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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE DIREITO

MEIO AMBIENTE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DIREITO À ALIMENTAÇÃO: UM


CONTEXTO AMAZÔNICO

Daniella Alves dos Santos²

Nathália da Costa Santos²


RESUMO

No contexto dos séculos XIX e XX, principalmente após o advento da Revolução Industrial, as
discussões em torno do Meio Ambiente possuíam uma visão utilitarista e economicista, onde não
havia preocupação com proteção ou desenvolvimento sustentável. A partir da década de 50,
diversas organizações internacionais incluíram como pauta da discussão mundial a evolução
humana e a necessidade de proteger o meio ambiente. Porém, é de amplo conhecimento que,
mesmo com diversos mecanismos de proteção, a degradação ambiental alcançou níveis severos no
mundo todo, o que trouxe diversas consequências negativas em todo o globo. Nesse contexto, o
presente trabalho busca refletir sobre o meio ambiente, mudanças climáticas e o direito à
alimentação, em uma abordagem preliminar sobre o contexto amazônico.

Palavras-chave: meio ambiente. mudanças climáticas. direito à alimentação. contexto amazônico.


comunidades ribeirinhas.

1. INTRODUÇÃO

Antes da década de 50, o mundo cultivava uma visão patrimonialista, individualista e


utilitarista do meio ambiente. Ou seja, o meio ambiente era visto como algo a ser explorado, com
o objetivo de satisfazer as necessidades humanas. Após a década de 50, diversas organizações
mundiais passaram a incluir na pauta dos grandes países discussões relacionadas ao meio
ambiente, ele em seu gênero e também em todas as suas espécies.
Assim, surgiram diversas leis de proteção ao meio ambiente. No contexto brasileiro, tem-
se a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), que mais tarde diversos de seus
dispositivos e interpretações foram incorporados pela Constituição Federal de 1988. No entanto,
mesmo com os esforços de proteção, sabe-se que o meio ambiente continua a ser bastante
degradado.
1
Resumo Expandido apresentado à matéria Teoria do Direito, ministrada pelo Prof. Luiz Otávio Pereira, Faculdade de
Direito, do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
2
Discente devidamente matriculada no curso de Direito da Faculdade de Direito do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ)
da Universidade Federal do Pará (UFPA).
2
Discente devidamente matriculada no curso de Direito da Faculdade de Direito do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ)
da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Dessa forma, o presente resumo tem como objetivo a reflexão acerca do meio ambiente,
analisando como este passou a ser tratado jurídica-normativamente em legislações, assim como
refletir sobre os impactos causados pela degradação ambiental, como as mudanças climáticas e
analisar como esses fatores influenciam no direito à alimentação, em uma abordagem que analisa
principalmente o contexto amazônico.

2. MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O DIREITO À ALIMENTAÇÃO

A Lei de Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), em seu artigo 3º, inciso
I, conceitua o que é meio ambiente:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem


física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas;

É importante destacar que a visão exposta pela norma supracitada é uma visão
biocêntrica, ou seja, a finalidade social é voltada para a preservação do bem comum. Conforme
explicita Evgeni Pachukanis (1924), a evolução histórica do direito traz consigo não apenas uma
mudança de conteúdo das normas, porém uma mudança dos institutos do direito e um
desenvolvimento da norma jurídica. Destaca-se que, mais tarde, em 1988, a Constituição Federal
tratará o direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental dos indivíduos, seja de
cunho individual ou coletivo, conforme destacado abaixo:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
No entanto, mesmo com o avanço jurídico-normativo, que instituiu leis de proteção ao
meio ambiente, estudos mostram diversos impactos negativos consequentes do uso desenfreado
dos bens naturais. Mudanças climáticas drásticas, catástrofes naturais e outros tornaram-se cada
vez mais comuns. Nessa visão, destaca-se o pensamento de Ronald Dworkin, que critica o
positivismo jurídico, trazendo à tona a discussão sobre o que o direito deveria ser, ao invés de
analisar o que o direito realmente é.
Em 2023, o Alto Comissário da Organização das Nações Unidas, Volken Tunk, declarou
que as mudanças climáticas colocam quase 80 milhões de pessoas sob o risco de fome. Na visão
de Tunk, as mudanças climáticas ameaçam diretamente o direito à alimentação. Em um contexto
amazônico mais próximo, essa estatística se faz presente.
Em 2023, a crise climática causou uma das maiores secas já vistas no Rio Negro, um dos
rios mais importantes da Região Amazônica. O Painel Intergovernamental sobre mudanças
climáticas apontou que a região amazônica sofreria imensamente com as alterações climáticas: ou
seriam cheias muito intensas ou secas igualmente avassaladoras.
Nesse viés, é importante lembrar que a região amazônica do Brasil é composta por
diversas comunidades ribeirinhas, que vivem ao entorno dos rios e lagos e que dependem desses
meios naturais para garantir sua sobrevivência. O direito à alimentação é garantido em esfera
nacional e internacional, garantindo às pessoas o direito de se alimentar de maneira adequada e
digna. O artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos determina que:
Art. 25 Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a
sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação (...)”.

Nacionalmente, pontua-se que aliado, ao direito à alimentação, tem-se também o


conceito de soberania alimentar e segurança alimentar e nutricional garantidos
constitucionalmente. Nessa lógica, mesmo que o Estado trabalhe para fornecer ali um mento para
as famílias afetadas pela seca do Rio Negro, por exemplo, não seria efetivamente ajudá-los, uma
vez que essa comunidade tem sua cultura e meios de garantir sua sobrevivência, onde contava-se
com os recursos naturais ali presentes. Segundo dados, a seca já afeta quase 600 mil pessoas
ribeirinhas, causando inúmeros prejuízos para essas comunidades.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho buscou refletir sobre as questões iniciais sobre o impacto ao direito à


alimentação em decorrência de mudanças climáticas e suas possíveis soluções, utilizando-se da
pesquisa bibliográfica. A expectativa é que a pesquisa siga com a pesquisa de campo, para colher
informações qualitativas e quantitativas acerca dos impactos causados às comunidades ribeirinhas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RONALD, Dworkin. O que é o direito?: In. O império do direito. Trad. Jefferson Luiz Camargo.
São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 03-54.

PACHUKANIS, Evgeni. Os métodos de construção do concreto nas ciências abstratas. In. A


teoria geral do direito e marxismo. Trad. Lucas Simone. São Paulo: Sandermann, 2017.

CASTRO, de Fábio. Crise climática: seca severa na Amazônia é agravada por desmatamento e
fogo. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?87003/Crise-climatica-seca-severa-na-Amazonia-e-
agravada-por-desmatamento-e-fogo. Acesso em 27 de novembro de 2023.

MUDANÇA CLIMÁTICA COLOCA 80 MILHÕES DE PESSOAS SOB RISCO DE FOME.


ONU News. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2023/07/1816937#:~:text=Um%20planeta
%20%E2%80%9Cirreconhec%C3%ADvel%E2%80%9D,at%C3%A9%20a%20metade%20deste
%20s%C3%A9culo. Acesso em 27 de novembro de 2023.

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