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BIOQUÍMICA
GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2 INTRODUÇÃO A BIOQUÍMICA .............................................................................. 5
2.1 O que é a bioquímica .......................................................................................... 5
2.2 Separação de organelas celulares...................................................................... 6
2.3 Organelas celulares ............................................................................................ 9
2.4 As biomoléculas e a hierarquia na organização molecular das células ............ 13
2.5 Hierarquia na organização molecular das células............................................. 13
3 ÁGUA, pH E TAMPÕES ....................................................................................... 14
3.1 Propriedades da água....................................................................................... 15
3.2 A relação do pH com a acidez e a alcalinidade ................................................ 18
3.3 O que fazem os tampões e como eles atuam ................................................... 21
4 VISÃO GERAL DO METABOLISMO .................................................................... 24
4.1 Biomoléculas que participam das vias metabólicas .......................................... 25
4.2 Relação energética entre as vias catabólicas e anabólicas .............................. 30
4.3 Vias metabólicas anabólicas e catabólicas ....................................................... 33
4.3.1 Metabolismo de carboidratos ............................................................................ 33
4.3.2 Metabolismo de aminoácidos ........................................................................... 34
5 ÁCIDOS NUCLEICOS E NUCLEOTÍDEOS .......................................................... 36
5.1 Estrutura química do DNA ................................................................................ 36
5.2 Bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos ........................................................ 40
5.3 Os ácidos nucleicos DNA e RNA ...................................................................... 42
5.4 O dogma central ............................................................................................... 44
6 AMINOÁCIDOS..................................................................................................... 45
6.1 Estrutura básica dos aminoácidos .................................................................... 45
6.2 Classificação dos aminoácidos ......................................................................... 48
6.3 A importância dos aminoácidos nos processos metabólicos do organismo ..... 49
7 PROTEÍNAS ......................................................................................................... 50
7.1 Os quatro níveis da estrutura proteica .............................................................. 50
7.2 Quais os tipos de ligações que estão envolvidas na estabilidade das
proteínas?...................................................................................................................52
7.3 Estrutura das proteínas de acordo com sua função.......................................... 52
2
7.4 Classificação das proteínas .............................................................................. 53
8 CARBOIDRATOS ................................................................................................. 55
8.1 A estrutura dos monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos................ 56
8.2 As funções que os carboidratos podem desempenhar nas células .................. 57
8.3 Isomeria entre os monossacarídeos e as ligações glicosídicas ........................ 59
9 LIPÍDEOS ............................................................................................................. 61
9.1 O papel dos lipídeos ......................................................................................... 61
9.2 Estrutura, características físico-químicas e as diversas funções dos lipídeos .. 63
10 CATÁLISE ENZIMÁTICA ...................................................................................... 68
10.1 Os componentes de uma reação enzimática .................................................... 68
10.2 Principais mecanismos de catálise das enzimas .............................................. 70
10.3 Os modelos de ligação da enzima ao substrato e os tipos de reações
catalisadas..................................................................................................................72
11 BIOENERGÉTICA................................................................................................. 73
11.1 Principais conceitos relacionados à bioenergética............................................ 73
11.2 Termodinâmica bioquímica ............................................................................... 74
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
4
2 INTRODUÇÃO A BIOQUÍMICA
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/
5
2.2 Separação de organelas celulares
6
Fonte: Fonte: Adaptada de Nelson e Cox (2014).
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Após a obtenção do extrato celular que contém as organelas livres, elas devem
ser isoladas. A técnica utilizada para este fim é a separação por centrifugação
diferencial. Durante este processo o extrato celular é submetido a uma força
centrífuga de rotação muito grande para que os componentes celulares se depositem
no fundo do tubo. Assim eles são separados por tamanho e densidade. Em geral os
compostos maiores se movem mais rápido e são os primeiros a se depositarem no
fundo do tubo. Portanto, as velocidades mais baixas de centrifugação conseguem
sedimentar componentes grandes, como os núcleos, velocidades pouco maiores
sedimentam mitocôndrias, e velocidades altas e maior tempo de centrifugação são
capazes de sedimentar primeiro vesículas e depois ribossomos. Neste tipo de
centrifugação, portanto, as organelas são separadas apenas se alterando a
velocidade de rotação da centrífuga. As frações resultantes deste processo são
impuras, o que pode ser resolvido com lavagens (ressuspender o sedimento em um
tampão) e repetições da centrifugação. (CARVALHO, 2018).
Uma forma de separar as organelas celulares presentes em um extrato de
maneira mais precisa é centrifugá-las em um meio com gradiente de densidade.
Normalmente é utilizado um gradiente de sacarose. Dentro de um tubo são
adicionadas cuidadosamente camadas de soluções de sacarose com diferentes
concentrações, começando, no fundo do tubo, pela mais densa. A quantidade de
camadas e as densidades utilizadas variam de acordo com o que se quer separar. O
extrato celular é então depositado sobre as camadas, e o tubo é centrifugado. Durante
a centrifugação, organelas com diferente densidade de flutuação (resultado das
proporções diferentes de lipídeos e proteínas presentes em cada uma) migram em
direção ao fundo do tubo e param em camadas de sacarose diferentes, com
densidade mais próxima da sua. Assim os componentes do extrato ficarão divididos
em diferentes camadas dentro do tubo, que podem ser coletadas individualmente. As
ultracentrífugas são capazes de chegar a velocidades extremamente altas de rotação,
produzindo forças tão altas como 500.000 vezes a gravidade. Isso permite que esta
técnica seja também utilizada para separar por tamanho macromoléculas como
proteínas e ácidos nucleicos. A determinação dos coeficientes de sedimentação é
utilizada em laboratório para ajudar na determinação do tamanho e composição de
extratos de macromoléculas obtidos em células. Os estudos de organelas e outros
componentes celulares isolados por centrifugação contribuiu muito para a
8
compreensão das funções dos diferentes componentes celulares e também de suas
interações. A partir do isolamento de mitocôndrias e cloroplastos, foi descrita a função
dessas organelas na conversão de energia em formas úteis para a célula. Mesmo as
organelas que não ficam intactas após a separação, podem ser estudadas dessa
forma. Por exemplo, as vesículas formadas a partir de fragmento do retículo
endoplasmático liso e rugoso puderam ser separadas e analisadas como modelos
funcionais desses compartimentos. Ainda, o isolamento de uma organela enriquecida
com uma certa enzima é o primeiro passo para a purificação desta enzima.
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fosfolipídios, proteínas e colesterol, e é responsável por controlar o transporte de
substancias para o interior ou para o exterior da célula. Além disso, nela existem
proteínas que atuam como receptores de sinais, que em resposta a ligantes externos,
ativam ou inibem mecanismos celulares. A maioria das plantas superiores possui
ainda, no lado de fora da membrana plasmática, uma parede celular composta por
celulose e outros polímeros de carboidratos, que serve para conter o inchaço celular
quando há acúmulo de água. A membrana plasmática delimita o citoplasma, que é o
fluido onde estão as organelas celulares e onde ocorre a maioria das reações
bioquímicas. (SANTOS, 2018).
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Mitocôndrias são organelas celulares presentes geralmente em grande
número em células eucarióticas. Elas também são envoltas por duas membranas, a
externa lisa e a interna formando invaginações chamadas de cristas. Em seu interior,
na matriz, há enzimas e intermediários químicos envolvidos no metabolismo
energético. Elas catalisam a oxidação dos nutrientes orgânicos e geram ATP, a
principal molécula transportadora de energia das células. Ou seja, são elas que geram
a energia utilizada para o funcionamento celular. Uma particularidade das
mitocôndrias é o fato de elas armazenarem seu próprio DNA, RNA e ribossomos, que
codificam proteínas estruturais da organela. Além disso, elas têm a capacidade de se
dividir para formar novas mitocôndrias. As células fotossintetizantes de plantas e algas
possuem organelas denominadas cloroplastos. Eles têm função parecida com a das
mitocôndrias, com a diferença de que utilizam energia solar em vez de utilizarem
energia química proveniente de oxidação. É nelas que a acontece a fotossíntese,
processo que utiliza energia solar para produção de ATP. Assim como as
mitocôndrias, os cloroplastos possuem seu próprio DNA, RNA e ribossomos, e se
dividem para formar novas organelas. As células que possuem cloroplastos possuem
também mitocôndrias. Os cloroplastos produzem ATP somente na presença de luz.
As mitocôndrias agem independentes da luz, oxidando os carboidratos produzidos
após a fotossíntese.
O citoesqueleto é formado por uma rede complexa de proteínas e é
responsável pela estrutura e organização do citoplasma e pela forma da célula. Os
três tipos gerais de filamentos que compõem o citoesqueleto são os filamentos de
actina, os microtúbulos e os filamentos intermediários. Filamentos de actina e
microtúbulos também estão envolvidos na movimentação das organelas e de toda a
célula. (SANTOS, 2018).
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2.4 As biomoléculas e a hierarquia na organização molecular das células
Fonte: https://www.lifeder.com/biomoleculas/
3 ÁGUA, pH E TAMPÕES
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entre as moléculas hidrofóbicas. A dissociação da água serve como base para
entendermos os conceitos relacionados ao pH e à sua manutenção por soluções
tampão.
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moléculas de água são constantemente rompidas, com novas interações sendo
formadas entre outras moléculas. Entretanto, em uma amostra de água na forma
líquida, a maioria das moléculas estará sempre interagindo com outras por estas
ligações. Isso é o que dá à água a propriedade de coesão, quando as ligações de
hidrogênio mantêm as moléculas muito próximas umas das outras. Devido à sua
polaridade, a água também tem como propriedade a adesão, que é a capacidade de
formar ligações de hidrogênio com outras moléculas polares e não interagir com
moléculas apolares. Por exemplo, sobre uma superfície encerada, a água não se
distribui igualmente e forma gotículas separadas, pois a cera é apolar.
As temperaturas de fusão e ebulição relativamente altas da água também
são consequências dessas interações entre moléculas. Elas são resultantes da
grande quantidade de energia térmica necessária para romper as ligações de
hidrogênio. Além disso, a água possui um alto calor específico, que é a quantidade de
calor necessária por unidade de massa para elevar sua temperatura em 1º C. A
energia necessária para aumentar a temperatura da água em 1 ºC é de 4,2 joules por
grama (ou 1,0 cal/g. °C). A água também apresenta calor de vaporização elevado, o
que significa que ela suporta grande quantidade de calor sem que sua temperatura se
eleve muito rapidamente. Essas características são importantes para os ecossistemas
que vivem na água. Se a água congelasse ou entrasse em ebulição muito rápido, as
mudanças no meio ambiente seriam drásticas e, em oceanos ou lagos, todos os
organismos que ali habitam morreriam. É também por causa do calor de vaporização
elevado que o suor é capaz de resfriar nossos corpos. (NELSON; COX, 2014).
Fonte: https://www.stoodi.com.br/
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A alta tensão superficial também é uma propriedade da água que é
consequência da sua polaridade e das ligações de hidrogênio. As moléculas de água
na superfície de um líquido interagem com outras, e essas interações são tão fortes
que conseguem suportar até objetos leves sem se desfazer. Alguns insetos
conseguem caminhar sobre a água devido a essa tensão superficial. É isso que
também faz pequenas quantidades de água permanecerem em gotas sobre uma
superfície, em vez de se espalharem em finas camadas. Essas mesmas
características dão à água outra de suas propriedades, a capilaridade. Ela permite
que a água se mova dentro de raízes e galhos de plantas, e dentro de capilares muito
finos. Isso acontece porque quando uma molécula de água se move para dentro das
raízes, galhos ou capilares, ela “puxa” as outras que estão ligadas em sequência.
Outra característica muito importante da água é a dissolução, a capacidade de
dissolver outros compostos polares ou iônicos para formar soluções aquosas. As
ligações de hidrogênio não se formam somente entre moléculas de água, mas também
com outras moléculas. Os íons negativos de uma substância em solução aquosa
atraem as extremidades positivas das moléculas de água vizinhas, assim como os
íons positivos atraem as extremidades negativas. Essas interações fazem com que os
íons fiquem circundados por moléculas de água ligadas a eles, formando uma solução
muito estável. Assim, as forças existentes entre os cátions e ânions do soluto (e que
os mantêm associados em redes cristalinas) são substituídas pelas ligações de
hidrogênio com a água, ocasionando a dissolução. (CARVALHO, 2018).
O comportamento da água ao trocar de estado físico também é incomum. Em
geral as substâncias, incluindo a água, tornam-se menos densas quando são
aquecidas e mais densas quando são resfriadas. Então, se a água é resfriada, torna-
se mais densa e forma gelo. Entretanto, a água é uma das poucas substâncias cujo
estado sólido pode flutuar no seu estado líquido. Isso acontece porque ela se torna
cada vez mais densa até chegar a 4 °C; depois de atingir 4 °C, torna-se menos densa.
Ao congelar, suas moléculas começam a se mover mais devagar, facilitando a
formação de ligações de hidrogênio e, eventualmente, se organizam em uma estrutura
hexagonal cristalina aberta. Devido a esta estrutura aberta, à medida que as
moléculas de água estão sendo separadas, seu volume aumenta cerca de 9%.
Portanto, a água é mais densa em estado líquido do que em estado sólido. Em estado
gasoso as ligações de hidrogênio são rompidas e a densidade diminui.
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Representações da molécula de água. A água é representada em modelo de esfera e bastão: os
átomos são representados por esferas ligadas por bastões, que representam as ligações covalentes
entre os átomos. As linhas tracejadas representam os orbitais não ligantes. A: existe um arranjo
quase tetraédrico dos pares de elétrons mais externos da camada ao redor do átomo de oxigênio; os
dois átomos de hidrogênio têm cargas parciais positivas localizadas, e o átomo de oxigênio tem carga
parcial negativa. B: duas moléculas de H2 O unidas por ligação de hidrogênio (indicada por três
linhas) entre o átomo de oxigênio de uma molécula e um átomo de hidrogênio da outra.
Fonte: Nelson e Cox (2014).
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O produto iônico da água Kw é a base utilizada para determinarmos a escala
de pH. Por meio dela podemos identificar a concentração de H+ e, consequentemente,
de OH- , em qualquer solução aquosa que tenha no mínimo 1,0M de H+ ou OH- .
Devido à dificuldade de trabalharmos com números muito pequenos, tanto para
expressarmos concentrações molares como constantes de equilíbrio, os cálculos são
feitos em escala logarítmica, em que p(x) = − log x. (CARVALHO, 2018). Portanto, o
pH de uma solução é definido pela expressão: pH = − log H+
Para uma solução aquosa neutra a 25 ºC, a concentração de H+ é de 1x10-⁷M,
e o pH pode ser definido por:
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É importante ressaltar que a escala de pH é logarítmica, e não aritmética.
Portanto, quando duas soluções diferem em uma unidade na escala de pH, significa
que uma delas tem concentração de H+ 10 vezes maior que a outra. Por exemplo, o
suco de limão, que tem pH aproximadamente igual a 2, tem concentração de H+ mil
vezes maior que o café preto, que tem pH de aproximadamente 5. (CARVALHO,
2018).
Determinar o pH de soluções é um dos procedimentos mais importantes em
bioquímica. A maioria das reações biológicas depende de um pH ótimo para acontecer
e é extremamente afetada quando este está alterado. Alterações de pH alteram a
estrutura e função de macromoléculas. Por exemplo, a atividade catalítica de enzimas
é fortemente dependente de pH. Os fluidos biológicos, como sangue e urina, também
têm pH ideal, e sua medida é uma prática rotineira em laboratórios de análises
clínicas. O pH ideal do sangue é 7,4, e sua medida é importante para diagnosticar
patologias. Quando está menor que esse valor, caracteriza uma acidose, condição
que é comum em pessoas com diabetes. Quando está aumentado, indica uma
condição clínica conhecida por alcalose.
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Esse efeito pode ser exemplificado pelo tampão acetato. Ele é composto de
ácido acético (H₃ CCOOH) e acetato de sódio (H₃ CCOONa). O acetato de sódio é
um sal e, portanto, se dissocia totalmente em água, gerando íons sódio e íons acetato,
que é a base conjugada do ácido acético. A reação de dissociação do sal em solução
aquosa é a seguinte:
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Essa zona é a região de tamponamento da solução ácido acético-acetato. Se
forem adicionadas nessa região pequenas quantidades de H+ ou OH- , o pH da
solução será pouco alterado. Em outras palavras, no ponto de encontro das duas
curvas, local em que a concentração do doador de prótons se iguala à do aceptor, a
capacidade tamponante do sistema é máxima e o pH é igual ao pKa. Se a mesma
quantidade de H+ ou OH- fosse adicionada à água pura ou a uma solução não
tamponante, a variação de pH seria muito mais significativa. (VOET E VOET, 2013).
Curvas de distribuição do ácido acético e do íon acetato. A fração das substâncias presentes na
solução é dada pela razão das concentrações de CH3 COOH ou CH3 COO- em relação à
concentração total desses dois compostos. A faixa de tamponamento efetivo está indicada pela
região sombreada.
Fonte: Voet e Voet (2013).
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os aminoácidos que formam as proteínas e os nucleotídeos que formam os ácidos
nucleicos. Embora muitos dos compostos presentes nas células não se enquadrem
nessas categorias, as quatro famílias de moléculas orgânicas pequenas, juntamente
com as biomoléculas formadas por suas ligações em longas cadeias, correspondem
a uma grande proporção da massa celular. O que determina a que classe as
biomoléculas pertencem são os grupos de outros átomos ligados aos esqueletos de
carbono que as compõem, os chamados grupos funcionais. Além dos grupos
funcionais, a conformação tridimensional das biomoléculas também é determinante
para sua função. (ALBERTS, 2011).
Os açúcares mais simples, os monossacarídeos, são compostos que têm a
fórmula geral (CH₂ O)n, onde n geralmente é um número entre 3 e 8. Essa fórmula,
entretanto, não define completamente a molécula: o mesmo conjunto de carbonos, de
hidrogênios e de oxigênios pode ser mantido em uma mesma molécula por meio de
ligações covalentes diversas, criando estruturas com formas diferentes. Os açúcares
e as biomoléculas formadas a partir deles são denominados carboidratos. Eles
existem na forma de cadeia carbônica aberta ou cíclica, e podem estar ligados a
grupos hidroxila, ou a um aldeído ou cetona. Os monossacarídeos podem se ligar uns
aos outros por ligações glicosídicas, criando estruturas maiores. Essa ligação é
formada entre um grupo -OH de um açúcar e um grupo -OH de outro açúcar por uma
reação de condensação, que libera uma molécula de água. Os dissacarídeos
contêm duas unidades de monossacarídeos; os oligossacarídeos são formados por
três a 10 unidades; e os polissacarídeos contêm mais de 10, podendo alcançar
centenas de unidades de açúcares em sua estrutura. Dissacarídeos importantes
incluem a lactose (galactose + glicose), a sacarose (glicose + frutose) e a maltose
(glicose + glicose). Polissacarídeos importantes incluem o glicogênio (proveniente de
fontes animais), o amido (fontes vegetais) e a celulose (fonte vegetal); cada um deles
é um polímero de glicose.
Os carboidratos possuem grande variedade de funções, por exemplo, compor
a membrana plasmática para mediar formas de sinalização celular, e são
componentes estruturais de células. Entretanto sua principal função é energética.
Eles são os principais produtores de energia sob a forma de ATP, e suas ligações são
quebradas sempre que as células precisam de energia para reações químicas. Eles
também conseguem reservar energia na forma de carboidratos complexos. Nos
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vegetais, a energia é reservada no amido, um polímero de glicose, e nos animais, em
glicogênio, também polímero de glicose com uma estrutura mais compacta e
ramificada.
Os aminoácidos formam uma classe de moléculas que apresentam uma
propriedade comum: possuem um grupo ácido carboxílico e um grupo amino, ambos
ligados a um á tomo de carbono denominado carbono α. As cadeias laterais que são
ligadas a este carbono determinam a variabilidade química dos aminoácidos. Os
aminoácidos se ligam para formar as proteínas, que são cadeias de aminoácidos,
ligados cabeça com cauda, enoveladas em uma estrutura tridimensional única para
cada proteína. As cadeias de aminoácidos são denominadas polipeptídeos. A ligação
covalente entre dois aminoácidos adjacentes em uma cadeia proteica forma um
amido e constitui a chamada ligação peptídica. Independentemente de quais sejam
os aminoácidos que os formem, os polipeptídios possuem um grupo amino (NH₂) em
uma de suas extremidades e um grupo carboxila (COOH) na outra extremidade.
Existem 20 tipos de aminoácidos nas proteínas, cada um deles com uma cadeia
diferente ligada ao á tomo de carbono α. Todos os organismos possuem proteínas
compostas pelos mesmos 20 aminoácidos. As propriedades coletivas das suas
cadeias laterais são a base da diversidade de funções das proteínas. (ALBERTS,
2011).
As proteínas desempenham inúmeras e importantes funções: participam da
estrutura celular (citoesqueleto), regulam a atividade de órgãos (hormônios),
participam do processo de defesa do organismo (anticorpos), catalisam reações
químicas (enzimas), atuam no transporte de gases (hemoglobina) e são responsáveis
pela contração muscular. Proteínas com importância especial nas vias metabólicas
são as enzimas. Elas catalisam todas as reações químicas do organismo aumentando
a velocidade das reações. Dessa forma, as enzimas comandam todos os eventos
metabólicos.
Uma molécula de ácido graxo tem duas regiões quimicamente distintas. Uma
é formada por uma longa cadeia hidrocarbonada, que é hidrofóbica e não tem muita
reatividade química. A outra região é um grupo carboxila (-COOH), que se comporta
como um ácido (ácido carboxílico). Esse ácido se ioniza em solução, é hidrofílico e
reativo quimicamente. Quase todas as moléculas de ácidos graxos de uma célula
estão ligadas covalentemente a outras moléculas por meio de seu grupo ácido
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carboxílico. Os variados ácidos graxos encontrados nas células diferem entre si
somente quanto ao comprimento das suas cadeias hidrocarbonadas e quanto ao
número e as posições das ligações duplas carbono-carbono. Os ácidos graxos são
armazenados no citoplasma de muitas células na forma de gotículas de moléculas de
triacilglicerol, que consiste em três cadeias de ácidos graxos ligadas a uma molécula
de glicerol. Quando mobilizadas para fornecer energia, as cadeias de ácidos graxos
são liberadas dos triacilgliceróis e degradadas em unidades de dois carbonos. Essas
unidades de dois carbonos são idênticas àquelas derivadas da degradação da glicose
e entram na mesma via de reações produtoras de energia. Nas células, os
triglicerídeos funcionam como uma reserva concentrada de alimento, pois sua
degradação produz cerca de seis vezes mais energia utilizável do que a degradação
da glicose.
Os ácidos graxos e os seus derivados, como os triacilgliceróis, são exemplos
de lipídeos. Os lipídeos constituem um grupo heterogêneo de moléculas orgânicas
que têm como característica comum a insolubilidade em água (são hidrofóbicos), e a
solubilidade em solventes apolares. Caracteristicamente, eles possuem uma longa
cadeia hidrocarbonada, como nos ácidos graxos e nos isoprenos, ou então múltiplos
anéis aromáticos, como nos esteróis. Os lipídeos têm importante função energética
nos organismos. Além disso, fornecem a barreira hidrofóbica que permite a separação
dos conteúdos aquosos nas células e podem atuar como vitaminas e hormônios
esteroides. (RODWELL, 2017).
Já o nucleotídeo é uma molécula formada por um anel que contém um
nitrogênio ligado a um açúcar de cinco carbonos (pentose) que, por sua vez, carrega
um ou mais grupos fosfato. A pentose pode ser uma ribose (ribonucleotídeos) ou
desoxirribose (desoxinucleotídeos). Os anéis contendo nitrogênio são denominados
bases. As diferentes bases guardam uma grande semelhança entre si. A citosina (C),
a timina (T) e a uracila (U) são chamadas de pirimidinas porque são derivadas do anel
das pirimidinas, que tem seis átomos. A guanina (G) e a adenina (A) são compostos
das purinas e, portanto, possuem um segundo anel, de cinco membros, ligado ao anel
de seis á tomos. A denominação de cada um dos nucleotídeos fundamenta-se na base
que eles contêm.
Os nucleotídeos podem atuar como carreadores de energia de curto prazo.
Mais que qualquer outro carreador de energia, o nucleotídeo trifosfato de adenosina,
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ou ATP (adenosine triphosphate), é usado para transferir energia em diversas reações
químicas. O ATP é formado por reações impelidas pela energia que é liberada na
degradação oxidativa dos alimentos. Seus três fosfatos estão ligados em série por
meio de duas ligações anidrido fosfórico, que, ao serem rompidas, liberam grandes
quantidades de energia útil. O grupo fosfato terminal geralmente é liberado por
hidrólise, com frequência transferindo o fosfato para outra molécula e liberando
energia para as reações biossintéticas que necessitam de energia. Um papel
extremamente importante dos nucleotídeos é o armazenamento e a disponibilização
da informação genética. Eles servem como módulos para a construção dos ácidos
nucleicos, que são polímeros longos nos quais as subunidades nucleotídicas ficam
ligadas covalentemente por meio da formação de uma ligação fosfodiéster entre o
grupo fosfato ligado ao açúcar de um nucleotídeo e o grupo hidroxila do açúcar do
nucleotídeo seguinte.
Existem dois tipos principais de ácidos nucleicos, os quais diferem quanto ao
tipo de açúcar fosfato em suas respectivas estruturas. Os nucleotídeos com base no
açúcar ribose são os ácidos ribonucleicos, ou RNA. Aqueles que têm como base a
desoxirribose são os ácidos desoxirribonucleicos, ou DNA. A sequência linear dos
nucleotídeos no DNA e no RNA codifica a informação genética das células.
(RODWELL, 2017).
Três famílias de biomoléculas. Cada uma delas é um polímero formado por moléculas pequenas
(monômeros) ligadas entre si por ligações covalentes. Os lipídeos são a única classe de biomoléculas
que não tem uma subunidade comum para todos os seus compostos.
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 63).
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4.2 Relação energética entre as vias catabólicas e anabólicas
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acabaria inibindo a outra também. Esses pontos em que as enzimas diferem são
importantes pontos de regulação independentes. Além disso, para que as vias
anabólicas e catabólicas sejam irreversíveis, pelo menos uma das reações específicas
em cada sentido deve ser termodinamicamente muito mais favorável que sua reação
inversa. Outra característica da regulação individual das vias anabólicas e catabólicas
é que elas ocorrem em compartimentos diferentes dentro da célula. Por exemplo, o
catabolismo de ácidos graxos ocorre na mitocôndria, e sua síntese no citosol. Em
compartimentos distintos as concentrações de metabólitos intermediários, enzimas e
reguladores podem ser mantidas em diferentes níveis. Como as vias metabólicas são
cineticamente controladas pela concentração do substrato, conjuntos separados de
intermediários anabólicos e catabólicos também contribuem para o controle das taxas
metabólicas. (RODWELL, 2017).
A relação energética entre as vias catabólicas e anabólicas. As vias catabólicas liberam energia
química na forma de ATP, NADH, NADPH e FADH₂. Esses transportadores de energia são usados
em vias anabólicas para converter precursores pequenos em macromoléculas celulares.
Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 503)
32
4.3 Vias metabólicas anabólicas e catabólicas
33
(glicogênese). Entre as refeições, o fígado atua para manter o nível da glicemia a partir
da degradação do glicogênio (glicogenólise) e para, com o rim, converter os
metabólitos não carboidratos, como lactato, glicerol e aminoácidos, em glicose
(gliconeogênese).
O músculo esquelético utiliza a glicose como fonte de energia tanto de modo
aeróbio, formando CO₂, quanto de modo anaeróbio, formando lactato. O músculo
esquelético armazena glicogênio como substrato energético para uso durante a
contração muscular e sintetiza proteína muscular a partir dos aminoácidos
plasmáticos. O músculo responde por cerca de 50% da massa corporal e,
consequentemente, representa uma considerável reserva de proteína, que pode ser
empregada para suprir aminoácidos para a gliconeogênese em caso de inanição.
(NELSON; COX, 2014).
Fonte: https://bloga.grupoa.com.br/
34
permanecem após a transaminação podem (1) ser oxidados a CO₂ pelo ciclo do ácido
cítrico, (2) ser utilizados na síntese de glicose (gliconeogênese) ou (3) formar corpos
cetônicos ou acetil-CoA, que pode ser oxidada ou utilizada na síntese de ácidos
graxos. Vários aminoácidos também são precursores de outros compostos, como
purinas, pirimidinas, hormônios – como a epinefrina e a tireoxina –, e
neurotransmissores. (NELSON; COX, 2014).
Os aminoácidos resultantes da digestão das proteínas da dieta são absorvidos
pela veia porta do fígado. O fígado desempenha a função de regular a concentração
sanguínea desses metabólitos. O músculo esquelético sintetiza proteína muscular a
partir dos aminoácidos plasmáticos. O músculo responde por cerca de 50% da massa
corporal e, consequentemente, representa uma considerável reserva de proteína, que
pode ser empregada para suprir aminoácidos para a gliconeogênese em caso de
inanição.
Resumo das vias para o catabolismo dos carboidratos, das proteínas e da gordura da alimentação.
Todas essas vias levam à produção de acetil-CoA, que é oxidada no ciclo do ácido cítrico,
produzindo, por fim, ATP pelo processo de fosforilação oxidativa.
Fonte: Rodwell et al. (2017, p. 140)
35
5 ÁCIDOS NUCLEICOS E NUCLEOTÍDEOS
36
nucleotídeo se une ao grupo fosfato ligado à hidroxila do carbono 5 da pentose do
segundo nucleotídeo por meio dessa ligação.
. Ligação 3’5’ fosfodiéster entre os nucleotídeos de uma fita de ácido nucleico. A ligação fosfodiéster
(região sombreada) une o carbono 3’ de um açúcar ao carbono 5’ do próximo açúcar na cadeia de
açúcar-fosfato de um ácido nucleico.
Fonte: Strachan e Read (2013, p. 7).
Embora certos genomas virais sejam compostos por DNA de fita simples, o
DNA celular da maioria dos organismos forma uma dupla-hélice: duas fitas de DNA
são mantidas unidas por ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas dos
nucleotídeos para formar a dupla-fita. (CARVALHO, 2018).
As ligações de hidrogênio ocorrem entre as cadeias laterais de pares de bases
complementares, lateralmente opostos nas duas fitas da dupla-fita de DNA. Existem
quatro bases nitrogenadas mais frequentes no DNA, são elas: adenina (A), timina
(T), guanina (G) e citosina (C). Tais bases formam pares de acordo com as regras de
Watson-Crick: A pareia com T, enquanto G pareia com C. Em função desse
pareamento de bases, a composição de bases do DNA não é aleatória: a quantidade
de A equivale à de T, e a quantidade de G equivale à de C.
37
Dupla-hélice de DNA. As duas fitas de DNA se enrolam uma na outra, produzindo um sulco menor e
um sulco maior na dupla-hélice. A dupla-hélice apresenta um comprimento de 3,6 nm e um raio de 1
nm por giro.
Fonte: Strachan e Read (2013, p. 8).
38
sentido horário se afastando do observador) que apresenta 10 pares de bases por
giro. As formas mais raras são o DNA A (hélice com giro para a direita apresentando
11 pares de bases por giro) e o DNA Z (hélice com giro para a esquerda apresentando
12 pares de bases por giro).
As duas extremidades de uma fita simples de DNA são diferentes. A
extremidade 5′ apresenta um resíduo de açúcar no qual o carbono 5′ não está́ ligado
a outro resíduo de açúcar. A extremidade 3′ apresenta um resíduo de açúcar cujo
carbono 30′ não está́ envolvido em uma ligação fosfodiéster. Portanto, as duas fitas
da dupla-hélice de DNA são descritas como antiparalelas uma à outra, visto que a
direção 5′ → 3′ de uma das fitas do DNA é oposta à direção de sua fita complementar.
(CARVALHO, 2018).
Natureza antiparalela da dupla-hélice de DNA. As duas fitas do DNA correm em direções opostas
ligando átomos de carbono 3’ dos resíduos de açúcar a átomos de carbono 5’.
Fonte: Strachan e Read (2013, p. 8).
39
O código genético está na sequência linear de bases em uma fita de DNA.
Devido ao pareamento de bases, as duas fitas da molécula apresentam sequências
complementares, portanto a sequência de bases de uma fita de DNA pode ser inferida
a partir da sequência da outra fita. É comum descrever sequências de genes
escrevendo a sequência de bases de apenas uma fita, na direção 5′ → 3′, que é a
direção de síntese de uma nova fita de DNA a partir de uma fita molde.
Purinas e pirimidinas. Quatro bases nitrogenadas (A, C, G e T) ocorrem no DNA, e quatro bases
nitrogenadas (A, C, G e U) ocorrem no RNA. A e G são purinas; C, T e U são pirimidinas.
Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 282).
41
5.3 Os ácidos nucleicos DNA e RNA
42
Estrutura química do RNA. (A) O RNA contém o açúcar ribose, o qual difere da desoxirribose, o
açúcar utilizado no DNA, pela presença de um agrupamento –OH adicional. (B) O RNA contém a
base uracila, a qual difere da timina, a base equivalente no DNA, pela ausência de um grupo –CH3 .
(C) Um pequeno fragmento de RNA. A ligação química fosfodiéster entre nucleotídeos no RNA é a
mesma que ocorre no DNA.
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 302)
Outra diferença em relação ao DNA é que, uma vez que a molécula de RNA é
uma fita simples complementar a apenas uma ou duas fitas de um gene, seu conteúdo
de guanina não é necessariamente igual ao seu conteúdo de citosina, assim como o
seu teor de adenina não é necessariamente igual ao seu teor de uracila. Ainda, a
molécula de RNA pode ser hidrolisada por bases em 2′,3′-diésteres cíclicos de
mononucleotídeos, compostos que não podem ser formados a partir do DNA tratado
com bases (álcalis) devido à ausência do grupo 2′-hidroxila. A labilidade alcalina do
RNA é útil tanto para o diagnóstico quanto para a análise. (NELSON; COX, 2014).
Ao contrário do DNA, o RNA é normalmente encontrado como uma molécula
de fita simples. Caso o RNA forme hélices de dupla-fita, é provável que essas duplas-
fitas sejam compostas por duas partes da mesma molécula de RNA de fita simples.
Apesar dessas diferenças químicas serem pequenas, o DNA e o RNA diferem
drasticamente em termos de estrutura geral. Por ocorrerem nas células em forma de
fita simples, as cadeias de RNA podem dobrar-se sob diversas formas, similarmente
43
ao que ocorre com uma cadeia de polipeptídeos que estrutura a conformação final de
uma proteína. A capacidade de dobrar-se em formas tridimensionais complexas
permite que algumas moléculas de RNA desempenhem funções estruturais e
catalíticas.
As moléculas citoplasmáticas de RNA que funcionam como modelos para a
síntese de proteínas (i.e., que transferem informação genética do DNA para uma
maquinaria sintetizadora de proteínas) são designadas mRNAs. Muitas outras
moléculas de RNA citoplasmáticas abundantes (RNAs ribossomais; rRNAs) têm
funções estruturais que contribuem para a formação e a função dos ribossomos (a
maquinaria organelar para a síntese de proteínas), ou funcionam como moléculas
adaptadoras (RNAs de transferência; tRNAs) para a tradução da informação do RNA
em sequências específicas de aminoácidos polimerizados. (NELSON; COX, 2014).
44
A premissa de que as proteínas nunca servem como moldes para o RNA tem
se mantido ao longo do tempo. Entretanto, algumas vezes, as cadeias de RNA atuam
como molde para a síntese de cadeias de DNA de sequência complementar. Essa
reversão do fluxo normal da informação corresponde a eventos muito raros, quando
comparados com o enorme número de moléculas de RNA produzidas a partir de
moldes de DNA. Dessa forma, o dogma central, proposto originalmente há cerca de
50 anos, ainda é essencialmente válido.
6 AMINOÁCIDOS
45
Estrutura básica dos aminoácidos.
Fonte: Trabajo (2006).
47
6.2 Classificação dos aminoácidos
Vamos ver agora as principais classificações dos aminoácidos. Eles podem ser
divididos em:
Não essenciais: os aminoácidos desse grupo são produzidos pelo
organismo, ou seja, não dependem de ingestão. Entre os aminoácidos não essenciais
temos: glutamato, glutamina, glicina, prolina, aspartato, asparagina, alanina, serina,
tirosina e cisteína.
Essenciais: os aminoácidos desse grupo não são produzidos pelo
organismo e dependem da ingestão. Nesse caso, podemos citar: triptofano, valina,
treonina, fenilalanina, isoleucina, metionina, histidina, arginina, lisina e leucina.
Além disso, os aminoácidos podem ter características afóteras, ou seja, podem
se comportar como substâncias ácidas ou básicas, dependendo do pH. Isso ocorre
no grupo amino e carboxílico. (ANDRADE, 2018).
A cadeia lateral em pH fisiológico, por sua vez, pode ser classificada como:
Apolar: a glicina, o primeiro aminoácido identificado em hidrolisado de
proteínas e presente em quantidade significava em gelatina, tem a menor cadeia
lateral entre todos aminoácidos – apenas um átomo de hidrogênio. Outros
aminoácidos, como valina, leucina, isoleucina, metionina, prolina e fenilalanina,
possuem cadeias compostas por cadeias de hidrocarbonetos ou por átomos com
eletronegatividades semelhantes, que praticamente se anulam.
Polar sem carga elétrica: os aminoácidos pertencentes a esse grupo
apresentam grupos hidroxila, amida ou tiol. Nesse grupo podemos citar seis
aminoácidos: serina, treonina, asparagina, glutamina, tirosina e cisteína.
Polar com carga elétrica: esses aminoácidos podem ser carregados
positivamente ou negativamente. Os aminoácidos básicos – lisina, arginina e histidina
– são carregados positivamente. Aspartato e glutamato são carregados
negativamente. A histidina é neutra nos limites básicos dos valores fisiológicos de pH.
Como consequência, as cadeias laterais de resíduos de histidina frequentemente
participam das reações catalisadas por enzimas.
Além disso, os aminoácidos também podem ser classificados como
glicogênicos e cetogênicos. Os glicogênicos são aqueles cujo catabolismo produz
piruvato ou outros intermediários do ciclo de Krebs. Esses intermediários são
48
substratos para a gliconeogênese e podem, portanto, originar a formação de glicose
ou de glicogênio no fígado e de glicogênio no músculo.
Os cetogênicos são aminoácidos cujo catabolismo produz acetoacetato, ou um
de seus precursores (acetil-CoA ou acetoacetil-CoA). Leucina e lisina são os únicos
aminoácidos exclusivamente cetogênicos – seus esqueletos carbonados não são
substrato para gliconeogênese e para a formação de glicogênio.
Por fim, os aminoácidos também podem ser classificados em essenciais ou não
essenciais. Os essenciais não podem ser produzidos pelo organismo dos animais.
Existem aminoácidos derivados, geralmente formados por modificações enzimáticas
de um aminoácido comuns, depois de sua incorporação à proteína. (ANDRADE,
2018).
Fonte: https://www.shutterstock.com/
51
7.2 Quais os tipos de ligações que estão envolvidas na estabilidade das
proteínas?
52
Já as proteínas globulares, como a albumina, as enzimas e as imunoglobulinas,
têm segmentos diferentes das cadeias polipeptídicas. Os segmentos dobram-se uns
sobre os outros, gerando uma molécula de forma mais compacta e extremamente
solúvel nos fluidos biológicos.
Já com relação aos produtos de hidrólise, as proteínas são classificadas da
seguinte forma:
Simples: formadas somente por aminoácidos, como a albumina sérica.
Conjugadas: aminoácidos + compostos de origem não proteica, como
glicoproteínas e lipoproteínas.
As modificações pós-traducionais podem reduzir o tamanho da proteína, como
é o caso do pepsinogênio, reduzido à pepsina. Podem também ocorrer alterações por
modificação covalente, como:
Fosforilação: importante na ativação e desativação de compostos.
Hidroxilação: torna as proteínas mais solúveis.
Glicosilação: importante no monitoramento da hemoglobina glicosilada no
diabetes.
53
transportadores e reconhecimento celular; mucinas – lubrificante biológico), as
fosfoproteínas (o substrato proteico apresenta serina, treonina ou tirosina), as
lipoproteínas (lipídio como grupo prostético; LDL – carregadora do colesterol; HDL –
função protetora, pois transporta o colesterol para o fígado a fim de que ele seja
excretado; VLDL), as metaloproteínas (grupo prostético com um metal ligado
diretamente aos aminoácidos) e as cromoproteínas (apresentam um metal ligado a
componentes do grupo prostético; mioglobina).
Por outro lado, existem proteínas com função hormonal, por exemplo, o
hormônio do crescimento (GH), responsável pela proliferação dos tecidos
mesodérmicos, e a insulina, responsável pela regulação do metabolismo. Há também
proteínas que exercem uma função transportadora, responsáveis pelo transporte de
moléculas específicas no sangue, por exemplo, a albumina e a hemoglobina.
As proteínas fibrosas possuem funções estruturais e diferenciam-se apenas
pela sua composição primária e secundária, já que não são globulares. O colágeno é
a proteína mais abundante nos humanos. Possui a característica de ser rígida e
insolúvel; compõe a matriz extracelular, o humor vítreo do olho, os tendões, a córnea,
os ossos e as cartilagens. Nos órgãos, o colágeno fornece a forma e permite
resistência aos mesmos. A estrutura dessa proteína fibrosa é composta de três
polipeptídeos, cadeias G, enrolados de modo a formar uma tripla hélice – assegurada
por pontes de hidrogênio. As variedades do colágeno ocorrem pela combinação
diferenciada de três tipos de fitas (G1, G2 e G3). Os radicais dos resíduos de
aminoácidos, também chamados de cadeia lateral, estão voltados para fora, a fim de
que se unam facilmente a cadeias semelhantes, formando fibras. Em todas as cadeias
polipeptídicas, a cada três posições – na junção das fitas – há uma molécula de glicina,
havendo também grande quantidade de hidroxilisina e hidroxiprolina no meio da fita.
As lipoproteínas são complexos de proteínas e lipídeos que formam
agregados distintos, com uma estequiometria aproximada entre seus componentes.
As moléculas são mantidas unidas por interações não-covalentes. Nesse grupo de
proteínas, podemos citar o colesterol HDL e o colesterol LDL. Já as glicoproteínas
estão presentes na face externa da membrana e são responsáveis pelo
reconhecimento celular e pelo fornecimento de determinantes antigênicos em
eritrócitos. Em relação à sua composição, as glicoproteínas têm na sua estrutura
moléculas de glicídios. (ANDRADE, 2018).
54
Uma proteína muito importante é a elastina, pois produz tecido conjuntivo
bastante elástico. Encontrada nos pulmões, nos vasos e nos ligamentos elásticos, tem
a capacidade de aumentar seu tamanho muitas vezes e, após, retomar a conformação
original. Sua composição é, principalmente, de aminoácidos pequenos e apolares,
podendo suas quatro cadeias ser covalentemente unidas a fim de aumentar a rigidez
da substância. Por fim, as alfa-queratinas são insolúveis e encontradas nos cabelos,
na pele e nas unhas. Alfa-hélices dessa substância nos cabelos, por exemplo, formam
respectivamente alfa-hélices, protofibrilas, microfibrilas e cabelo.
8 CARBOIDRATOS
Fonte: https://www.sbac.org.br/
55
Os glicídios simples admitem, assim, uma fórmula geral Cₙ H₂ₙOₙ . Nesta
fórmula existe uma molécula de água para cada átomo de carbono, o que originou,
erroneamente, o nome de hidratos de carbono ou carboidratos para estes compostos.
Uma curiosidade interessante sobre este tema é que os adoçantes artificiais
estimulam os mesmos receptores gustativos dos açúcares, porém não são
aproveitados pelo organismo.
56
Já os oligossacarídeos são polímeros de menos de oito monossacarídeos. Por
fim, os olissacarídeos são feitos a partir da união de oito ou mais monossacarídeos.
Os dissacarídeos mais comuns são a lactose, sacarose e a trealose. A lactose possui
uma ligação glicosídica β1 → 4 entre a galactose e a glicose. A sacarose, conhecida
como açúcar de mesa, é um dissacarídeo formado entre a glicose e a frutose unida
por uma ligação glicosídica α-1,2. A trealose é um açúcar não redutor importante nos
insetos, pois é um fluido circulante conhecido como a hemolinfa. (NELSON; COX,
2014).
Três dissacarídeos mais comuns estão representados com suas ligações glicosídicas.
Fonte: Nelson e Cox (2014)
Glicogênio e amido. No item A está representado a amilose, com as ligações glicosídicas α-1,4. No
item B, estão demonstradas as ligações α-1,6 da amilopectina e nos pontos de ramicação do
glicogênio. No item C está um esquema dos agrupamentos de amilose e amilopectina.
Fonte: Nelson e Cox (2014).
58
8.3 Isomeria entre os monossacarídeos e as ligações glicosídicas
59
Piranoses e furanoses. As conformações cíclicas dos monossacarídeos glicose e frutose,
respectivamente.
Fonte: Nelson e Cox (2014).
61
Fonte: Nelson e Cox (2014).
62
9.2 Estrutura, características físico-químicas e as diversas funções dos
lipídeos
Ácidos graxos.
Fonte: Rodwell et al. (2017)
63
O empacotamento de ácidos graxos em agregados estáveis.
Fonte: Nelson e Cox (2014).
64
Colesterol.
Fonte: Rodwell et al. (2017).
66
hidroxila do glicerol. São moléculas hidrofóbicas e não polares. Os triglicerídeos são
estocados nos adipócitos, células especializadas em armazenar triacilgliceróis em
pequenas gotas. Os adipócitos contêm lipases, enzimas que catalisam a hidrólise dos
triacilgliceróis armazenados, liberando AG que serão exportados para os locais onde
são necessários.
67
10 CATÁLISE ENZIMÁTICA
68
convertido em enzima-produto (EP) gradativamente. A eficiência catalítica,
denominada número de renovação (turnover), determina a quantidade de moléculas
de substrato convertidas em produto por mol de enzimas em um segundo,
representando, dessa maneira, a eficiência do catalisador.
As enzimas são altamente específicas, catalisando somente determinado tipo
de reação. Algumas enzimas necessitam de cofatores, elementos não protéicos
necessários para sua atividade. Há dois tipos de cofatores: os ativadores, geralmente
íons metálicos (por exemplo, Zn²+ e Fe²+) e as coenzimas, moléculas orgânicas
frequentemente derivadas de vitaminas. Voltaremos aos cofatores mais adiante neste
texto. O conjunto enzima-cofator é denominado holoenzima; já o termo apoenzima
se refere à unidade enzimática proteica pura. Denomina-se grupo prostético as
coenzimas que não se dissociam da parte proteica da enzima.
A catálise é toda reação que ocorre em presença de um catalisador, como é
o caso das reações enzimáticas. Para se entender o mecanismo de ação das enzimas
é necessário que se saiba o que vem a ser um catalisador. O catalisador é toda
substância capaz de modificar a velocidade de uma reação sem ser nela consumido
ou aparecer entre os produtos. Para que ocorra uma reação, as moléculas dos
reagentes (R), também chamados de substratos, precisam obter uma energia extra
chamada de energia de ativação. Essa energia de ativação faz com que as moléculas
atinjam um estado ativado (R*) mais rico em energia, no qual uma ligação pode ser
formada ou quebrada gerando o produto (P).
A velocidade da reação química é proporcional ao número de moléculas no
estado ativado (de transição). Este estado é atingido devido ao choque intermolecular
que pode ser acelerado quando se fornece calor ao sistema, ou quando se adiciona
um catalisador. O catalisador é capaz de se combinar com os reagentes formando um
composto intermediário de menor energia. Assim, a barreira energética a ser
transposta é diminuída, os produtos são formados e o catalisador livre é regenerado.
(ANDRADE, 2018).
As enzimas catalisam as reações porque reduzem o nível da energia de
ativação.
Nas reações catalisadas por enzimas estão envolvidos os seguintes
componentes: enzima (E), substrato (S), complexo enzima-substrato (ES) e produto –
composto formado pela transformação do substrato.
69
Representação dos componentes de uma reação enzimática.
Fonte: Enzimas [2017].
70
Como vimos anteriormente, a união cataliticamente ativa (apoenzima + cofator)
é chamada holoenzima. Os cofatores, ao contrário da apoenzima, são dialisáveis e
termoestáveis; são compostos não coloidais e de peso molecular baixo. Os cofatores
orgânicos recebem o nome de coenzimas, e os inorgânicos são chamados
ativadores.
Os ativadores são íons inorgânicos que condicionam a ação catalítica das
enzimas. A grande maioria dos ativadores é constituída por cátions, entre os quais
Na+ , K+ , Mg²+, Ca²+, Zn²+, Mn²+, Fe²+, Co²+, etc. Em vários casos, os íons
metálicos podem ser substituídos por outros. A fosfoglicomutase, por exemplo, é
ativada tanto por Mg2+ quanto por Mn2+. Algumas enzimas, como as alfa-amilases
animais, são ativadas por ânion cloreto (Cl−).
Por sua vez, as coenzimas são cofatores orgânicos, muitas delas derivadas de
vitaminas hidrossolúveis, que tomam parte da reação enzimática como
transportadores de hidrogênio ou de um grupo químico. Uma única coenzima pode
formar, com diversas enzimas, proteínas conjugadas. Este é o caso do NAD, que é
coenzima de um grande número de desidrogenases. As coenzimas não realizam a
ação, somente determinam o modo como a enzima total age, seja transportando
hidrogênio, seja transportando grupos químicos. A ação da catálise é feita pela parte
proteica da holoenzima. (ENZIMAS, 2017).
Como vimos antes, quando a coenzima está fortemente ligada à proteína e
não pode ser dialisada, recebe o nome de grupo prostético.
71
10.3 Os modelos de ligação da enzima ao substrato e os tipos de reações
catalisadas
Fonte: https://www.todoestudo.com.br/
72
11 BIOENERGÉTICA
73
processo contínuo, focado na produção de energia necessária para a realização de
todas as atividades físicas internas (trabalho biológico) e externas (como a
manutenção da temperatura corporal). As vias anabólicas são processos
endergônicos e redutivos que necessitam de energia para serem realizados. Esta
energia é liberada pela hidrólise de ATP (trifosfato de adenosina) e pelo poder redutor
de NAD+ e NADH, fornecido pelo catabolismo.
A forma final de absorção da energia contida nas biomoléculas se dá por meio
de ligações de alta energia do ATP, o qual é sintetizado nas mitocôndrias por
processos oxidativos que utilizam diretamente o O₂. Desta forma é essencial a
presença de mitocôndrias e de oxigênio celular para o aproveitamento energético
completo das biomoléculas.
Fonte: https://www.shutterstock.com/
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CAMPBELL, Mary K. Bioquímica .2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
ASMA. Saúde e bem estar. Porto, 2017. Disponível em: . Acesso em: 02 out. 2017.
76
CARVALHO, Talita Giacomet de. Água, pH e tampões. Soluções Educacionais
Integradas – SAGAH, 2018.
HARVEY, R.; FERRIER, D. Bioquímica ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
77
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.
NÍVEIS de estruturas protéicas. 2013. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2017
RICOCHET SCIENCE. Lipids. YouTube, 2016. Disponível em: . Acesso em: 02 out.
2017.
RODWELL, V. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH,
2017.
STRACHAN, T.; READ, A. Genética molecular humana. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2013
WATSON, J. et al. Biologia Molecular do Gene. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
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