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RECUPERAÇÃO

DE ÁREA
DEGRADADAS

Ronei Tiago Stein


Conceitos de meio ambiente
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Apontar os conceitos de meio ambiente e impactos ambientais.


 Identificar as principais políticas ambientais que apresentam os instru-
mentos de gestão.
 Relacionar a recuperação de áreas degradadas com o desenvolvimento
sustentável.

Introdução
O meio ambiente é um sistema complexo e inteiramente interligado,
sendo formado por elementos naturais e artificiais. Ou seja, o meio am-
biente apresenta as condições necessárias para as diferentes formas de
vida (do homem, da fauna e da flora). Porém, estão inclusos ainda no
conceito de meio ambiente as diferentes sociedades, com seus valores
naturais, sociais e culturais que existem num determinado local e mo-
mento. Os seres vivos, o solo, a água, o ar, os objetos físicos fabricados
pelo homem e os elementos simbólicos (como as tradições, por exemplo)
também compõem o meio ambiente. Assim, é imprescindível preservá-lo
para o desenvolvimento das gerações atuais e das futuras. A preservação
do meio ambiente é a própria preservação da vida.
Neste texto, você verá os conceitos de meio ambiente, impactos
ambientais, as principais políticas ambientais que apresentam os instru-
mentos de gestão e a relação da recuperação de áreas degradadas com
o desenvolvimento sustentável.

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Meio ambiente – definições gerais


Em relação ao meio ambiente, é de suma importância comentar sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81). Esta legislação tem como
objetivos a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da digni-
dade da vida humana.
Mas o que é exatamente meio ambiente? Pode-se dizer que não existe uma
resposta unânime, pois meio ambiente pode apresentar diferentes conceitos, de
acordo com seus componentes. Porém, deve-se considerar que meio ambiente é
o conjunto de todas as coisas vivas e não vivas. Por exemplo, segundo o art. 3º
da Lei nº 6.938/81, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências
e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege
a vida em todas as suas formas.
Para a área da ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou inani-
mado onde se desenvolve a vida de um organismo. No meio ambiente, existem
vários fatores externos que exercem influência no organismo. A ecologia tem
como objeto de estudo as relações entre os organismos e o ambiente que os
envolve.
Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam como
um sistema natural, o qual inclui vegetação, animais, microrganismos, solo,
rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites.
Meio ambiente também compreende recursos e fenômenos físicos, como ar,
água e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo,
veja na Figura 1.

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Figura 1. Esquematização da definição de meio ambiente.


Fonte: NPeter/Shutterstock.com.

Ao abordarmos o meio ambiente, é importante comentarmos também


sobre ecologia. Barsano e Barbosa (2013) descrevem que a ecologia é uma
das ciências de maior interesse na atualidade. A palavra ecologia foi criada há
mais de cem anos pelo biólogo alemão Ernst Heinrich Haeckel (1834-1919),
que uniu dois termos gregos: oikos, que significa “casa”, e logos, que significa
“estudo”. Logo, a ecologia é a ciência que estuda as “casas naturais”, ou seja,
os diversos ambientes da natureza, incluindo as relações dos seres vivos entre
si e com o ambiente.
Os mesmos autores ressaltam que a ecologia ajuda a compreender a im-
portância de cada espécie na natureza e a necessidade de preservar os vários
ambientes naturais que a Terra abriga. Porém, Barsano e Barbosa (2012)
descrevem que não são apenas a fauna e a flora que merecem cuidados, há
outros fatores que devem ser observados visando o equilíbrio da natureza,
como o espaço físico, a temperatura, a localização, entre outros. O termo
biodiversidade (ou diversidade biológica) refere-se à riqueza e à variedade
de plantas e animais que são encontrados nos mais diferentes ambientes. As

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plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa


parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.
Cada espécie pertence a um determinando ecossistema, fazendo parte
de uma biocenose ou mesmo de uma comunidade, e pode sofrer distintos
efeitos, como:

 Fatores bióticos: interação entre os seres vivos (predação, cadeia


alimentar, entre outros);
 Fatores abióticos: interação com o solo, a água, o ar, entre outros.

O Brasil é conhecido mundialmente por suas belezas naturais, sendo o País mais rico
em número de espécies de seres vivos do mundo. Além da beleza de suas praias, seus
rios e mares, ele detém a parte mais extensa da maior planície inundável do mundo,
o Pantanal, e da maior floresta úmida do mundo, a Floresta Amazônica (BARSANO;
BARBOSA, 2013).

Quando há uma extensão de terra com condições bióticas e abióticas


similares, ou seja, as grandes paisagens homogêneas da Terra, tem-se um
bioma, isto é, o conjunto dos seres vivos de uma determinada área, além
de ser entendido também como o conjunto de ecossistemas terrestres. É na
biosfera que se encontram os biomas, associações relativamente homogêneas
de plantas, animais e outros seres vivos, com equilíbrio entre si e com o meio
físico. Como exemplo, pode-se citar a Floresta Amazônica, que é um bioma
com vários ecossistemas diferentes de seres vivos e vegetação (Figura 2).

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Figura 2. Floresta Amazônica – exemplo de um ecossistema com diversos seres vivos e


vegetação.
Fonte: Filipe Frazao/Shutterstock.com.

Impactos ambientais
Barsano, Barbosa e Viana (2014) descrevem que o desenvolvimento tecno-
lógico industrial, a busca desenfreada por riquezas naturais e a falta de um
planejamento de recuperação do meio ambiente são as principais origens de
um conjunto de consequências negativas ao meio ambiente, como é o caso das
grandes catástrofes naturais, as terríveis enchentes e um aquecimento global
como nunca visto antes. Assim, ocorrem grandes impactos ambientais, que
colocam em risco e ameaçam a qualidade do ar, do solo, das águas, a vida
dos animais, da flora e até mesmo do homem.
Segundo o art. 1º da Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente) nº 001 de 1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam:

1. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


2. as atividades sociais e econômicas;
3. a biota;
4. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
5. a qualidade dos recursos ambientais.

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Os impactos ambientais estão vinculados com a degradação do meio


ambiente, que ocorre, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (1990), quando se tem uma ou mais das
seguintes situações:

 A vegetação nativa e a fauna nativa foram destruídas, removidas ou


expulsas.
 Ocorre remoção da camada fértil do solo.
 Tem-se alterações na qualidade e no regime de vazão do sistema hídrico.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis


(1990), a degradação ambiental ocorre quando há perda das características físicas,
químicas e biológicas, as quais ocorrem quando apenas o desenvolvimento socioe-
conômico é priorizado.

Segundo Tavares (2008), o termo degradação ambiental está relacionado


aos efeitos negativos ou adversos causados ao ambiente em decorrência,
principalmente, da intervenção do homem, sendo raramente empregado para
alterações oriundas de processos naturais. Entre os exemplos de degradação
ambiental, estão os desmatamentos, as queimadas e os incêndios, a degrada-
ção do solo e erosão, o descarte incorreto de resíduos sólidos, os modelos de
agricultura não sustentável, a mineração, entre outros.

Políticas ambientais
Barsano e Barbosa (2013) descrevem que as leis, normas técnicas e outras
regulamentações, as quais objetivam a preservação ambiental, bem como
o melhor aproveitamento dos recursos naturais no decorrer dos anos, foram
efeitos de acontecimentos históricos específicos em diversos países, sendo
moldados conforme as necessidades do momento e a análise dos interesses de
todos os envolvidos: os poderes públicos, a iniciativa privada e a sociedade civil.
Especificamente sobre o território Nacional, os mesmos autores descrevem
que desde a época das colonizações, passando pela Revolução Industrial até́ o

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início do século XX, os recursos naturais existentes tinham como finalidade


atender unicamente a demanda de matéria-prima para o desenvolvimento
econômico a curto prazo. Sendo assim, a degradação ambiental não é algo
novo na história do Brasil, como pode-se verificar nos seguintes exemplos
(BARSANO; BARBOSA, 2013):

 A exploração do Pau-Brasil e outras madeiras nobres.


 A economia açucareira dos senhores de engenho.
 A economia mineradora em várias fases históricas.
 O ciclo da borracha e o ciclo do café.
 O crescimento da indústria de base (plataformas de petróleo, usinas
hidrelétricas e nucleares, metalurgia, etc.).
 A ocupação territorial em áreas não habitadas (Amazônia, cerrado,
costas litorâneas, etc.).
 O crescimento urbano por meio das migrações e imigrações.

Inicialmente, as legislações ambientais não foram criadas para proteger o


meio ambiente, e sim visar para atender aos interesses econômicos. Em um
segundo momento, buscou-se a tutela e o controle das reservas naturais exis-
tentes no País, porém sem manifestar um conhecimento mais aprofundado ou,
simplesmente, ignorando a preservação do meio ambiente como fundamento
vital para a preservação da vida, priorizando as metas de desenvolvimento
industrial (BARSANO; BARBOSA, 2013).

As leis que tratam do meio ambiente no Brasil estão entre as mais completas e avançadas
do mundo (PORTAL BRASIL, 2017). De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº
9.605/98), existem seis diferentes tipos de crimes ambientais:
Crimes contra a fauna: agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou
em rota migratória.
Crimes contra a flora: destruir ou danificar floresta de preservação permanente
mesmo que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de proteção.
Poluição e outros crimes ambientais: a poluição que provoque ou possa provocar
danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora.
Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: construção em
áreas de preservação ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a
autorização concedida.

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Crimes contra a administração ambiental: afirmação falsa ou enganosa, sonegação


ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento
ou autorização ambiental.
Infrações administrativas: ação ou omissão que viole regras jurídicas de uso, gozo,
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

Primeiros instrumentos Legais


No Brasil, a discussão sobre preservação ambiental iniciou a partir da década
de 1930, época em que a industrialização brasileira começou a se intensificar,
mas o setor econômico ainda era mais importante que as questões ambientais,
permanecendo desta forma até o final da década de 1970. Porém, visando
garantir o abastecimento das matérias-primas para as indústrias, apareceram
as primeiras intervenções do Estado, a fim de racionalizar o uso dos recursos
naturais e evitar que a degradação ambiental não prejudicasse os objetivos
econômicos. Barsano e Barbosa (2013) citam alguns exemplos, como:

 O Código das Águas, regulamentando o uso dos recursos hídricos


(Decreto nº 24.643/34 – Lei nº 4.904/65).
 O Código Florestal, delimitando áreas de preservação permanente e a
exploração de florestas e desmatamentos (Decreto nº 23.793/34).
 O Código de Mineração, que define os princípios para a exploração de
jazidas (Decreto nº 1.985/40).
 O Código da Pesca, que regulamenta a pesca e a exploração dos recursos
hídricos (Decreto nº 794/38).
 O Estatuto da Terra, que define os critérios para a desapropriação e
distribuição de terras (Lei nº 4.504/64).

Apesar de tímidas, as primeiras leis de proteção ambiental apresentam


algumas preocupações em relação à preservação dos recursos naturais, como
a aplicação de penas fiscais e criminais em caso de destruição de florestas
de preservação, permanente no Código Florestal, e o controle da poluição no
Código da Pesca.
No entanto, não há como abordar a legislação ambiental sem citar a Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81). Além de estabelecer os direcio-
namentos necessários para o desenvolvimento econômico sustentável, essa
lei criou alguns instrumentos visando tal medida:

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 O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental.


 O zoneamento ambiental.
 A avaliação de impactos ambientais.
 O licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente
poluidoras.
 As penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação
ambiental.
 O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
 Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambien-
tal, seguro ambiental e outros.

Porém, Barsano e Barbosa (2013) citam que outra impostíssima contribui-


ção da Lei nº 6.938/81 foi a criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA), o qual organizou de forma hierárquica e uniforme a coordenação
das ações governamentais, agregando todos os órgãos públicos das esferas
federal, estadual e municipal, incluindo o Distrito Federal, da seguinte maneira:

 O Conselho de Governo é o órgão superior do SISNAMA e responsável


por assessorar o Presidente da República na formulação de diretrizes
para a Política Nacional de Meio Ambiente.
 O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão con-
sultivo e deliberativo do SISNAMA que estabelece parâmetros federais
(normas, resoluções e padrões) a serem obedecidos pelos Estados.
 O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o órgão responsável pelo
planejamento, coordenação, controle e supervisão da Política Nacional
de Meio Ambiente.
 O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) é o órgão executor, responsável por formular,
coordenar, fiscalizar, executar e fazer executar a Política Nacional de
Meio Ambiente.
 Os órgãos seccionais são as entidades de cada Estado da federação,
responsáveis por executar programas e projetos de controle e fiscalização
das atividades potencialmente poluidoras.
 Os órgãos locais, ou municipais, são os responsáveis por atividades
de controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras.

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Originada nos Estados Unidos, na década de 1970, após diversos acidentes ambientais,
a auditoria ambiental é um processo sistemático e documentado de verificação,
executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências que determinem se as
atividades, os eventos, os sistemas de gestão e as condições ambientais especificados
ou as informações relacionadas a eles estão em conformidade com as legislações
ambientais e com a política de segurança da empresa.
Existem diferentes tipos de auditorias. Para entender mais sobre o assunto, leia o texto
“O que é auditoria ambiental e quais os diferentes tipos?” (PENSAMENTO VERDE, 2014).

Sabe-se que algumas atividades antrópicas ocasionam graves passivos am-


bientais, os quais alteram as características físicas, químicas e microbiológicas
da área, havendo a necessidade de realizar um Projeto de Recuperação de Área
Degradada (PRAD). Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL,
2017), pode-se dizer que o PRAD está intimamente ligado à ciência da res-
tauração ecológica, ou seja, ao processo de auxílio ao restabelecimento de
um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. Um ecossistema
é considerado recuperado e restaurado quando contém recursos bióticos e
abióticos suficientes para continuar seu desenvolvimento sem auxílio ou
subsídios adicionais.
De acordo com a Lei nº 9.985/2000, em seu art. 2º, há a distinção entre um
ecossistema “recuperado” e um ecossistema “restaurado”:

 Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população


silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser dife-
rente de sua condição original.
 Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população
silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original.

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A Instrução Normativa nº 4/2011 do IBAMA estabelece as exigências mínimas e orien-


tações que visam nortear a elaboração, a análise, a aprovação e o acompanhamento
da execução de Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) ou Áreas
Alteradas, além de apresentar os Termos de Referência para estruturar o PRAD e o
PRAD Simplificado.

Desenvolvimento sustentável
Durante séculos, o homem vem retirando do meio ambiente matérias-primas e
devolvendo poluição e contaminação, gerando a degradação ambiental. É uma
conta simples. Até o presente momento, a população mundial está retirando
mais do que a própria natureza pode repor, logo, precisamos urgentemente
rever nossas atitudes. Sem dúvidas, o desenvolvimento da humanidade não
pode terminar, porém este deve ser pensado de maneira mais sustentável.
Cabe ressaltar que a Recuperação de Áreas Degradadas encontra respaldo
legal na Constituição Federal de 1988, a qual define, em seu art. 225: “[...] todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações [...]”. É inevitável a degradação ambiental em áreas que sofrem a
influência da atuação humana. Todavia, os empreendedores precisam tomar
medidas que visem às boas práticas ambientais durante o desenvolvimento
de suas atividades, minimizando os impactos ambientais.
Dessa forma, a sustentabilidade surge como uma ferramenta para auxiliar
o desenvolvimento com o meio ambiente. Ou seja, esse é um termo usado para
definir ações que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos,
sem comprometer o futuro das próximas gerações. A sustentabilidade está
diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir
o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que
eles se mantenham no futuro. Seguindo esses parâmetros, a humanidade pode
garantir o desenvolvimento sustentável (Figura 3).

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Figura 3. O uso de fontes de energia mais limpas pode ser considerado uma maneira de
promover o desenvolvimento sustentável.
Fonte: petovarga/Shutterstock.com.

A estratégia de desenvolvimento sustentável visa promover a harmonia


entre os seres humanos e entre a natureza. Mas, para isso, a busca do desen-
volvimento sustentável requer principalmente:

 Um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos


no processo decisório.
 Um sistema econômico eficaz.
 Um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um de-
senvolvimento não equilibrado (diferença entre ricos e pobres).
 Um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base
ecológica do desenvolvimento.
 Um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções
(novas tecnologias).
 Um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio
e financiamento.
 Um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se.

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Pilares do desenvolvimento sustentável

De maneira geral, o desenvolvimento sustentável visa atender três aspectos


básicos: o econômico, o ambiental e o social. Estes devem estar totalmente
relacionados para que a sustentabilidade se mantenha (Figura 4).

Figura 4. Pilares do desenvolvimento sustentável.


Fonte: Kjpargeter/Shutterstock.com.

Cabe ressaltar que o desenvolvimento pode ser aplicado de um modo macro


(p. ex., a um país ou até mesmo para o Planeta num todo) ou de um modo
micro, como em uma cidade, um bairro, uma residência ou até mesmo em
uma propriedade agrícola. O Departamento de Engenharia de Computação
e Sistemas Digitais da USP descreve os pilares da sustentabilidade como
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2016?):
Social: refere-se ao capital humano de um empreendimento, comunidade,
sociedade como um todo. Além de salários justos e estar adequado à legislação
trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos, como o bem-estar dos seus
funcionários, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradável,
pensando na saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescin-
dível ver como a atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Nesse
item, estão contidas também situações gerais da sociedade, como educação,
violência e até o lazer.
Ambiental: refere-se ao capital natural de um empreendimento ou so-
ciedade. A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto

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ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas


formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível ameni-
zar. Assim, uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planejar
formas de repor os recursos ou, se não é possível, diminuir o máximo possível
o uso desse material. Além disso, deve ser levada em conta a adequação à
legislação ambiental.
Econômica: neste pilar, são analisados os temas ligados à produção, à
distribuição e ao consumo de bens e serviços, e deve-se levar em conta os
outros dois aspectos anteriores.
Dentre as medidas que podem ser adotadas tanto pelos governos quanto
pela sociedade civil em geral para a construção de um mundo mais sustentável,
pode-se citar alguns exemplos:

 Redução ou eliminação do desmatamento.


 Reflorestamento de áreas naturais devastadas.
 Preservação das áreas de proteção ambiental, como reservas e unidades
de conservação de matas ciliares.
 Fiscalização, por parte do governo e da população, de atos de degradação
ao meio ambiente.
 Adoção da política dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) ou dos 5Rs
(repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar).
 Contenção na produção de lixo, direcionando-o corretamente, a fim
de diminuir seus impactos.
 Diminuição da incidência de queimadas.
 Diminuição da emissão de poluentes na atmosfera, tanto pelas chaminés
das indústrias quanto pelos escapamentos de veículos e outros.
 Opção por fontes limpas de produção de energia que não gerem impactos
ambientais em larga e média escala.
 Adoção de formas de conscientização do meio político e social das
medidas acimas apresentadas.

Essas medidas são, portanto, formas viáveis e práticas de se construir uma


sociedade sustentável que não comprometa o meio natural tanto na atualidade
quanto no futuro, a médio e longo prazo.

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A Alemanha visa reduzir em 40% as emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2020,
por meio de incentivos em combustíveis veiculares mais limpos e pela limitação do
uso de carvão. Esse é um bom exemplo do desenvolvimento sustentável, pois precisa
haver o incentivo fiscal (econômico) e a participação da sociedade, visando melhorar
a qualidade do meio ambiente.

BARSANO, P. R. BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho: guia prático e didático. São


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BARSANO, P. R. BARBOSA, R. P. Meio ambiente: guia prático e didático. 2. ed. São Paulo:
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U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 29 14/09/2017 13:03:10


Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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