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AULA 1: ASPECTOS GERAIS DO MEIO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE
Tema 01: Aspectos históricos da relação homem e o meio ambiente

Há, basicamente, três teorias sobre a origem da vida no planeta Terra (Figura 02). A primeira diz respeito à
teoria criacionista, que atribui a criação das espécies existentes no planeta a um Criador Divino (a exemplo de Adão,
que foi criado a partir do barro, e Eva, criada a partir de uma costela de Adão). A segunda teoria, chamada de
panspermia, diz que o planeta foi colonizado a partir de microrganismos trazidos por meteoros vindos do espaço sideral.
A terceira teoria, e mais aceita pela comunidade científica atual, é chamada de evolucionista, e diz que as primeiras
formas de vida teriam surgido há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, quando o planeta proporcionou condições
ideias para o surgimento da vida como a conhecemos, após o grande evento do Big Bang (a grande explosão do
universo). Vale ressaltar que trabalharemos a partir da perspectiva da última abordagem.
Figura 02: Teorias sobre a origem da vida

Na primeira figura (superior esquerda), a pintura de Michellangelo “Criação Divina” (1511), simbolizando a
criação do Homem a partir de um Criador - criacionismo. Na segunda figura (superior direita), a colonização do planeta a
partir de microorganismos vindos de meteoros - panspermia. Na terceira figura (inferior), a teoria do Big Bang, onde o
planeta surgiu a partir de uma grande explosão, e posteriormente, o surgimento da vida na forma de bactérias - teoria
evolutiva.
Há aproximadamente 4 milhões de anos, acredita-se que tivessem surgido os primeiros hominídeos (Figura 03).
O ser humano, na sua forma atual, apresenta-se como o produto de um longo processo evolutivo. Supõe-se, por
achados arqueológicos, que os primeiros hominídeos teriam habitado a África. Mas, foi somente a espécie Homo
sapiens que conseguiu atingir a capacidade cerebral de cognição e raciocínio lógico como conhecemos hoje (CURI,
2011).
Figura 03: Linha do tempo da evolução humana até os dias atuais.

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Nota-se, na figura, que muitas espécies se desenvolveram quase ao mesmo tempo. O grande salto evolutivo do
Homem pré-histórico em relação a sua estratégia de sobrevivência veio quando ele passou de um ser nômade (indivíduo
migratório sem habitação fixa) quase individualista – coletor-caçador -, e passou a ser gregário (que vive em grupos e
em lugar fixo). Basicamente, o que proporcionou essa mudança foi o domínio que o ser humano passou a ter sobre o
fogo e as plantas (agricultura) e a fabricação de utensílios, aproximadamente 7.000 anos a.C. No entanto, a migração
continuava a acontecer devido, principalmente, à perda da fertilidade da terra, o que os obrigava a migrar para outro
local.
Embora esse impacto existisse, sua escala era quase irrelevante, pois a natureza era capaz de se recompor em
tempo suficiente. Porém, a postura de sobrevivente às intempéries da época se modificou. Agora, o homem passou a ser
um predador.
Após longos períodos evolutivos, passando pela Idade Média (1000 anos d.C.), pelo período Renascentista –
séculos XV e XVI – e pela Revolução Científica do século XVII, chegamos à segunda metade do século XVIII, época que
foi marcada por um evento fundamental relacionado aos impactos que o ser humano pode causar no meio ambiente: a
Revolução Industrial.
Logicamente, a ideia aqui não é nos aprofundarmos nos aspectos históricos da Revolução Industrial, mas, sim,
entender que ela foi um marco histórico no processo de superexploração dos recursos naturais (gerando impactos
ambientais consideráveis, como poluição e desmatamento), visando ao bem- -estar social. Vale destacar que a
sociedade também sofreu as consequências devastadoras da Revolução, devido à exploração da mão de obra em
regimes de trabalho semiescravos (CASAGRANDE JR.; AGUDELO, 2012).

Tema 02: Os conceitos e princípios ambientais

Até agora, falamos muito de meio ambiente, mas ainda não o definimos exatamente. O conceito de meio
ambiente é bastante amplo e permite inúmeras interpretações e definições. De acordo com o professor José Carlos
Barbieri (2007), a forma como nós definimos o meio ambiente também define a forma como interagimos com ele.
No português, a palavra ambiente significa “ao redor”. Ainda, é interessante dizer que alguns autores acham
redundante dizer “meio ambiente”, pois as duas palavras significam a mesma coisa. Em espanhol, inglês e francês,
apenas uma palavra é utilizada. Um dos autores mais influentes da área ambiental, o professor Frijot Capra (2005),
define meio ambiente como algo que está relacionado à ecologia (o estudo da “casa”) e que o planeta funciona como
uma teia, isto é, está totalmente interligado.
A legislação brasileira, com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/1981), define meio ambiente
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). De acordo com o dicionário Aurélio1, meio ambiente é o
“conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os seres vivos se desenvolvem”.
Já o ecólogo norte americano Robert Ricklefs, em seu livro A economia da natureza, conceitua meio ambiente
como “o que contorna um ser; esse envoltório abrange plantas e animais” (RICKLEFS, 2003).
Para Babieri (2007), há três tipos de meio ambiente:
1. Ambiente natural – matas virgens e outros ambientes ainda inexplorados pelo homem;
2. Ambiente domesticado – áreas de reflorestamento, açudes e lagos artificiais;
3. Ambiente fabricado – centros urbanos, estradas e tudo o que foi construído pelo ser humano.
Já para a Constituição Federal Brasileira (1998), essa divisão é ainda mais abrangente. Veja no quadro a seguir.
Quadro 1: Os diferentes tipos de ambiente, de acordo com a Constituição Federal Brasileira (1998).
Físico Cultural Artificial Trabalho
- Flora - Patrimônios - Conjunto de edificações - Conjunto de condições
- Fauna a. Cultural particulares ou públicas, existentes no local de
- Solo b. Artístico principalmente urbanas trabalho relativo a
- Água c. Arqueológico qualidade de vida do
- Atmosfera d. Paisagístico trabalhador
- Ecossistema - Manifestações culturais e
populares

Analisando estas definições, é possível observar que determinadas vertentes assumem que meio ambiente
engloba aspectos naturais e biológicos, ao passo que outras vertentes vão além, incluindo aspectos relacionados a

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cultura, economia e sociedade. Nesta disciplina, vamos abordar o conceito mais holístico possível, com a finalidade de
ampliar nossas possibilidades de discussões sobre a gestão desse tema.
É de senso comum que há grande necessidade de preservar o meio ambiente e, para isso, foram criados
princípios, leis e outros instrumentos legais que auxiliam neste processo. Um desses princípios – e que cabe muito bem
neste tema – denomina-se Princípio da Precaução. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), este
princípio estabelece que deva haver uma relação respeitosa entre homem e natureza e, ainda, que esta relação deva ser
substancialmente funcional. Este princípio também trata de ações de antecipação do risco, com o intuito de se preservar
a saúde humana e ambiental. Vale destacar que, inicialmente, este princípio foi elaborado em resposta à poluição
ambiental na Europa, na década de 1970, mas foi estendido, inclusive, às questões econômicas que, de alguma forma,
podem interferir na saúde do homem e do meio ambiente.
Outro princípio fundamental é o do Poluidor-pagador (que está baseado no artigo 225 da Constituição
Federal). Este princípio estabelece que aquele que polui deve, de alguma forma, pagar pelo dano ambiental, com a
finalidade de repará-lo. No entanto, a esse princípio cabem inúmeras discussões, pois alguns autores alegam que isso
dá o “direito de poluir”. Por outro lado, outros autores afirmam que pode ser considerado um mecanismo punitivo daquele
que promove a degradação ambiental.
A seguir, note uma tabela com outros princípios fundamentais do direito ambiental (Quadro 2). Vale ressaltar que
este é um assunto que discutiremos mais profundamente em outro momento da nossa disciplina, e, ainda, que tal divisão
varia de acordo com o autor. Nesse caso, utilizaremos as definições de Farias (2006).
Quadro 02: Princípios do Direito Ambiental.
Princípios Definições
Da Prevenção “É aquele que determina a adoção de políticas públicas de defesa dos recursos
ambientais como forma de cautela em relação à degradação ambiental”.
Da Responsabilidade “O princípio da responsabilidade faz com que os responsáveis pela degradação ao
meio ambiente sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e com os custos da
reparação ou da compensação pelo dano causado”.
Do Limite De acordo com este princípio, é dever do Estado “fixar parâmetros mínimos a serem
observados em casos como emissões de partículas, ruídos, sons, destinação final de
resíduos sólidos, hospitalares e líquidos, dentre outros, visando sempre promover o
desenvolvimento sustentável”.
Da Gestão Democrática De acordo com este princípio, a gestão democrática deve “assegurar ao cidadão o
direito à informação e a participação na elaboração das políticas públicas
ambientais, de modo que a ele deve ser assegurado os mecanismos judiciais,
legislativos e administrativos que efetivam o princípio. Esse princípio da gestão
democrática diz respeito não apenas ao meio ambiente, mas a tudo o que for de
interesse público”.

Tema 03: Meio Ambiente: antecedentes históricos

Nesse momento da nossa aula, você deve estar se perguntando: efetivamente, quando começou a preocupação
com a degradação ambiental? Na verdade, essa pergunta não é nada simples de ser respondida, mas podemos citar
alguns eventos ou algumas épocas muito importantes para a preservação ambiental.
Apesar de parecer, a preocupação com a preservação ambiental não é tão recente. Na Grécia antiga, Platão
(428 a.C.–348 a.C.) já mencionava preocupação com a devastação das paisagens da sua terra. Seu ex-discípulo,
Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.), dizia que o homem faz parte da natureza e quem ambos têm as suas finalidades
(CARVALHO; GRUN; TRAJBER, 2006). No entanto, foi somente a partir da década de 1950 que a população mundial
passou a notar que algo estava errado. Acidentes ambientais em diferentes partes do mundo estavam acontecendo e
todos eles estavam associados com ações antrópicas. Citaremos, a seguir, três casos que levantaram esse alerta.
1. No Japão, por muitos anos, uma indústria química causou um intenso vazamento de mercúrio na baía de
Minamata. Esse componente químico, extremamente neurotóxico, causou uma série de doenças neurológicas
nas famílias locais e nos animais, que passaram a consumir o peixe que estava contaminado pelo mercúrio. A
doença ficou conhecida como “A doença de Minamata”.

2. O caso da grande fumaça que atingiu Londres, na Inglaterra, ficou conhecido como “o grande smog de 1952”.
Esse fenômeno foi causado pela enorme queima de carvão e combustíveis utilizados para alimentar as fábricas
do local. Na época, mais de 4 mil pessoas morreram em decorrência da exposição à fumaça, no entanto, estima-
se que foram mais de 7 mil óbitos. Também, mais de 15 mil pessoas foram internadas devido a problemas

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respiratórios. Foi a partir desse episódio que as autoridades inglesas passaram a adotar medida de controle em
relação à emissão de fumaça, no país (KATSOYIANNIS e BOGDAL, 2012).

3. A explosão de um navio carregado de nitrato de amônio (muito utilizado na fabricação de fertilizantes) explodiu
no Texas/EUA. Nesse episódio mais de 500 pessoas morreram.

Estes três eventos, de fato, contribuíram bastante para alertar sobre os riscos ambientais que o planeta e seus
habitantes estavam correndo, em função das ações humanas. Porém, nenhum deles se compara ao alerta emitido por
uma bióloga norte-americana que denunciou os efeitos nefastos de um defensivo agrícola (produto utilizado nas lavouras
para evitar pragas e outros males). Rachel Carson (1907–1964) publicou o livro Primavera Silenciosa (do inglês Silent
Spring), em 1962. Na obra, a autora descrevia uma enorme mortandade de pássaros devido à exposição ao DDT,
defensivo utilizado nas lavouras da época e que, posteriormente, seria banido de muitos países, inclusive no Brasil
(STADLER; MAIOLI, 2011).
Depois desse evento, a comunidade cientifica mundial juntou seu grito de alerta aos da bióloga. Assim, em 1968,
um encontro reunindo alguns cientistas, políticos e alguns intelectuais de renome mundial (incluindo o ex-presidente da
república, Dr. Fernando Henrique Cardoso), fundaram o Clube de Roma, que tinha por objetivo discutir e propor
soluções a problemas que assolavam o planeta, inclusive os problemas ambientais. Na ocasião, o Clube
solicitou ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, um estudo sobre o futuro da humanidade,
caso continuassem a degradação ambiental, daquela forma, e com aquela velocidade. O documento gerado ficou
conhecido como Os limites do crescimento (do inglês, The limits of growth) ou Relatório de Meadows, em
homenagem aos seus dois principais autores: Donnela Meadows e Dennis Meadows.
A ideia central dos resultados se baseava em conceitos já pré-concebidos pelo economista Inglês Thomas
Malthus (1766–1834) e sua teoria Malthusiana, em que o autor mencionava que, se a população continuasse a crescer
em progressão geométrica (0, 2, 4, 8, 16, 32...) e a produção de alimento continuasse seu crescimento em progressão
aritmética (0, 2, 4, 6, 8, 10...), os habitantes do planeta entrariam em colapso (Figura 04). O gráfico indica que o
crescimento populacional (linha vermelha) é muito mais acelerado que a produção de alimento (linha azul).
Figura 04: Gráfico representativo da Teoria Malthus.

Alguns anos mais tarde, em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi realizada outra importante conferência
para tratar da problemática ambiental. No entanto, agora, a discussão inclui os aspectos político-econômicos e suas
consequências. A reunião ficou conhecida como Conferência de Estocolmo.
Um importante documento produzido após a reunião foi a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, que
trazia um plano de ação com uma série de diretrizes e recomendações visando à preservação ambiental em nível
mundial. Além disso, foi durante esta conferência que se ouviu uma das frases mais marcantes em relação às causas
socioambientais. A então primeira Ministra da Índia, Indira Gandhi, filha de Mahatma Gandhi, disse: “a miséria é a maior
de todas as poluições” (ALENCASTRO, 2013).
Um importante legado deixado pela Conferência de Estocolmo foi a criação de um organismo internacional
responsável pelas discussões sobre meio ambiente – o Programa das Nações Unidades para o Meio Ambiente
(PNUMA). Alguns anos mais tarde, em 1983, com a criação da Comissão Mundial para o Desenvolvimento e o Meio
Ambiente (CMDMA), propuseram uma série de medidas visando à preservação ambiental. Seu principal fruto foi a

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publicação de um dos mais importantes documentos relacionados ao assunto, o Relatório de Brundtland ou O nosso
futuro comum (1987).
As ideias desse documento são utilizadas até hoje, sobretudo aquela que está relacionada ao desenvolvimento
sustentável (BRUNDTLAND, 1987). Esse conceito traz à tona a maneira como devemos seguir com o desenvolvimento
das nações. Esse assunto será discutido mais profundamente nas próximas seções, assim como as conferências
internacionais que aconteceram no Brasil: a Eco 92 e a Rio +20.
A seguir, uma linha do tempo com resumo dos principais eventos históricos relacionados à preservação
ambiental (Figura 05).
Figura 05: Linha do tempo com os principais eventos históricos relacionados com as questões ambientais.

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Tema 04: Conferências internacionais no Brasil: Eco 92 e Rio +20.

Após tantas reuniões e debates relacionados aos problemas ambientais, como saber se, de fato, a sociedade
contribuiu significativamente para a preservação dos recursos naturais? Difícil de saber. Com o objetivo de verificar a
situação ambiental mundial desde a conferência da Estocolmo, representantes de mais de 179 países de reuniram no
Estado do Rio de Janeiro para discutir sobre o assunto. Isso só foi possível porque vários fatores favoreceram tal
encontro. De acordo com Curi (2011), os dois principais fatores foram:
Fim da Guerra-fria entre os EUA e a antiga União Soviética;
Primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) que dissertava sobre os
efeitos dos gases tóxicos para atmosfera, principalmente para o agravamento do efeito estufa.
Em 1992, os países presentes na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), também conhecida como ECO-92 ou Rio-92, retomaram o assunto sobre o desenvolvimento sustentável e,
ainda, debateram e elaboraram propostas e documentos, visando solucionar os problemas relacionados a super
exploração dos recursos naturais.
De acordo com Curi (2011), essa conferência teve uma conotação política e social muito mais relevante que a
Conferência de Estocolmo. Ainda, como mencionado anteriormente, uma série de tratados, convenções e acordos foram
estabelecidas durante a reunião. Podemos citar:
Declaração de princípios sobre florestas
Convenção sobre as mudanças climáticas
Convenção da biodiversidade
Agenda 21
Carta da Terra
Dentre os documentos citados, talvez o mais importante, e o que daremos mais enfoque, é a Agenda 21, que,
como o próprio nome dá a entender, se trata de uma série de compromissos e metas estabelecidos e acordados pelos
179 países presentes durante a Rio-92. Esse plano de ação de desenvolvimento e foi elaborado para ser aplicado nas
diferentes escalas das nações: escala global, nacional e local. Isso tanto é verdade que o slogan do documento é “Pense
globalmente e haja localmente”.
Além disso, os atores participantes dessas ações pertencem às diferentes esferas da sociedade. São os
governos, as organizações não governamentais do terceiro setor (ONGs), a sociedade civil, entre outros. O documento
foi elaborado com 40 capítulos e suas subdivisões. Para facilitar o entendimento e aplicação de cada item,
subdividiu-se em 4 seções:
Dimensões Sociais e Econômicas;
Conservação e Gerenciamento de Recursos para o Desenvolvimento;
Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos;
Meios de Implantação.
Para Alencastro (2013), a Agenda 21 “é a mais completa tentativa já realizada de orientar para um novo padrão
de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica,
presente em todas as ações propostas”. Outra proposta bastante importante da Agenda 21 são os oito desafios do
milênio (Figura 06).
Figura 06: Os oito desafios do milênio propostos pela Assembleia geral das Nações Unidas até o ano de 2015.

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Dez anos após a Rio-92, aconteceu a Rio+10, em Joanesburgo (África do Sul), também conhecida como
Conferência de Joanesburgo. Essa reunião teve por meta avaliar os avanços e as dificuldades da implementação da
Agenda 21. Especificamente durante essa reunião, alguns documentos foram propostos por alguns chefes de Estado
conclamando o alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e o aumento da ajuda financeira para os países
pobres, acreditando ser fatores cruciais para o desenvolvimento sustentável. A conclusão foi que os objetivos
estabelecidos durante a Rio-92 não foram alcançados. Ainda, três objetivos foram estabelecidos para os próximos anos:
Erradicação da pobreza;
Mudanças dos padrões de produção e consumo;
Proteção dos recursos naturais (Ribeiro, 2002).
Enfim, 20 anos após a Rio-92, na mesma cidade, aconteceu a tão esperada Rio+20 (Conferência das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável). O principal objetivo da reunião foi reafirmar o pacto estabelecido há 20
anos, e firmar outros tão importantes quanto. Para Alencastro (2013), o pano de fundo da referida conferência era:
“a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável e a
construção de uma economia verde (grifo nosso) capaz de interromper a degradação do meio
ambiente combater a pobreza e reduzir a desigualdade (...), ela foi palco de importantes discussões
envolvendo temas como a segurança alimentar, cidades sustentáveis, erradicação da pobreza,
inovação e tecnologia para o desenvolvimento sustentável, recursos hídricos, florestas e energia”
(ALENCASTRO, 2013).
O importante documento elaborado durante a reunião, intitulado O futuro que queremos, foi muito criticado por
diferentes vertentes da sociedade. Muitos estudiosos do assunto afirmam que, ao invés de avanço nas discussões,
houve retrocesso!

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Tema 05: Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável

Como pudemos notar, durante muitos anos, a exploração dos recursos naturais ocorreu de forma natural, com o
intuito de sustentar a população humana. Devido a sua abundância, criou-se uma ideia de que estes recursos eram
infinitos e, por isso, poderiam ser explorados sem nenhum tipo de cuidado ou manejo. Hoje, sabemos que se trata de
uma ideia totalmente equivocada e que a finitude desses recursos está bem mais próxima do fim do que podíamos
imaginar. Foi a partir desta ideia que surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável.
A expressão desenvolvimento sustentável surgiu de forma embrionária na década de 1970, durante a
Conferência de Estocolmo. Porém, somente em 1987 este termo foi, de fato, consagrado. Através da publicação do
Relatório de Brundtland, conhecido também como O Nosso Futuro Comum (Our Common Future), definiu-se
desenvolvimento sustentável como "aquele desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades" (do Relatório Brundtland,
“Nosso Futuro Comum”, 1987). Assim, sustentabilidade é uma ação em busca do desenvolvimento sustentável.
É importante ressaltar que para ser sustentável, uma sociedade deve levar em consideração não somente as
questões ligadas ao meio ambiente, mas, também, aquelas ligadas aos aspectos sociais, econômicos e culturais. A
sustentabilidade agrega valor e é peça fundamental na busca de novos mercados, isto é, ela se torna uma ferramenta
competitiva para garantia de ingresso em mercados muito exigentes.
Nesse sentido, muitas empresas têm incorporados em seus planos de negócios diferentes estratégias e ações
sustentáveis em seus serviços e produtos para alcançar consumidores muito mais preocupados com a preservação
ambiental (SILVA, 2012). Logo, para ser sustentável, uma organização deve fornecer produtos de qualidade, respeitando
os recursos ambientais e remunerando as cadeias de produção de forma satisfatória.
É comum a todos que estudam e pesquisam nesta área que, para alcançar a sustentabilidade, devemos seguir a
tríade apresentada a seguir, O Triple Bottom Line, mostrando que nada será sustentável se não tiver a integração
destes três quesitos (Figura 7).
Figura 07: A tríade da sustentabilidade – Triple Bottom Line.

Mas, apesar do grande esforço de muitas nações, fica uma pergunta crucial: a Sustentabilidade ainda é
possível? Para Yamaki (2012), o conceito de sustentabilidade é bastante simples: diz respeito a um
direcionamento visando alcançar o equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Ainda, para a mesma autora
(2012), a sustentabilidade total é uma utopia, pois sempre haverá impacto através das atividades humanas.
A palavra sustentabilidade e suas derivações tornaram-se um jargão modal muito utilizado nos dias atuais. No entanto,
muitas ações relacionadas a essa prática têm muito pouco ou não são nada sustentáveis, apesar de levarem essa
classificação. Há muitas fórmulas, ideias e sugestões de como construir uma sociedade sustentável, mas grande parte
delas esbarra na questão do consumismo desenfreado.
O relatório Estado do Mundo 2014 – como governar em nome da sustentabilidade, da ONG Worldwatch
Institute Brasil (WWI), traz uma coletânea de artigo sugerindo que a sustentabilidade, em seu estado da arte, não condiz
com o que realmente é feito. Ainda, o uso excessivo do termo faz com que ele perca a força original e passe a ser usado
como um marketing pessoal ou empresarial (greenwashing3). Sendo assim, levanto outra questão para que você reflita e
discuta com seus colegas: é possível desvincular o crescimento econômico da exploração dos recursos naturais?
Nunca se discutiu tanto sobre este assunto, mas, ao mesmo tempo, nunca se avançou tão pouco. A humanidade
vem retirando mais recursos do que o planeta pode fornecer. Dados fornecidos no ano de 2015 mostraram que no dia 13
de agosto, a humanidade já havia consumidos todos os recursos naturais disponíveis para um ano inteiro. Este dia fica
conhecido como O Dia da Sobrecarga da Terra (do inglês Earth Overshoot Day). É como se o seu salário tivesse

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terminado no dia 18 e ainda faltam 12 dias para você receber novamente. Assim, você (e o planeta) passa a operar no
vermelho. Estes dados foram divulgados pela ONG Global Footprint Network, em parceira com a ONG WWF.
A tabela a seguir mostra a evolução (ou involução) do dia da sobrecarga da Terra ao longo dos anos. Note que
cada vez mais estamos adiantando essa data (Tabela 01). O resultado mostra que estamos utilizando cada vez mais
rápido os recursos naturais disponíveis no planeta.
Tabela 01: Datas evolutivas do Dia da Sobrecarga da Terra desde o ano 2000.

Na Prática

A problemática ambiental tem sido motivo de preocupações desde a Antiguidade. Isso pode ser muito bem
observado em manuscritos, publicações e arquivos históricos. A ampla falta de perspectiva histórica sobre a história
ambiental tem suas origens na negligência e desinformação. Como resultado, as questões ambientais contemporâneas,
muitas vezes, surgem nos meios de comunicação de massa, sem contexto e, em seguida, desaparecem, sem sabermos
exatamente qual é o fim da história.
Assim, a proposta dessa atividade é bastante simples: construir uma linha do tempo (timeline) com os principais
acidentes ambientais que aconteceram no mundo. Para isso, as regras são bem simples:
a) Desde a década de 1950, cada década deve ter, pelo menos, dois acidentes importantes.
b) Ainda, cada acidente deve ser explicado brevemente: local, componente químico (se for o caso), óbitos (se
houver) e os desdobramentos.
c) A linha do tempo deve ser construída em ferramenta própria disponível na web.

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AULA 2: OS PRINCIPAIS TRATADOS INTERNACIONAIS DE
PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE
Tema 01: Os principais tratados internacionais de proteção ao meio ambiente

Os países desenvolvidos agora enfrentam os seguintes paradigmas: como conciliar o crescimento econômico à
preservação ambiental? Como produzir de maneira eficiente e sustentável a fim de que a própria natureza seja capaz de
se regenerar em um tempo suficiente para a reutilização desses recursos e, também atender às demandas comerciais
mundiais?
É a partir desses questionamentos que iniciaremos nossa conversa sobre os principais tratados internacionais
atrelados à proteção ambiental. Para isso, é necessário entendermos o que é a Política de Comércio Externo e qual é
a sua relação com a Política Ambiental. Para Baptista (2010),
“A Política de Comércio Externo procura a liberalização do comércio internacional, por meio de um conjunto de
instrumentos de intervenção pública sobre o comércio exterior, enquanto que a Política de Meio Ambiente
defende a preservação e/ou conservação ambiental, a saúde e segurança humana, a proteção do consumidor e o
tratamento dado aos animais”.
A partir dessa leitura, observamos um conflito de interesses entre ambas as partes. Um defende a
comercialização de produtos e serviços, ao passo que o outro defende a preservação dos recursos. E porque isso é tão
conflitante? Basta pensarmos que a produção de bens de consumo necessita do uso de recursos naturais. Assim, o
aumento dessa produção leva ao aumento do uso de recursos e, consequentemente, a sua escassez em logo, médio ou
curto prazo, dependendo da velocidade de uso.
Nesse sentido, afirmamos que um meio termo deve ser encontrado para que ambos sigam de maneira
harmônica. É nesse contexto que surgem os tratados ambientais, que têm como principal função a conciliação entre a
preservação dos recursos e a economia de uma nação (ou de várias) de forma sustentável. A imagem a seguir revela os
principais tratados ambientais do mundo moderno.

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Dentre os tratados relatados, podemos destacar:
A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de
Extinção (Cites);
O Protocolo de Montreal (1989);
A Convenção de Basileia (1993);
Protocolo de Kioto (1997).
Vamos nos aprofundar apenas no último, o Protocolo de Kioto, pois se trata do mais conhecido entre os
mencionados e é ferramenta fundamental nos processos relacionados ao Comércio Internacional.
O que é o Protocolo de Kioto?
Assinado em 1997 e iniciado em 2005, o Protocolo de Kioto foi o primeiro acordo internacional (assinado por 189
países) vinculado ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, que estabeleceu entre seus
membros metas de redução de emissões coletivas de gases de efeito estufa em 5,2%, entre os anos de 2008 e 2012,
baseando-se no ano de 1990.
Reconhecendo que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelos altos níveis atuais de
emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, como resultado de mais de 150 anos de atividade industrial, o
Protocolo coloca uma carga mais pesada em nações desenvolvidas sob o princípio de "responsabilidades comuns,
porém diferenciadas".
Os países que se comprometeram em diminuir suas emissões tiveram sucesso, pois a redução foi de
aproximadamente 22,6%. No entanto, a taxa de emissão global aumentou. O último relatório do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) sobre a avaliação do clima mostrou que, em vez de
diminuírem (como era esperado), as emissões de gases aumentaram cerca de 16,5% entre os anos de 2005 e 2012, e
um dos fatores para que esse fato tenha ocorrido é que os maiores poluidores, China e EUA, não participaram do
processo.
Ao final do período, houve a 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-18), em Doha
(Catar), que estabeleceu uma nova meta (o segundo termo do referido Protocolo): até 2020, a redução de 18% das
emissões. É importante mencionar que não mais participam Nova Zelândia, Canadá, Rússia e os EUA.
Desde a Revolução INDUSTRIAL, a temperatura da Terra subiu cerca de 0,74 ºC e se as emissões de GEE não
diminuírem, espera-se que, em 2100, elas possam aumentar de 1,8 ºC a 4 ºC (Figura 1). Para se ter uma ideia da
gravidade deste problema, é só pensar em nosso estado físico quando a nossa temperatura sai de 36,5 ºC (temperatura
normal) para 37,5 ºC (estado febril): a variação de apenas um grau é suficiente para nos causar grande mal-estar!
Figura 1: Evolução da temperatura da Terra desde a Revolução Industrial até os dias atuais.

Nota: após a Revolução Industrial (período após 1860), o aumento da temperatura global tornou-se acentuado.

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Tema 02: Os impactos ambientais do comércio exterior

Em outra ocasião do nosso estudo, vimos que a maioria dos países desenvolvidos utilizam em demasia seus
recursos naturais visando ao aumento da produção e do lucro. No entanto, os efeitos disso são nefastos ao meio
ambiente. Por isso, segundo o estudioso Alemão Urlich Beck, vivemos em uma sociedade de risco (GUIVANT, 2001).
Em seu trabalho, Beck considera que vivemos em um "mundo fora de controle", caracterizado por "incertezas
fabricadas", ou seja, um mundo onde a crescente desconfiança na ciência e nos órgãos responsáveis pela gestão dos
riscos e das catástrofes revelou a necessidade de novos rumos para a tecnologia.
Para se ter uma ideia, utilizamos cerca de 80% a mais de recursos naturais do que a Terra é capaz de nos
oferecer (Figura 2). Cabe, aqui, fazer uma observação: estamos falando de recursos naturais não renováveis, que são os
recursos quem não podem ser renovados pelo próprio meio ambiente. Como exemplo desses recursos, podemos citar o
petróleo, a madeira, o carvão, os metais, entre outras matérias-primas.
Figura 2. Relação consumo-recursos naturais.

A representação gráfica mostra quantos países seriam necessários para sustentar o estilo de vida de cada país.
Podemos observar que os países representados utilizam de muito mais recursos do que o planeta é capaz de oferecer.
A expansão do comércio mundial tem levantado a questão da relação entre comércio e meio ambiente. Já vimos que a
produção de bens importados e exportados, muitas vezes, têm efeitos ambientais negativos. Mas, esses efeitos irão
diminuir ou aumentar com a expansão do comércio? Quem serão os mais afetados: os importadores, os exportadores ou
o mundo como um todo? Além disso: de quem é a responsabilidade acerca dos problemas ambientais associados com o
comércio? Tais indagações têm recebido atenção crescente nos últimos anos.
É importante destacar que, de acordo com a organização Mundial do Comércio, a proibição das importações e
exportações somente podem ser restringidas em casos muito limitados, como, por exemplo, a proteção da saúde e

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segurança dos seus próprios cidadãos. Há inúmeros casos em que países tentam restringir a importação de produtos
que afetem diretamente o meio ambiente, podemos citar, como exemplo, a comercialização de recursos florestais e
pesqueiros que são extraídos de forma não idônea (desmatamento e pesca predatória, respectivamente).
No comercio interno (nacional) há uma expressão muito utilizado nesse sentido: “internalizar as externalidades
negativas”. Mas, o que isso significa? Essa é uma expressão advinda do Princípio do Poluidor-pagador, isso quer
dizer que:
“o poluidor é obrigado a internalizar os custos sociais externos (externalidades negativas) que
acompanham o processo de produção, a fim de que o custo resultante da poluição seja por ele
assumido no custo da produção, devendo agir para diminuir, eliminar ou neutralizar o dano
ambiental”1.
Para o comércio internacional, isso se torna mais difícil, pois a autoridade para formular e aplicar políticas
ambientais geralmente só existe a nível nacional. Podemos dizer que é possível exportar poluição através da importação
de bens cuja produção envolve altos impactos ambientais. O comércio também envolve, necessariamente, o uso de
energia para o transporte, a poluição do ar e outros impactos ambientais. Também pode haver efeitos ambientais
indiretos do comércio, por exemplo, quando os trabalhadores do campo são deslocados das suas terras devido à
mecanização da agricultura. Tipos específicos de comércio, tais como o comércio de resíduos tóxicos ou espécies
ameaçadas de extinção, têm impactos ambientais óbvios.
Entretanto, o comércio também pode ter efeitos benéficos para o ambiente. Um comércio mais livre pode facilitar
a disseminação de tecnologias benéficas ao meio ambiente. Também há a tendência de o comércio promover uma
produção mais eficiente e limpa. Além disso, as pressões legais são alavancas para melhorar as normas ambientais
locais, visando à preservação ambiental.

Tema 03: A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)

A ideia de colônia de exploração foi, por muito tempo, o principal motivo que levou à degradação ambiental dos
biomas brasileiros. Por isso, a mudança desse paradigma era necessária. O Brasil é um dos pioneiros em relação a
políticas e legislações relativas à proteção ambiental. O arcabouço legal brasileiro é um dos mais completos do mundo e
recebe elogios de diversos países. Isso tanto é verdade que a nossa Constituição Federal dedica um capítulo exclusivo
ao quesito proteção ao meio ambiente: o artigo 225.
O país, por se tratar de um dos maiores hotspots2 de biodiversidade do planeta, necessitava que houvesse
legislações de proteção e gestão são extremamente eficientes e efetivas. É importante destacar que a gestão e proteção
jurídica sobre o meio ambiente deu-se primariamente através da promulgação da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981,
um marco histórico no ambientalismo brasileiro, que ansiava por uma gestão participativa e protetiva desse patrimônio. O
objetivo primário dessa política era aliar o desenvolvimento socioeconômico à preservação dos recursos
naturais e ao equilíbrio ambiental, assim, qualquer atividade, seja ela pública ou privada, deve estar em
concordância com essa política.
À época, o Brasil, então governado pelo General João Figueiredo, teve a lei aprovada quase por unanimidade
(fato raríssimo), o que configurava um anseio tanto do governo quanto da oposição no que se refere à proteção
ambiental. Ainda, uma das principais contribuições da referida lei foi a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama), uma estrutura político-administrativa que tem por função a proteção e melhoria da qualidade ambiental. O
Sisnama é formado pelos órgãos e pelas entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
pelas fundações instituídas pelo poder público. A estrutura do Sisnama, de acordo com o Ministério do Meio
Ambiente (MMA), é a seguinte:

Órgão Superior: Conselho de Governo;


Órgão Consultivo e Deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama);
Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente;
Órgão Executor: Ibama e ICMBio;
Órgãos Seccionais: os dos estados responsáveis pela execução de programas, projetos e
controle/fiscalização de atividades degradadoras do meio ambiente;
Órgãos Locais: órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e pela fiscalização destas
atividades, nas suas respectivas jurisdições.
Ainda, seguem outros instrumentos importantes da PNMA:
O estabelecimento dos padrões de qualidade ambiental;
O zoneamento ambiental;

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A avaliação de impacto ambiental;
O licenciamento ambiental;
O estabelecimento e uso de tecnologias visando à melhoria da qualidade ambiental;
A criação dos espaços territoriais protegidos (Unidades de Conservação - UCs3):
 Áreas de Proteção Ambiental (APAs) – área, em geral, extensa, com certo grau de ocupação
humana, com atributos bióticos, abióticos,4 estéticos ou culturais importantes para a qualidade de vida e
o bem-estar das populações humanas. As APAs têm como objetivo proteger a diversidade biológica,
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Cabe
ao Instituto Chico Mendes (ICMBio) estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público.
 Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) – área, em geral, de pequena extensão, com pouca ou
nenhuma ocupação humana, com características naturais singulares ou mesmo que abrigam
exemplares raros da biota regional. Sua criação visa a manter esses ecossistemas naturais de
importância regional ou local, bem como regular o uso admissível destas áreas, compatibilizando-o com
os objetivos da conservação da natureza.
 Reservas Extrativistas (Resex) – área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na
criação de animais de pequeno porte. Sua criação visa proteger os meios de vida e a cultura dessas
populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. As populações que
vivem nessas unidades possuem contrato de concessão de direito real de uso, tendo em vista que a
área é de domínio público. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses
locais e com o disposto no plano de manejo da unidade. A pesquisa é permitida e incentivada, desde
que haja prévia autorização do Instituto Chico Mendes.
Criação do Sistema nacional de informação sobre meio ambiente (CNIA)
Criação das Penalidades Disciplinares e Compensatórias para ações de degradação ambiental;
Entre outros.
Nesse sentido, estendemos o PNMA como um instrumento protetivo do meio ambiente e sua grande importância
na gestão ambiental e da sustentabilidade deste. Outro aspecto importante de se destacar dessa política, se refere ao
fato de que ela apresenta diversos princípios do Direito ambiental internacional no corpo do seu texto.
Além disso, alguns outros princípios, já discutidos em outra ocasião, já figuravam entre as linhas da política,
como é o caso dos princípios da precaução e do poluidor-pagador (FONTENELLE, 2004). Nesse sentido, a referida
legislação é norteadora quando se trata da implantação de alguma atividade que, de alguma forma, interaja com o meio
ambiente.

Tema 04: A Lei de Crimes Ambientais e sua relação com o comércio exterior

Ao longo da nossa aula, verificamos que o meio ambiente em sua plenitude é essencial para a sadia qualidade
de vida da população. Tal princípio fora explicitado no artigo 225 da Constituição Federal. Ainda, neste mesmo artigo,
menciona-se que é de direito de todos um ambiente ecologicamente equilibrado. O crime pode ser conceituado de
diferentes maneiras – de acordo com a escola penal. Aqui, iremos abordar o crime como qualquer conduta danosa, que
contrasta com a finalidade do Estado, que contradiga a legislação vigente (que é proibida pela lei penal) e que deve ser
penalizado.
No caso específico de crimes relacionados ao meio ambiente, este assim será enquadrado quando houver
qualquer tipo de conduta e/ou atividade lesiva ao meio ambiente (fauna, flora, recursos naturais e até o patrimônio
cultural) de acordo com a Lei n. 9.605/1998 (O ECO, 2015). A partir do surgimento da lei de Crime Ambientais, a
legislação protetiva ao meio ambiente avançou consideravelmente. Para se ter uma ideia, somente após a criação da Lei
uma determinada empresa (pessoa jurídica) que atentou contra o meio ambiente pode ser punida administrativa, civil e
penalmente, de acordo com a magnitude do crime.
Abaixo, alguns exemplos de crime ambiental (CAMPOS FILHO, 2004):
Provocar incêndio em mata ou floresta;
Cortar árvore em floresta de preservação permanente;
Transformar madeira de lei em carvão;
Receber ou comercializar produtos de origem vegetal sem exibir licença de vendedor expedida pela
autoridade competente.
Agressões à fauna aquática – No caso da pesca, a legislação é ainda mais rigorosa;
Venda, exposição à venda, exportação ou aquisição, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e

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objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão ou licença da
autoridade competente (Figura 1);
Fabricação, venda, transporte ou soltura de balões;
Destruir ou danificar bem protegido por lei, tais como arquivos, registros, museus, bibliotecas, pinacotecas,
instalações científicas ou similares.
O tráfico de animais silvestres é um dos maiores problemas ambientais da atualidade. De acordo com a
Organização da Nações Unidas (ONU, 2015), essa prática está entre as três mais rentáveis do mundo. É importante
destacar que algumas exigências dos órgãos ambientais quando não são cumpridas, as empresas são enquadradas
nesta lei, esse é o caso da não apresentação da licença ambiental.
As penalidades variam de acordo com o tipo de crime, a magnitude, a reincidência, os antecedentes entre
outros. Nesse caso, o juiz de direito irá determinar qual é a punição que melhor se enquadra, e é por isso que a
determinação das quantias monetárias são difíceis de serem determinadas, pois deverão ser avaliadas todos os
possíveis efeitos daquele crime. Destaca-se que a população em geral, como bem mencionado no artigo 225 da Carta
Magna, tem o dever de preservação do meio ambiente e, se esta souber de algum tipo de crime ambiental, deve se
dirigir ao órgão ambiental competente da sua região (órgão representante do Sisnama) para realizar a denúncia. Uma
vez ciente do crime, este órgão deverá apurar imediatamente o fato, tomando as providências cabíveis, sob pena de
corresponsabilidade.

Tema 05: A Política Ambiental Internacional


O crescimento do Direito ambiental internacional como uma área separada do Direito internacional público
começou na década de 1970 com a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente em 1972, no entanto,
destacamos também a Rio 92 ou ECO 92, que teve grande repercussão nesse aspecto. Assim, a visão antropocêntrica
passa a dar lugar para a visão biocêntrica, ou seja, o meio ambiente passa a exercer o papel principal neste cenário.
Em muitos de seus princípios, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (documento
elaborado durante a Rio 92), que reafirma a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano (Conferência de Estocolmo), estabelece a necessidade imperativa da cooperação entre os Estados visando à
preservação ambiental, à equidade social e ao crescimento econômico das diferentes nações. Especificamente no
Princípio 12, a Declaração aborda a questão do comércio internacional, como segue:
“Os Estados devem cooperar na promoção de um sistema econômico internacional aberto e favorável, propício
ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de forma a possibilitar o
tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental. As medidas de política comercial para fins
ambientais não devem constituir um meio de discriminação arbitrária ou injustificável, ou uma restrição
disfarçada ao comércio internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o tratamento dos desafios
internacionais fora da jurisdição do país importador. As medidas internacionais relativas a problemas
ambientais transfronteiriços ou globais deve, na medida do possível, basear-se no consenso internacional” (ONU
1992).
Assim como o Direito internacional, o Direito ambiental internacional é multidisciplinar, ou seja, envolve
múltiplas áreas do conhecimento como, por exemplo, economia, ciência política, ecologia, direitos humanos,
entre outras. Um dos principais desafios relacionados às questões ambientais é a necessidade de desenvolver (ou
mesmo aprimorar) as leis nacionais e internacionais de forma eficaz e equitativa, a fim de proteger, gerir e conservar os
recursos naturais e as espécies vivas para as gerações atuais e futuras. Nesse contexto, as leis ambientais fornecem a
base legal a qual as instituições e os governos utilizarão para construir uma sociedade capaz de utilizar e respeitar os
recursos ambientais.
No entanto, de acordo com a Unep, que é o programa da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o
Direito ambiental tem desafios para enfrentar. Podemos citar como exemplo (UNEP, 2016):
A defasagem de tempo entre o entendimento das problemáticas ambientais e a criação de legislações de
proteção;
Legislações ambientais desatualizadas e defasadas;
Falta de legislação ambiental adequada, sobretudo em países em desenvolvimento;
Capacidade insuficiente na aplicabilidade da legislação existente, principalmente nos países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
A legislação transfronteiriça é importante, pois o comércio internacional pode afetar o desenvolvimento e o
meio ambiente em uma série de maneiras. Primeiro, o comércio pode mudar as atividades de produção de uma
determinada localidade, tornando-o mais ou menos sustentável. Em segundo lugar, o aumento da liberalização do

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comércio muda o padrão e o nível de consumo mundial, tais mudanças podem afetar significativamente o ambiente de
diferentes formas, como, por exemplo, o aumento da produção de resíduos ou mesmo o aumento do consumo de
matéria-prima para manter a produção.
Em terceiro lugar, o comércio influencia o processo de desenvolvimento económico, a criação de novas
oportunidades para a utilização rentável dos recursos produtivos. Por exemplo, o comércio internacional de produtos
agrícolas é grande e uma importante fonte de divisas para muitos países, principalmente para o Brasil. Os tratados e
acordos internacionais são as ferramentas utilizadas pelos países para legitimar o que fora acordado nas reuniões
internacionais.
Conceitualmente, os autores Schimidt e Freitas (2009, p. 17) definem tratado como “(...) um termo genérico, que
inclui as convenções, os pactos, os acordos, os protocolos, a troca de instrumentos”. Destacamos ainda que os tratados
internacionais são de fundamental importância também para que a sociedade civil organizada em suas ações através de
ONGs como, por exemplo, a WWF (World Wide Fund for Nature) e o Greenpeace, pressionem os governos através de
ações legítimas, visando à conscientização e à sensibilização de seus integrantes.
De conhecimento mundial, a biodiversidade tem sido alvo das inúmeras discussões de envolvem o comércio
transfronteiriço, pois se trata de uma enorme riqueza e seu valor estratégico (principalmente para a indústria
farmacêutica e de cosméticos) e que, segundo a Comegna (2009) “é matéria-prima potencial para o desenvolvimento de
biotecnologias avançadas que manipulam a vida ao nível genético”. Por esse fato, destacamos, aqui, a Convenção da
Biodiversidade Biológica (CDB), instaurada durante a Rio 92, como um dos mais importantes códigos de conduta
internacional.

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AULA 3: LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Tema 01: Procedimentos e Regulações Associados ao Licenciamento Ambiental
Durante muitos anos, a justificativa da poluição causada pelos processos produtivos foi entendida como um mal
necessário para o progresso de qualquer nação. Apesar de visível, o crescimento desordenado das grandes cidades,
sobretudo no período pós-revolução industrial, não somente trouxe conforto e tecnologia para a sociedade, mas todos os
problemas ambientais associados a ele.
Foi na reunião do Clube de Roma (1968) que se utilizou pela primeira vez a expressão “meio ambiente”,
fazendo-se referência aos recursos naturais mundiais. Entretanto, foi somente após a Conferência de Estocolmo
(1972) que as preocupações relacionadas à problemática ambiental passaram a fazer parte da agenda política de
desenvolvimento dos países.
No Brasil, a legislação que evidenciou essa preocupação foi promulgada em 1981, a Lei nº. 6.938, conhecida
como Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Um dos instrumentos protetivos ao meio ambiente criados pela
PNMA foi o Licenciamento Ambiental.
Em reforço à PNMA, veio a Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes
Ambientais que estabelece as sanções penais e administrativas quando das atividades lesivas ao meio ambiente.
Especificamente em relação ao Licenciamento Ambiental, em seu artigo 60, essa lei descreve que
Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes: pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente (BRASIL, 1998).
Assim, a preservação da qualidade ambiental é fundamental para a qualidade de vida de qualquer ser humano.
Nesse sentido, é clara a justificativa da legislação brasileira na preservação, melhoria e recuperação dos ecossistemas
naturais (BRASIL, 1981).
Não poderíamos deixar de citar o artigo 225 da Constituição Federal que assume claramente a importância das
questões ambientais no país e define como responsabilidade coletiva (poder público e coletividade) o dever de preservar
o meio ambiente. Ainda, em seu parágrafo 1º, o referido artigo cita a Avaliação de Impacto Ambiental como ferramenta
que deve ser exigida pelo Poder Público quando da instalação de obra ou atividade potencialmente degradadora do
meio ambiente (BRASIL, 1998).
Portanto, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2009): “a avaliação de impactos vem como uma forma e
uma possibilidade de conferir a antecipação de prováveis danos ambientais, ensejando medidas preventivas para
garantir a qualidade ambiental”.
Sugestão de leitura:
Leia o capítulo 3 do livro “Gestão Ambiental no Mercado Empresarial”, de Rodrigo Berté e Ângelo de Sá Mazzarotto. Nesse capítulo, os autores debatem sobre os
aspectos legais relacionados aos estudos de impactos ambientais, bem como o licenciamento ambiental. O livro está disponível na biblioteca virtual.

Tema 02: O que é Licenciamento Ambiental?


Sabemos que a sustentabilidade está apoiada no tripé econômico, social e ambiental, entretanto, as
dimensões políticas e legais também devem ser inseridas nesse contexto. Afinal, as leis e seus cumprimentos são as
ferramentas fundamentais para o alcance do desenvolvimento sustentável.
Assim, compete ao poder público a incumbência de preservar os recursos naturais e evitar os impactos
ambientais que possam atingir o meio ambiente. É nesse contexto que o Licenciamento Ambiental (LA) se integra
como um instrumento da política de gestão ambiental pública (figura 2).

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Figura 2. Fluxograma da Gestão Ambiental Pública. A figura mostra os objetivos, as políticas e alguns instrumentos da
política, que tem como ação final a minimização dos impactos socioambientais estabelecendo importante ligações com a
PNMA (VALINHAS, 2009).

O LA é um instrumento regulador da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) exigido pelos órgãos
ambientais para atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. As diretrizes estabelecidas para o LA estão expressas
em três instrumentos legais: a PNMA de 1981 (BRASIL, 1981) e nas Resoluções números 001/1986 (BRASIL, 1986) e
237/1997 (BRASIL, 1997) do CONAMA.
Efetivamente, o LA é um documento emitido pelo órgão ambiental competente (pertencente ao SISNAMA)
aplicado às diferentes fases do empreendimento: localização, instalação, ampliação, modificação e operação, sendo
aplicado em três etapas já descritas: as licenças prévia, de instalação e de operação (BRASIL, 1981). Portanto, a partir
do momento em que o empreendedor solicita a licença ambiental, parte do pressuposto que ele tem a ciência da
obrigação de “obedecer às condições, restrições e medidas de controle estabelecidas pelo órgão ambiental competente”
(SEBRAE, 2012).
Com essas informações podemos concluir que o LA não é obrigatório para qualquer tipo de empreendimento. O
quadro a seguir mostra as principais atividades que necessitam da licença. Para saber mais se determinado tipo de
negócio precisa do licenciamento, o empreendedor deve consultar o órgão ambiental competente na localidade em que
se pretende instalar.
Quadro 1. Alguns exemplos de atividades que necessitam obrigatoriamente da licença ambiental (SEBRAE,
2012).
ATIVIDADES QUE NECESSITAM DE LICENCIAMENTO AMBINETAL

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Para resumir, elaboramos um esquema que mostra as cinco principais etapas do Licenciamento Ambiental
(GARCIA, 2014) (figura 3).

Sugestão de leitura:
Para ampliar seus conhecimentos sobre o Licenciamento Ambiental, leia o capítulo 2 da obra “Avaliação de Impactos Ambientais”, de Kátia Cristina Garcia. Essa
obra está disponível na biblioteca virtual.

Tema 03: A importância do Estudo de Impacto Ambiental

Como já estudamos anteriormente, de acordo com a Resolução 001/1986 do CONAMA (BRASIL, 1987), em seu
artigo 1º, o Impacto Ambiental é:
[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009), há diferentes tipos de impactos ambientais.
Vejamos o quadro a seguir (quadro 2).

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Tal classificação é demasiadamente importante, pois permite dimensionar os impactos e, consequentemente,
suas medidas mitigadoras.
Sobre os estudos ambientais, a resolução CONAMA 237/1997 em seu artigo 1º, parágrafo III:
[...] são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação,
operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença
requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar,
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
(BRASIL, 1997)
Nesse sentido, quem define qual o tipo de estudo ambiental deverá ser realizado pelo empreendimento é o
órgão ambiental competente (BRASIL, 1997). Ainda, em face das informações dissertadas até agora, concluímos que “a
elaboração dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA) consiste no desenvolvimento dos procedimentos referentes à
sistemática de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)” (BRASIL, 2099). Portanto, o EIA é de natureza técnica e visa
avaliar os possíveis impactos causados por determinados empreendimentos.
O documento complementar ao EIA é o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental –, documento que sumariza
as conclusões do EIA e tem por finalidade informar a sociedade sobre o potencial poluível daquela atividade, bem como
suas propostas de monitoramento e mitigação.
A seguir, um esquema resumido sobre as principais etapas para a elaboração dos Estudos Ambientais (BRASIL,
2009).

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Figura 4. Resumo esquemático das principais Etapas para Elaboração de Estudos Ambientais (BRASIL, 2009).

Sugestão de leitura:
Para aprofundar esse assunto, leia o capítulo 4 do livro “Gestão Ambiental no Mercado Empresarial”, de Rodrigo Berté e Ângelo de Sá
Mazzarotto. Esse livro está disponível na biblioteca virtual.

Tema 04: Relatório de Impacto Ambiental - RIMA


O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA – deve contemplar, de forma resumida, objetiva e com linguagem
acessível (já que deverá ter acesso o público leigo), as informações contidas no Estudo de Impacto Ambiental. Nele,
deve conter, sobretudo, os principais impactos ambientais que serão causados tanto ao meio ambiente quanto ao meio
social e econômico. É importante ressaltar que os moradores da região onde se pretende implantar o empreendimento
deverão ter acesso a esse documento de forma que possam compreender legitimamente quais as vantagens e
desvantagens do projeto (CETESB, 2014).
O RIMA é um documento legal preconizado pela Resolução CONAMA 01/1986 em seu artigo 9º, que diz:
O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá,
no mínimo:
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e
programas governamentais;
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles,
nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de
energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os
empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto;
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o
projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas
e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações
da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos,
mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;

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VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral)
(CONAMA, 1986).
De acordo com Jesus (2009), o RIMA deverá conter os seguintes conteúdos (figura 5):

Figura 5: Principais elementos estruturais de um RIMA segundo Jesus (2009).

Tema 05: A Importância dos Estudos Ambientais para as Organizações


A crescente preocupação das diferentes esferas da sociedade em relação às questões ambientais faz com que
as empresas, seja de maneira forçosa ou voluntária, tenham a necessidade de se adequar a essa realidade, enfatizando
a sustentabilidade.
Legalmente, há diferentes instrumentos capazes de enquadrar as organizações nessas condições, no entanto, o
cumprimento dessas normativas se faz necessário não somente para fins de estrito cumprimento do dever legal, visto
que vivemos em um Estado de Direito, mas pela observação da iminente escassez dos recursos naturais do planeta.
Assim, a gestão ambiental, sobretudo no aspecto corporativo, se torna parte do sistema de gestão das empresas
em relação às suas políticas, responsabilidades, procedimentos e práticas, objetivando uma redução significativa dos
seus impactos ambientais.
Como vantagem competitiva o investimento em ações de sustentabilidade corporativa traz maior credibilidade
diante dos investidores; em relação aos clientes, os mesmos exigem empresas com as três características já
mencionadas: ambientalmente responsáveis, socialmente justas e economicamente viáveis; já as próprias empresas
visam ampliar sua fatia de mercado, reduzindo custos de operação e de matéria-prima, aumentando sua rentabilidade
(BARBIERI, 1997).
Além das ferramentas já abordadas nas temáticas anteriores, podemos acrescentar outras duas que podem
perfeitamente ser usadas para a mensuração e apoio às ações de sustentabilidade:
Análise SWOT que avalia a competitividade de uma determinada organização de acordo com quatro
variáveis: Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças) (Kotler,
2000).
Ciclo do PDCA que possui quatro estágios: Plan (planejar), Do (fazer), Check (de checar) e o Act (agir).
Aqui, daremos uma pequena ênfase à primeira ferramenta: a análise SWOT aplicada à sustentabilidade.
De acordo com Chiavenato (2011), as empresas que visam a sustentabilidade em seus negócios se baseiam em
três aspectos do triple bottonline: a sustentabilidade econômica (eficiência operacional), sustentabilidade social
(relacionada aos aspectos trabalhistas e comunitários) e a sustentabilidade ambiental (relacionada aos aspectos de
preservação dos recursos, uso de insumos e matérias-primas).
Para Martins (2007) apud Silveira et al (2013):
A análise SWOT é uma das práticas mais comuns voltadas para o pensamento estratégico das empresas e é uma
ferramenta essencial para uma organização, pois é através dela que a empresa consegue ter uma visão clara e
objetiva sobre quais são suas forças e fraquezas no ambiente interno e suas oportunidades e ameaças no

22
ambiente externo, oferecendo oportunidades aos gestores de elaborar estratégias para obter vantagem
competitiva e melhor o desempenho organizacional”.
As forças (os pontos fortes da empresa) podem ser consideradas como variáveis internas e controláveis
capazes de influenciar positivamente o crescimento da empresa e devem ser amplamente explorados pela organização.
Já as fraquezas são características que inibem o crescimento da organização, assim, o conhecimento de tais
características pode auxiliar na sua correção e superação através de planejamento estratégico organizacional. As
oportunidades
[...] são situações externas que podem contribuir para a concretização dos objetivos estratégicos, que fogem ao
controle da organização e podem criar as condições favoráveis, desde que a mesma tenha condições ou
interesse de utilizá-las. (SILVEIRA, 2013)
Por fim, as ameaças são as situações que, de alguma forma, podem influenciar negativamente no desempenho
da organização e devem ser analisadas criteriosamente para auxiliar no planejamento estratégico.
De acordo com Hartline (2009), os principais fatores externos que influenciam as oportunidades e as ameaças
estão relacionados principalmente aos fatores de consumo, econômicos, políticos e legislativos, tecnológicos e/ou
socioculturais.

Na Prática
As Ferramentas Ambientais e o Mundo Corporativo
Como vimos ao longo de nossa aula, o meio corporativo, em face do novo contexto mundial voltado à
sustentabilidade do planeta, necessita se adequar a essa situação. Para isso, múltiplas ferramentas foram desenvolvidas
para que haja a minimização dos impactos ambientais causados pelas empresas, comprometendo o mínimo possível a
sustentabilidade econômica da mesma.
Uma das ferramentas estudadas ao longo de nossa aula foi a Matriz SWOT ou Análise SWOT, que fornece
importantes informações acerca de algumas características de uma organização.
Que tal elaborarmos uma Análise SWOT sobre sua vida profissional? A melhor forma de treinarmos isso é
utilizando nós mesmos como exemplo. Com esse tipo de análise, além de treinar a aplicabilidade de uma matriz SWOT,
você aprenderá um pouco mais sobre seus potenciais e sobre suas fraquezas.
Para fazer sua matriz, aí vão algumas dicas.
a) Sobre a sua personalidade: verifique quais pontos são potencialmente favoráveis ao seu sucesso e quais não
são tão favoráveis.
b) Quais pecados capitais você acredita que tem em sua personalidade? Ainda, pergunte a uma pessoa próxima
sobre suas potencialidades, ou seja, quais as características positivas que você possui.
c) Busque exemplos desse tipo de matriz na internet a fim de angariar mais informações.
d) Ao final é de extrema importância que você estabeleça metas de melhoria tanto dos pontos fortes quanto dos
fracos.
Mãos à obra!
Protocolo de Resolução da situação proposta:
1. Em uma folha de papel, separe quatro partes nas quais você escreverá sobre os conteúdos de uma matriz
SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças).
2. Sua matriz SWOT será baseada em perguntas e respostas do tipo:
Pontos Fortes: sobre o que as pessoas mais te elogiam? Quais os seus maiores valores pessoais
(personalidade)? Que tipo de experiência só você possui em relação aos outros?
Pontos Fracos: quais são seus maiores medos? Você se sente um bom profissional ou precisa se qualificar
mais? O que mais te incomoda na sua atuação profissional? Qual característica mais te atrapalha no seu dia a dia? Você
tem vícios (fumar, chegar atrasado...)? Quais podem atrapalhar seu trabalho?
Oportunidades: você atua em uma área de franca expansão?

Frequenta congressos, seminários, workshops? Você está antenado com as tendências da sua profissão? Faz
algum tipo de educação continuada (pós-graduação, mestrado, doutorado)? Possui um bom network para contatos
profissionais? Utiliza as redes sociais para divulgar seu trabalho?
Ameaças: como você utiliza a tecnologia a seu favor? Sua profissão é terceirizada ou efetiva? Há grande
mobilidade de mão de obra onde você trabalha? Qual o percentual de ameaça dos seus pontos fracos em relação ao
seu trabalho? Quais são os maiores obstáculos no seu trabalho?

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3. Atenção: você deve ser o mais honesto possível nas respostas. Lembre-se de contar com alguém que pode
confirmar suas respostas. Não se irrite ou fique triste como que pode ouvir. As deficiências são feitas para serem
superadas!
4. O cenário onde você está inserido é muito importante. Por exemplo: você fala muito bem inglês (isso é uma
excelente vantagem), no entanto, todos que trabalham com você são fluentes nesse idioma... assim, essa vantagem
passa a ser uma necessidade!

AULA 4: TRAGÉDIA DOS COMUNS GARRETT HARDIN


Tema 1: O que são Sistemas de Gestão?

Primeiramente, precisamos saber o que vem a ser um Sistema de Gestão. Você saberia explicar?
Os Sistemas de Gestão são construídos para atender à necessidade de controlar um conjunto de variáveis
importantes para o desempenho de uma instituição, e esse controle é feito por intermédio de normas, funções e
procedimentos elaborados para disciplinar os elementos de uma empresa.
Dessa forma, fazer gestão é eliminar o quanto possível e necessário a subjetividade das ações e das
rotinas, para que se obtenha uma padronização que possibilite o controle e a previsão dos resultados.
Para tanto, quando iniciamos a implantação de um Sistema de Gestão qualquer, faz-se necessária a construção
de processos, pois estes são o elemento-base de qualquer sistema.
Lembre-se de que processos são compostos por conjuntos de ações orientadas para a obtenção de
determinados resultados. Por consequência, um sistema será um conjunto de processos que são estabelecidos com um
propósito em comum para alcançar objetivos previamente estabelecidos.
Agora podemos dizer que Sistema de Gestão é, portanto, um conjunto de atividades encadeadas para a
promoção de ações transformadoras de uma entrada em uma saída, com um propósito em comum, formando um
processo que, pela união de outros, gerará um sistema.
Quando identificamos ou construímos esses elementos para um propósito específico, estamos realizando gestão
pela construção de sistemas. São inúmeros os objetivos para os quais podemos construir sistemas, por
exemplo:
Gerenciar riscos à saúde ocupacional;
Gerenciar aspectos e impactos ambientais;
Com os objetivos relacionados à satisfação do cliente;
Gerenciar ações de responsabilidade social.
Para todos esses objetivos, temos sistemas e normas diferentes como, por exemplo:
Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), com a Norma ISO 9001;
Sistema de Gestão Ambiental (SGA), com a Norma ISO 14001;
Saúde e Segurança Ocupacional (SSO), com a Norma OHSAS 18001;
Sistema de Gestão de Responsabilidade Social (SGRS), com a Norma AS 8000 e a ISO 26000.
Quanto à construção de sistemas, alguns itens devem ser bem esclarecidos. Por exemplo, quando devo
descrever algo como atividade ou como processo? Nesse caso, a dica é a seguinte: identifique primeiramente o grau
de importância desse item em questão.
Vamos imaginar a seguinte situação: a limpeza de uma sala, você descreveria como uma atividade ou como um
processo? A resposta mais adequada seria... depende. Estamos fazendo referência a uma sala de aula que teria sérias
complicações se a limpeza, agendada para as 14h30min. De hoje, fosse transferida para o dia seguinte? Ou seja, as
consequências disso seriam graves?
Agora façamos a mesma análise, porém para a limpeza de uma sala de cirurgia de emergência. Você acha que
haveria consequências graves se a limpeza fosse deixada para o dia seguinte?
Para essa questão, devemos considerar a importância de determinada atividade e o quanto ela é crítica para o
sucesso do sistema. Em situações com as quais quaisquer desvios possíveis seriam, na sua maioria, rapidamente
resolvidos pelo sistema, não se justificaria um alto nível de detalhamento e poderíamos perfeitamente considerá-la como

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atividade. Entretanto, toda vez que se tratar de algo que mereça um controle maior, deve-se identificar e descrever todas
as atividades subsequentes dessa ação e, por consequência, teremos um processo.

Percebam que não existe uma regra que defina que determinada ação deva sempre aparecer no sistema como
atividade ou como processo, cabe ao gestor decidir qual grau de controle deve ser atribuído a ela. Contudo, é importante
lembrarmos que quanto mais controle, mais caro se torna o sistema e só se justifica se a atividade comercial da empresa
for compatível com esses níveis.

Texto de leitura obrigatória:


Para aprofundar os estudos sobre os Sistemas de Gestão, recomendamos a leitura da obra “Modelos de Gestão: das Teorias
da Administração à Gestão Estratégica”, de Elizenda Orlickas. Este livro aponta conceitos ligados às teorias administrativas e
organizacionais e aos modelos de gestão sob uma ótica moderna e atualizada. A obra está disponível na sua Biblioteca Virtual.

Tema 2: International Organization for Standardization (ISO)

A ISO (International Organization for Standardization) é uma organização de membros não governamental
independente e a maior desenvolvedora mundial de normas internacionais voluntárias. Participam dessa organização
163 países, que são os organismos nacionais de normalização ao redor do mundo, com uma Secretaria Central, que tem
sede em Genebra, Suíça.
Os comitês, Technical Commite (TC), são compostos por representantes de diversas áreas: industrial, pesquisa,
autoridades governamentais, representantes de grupos de consumidores e organizações internacionais, e
têm como tarefa a discussão e a produção de normas. Cada comitê é responsável por criar uma série de normas, em
determinadas áreas, como mencionado anteriormente.
Na área ambiental, verifica-se que a ISO já tem produções anteriores, como a ISO 14000, porém, com normas
avulsas, como a “Qualidade do Ar pelo TC-147”, a “Qualidade da Água” e a “Qualidade do Solo pelo TC-190”. Foi com a
criação do comitê TC-207 que se efetivou o seu posicionamento diante do meio ambiente.
Os estudos na área ambiental iniciaram pelo Strategic Advisory Group on the Environmental (Sage), tendo como
referência básica os princípios relativos à qualidade (série ISO 9000), nos quais foram levantados Sistemas de
Gestão Ambiental, já existentes em alguns países, abrangendo os seguintes temas:
Avaliação de performance ambiental;
Rotulagem ambiental;
Auditoria ambiental;
Análise de ciclo de vida;
Aspectos ambientais e normas de produtos.
Para esse posicionamento, é importante relembrar a influência da ECO-92, conferência em que surgiu a
proposta, juntamente com a ISO, da criação de um grupo a fim de promover estudos para o processo de elaboração
de normas de gestão ambiental. O Brasil é representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o
Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (CB-38), que é correspondente ao TC-207 da ISO. Este, criado em 1993, é o
comitê técnico responsável pela elaboração das normas de caráter internacional, da série ISO 14000, que tem o
propósito de estabelecer normas para o sistema de gestão ambiental.
Durante a criação das normas, vários documentos são elaborados e submetidos à aprovação da ISO, sendo
esse processo composto por três fases principais:
A primeira fase compreende a necessidade requerida, geralmente, pelo setor industrial de uma normatização
internacional relativa à padronização. Por exemplo, a padronização de alguns produtos, processos e transações
internacionais, como a necessidade de estabelecimento de padrões ambientais de selos e rótulos, entre outros.
Já na segunda fase, ocorre a elaboração de um padrão (standard), após acordos iniciais, que traz os detalhes das
características relativas a eles e busca o estabelecimento de um consenso entre as partes, sendo uma fase crítica, na
qual os interesses são postos em questão.
A terceira fase é quando ocorre a aprovação dos padrões resultantes dos rascunhos (draft), entre o consenso mínimo
de dois terços dos membros, com a participação ativa no processo de desenvolvimento de padrões, e mais 75% de
todos os membros. Após essa etapa, ocorrerá a sua aprovação definitiva, com a devida publicação, como uma norma da
ISO.

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São três os princípios que fundamentam a produção das normas ISO:
O princípio do consenso;
O princípio da abrangência internacional;
O princípio da voluntariedade.

O último se fundamenta pela não obrigatoriedade da adoção das normas pelas empresas, ou seja, a
aceitação dos critérios tem que partir de um interesse na adoção de determinada norma pelas empresas ou entidades;
esse tem como fundamento primordial a busca da ampla aplicação para os setores estudados, propondo soluções e uma
aplicabilidade global; e aquele se expressa a partir da obrigatoriedade teórica de levar em consideração o interesse de
todos, buscando um denominador comum.

Tema 3: Série ISO 14000 (Sistemas de Gestão Ambiental)


As normas dessa série estabelecem padrões para a implantação de um Sistema de Gestão ambiental nas
organizações que, segundo a NBR ISSO 14001:2015, visam:
Estabelecer, implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental;
Assegurar a conformidade com sua política ambiental definida;
Buscar conformidade com a norma.
É importante ressaltar que a norma não estabelecerá critérios ou técnicas específicos de desempenho e sim
procedimentos e padrões que têm como objetivo facilitar a avaliação do sistema. Assim, a série ISO 14000,
desenvolvida para o gerenciamento, tem como objetivo fornecer padrões e normas elaboradas pela International
Organization for Standardization, com o intuito de promover melhor desempenho ambiental para a empresa.
A ISO 14001 é a norma internacional pertencente à Série de Normas ISO 14000, que trata especificamente da
implantação de um sistema de gestão ambiental, sendo a única da série que é certificável; elaborada e publicada no
ano de 1996. Mais tarde, no ano de 2004, foi revisada e publicada a nova versão que, em português, foi traduzida pela
ABNT como NBR ISSO 14001:2004. Atualmente, a norma passou por uma revisão para atualizar seus quesitos. O
lançamento aconteceu em 2015.
De acordo com a FIESP1, as principais mudanças da versão atual (2015) em relação à anterior (2004) foram:
O entendimento do contexto da organização, as necessidades e as expectativas das partes interessadas;
A consideração de uma perspectiva de ciclo de vida;
A ênfase em uma abordagem de riscos;
A liderança como papel central para o alcance dos objetivos do sistema de gestão;
O destaque para o fortalecimento do desempenho ambiental da organização, por meio da melhoria contínua do
Sistema de Gestão Ambiental.
A principal motivação das organizações em implantar essa norma devesse à crescente preocupação por parte
das empresas em demonstrar seu desempenho ambiental e uma conduta correta.
As contribuições atribuídas a essa norma estão na disponibilização e especificação dos passos essenciais ou
nos requisitos necessários a um SGA, que se aplicam perfeitamente a diferentes tamanhos e localizações geográficas,
culturais e sociais das mais diversas organizações.
Sintetizando, a ISO 14001:2015 é aplicável a todas as organizações que demonstrarem interesse para:
Implementar, manter e aprimorar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA);
Assegurar-se da conformidade com a política ambiental, os objetivos e as metas ambientais que estabeleceu, e
comprovar a melhoria contínua do desempenho ambiental;
Utilizar-se de um parâmetro internacional para demonstrar conformidade ambiental em caso de realizar autoavaliação
ou autodeclaração;
Buscar o reconhecimento das partes interessadas, tais como clientes, ou seja, o reconhecimento de uma “segunda
parte”;
Buscar confirmação de sua autodeclaração por meio de uma organização externa, uma “terceira parte”, sem obter uma
certificação;

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Buscar, por meio de uma organização externa, uma “terceira parte”, a “certificação” ou o “registro”, oficial e
internacional de seu Sistema de Gestão Ambiental (FIESP, 2015).
Segundo a ISO 14001, o que é Sistema de Gestão Ambiental (SGA)?
Há cerca de uma década, muitas organizações, que elaboravam uma política ambiental e tinham objetivos e
metas ambientais a ser perseguidos, costumavam fazer “análises” ou “auditorias” ambientais para avaliar seu
desempenho ambiental, ou seja, se os objetivos e as metas ambientais estavam sendo alcançados.
Porém, isso não foi considerado suficiente para garantir que o desempenho ambiental atendesse, de forma
contínua, os objetivos e as metas ambientais, fundamentados na política ambiental e, consequentemente, no
atendimento a requisitos legais e outros requisitos, com os quais as organizações estivessem comprometidas (FIESP,
2015).

Tema 4: A Gestão Integrada


Podemos conceituar o Sistema de Gestão Integrada (SGI) — também denominado Enterprise Resource
Planning (ERP) — como uma combinação de processos, procedimentos e práticas relacionados à questão de meio
ambiente, qualidade, saúde e segurança, que são seguidos pela organização, com o intuito de auxiliar na
implementação das suas políticas e atingir seus objetivos (CERQUEIRA, 2006).
Entre as ações do SGI, podemos destacar as seguintes:

Principais objetivos do SGI. Fonte: elaborado pelo autor.


Assim, a partir dessas informações, podemos concluir que o SGI de uma determinada organização inclui três
normas fundamentais: ISO 9001 (Qualidade), ISO 14001 (Meio Ambiente) e OHSAS 18001 (Saúde e Segurança
Ocupacional):

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Normas que estão envolvidas no SGI. Fonte: elaborado pelo autor.

De acordo com a Bureau Veritas2 — grupo internacional dedicado à realização de serviços de avaliação de
conformidade e certificação — as principais vantagens da implantação de um SGI são:
 Otimiza os recursos empregados na implementação, certificação e manutenção dos sistemas de gestão da
qualidade, meio ambiente e saúde e segurança ocupacional.
 Demonstra seu compromisso com a qualidade, meio ambiente e saúde e segurança ocupacional;
 Ajuda a melhorar o seu desempenho organizacional;
 Minimiza a vulnerabilidade legal;
 Reduz efetivamente os incidentes e acidentes de trabalho.

Tema 5: Certificação Ambiental e Auditoria


Desde a abertura do Brasil para o mercado internacional, algumas estratégias competitivas passaram a ser
adotadas visando essa inserção.
Como já mencionado, a preocupação ambiental tem sido um dos fatores cruciais de adoção de novas estratégias
competitivas. Para isso, o mercado implantou ferramentas de qualidade para garantir que os produtos e serviços
oferecidos sejam condizentes com aquilo que se propõe. Foi nesse contexto que foram criadas as certificações.
É importante destacar que há uma hierarquia em relação as certificações:
1. A certificação se trata de uma Avaliação de Conformidade de um determinado produto, serviço ou processo;
2. A Avaliação de Conformidade é um processo que segue uma sistematização, regulamentação e avaliação e
propicia alto grau de confiança aos consumidores daquele produto, serviço ou processo, além de atender aos
requisitos legais e normativos.
3. Portanto, a certificação é o reconhecimento formal de produtos, serviços ou processos realizados por meio de
auditorias.

De acordo com o Inmetro, “a certificação de conformidade induz à busca contínua da melhoria da qualidade.
As empresas que se engajam neste movimento, orientam-se para assegurar a qualidade dos seus produtos,
processos e serviços, beneficiando-se com a melhoria da produtividade e o aumento da competitividade (INMETRO,
2014).
A certificação é um indicador para os consumidores de que o produto, processo ou serviço atende a padrões
mínimos de qualidade.
Qual a hierarquia dos organismos que realizam o processo de avaliação de conformidade?
De acordo com a norma ABNT NBR ISO/IEC 17011:2005, a definição de acreditação é a “atestação de terceira-
parte relacionada a um organismo de avaliação da conformidade, comunicando a demonstração formal da sua
competência para realizar tarefas específicas de avaliação da conformidade” (ABNT, 2005).
No Brasil, o organismo acreditador é o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial), reconhecido pelo International Accreditation Forum (IAF). Assim, desde de 1992 o Inmetro

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acredita e avalia os organismos de certificação públicos e privados. Este organismo avalia e reconhece formalmente um
organismo certificador.
Na sequência, temos os OAC (Organismos de Avaliação da Conformidade). Como já mencionado, os OAC
avaliam a conformidade de produtos, serviços ou processos em relação às especificações e/ou aos requisitos.
Abaixo, segue um esquema de como é o sistema de acreditação:

A auditoria em certificação ambiental é um processo sistemático de avaliação da conformidade da


organização em relação aos princípios que são estabelecidos nas normas a qual a empresa esteja desejando se
certificar (ISO 14000, por exemplo). Tais auditorias seguem as diretrizes estabelecidas pela NBR ISO 19011:2002
(ABNT, 2002).
De acordo com a normativa, as auditorias podem ser classificadas como:
Auditoria interna: desempenhada por profissionais da própria empresa que está sendo auditada, tem como principal
objetivo garantir o cumprimento dos regimentos, das normas e das políticas internas.
Auditoria externa: realizada por uma empresa terceirizada que emite um laudo acerca da veracidade dos dados da
empresa que está sendo auditada.
Ou, ainda:
Auditoria de primeira parte: realizada por uma organização acerca dela mesma, visando benefício da administração
na atuação de melhorias.
Auditoria de segunda parte: conduzida por uma organização (segunda parte) que tem algum interesse sobre uma
outra, visando a averiguação de determinadas características (exemplo: fornecedores).
Auditoria de terceira parte: realizada por uma organização independente (terceira parte) sem interesses no auditado.

AULA 5: MARKETING VERDE


Tema 01: O que é marketing verde?
Com a cobrança do novo mercado consumidor, que exige a fabricação de produtos ou serviços que tragam
algum apelo relacionado à proteção ambiental, muitas empresas modificaram suas estratégias de marketing e passaram
a utilizar o marketing verde como elemento norteador dos seus processos.
Nos Estados Unidos, comissões e associações como a Federal Trade Commission (FTC) e a National
Association of Attorneys-General analisam as questões do marketing ambiental através de documentos e protocolos
desenvolvidos especificamente para esse campo de atuação (U.S. DoJ e FTC, 1991). No Brasil, esse ainda é um
assunto muito incipiente e que não tem legislações ou documentos que apresentem requisitos para a prática.
Para os autores Pride & Ferrel (2000), marketing verde se refere, especificamente, ao desenvolvimento,
aperfeiçoamento, à promoção e distribuição de produtos que não agridem o ambiente natural. Complementando a ideia
apresentada, Xavier e Chiconatto (2014) afirmam que o conceito de marketing verde não está tão somente relacionado
aos produtos que tenham alguma alusão à proteção ambiental, mas, adicionalmente, deve estar atrelado aos processos
de produção, bens de consumo e bens de serviços. Entretanto, Johr (1994) salienta que:

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“Incorporar a mentalidade ambientalista ao seu negócio não se limita, porém, a uma estratégia de marketing que tinja
um pouco mais de verde seus produtos e operações. Tomar em consideração as demandas ambientalistas (...) significa
compreender o quanto as questões ecológicas envolvem seus negócios e podem colaborar com seus lucros. Significa,
também, (...) administrar uma complexa cadeia de fatos inter-relacionados, que envolvem inúmeras etapas, desde a
fabricação de produtos de sua empresa até seus fornecedores, clientes, empregados, a mídia e a comunidade onde se
está inserido, de modo a obter uma sinergia nos resultados (JÖHR, 1994).”
Nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento (como é o caso do Brasil), a mudança de pensamento e
atitudes tornou expressa a preocupação ambiental. Assim, os mercados consumidores passaram a adquirir mais
produtos ambientalmente seguros. Com isso, observou-se um crescimento e desenvolvimento de rótulos ambientais que
têm por finalidade informar justamente sobre tais práticas ambientalmente responsáveis atreladas à fabricação ou até
mesmo àquele produto em si.
Em resumo, podemos definir marketing ambiental (ou marketing verde) como uma prática empresarial que leva
em conta as preocupações dos consumidores sobre a promoção preservação e conservação do meio ambiente. As
campanhas de marketing verde destacam-se por ter características de proteção ambiental diferentes dos produtos
convencionais como, por exemplo:
Redução do desperdício na embalagem;
Aumento da eficiência energética do produto em uso;
Redução do uso de produtos químicos;
Diminuição das emissões de gases tóxicos e outros poluentes durante o processo produtivo.
Portanto, os clientes estão à procura de produtos mais ecológicos, impulsionados pela perspectiva de
alternativas mais saudáveis com maior qualidade aliado à preservação o meio ambiente e economizando tempo e
dinheiro.
Tema 02: O marketing verde e as empresas greenwashing
Muito embora o marketing ambiental seja uma ferramenta muito importante para impulsionar o consumo de
produtos ecologicamente corretos, há várias empresas que praticam o greenwasing, cuja tradução direta poderia ser
“lavagem verde”.
De acordo com Tavares e Ferreira (2012), a denominação greenwashing remete ao fato de que as empresas
vinculam informações ecológicas vantajosas em seus serviços e produtos de modo a distorcer a realidade. Já para
Leeuwen (2008), o greenwashing é uma informação enganosa vinculada por uma empresa buscando apresentar uma
imagem cidadã.
Assim, a construção de uma imagem ambientalmente responsável por parte das empresas é o principal foco do
greenwashing, muito embora a maioria das informações vinculadas sejam falsas.
A representação do greenwashing. Empresas maquiam seus verdadeiros produtos e serviços com uma imagem
ambientalmente responsável.

No Brasil, a regulamentação das ações publicitárias deve seguir as especificações do Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária (Conar), que estabeleceu 8 princípios que devem ser seguidos visando “refletir a
responsabilidade do anunciante para com o meio ambiente e a sustentabilidade” (CONAR, 2016). Confira a seguir!

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Mas, como identificar uma empresa ou propaganda greenwashing? O site americano GREENWASHING INDEX
dá algumas dicas importantes:
Buscar no website da empresa os reais projetos socioambientais em que ela está engajada e se realmente eles
acontecem ou são apenas fachada;
Tente fazer uma busca geral no Google para verificar se a imagem da empresa está vinculada a algum tipo de
escândalo ou caso que envolva impacto socioambiental.
Desconfie e, em caso de comprovação do greenwashing, denuncie ao Conar.
Em face das informações, fica clara a diferença entre marketing verde e greenwashing. Uma pesquisa realizada
pelo instituto de pesquisa Market Analysis, em 2014, destacou alguns pontos importantes em relação aos resultados
encontrados. São eles:
Cresce 4 vezes o número de produtos “verdes” de limpeza, cosméticos e higiene pessoal disponíveis ao consumidor;
Somente 5% dos apelos correspondem a selos ou certificações de terceira parte, ou seja, a rotulagem ambiental ainda
é fundamentalmente baseada em autodeclarações;
Há uma proporção menor de greenwashing. Porém, há um número muito maior de produtos cometendo algum dos
tipos de maquiagem verde;
As marcas pecam mais pela incerteza e por apresentar símbolos que transmite a ideia de certificações que, na prática,
não existem;
Produtos de limpeza cometem uma variedade maior de pecados do greenwashing. Cosméticos e produtos de higiene
pessoal apresentam muitas mensagens vagas ou vazias ao consumidor.

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Tema 03: O Ecoeficiência e a Produção Mais Limpa (P+L)
A Produção Mais Limpa (P+L) foi definida inicialmente em 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA ou UNEP, em Inglês) como sendo "a aplicação contínua de uma estratégia ambiental integrada a
processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os seres humanos e o meio
ambiente".
No entanto, a confluência de crise econômica e ambiental global que tem ocorrido nos últimos anos consolidou a
compreensão da interdependência entre os nossos sistemas económicos e ambientais e forneceu um novo impulso aos
esforços internacionais para promover a transição para sistemas industriais mais sustentáveis e indústria sustentável.
Isso tem exigido a ampliação da definição de produção mais limpa para incluir a eficiência dos recursos, que é
um elemento-chave das transições para a indústria verde e Economia Verde. Segundo Fernandes (2001), a empresa
que quer adotar a P+L em seus produtos e processos deve seguir quatro atitudes básicas:

Entre os principais benefícios da P+L, podemos citar:


Diminuição da produção de resíduos;
Recuperação de subprodutos valiosos;
Melhor desempenho ambiental;
Aumento da produtividade dos recursos;
Maior eficiência com menor consumo de energia;
Redução geral dos custos.
Associada à prática da P+L está a ecoeficiência, que se baseia no conceito de criação de mais produtos e
serviços ao mesmo tempo, utilizando menos recursos e criando menos desperdício e poluição (ALENCASTRO, 2013). O
conceito de ecoeficiência foi cunhado em 1992 pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD)
no seu relatório Changing course (Mudando o Rumo – tradução livre).
Os principais aspectos da ecoeficiência são:
Redução de energia e água;
Redução dos níveis de resíduos e poluição;
Extensão da função e, portanto, da vida útil do produto;
Incorporação dos princípios do ciclo de vida de produto2;
Consideração da reutilização e reciclagem dos produtos/serviços no final da sua vida útil.
Assim, a redução do impacto ecológico se traduz em um aumento da produtividade dos recursos, que, por sua
vez, pode criar vantagem competitiva para a organização. Algumas empresas passaram a adotar a ferramenta análise
da ecoeficiência (EEA - do Inglês eco-efficiency analysis), que serve para medir mais plenamente a pegada de seus
produtos ou processos. Esta análise avalia os impactos econômicos e ambientais de um produto ou de um processo
através do seu ciclo de vida (ISO 14045/2012).
Assim, a partir desse contexto, podemos concluir que assim como a P+L, a ecoeficiência liga as metas de
excelência empresarial e preservação ambiental, fazendo uma ponte através do qual o comportamento da organização
pode apoiar o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade, integrando crescimento econômico e a melhoria
ambiental.

Tema 04: ISO 26.000 – Responsabilidade Social Corporativa (RSC)


Ser socialmente responsável significa que as pessoas e as organizações devem ter um comportamento ético e
com sensibilidade para as questões sociais, culturais, econômicas e ambientais. A responsabilidade social auxilia
indivíduos, organizações e governos a terem impacto positivo no desenvolvimento, negócios e na sociedade,
contribuindo positivamente para os resultados financeiros da organização.
Para Enrique Leff (2001), a ética é um sistema de valores que deve orientar as atitudes humanas. Sendo um dos
três pilares da sustentabilidade (economia, sociedade e meio ambiente), a responsabilidade social tem sido considerado

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fator crucial para o sucesso das empresas, já que há muito se discute não somente o papel econômico das
organizações, mas, também, seu papel social (socioambiental) (ALENCASTRO, 2013).
A Agenda 213, em seu capítulo 30, ressalta a importância de se incorporar as políticas e estratégias de
melhoramento socioambiental, não somente como ferramenta competitiva. Entretanto, essa estratégia já é utilizada há
bastante tempo. Documentos históricos abordam essa prática desde 1899, onde algumas organizações se utilizavam
dos princípios da caridade e custódia (filantropia) para auxiliar seus funcionários menos abastados (ALENCASTRO,
2013).
Os movimentos histórico-sociais e culturais dos Estados Unidos e Europa nas décadas de 1950 e 1960 foram
molas propulsoras para que as empresas passassem a atuar como agentes de responsabilidade social corporativa
(TENÓRIO, 2006).
O conceito de RSC está subjacente à ideia de que as empresas não podem mais agir apenas como entidades
econômicas isoladamente. Nesse sentido, as visões tradicionais sobre a competitividade, sobrevivência e rentabilidade
estão sendo eliminadas ou redefinidas quase diariamente.
Assim, para orientar as empresas sobre como implantar a responsabilidade em seus negócios, a International
Organization for Standardization (ISO) publicou a norma ISO 26.000. Para a norma, a responsabilidade social é o papel
das decisões e atividades de uma empresa em relação à sociedade e ao meio ambiente, e que deve ser exercido
através de um comportamento transparente e ético, levando em consideração os seguintes aspectos:
Contribuição para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem-estar da sociedade;
Levando em consideração as expectativas das partes interessadas (stakeholders);
Deve estar em conformidade com as leis aplicáveis e de acordo com normas internacionais de
comportamento;
Deve estar integrada em toda a organização e sendo praticada em suas relações.
A Norma ISO 26.000, define stakeholders (partes interessadas) como um "indivíduo ou grupo de indivíduos que
tem um interesse em qualquer decisão ou atividade de uma organização." As partes interessadas podem incluir
fornecedores, pessoal interno (empregados, trabalhadores), membros, clientes (acionistas, investidores, consumidores),
reguladores, e as comunidades locais e regionais. Além disso, as partes interessadas podem incluir compradores,
clientes, proprietários e ONGs (organizações não governamentais).

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A norma ISO 26.000 identifica sete temas centrais de responsabilidade social:

Além dos temas centrais, ISO 26000 também define sete princípios fundamentais de comportamento socialmente
responsável:

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Tema 05: Estudo de caso de Marketing e Responsabilidade Social – Projeto Fazendo Renda
(IBGPEX/UNINTER)
O Instituto Brasileiro de Graduação, Pós-Graduação e Extensão (IBGPEX), entidade declarada de utilidade
pública pelo município de Curitiba-PR, constituído na forma de Associação Civil sem fins econômicos, possui caráter
social, cultural, educacional, universalista, socioambientalista, técnico-científico, assistencial e filantrópico, sem fins
lucrativos.
O Instituto implementa ações em conjunto com a sociedade civil, com os grupos sociais e as lideranças
comunitárias, no sentido de contribuir para o desenvolvimento socioeducacional do país. De acordo com o próprio
website da instituição:
“o Instituto IBGPEX atua na garantia de direitos, que, com sua missão voltada à inclusão social através da educação,
busca a promoção individualizada e construção de autonomias. Cada projeto desenvolvido está voltado a atender pessoas
em situação de vulnerabilidade social buscando ampliar seu universo informacional, proporcionando novas vivencias e
estimulando o enfrentamento da situação atual para uma nova realidade social. Fundamentada na cultura do diálogo, os
projetos sociais do Instituto, buscam desenvolver posturas que venham de encontro ao combate a todas as formas de
violência, preconceito, discriminação e estigmatização das relações. Reforça a formação cidadã pautada na
solidariedade, nos valores universais da ética respeitando a heterogeneidade, crenças e identidades” (IBGPEX, 2016).
Um dos mais belos trabalhos de responsabilidade social do referido instituto é o projeto “Fazendo Renda”, que
tem como principal função a capacitação e qualificação de mulheres em estado de vulnerabilidade social, visando à
ampliação da geração de renda por meio de artesanato, utilizando retalhos de tecidos e materiais recicláveis. As
mulheres recebem aulas sobre, gestão, economia financeira, empreendedorismo, costura, entre outros.
A partir dessa informação, e dos outros temas já estudados, notamos que o projeto fazendo renda se enquadra
perfeitamente nos quesitos da responsabilidade social (Triple Bottom line), segundo a norma ISO 26.000.
DIMENSÃO

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AULA 6: SUSTENTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE
MERCADO
Tema 01: Sustentabilidade como Estratégia competitiva
O mundo enfrenta, atualmente, a maior crise ambiental dos últimos tempos: como sustentar mais de 7 bilhões de
pessoas, mantendo um ambiente habitável? Assim, há uma necessidade de gerenciar o ambiente global de uma forma
mais sustentável. A gestão ambiental e a sustentabilidade ambiental são um campo multidisciplinar, que se concentra
em encontrar soluções para os problemas ambientais mais urgentes do mundo.
A sustentabilidade é baseada em um princípio muito simples: tudo o que precisamos para a nossa
sobrevivência e bem-estar depende, direta ou indiretamente, do nosso ambiente natural. Para buscar a sustentabilidade,
é necessário criar e manter as condições em que os seres humanos e a natureza podem existir em harmonia (coexistir),
com o objetivo de que as gerações futuras também possam usufruir do que temos hoje.
Atribui-se fortemente ao capitalismo a grave crise socioambiental vivenciada pela humanidade, visto que esta
forma de pensar prega o acúmulo de riquezas, o consumo e a exploração exacerbada dos recursos naturais (MAIA e
PIRES, 2011). Assim, para Checkland (2000), citado em Maia e Pires (2011), “A tomada de decisões direcionadas à
sustentabilidade exige do decisor a capacidade de lidar com múltiplas variáveis e dimensões de forma simultânea,
juntamente com os problemas desestruturados de difícil definição”.
Para Sachs (2008), em sua obra A riqueza de todos, quatro são os desafios para alcançar a sustentabilidade
(Figura 1) e quatro são as causas da crise socioambiental mundial (Figura 2).

Figura 1. Os quatro desafios para alcançar a sustentabilidade, segundo Sachs (2008).

Figura 2. Os quatro são as causas da crise socioambiental mundial


Atualmente, a sustentabilidade deve ser encarada como elemento-chave nos processos de tomada de decisão,
garantindo, por exemplo, que sua cadeia de fornecimento e de outros parceiros também tenham práticas fortes de
sustentabilidade. Assim, podemos dizer que a sustentabilidade não é apenas responsabilidade ambiental. Investidores

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sugerem que a sustentabilidade inclui fatores ambientais, políticos, culturais, éticos, sociais e de governança, como local
de trabalho e relações com a comunidade.
Estudos mostram que as organizações com boas práticas de sustentabilidade tendem a ter melhor desempenho
e são capazes de acessar melhores taxas de financiamento. O forte desempenho de sustentabilidade por si só não é
suficiente para alcançar esses benefícios. No entanto, as organizações precisam comunicar tais informações para as
partes interessadas através dos seus relatórios de sustentabilidade.
Assim, concluímos que a sustentabilidade é um fator importante no sentido de ajudar as empresas a atingir – e
manter – suas estratégias competitivas.
Tema 02: A importância dos Relatórios de Sustentabilidade
A grade dificuldade que as empresas encontram em relação à sua sustentabilidade está relacionada a: como
medi-la? Ou mesmo: como usar e quais indicadores usar para medi-la? Nesse contexto, os relatórios de
sustentabilidade - RS têm exercido importante papel na divulgação desses possíveis indicadores.
De acordo com a GRI (Global Reporting Initiative), uma das mais renomadas organizações do mundo no
assunto, o relatório de sustentabilidade (RS) é um relatório publicado por uma empresa ou organização sobre os
impactos econômicos, ambientais e sociais causados pelas suas atividades diárias. Além disso, um relatório de
sustentabilidade também deve apresentar um modelo de valores e governança da organização, além de demonstrar a
ligação entre a sua estratégia e seu compromisso para uma economia global sustentável (GRI, 2016).
Vale destacar que os RS podem ajudar fortemente as organizações a medir, compreender e comunicar o seu
desempenho econômico, ambiental, social e de governança e, em seguida, definir metas e gerir a mudança de forma
mais eficaz (GRI, 2016). Os relatórios de sustentabilidade surgiram como uma prática comum de negócios neste
século. Assim, o foco na sustentabilidade ajuda as organizações a gerenciar seus impactos sociais e ambientais e
melhorar a eficiência operacional e gestão de recursos naturais.
É importante mencionar que o processo de adesão a estes relatórios é totalmente voluntário e, segundo
Bassetto (2010), tem por objetivos:
Apoiar e facilitar a gestão das questões de sustentabilidade das empresas de maneira sistemática;
Divulgar os riscos e oportunidades;
Construir uma reputação corporativa mais transparente.
Apesar do caráter voluntário, estes documentos (que devem ficar à disposição para consulta) são resultados das
pressões da sociedade e dos stakeholders, no sentido de desejarem por explicações das ações de responsabilidade
socioambiental das organizações. Ainda, vale destacar que os acionistas e investidores se utilizam destes documentos
para suas tomadas de decisões em relação à compra de ativos destas empresas (BASSETTO, 2010).
No Brasil, o pioneirismo dessa divulgação se deu através da produtora de cosméticos Natura, ainda nos anos
2000. Atualmente, de modo geral, as grandes empresas optam por relatórios cujos indicadores tenham grande adesão
aos seus projetos de sustentabilidade. Podemos citar como indicadores de sustentabilidade nos relatórios:
Produto interno bruto (PIB);
Índice de desenvolvimento humano (IDH);
Índice de sustentabilidade ambiental (ISA);
Índice de Gini.
A seguir, uma figura (Figura 3) com os principais benéficos dos relatórios de sustentabilidade, segundo a
GRI (2016):

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INTERNOS E EXTERNOS

Figura 3. Um ciclo de relatórios de sustentabilidade eficaz, que inclui um programa regular de coleta de dados,
comunicação e respostas, deverá beneficiar todas as organizações relatoras, tanto interna como externamente.
Para ser útil, um relatório precisa ter um padrão unificado que permite que eles sejam rapidamente avaliados,
julgados e comparados. Como grande parte das organizações multinacionais em todo o mundo adotou os relatórios de
sustentabilidade, destacamos que o mais amplamente adotado tem sido os Relatórios de Sustentabilidade da Global
Reporting Initiative (GRI).

Tema 03: Inovação em Sustentabilidade


A Comissão Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em 1987, publicou o documento Nosso Futuro
Comum, e observou que a sustentabilidade pode ser enquadrada como uma troca entre as empresas e a sociedade. A
busca pela sustentabilidade já está começando a transformar o cenário competitivo, o que irá forçar as empresas a
mudar a maneira como elas pensam sobre produtos, tecnologias, processos e modelos de negócios.
A chave para o progresso, especialmente em tempos de crise econômica, é a inovação, e superar estes
desafios e capacitar a sociedade a prosperar em um planeta com recursos cada vez mais limitados são uma
necessidade imperativa. Para isso, um processo de inovação significativa, chamada de sustentabilidade orientada
para a inovação (SOI), é importante (NIDOMOLU, PRAHALAD, RANGASWAMI, 2009). O manual de Oslo define
inovação como
“(...) a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo
método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, nas organizações do local de trabalho
ou nas relações externas” (OECD, 1997, p. 55).
Ligando esta definição ao aspecto da sustentabilidade, Kemp e Pearson (2008) criaram o conceito de eco inovação
como:
“(...) a produção, assimilação ou exploração de um produto, processo de produção, serviço ou método de gestão ou de
negócio que é novo para a organização (desenvolvendo ou adotando-a) e que resulta, ao longo do seu ciclo de vida, em
reduções de riscos ambientais, poluição e outros impactos negativos do uso de recursos, inclusive energia, comparado
com alternativas pertinentes” (KEMP; PEARSON, 2008, p. 7;).

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Portanto, ao tratar a sustentabilidade como uma meta atual, as empresas devem desenvolver competências as
quais os concorrentes serão pressionados a corresponder. Assim, as iniciativas de sustentabilidade impulsionarão o
valor de negócios de várias maneiras através de aumento da receita, redução de custos e gestão de riscos. Destacamos
que a inovação em sustentabilidade é diferente da inovação em si, pois exige certa flexibilidade por parte da organização
como, por exemplo: pensar em resultados a longo prazo (IONESCU-SOMERS E SZEKELY, 2013).
Ainda para Ionescu-Somers e Szekely (2013), há três tipos de inovação possíveis, quando se fala em
sustentabilidade:
1. Inovação incremental – é aquela que acontece paulatinamente, evitando ao máximo os riscos
(conservadora);
2. Inovação radical – embora dentro de um modelo de negócios tradicional, há inovação e criação de novos
modelos de negócios;
3. Transformação sistêmica – reinvenção de modelos de negócios insustentáveis.
Ainda, os mesmos autores abordam que há três tipos de incertezas que podem, de alguma maneira, afetar a
inovação voltada para a sustentabilidade:
Ambiental – relacionada aos recursos naturais/matérias-primas;
Política – relacionada, principalmente, aos aspectos legais;
Comportamental – relacionada à aceitação das novas tendências, tanto por parte dos consumidores como
dos diretores da organização.
Para José Carlos Barbieri (2010), uma organização inovadora sustentável é aquela que, em seus produtos,
processos e serviços, se utiliza de características de inovar se voltando para a sustentabilidade.
Ainda para o mesmo autor (citado em GOMES et al, 2016) a inovação sustentável:
“compreende a introdução (produção, assimilação ou exploração) de produtos, processos produtivos, métodos de gestão
ou negócios, novos ou significativamente melhorados para a organização e que traz benefícios econômicos, sociais e
ambientais, comparados com alternativas pertinentes" (BARBIERI, 2010 citado em GOMES et al, 2016).
Schaltegger e Wagner (2011) destacam três aspectos positivos para se inovar em sustentabilidade (Figura 4). São eles:

Figura 4. As três razões fundamentais para a inovação sustentável, segundo Schaltegger e Wagner (2011).

Tema 04: A Criação (ou geração) de Valor Compartilhado


Ainda seguindo a linha de inovação em sustentabilidade, abordaremos a questão da criação de valor
compartilhado (CVC) nas empresas. Do inglês Creating Shared Value (CVS), a CVC é um conceito estabelecido por
Porter e Kramer, em 2011 – Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça) – como um modelo de gestão inovador. Para
os autores, os fatores competitivos determinantes de uma dada organização e o bem-estar das comunidades que estão
à volta dela são reciprocamente dependentes. Nesse sentido, a redefinição do capitalismo deve-se partir do
reconhecimento sobre tais conexões entre o progresso social e econômico (PORTER e KRAMER, 2011).
Existe uma marcante diferença entre a Responsabilidade Social Corporativa – RSC (assunto abordado na
aula 5) e a CVC. Para Porter (2011), a RSC traduz apenas a lucratividade de uma empresa enquanto de sua atuação
nas questões sociais. Já a CVC, se traduz como uma nova abordagem de relacionamento entre as empresas e a
sociedade. Ainda, para os mesmos autores, eles mencionam que as empresas ignoram completamente qualquer efeito

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adverso, na sociedade e ao meio ambiente, das suas atividades e serviços, promovendo escassez de recursos e
redução de salários da mão de obra, tornando-se insustentáveis no cerne do conceito (PORTER e KRAMER, 2011).
Também, “as necessidades sociais, e não apenas as necessidades econômicas convencionais definem
mercados, assim como danos sociais podem criar custos internos para as firmas” (PORTER & KRAMER, 2011, p. 5). Os
criadores desse conceito afirmam que a CVC é uma excelente estratégia de inovação para a sustentabilidade, pois, além
de trazer crescimento aos negócios, tem o reconhecimento moral da sociedade que está à sua volta.
A CVC prega que o capitalismo tenha viés social (porém, não filantrópico), contrapondo às ideias do economista
inglês Milton Friedman (prêmio Nobel de economia, em 1976), que mencionava que o único papel da empresa é gerar
lucro (HOFFMAN, 2000). Tal inovação e colaboração devem acontecer através de diferentes atores da sociedade como,
por exemplo, ONGs, a sociedade civil, o governo e, é claro, as empresas (Figura 5).
É preciso pontuar também que os interesses do negócio devem estar em consonância (e não opostamente) aos
interesses da sociedade, e não ao contrário, já que, para que as empresas possam oferecer tais benefícios sociais, ela
deve estar bem financeiramente – este fato é o que Hart e Prahalad (2002) denominaram de capitalismo inclusivo. Para
os mesmos autores, dois são os desafios das grandes empresas para a população menos abastada:
Produção e distribuição de produtos e serviços sensíveis a sua cultura;
Que sejam ambientalmente sustentáveis e economicamente lucrativos.

Figura 5. Fatores que englobam o processo de concepção do CVC para a base da pirâmide, de acordo com
Porter e Kramer (2011).
Ainda sobre a Figura 5, os autores afirmam que no item 1 é preciso utilizar as carências da sociedade (saúde,
moradia, danos ambientais, entre outros) como uma oportunidade de inovar em seus processos, ou seja, como um
mercado ainda a ser explorado. Já no item 2, nota-se que a cadeia de valores de uma organização (uso de água,
matérias-primas – recursos naturais, mão de obra) afeta a produtividade da empresa, e vice-versa, assim, investimento
nas questões socioambientais, diminuiriam os gastos da própria organização com esses aspectos, em caso de
problemas. Por fim, no item 3, os autores estabelecem que o cluster3 de empresas é uma alternativa viável para uma
determinada comunidade.

Tema 05: Sustentabilidade e Governança Corporativa


Governança corporativa e sustentabilidade estão entre os temas mais debatidos pelo mundo corporativo, nos
dias atuais. Ambos os conceitos estão alinhados e devem estar em perfeita harmonia com as ações das empresas do
século 21. A sustentabilidade, em seu papel, visa garantir a perduração dos recursos naturais e dos aspectos sociais da
comunidade mundial, através das ações das empresas visando ao desenvolvimento sustentável, ao passo que a
governança corporativa visa garantir o sucesso longevo da organização.
De acordo com Carlsson (2001), governança corporativa consiste nas regras de gestão que visem minimizar ao
máximo os possíveis conflitos de interesses entre diferentes partes da organização.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, as boas práticas de governança estão
pautadas em 4 princípios (MALACRIDA e YAMAMOTO, 2006):

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Transparência;
Equidade;
Prestação responsável de contas,
Responsabilidade corporativa.
Assim, notamos que governança corporativa não diz respeito apenas a questões financeiras, mas também
envolvem aspectos socioambientais e, por sua vez, a sustentabilidade (NUNES et al, 2010). O alinhamento das práticas
de governança corporativa e de sustentabilidade vem sendo comunicado pelas empresas através dos seus relatórios de
sustentabilidade.
Ainda, para Lopes (2003), alguns aspectos fundamentais devem ser levados em conta quando se dialoga sobre
a governança:

Figura 6. Aspectos da governança corporativa, segundo Lopes (2003).


De acordo com Kean Ow-Yong (2006), há uma forte tendência mundial em concentrar os investimentos em
negócios sustentáveis (sociaoambiental) e rentáveis e, nesse contexto, a Bovespa lançou, em 2005, o Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE), que está baseado na transparência das empresas em relação à comunicação de
seus aspectos de eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa, já que a confiança
do mercado (para investimento) está diretamente relacionada a esses índices (CORREIA; AMARAL; LOUVET, 2011).
Assim, a governança corporativa é cada vez mais aplicada a uma forma estendida de monitorar atividades
corporativas, que incluem o impacto na sociedade e no ambiente natural. Portanto, as práticas relativas às ações de
responsabilidade socioambiental implementadas pelas empresas podem (e devem) ser observadas como uma extensão
da governança corporativa, que abarca meios para comprovar para o seu público-alvo (stakeholders), que se preocupa
com o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da comunidade.

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