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Advogada. Professora Convidada no Curso de Especialização em Direito e Processo Penal, na
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professora tutora no Complexo Jurídico Damásio de
Jesus, para os cursos de 2ª fase do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, na área de
Direito Penal (2012-2014). Professora orientadora dos cursos de pós-graduação em Direito
Constitucional e Direito e Processo Penal, no Complexo Jurídico Damásio de Jesus (orientações
on-line). Trabalha com o ensino à distância, elaborando aulas para o ambiente virtual de
aprendizagem dos cursos de MBA das Faculdades Metropolitanas Unidas, com ênfase nos
seguintes temas: Sistema Financeiro Nacional, Direito Penal Imobiliário, Mercado de Capitais
e Planejamento Tributário. É Professora da Disciplina de Metodologia e Didática para os cursos
de Pós-graduação das Faculdades Metropolitanas Unidas. Possui graduação em Direito pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 2008. Mestre em Direito Político e Econômico, na
Universidade Presbiteriana Mackenzie (dissertação aprovada com distinção). Especialista em
Direito Empresarial (2010), pela mesma Universidade. Foi bolsista CAPES, no programa de
Mestrado em Direito Político e Econômico, bem como estagiária-docente nas disciplinas de
Estado de Direito Democrático e Crime Organizado; Sistemas Jurídicos Contemporâneos;
Direito Penal e Direito Processual Penal, na Universidade. Realiza pesquisas nos grupos
“Políticas Públicas como instrumento de efetivação da Cidadania” e “Novos Direitos e proteção
da cidadania: evolução normativa, doutrinária e jurisprudencial”, que são vinculados ao
Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie.
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MACEDO, Maria F. S. Proteção Ambiental do Solo Brasileiro – Breves Considerações
sobre o Descarte Adequado de Medicamentos Vencidos: Informação e Exercício da Cidadania
Abstract: The Brazilian Constitution of 1988 (The National Higher Law, which
presents guidelines for infra Brazilian law) establishes in its article 225, that
“everyone has the right to an ecologically balanced environment and the com-
mon use and essential to a healthy quality of life, and both the Government and
the community shall have the duty to defend and preserve it for present and
future generations”. The requirement of environmental protection, however,
comes up against various mishaps. One of the major challenges to environmen-
tal preservation is precisely the lack of information for precaution and that da-
mage is avoided. The disposal of medicines is one example of the damage that
the lack of information leads to both people and for the environment. The infor-
mation correctly provided to the population are directly linked with the guaran-
tee of the exercise of citizenship and allow popular participation in measures
that protect the collective protection. The objective of this research paper is to
highlight the discussion on the importance of proper disposal of medications,
seeking the lifting of theoretical aspects , present important information so that
soil contamination is avoided , apart from cross-contamination.
Keywords: Proper disposal of medications. Soil contamination. Environmental
protection of the Brazilian soil.
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Segundo a obra “Vocabulário Jurídico”, De Plácido e Silva: “Direito ambiental. Embora haja
quem vá distinguir entre o Direito Ambiental e o Direito Ecológico, referem-se ambos, em
sentido amplo, ao conjunto de normas e princípios tendentes à preservação do meio ambiente
ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida”. SILVA, De Plácido e.
Vocabulário Jurídico. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p.463.
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Neste sentido, importante a definição trazida pelo site do Ministério da Justiça, ao tratar da
cidadania: “Direitos difusos são todos aqueles direitos que não podem ser atribuídos a um
grupo específico de pessoas, pois dizem respeito a toda a sociedade. Assim, por exemplo, os
direitos ligados à área do meio ambiente têm reflexo sobre toda a população, pois se ocorrer
qualquer dano ou mesmo um benefício ao meio ambiente, este afetará, direta ou indiretamente,
a qualidade de vida de toda a população. O mesmo ocorre com os direitos do consumidor, com
os direitos ligados à preservação do patrimônio sócio cultural e com os bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico, por infração à ordem econômica etc”.
Ministério da Justiça. Cidadania. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/
main.asp?View={2148E3F3-D6D1-4D6C-B253633229A61EC0}&Br
owserType=IE&LangID=pt-br¶ms=itemID%3D%7B575E5C75-D40F-4448-
AC9123499DD55104%7D%3 B&UIPartUID=%7B2868BA3C-1C72-4347-BE11-
A26F70F4CB2>. Acesso em: 03 fev. 2014.
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De acordo com o art. 1º da CF/88: A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa
humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.
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Neste ponto, é interessante a definição de “solo”, trazida pela CETESB (Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo): “Definição: O solo é um meio complexo e heterogêneo, produto de
alteração do remanejamento e da organização do material original (rocha, sedimento ou outro
solo), sob a ação da vida, da atmosfera e das trocas de energia que aí se manifestam, e constituído
por quantidades variáveis de minerais, matéria orgânica, água da zona não saturada e saturada,
ar e organismos vivos, incluindo plantas, bactérias, fungos, protozoários, invertebrados e outros
animais. São funções do solo: sustentação da vida e do “habitat” para pessoas, animais, plantas
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Um dos graves problemas é a contaminação cruzada: “Contaminação de determinada matéria-
prima, produto intermediário, produto a granel ou produto terminado com outra matéria-prima,
produto intermediário, produto a granel ou produto terminado, durante o processo de produção”.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução – RDC n.º 35,
de 25 de fevereiro de 2003. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br >. Acesso em: 01 fev. 2014.
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FERREIRA, J. A. Resíduos sólidos e lixo hospitalar: Uma discussão ética. Cadernos de Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v.11, n.2, abr./jun. 2005, p.01.
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É pertinente a seguinte definição:
“CHORUME – O chorume é um líquido escuro contendo alta carga poluidora, o que pode
ocasionar diversos efeitos sobre o meio ambiente. O potencial de impacto deste efluente está
relacionado com a alta concentração de matéria orgânica, reduzida biodegradabilidade, pre-
sença de metais pesados e de substâncias recalcitrantes. A decomposição dos resíduos sóli-
dos, depositados em aterros sanitários, é um processo dinâmico comandado por organismos
decompositores de matéria orgânica, sendo em sua maioria bactérias heterotróficas, aeróbias
e facultativas. Esta decomposição pode ser descrita pelas fases aeróbia e anaeróbia. A fase
aeróbia ocorre durante o primeiro mês de deposição e recobrimento do lixo na vala. A ação de
decomposição é realizada pelas bactérias aeróbias que utilizam o oxigênio presente no interior
do aterro. É mais intensa no início e a medida que o oxigênio vai ficando escasso a decompo-
sição torna-se mais lenta. A presença de águas pluviais exerce grande influência sobre esta
fase, pois facilita a redistribuição de nutrientes e microorganismos ao longo do aterro sanitá-
rio. Quando todo o oxigênio é consumido, inicia-se a fase anaeróbia, onde a decomposição
ocorre através dos organismos anaeróbios e/ou facultativos que hidrolisam e fermentam celu-
lose e outros materiais presentes no resíduo. Esta fase é caracterizada pela redução da con-
centração de carbono orgânico, altos níveis de amônia e largo espectro de metais, representan-
do considerável potencial de risco para o meio ambiente. A fase anaeróbia pode demorar
vários anos para estar completa. Diversos fatores contribuem para que o resíduo da decompo-
sição do lixo (chorume) seja complexo e apresente significativas variações em sua composi-
ção. Dentre as mais importantes contam-se: dinâmica de decomposição ao longo do tempo,
variações na forma de operação do aterro sanitário, na composição dos resíduos depositados,
no volume de chuvas e outras alterações climáticas”. Disponível em: <http://
www.quimica.ufpr.br/tecnotrater/chorume.htm>. Acesso em: 01 fev. 2014.
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A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apresenta os seguintes significados:
• Droga - substância ou matéria-prima que tenha a finalidade medicamentosa ou sanitária;
• Medicamento - produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade
profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico;
• Insumo Farmacêutico - droga ou matéria-prima aditiva ou complementar de qualquer
natureza, destinada a emprego em medicamentos, quando for o caso, e seus recipientes;
• Correlato - a substância, produto, aparelho ou acessório não enquadrado nos conceitos
anteriores, cujo uso ou aplicação esteja ligado à defesa e proteção da saúde individual ou
coletiva, à higiene pessoal ou de ambientes, ou a fins diagnósticos e analíticos, os cosméticos e
perfumes, e, ainda, os produtos dietéticos, óticos, de acústica médica, odontológicos e
veterinários”. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/conceito.htm>.
Acesso em: 01 fev. 2014.
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Neste sentido: “Brasil é o nono maior mercado de fármacos e medicamentos do mundo e
conta com importantes indústrias do setor em seu território. A indústria nacional lidera as
vendas no mercado interno e reforça os investimentos em pesquisa, respaldada pela força dos
genéricos. Genérico é o remédio cuja patente expirou e, por isso, pode ser comercializado sem
a marca de grife, num preço mais barato. Segundo dados do Ministério da Saúde, o mercado
farmacêutico movimenta anualmente R$ 28 bilhões e a tendência é de expansão”. Portal Brasil.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2010/12/industria-
farmaceutica>. Acesso em: 08 fev. 2014.
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ALVARENGA, L.S.V. e NICOLETTI, M.A. Descarte Doméstico de Medicamentos e algumas
considerações sobre o Impacto Ambiental. Revista Saúde, São Paulo, vol. 4, n. 3, p. 34-39,
2010, p.35.
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Os fabricantes detêm acesso a todo o rol de informações da cadeia produtiva – conhecimento
este que envolve o processo completo de fabricação, manipulação, além dos componentes dos
remédios. O consumidor, além de não ter acesso a todas estas informações, como regra geral,
não tem o mesmo respaldo que as empresas possuem (especialmente nas seguintes áreas:
jurídica, operacional e financeira). O Código de Defesa do Consumidor busca o equilíbrio na
relação entre o fornecedor e o consumidor (que é vulnerável frente à empresa). Insta salientar,
inclusive, que alguns consumidores estão em relação de fragilidade ainda maior, frente à
empresa: são os consumidores hipossuficientes.
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O descarte inadequado de medicamentos pode contaminar o solo, a vegetação, os lençóis
freáticos, os mares, os lagos, os rios e as represas, abarcando a fauna e a flora regionais.
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Trata-se da Lei nº. 15192/2012 (Estado do Ceará), que determina: “O Governador do Estado
do Ceará. Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei: Art.
1º. As farmácias, drogarias e distribuidoras de medicamentos em operação no Estado do Ceará,
disponibilizarão espaços adequados em seus estabelecimentos para receberem, em devolução,
os medicamentos com data de validade vencidas ou deteriorados e inservíveis ao uso pela
população, evitando intoxicações com seu uso inadequado ou seu descarte indevido no meio
ambiente. Art. 2º. Após sua devolução aos estabelecimentos referidos nesta Lei, os
medicamentos serão acondicionados em embalagens separadas de outros tipos de lixo para o
recolhimento pela coleta de resíduos sólidos das cidades e encaminhados para a destinação
final adequada, observadas as disposições legais para o correto acondicionamento desses
materiais. Art. 3º. Os espaços reservados para a recepção dos medicamentos devolvidos devem
ser localizados em pontos de fácil acesso aos clientes e consumidores dos estabelecimentos e
identificados através de cartazes com os dizeres: “DEVOLVA AQUI OS MEDICAMENTOS
VENCIDOS OU DETERIORADOS. EVITE INTOXICAÇÃO OU CONTAMINAÇÃO DO
MEIO AMBIENTE.” Art. 4º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. PALÁCIO
DA ABOLIÇÃO, DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, 19 de julho de
2012. José Arísio Lopes da Costa - GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ EM
EXERCÍCIO - Raimundo José Arruda Bastos - SECRETÁRIO DA SAÚDE”.
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Neste sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello leciona: “Com efeito, enquanto o princípio
da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é da essência de qualquer Estado,
de qualquer sociedade juridicamente organizada com fins políticos, o princípio da legalidade
é o específico do Estado de Direito, é justamente aquele que o qualifica e que lhe dá identidade
própria. Por isso mesmo é o princípio basilar do regime jurídico-administrativo, já que o direito
administrativo (pelo menos aquilo que como tal se concebe) nasce com o Estado de Direito: é
uma conseqüência (sic) dele. É o fruto da submissão do Estado à lei. É em suma: a consagração
da idéia (sic) de que a Administração Pública só pode ser exercida na conformidade da lei e
que, de conseguinte, a atividade administrativa é atividade sublegal, infralegal, consistente na
expedição de comandos complementares à lei”. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso
de Direito Administrativo. 8. ed. São Paulo: Malheiros Editora, 1996, p. 56.
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Trata-se de abordagem geral, que não esgota toda a legislação que versa sobre o tema.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) – Medica-
mentos/ Conceitos. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/
conceito.htm>. Acesso em: 01 fev. 2014.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) – Resolução
RDC n.º 33, de 25 de fevereiro de 2003. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/
legis/ resol/2003/rdc/33_03rdc.htm>. Acesso em: 05 mai. 2013.
ALVARENGA, L.S.V. e NICOLETTI, M.A. Descarte Doméstico de Medicamen-
tos e algumas considerações sobre o Impacto Ambiental. Revista Saúde, São Paulo,
vol. 4, n. 3, p. 34-39, 2010.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constitui%C3%A7ao. htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.
BRASIL. Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei no 12.305,
de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o
Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Ori-
entador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras provi-
dências. Brasília, DF, 23 de dezembro de 2010. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm. Aces-
so em: 5 nov. 2013.