duas células bacterianas geneticamente diferentes trocam DNA
através de pelo sexual.
Transdução: Moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria para outra
usando os vírus como vetores (bacteriófagos). Quando o bacteriófago entra
numa célula bacteriana, o DNA do vírus mistura-se com uma parte do DNA
bacteriano, de modo que o vírus passa a carregar essa parte do DNA. Se o vírus
infecta uma segunda bactéria, o DNA da primeira pode misturar-se com o DNA
da segunda. Essa nova informação genética é então replicada a cada nova
divisão

37
Tempo de geração
É o tempo necessário para que uma célula bacteriana se divida ou para
que a população duplique. Esse tempo pode variar de 15 a 20 minutos ou até
algumas horas. O tempo de geração depende da espécie bacteriana e das
condições ambientais, ou seja, as bactérias são capazes de crescer numa ampla
faixa de condições físicas, podendo utilizar alimentos muito diferentes. Contudo,
seu crescimento requer condições específicas para uma dada espécie.

Endósporos (esporos)
Formas dormentes de células bacterianas são produzidas por certas
espécies de bactérias em situações de escassez de nutrientes. Os esporos
representam uma fase latente (repouso) da célula: são extremamente
resistentes aos agentes físicos e químicos adversos, demonstrando uma
estratégia de sobrevivência. O endósporo resiste até que as condições
melhorem e muitos resistem até mesmo à água fervente. A indústria de alimentos
preocupa-se em tomar providências para que os endósporos não estejam
presentes durante o processo de acondicionamento dos alimentos. Todas as
bactérias dos gêneros Bacillus e Clostridium produzem endósporos, por isso são
mais resistentes.

Alguns gêneros bacterianos, como por exemplo, Bacillus e Clostridium


(bacilos Gram-positivos), podem passar por um processo de
diferenciação celular chamado esporulação que resulta na
transformação da célula vegetativa em esporo, o qual é química e
morfologicamente diferente da célula mãe. Este processo geralmente
ocorre quando a bactéria está submetida a “stress” físico (calor) ou
químico (carência de nutrientes). É um processo geneticamente
coordenado que se inicia com a desrepressão do gene que leva à
síntese de RNAm e que vai dar início à produção do esporo. (PICOLI
2007, apud MOREIRA 2015, p.24).

Nutrição das bactérias


Do ponto de vista nutricional, as bactérias podem ser divididas em
classes fisiológicas dependendo da forma de obtenção de fontes de energia e
carbono para a realização de suas atividades vitais:
Fototróficos: São organismos que utilizam a energia radiante (luz) como fonte.
Quimiotróficos: São organismos incapazes de utilizar a energia radiante;
dependem da oxidação de compostos químicos para a obtenção de energia.

38
Crescimento das bactérias
É um somatório dos processos metabólicos progressivos, que
normalmente conduz à divisão (reprodução – divisão binária ou brotamento) com
produção de duas células-filhas a partir de uma bactéria. Dessa forma, o
crescimento é exponencial (crescimento logarítmico). Em microbiologia, o termo
crescimento refere-se a um aumento do número de células e não ao aumento
das dimensões celulares.

Fatores limitantes do crescimento bacteriano


A oferta de nutrientes é o principal fator que limita o crescimento
bacteriano. Outros fatores importantes no crescimento bacteriano são:
Temperatura: Algumas bactérias crescem melhor em temperaturas baixas,
outras em temperaturas intermediárias e outras em temperaturas altas. A
temperatura ótima de crescimento é aquela em que o microrganismo cresce mais
rapidamente. Em temperaturas mais favoráveis para o crescimento, o número
de divisões celulares por hora, chamada de taxa de crescimento, dobra para
cada aumento de temperatura de 10ºC. Há três temperaturas importantes a
conhecer: mínima, ótima e máxima (nessa última as enzimas são danificadas
pelo calor e a célula para de crescer).
De acordo com a temperatura de crescimento, é possível distinguir, pelo
menos, três grupos fisiológicos de bactérias: as psicrófilas têm temperatura
ótima de crescimento entre 15 - 25ºC; as mesófilas têm temperatura ótima de
crescimento entre 25 - 45ºC; e as termófilas têm temperatura ótima de
crescimento entre 45 - 80ºC.
pH: Quanto à tolerância ao pH, as bactérias podem ser acidófilas, neutrofílicas
e alcalófilas. Normalmente, o pH ótimo é bem definido para cada espécie e a
maioria das bactérias não cresce em valores de pH acima ou abaixo de seu pH
ótimo.
Oxigênio: Quanto à respiração, as bactérias podem ser: aeróbias estritas
(necessitam de O2 para crescer), anaeróbias estritas (só crescem na ausência
de O2), microaerofílicas (precisam de O2, mas em pressão inferior à atmosférica)
e anaeróbias facultativas ou aerotolerantes (crescem na presença ou ausência
de O2).

39
Água: Essencial a qualquer microrganismo; embora a necessidade seja variada,
somente endósporos bacterianos podem sobreviver sem água.

6.5 Divisão das bactérias

Fonte: brasilescola.uol.com.br

As bactérias são divididas em dois grandes grupos: As eubactérias


apresentam composição da parede celular diferente das arqueobactérias, que
frequentemente aparecem aos pares, em cadeias, formando tétrades ou
agrupadas. Algumas apresentam flagelos, favorecendo seu deslocamento
rapidamente em líquidos. São de grande importância na natureza e na indústria,
sendo essenciais na reciclagem de lixo orgânico e na produção de antibiótico
como a streptomicina. As infecções causadas pelas eubactérias incluem as
streptococica de garganta, tétano, peste, cólera e tuberculose.
As arqueobactérias assemelham-se as eubactérias quando observadas
por meio de um microscópio, mas existem diferenças importantes quanto a sua
composição química, a atividade e ao meio ambiente em que se desenvolvem
tais como em elevada concentração de salina ou acidez elevada e altas
temperaturas a exemplo de piscinas térmicas e lagoas salinas.

40
7 FUNGOS

Fonte: melhorcomsaude.com.br

Os fungos são organismos eucariontes, aclorofilados, heterotróficos e


absorve componentes orgânicos como fonte de energia. São aeróbicos em sua
grande maioria, mas alguns são anaeróbicos estritos e facultativos.
Podem ser unicelulares ou multicelulares e reproduzem-se sexuada ou
assexuadamente. Possuem parede celular rígida que pode ser composta de
celulose, glicanas, mananas ou quitina e membrana celular com esteróis
presentes. Seu principal material de reserva é o glicogênio.

O glicogênio tem função preponderante de armazenamento energético


nas células animais. Possui cadeia nas quais as unidades de glicose
se unem mediante ligações (α1→ 4). Amido e glicogênio são altamente
hidratados devido à quantidade de hidroxilas que formam ligações de
hidrogênio com a água. A estrutura do glicogênio é similar à
amilopectina. A diferença é a frequência de ramificações, as quais
aparecem de 8 a 12 unidades de glicose. (MARCONDES 2003, apud
FRANCISCO 2008, p. 2).

Os fungos, em sua maioria, são constituídos por filamentos microscópicos


e ramificados, as hifas. O conjunto de hifas de um fungo constitui o micélio. Os
fungos têm nutrição heterotrófica porque necessitam de matéria orgânica,
provenientes dos alimentos, para obtenção de seus nutrientes. Os mais
conhecidos são os bolores, os cogumelos, as orelhas-de-pau e as leveduras
(fermentos).

41
A maioria vive no solo, alimentando-se de cadáveres de animais, de
plantas e de outros seres vivos. Esse modo de vida dos fungos causa o
apodrecimento de diversos materiais e por isso são chamados de saprofágicos.
Certas espécies de fungos são parasitas e outras vivem em associações
harmoniosas com outros organismos, trocando benefícios.
Os fungos estudados em microbiologia compreendem as leveduras e os
bolores. As leveduras são unicelulares, não filamentosas, apresentam em média
de 1 a 5 µm de diâmetro e de 5 a 30 µm de comprimento. Elas são geralmente
ovais, podendo apresentar morfologia alongada ou esférica. As leveduras não
possuem flagelos, são imóveis.
Os bolores são organismos pluricelulares, que se apresentam
filamentosos ao microscópio óptico a fresco com baixa ampliação. Ao exame
macroscópico apresentam crescimento característico com aspecto aveludado ou
cotonoso (algodão) ou como borra de café (Aspergillus niger).

7.1 Características dos fungos em relação às bactérias

Os fungos são geralmente adaptados a ambientes que poderiam ser


hostis às bactérias. São encontrados na superfície de alimentos formando
colônias algodonosas e coloridas.
Todavia, diferem das bactérias em determinadas necessidades
ambientais e nas características estruturais e nutricionais apresentadas a seguir:
• Apresentam a parede celular com presença de substâncias quitinosa e células
com organelas membranosas (mitocôndrias, complexo de golgi, vacúolo).
• Não possuem células móveis em todos os estágios do ciclo de vida.
• Reserva de energia na forma de glicogênio.
• Os fungos normalmente crescem melhores em ambientes em que o pH é muito
ácido, o qual são desfavoráveis para o crescimento da maioria das bactérias
comuns.
• Quase todos possuem forma aeróbica. Algumas leveduras são anaeróbicas
facultativas.
• A maioria dos fungos é mais resistente à pressão osmótica que as bactérias;
muitos, consequentemente, podem crescer em altas concentrações de açúcar
ou sal.
42
• Podem crescer sobre substâncias com baixo grau de umidade, geralmente tão
baixo que impede o crescimento de bactérias.
• Necessitam de menos nitrogênio para um crescimento equivalente ao das
bactérias.
• São capazes de metabolizar carboidratos complexos, tais como lignina
(madeira), que as bactérias não podem utilizar como nutriente.
As características citadas, anteriormente, mostram que os fungos se
desenvolvem em substratos diversos como paredes de banheiro, couro de
sapatos e jornais velhos.

7.2 Tipos de alimentação dos Fungos

Os fungos apresentam grande variedade em relação aos modos de vida,


mas sempre obtêm alimento por absorção de nutrientes do meio.
Decompositores: Os fungos decompositores obtêm seus alimentos pela
decomposição de matéria orgânica. Eles podem atuar como saprófagos,
degradando a matéria orgânica presente no corpo de organismos mortos.
Parasitas: São parasitas os fungos que se alimentam de substâncias retiradas
do corpo de organismos vivos, nos quais se instalam, prejudicando-os. Esses
fungos provocam doenças em plantas e em animais, inclusive no ser humano.
Mutualísticos: Certas espécies de fungos estabelecem relações mutualísticas
com outros organismos, nos quais ambos se beneficiam. Dentre os fungos
mutualísticos, alguns vivem associados a raízes de plantas formando as
micorrizas (raízes que contem fungos). Nesses casos, elas absorvem água do
solo, degradam a matéria orgânica e absorvem os nutrientes liberados,
transferindo parte deles para a planta, que cresce mais sadia. Esta, por sua vez,
cede ao fungo certos açúcares e aminoácidos de que ele necessita como
alimento.
Predadores: Entre os fungos mais especializados estão os predadores, que
desenvolvem vários mecanismos para capturar pequenos organismos,
especialmente nematódeos, utilizando-os como alimento.

Fungos filamentosos (bolores)

43
Multicelulares: Formados por estruturas tubulares (hifas – 2 a 10μm) o conjunto
dessas estruturas constitui o micélio.
Hifas podem ser continuas (cenocíticas ou asseptadas) ou apresentar divisões
transversais (hifas septadas).

Fungos dimórficos
• Apresentam em determinadas condições a fase leveduriforme (37°C, alta
tensão de CO2) e em outras a fase filamentosa.
• A fase de levedura se reproduz por brotamento, enquanto que a fase
filamentosa produz hifas aéreas e vegetativas.
• O dimorfismo nos fungos dependente da temperatura de crescimento. Crescido
a 37°C, o fungo apresenta forma de levedura. Crescido a 25°C, ele apresenta a
forma filamentosa.

Dimórficos são fungos filamentosos que podem, sob determinadas


condições, assumir forma de levedura, diminuindo a capacidade de
filamentação e dividindo-se por brotamento, conferindo às colônias
aspecto cremoso. Esta fase leveduriforme ocorre sob temperatura
acima de 30°C, de preferência a 37°C. São fungos de crescimento
lento (>15 dias) no primo-isolamento (Histoplasma capsulatum e
Paracoccidioides brasiliensis ou moderado (8 a 14 dias), como
Sporothrix schenckii. A identificação é feita pela comprovação do
dimorfismo e pelo aspecto microscópico característico de cada fase.
(PORTO 1998, apud ANVISA 2004, p.18).

Fungos unicelulares (leveduras)


• Células ovais ou esféricas – 1 a 10μm.
• Reprodução por brotamento ou cissiparidade.
•Crescimento geralmente rápido formando colônias cremosas ou membranosas
e ausência de hifas aéreas.
• Em determinadas condições, células em reprodução permanecem ligadas a
célula-mãe, formando pseudo-hifas.

7.3 Leveduras

São fungos da classe dos ascomicetos, os quais pertencem ao filo


Ascomycota. Este filo caracteriza-se por possuir fungos nos quais a produção de
esporos ocorre em esporângios específicos, denominados de ascos.

44
São microrganismos eucariontes, unicelulares, desenvolvem-se na
fermentação alcoólica. Apresentam membrana celular bem definida, pouco
espessa em células jovens, e rígidas em células adultas. As leveduras não
formam filamentos, são imóveis, quimio-heterotróficos e aeróbios facultativos
(metabolismos oxidativo e fermentativo). Reproduzem-se assexuada e
sexuadamente. Não são capazes de utilizar amido e celulose como fonte de
carbono.
Nas indústrias, as leveduras apresentam os seguintes pontos de
interesse:
• São utilizadas na produção do álcool industrial e de todas as bebidas alcoólicas
destiladas ou não;
• São utilizadas na panificação;
• São prejudiciais à conservação de frutos e de sucos vegetais, pois são agentes
de fermentação;
• Algumas espécies são patogênicas às plantas, animais e ao homem.

Morfologia
O tamanho destas células é variado, mas, numa cultura jovem, podem ser
bem uniformes em algumas espécies ou extremamente heterogêneos em outras.
Estas disparidades podem ser usadas para fazer a diferenciação entre as
espécies e algumas vezes até mesmo entre linhagens da mesma espécie.
De maneira geral, as leveduras industriais variam consideravelmente no
que se refere a suas dimensões. A unidade de medida das leveduras assim
como das bactérias é o µm (micrômetro). Muitas leveduras têm de 5 a 30 µm de
comprimento e de 1 a 5 µm de largura.
A célula da levedura pode apresentar várias formas, as quais podem ser
o resultado da maneira de reprodução vegetativa, bem como das condições de
cultivo e da idade da cultura.
A maioria das investigações feitas sobre as estruturas da célula de
levedura é baseada em trabalhos com Saccharomyces cerevisiae. As
informações sobre a citologia da levedura têm sido feitas por observações diretas
ao microscópio óptico, por técnica de coloração da célula para componentes
específicos, por microscopia eletrônica de transmissão, bem como por
microscopia de varredura. Assim, é possível verificar que as principais estruturas
45
das leveduras são: parede celular, membrana plasmática, núcleo, mitocôndrias
e vacúolos.
A parede celular é responsável pela forma da levedura. No caso das
Saccharomyces cerevisiae, a parede é formada por glicano (30 a 34%) e manano
(30%). Ela é fina nas células jovens e espessa nas adultas. As proteínas também
estão presentes, cerca de 6 a 8%; os lipídeos variam de 8,5 a 13,5%. A
quantidade de quitina varia conforme a espécie, sendo que Saccharomyces
cerevisiae apresenta entre 1 a 2% desse composto.
Membrana citoplasmática: Está localizada abaixo da parede celular e sua
função é permitir a entrada seletiva de nutrientes e proteger a levedura da perda
de pequenas moléculas, por vazamento do citoplasma. A composição química
da membrana é glicoproteína, lipídeo e ergosterol (diferente das membranas dos
mamíferos que contém colesterol).
Estruturas de superfície: Algumas leveduras são cobertas por um material
limoso, viscoso e aderente, que é a substância capsular. A maior parte das
cápsulas de leveduras é constituída de polissacarídeo.
Citoplasma: O citoplasma é composto pela porção fluida na qual as organelas
estão localizadas. Ele contém enzimas, carboidratos de reserva (glicogênio e
trealose) e grandes quantidades de ribossomos e polifosfato. De 1 a 5% do DNA
das leveduras pode estar presente no citoplasma.
Núcleo: Bem definido, pequeno esférico ou reniforme, circundado por uma
membrana semipermeável e com funções metabólicas e reprodutivas.
Vacúolos: Quando as células de leveduras são vistas ao microscópio de
contraste de fase, pode-se observar um ou mais vacúolos de tamanhos
diferentes. Eles têm aparência esférica e são mais transparentes a um feixe de
luz que o citoplasma que os circunda. Ao microscópio eletrônico pode-se
observar que o vacúolo é cercado por uma membrana simples e a sua
constituição está relacionada ao transporte de substâncias que são
armazenadas no vacúolo, tais como enzimas, aminoácidos livres e lipídeos. Os
vacúolos também servem como vesículas de armazenamento para várias
enzimas hidrolíticas.
Mitocôndrias: São organelas membranosas, no gênero Saccharomyces, elas
estão geralmente bem próximas da periferia da célula, mas em leveduras
aeróbias apresentam-se distribuídas pelo citoplasma. O número de mitocôndrias
46
pode variar de um a vinte por célula. Essas organelas são envolvidas por
membranas externas e internas; a membrana interna forma as cristas
mitocondriais. Elas são importantes nos processos de conversão aeróbios de
energia. As leveduras são células eucariontes. As células eucariontes são mais
complexas que as células procariontes (bactérias).

7.4 Reprodução, nutrição e crescimento.

As leveduras se reproduzem assexuadamente por brotamento ou


gemulação. Nesse tipo de reprodução, na superfície da célula-mãe, forma-se
uma pequena protuberância (broto) que se transforma em uma célula-filha.
Cada broto que se separa pode tornar-se uma nova levedura ou pode
permanecer ligada à célula-mãe, formando uma cadeia.
Durante sua vida, uma célula madura produz, por gemulação, uma média
de 24 células-filhas. As gemulações sucessivas são sempre formadas em locais
diferentes na superfície celular, permanecendo cicatrizes das gêmulas como
resultado desse processo de reprodução.
Além da reprodução assexuada por brotamento ou gemulação, as
leveduras podem reproduzir-se assexuadamente por cissiparidade ou divisão
binária, forma pela qual os organismos unicelulares reproduzem-se pela simples
divisão da célula. Também se reproduzem por esporos, que é a formação de
esporos sexuados, e é de grande importância biológica.
A esporulação constitui uma fase do ciclo sexual da levedura, isto é, a
alternância da condição haploide e diploide. Esse ciclo permite à levedura sofrer
recombinações genéticas, mutação, hibridação e seleção, processos esses que
levam a mudanças evolutivas (melhoramento genético). Para que a esporulação
ocorra, são necessárias condições de aerobiose, uma vez que pouco ou nenhum
esporo é formado sob condições de anaerobiose (fermentação). Já na fissão a
levedura aumenta de tamanho ou se alonga, o núcleo divide-se e são formadas
duas células-filhas. Durante os períodos de rápida multiplicação, as células
podem dividir-se sem separar-se, formando cadeias de células.
Os fungos (leveduras) são seres heterotróficos e retiram os nutrientes do
meio ambiente circundante. Através da digestão enzimática externa,
transformam as substâncias de maneira que possam ser absorvidas. Se o
47
substrato for completamente oxidado, diz-se que há respiração; se o substrato
for parcialmente degradado, acarretando a formação de metabólitos, diz-se que
há fermentação.

As leveduras têm sido utilizadas pelo homem na fabricação de variados


produtos alimentares, como o vinho, a cerveja, o pão e os iogurtes,
devido à sua particular capacidade para a fermentação de glúcidos. O
primeiro registo que referencia a sua utilização em alimentos data de
6000 a.C., onde é descrito o procedimento para a fabricação de cerveja
na antiga Babilónia. Apesar de as leveduras serem indispensáveis na
indústria alimentar, a sua importância atual expande-se para além
dessas aplicações. As leveduras, organismos eucariotas muito
simples, podem também ser utilizadas como modelos celulares no
estudo de diversas funções da célula, como por exemplo, vias
metabólicas e seus aspectos reguladores ao nível da expressão
genética ou após a tradução. (MOTA 2003, apud FERREIRA, 2012,
p.3).

A levedura como entidade independente realiza a fermentação do açúcar


com o objetivo de conseguir a energia química necessária à sua sobrevivência,
sendo o etanol apenas e tão somente um subproduto desse processo. Se o
homem pretende beneficiar-se dessa habilidade metabólica, ele deve buscar os
conhecimentos que lhe permitam propiciar às leveduras, condições ideais para
que as mesmas trabalhem a seu favor, isto é, com maior eficiência na produção
do etanol.
A célula de levedura possui estruturas para a adequação de sua atividade
metabólica; a fermentação alcoólica (glicólise anaeróbia) ocorre no citoplasma,
enquanto a oxidação total do açúcar (respiração) dá-se na mitocôndria. De
maneira geral, as leveduras necessitam de quatro elementos básicos: Carbono,
Hidrogênio, Nitrogênio e Oxigênio, além de outros em menor quantidade:
Fósforo, Enxofre, Ferro, Zinco, Cobre, Potássio, Magnésio e Cálcio.
Alguns fungos necessitam ainda de determinados fatores de crescimento,
como por exemplo, a tiamina. As leveduras, para crescer, necessitam de uma
fonte de carbono e de uma fonte orgânica ou inorgânica de nitrogênio.
Necessidades nutricionais: Necessitam dos mesmos elementos químicos que
as outras formas de vida.
Fatores de crescimento: Necessitam de determinados fatores de crescimento
tais como vitaminas.

48
As leveduras necessitam de açúcares para crescer, sendo que través da
metabolização dos açúcares, elas produzem álcool e dióxido de carbono, por
isso, tornam-se importantes na indústria de alimentos.
O crescimento das leveduras pode ser considerado um aumento no
número de células, sendo assim, igual ao crescimento das bactérias, o
crescimento é exponencial (crescimento logarítmico). A curva de crescimento é
composta por quatro fases:
Fase Lag ou de espera: Metabolismo altíssimo, mas sem divisão celular. Sua
duração depende do meio de cultura.
Fase Log (exponencial): Rápida divisão celular, as leveduras vão crescer em
progressão geométrica. É uma reta cuja inclinação depende da velocidade da
divisão das leveduras.
Fase estacionária: O número de células permanece quase constantes por um
período de tempo, há baixo consumo de energia e manutenção da viabilidade
celular até o esgotamento dos nutrientes. É influenciada pelo esgotamento dos
nutrientes do meio e o acumulo de produtos finais tóxicos.
Fase de morte ou declínio: As leveduras passam a morrer mais rapidamente
que a população de novas células.

Fonte: estudio01.proj.ufsm.br

Fatores limitantes do crescimento das leveduras


Quase todos os fungos, quando cultivados em condições favoráveis e de
abundância de alimentos de fácil assimilação, crescem rapidamente e, quando
o alimento tende a diminuir, o crescimento também diminui. Outros fatores
importantes no crescimento dos fungos, em especial das leveduras, são:

49
• Temperatura: Tem efeito marcante nos fungos; de uma maneira geral, o ótimo
para todos os fungos está entre 20ºC-30ºC, embora diferentes espécies tenham
outros ótimos de temperatura.
Os Psicrófilos são organismos com ótimo crescimento em temperaturas
abaixo de 20ºC; alguns continuam crescendo mesmo em temperaturas muito
baixas (organismos marinhos e aqueles que causam deterioração em alimentos
congelados). Mesófilos, inclui a maioria, tem ótimo entre 20ºC e 45ºC.
Termófilos tem ótimo crescimento em temperaturas acima de 45ºC, incluem
fungos de compotas, pilhas de feno em fermentação e fontes termais.
• pH: As leveduras crescem em variação de pH entre 2,5 e 8,5, mas, de maneira
geral, o pH ótimo é neutro, sendo que as mesmas não toleram pH alcalino.
• Oxigênio: As leveduras são capazes de crescimento anaeróbio facultativo.
Podem utilizar o oxigênio ou um composto orgânico como aceptor final de
elétrons, isso permite que esses fungos sobrevivam a vários ambientes. Em
presença de oxigênio, as leveduras respiram aerobicamente para metabolizar
carboidratos e formar dióxido de carbono e água; na ausência de oxigênio elas
fermentam os carboidratos e produzem etanol e dióxido de carbono.
• Água: É indispensável para o crescimento dos fungos. Pouquíssimos fungos
podem desenvolver-se em pequeno grau de umidade.

8 VÍRUS

Fonte: infoescola.com

50
Os vírus não são considerados organismos vivos porque são inertes fora
das células hospedeiras. Diferem dos demais seres vivos pela ausência de
organização celular, por não possuírem metabolismo próprio e por necessitarem
de uma célula hospedeira. No entanto, quando penetram em uma célula
hospedeira, o ácido nucleico viral torna-se ativo ocorrendo a multiplicação.

8.1 Características dos vírus

• Possuem um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA.


• Possuem uma cobertura proteica, envolvendo o ácido nucleico.
• Multiplicam-se dentro de células vivas, usando a maquinaria de síntese das
células.
• Induzem a síntese de estruturas especializadas, capazes de transferir o ácido
nucleico viral para outras células.
• Parasitas obrigatórios apresentando incapacidade de crescer e se dividir
autonomamente.
• Replicação somente a partir de seu próprio material genético.

8.2 Estrutura viral

Um virion é uma partícula viral completa, composta por ácido nucleico,


envolto por uma cobertura proteica que protege do meio ambiente e serve como
veículo na transmissão de um hospedeiro para o outro. Os vírus são
classificados de acordo com as diferenças na estrutura desses envoltórios.

Capsídeo e envelope: O ácido nucleico dos vírus é envolvido por uma cobertura
proteica chamada de capsídeo. A estrutura deste é denominada pelo genoma
viral e constitui a maior parte da massa viral. O capsídeo é formado por
subunidades proteicas chamadas de capsômeros.
Em alguns vírus, o capsídeo é coberto por um envelope que, consiste de
uma combinação de lipídios, proteínas e carboidratos. Alguns vírus animais
saem do hospedeiro por um processo de extrusão, no qual a partícula é
envolvida por uma camada de membrana plasmática celular que vai constituir o

51
envelope viral. Os vírus cujos capsídeos não estão cobertos por um envelope
são conhecidos como vírus não-envelopados.

8.3 Classificação morfológica

Fonte: br.freepik.com

Podem ser classificados com base na arquitetura do capsídeo.


• Vírus helicoidais: O genoma viral está no interior de um capsídeo cilíndrico
oco com estrutura helicoidal.
• Vírus poliédricos: O capsídeo da maioria deles tem a forma de um icosaedro.
São exemplos o adenovírus e o poliovírus.
• Vírus envelopados: O capsídeo e coberto por um envelope.
• Vírus complexos: Alguns vírus, especialmente os bacterianos, possuem
estruturas complicadas e por isso são denominados complexos.
Um bacteriófago ou gagos (vírus que atacam bactérias) é um exemplo de
vírus complexo. Um fago é capaz de aderir à parede celular de uma bactéria
hospedeira, perfurando-a e nela injetando seu DNA. O capsídeo proteico do
fago, formado por uma cabeça e uma cauda, permanece fora da bactéria.

8.4 Multiplicação de bacteriófagos

O ciclo de vida viral mais conhecido é o dos bacteriófagos, que podem se


multiplicar por dois mecanismos alternativos: o ciclo lítico (termina com a morte

52
da célula hospedeira) ou ciclo lisogênico (a célula permanece viva).
Bacteriófagos são vírus que parasitam células bacterianas.

Os bacteriófagos que desenvolvem o ciclo lítico são potenciais para


uso do controle biológico de bactérias. Esses fagos ligam-se a
receptores específicos da bactéria-alvo, que podem ser proteínas,
peptidioglicanos, lipopolissacarídeos, cápsula ou flagelo. O material
genético do bacteriófago é injetado no interior da bactéria, após a
ligação, que nos fagos caudados ocorre por meio de contração da
cauda. Segue-se então a replicação viral, pela qual o genoma do
bacteriófago é transcrito pela RNA polimerase da bactéria hospedeira,
gerando RNA mensageiro e redirecionando a maquinaria metabólica
da bactéria para a formação de novas partículas virais, que se reúnem
formando novos fagos, liberados após o rompimento da bactéria.
(RAKHUBA, 2010 apud SOUZA, 2012, p. 15).

9 METABOLISMO E CINÉTICA DOS MICRORGANISMOS

É o conjunto de todas as reações bioquímicas que ocorrem em uma célula


ou organismo, indispensáveis para a manutenção da estrutura e da fisiologia.
Essas reações são responsáveis pelos processos de síntese e
degradação dos nutrientes na célula e constituem a base da vida, permitindo o
crescimento e a reprodução das células. O metabolismo é catalisado por
sistemas integrados de enzimas que mediam reações que requerem energia e é
constituído pelo anabolismo, que envolvem utilização de energia e pelo
catabolismo, que envolvem liberação de energia.
O metabolismo é a manutenção das atividades vitais de uma célula; a
síntese de compostos orgânicos, componentes estruturais e funcionais, e a
degradação de compostos orgânicos para a síntese de ATP (Trifosfato de
Adenosina).

Anabolismo
É o conjunto de todas as reações de síntese de compostos orgânicos
estruturais (proteínas da membrana plasmática, glicoproteínas) e funcionais
(enzimas, hormônios) de uma célula. É a síntese de moléculas complexas a
partir de moléculas simples com consumo de ATP, que foi liberado pelo
catabolismo e que não foi usado; são reações endoenergéticas.

53
Um grande exemplo disso é a fotossíntese e a quimiossíntese. Essas
reações são importantes para o crescimento, a construção e o reparo de
estruturas celulares.
A fotossíntese é a síntese de carboidratos a partir de água (H2O) e dióxido
de carbono (CO2), utilizando energia luminosa, que é absorvida pela clorofila e
transformada em energia química (ATP). A energia luminosa é transformada em
energia química, com auxílio da clorofila.
A quimiossíntese é um processo de síntese de substâncias orgânicas que
utiliza o dióxido de carbono (CO2) como fonte de carbono, porém em vez de
utilizar a energia luminosa, usa a energia proveniente da oxidação de
substâncias inorgânicas, como a amônia, o enxofre, os nitritos e o ferro.

Catabolismo
É o conjunto de todas as reações de degradação dos compostos
orgânicos complexos em compostos orgânicos mais simples, com liberação de
ATP. Fornece energia requerida para os processos vitais, incluindo movimento,
transporte e síntese de moléculas complexas; exemplos disso são a respiração
celular (aeróbica) e a fermentação.
A respiração aeróbica se dá pela quebra de moléculas orgânicas,
geralmente a glicose, em presença de O2 com liberação de energia, dióxido de
carbono e água. A energia liberada é armazenada em moléculas de ATP. É mais
eficiente na obtenção de energia do que a fermentação.
A respiração aeróbica se desenvolve em três etapas:
• Glicólise: Ocorre no hialoplasma da célula, é o conjunto de reações iniciais da
degradação da glicose. Tem início com a ativação da glicose, que recebe dois
grupos fosfato, fornecidos pelo ATP, que se transforma em ADP (Difosfato de
Adenosina).
• Ciclo de Krebs: Ocorre na matriz mitocondrial. Basicamente, nesta segunda
fase, opera-se a oxidação da molécula de triose (açúcar de três carbonos) em
três moléculas de dióxido de carbono, com liberação de elétrons e prótons, que
são temporariamente capturados por transportadores específicos: os NAD
(nicotinamida-adenina-dinucleotídeo) e os FAD (flavina-adenina-dinucleotídeo).
• Cadeia respiratória: Ocorre no interior das cristas mitocondriais, onde o
hidrogênio liberado nas várias etapas combina-se com o oxigênio e forma água.
54
Tal reação libera uma grande quantidade de energia, que é armazenada sob
forma de moléculas de ATP.
A fermentação é o conjunto de reações químicas com ausência de
oxigênio, controladas por enzimas. Conduz, geralmente, à cisão parcial da
molécula de glicose, resultando em disponibilidade energética inferior se
comparada à respiração aeróbia.
Esse processo tem grande importância econômica, sendo utilizado na
fabricação de álcool combustível, de bebidas alcoólicas, pães e outros alimentos.
Na fermentação uma molécula de glicose gera 2 ATP. A fermentação depende
do tipo de microrganismo presente.
• Fermentação alcoólica: É produzido, como produto final, o etanol e o dióxido
de carbono, produtos utilizados pelo homem na produção de álcool combustível,
vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas, e também na produção dos pães.
• Fermentação láctica: É produzido, como produto final, geralmente a partir da
lactose do leite. O acúmulo de ácido láctico baixa o pH e causa a coagulação
das proteínas, formando coalho, usado na fabricação de queijos e iogurtes.
• Fermentação acética: O produto final é o ácido acético que causa o azedar
do vinho e dos sucos de frutas, transformando-os em vinagre.
A presença de leveduras contaminantes (selvagem) tem trazido sérios
problemas para a fermentação, tanto na produção de vinhos como na fabricação
de cerveja.
Os problemas referem-se ao processo fermentativo e, principalmente à
deterioração do produto final, provocando o aparecimento de sabores e aromas
que descaracterizam a bebida. Na produção de álcool, a partir do melaço e/ou
do caldo-de-cana, a presença de leveduras contaminantes tem sido pouco ou
raramente mencionada.
Para que um microrganismo seja aplicado na indústria, é necessário que
ele tenha as seguintes características:
• Não ser patogênico;
• Apresentar elevada eficiência na conversão do substrato em produto;
• Não exigir condições de processo muito complexas;
• Não exigir meio de cultura muito dispendioso;
• Apresentar constância quanto ao comportamento fisiológico;
• Permitir a rápida liberação do produto para o meio, etc.
55
9.1 Cinética dos processos fermentativos

A cinética do crescimento microbiano permite o conhecimento das


condições favoráveis para conduzir e controlar os processos fermentativos. São
dois os objetivos da cinética do crescimento microbiano:
• Medir as velocidades de transformações que ocorrem durante os processos
fermentativos, como o consumo de substratos, acúmulo de produtos e de
biomassas;
• Estudar a influência de fatores como a temperatura, pH, água, oxigênio, etc. O
crescimento do microrganismo ocorre em diversos ambientes físicos e químicos.
Os microrganismos desenvolvem suas atividades vitais em meios de
elevada complexidade, transformando substâncias em outras, podendo conduzir
a resultados de interesse econômico. O processo fermentativo consiste numa
complexa transformação de nutrientes de um meio de cultura, pela ação
metabólica dos microrganismos presentes, em produtos e mais células
microbianas.

9.2 Crescimento microbiano-tempo de geração

Durante a fase exponencial, cada microrganismo divide-se em intervalos


constantes. Assim, a população duplicará num intervalo específico de tempo
chamado tempo de geração (g), é o tempo necessário para uma população
microbiana duplicar em massa ou em número. Varia conforme o tipo de
microrganismo, a idade, a espécie, as condições do meio, dentre outros fatores.

9.3 Métodos para quantificação do crescimento

Existem diferentes processos para medir o crescimento microbiano,


determinar a taxa de crescimento e o tempo de geração. A massa microbiana e
o número de células podem ser seguidos porque o crescimento conduz a um
aumento de ambos. Os principais métodos são:
Quantificação direta: Contagem em placas, filtração e contagem direta ao
microscópio.
Quantificação indireta: Turbidimetria e atividade metabólica.
56
9.4 Fatores que regulam o crescimento dos microrganismos

A curva de crescimento é regulada através das associações em que vivem


os microrganismos tais como simbiose, antagonismo, sinergismo e metabiose;
dos fatores inerentes ao meio de crescimento dos microrganismos (intrínsecos)
e dos fatores do ambiente externo ao meio de crescimento dos microrganismos
(extrínsecos).
Simbiose: Os microrganismos convivem harmonicamente. Em condições ideais
para o crescimento de todos eles, há sempre uma predominância das bactérias
sobre as leveduras e estas sobre os fungos.
Antagonismo: A presença de um determinado microrganismo inviabiliza a
presença de outro.
Sinergismo: Dois ou mais microrganismos em convívio simultâneo, apresentam
suas funções metabólicas potencializadas.
Metabiose: Ocorre uma predominância de um grupo de microrganismos que vão
sendo, sucessivamente, substituídos em consequência da modificação
progressiva do meio, ou seja, os metabolitos produzidos tornam-se tóxicos para
um grupo, sendo ideal para outro e, assim sucessivamente, até o esgotamento
total de nutrientes que inviabilize a vida.
A embalagem é uma barreira entre os fatores intrínsecos e extrínsecos.

10 PROVAS BIOQUÍMICAS E CULTURA DE MICRORGANISMOS

Como muitas vezes um determinado microrganismo possui um sistema


enzimático específico, promovendo transformação bioquímica específica e as
provas bioquímicas podem ser utilizadas na prática para a sua caracterização.
Dentre eles destacam-se:
Prova de catalase: A catalase é uma enzima que decompõe o peróxido de
hidrogênio (H2O2) em água e oxigênio. É produzida por muitos microrganismos,
e usualmente empregada para diferenciar Estafilococos, (catalase positivos), de
Estreptococos, (catalase negativos). A prova é considerada positiva quando há
borbulhamento ou efervescência devido à liberação do oxigênio.
Prova da citocromo-oxidase: Sistema enzimático relacionado com os
citocromos da cadeia respiratória de alguns microrganismos. A prova é
57
considerada positiva quando, na mistura do reagente com a massa bacteriana,
desenvolve-se a cor púrpura em até 1 minuto. Na reação negativa, não há
desenvolvimento de cor púrpura.

Utilização de fontes de carbono


Provas fermentativas: Um determinado carboidrato pode ser fermentado e
originar diferentes produtos finais, o que depende do microrganismo envolvido.
Isso pode gerar gás, que pode ser detectado pela presença de bolhas no
tubo de Durham, e ácidos orgânicos, que podem ser detectados pela mudança
de cor do indicador. Mesmo com uma reação negativa, o microrganismo pode
ter utilizado outros nutrientes do meio de cultura do teste, como a peptona.
As leituras devem ser feitas em, no máximo, 24h, uma vez que uma
incubação prolongada pode mascarar a produção de ácido, pois ocorre produção
de substâncias alcalinas resultantes da ação enzimática sobre outros substratos.
Hidrólise do amido: As moléculas de amido são constituídas por amilose e
amilopectina as quais são rapidamente hidrolisadas por algumas bactérias,
originando dextrinas, glicose e maltose. Utiliza-se uma solução de iodo para
indicar a presença de amido.
Quando o iodo entra em contato com o amido, forma um complexo azul
acastanhado. O amido hidrolisado não produz alteração de cor. Se aparecer uma
zona clara após a adição de iodo a um meio que contenha amido e crescimento
bacteriano, é porque a α-amilase foi produzida pela bactéria. Se não ocorrer uma
zona clara, o amido não foi hidrolisado.

Provas IMVIC
Estas provas permitem diferenciar os principais grupos de
Enterobacteriaceae, pois são baseadas nas propriedades bioquímicas e nas
reações enzimáticas na presença de substratos específicos.
Prova do Indol: O indol é produzido a partir do triptofano existente no meio de
cultura sob a ação da triptofanase, há também a produção de ácido pirúvico e
amônia. O indol pode ser detectado pela formação de um anel rosa, “Pink”, na
parte superior do tubo, após a adição de p-dimetilaminobenzaldeído (reativo de
Erlich).

58
Prova do Vermelho de Metila (VM): Esta prova avalia a capacidade do
microrganismo de oxidar a glicose com produção e estabilização de altas
concentrações de produtos finais ácidos. Serve para diferenciar organismos
entéricos, em particular, Escherichia coli de Escherichia aerogenes.
Embora todas as enterobactérias fermentem glicose, alguns
microrganismos, durante a fase final de incubação, convertem esses ácidos em
produtos não ácidos como o etanol, o que resulta num pH mais elevado (pH 6).
O indicador de pH é o vermelho de metila que, em pH abaixo de 4,4 é vermelho
e acima de 6 é amarelo.
Prova de Voges-Proskauer (VP): Há bactérias que utilizam a fermentação
butilenoglicólica. Elas fermentam a glicose, produzindo acetil-metil-carbinol
(acetoína), butilenoglicol e pequenas quantidades de ácidos. Quando KOH (4
gotas do Barrit II) é adicionado e na presença de O2 atmosférico, a acetoína é
oxidada a diacetil.
Citrato: Este teste determina se a bactéria é capaz de utilizar o Citrato de sódio
como única fonte de carbono para o seu metabolismo e crescimento. Deve ser
utilizado o meio Citrato de Simmons, composto por Citrato de sódio, fosfato de
amônia e por azul de bromotimol.
Com a facilidade do transporte de Citrato pela citrato-permease, ela é
utilizada pela citrase com produção de hidróxido de amônia, o que eleva o pH
fazendo com que a reação se torne azul. Nesse teste, utilizam-se tubos com
meio inclinado para ter mais acesso ao oxigênio, necessário para a utilização do
citrato. O CO2 produzido reage com o sódio do citrato formando carbonatos de
reação alcalina.

Utilização de fontes de proteínas, aminoácidos e enzimas.


Prova do sulfureto de hidrogênio (H2S): Algumas bactérias são capazes de
degradar compostos que contêm enxofre (como o tiossulfato de sódio e a
cisteína das peptonas), através do tiossulfato redutase, produzindo H2S que é
incolor. Este reage com o ferro e forma um precipitado preto (sulfeto ferroso).
Para que esta reação ocorra, é necessário que o meio esteja ácido.
Hidrólise da gelatina: O objetivo desta prova é determinar a capacidade do
microrganismo de excretar uma enzima hidrolítica extracelular, chamada
gelatinase, capaz de degradar a gelatina.
59
A gelatina é uma proteína produzida pela hidrólise do colágeno. Abaixo
dos 25ºC e mantém as suas propriedades de gel e é sólida, enquanto acima dos
25ºC é líquida. Determinados microrganismos têm capacidade de produzir a
gelatinase, que atua hidrolisando a gelatina em aminoácidos.
Se a degradação ocorre, não se conseguem restaurar as características
de gel da gelatina, mesmo a baixas temperaturas. A hidrólise da gelatina é uma
característica importante na diferenciação dos microrganismos e pode também
ser usada para determinar a sua patogenicidade.

Prova da motilidade
A prova da motilidade indica, indiretamente, a produção de flagelos. Não
é uma prova bioquímica, e sim fisiológica, mas auxilia na identificação de
bactérias. A prova é efetuada inoculando-se, em linha reta, através da técnica
da puntura (com agulha), 2/3 de um meio semissólido.
A prova indica motilidade quando os microrganismos crescem
deslocando-se da linha de inoculação, turvando o meio e é negativa quando os
microrganismos ficam restritos ao local da inoculação sem, contudo, turvar o
meio. O objetivo da prova de motilidade é determinar se um microrganismo é
móvel ou imóvel, ou seja, se tem ou não flagelo.

11 MEIOS DE CULTIVO

Chamados também de meios de cultura, consistem em material nutritivo,


preparado em laboratório, que se destina ao cultivo artificial de microrganismos.
Devem conter as substâncias exigidas pelas bactérias para o seu crescimento e
multiplicação.
Além de nutrientes, é igualmente necessário que as condições de
oxigênio, pH e pressão osmótica sejam adequadas ao cultivo do microrganismo.

11.1 Classificação dos meios de cultivo

Líquidos: São aqueles em que os nutrientes estão dissolvidos em uma solução


aquosa.

60
Semissólidos: São aqueles que possuem, na sua composição, além dos
nutrientes, uma pequena porcentagem de ágar, polissacarídeo proveniente de
algas marinhas. São geralmente utilizados em tubos e, a partir desse tipo de
cultura, é possível observar a motilidade bacteriana.
Sólidos: São aqueles que possuem uma porcentagem maior de ágar (2%), além
dos nutrientes. Podem ser dispostos em tubos ou em Placas de Petri,
dependendo da finalidade. É o meio ideal para que seja feito o estudo da
morfologia colonial.

Quanto à função:
Simples: Possuem os componentes essenciais para o crescimento de
microrganismos pouco exigentes. Ex.: caldo simples.
Complexos: São adicionadas ao meio simples substâncias enriquecedoras
como sangue, soro, ovo, extrato de leveduras, etc. Ex.: Ágar sangue.
Seletivos: São aqueles que favorecem o desenvolvimento de determinados
microrganismos em detrimento de outros, geralmente pela adição de
substâncias inibidoras. Ex.: Ágar Salmonella-Shigella.
Diferenciais: Permite o desenvolvimento de grupos de microrganismos com
características relativamente definidas, o que permite diferenciar um grupo ou
uma espécie de microrganismo. Ex.: Ágar MacConkey.

12 TÉCNICAS DE SEMEADURA

A escolha da técnica para o cultivo de microrganismos em condições


laboratoriais varia de acordo com o tipo de meio de cultura e a finalidade do
cultivo, porém algumas regras devem ser seguidas nas inoculações:
a) A agulha e alça bacteriológica devem ser esterilizadas por flambagem antes
e após qualquer cultivo. Deve-se tomar cuidado para esfriá-las antes da coleta.
b) Os recipientes devem sempre ser abertos próximos à chama do bico de
Bunsen.
c) Deve-se evitar ao máximo que as tampas dos tubos e placas fiquem abertos
sob a bancada durante o cultivo.

61
Nunca se deve colocar o tampão do tubo sobre a bancada. As alças e
agulhas bacteriológicas são feitas de fio de platina ou níquel-cromo.

A fonte orgânica mais comumente utilizada é a glicose, porém, o seu


custo elevado acaba muitas vezes inviabilizando o cultivo. Uma
alternativa para a redução dos custos é a substituição de fontes de
carbono onerosas por substratos de baixo custo, como amidos e
derivados. (FRANCISCO, 2013 apud MARONEZE, 2014, p.2).

13 RELAÇÃO ENTRE AGENTE X HOSPEDEIRO

O primeiro requisito para o estabelecimento de uma infecção é que o


patógeno entre em contato com a camada de muco que recobre a superfície
epitelial da mucosa do hospedeiro. Feito o contato inicial, o patógeno adere as
células epiteliais para escapar dos mecanismos de remoção bacteriana
disponível no local, como o fluxo das secreções e a ação mucociliar.
A aderência permanente da bactéria ao tecido do hospedeiro requer o
estabelecimento de ligações especificas entre estruturas complementares na
superfície das bactérias e da célula epitelial. Essas estruturas compreendem as
adesinas (fimbrias, fibrilas e Glicocálices), na superfície bacteriana, e os
receptores, na superfície da célula epitelial.
A maioria das bactérias para estabelecer um processo infeccioso precisa
penetrar as mucosas (invasão) e disseminar-se pelo organismo do hospedeiro,
entretanto, algumas espécies bacterianas, como o Vibrio cholerae e a
Escherichia coli enteropatogenica não penetram na mucosa, mas causam seus
efeitos prejudiciais por meio de exotoxinas.
E indispensável que haja receptores no nível do epitélio do hospedeiro
para que ocorra a fixação do agente produtor da infecção.

13.1 Multiplicação nos tecidos do hospedeiro

Para ser patogênica, uma bactéria deve ser capaz de sobreviver e


multiplicar-se nos tecidos do hospedeiro. A velocidade com que esses nutrientes
são encontrados e utilizados é extremamente importante. Outros fatores que
podem contribuir para limitar o crescimento microbiano no início de uma

62
infecção, é a alta tensão de oxigênio que restringe o crescimento de anaeróbios,
ou a escassez de ferro livre. Muitas bactérias patogênicas secretam compostos
quelantes de ferro. O número de células que se multiplicam, depende de
condições favoráveis encontradas no epitélio do hospedeiro. A gravidade da
doença depende da virulência do agente infeccioso.

Produção de toxinas

Fonte: monfortmanagement.com

As bactérias patogênicas podem provocar danos aos tecidos do


hospedeiro através de produção de toxinas e desencadeamento de reações
imunológicas prejudiciais e, algumas vezes, mortais. A maioria dessas toxinas e
exotoxina, isto e, após serem produzidas pelas bactérias são eliminadas para o
meio ambiente.
No caso da infecção, a produção de toxina ocorre no epitélio do
hospedeiro por bactérias aderentes e ou invasivas. Uma característica comum
das exotoxinas e sua natureza proteica.
As endotoxinas são componentes integrantes da membrana externa da
parede das bactérias Gram-negativas. A natureza química das endotoxinas só
exerce seus efeitos tóxicos, quando são liberadas durante a lise bacteriana.

A toxina botulínica é uma proteína produzida pela bactéria Clostridium


botulinum, causadora do botulismo. Entretanto, ganhou maior
destaque e vem sendo amplamente utilizada na Medicina, tanto para
fins cosméticos (na eliminação temporária de rugas e linhas de
expressão), como no tratamento de diversas doenças e outras
condições (distonias, torcicolos, espasmos musculares, estrabismo,
63
suor excessivo, enxaqueca, fibromialgia). (JASPERS 2011, apud
PEDRON, 2014, p.2).

14 NORMAS EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA

Os laboratórios devem obedecer a uma série de normas que visam


eliminar e minimizar os riscos de contaminação, visto que, sempre existe a
possibilidade de se estar trabalhando com material contaminado por patógenos.
Ao realizarem as diferentes análises estão permanentemente em contato com
microrganismos patógenos e apatógenos e a observação destas normas visa
também, além do acima exposto, assegurar a exatidão dos resultados das
análises efetuadas.

14.1 Processo de esterilização, desinfecção e preparo do material

Esterilização implica no uso de agentes físicos e/ou químicos para


eliminar totalmente os organismos vivos de um material. Em contrapartida, o
termo desinfecção se entende pelo uso de agentes químicos germicidas para
destruição da infeciosidade potencial de um dado material, não implicando,
portanto, na eliminação total dos organismos vivos.

Agentes utilizados
Calor úmido: Técnica preferencial para esterilização de todo o material, com
exceção daqueles que por qualquer razão poderiam sofrer alterações (por
exemplo: soluções de açúcares). Recomenda-se o uso de autoclave a 121°C por
15 minutos.
Calor seco: A esterilização segura pelo calor seco requer uma temperatura de
160ºC por 1 ou 2 horas. A esterilização por calor seco é usada de uma maneira
geral para materiais de vidro ou metal.
Radiação UV: O efeito bactericida muito conhecido da luz solar deve-se na
realidade às irradiações ultravioletas que é um desnaturante protéico.Quanto
menor o comprimento de onda, maior sua ação bactericida.

64
Agentes químicos: Dissolução dos lipídios da membrana celular (detergentes
lipossolubilizantes). Alterações irreversíveis das proteínas (mediante o uso de
desnaturalizantes, quelantes, etc.).

15 ETAPAS DE PREPARAÇÃO DO MATERIAL

Todo material resultante das análises microbiológicas é altamente


contaminado, com milhares de vezes do número de células viáveis em
comparação com as contagens, normalmente, encontradas nos alimentos. Esse
material inclui meio de cultura onde foi obtido o crescimento microbiano. Toda
vidraria e demais utensílios que tenham entrado em contato com os
microrganismos, para a descontaminação deve ser submetido à esterilização em
autoclave a 121°C por 30 minutos. Portanto, antes se deve afrouxar as tampas
de todos os frascos com detergente para amolecer resíduos em pipetas e facilitar
a remoção, durante a etapa seguinte de lavagem.

15.1 Lavagem

Na lavagem de vidrarias e demais utensílios, os detergentes mais


utilizados são os que contêm compostos alcalinos como silicatos, carbonatos ou
fosfatos.
Quando é necessária a aplicação de agentes mais fortes, no caso por
exemplo, de pipetas que não permitam a introdução de escovas usa-se,
frequentemente, solução sulfocrômica, constituída de ácido sulfúrico e dicromato
de potássio e a solução alcoólica 1N de hidróxido de sódio. O enxofre desse
material deve garantir a total eliminação de resíduos que podem interferir e
prejudicar os resultados das análises.
O bom resultado analítico depende de todos os cuidados higiênicos no
laboratório, com a amostra, a área física, os materiais de análises e com o
laboratorista.

65
15.2 Acondicionamento

• Placas de Petri – devem ser acondicionadas em estojos de alumínio ou aço


inoxidável ou embrulhadas em papel Kraft em grupos de até 10 placas.
• Pipetas – preencher o bocal com algodão e acondicionar em porta pipetas com
as pontas viradas para baixo. Na extremidade oposta à da tampa é prudente
proteger o fundo do estojo com gaze ou algodão.
Pode-se também embrulhar individualmente em papel Kraft, identificando-
se a extremidade que deve ser aberta no momento da análise.
• Tubos de ensaio vazios – fechar com tampão de algodão ou com as respectivas
tampas. Acondicionar em grupos, em cestas apropriadas, cobrir a parte superior
dos tubos com papel Kraft e amarrar com barbante.
Deve-se proceder da mesma forma com frascos de homogeneização e
outros frascos vazios.
• Espátulas, pinças, tesouras e demais utensílios – embrulhar individualmente
com papel Kraft, identificando a extremidade do embrulho que deve ser aberta
no momento da análise.
Muitos laboratórios utilizam métodos rápidos de analises microbiológicas.
Usa-se também placas de petri e ponteiras de pipetas automáticas descartáveis.

15.3 Esterilização

Na esterilização em estufa, o material deve permanecer a 170°C/1h e na


esterilização em autoclave a 121°C/15 minutos. Deve-se evitar trabalhar com a
estufa ou autoclave muito cheias para facilitar transferência de calor.
A esterilização de vidrarias deve ser feita, preferencialmente, em estufa,
porque ao final da esterilização o material encontra-se completamente seco.

A limpeza e esterilização dos instrumentais devem ser realizadas


cuidadosa e exaustivamente, pois são responsáveis por exterminar
toda a matéria orgânica, reduzir a carga microbiana e eliminar todas as
formas de vida microbiana presentes. Esta esterilização requer local
apropriado e profissional capacitado a realiza-la. (ANVISA, 2014 apud
PEREIRA 2019, p. 1).

66
15.4 Contagem total de microrganismos em placas

A contagem de microrganismos em placas é um método utilizado para


contagem de grupos microbianos em geral, tais como os aeróbios mesófilos,
aeróbios Psicrófilos, bolores e leveduras e os clostrídios sulfito redutores.
É utilizado ainda para a contagem de gêneros e espécies específicas,
desde que utilizado um meio seletivo específico para cada gênero, a exemplo de
contagem de Estafilococos aureus, Bacillus cereus, Vibrio parahaemolyticus e
outros.
O método de contagem total em placas se baseia na premissa de que
cada colônia microbiana formada é originária de uma célula ou de uma unidade
formadora de colônia presente em uma amostra.
Variando o tipo de meio de cultura (enriquecido, seletivo, seletivo
diferencial) e as condições de incubação (temperatura e atmosfera) é possível
selecionar o grupo, gênero ou espécie que se deseja contar.

16 MICROBIOTA CORPORAL NORMAL

Fonte: oarquivo.com.br

O conhecimento científico sobre as interações humanas relacionadas à


diversidade de microrganismos componentes da microbiota humana se
desenvolveu nos últimos anos em diferentes áreas da ciência. A microbiota

67
humana é o conjunto de microrganismos que reside no organismo, o que traz
benefícios mútuos.
No corpo humano encontra-se grande quantidade de microrganismos, os
quais se distribuem em diferentes órgãos e tecidos, podendo-se encontrar dez
vezes mais células microbianas que células humanas. A distribuição dos
microrganismos depende de vários fatores, tais como: umidade, acidez,
temperatura e disponibilidade de nutrientes. Esses microrganismos influenciam
o sistema imunológico, a resistência aos patógenos e o aproveitamento dos
alimentos.

Os primeiros estudos científicos sobre microrganismos e suas


interações com o hospedeiro humano ocorreram na segunda metade
do século XIX. Pasteur (final do século XIX) afirmou que “Os micróbios
são necessários para a vida normal”. Metchnikoff (1908) também
afirmou que “A composição da flora é essencial para o bem-estar do
hospedeiro e é importante entender as interações entre hospedeiro e
bactérias”. (FONSECA 2011, apud MOREIRA 2015, p. 47).

Os diferentes microrganismos componentes desta microbiota exercem


funções importantes e fundamentais para a saúde. A aquisição de uma
microbiota residente, ou seja, uma população microbiana que permanece no
corpo ao longo da vida ocorre em etapas.
A colonização dá-se pela pele (Staphylococcus epidermidis), seguida pela
orofaringe (estreptococos α – hemolíticos) e, em seguida, o trato gastrointestinal
e outras mucosas. O organismo humano fornece habitats com condições
ambientais favoráveis distintas que selecionam o crescimento e distribuição das
populações microbianas em resposta a fatores externos e fisiológicos do
hospedeiro como idade, dieta, estado hormonal, saúde e higiene pessoal.
Na microbiota humana os microrganismos podem ser mutualistas,
comensais e oportunistas:
Mutualistas são os microrganismos que protegem o hospedeiro, pois produzem
nutrientes importantes e colaboram para o crescimento e desenvolvimento do
sistema imunológico.
Comensais são os microrganismos que mantêm associações sem benefícios ou
malefícios detectáveis, sendo estas associações neutras.
Oportunistas são os microrganismos que causam doenças em indivíduos com
o sistema imune comprometido devido a vários fatores, tais como nos casos de:

68
infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida humana, terapia
imunossupressora de transplantados, radioterapia, quimioterapia anticâncer,
queimaduras extensas ou perfurações das mucosas.
O organismo humano dispõe de mecanismos de defesa contra a
patogênese bacteriana decorrente da microbiota humana. Porém, alguns
microrganismos podem agir como oportunistas, sendo assim, a microbiota
constitui-se em reservatório de bactérias patogênicas e estas podem invadir os
tecidos do hospedeiro causando doenças graves, mas apenas no caso de
imunodeficiência transitória ou persistente.

16.1 Benefícios da microbiota humana

A microbiota é multifuncional e tem a capacidade de auxiliar na digestão


de polissacarídeos vegetais, na biotransformação de conjugados ácidos da bile
e na degradação de oxalatos, de sintetizar e excretar vitaminas, como ocorre
com bactérias entéricas, que produzem vitaminas K e B12 e bactérias láticas,
que produzem outras vitaminas do complexo B, de impedir a colonização por
patógenos, por meio da competição por sítios e nutrientes essenciais, de
antagonizar outras bactérias, por meio de síntese de substâncias inibidoras ou
letais contra espécies não pertencentes à microbiota normal, de promover o
desenvolvimento de tecidos, como o ceco e tecido linfático no trato
gastrointestinal, de estimular a produção de anticorpos naturais, em baixos
níveis, contra os componentes da microbiota normal e que são capazes de
reconhecer cruzadamente patógenos relacionados e de ajudar o sistema imune
na apresentação de antígenos, o que torna o organismo mais tolerante a alguns
determinantes imunológicos, reduzindo assim as respostas alérgicas a comida e
antígenos ambientais.

16.2 Variação da microbiota ao longo da vida

O desenvolvimento da microbiota ocorre logo após o nascimento e esta


influencia a fisiologia do hospedeiro, o desenvolvimento e morfogênese de
órgãos e a manutenção do equilíbrio de tecidos e órgãos.

69
As partes do corpo expostas ao ambiente, como a pele e a mucosa,
rapidamente sofrem colonização por diversos microrganismos. Estes se
distribuem de maneira não uniforme compondo a microbiota normal, a qual
permanece em desenvolvimento no indivíduo até o fim de sua vida. Graças a
essa distribuição, cada região habitada no organismo possui uma microbiota
com características próprias. Estudos mostram que a forma de nascimento pode
afetar no desenvolvimento da microbiota de recém-nascidos podendo afetar
ainda a saúde futura do indivíduo.
A criança entra em contato com os microrganismos da mãe durante a
passagem pelo canal vaginal e através do próprio ambiente hospitalar. As que
nascem de cesariana tem este último fator como elemento primordial.
A população bacteriana se desenvolve logo no primeiro dia de vida e
quando nos tornamos adultos a nossa população bacteriana já excede o nosso
número total de células somáticas e sexuais. A microbiota no período perinatal
é influenciada pela microbiota materna, a forma de nascimento, o tipo de
alimentação, além de outros fatores.
A composição da microbiota no período neonatal e depois parece ter
papel relevante na saúde, mas os pesquisadores ainda têm muito para aprender
sobre o processo de formação da microbiota em bebês e quais aspectos podem
ter relação causal com doenças futuras. O envelhecimento é acompanhado por
alterações orgânicas que podem gerar problemas clínicos.
Adultos com mais de 65 anos de idade têm alta prevalência de doenças
comorbidas e exposição concomitante a múltiplos medicamentos, incluindo
antibióticos. Com o envelhecimento do trato digestório, este fica sujeito a várias
mudanças: dentição e função salivar prejudicada, modificação da dieta, doença
diverticular, dentre outras.
Juntos, esses fatores podem contribuir para mudanças na microbiota e
podem ainda aumentar a susceptibilidade a doenças infecciosas. Com isso,
percebe-se que o envelhecimento pode provocar diversas modificações na
microbiota intestinal, devido às condições orgânicas individuais.

70
16.3 Fatores que afetam a composição da microbiota humana

Os diversos locais do organismo constituídos por flora comensal tendem


a sofrer alterações na composição dos microrganismos. Estas alterações
devem-se tanto a fatores ambientais, como variações na idade, dieta, estilo de
vida do hospedeiro, higiene e terapêutica com antibiótico.
A idade é um fator interessante que modifica a microbiota humana, uma
vez que, esta alteração na microbiota pode ser devida, por exemplo, ao aumento
da necessidade de digerir a alimentação, com o objetivo de compensar a
diminuição da funcionalidade do sistema digestório. A microbiota intestinal é
importante para a fermentação de polissacarídeos provenientes da dieta que,
por sua vez pode afetar a composição da microbiota bem como a sua atividade.
Um exemplo desta situação ocorre quando o indivíduo tem uma dieta rica em
fibras (alimentos integrais, cereais, verduras, legumes) que, leva ao aumento de
substratos fermentáveis no intestino e da velocidade de trânsito intestinal.
Consequentemente, o trânsito intestinal acelerado leva a que microrganismos de
crescimento rápido se sobreponham aos de crescimento lento.
O impacto da dieta na microbiota intestinal pode ser estimado pela forma
como alterações alimentares em curto prazo influenciam a composição da
microbiota. Alterações na composição e atividade intestinal em indivíduos, após
3 dias de mudanças na dieta, superando as diferenças interindividuais na
expressão de genes microbianos. A microbiota intestinal é influenciada por
diversas particularidades do estilo de vida moderno, como: melhoria do
saneamento básico, urbanização, uso excessivo de antibióticos, menor
exposição a infeções na infância, vacinação, sedentarismo, entre outros.
A higiene, também relacionada com a melhoria do saneamento básico, é
um fator ambiental que pode contribuir para a alteração da microbiota. Contrário
ao pensamento popular, a exposição escassa a microrganismos, sejam eles
benéficos (simbiontes) ou prejudiciais (patogênicos) para o organismo, na fase
inicial da vida, pode influenciar negativamente o desenvolvimento normal e
adequado do sistema imunológico, o que pode ser explicado por perda de
tolerância imunológica por parte do hospedeiro, resultando em respostas
imunitárias agressivas e induzindo a ativação de mecanismos de autoimunidade.

71
O tratamento com antibióticos, embora essencial em casos de infeção,
podem ter efeitos drásticos na microbiota (especialmente na microbiota
intestinal), como a eliminação da diversidade de microrganismos e a
desregulação do sistema imunológico do hospedeiro, aumentando a
susceptibilidade à doença.

O espectro de ação do antibiótico, a dosagem e o tempo de duração


do tratamento, a via pela qual é administrado e também as
características relativas ao fármaco e ao organismo (farmacocinéticas
e farmacodinâmicas), influenciam a forma como os antibióticos alteram
a microbiota intestinal. (JERNBERG, 2010 apud CHAVASCO, 2017,
p.5).

Os antibióticos usados no tratamento de doenças são, normalmente, de


amplo espetro, atingindo não só as bactérias responsáveis pela infecção, como
também outros microrganismos. Os microrganismos que resistem podem
depender de produtos resultantes do metabolismo secundário efetuado pelas
bactérias eliminadas pelo tratamento, o que pode levar à perda de nutrientes
e/ou acumulação de produtos tóxicos, interferindo com o equilíbrio normal destes
microrganismos, podendo também conduzir à sua eliminação.

17 CONSIDERAÇÕES

A Microbiologia é uma ciência de ampla abrangência, sendo uma das


principais ferramentas de estudo, aprofundamento, diagnóstico e cura de uma
gama de patologias existentes nos dias atuais.
Os grandes estudiosos possibilitaram o avanço de importantíssimas
descobertas, mesmo com pouca tecnologia e mão de obra escassa para padrões
da época, tendo descoberto características de suma precisão em
microrganismos e suas especificidades.
Em Microbiologia podem-se estudar os organismos em detalhes e
observar seus processos vitais durante o crescimento, reprodução,
envelhecimento e morte.
Esta ciência teve início com o polimento de lentes, feitas a partir de peças
de vidro, combinadas até produzir aumentos suficientemente grandes que
possibilitassem a visualização dos microrganismos. Os relatos de Robert Hooke
e Antony Van Leeuwenhoek possibilitaram as primeiras observações de
72
bactérias e outros microrganismos. Embora não tenha sido, provavelmente, o
primeiro a ver as bactérias e os protozoários, o holandês Antony Van
Leeuwenhoek foi o primeiro a relatar suas observações, com descrições precisas
e desenhos.
Embora Van Leeuwenhoek seja considerado o “pai” da microbiologia, os
relatos de Hooke, descrevendo a estrutura de um bolor, foram publicados
anteriormente aos de Leeuwenhoek. Assim, esses dois pesquisadores são
considerados os pioneiros nessa ciência.
Por fim, pôde-se conhecer um pouco da Microbiologia básica e suas
aplicações em prática, lembrando que, da mesma forma que a tecnologia evolui,
os microrganismos também, levando ao estudo constante a fim de acompanhar
essa evolução cada vez mais crescente.

73
18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACTOR, J.K. Imunologia e microbiologia, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

ALBERTS, B.; BRAY, O. JOHNSON, A.; LEWIS, J. RAFF, M.; ROBERTS, K.


WALTER, P. Fundamentos da Biologia Celular. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed,
2006.

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia. 2ª série. V. 2. São Paulo: Moderna,


2004.

ATTIAS, M., SILVA N. C. e, Biologia Celular 1, Vol. 1, 4ª Ed. Fundação Cencierj,


Mangueira, RJ, 2010.

BLACK, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4. Ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

BRUCE, A., Dennis, B., Karen, H. Fundamentos da Biologia Celular. São


Paulo: Artmed, 2011.

CARNEIRO, R. C. Estudo da microbiota do biofilme supra gengival de


pacientes em tratamento ortodôntico com diferentes tipos de braquetes.
Faculdade de Odontologia da PUC Minas. Belo Horizonte, MG, 2008.

CARVALHO, I. T. DE. Microbiologia Básica. EDUFRPE, Ministério da


Educação, Recife, 2010.

CHAVASCO, J. K. SANTOS, A. de S., PEREIRA, G. M., CARLSTROM, P. F.

Microbiologia e a Microbiota Humana. Unifal- MG, Alfenas, MG, 2016.

JUNIOR, W. E. F. Carboidratos: Estrutura, Propriedades e Funções. Química


nova na escola. N° 29, São Carlos, São Paulo, 2008.

JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Biologia Celular e Molecular. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

MARONEZE, M. M. FRANCISCO, E. C., ZEPKA, L. Q., FRANCO, T. T., LOPES.


E J. Avaliação do cultivo heterotrófico de cianobactérias para produção de

74
biodiesel de 3ª geração empregando maltodextrina como fonte de carbono.
Florianópolis, SC, 2014.

MARTINS, R. de A., Robert Hooke e a pesquisa microscópica dos seres


vivos. Filosofia e História da Biologia, v. 6, n. 1, São Paulo, 2011.

MARTINS, L. A. P. Pasteur e a geração espontânea: uma história


equivocada. Filosofia e História da Biologia, v. 4, Campinas, São Paulo, 2009.

MARQUES, J. B., Jornal Brasileiro de Patologia Médica Laboratorial- Antony


Van Leeuwenhoek-Inventor do Microscópio, volume 45, n.2,2009.

MURRAY, P.R., DREW, W.L., KOBAYASHI, G.S., THOMPSON, J.K.


Microbiologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 5. Ed., 2005.

MOREIRA, J. L. B., CARVALHO C. B. M. de, FROTA, C. C. Visualização


bacteriana e colorações. Imprensa Universitária. Fortaleza, CE. 2015.

NASCIMENTO, J.S. Biologia de microrganismos. In. GUERRA, R.A.T. (Org.).


Cadernos CB Virtual 4. João Pessoa: UFPB, 2010, v.4, p.233-306.

PEREIRA, M. S., SILVA, L. A. de S. SILVA, M. C. de O. B. Avaliação da limpeza


dos instrumentais cirúrgicos no centro de materiais e esterilização (cme).
II Simpósio de Produção Científica do Curso de Enfermagem da
UniEVANGÉLICA, São Paulo, 2019.

PEDRON, I. G. A utilização da toxina botulínica em Odontologia. Rev. Assoc.


Paul. Cir. Dent. vol.68 n°.3 São Paulo, 2014.

RAMOS, T. M., TREVISAN, D. C. Potencialidades da microscopia eletrônica


(Transmissão e caracterização das células procarióticas e eucarióticas). Os
desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE
produções didático-pedagógicas, São Tomé, Paraná, 2013.

REGALI-SELEGHIM, M. H., GODINHIO, M. J. L., MATSUMURA-TUNDISI, T.


Checklist dos “protozoários” de água doce do Estado de São Paulo, Brasil.
Biota Neotrop. Vol. 11(Supl.1), FAPESP. São Paulo, 2011.

75
Sousa, A. M. Bacteriófagos: características gerais, utilidades e aplicações
biotecnológicas. Instituto de Ciências Biológicas – UFMG, Belo Horizonte,
2012.

TELES, V. C., ANDREANI, L., VALADARES, L. F. Uso de Microscopia de Luz


e Eletrônica como Técnicas de Análise Morfológica. Circular Técnica
EMBRAPA, Brasília, DF Dezembro, 2017.

TRABULSI, L. R.; ALTHERTHUM. F.; GOMPERTZ. O. F.; CANDEIAS, J. A. N.


Microbiologia. 4. Ed. São Paulo: Atheneu, 2005.

TRABULSI, L.R., ALTERTHUM, F., GOMPERTZ, O.F., CANDEIAS, J.A.N.


Microbiologia. 5. Ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

TORTORA, J. Microbiologia. 10a ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

VIEIRA, D. A. de V., FERNANDES, N. C. de A. Q. Microbiologia Geral. Instituto


federal de educação, ciência e tecnologia, Inhumas, Goiás, 2012.

VIEIRA, F. V., Introdução à Microscopia. Universidade Federal de Sergipe-


CESAD, São Cristóvão, Sergipe, 2008.

76
19 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS

JACQUELYN, B. G. Microbiologia - Fundamentos e Perspectivas. 4ª Ed.


Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2002.

NEIDHARDT, F. C., INGRAHAM, J. L., SCHAECHTER, M. Micróbio: Uma visão


geral. Ed. 01. Editora Artmed, Porto Alegre, 2010.

MADIGAN, M. T., Microbiologia de Brock. Ed. 14ª, Artmed, Porto Alegre, 2014.

77

Você também pode gostar