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ENVIRONMENTAL CHEMISTRY Part 1 (in portuguese); QUÍMICA AMBIENTAL


Parte 1

Working Paper · May 2015


DOI: 10.13140/RG.2.2.36125.51689

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Francisco Sávio Gomes Pereira


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)
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QUÍMICA AMBIENTAL
PROF. FRANCISCO SÁVIO GOMES PEREIRA

PARTE 1 – FUNDAMENTOS E MATRIZES AMBIENTAIS

Foto do autor: Quina-quina no sítio Saco - Tacaratu – PE – 2013.

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO - IFPE


CURSO: TÉCNICO EM QUÍMICA

RECIFE- 2015
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1. FUNDAMENTOS DA QUÍMICA AMBIENTAL

1.1. INTRODUÇÃO
A Química Ambiental pode ser definida como o estudo das fontes, das reações, do transporte e do
destino das espécies químicas nos ambientes ar, água e solo, assim como de seus efeitos para a saúde
humana e o ambiente natural.
Considerando uma abordagem de conscientização social e de tecnologias produtivas limpas, a química
ambiental pode receber outras terminologias como Química Verde (Green Chemistry) ou Química
Sustentável. Nessa perspectiva, podem-se estabelecer alguns princípios que são recomendados para
obtenção dessa realidade:
1. É preferível evitar a formação de resíduos a tratá-los depois de produzidos;
2. Os projetos de síntese devem permitir a máxima incorporação ao produto final das matérias-
primas usadas no processo;
3. Projetar métodos de sínteses que usem ou gerem substâncias com baixa ou nenhuma
toxicidade para a saúde humana e o meio ambiente;
4. Os novos compostos químicos devem preservar a eficácia e reduzir sua toxicidade;
5. O uso de substâncias auxiliares (solventes, adsorventes etc.) deve ser mínimo e inócuo;
6. As necessidades energéticas devem ser escolhidas por seus impactos econômicos e ambientais
e serem mínimas (devem-se privilegiar métodos a temperatura e pressão ambiente);
7. Sempre que possível, a matéria-prima deve proceder de fontes renováveis;
8. Evitar reações desnecessárias (bloqueio de grupos, proteção/desproteção etc.) para obtenção
do produto de interesse;
9. Preferir reativos catalíticos (tão seletivos quanto seja possível) aos estequiométricos;
10. Os produtos químicos produzidos, após seu uso funcional, não devem ser persistentes no meio
ambiente e devem se degradar em produtos inócuos;
11. Devem ser desenvolvidas metodologias analíticas que permitam o monitoramento e controle em
tempo real, antes da formação de substâncias perigosas;
12. As substâncias devem ser escolhidas de modo a minimizar seu potencial risco de acidente.

1.2. CONCEITOS BÁSICOS

A conceituação de alguns termos e expressões amplamente utilizados no tema Meio Ambiente e


extensivos a outras disciplinas vinculadas a esta questão é essencial para possibilitar uma abordagem
sistemática do tema. Alguns desses termos e expressões são comentados a seguir:

1.2.1. BIOSFERA

Em sua definição mais simples, é o conjunto de regiões da Terra onde existe vida. O termo "biosfera"
foi introduzido em 1875 pelo geólogo austríaco Eduard Suess (1831-1914), durante uma discussão sobre

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os vários envoltórios da Terra. Em 1926 e 1929, o mineralogista russo Vladimir Vernandsky (1863-1945)
consagrou definitivamente o termo, utilizando-o em duas conferências de sucesso.
Embora a palavra "biosfera" nos leve a pensar em uma camada contínua de regiões propícias à vida em
torno da Terra, isso não é exatamente verdade. A espessura da biosfera é um tanto irregular, devido ao
fato de haver locais onde a vida é escassa ou mesmo inexistente. Por exemplo, em mares, lagos,
florestas, pântanos e campos, a vida é abundante e variada. Há, porém, áreas tão secas ou tão frias que
dificultam, ou até impedem, o desenvolvimento da maioria dos seres vivos. É o caso das regiões quentes
e desertas localizadas na faixa equatorial e das regiões geladas situadas junto aos pólos, onde poucas
espécies conseguem viver. A maioria dos seres terrestres vive em regiões situadas até 5 mil metros
acima do nível do mar. Entretanto, no Monte Everest, foi encontrada uma aranha vivendo a quase 7 mil
metros de altitude, e já se observou aves migratórias voando a 8,8 mil metros de altitude. No mar, a
maioria dos seres vivos habita a faixa que vai da superfície até 150 metros de profundidade, embora
algumas espécies de animais e de bactérias vivam a mais de 9 mil metros de profundidade. De acordo
com essas considerações, a biosfera teria espessura máxima de aproximadamente 17 ou 18 km,
formando uma película finíssima quando comparada aos 13.000 km de diâmetro da Terra. Se o planeta
fosse comparado a uma laranja, a biosfera não passaria de um fino papel de seda sobre sua superfície.

1.2.2. ECOLOGIA

Ecologia (do grego “oikos", que significa casa, e "logos", estudo, reflexão), é o ramo da biologia que
estuda as interações entre os seres vivos e o meio onde vivem, envolvendo a dependência da água, do
solo e do ar. Foi o cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou este termo para
designar a parte da Biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem,
além da distribuição e abundância dos seres vivos no planeta.
Dessa forma, as relações vão além do comportamento individual e a influência causada pelos fatores
ambientais (temperatura, umidade, pressão). Mas se estendem à organização das espécies em
populações, comunidades, formando um ecossistema e toda a biosfera.
Entre as principais relações destacam-se:
Relações Intra-específicas harmônicas → sociedade e colônia;
Relações Intra-específicas desarmônicas → canibalismo e competições Intra-específicas.
Relações interespecíficas harmônicas → mutualismo, protocooperação, inquilinismo e comensalismo;
Relações interespecíficas desarmônicas → amensalismo, predatismo, parasitismo e competição
interespecífica.
Dentro dessa ciência, destacam-se alguns termos importantes para a compreensão do estudo do
ambiente e seus possíveis impactos, tais como:
1.2.2.1. Biocenose ou comunidade biológica - As diversas espécies que vivem em uma mesma região
constituem uma comunidade biológica, também chamada biota ou biocenose. O termo "biocenose"
(do grego bios, vida, e koinos, comum, público) foi criado pelo zoólogo alemão K.A. Möbius, em 1877,
para ressaltar a relação de vida em comum dos seres que habitam determinada região. A biocenose de

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uma floresta, por exemplo, compõem-se de populações de arbustos, árvores, pássaros, formigas,
microorganismos etc., que convivem e se inter-relacionam.
1.2.2.2. Biótopo - Para viver, a biocenose depende de fatores componentes físicos e químicos do
ambiente. Em seu conjunto, esses componentes formam o biótopo (do grego bios, vida, e topos, lugar),
que significa "o local onde vive a biocenose". No exemplo da floresta, o biótopo é a área que contém o
solo (com seus minerais e água) e a atmosfera (com seus gases, umidade, temperatura, grau de
luminosidade etc.). Os fatores abióticos do biótopo afetam diretamente a biocenose, e também são por
ela influenciados. O desenvolvimento de uma floresta, por exemplo, modifica a umidade do ar e a
temperatura de uma região.
1.2.2.3. Habitat - significa "o local onde vive determinada espécie". Tem sentido mais restrito de que
biótopo, que se refere ao local onde vive toda a biocenose. Se quisermos falar do local onde vivem as
girafas, devemos usar o termo habitat. Mas se quisermos nos referir ao local onde vive a biocenose da
savana, falamos em biótopo.

1.2.3. ECOSSISTEMAS

O conjunto vivo formado pela biocenose e pelo biótopo em interação é chamado ecossistema. Uma
floresta, considerada em sua totalidade, isto é, com seus fatores abióticos e comunidades de seres vivos
em interação (bióticos), constitui um ecossistema.
Os seres vivos de um ecossistema podem ser divididos em autótrofos e heterótrofos. A maioria dos
seres autótrofos (algas, plantas e certas bactérias) faz fotossíntese, captando energia luminosa do Sol e
utilizando-a na fabricação de matéria orgânica. Existem, ainda, alguns poucos seres autótrofos que
fazem quimiossíntese, como, por exemplo, certas bactérias, e obtêm energia para a vida através de
reações químicas inorgânicas. Os animais, fungos, protozoários e a maioria das bactérias são
heterótrofos, isto é, necessitam obter substâncias orgânicas (alimento) a partir de outros seres vivos ou
de seus produtos. Os seres autótrofos fotossintetizantes, além de produzirem praticamente todo o
alimento consumido pelos heterótrofos, liberam oxigênio (O2) no ambiente. Esse gás é utilizado na
respiração pelos animais, pelas próprias plantas e por muitos microorganismos.
Os componentes abióticos de um ecossistema são representados por fatores físicos, como
luminosidade, temperatura, ventos, umidade etc., e por fatores químicos, como a quantidade relativa
dos diversos elementos químicos presente na água e no solo.
Os fatores físicos que atuam em determinada região da superfície terrestre constituem o clima, resultado
da ação combinada de luminosidade, temperatura, pressão, ventos, umidade e regime de chuvas. A
radiação solar que atinge a Terra é um dos principais determinantes do clima. Além das radiações
visíveis (luz) utilizadas pelos seres autótrofos na fotossíntese, as emanações solares contêm raios
infravermelhos, responsáveis pelo aquecimento da atmosfera e do solo, o que faz as temperaturas na
superfície terrestre serem favoráveis à vida. A temperatura ambiental é uma condição ecológica
decisiva na distribuição dos seres vivos pelo planeta. Lugares muito quentes ou muito frios somente
podem ser habitados por espécies altamente adaptadas a essas condições. A temperatura afeta outros

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fatores climáticos, tais como os ventos, a umidade relativa do ar e a pluviosidade (índice de chuvas) de
uma região.
Certos elementos químicos devem estar presentes na água e no solo para garantir a sobrevivência dos
seres vivos. A presença de fósforo na forma de fosfatos, por exemplo, é muito importante, uma vez que
os fosfatos são constituintes fundamentais da matéria viva. Os elementos e sais essenciais aos seres
vivos são chamados, genericamente, nutrientes minerais.
Em um ecossistema, uma determinada seqüência de alimentação é denominada cadeia alimentar. Um
exemplo de cadeia alimentar: capim; gafanhotos; pássaros; cobras; fungos e bactérias. Uma cadeia
alimentar completa como essa apresenta três categorias de organismos, que constituem seus níveis
tróficos (do grego trofos, alimento, nutrição): o nível dos produtores (capim), o nível dos consumidores
(gafanhotos, pássaros, cobras) e nível dos decompositores (fungos e bactérias). As relações alimentares
de um ecossistema, se observadas em conjunto, formam um intrincado esquema, a teia ou rede
alimentar.
Os seres autótrofos produzem toda a matéria orgânica consumida como alimento pelos heterótrofos. Por
isso os primeiros são chamados produtores, e os segundos, consumidores. Em um ecossistema de
campo, por exemplo, as plantas de capim são os produtores. Os gafanhotos que se alimentam do capim
são consumidores primários, e os pássaros que se alimentam dos gafanhotos são consumidores
secundários. Uma cobra que se alimenta dos pássaros é um consumidor terciário, e assim por diante.
Existem organismos que possuem alimentação variada, sendo denominados onívoros (do latim omnis,
tudo e vorare, comer, devorar). Esse é o caso, por exemplo, da espécie humana. Comemos vegetais,
desempenhando o papel de consumidores primários, e também comemos animais, desempenhando o
papel de consumidores secundários ou terciários.
Ao morrer, tanto os produtores como os consumidores servem de alimento a certos fungos e bactérias.
Estes decompõem a matéria orgânica dos cadáveres para obter energia, e por isso são chamados
decompositores.

1.2.4. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


A idéia de Desenvolvimento Sustentável é voltada para uma forma de geração de riquezas que,
protegendo o meio ambiente, esteja também preocupada com a justiça social.
O modelo sócio-econômico que temos baseou-se em ações industriais que trouxeram reações
ambientais catastróficas e se estenderam nos mais graves problemas econômicos e sociais hoje
enfrentados.
O consumo exagerado de recursos naturais e as tecnologias usadas para transformar estes recursos
interferem de forma violenta nos ecossistemas planetários, esgotando ou comprometendo nossas fontes
naturais de matéria-prima.
Diante da necessidade de encontrar soluções para esta situação caótica firmou-se, na Reunião de
Cúpula das Nações Unidas (ONU) de 1992 - a RIO 92, a proposta de um novo padrão de
desenvolvimento mundial, baseado em ações racionais que não esgotem, mas preservem os recursos
naturais utilizados com a consciência de que eles são finitos. Este novo modelo foi denominado
Desenvolvimento Sustentável e está representado em um documento chamado Agenda 21. A Agenda 21

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é um protocolo contendo uma lista de compromissos e ações a serem desenvolvidas no século XXI em
direção ao Desenvolvimento Sustentável. Foi assinada por mais de uma centena de países, incluindo o
Brasil, durante a Conferência de Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrida na cidade
do Rio de Janeiro, no ano de 1992 - a Rio 92.
A Agenda 21 é caminho a ser seguido para a construção do Desenvolvimento Sustentável e significa um
dos mais importantes compromissos assumidos pelo mundo, desde a Rio -92, na tentativa de
restabelecer a economia e assegurar a sobrevivência humana, preservando a saúde e os recursos
naturais do planeta para as presentes e futuras gerações. Porém, é importante ressaltar que, esta
trajetória só poderá ser concretizada com a participação efetiva de toda a sociedade organizada
juntamente com o governo.
Não existe um modelo universal de Desenvolvimento Sustentável, que possa ser aplicado para todas as
sociedades, pois possuímos infinitas diferenças culturais e potenciais, nativas de cada região.
Assim, cada comunidade deverá definir o seu estilo próprio de Desenvolvimento Sustentável. É o direito
do cidadão de escolher o seu amanhã. As comunidades deverão dizer aquilo que querem e o que não
querem no planejamento de seu futuro.

1.2.5. POLUIÇÃO
A poluição pode ser definida como a introdução no meio ambiente de qualquer matéria ou energia que
venha a alterar as propriedades físicas, químicas ou biológicas desse meio, afetando, ou podendo afetar,
por isso, a "saúde" das espécies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato com ele, ou que
nele venham a provocar modificações físico-químicas nas espécies minerais presentes. Tomando como
base a espécie humana, tal definição, aplicada às ações praticadas pela espécie humana, levaria à
conclusão de que todos os atos oriundos desta espécie são atos poluidores; o simples ato de respirar,
por exemplo. A fim de que se estabelecessem limites para considerar o que, dentro do razoável, fosse
considerado como poluição, foram estabelecidos parâmetros e padrões. Os parâmetros para indicar o
que está poluindo e os padrões para quantificar o máximo permitido em cada parâmetro.
A LEI 6938 DE 31/08/1981 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e traz em seu Artigo 3º os
conceitos importantes do ponto de vista ambiental como meio ambiente, degradação, poluição, poluidor
e recursos ambientais:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

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V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o


mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

1.2.6. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Nos últimos três séculos houve um grande crescimento do conhecimento humano, proporcionando um
amplo desenvolvimento das ciências e da tecnologia. Ao mesmo tempo também ocorreram mudanças
nos valores e modos de vida da sociedade, com o surgimento do processo industrial e o crescimento das
cidades, aumentando a utilização dos recursos naturais e a produção de resíduos. Enfim, todos esses
fatos geraram profundas mudanças na cultura, afetando principalmente a percepção do ambiente pelos
seres humanos, que passaram a vê-lo como um objeto de uso para atender suas vontades, sem se
preocupar em estabelecer limites e critérios apropriados.
Não demorou muito para surgirem às conseqüências dessa cultura moderna: o surgimento de problemas
ambientais que afetam a qualidade de vida. Em pouco tempo ficou claro que havia uma crise de relações
entre sociedade e meio ambiente.
A preocupação com essa situação fez com que surgisse a mobilização da sociedade, exigindo soluções
e mudanças. Na década de 60, do séc. XX, a partir dos movimentos contraculturais, surgiu o movimento
ecológico que trazia como uma de suas propostas a difusão da educação ambiental como ferramenta de
mudanças nas relações do homem com o ambiente.
A Educação Ambiental (EA) surge como resposta à preocupação da sociedade com o futuro da vida.
Sua proposta principal é a de superar a dicotomia entre natureza e sociedade, através da formação de
uma atitude ecológica nas pessoas. Um dos seus fundamentos é a visão socioambiental, que afirma que
o meio ambiente é um espaço de relações, é um campo de interações culturais, sociais e naturais (a
dimensão física e biológica dos processos vitais). Ressalte-se que, de acordo com essa visão, nem
sempre as interações humanas com a natureza são daninhas, porque existe um co-pertencimento, uma
coevolução entre o homem e seu meio. Coevolução é a idéia de que a evolução é fruto das interações
entre a natureza e as diferentes espécies, e a humanidade também faz parte desse processo.
O processo educativo proposto pela EA objetiva à formação de sujeitos capazes de compreender o
mundo e agir nele de forma crítica - consciente. Sua meta é a formação de sujeitos ecológicos.
“A EA fomenta sensibilidades afetivas e capacidades cognitivas para uma leitura do mundo do ponto de
vista ambiental. Dessa forma, estabelece-se como mediação para múltiplas compreensões da
experiência do indivíduo e dos coletivos sociais em suas relações com o ambiente. Esse processo de
aprendizagem, por via dessa perspectiva de leitura, dá-se particularmente pela ação do educador como
intérprete dos nexos entre sociedade e ambiente e da EA como mediadora na construção social de
novas sensibilidades e posturas éticas diante do mundo.” (Carvalho, Isabel C. M. Educação Ambiental: A
Formação do Sujeito Ecológico)
Alguns conceitos de educação ambiental
1) Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999.
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências.

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DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade.
Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não-formal.
Art. 3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental,
incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas
que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o
engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
(...)
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados
à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho,
bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente.
2) “Consideramos que a educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um processo de
aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores
e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela
estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam
entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva em
nível local, nacional e planetário. Consideramos que a preparação para as mudanças necessárias
depende da compreensão coletiva da natureza sistêmica das crises que ameaçam o futuro do planeta.
As causas primárias de problemas como o aumento da pobreza, da degradação humana e ambiental e
da violência podem ser identificadas no modelo de civilização dominante, que se baseia em
superprodução e superconsumo para uns e subconsumo e falta de condições para produzir por parte da
grande maioria.
Consideramos que são inerentes à crise a erosão dos valores básicos e a alienação e a não-participação
da quase totalidade dos indivíduos na construção de seu futuro.” (fonte: Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global)
3) “Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental,
garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de
uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-
se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a
transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política.”.
Patrícia Mousinho. Glossário. In: Trigueiro, A. (Coord.) Meio ambiente no século 21. Rio de Janeiro:
Sextante. 2003

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Princípios da educação para sociedades sustentáveis e responsabilidade global


Princípios compilados pelos participantes do Fórum Global, evento que ocorreu durante à Conferência
da ONU sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, em 1992 (Rio-92)
1. A educação é um direito de todos; somos todos aprendizes e educadores.
2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou
lugar, em seus modos formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da
sociedade.
3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência
local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações.
4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a
transformação social.
5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser
humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.
6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos,
valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as culturas.
7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em uma
perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao
desenvolvimento e ao meio ambiente, tais como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia,
fome, degradação da flora e fauna, devem ser abordados dessa maneira.
8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e eqüitativa nos processos de decisão, em
todos os níveis e etapas.
9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a história indígena e
culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, lingüística e ecológica. Isto implica uma
revisão da história dos povos nativos para modificar os enfoques etnocêntricos, até de estimular a
educação bilíngüe.
10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas populações, promover
oportunidades para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores populares da
sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos.
11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este é diversificado,
acumulado e produzido socialmente, não devendo ser patenteado ou monopolizado.
12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de
maneira justa e humana.
13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições, com a
finalidade de criar novos modos de vida, baseados em atender às necessidades básicas de todos, sem
distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião, classe ou mentais.
14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa e seu
comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicação é um direito
inalienável e os meios de comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiado de
educação, não somente disseminando informações em bases igualitárias, mas também promovendo
intercâmbio de experiências, métodos e valores.

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15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações. Deve
converter cada oportunidade em experiências educativas de sociedades sustentáveis.
16. A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas de
vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração
dessas formas de vida pelos seres humanos.” (fonte: Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global)

1.2.7. QUALIDADE AMBIENTAL

Algumas definições de Qualidade ambiental:


(1) O estado do meio ambiente, como objetivamente percebido, em termos de medição de seus
componentes, ou subjetivamente, em termos de atributos tais como beleza e valor (MUNN, 1979).
(2) É o estado do ar, da água, do solo e dos ecossistemas, em relação aos efeitos da ação humana
(HORBERRY, 1984).
(3) Estado das principais variáveis do ambiente que afetam o bem-estar dos organismos, particularmente
dos humanos. Termo empregado para caracterizar as condições do ambiente segundo um conjunto de
normas e padrões ambientais pré-estabelecidos. A qualidade ambiental é utilizada como valor referencial
para o processo de controle ambiental.
(4) Resultado dos processos dinâmicos e interativos dos elementos do sistema ambiental, define-se
como o estado do meio ambiente, numa determinada área ou região, conforme é percebido
objetivamente, em função da medição da qualidade de alguns de seus componentes, ou mesmo
subjetivamente, em relação a determinados atributos, como a beleza, o conforto, o bem-estar (FEEMA,
1997).
A crescente preocupação com a qualidade ambiental tem levado as indústrias brasileiras a buscarem
alternativas tecnológicas mais limpas e matérias-primas menos tóxicas, a fim de reduzir o impacto e a
degradação ambientais. A conscientização da sociedade e a legislação ambiental têm induzido as
empresas a uma relação mais sustentável com o meio ambiente. Não há mais lugar para a exacerbação
do lucro obtido à custa do comprometimento do meio ambiente. Diante disso, a indústria tem sido
forçada a investir em modificações de processo, aperfeiçoamento de mão-de-obra, substituição de
insumos, redução de geração de resíduos e racionalização de consumo de recursos naturais.
A busca por alternativas que minimizem os impactos negativos da atividade produtiva tem motivado o
setor industrial em investir em soluções, que também se refletem em economia e melhoria da
competitividade. A adoção de estratégias de prevenção apresenta-se como a alternativa mais adequada,
porém importantes padrões, modelos de comportamento, crenças e práticas institucionalizadas devem
ser modificados, assim como muitos paradigmas consolidados na estrutura das empresas devem ser
substituídos.
A avaliação ambiental torna-se cada vez mais valiosa e importante, pois fornece bases para a
formulação de políticas, planos e projetos que permitem o manejo dos riscos e impactos das atividades
produtivas aumentando a ecoeficiência da organização. O diagnóstico da situação ambiental consiste em
uma análise profunda de todos os impactos dos processos, serviços e produtos.

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A falta de registros, na maioria das empresas, no que tange às entradas e saídas de insumos, do
consumo de água, de matérias primas, de energia, de geração de efluentes e resíduos, por exemplo,
também dificulta a implantação de medidas que poderiam melhorar o desempenho ambiental das
mesmas. A ausência de informações, desta natureza, contribui para conhecimentos precários sobre os
custos ambientais, alimentando a visão distorcida de que investimentos em medidas de proteção não
significam ganhos, mas sim em aumento de custos operacionais e redução de competitividade.
Em estudo realizado em um grupo de empresas com atividade galvânica, verificou-se que a identificação
dos impactos ambientais significativos relaciona-se mais fortemente com questões econômicas e legais,
do que com os aspectos técnicos e ambientais. O planejamento de ações, baseado em critérios técnicos
e ambientais, contribui para a implantação de medidas mais efetivas, no que diz respeito à melhoria da
qualidade ambiental.
Um maior conhecimento sobre os impactos ocasionados pelas atividades produtivas, possibilita a
seleção mais adequada de indicadores que podem ser utilizados para o processo de melhoria contínua
do SGA (sistema de gestão ambiental). A dificuldade para o estabelecimento desses indicadores é um
dos principais problemas das indústrias, tanto em nível nacional quanto internacional.
A escolha equivocada de indicadores irá refletir-se de igual forma na avaliação do desempenho
ambiental das empresas, trazendo como conseqüência: adoção de medidas inócuas, implantação
desnecessária de equipamentos e/ou outras intervenções inadequadas para um bom sistema de gestão.
Acredita-se que grande parte das empresas ainda desconhece os benefícios do uso de indicadores de
desempenho, como ferramenta para o planejamento ambiental. Com isso é possível que elas estejam
deixando de aproveitar oportunidades, como: aumento da produtividade, melhoria da competitividade e
da qualidade ambiental, além de atingir efetivamente a sustentabilidade produtiva.
Portanto, o setor industrial, estigmatizado como um dos principais responsáveis pela grave situação
ambiental do planeta e também pelas crescentes exigências legais, com relação aos resíduos gerados,
tem reagido pró-ativamente, a partir da implantação de estratégias de gestão como: produção limpa,
certificação ambiental, redução de resíduos tóxicos, reciclagem e reuso, principalmente. Além disso, as
indústrias necessitam tornar-se ecoeficientes e mais competitivas, pois resíduo significa perda de
matéria prima, falta de eficiência e aumento de custos de produção. Diante disso, passaram a preocupar-
se com a introdução do conceito de prevenção, ou seja, reduzir cada vez mais a geração na origem,
abandonando a postura essencialmente reativa.
A introdução da variável ambiental no sistema de gestão de empresas, principalmente de alto impacto
ambiental torna-as mais ecoeficientes, propiciando inúmeras vantagens, tais como: aumento de
rendimento das matérias-primas, redução da geração de resíduos perigosos, diminuição dos custos de
produção, tratamento e disposição, além de ganhos substanciais quanto à saúde do meio ambiente e da
população.
Pela aplicação da ecoeficiência procura-se atingir sete objetivos principais:
1. reduzir o conteúdo material dos bens e serviços gerados;
2. reduzir o conteúdo de energia dos bens e serviços gerados;
3. reduzir a dispersão de tóxicos;
4. estimular a reciclagem de materiais;

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5. maximizar o uso sustentável de recursos renováveis;


6. ampliar a durabilidade dos produtos;
7. aumentar a participação dos serviços nos bens e serviços gerados.
Qualidade e meio ambiente são dois temas que devem caminhar juntos, e sua conjunção, na qualidade
ambiental, é fator essencial para assegurar a qualidade de vida.

1.2.8. RISCOS AMBIENTAIS

A noção de risco tem adquirido importância e visibilidade na sociedade, figurando em debates,


avaliações e estudos no meio acadêmico e empresarial. Hoje em dia, é comum lermos ou ouvirmos a
palavra risco associada a algum adjetivo que o qualifica: risco ambiental, risco social, risco tecnológico,
risco natural, biológico... Este risco sempre se relaciona à idéia de segurança pessoal, saúde, condições
de habitação, de trabalho, transporte, ou seja, ao cotidiano da sociedade moderna. Assim, distinguimos
três abordagens sobre risco: uma ligada às geociências, outra que trata dos riscos tecnológicos e sociais
e por fim, a abordagem empresarial e financeira.
O risco é uma categoria de análise associada às noções de incerteza, exposição ao perigo, perda e
prejuízos materiais, econômicos e humanos em função de processos de ordem "natural" (tais como os
processos exógenos e endógenos da Terra) e/ou daqueles associados ao trabalho e às relações
humanas.
O risco ambiental é geralmente composto por três categorias: risco natural, risco tecnológico e risco
social, abrangendo processos bastante variados como a ocorrência de catástrofes naturais, acidentes
em indústrias e as condições de vida da sociedade. Estas categorias, assim como a própria noção de
risco ambiental, são desenvolvidas por diversos pesquisadores em todo o mundo.
Os riscos ambientais incluem os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de
trabalho e que podem causar danos à saúde do trabalhador na dependência de sua natureza,
intensidade, concentração, freqüência e tempo de exposição.
São exemplos:
• Agentes físicos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (frio ou calor),
radiações ionizantes e não ionizantes, umidade;
• Agentes químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substância sou compostos
ou produtos químicos em geral, absorvidos por via respiratória, pela pele ou pelo trato
gastrointestinal (ingestão) com ação nociva;
• Agentes biológicos: bactérias, fungos, parasitas, protozoários, vírus e outros microrganismos
com ação patogênica;
Os riscos ambientais podem ser avaliados qualitativa ou quantitativamente, dependendo de sua natureza
e das metodologias empregadas. Desta maneira, os riscos são avaliados a partir de resultados
(ocorrências) de acidentes, ou seja, uma avaliação tipicamente estatística, utilizando comumente um
padrão número de eventos/100.000 pessoas e com intervalos de tempo estabelecidos. Entretanto,
existem avaliações qualitativas, isto é, outras formas de avaliação que não estão sujeitas às definições

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estritamente técnicas e quantitativas e que primam por abordagens ligadas aos impactos culturais,
sociais e ambientais das atividades humanas.
Os riscos ambientais constituem uma nova preocupação que deve estar presente nas decisões dos
empresários e nos programas de imagem institucional das organizações. A legislação ambiental pode
punir severamente uma empresa que transgrida padrões de qualidade em suas descargas e emissões
ou que introduza modificações indesejadas no meio ambiente. Para a empresa, entretanto, não se trata
apenas de absorver as multas que podem parecer, à primeira vista, irrisórias, com seus valores muitas
vezes desatualizados. Trata-se também de enfrentar os riscos, muito maiores, de interdição – como os
lucros cessantes decorrentes – de prisão de seus dirigentes e responsáveis e até de interdição definitiva
da instalação.
Os riscos envolvendo o meio ambiente podem ser classificados em quatro tipos:
1. riscos internos, relativos à contaminação dos locais e à saúde e segurança dos funcionários, que
podem dar motivo a processos trabalhistas e autuações por órgãos fiscalizadores;
2. riscos externos, relacionados com a contaminação de comunidades vizinhas e outras áreas,
resultando muitas vezes em multas ou interdições pelos órgãos públicos e pressões exercidas
pela sociedade e pelas ONGs;
3. riscos de contaminação dos próprios produtos, acarretando sérios problemas de marketing e
vendas e, em certos casos, resultando em processos movidos em defesa dos consumidores;
4. riscos relacionados com a imagem institucional, agravadas quando se trata de empresa que
exporta para países onde os temas ecológicos são tratados de forma mais rigorosa, algumas
vezes até exacerbada.
Portanto, a gestão dos riscos ambientais em uma empresa moderna, consciente de seu papel na
sociedade e zelosa de sua imagem, deve ser encarada com toda a atenção fazendo parte do seu
Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

1.2.9. FONTES DE ENERGIAS

Em nosso planeta encontramos diversos tipos de fontes de energia. Elas podem ser renováveis
(inesgotáveis) ou não-renováveis (esgotáveis). Por exemplo, a energia solar e a eólica (obtida através
dos ventos) fazem parte das fontes de energia inesgotáveis. Por outro lado, os combustíveis fósseis
(derivados do petróleo e do carvão mineral) possuem uma quantidade limitada em nosso planeta,
podendo acabar caso não haja um consumo racional. Principais fontes de energia:
Energia hidráulica – é a mais utilizada no Brasil em função da grande quantidade de rios em nosso
país. A água possui um potencial energético e quando represada ele aumenta. Numa usina hidrelétrica
existem turbinas que, na queda d’água, fazem funcionar um gerador elétrico, produzindo energia.
Embora a implantação de uma usina provoque impactos ambientais, na fase de construção da represa,
esta é uma fonte considerada limpa.
Energia fóssil – formada a milhões de anos a partir do acúmulo de materiais orgânicos no subsolo. A
geração de energia a partir destas fontes costuma provocar poluição, e esta, contribui com o aumento do

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efeito estufa e aquecimento global. Isto ocorre principalmente nos casos dos derivados de petróleo
(diesel e gasolina) e do carvão mineral. Já no caso do gás natural, o nível de poluentes é bem menor.
Energia solar – ainda pouco explorada no mundo, em função do custo elevado de implantação, é uma
fonte limpa, ou seja, não gera poluição nem impactos ambientais. A radiação solar é captada e
transformada para gerar calor ou eletricidade.
Energia de biomassa – é a energia gerada a partir da decomposição, em curto prazo, de materiais
orgânicos (esterco, restos de alimentos, resíduos agrícolas). O gás metano produzido é usado para gerar
energia.
Energia eólica – gerada a partir do vento. Grandes hélices são instaladas em áreas abertas, sendo que,
os movimentos delas geram energia elétrica. È uma fonte limpa e inesgotável, porém, ainda pouco
utilizada.
Energia nuclear – o urânio e outros elementos radioativos potenciais possuem muita energia
acumulada. Quando seu núcleo é desintegrado, uma enorme quantidade de energia é liberada. As
usinas nucleares aproveitam esta energia para gerar eletricidade. A quantidade de lixo nuclear é um
ponto negativo, muito grande e difícil de contornar. Os acidentes em usinas nucleares, embora raros,
representam um grande perigo.
Energia geotérmica – nas camadas profundas da crosta terrestre existe um alto nível de calor. Em
algumas regiões, a temperatura pode superar 5.000°C. As usinas podem utilizar este calor para acionar
turbinas elétricas e gerar energia. Ainda é pouco utilizada.
Energia gravitacional – gerada a partir do movimento das águas oceânicas nas marés. Possui um
custo elevado de implantação e, por isso, é pouco utilizada. Especialistas em energia afirmam que, no
futuro, esta, será uma das principais fontes de energia do planeta.

Figura 1.1 – Fontes de energia e alguns usos


Fonte: http://www.edp.pt/EDPI/Internet/PT/Group/Sustainability/ClimaticChange/FontesEnergia.htm

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1.2.10. GESTÃO AMBIENTAL

Os problemas ecológicos têm caráter universal, atingindo a todos, independente da sua classe social.
Ainda que muitas vezes os impactos sejam sentidos com maior peso pelas classes pobres, problemas
como poluição da água e do ar, rompimento da camada de ozônio e contaminação de alimentos, por
exemplo, não distinguem grupos sociais.
Nas duas últimas décadas, essas questões têm exercido uma maior influência nos custos econômicos e
a proteção do meio ambiente têm se tornado um importante campo de atuação para governos,
indústrias, grupos sociais e indivíduos. A produção sustentável e o desenvolvimento de produto são
desafios das indústrias no século 21, à luz da crescente pressão ambiental. As operações industriais,
neste mesmo período, experimentaram mudanças radicais com implicações significativas, principalmente
com a introdução das normas de gestão pela qualidade ambiental, a exemplo da série ISO 14000.
Os custos da poluição têm se elevado drasticamente, como mostrados nos grandes acidentes de Bhopal
e Exxon Valdez, cujos custos totais para remediação dos impactos ultrapassaram bilhões de dólares. Por
outro lado, pequenos acidentes também ocasionam prejuízos à comunidade e às empresas, sobretudo
se estes ocorrem freqüentemente. Mesmo emissões relativamente pequenas, quando em excesso,
podem ter custos bastante grandes para as empresas, decorrentes de taxas e multas aplicadas.
O capitalismo econômico incentivou a proliferação de áreas para aterros, o aumento de áreas
degradadas e o crescente descarte de esgotos nos corpos hídricos. A evolução para um mundo com
cidades silenciosas, com fábricas sem a geração de resíduos e com a qualidade de vida mais elevada,
estimula a busca de alternativas que possibilitem equilibrar a atividade produtiva e econômica, dentro da
dimensão ambiental.
As empresas, cuja atividade industrial é de alto impacto ambiental, constituem-se em crescente
preocupação da sociedade e dos órgãos reguladores ambientais, devido ao elevado grau de risco à
saúde das populações e de poluição ambiental. Antes da intensa fase regulatória mundial, as indústrias
concentravam suas preocupações, exclusivamente com a produção e os lucros. Ações para proteger o
meio ambiente, neste período, eram insignificantes. Esta despreocupação foi responsável pela
ocorrência de comprometimentos ambientais irreversíveis.
Diversos estudos demonstram que a legislação, além de ser um importante instrumento de controle e
fiscalização das atividades industriais, contribui para a melhoria da gestão das empresas, inclusive para
a implantação de medidas que resultam em proteção ambiental. O controle da atividade humana e a
proteção dos ambientes naturais são regidos por leis, decretos e normas técnicas. As legislações têm
como objetivo assegurar a qualidade do meio ambiente, bem como garantir a proteção da saúde das
populações.
A empresa que passa a preocupar-se com as questões ambientais assumem a sua interferência sobre o
meio ambiente e, ao mesmo tempo, busca formas para minimizar os efeitos da poluição. Uma nova
postura passa a ser adotada com relação aos processos executados, até então não levada em conta, ou
seja: “como os processos afetam o meio ambiente?” A ordem passa a ser: mudar o processo para
acabar com o resíduo; agir nas fontes geradoras; minimizar a emissão; valorizar o resíduo para
reaproveitá-lo e, só em último caso, tratá-lo e descartá-lo.

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A implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA) é a resposta dada pelas empresas para
controlar os impactos causados, isto é, representa uma mudança organizacional, motivada pela
internalização ambiental e externalização de práticas que integram o meio ambiente e a produção.
Dentre os inúmeros benefícios alcançados destacam-se alguns, como: a melhoria da imagem perante os
diversos atores que interagem com o empreendimento (stakeholders); redução dos custos ambientais;
menores riscos de infrações e multas; aumento de produtividade; melhoria da competitividade e
surgimento de alternativas tecnológicas inovadoras.
Ao implantar um SGA a empresa adquire uma visão estratégica em relação ao meio ambiente, passando
a percebê-lo como oportunidade de desenvolvimento e crescimento. Ao mesmo tempo, deve ser
ressaltado que estratégias sustentáveis asseguram a proteção ambiental, tanto do local de trabalho
quanto dos operadores, além de contribuir para a eliminação ou minimização de impactos ambientais.

1.2.11. ATUAÇÃO RESPONSÁVEL

Responsible Care - Criado no Canadá, pela Canadian Chemical Producers Association - CCPA, o
Responsible Care® é um instrumento eficaz para direcionar a gestão da saúde, da segurança e do meio
ambiente das empresas químicas e das cadeias produtivas a elas ligadas. O Responsible Care é
encontrado em 52 países e sua aplicação é coordenada pelo Conselho Internacional das Associações
da Indústria Química – ICCA.
Atendendo aos conceitos de diálogo transparente com as partes interessadas no setor químico e à
melhoria contínua, o Programa internacional fornece mecanismos que permitem o desenvolvimento de
sistemas e metodologias para cada etapa da gestão da saúde, da segurança e do meio ambiente. O
modelo criado é flexível, o que possibilita atender às necessidades de cada país e das empresas nele
instaladas.
Elementos Básicos - O Responsible Care é coordenado internacionalmente pelo Responsible Care
Leadership Group – RCLG (Grupo de Liderança do Responsible Care) do International Council of
Chemical Associations – ICCA (Conselho Internacional das Associações da Indústria Química). Para ser
considerado um programa de Responsible Care, uma iniciativa nacional deve contemplar alguns
elementos fundamentais:
• O comprometimento formal das empresas com uma série de Princípios Diretivos do Processo, o que
é feito com a assinatura de um "Termo de Adesão" junto à associação nacional da indústria química;
• A adoção de um nome e um logotipo que claramente identifiquem as iniciativas nacionais como
consistentes com os conceitos do Responsible Care;
• A criação de uma série de Códigos de Práticas Gerenciais, Guias e "cheklists", destinados a ajudar
as empresas a implementarem o Programa internamente;
• O desenvolvimento de um processo contínuo de diálogo, sobre assuntos ligados à saúde
ocupacional, segurança e meio ambiente, com as partes interessadas;
• Indicações de como melhor encorajar a que todos as empresas filiadas à associação se
comprometam e participem do Responsible Care;

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• A existência de fóruns nos quais as empresas possam apresentar suas próprias visões e trocar
experiências sobre a implementação do Processo;
• O desenvolvimento progressivo de indicadores, por meio dos quais as melhorias de desempenho
possam ser medidas;
• O estabelecimento de sistemáticas de verificação de progresso, adaptadas às necessidades de cada
iniciativa nacional.
Os elementos básicos, aplicados coerentemente, fazem com que o Programa seja eficaz. As empresas
não apenas se comprometem com uma série de princípios diretivos em saúde, segurança e meio
ambiente, mas também trabalham com sua associação nacional para direcionar a implementação dos
princípios.
Em 2005, após meses de preparação que envolveu diretamente diversos Dirigentes de empresas
químicas internacionais e profissionais de associações químicas membros do ICCA, foi produzido o
documento “Global Responsible Care Charter”, que apresenta os compromissos que empresas e
associações, como parte de seu compromisso com o Responsible Care, assumem em relação a temas
tais como Desenvolvimento Sustentável, segurança de produtos químicos, extensão dos conceitos de
Responsible Care para toda a cadeia produtiva e outros. O Charter foi lançado na América do Sul
durante o 9º Congresso de Atuação Responsável, ocorrido em São Paulo, em julho de 2005.
O compromisso com o Responsible Care passa a ser feito por meio de Cartas de Compromisso,
assinadas por todas as associações com Programas de Responsible Care reconhecidos pelo ICCA e por
todas as empresas internacionais que participam dos programas nestes países.

O Programa Atuação Responsável foi desenvolvido pela Abiquim para promover o aperfeiçoamento
da gestão das empresas químicas brasileiras e de sua cadeia de valor, de forma a assegurar a sua
sustentabilidade, bem como contribuir para a permanente melhoria da qualidade de vida da sociedade. O
Atuação Responsável é reconhecido como um programa de Responsible Care® pelo Conselho
Internacional das Associações da Indústria Química – ICCA.

Histórico - A indústria química, como nós a conhecemos hoje, é fruto de uma evolução que pode ser
observada principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com a formação ou consolidação dos
principais grupos empresariais do setor e com o desenvolvimento industrial ocorrido em diversos países
do mundo.
A partir da década de 60 do século XX, houve uma grande evolução no debate sobre os temas ligados à
Química, que estava inicialmente voltado para os aspectos ligados à segurança das instalações e do
transporte de produtos perigosos e à poluição industrial. O debate se ampliou e passou a incluir temas
ligados às propriedades e características dos produtos químicos, com foco na segurança e saúde dos
usuários e nos impactos ao meio ambiente.
A gestão das empresas teve de se adaptar às mudanças no cenário da Química. A melhoria de
desempenho nas dimensões ligadas à saúde, segurança e meio ambiente passou a ocupar posição
prioritária, fundamental para a continuidade da “licença para operar” de todo o setor químico. A

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preocupação com os produtos químicos trouxe o reconhecimento de que a gestão segura só pode ser
conseguida com a participação de toda a cadeia produtiva.
Mas não apenas no campo técnico foi possível perceber mudanças. A indústria química, a exemplo da
grande maioria das instituições, atuava com o entendimento que a proteção de seus interesses deveria
ser resguardada atrás de seus muros, e evitava discutir eventuais problemas com terceiros, incluindo-se
aí as comunidades vizinhas às fábricas. As justificativas mais freqüentes para tal comportamento eram
de que os temas ligados à indústria seriam muito técnicos e complexos para que pudessem ser
debatidos com leigos, ou então, que envolviam segredos industriais.
Hoje, entretanto, é possível afirmar que o setor químico, tanto no Brasil como no exterior, está
consciente do fato de que o diálogo transparente, franco e ético com todos os interessados nas
atividades e produtos das empresas – trabalhadores, governo, clientes, comunidades vizinhas às
instalações industriais, organizações não governamentais, entre outros, também faz parte da sua
“licença para operar”. O diálogo deve estar ligado a ações concretas, que visem melhorar continuamente
os processos e produtos, de forma a torná-los ainda mais seguros e adequados ambientalmente.
Para atender aos enormes desafios que o passado, o presente e o futuro da Química impuseram e
impõem à indústria, apenas cumprir com a legislação não é suficiente, até porque não existem leis que
tratem da maior parte das questões que se apresentam. Conscientes desta realidade, as associadas da
Abiquim desenvolvem o Programa Atuação Responsável®, que possui instrumentos de gestão que vão
bem além das obrigações legais.

O Atuação Responsável® na Indústria Química Brasileira - O programa Atuação Responsável foi


adotado pela Abiquim em abril de 1992, em uma cerimônia de assinatura dos primeiros “Termos de
Adesão” por parte de empresas associadas, ocorrida na sede da associação. Um ano antes, a então
Diretoria da associação havia criado uma comissão especial com a missão específica de avaliar a
oportunidade do desenvolvimento no Brasil de um programa nos moldes do Responsible Care. A
comissão, coordenada pelo Diretor Presidente da Union Carbide do Brasil, Dr. Jean Daniel Peter, após
um ano de análise sobre o conceito e conteúdo do programas existentes na ocasião, em especial os que
haviam no Canadá e Estados Unidos, concluiu que a Abiquim deveria desenvolver sua própria iniciativa,
tomando por base o modelo estado-unidense, preferido por sua estrutura de Códigos de Práticas
Gerenciais. O nome Atuação Responsável foi oficializado como o nome do Programa no Brasil, devido
ao entendimento que uma tradução literal do termo Responsible Care para o português não teria
significado e que ele transmitia a idéia de pró-atividade e responsabilidade pretendida pela indústria.
A adesão ao programa, que inicialmente era voluntária, passou a ser obrigatória, a partir de 1998, para
todas as empresas associadas. Muitos elementos, como o conjunto de indicadores de desempenho
utilizado para medir e acompanhar a evolução dos resultados obtidos com a aplicação do Atuação
Responsável e o sistema de verificação externa de 3ª parte, VerificAR, foram introduzidos no programa,
visando torná-lo cada vez mais robusto e adequado às necessidades do setor.

Visão - Ser a referência principal da indústria química e de cadeia de valor para a gestão de atividades,
visando o desenvolvimento sustentável, nas dimensões ambiental, econômica e social.

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Missão - Promover o aperfeiçoamento da gestão das empresas químicas brasileiras e da cadeia de


valor, de forma a assegurar a sustentabilidade ambiental, econômica e social dos processos e produtos,
bem como contribuir para a permanente melhoria da qualidade de vida da sociedade, criando uma
relação de confiança por meio de mecanismos de verificação das ações do Programa.

Valores - Respeito ao indivíduo e à sociedade, por meio de:


• Saúde, Segurança e Meio Ambiente;
• Melhoria contínua do desempenho;
• Valorização dos ativos e redução dos passivos sócio-ambientais;
• Transparência;
• Cooperação;
• Verificação;
• Responsabilização;
• Educação;
• Inovação; e
• Inclusão.

Princípios Diretivos - São os padrões éticos que direcionam a política de ação das empresas
associadas à Abiquim em termos de saúde, segurança, meio ambiente, qualidade e responsabilidade
social.
Os princípios, em número de 12, estabelecem a base ética do Atuação Responsável, indicando as
questões fundamentais que devem nortear as ações de cada empresa:
1. Respeitar as pessoas, trabalhando e convivendo em um ambiente de diálogo, participação,
honestidade, justiça e integridade;
2. Desenvolver adequadamente suas atividades, gerando valor para todas as partes interessadas;
3. Gerenciar os riscos inerentes às suas atividades e produtos, adotando as melhores práticas
disponíveis, com o objetivo de eliminar acidentes e controlar os aspectos que possam impactar
negativamente a sociedade e o meio ambiente;
4. Solucionar os impactos negativos ao meio ambiente e à saúde humana decorrentes da produção e
do uso do produto, do lançamento de emissões e efluentes e do descarte de resíduos;
5. Fornecer produtos e serviços seguros, social e ambientalmente corretos;
6. Buscar sistematicamente o aprendizado como base para o aprimoramento das pessoas e da
inovação dos processos, produtos e serviços;
7. Melhorar continuamente o desempenho de toda a cadeia de valor por meio da cooperação entre as
empresas do setor químico e do estabelecimento de parcerias;
8. Dialogar com todas as partes interessadas de forma permanente e transparente;
9. Cumprir a legislação brasileira e os compromissos assumidos voluntariamente pelo setor químico;

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10. Trabalhar com as comunidades com as quais mantenham relações de interesse recíproco, atuando
como cidadãs em prol do bem comum;
11. Utilizar mecanismos de verificação externa como meio de comprovação de seus compromissos e da
transparência de seus propósitos.
12. Disseminar e divulgar o Atuação Responsável® para a indústria química, sua cadeia de valor e a
sociedade.

Avaliação de Progresso - O Atuação Responsável não é um programa de relações públicas, mas um


processo que exige ações concretas. Para que a melhoria contínua na gestão possa ocorrer com
eficácia é necessário o acompanhamento permanente e estruturado de todas as atividades. O Programa
contempla como ferramentas para a avaliação de progresso a auto-avaliação por parte de cada empresa
e a avaliação externa por terceiros, ou verificação por terceira parte, realizada por meio do sistema
VerificAR.

Auto-Avaliações - As auto-avaliações permitem às empresas acompanhar o andamento da


implementação das Diretrizes, por meio da análise dos Níveis de Implementação, e a evolução do seu
desempenho pelo acompanhamento dos resultados dos indicadores de desempenho. A auto avaliação
serve como ferramenta de planejamento e monitoramento da implementação do Atuação Responsável e
de preparação para a verificação externa com o VerificAR.
Durante a auto-avaliação da implementação das Diretrizes as empresas comparam o estágio em que se
encontram na sua gestão com aqueles preconizados nos níveis de implementação, para cada dimensão.

VerificAR - A verificação externa, ou de “3ª parte”, do Atuação Responsável foi desenvolvida pela
Abiquim, em conjunto com a Abacc - Associação Brasileira de Avaliação e Certificação da Conformidade
e pela Abracert - Associação Brasileira das Certificadoras, para auxiliar as empresas químicas
associadas na auditoria de seus sistemas de gestão, utilizando equipes de verificadores externos.
Em 2003, iniciou-se a aplicação do VerificAR, utilizando um primeiro modelo que avaliava os sistemas de
gestão de saúde, segurança e meio ambiente, cobrindo todas as áreas da empresa, porém sem um
alinhamento preciso com os antigos Códigos de Práticas Gerenciais do Atuação Responsável. A equipe
era composta por auditores de empresas certificadoras, profissionais de empresas associadas e
representantes das comunidades vizinhas. Apesar de amplo, o processo usado não garantia a total
compatibilidade com as auditorias para normas de sistemas de gestão, em especial as normas ISO 9001
e 14001, e OSHAS 18001. Na revisão do Atuação Responsável foram introduzidas mudanças no
VerificAR para permitir que, utilizando uma única auditoria integrada, sejam avaliados os sistemas
cobertos pelas normas existentes no mercado. Estuda-se como permitir utilizar o VerificAR como
ferramenta de apoio às empresas que desejem competir pelo Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ.

Relatórios de Desempenho - As empresas filiadas à Abiquim devem enviar anualmente os resultados


de seus indicadores de desempenho à Abiquim. Os dados coletados são divulgados no Relatório Anual

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do Atuação Responsável, publicado desde 2001. Os indicadores utilizados cobrem as dimensões saúde,
segurança e meio ambiente dos processos e produtos.

Figura 1.2 – Logomarca do programa Atuação Responsável

REFERÊNCIAS

Atuação responsável. Disponível em <http://www.abiquim.org.br/f>. Acesso em 10/10/08.

Biosfera e ecossistemas. Disponível em <http://br.geocities.com/starweb10br/ecologia2.html>. Acesso


em 20/09/08.

Ecologia. Disponível em <http://www.brasilescola.com/biologia/ecologia.htm>. Acesso em 20/09/08.

Fontes de energia. Disponível em <http://www.suapesquisa.com/cienciastecnologia/>. Acesso em


10/10/08.

MANO, Eloisa Biasotto et al. Meio ambiente, poluição e reciclagem. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.

MARTINS, Taís. O conceito de desenvolvimento sustentável e seu contexto histórico. Disponível


em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5490>. Acesso em 10/10/08.

O que é Educação Ambiental? Disponível em < http://pga.pgr.mpf.gov.br/pga/educacao/que-e-ea/o-


que-e-educacao-ambiental>. Acesso em 10/10/08.

Qualidade ambiental. Disponível em <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?>. Acesso em


10/10/08.

TOCCHETTO, M. R.L. & PEREIRA, L. C. Desempenho ambiental e sustentabilidade. Disponível em


<http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=217>. Acesso em 10/10/08.

____________. Qualidade ambiental e ecoeficiência: nova postura. Disponível em


<http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=217>. Acesso em 10/10/08.

____________. Sistema de gestão e proteção ambiental. Disponível em


<http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=217>. Acesso em 10/10/08.

TOSTI, Ivana (coord.). Química sustentable. Santa Fé, Argentina: Norma Nudelman Editora, 2004.

VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISO 14000. 5 ed. São Paulo: Ed. SENAC SP, 2004.

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2. MATRIZES AMBIENTAIS: SOLO – ÁGUA – AR

2.1. SOLO - O MEIO TERRESTRE

2.1.1. CONCEITO E FORMAÇÃO DO SOLO - PEDOGÊNESE

O significado original de solo vem do latim da palavra "solum" que em português clássico significa chão.
A palavra “solo” pode ser empregada para designar o local onde são realizadas atividades diversas
como construção, plantação e retirada de minerais. Entretanto, são diversas as definições de solo,
conforma o enfoque desejado. Abaixo estão listados alguns exemplos destas definições segundo as
diferentes áreas:
Engenharia civil: material escavável, que perde sua resistência quando em contato com a água.
Agronomia: camada superficial de terra arável, possuidora de vida microbiana.
Arqueologia: material no qual se encontram registros de civilizações e organismos fósseis.
Geologia: produto do intemperismo físico e químico das rochas.
Pedologia: camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da
alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e
químicos Esta é a ciência que estuda a formação do solo, e foi iniciada na Rússia por Dokuchaiev no ano
de 1880.
Os solos constituem a camada mais superficial da crosta terrestre. A matriz geradora dos solos é o
magma, princípio de todas as rochas existentes no globo terrestre. O magma é a matéria incandescente,
constituinte do núcleo terrestre, de onde é trazida à superfície pelos vulcões.

Figura 2.1 – Matriz geradora dos solos

As rochas podem ser classificadas em três tipos: ígneas ou magmáticas, sedimentares e metamórficas.
As rochas ígneas (magmáticas) são formadas pelo resfriamento do magma na superfície da crosta. Ex.:
granito, basalto. As sedimentares são formadas em camadas a partir da sedimentação ou deposição de
partículas de rochas. Ex.: arenito, xisto, rocha calcária. As metamórficas são formadas pela alteração
(mudança de composição) de rochas existentes devido ao extremo calor (ex.: mármore) ou a extrema
pressão (ex.: ardósia).

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Figura 2.2 – Ciclo das rochas

O solo é, portanto, o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas mudanças são
bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos são os principais
responsáveis pelas transformações que ocorrem na rocha até a formação do solo. Este processo pode
ocorrer seguindo-se a seqüência:
• A rocha matriz é exposta.
• A chuva, o vento e o sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo a rocha
vai esfarelando-se.
• Os microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando a decompor
a rocha através das substâncias produzidas.
• Ocorre o acúmulo de água e restos dos microrganismos.
• Os organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se desenvolver.
• O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de pequenos animais.
• Os vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.
• O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local.
Todo este processo leva muito tempo para ocorrer. Calcula-se que cada centímetro do solo se forma
num intervalo de tempo de 100 a 400 anos! Os solos usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000
anos para tornarem-se produtivos.

Figura 2.3 - Processo de formação de solos

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É importante visualizar os solos como corpos dinâmicos naturais, cujas características (como a de um
ser vivo) são decorrentes das combinações de influências que recebem. Como o solo é substrato onde
evoluem outros sistemas, tais características irão também influenciar na evolução de diferentes
componentes das paisagens como: relevo, vegetação, comportamento hídrico.

O processo de formação de solos é chamado de pedogênese e está diretamente ligado ao


intemperismo, ou seja, fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre a rocha e conduzem à
formação de partículas não consolidadas.

Figura 2.4 - Fatores de formação dos solos

Intemperismo físico: promove a modificação das propriedades físicas das rochas (morfologia,
resistência, textura) através da desagregação ou separação dos grãos minerais antes coesos,
acarretando no aumento da superfície das partículas, mas não modificando sua estrutura. Sua atuação é
acentuada em virtude de mudanças bruscas de temperatura. Ciclos de aquecimento e resfriamento dão
origem a tensões que conduzem a formação de fissuras nas rochas assim desagregando-as. A mudança
cíclica de umidade também pode causar expansão e contração. Espécies vegetais de raízes profundas,
ao penetrarem nos vazios existentes, também provocam aumento de fendas, deslocamento de blocos de
rochas e desagregação.
A superfície exposta ao ar e a água, aumentada pela fragmentação, abre caminho e facilita o
intemperismo químico.
Intemperismo químico: ocorre quando estratos geológicos são expostos a águas correntes providas de
compostos que reagem com os componentes minerais das rochas e alteram significativamente sua
constituição. Esse fenômeno é o intemperismo químico, que provoca o acréscimo de hidrogênio

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(hidratação), oxigênio (oxigenação) ou carbono e oxigênio (carbonatação) em minerais que antes não
continham nenhum destes elementos. Muitos minerais secundários formaram-se por esses processos.
Este tipo de intemperismo é mais comum em climas tropicais úmidos.
Intemperismo biológico: é caracterizado por rochas que perdem alguns de seus nutrientes essenciais
para organismos vivos e plantas que crescem em sua superfície.
À medida que o intemperismo vai atuando (tempo), a camada de detritos torna-se mais espessa e se
diferencia em subcamadas (horizontes do solo), que em conjunto formam o perfil do solo. O processo de
diferenciação dos horizontes ocorre com incorporação de matéria orgânica no seu interior. Partículas
migram descendentemente, levadas pela gravidade e até realizam movimentos ascendentes carregadas
com a ascensão do lençol freático. Ainda, deve ser considerada a atuação de plantas, cujas raízes
absorvem elementos em profundidade e estes são incorporados à superfície.

Na verdade, a origem e evolução dos solos são condicionadas por cinco fatores:
Material de origem: a ação do intemperismo nas rochas depende de seus materiais constituintes, sua
estrutura e composição mineralógica;
Clima: precipitação e temperatura regulam a natureza e a velocidade das reações químicas. A
disponibilidade de água (chuvas) e a temperatura agem acelerando ou retardando as reações do
intemperismo;
Relevo: a topografia e a cobertura vegetal regulam a velocidade do escoamento superficial das águas
pluviais. Isto interfere na quantidade de água que infiltra e percola no solo. Este processo (em tempo
suficiente) é essencial para consumação das reações e drenagem;
Microrganismos: a decomposição de matéria orgânica libera gás carbônico cuja concentração no solo
pode ser até 100 vezes maior que na atmosfera. Isso diminui o pH das águas de infiltração. Alguns
minerais, como alumínio, tornam-se solúveis somente em pH ácido, isto é, necessitam desta condição
para se desprender de sua rocha de origem. Outros produtos de metabolismo, como ácidos orgânicos
secretados por liquens, influenciam também os processos de intemperismo, assim como raízes que
exercem força mecânica nas rochas que pode acarretar em sua desagregação;
Tempo: variável dependente de outros fatores que controlam o intemperismo, principalmente dos
constituintes do material de origem e do clima. Em condições de intemperismo pouco agressivas é
necessário um tempo mais longo de exposição para haver o desenvolvimento de um perfil de alteração.

2.1.2. PERFIL DO SOLO


Chama-se de perfil do solo a seção vertical que, partindo da superfície, aprofunda-se até onde chega à
ação do intemperismo, mostrando, na maioria das vezes, uma série de camadas dispostas
horizontalmente (horizontes), paralelas à superfície do terreno, que possuem propriedades resultantes
dos efeitos combinados dos processos de formação do solo (pedogênese).
Um perfil de solo generalizado, e um tanto simplificado, tem quatro divisões principais, além do R (Rocha
Consolidada) e do E, são eles: Horizontes O, A, B e C, o horizonte A tem duas subdivisões (A1 e A2).

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A natureza e o número de horizontes variam de acordo com os diferentes tipos de solo. Os solos
geralmente não possuem todos esses horizontes bem caracterizados, entretanto, pelo menos possuem
parte deles.
Alinhados em ordem descendente a partir da superfície do solo, os horizontes e suas características
mais proeminentes são como se segue:

Figura 2.5 – Horizontes do solo

Horizonte O: camada orgânica superficial. É constituído por detritos vegetais e substâncias húmicas
acumuladas na superfície, ou seja, em ambientes onde a água não se acumula (ocorre drenagem). É
bem visível em áreas de floresta e distingui-se pela coloração escura e pelo conteúdo em matéria
orgânica (cerca 20%). Portanto é um horizonte primordialmente de depósitos de matéria orgânica morta.
A maioria dos organismos do solo habita esta camada (conhecida genericamente como serrapilheira,
pode também de dividir em O1 e O2, a primeira é constituída por restos vegetais recém-caídos, a
segunda tem um aspecto esponjoso, semidecomposto, e geralmente está associada a uma malha de
raízes).
Horizonte A: camada mineral superficial adjacente à camada O ou H. É o horizonte onde ocorre grande
atividade biológica o que lhe confere coloração escurecida pela presença de matéria orgânica. Existem
diferentes tipos de horizontes A, dependendo de seus ambientes de formação. Esta camada apresenta
maior quantidade de matéria orgânica que os horizontes subjacentes B e C. O horizonte A pode ser
dividido em dois, A1 e A2. Particularizando estes dois horizontes tem-se:
A1 - Uma camada rica em húmus, que consiste em material orgânico parcialmente decomposto
misturado com solo mineral.

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A2 - Uma região de intensa lixiviação de minerais do solo. Devido aos minerais serem dissolvidos pela
água (mobilizados) neta camada, as raízes das plantas estão concentradas aqui.
Horizontes E e B: camada mineral situada mais abaixo do horizonte A. Apresenta menor quantidade de
matéria orgânica, e acúmulo de compostos de ferro e argilo minerais. Ocorre concentração de minerais
resistentes, como quartzo em pequenas partículas (areia e silte). É o horizonte de máximo acúmulo, com
bom desenvolvimento estrutural. Particularizando esses horizontes, tem-se:
E - Horizontes eluviais empobrecidos em partículas de dimensão argilosa. Encontram-se, geralmente,
sob o horizonte A; apresentam, devido à migração das partículas finas, uma concentração relativa de
constituintes maiores, como os siltes e as areias; apresentam cores mais claras do que a dos horizontes
subjacentes; sua estrutura é geralmente contínua, fragmentar, pouco evoluída; seu pH é normalmente
ácido, por ser destituído das bases.
B - Uma região de pouco material orgânico cuja composição química assemelha-se aquela da rocha
subjacente. Minerais de argila e óxidos de alumínio e ferro são lixiviados para fora do horizonte A2, acima
são eventualmente depositados aqui.
Horizonte C: camada mineral de material inconsolidado, ou seja, por ser relativamente pouco afetado
por processos pedogenéticos, o solo pode ou não ter se formado, apresentando-se sem ou com pouca
expressão de propriedades identificadoras de qualquer outro horizonte principal. É um horizonte formado
principalmente por material levemente modificado, semelhante à rocha matriz. Carbonatos de cálcio e
magnésio acumulam-se nesta camada, especialmente em regiões secas, algumas vezes formando
camadas duras e impermeáveis.
Horizonte R: camada mineral de material consolidado, que constitui substrato rochoso contínuo ou
praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas fendas que pode apresentar (rocha).
A presença dos vários tipos de horizontes mencionados está subordinada às condições que regulam a
formação e evolução do solo. Como as condições variam de acordo com as circunstâncias do ambientes
(material de origem, vegetação, clima, relevo, tempo) o tipo e número de horizontes de um perfil de solo
são diferentes.

2.1.3. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO

Textura - É o tamanho relativo das diferentes partículas que compõem o solo, sendo que a prática de
sua quantificação é chamada granulometria. As partículas menores que 2 mm de diâmetro (areia, silte e
argila), são as de maior importância, pois muitas das propriedades físicas e químicas da porção mineral
do solo dependem das mesmas. Assim, usualmente se consideram apenas as três frações menores
para caracterizar a textura. Para o estudo da textura geralmente são utilizadas peneiras (para solos
granulares) padronizadas, nas quais uma porção de solo é separada nos diferentes tamanhos
constituintes. No caso de solos silto-argilosos, utiliza-se o procedimento do densímetro ou então o da
pipetagem.
A textura é a principal característica física do solo estando bastante relacionada com a sua utilização e
produtividade. Textura diz respeito às dimensões e características das partículas primárias do solo.
Essas partículas são agrupadas em função do tamanho, porém apresentam características comuns.

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Fração Areia - Compreende partículas de dimensões entre 4,8 e 0,05mm, é constituída quase que
essencialmente de quartzo, apresenta aspereza ao tato, é responsável pelo aparecimento de
macroporos, e, portanto pela aeração do solo, retem pouca água e poucos nutrientes.

Figura 2.6 - Diagrama textural do solo

(Areia fina: partícula com diâmetro entre 0,05mm e 0,42mm; Areia média: partícula com diâmetro entre
0,42mm e 2,0mm; Areia grossa: partícula com diâmetro entre 2,0mm e 4,8mm; Pedregulho: partícula
com diâmetro entre 4,8 e 76 mm).
Fração Silte - Compreende partículas de dimensões entre 0,05 e 0,002mm, é constituída em sua maior
parte por quartzo, apresenta a sensação de serosidade (sensação de seda) ao tato, promove o
aparecimento de poucos poros, podendo causar adensamento do solo, retém pouca água e poucos
nutrientes. (Silte: partícula com diâmetro entre 0,005mm e 0,05mm)
Fração Argila - Compreende partículas com dimensões menores que 0,002mm. Constituída em sua
maior parte por minerais de argila, apresenta sensação de untuosidade (sensação de talco) ao tato,
promove a estruturação do solo, fazendo com que ocorra o aparecimento de um alto volume de poros,
principalmente de microporos, retém muita água e muitos nutrientes. (Argila: partícula com diâmetro
inferior a 0,005 mm).

Cor - A variação é muito grande nos tons de marrom, podendo chegar até preto, vermelho, amarelo,
acinzentado. Essa variação irá depender do material de origem como também de sua posição na
paisagem, conteúdo de matéria orgânica, mineralogia, dentre outros fatores. Por exemplo, quanto maior
a quantidade de matéria orgânica, mais escura é a cor do solo, o que pode indicar fertilidade ou apenas
condições desfavoráveis à decomposição da mesma. As cores com tonalidades avermelhadas ou
amareladas estão associadas aos diferentes tipos de óxidos de ferro existentes no solo. Quando a

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quantidade destes óxidos é grande, os solos apresentam-se vermelhos, como por exemplo, a terra roxa.
Já os solos com elevada quantidade de quartzo na fração mineral apresentam coloração clara.
Em solos com baixa capacidade de drenagem, isto é, com excesso de água, a cor é acinzentada. Isto,
porque os óxidos de ferro são lavados para o lençol freático, o que torna o solo mais claro. A cor branca
a acinzentada é conseqüência da presença de minerais silicatados existentes na fração argila do solo.
Consistência - Está relacionada com a influência que as forças de coesão e de adesão exercem sobre
os constituintes do solo, de acordo com suas variáveis estados de umidade. A força de coesão se refere
à atração entre partículas sólidas, entretanto, a força de adesão está relacionada à atração entre as
partículas sólidas e as moléculas de água. Assim, um solo pode ser muito duro quando está seco, e
pegajoso quando está molhado.
Porosidade - Refere-se à porção de espaços ocupados pelos líquidos e gases em relação ao espaço
ocupado pela massa de solo (relação entre volume de vazios e volume total de uma amostra de solo).
Divide-se em micro e macro porosidade, sendo que esta variação deve-se à forma e ao imbricamento
dos grãos (como estes se encaixam). A porosidade está diretamente relacionada com a circulação de
água no solo, isto é, as redes de poros podem estar conectadas permitindo a circulação de água, ou
podem estar também isolados, o que permite que a água fique em seu interior, mas não circule.
Permeabilidade - É a maior ou menor facilidade com que a percolação da água ocorre através de um
solo. A permeabilidade é influenciada pelo tamanho e arranjo das partículas, e pela sua porosidade.
Ainda, deve-se ressaltar a importância da viscosidade e temperatura da água.
Diante do exposto, é possível considerar que o solo é um material poroso, composto pelas fases sólida,
líquida e gasosa, e que se origina pela intemperização física e química das rochas situadas em
determinado relevo e sujeitas à ação do clima e dos organismos vivos. Abaixo, estão listadas as
substâncias sólidas, líquidas e gasosas que compõem o solo.

SUBSTÂNCIAS SÓLIDAS ÁGUA AR

Partículas minerais: originadas da É o meio onde os nutrientes Ocupa o espaço entre as partículas
desintegração e decomposição das rochas. solúveis do solo estão dissolvidos. permitindo a respiração dos
Partículas orgânicas: formadas por restos de microrganismos e das raízes das
seres vivos ou produtos eliminados por estes. plantas.

2.1.4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO


As principais características químicas são aquelas utilizadas para fins de classificação dos solos; no
entanto essas características químicas estão relacionadas com o uso do solo e o desenvolvimento das
plantas.

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As determinações efetuadas em laboratório constituem-se na análise química do solo. Nessa análise


química de solo determinam-se: pH (em água, KCl e CaCl2 ), Matéria orgânica (%), hidrogênio (H),

alumínio (Al), fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), soma de bases (S), capacidade de
troca catiônica (CTC), saturação por bases (V%) e saturação por alumínio (m).
pH: mede a acidez do solo, isto é, quanto menor o valor (abaixo de 7), mais ácido é o solo; valor igual a
7 indica neutralidade e valores superiores a 7 indicam caráter alcalino.
Matéria orgânica: indica a porcentagem de matéria orgânica coloidal que ocorre no solo. Valores muito
altos (acima de 30%) indicam solo orgânico.
Hidrogênio: determina a acidez do solo, de modo que quanto maior o teor de Hidrogênio, menor o pH,
e, portanto maior a acidez.
Alumínio: solúvel em meio ácido, ocorre quando o solo está com acidez elevada, e é tóxico para as
plantas.
Cálcio, Magnésio, Potássio e Fósforo: macronutrientes das plantas, determinados em meq/100g (Ca,
Mg, K) e em ppm (P).
Soma de bases (S): representa a soma das bases presentes, isto é, a soma dos teores de cálcio,
magnésio e potássio.
Capacidade de troca catiônica (CTC): significa a capacidade que o solo possui de armazenar
nutrientes, é expresso em meq/100g, e corresponde ao somatório dos cátions presentes, isto é, a soma
de bases mais hidrogênio e alumínio (S + H + Al).
Saturação por bases (V%): significa a relação entre as bases presentes com a CTC, é expressa em
porcentagem e determinada pela fórmula: S x 100 / CTC.
Saturação por alumínio (m%): significa a relação entre o teor de alumínio em relação ao somatório das
bases e alumínio, é expressa em porcentagem e determinada pela fórmula: Al x 100 / S + Al.

2.1.5. COMPOSIÇÃO DO SOLO


Observando-se um determinado volume de solo, verifica-se que o mesmo é constituído de partículas
sólidas, em íntimo contato entre si, e de espaços entre estas partículas. Estes espaços, denominados
poros ou vazios, permitem a constatação de que o solo é um corpo poroso constituído de material sólido
e de poros com dimensões variadas, responsáveis pelo armazenamento de água e de ar.

Figura 2.7 – Componentes do solo

Um solo agrícola ideal, na sua camada arável, deve ser constituído de 50% de material sólido e 50% de
poros. O material sólido deve ser constituído de 45% de material mineral e 5% de matéria orgânica, e os
poros devem ser constituídos de 25% para armazenamento de água e 25% para aeração. Nos diferentes

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solos a distribuição dos sólidos e poros varia; da mesma forma esta distribuição também varia em um
mesmo solo, em função da profundidade, práticas agrícolas, processos de formação, etc.
Os componentes sólidos do solo são representados pela Matéria Mineral e pela Matéria Orgânica.
Matéria Mineral do solo - é representada pelos minerais constituintes do material de origem do solo, e
pelos minerais formados como resultado do seu intemperismo.
Tais minerais possuem dimensões variadas, sendo classificados em função desse tamanho. Os minerais
que constituíam o material de origem e que passam para o solo sem sofrer alterações são denominados
minerais primários, enquanto que os minerais neoformados, produtos do intemperismo, são
denominados minerais secundários. Dentre os minerais secundários destacam-se os minerais de argila,
os quais, por apresentarem cargas elétricas na superfície, assumem uma importância muito grande no
que se refere ao armazenamento de cátions e ânions nutrientes das plantas. Estes minerais não estão
dispostos no solo uns sobre os outros, mas encontram-se agregados por agentes cimentantes, gerando,
desta forma, um volume bastante grande de poros.
Matéria Orgânica do solo - é representada pelos restos animais (excrementos e carcaças) e restos
vegetais (folhas, galhos, raízes mortas e restos de cultura) em todos seus estágios de decomposição,
sendo que os restos vegetais tem um significado muito maior como fonte de matéria orgânica para o
solo. A matéria orgânica encontra-se principalmente na camada superficial do solo, e seu teor pode
sofrer um acréscimo em função da adição feita pelo homem. A matéria orgânica decompõe-se até
constituir o húmus, que é a matéria orgânica na forma coloidal, com características benéficas e atribui ao
solo uma coloração mais escura. No clima tropical, como é o nosso caso, a matéria orgânica decompõe-
se rapidamente, porém, de uma maneira geral, seu teor não sofre muita alteração, uma vez que,
enquanto ela sofre decomposição, mais matéria orgânica é adicionada ao solo. Em solos agrícolas o teor
de matéria orgânica varia de 2 a 3% em peso, porém quando os valores são muito altos (acima de 30%),
o solo é considerado solo orgânico. A matéria orgânica coloidal (húmus) possui propriedades físicas e
químicas próprias, e propiciam ao solo uma melhoria em suas propriedades físicas (estruturação,
porosidade, retenção de água, etc.) e químicas (aumenta a retenção de nutrientes, fornece nutrientes ao
solo, etc.).
O componente líquido do solo vem a ser a água do solo, porém na realidade trata-se de uma solução,
uma vez que a água contém minerais (cátions e ânions) dissolvidos, e essa água e esses minerais serão
absorvidos pelas plantas. A água do solo fica retida nos microporos e é drenada para as camadas mais
profundas do solo, pela ação da gravidade, quando está nos macroporos, os quais são responsáveis
pela aeração do solo. A água do solo esta retida a tensões variáveis, porém, quando os valores de
tensão são muito elevados, mesmo existindo água no solo a mesma não pode ser absorvida pelas
plantas, que murcham, às vezes de maneira irreversível.
O componente gasoso vem a ser o ar do solo, que possui a mesma composição qualitativa do ar
atmosférico (possui os mesmos componentes), porém difere quantitativamente, possuindo teores mais
elevados de dióxido de carbono (CO2) e teores mais baixos de oxigênio (O2), visto que os organismos do

solo respiram, consumindo oxigênio e liberando dióxido de carbono. Processos naturais, como variações
na pressão barométrica e de temperatura, chuvas, etc., promovem a renovação do ar do solo,
propiciando sempre um bom suprimento de oxigênio para as raízes das plantas.

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2.1.6. IMPACTOS AMBIENTAIS COMUNS NO SOLO E SEUS CONTROLES


Estudos de impacto ambiental têm como instrumento a Avaliação de Impactos Ambientais, sendo estes
impactos ocasionados pela contínua agressão do homem ao meio ambiente, através de ações de
irresponsabilidade e condutas que fogem às regras de sustentabilidade natural das riquezas.
Com a realização da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, em 1972, a percepção da
problemática ambiental passou a ter maior atenção, devido aos requisitos estabelecidos na AIA para a
concessão de empréstimos internacionais.
No Brasil, a partir da década de 70 é que se iniciaram os estudos relacionados aos Impactos Ambientais,
por ocasião da implantação de projetos direcionado a instalação de usinas hidrelétricas por exigências
do Banco Mundial. No entanto, estes estudos sobre a AIA só foram reconhecidos e inseridos de maneira
legal, após a introdução da Lei Federal nº. 6938, que se refere à Política Nacional do Meio Ambiente.
Os impactos ambientais têm sido assuntos constantes na mídia e estudá-los permite ampliar o
conhecimento sobre o assunto, de forma a contribuir para o processo evolutivo e desenvolvimento das
nações, com respeito aos recursos naturais, observando que, é uma fonte finita, porém renovável se agir
com responsabilidade.
Existem vários fatores econômicos, culturais e sociais associados à degradação do solo. Porém um dos
aspectos que contribui para a degradação dos solos é o desconhecimento sobre este componente do
ambiente e sua importância. Por outro lado, a conservação do solo pode ser estimulada com o acesso
ao conhecimento sobre este componente ambiental, e sua importância. Alguns processos de
degradação do solo:
• Redução da fertilidade natural;
• Diminuição da matéria orgânica do solo;
• Compactação;
• Perda de solo e água por erosão hídrica e eólica;
• Desertificação e arenização dos solos;
• Contaminação por resíduos rurais, urbanos e industriais;
• Decapeamento para fins de exploração mineral;
• Alteração para obras civis (cortes e aterros).
Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em função do uso inadequado pelo
homem. Condição em que o desempenho de suas funções básicas fica severamente prejudicado,
acarretando interferências negativas no equilíbrio ambiental, diminuindo drasticamente a qualidade de
vida nos ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a interferência humana
como os sistemas agrícolas e urbanos.
A seguir, são listadas algumas práticas agrícolas e atividades de exploração comuns em quase todo o
país que têm provocado prejuízos ao solo.
Monocultura
A substituição da cobertura vegetal original, geralmente composta por várias espécies de plantas, por
uma cultura única, é uma prática danosa ao solo. Por exemplo: numa área de cerrado podemos
encontrar tamanduás, emas, e até lobos-guará, sem contar os animais menores. Quando se derruba

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uma grande área de cerrado e planta-se, por exemplo, soja estes animais tem dificuldade para se
alimentar, não encontram abrigos e dificilmente conseguem se reproduzir. Aqueles que sobrevivem
procuram outros locais, invadindo áreas urbanas, tornando-se então presas fáceis.
Por outro lado, alguns insetos encontram na plantação de soja alimento constante e poucos predadores,
desta maneira se reproduzem intensamente tornando-se pragas. Outro efeito é o esgotamento do solo:
na maioria das colheitas retira-se a planta toda interrompendo desta maneira o processo natural de
reciclagem dos nutrientes. O solo torna-se empobrecido, diminui sua produtividade, tornando-se
necessária então a posterior aplicação de adubos.
Desmatamento
Retirar a vegetação de um determinado local, além de alterar a paisagem contribui para o
enfraquecimento do solo. O solo exposto fica sujeito à erosão, que é capaz de alterar a paisagem numa
velocidade bem maior que os processos naturais. Em alguns locais é possível observar o efeito da
erosão, num intervalo de tempo de apenas alguns anos. Com o passar do tempo, formam-se canais que
vão tornando-se maiores podendo até formar uma voçoroca,
A recuperação de uma área que foi desmatada sem controle e planejamento pode levar um tempo de até
mais de 50 anos.
Queimada
Algumas vezes os agricultores fazem queimadas com a finalidade de limpar os terrenos para outro
plantio. É uma prática antiga e barata, pois não é necessário gastar dinheiro com máquinas.O fogo mata,
além das plantas, animais e os microrganismos. As cinzas são transportadas facilmente para outros
locais, empobrecendo, desta maneira, o solo. Ressalta-se ainda que o nitrogênio e o enxofre são
perdidos na própria queima. É verdade que nos dois primeiros anos após as queimadas a produção
aumenta, porém, com o passar do tempo, a falta de nutrientes no solo faz diminuir a produção.
Extrativismo
A retirada de solo ou de areia do leito de um rio caracteriza um caso clássico de extrativismo mineral. A
areia é retirada principalmente para uso na construção civil, fabricação de vidros e utensílios domésticos.
Erosão
A erosão é um processo de deslocamento de terra ou de rochas de uma superfície. A erosão pode
ocorrer por ação de fenômenos da natureza ou do ser humano.
No que se refere às ações da natureza, podemos citar as chuvas como principal causadora da erosão.
Ao atingir o solo, em grande quantidade, provoca deslizamentos, infiltrações e mudanças na consistência
do terreno. Desta forma, provoca o deslocamento de terra. O vento e a mudança de temperatura
também são causadores importantes da erosão.
Quando um vulcão entra em erupção quase sempre ocorre um processo de erosão, pois a quantidade
de terra e rochas deslocadas é grande.
A mudança na composição química do solo também pode provocar a erosão.
O ser humano pode ser um importante agente provocador das erosões. Ao retirar a cobertura vegetal de
um solo, este perde sua consistência, pois a água, que antes era absorvida pelas raízes das árvores e
plantas, passa a infiltrar no solo. Esta infiltração pode causar a instabilidade do solo e a erosão.
Atividades de mineração, de forma desordenada, também podem provocar erosão. Ao retirar uma

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grande quantidade de terra de uma jazida de minério, os solos próximos podem perder sua estrutura de
sustentação.
A erosão tem provocado vários problemas para o ser humano. Constantemente, ocorrem deslizamentos
de terra em regiões habitadas, principalmente em regiões carentes, provocando o soterramento de casas
e mortes de pessoas. Os prejuízos econômicos também são significativos, pois é comum as erosões
provocarem fechamento de rodovias, ferrovias e outras vias de transporte.
Formas de evitar a erosão:
• Não retirar coberturas vegetais de solos, principalmente de regiões montanhosas;
• Planejar qualquer tipo de construção (rodovias, prédios, hidrelétricas, túneis, etc) para que não
ocorra, no momento ou futuramente, o deslocamento de terra;
• Monitorar as mudanças que ocorrem no solo;
Realizar o reflorestamento de áreas devastadas, principalmente em regiões de encosta.
Uso de fertilizantes
Os adubos ou fertilizantes são substâncias químicas geralmente de baixa toxicidade, não acarretando
poluição do solo quando empregados dentro das normas que regem a boa prática agrícola. A má
utilização destes compostos (desrespeito às concentrações apropriadas a serem utilizadas, aos prazos
de carência, e às técnicas de segurança) pode desencadear além da contaminação dos solos, a
contaminação de rios, lençóis freáticos e do homem.
Uso de pesticidas
Os pesticidas são compostos químicos naturais ou sintéticos utilizados para controlar insetos, ácaros,
ervas daninhas, fungos e outras formas de vida animal ou vegetal, que prejudicam a lavoura, pecuária e
outros produtos delas advindos.
A industrialização dos pesticidas teve como objetivo o aumento da produtividade agrícola. Entretanto,
sabe-se hoje em dia, que a falta de especificidade destes compostos, ou seja, o fato de eles não
atingirem apenas os organismos alvo, bem como sua longa persistência no ambiente representam um
grande risco à saúde dos ecossistemas. Ainda assim, acredita-se que estejam disponíveis no mercado
mundial cerca de 15000 substâncias ou princípios ativos diferentes. De acordo com a sua natureza
química, os pesticidas podem ser classificados como organofosforados, organoclorados, carbamatos e
piretróides.
Os organoclorados (aldrin, endosulfan, DDT, etc) são considerados os mais perigosos, uma vez que
após aplicação no solo, eles podem permanecer no ambiente por mais de três décadas, contaminando
aqüíferos, águas superficiais, a biota e conseqüentemente o homem. As análises químicas de amostras
de solo, água e dos alimentos são utilizadas como indicador de fontes de poluição ambiental, e servem
também para fornecer informações a respeito dos riscos destas fontes para a população humana.

A contaminação do solo tem sido uma das maiores preocupações ambientais, uma vez que, geralmente,
esta interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e
vegetação). Além das substâncias químicas (fertilizantes e pesticidas), os resíduos domésticos,
industriais e hospitalares também são fontes de poluição. Por exemplo, em zonas suburbanas rurais
praticamente não há saneamento básico e as instalações sanitárias são extremamente precárias Com a

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ausência de tratamento e canalização de esgotos e, conseqüentemente, a deposição de fezes


diretamente sobre o solo, há uma intensa contaminação por ovos e larvas de helmintos. O controle deste
tipo de poluição deve ser feito com medidas de educação sanitária e de promoção social. Assim, a
poluição dos solos também pode resultar em problemas na saúde pública.

A degradação ambiental no Brasil atinge níveis críticos e impõe elevados custos à sociedade. A grande
perda de solos agricultáveis através da erosão e redução da capacidade produtiva do solo, o
assoreamento dos cursos de água e represas e, conseqüentemente, o empobrecimento do produtor
rural, com reflexos negativos para a economia nacional são exemplos deste ônus. Portanto, as ações
voltadas para o racional uso e manejo dos recursos naturais, principalmente o solo, a água e a
biodiversidade visam promover uma agricultura sustentável, aumentar a oferta de alimentos e melhorar
os níveis de emprego e renda no meio rural.

A agricultura sustentável é vista como a melhor prática de conservação e manejo dos solos. Os objetivos
de uma agricultura sustentável envolvem o desenvolvimento de sistemas agrícolas que sejam produtivos,
conservem os recursos naturais, protejam o ambiente e melhorem as condições de saúde e segurança em
longo prazo. Neste sentido, as práticas culturais e de manejo, como a rotação de culturas, o plantio direto, e
o manejo conservacionista do solo, são muito aceitáveis, uma vez que, além de controlarem a erosão do
solo e as perdas de nutrientes, mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo.

2.1.7. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A MATRIZ SOLO


Lista geral sobre legislação ambiental aplicada ao meio terrestre ou vinculada.
Decreto 76389/75 - dispõe sobre as medidas de prevenção e controle da poluição industrial.
Decreto 76470/75 - cria o programa nacional de conservação dos solos.
Decreto 83540/79 - regulamenta a aplicação da convenção internacional sobre responsabilidade civil em danos
causados por poluição por óleo.
Decreto 85206/80 - altera o artigo 8º do decreto 76389/75 - dispõe sobre as medidas de prevenção e controle da
poluição industrial.
Decreto 88351/83 - regulamenta a lei nº. 6938/81 e a lei 6902/81, que dispõem respectivamente, sobre a política
nacional do meio ambiente e a criação de estações ecológicas e de proteção ambiental.
Decreto 89336/84 - dispõe sobre reservas ecológicas e áreas de relevante interesse ecológico.
Decreto 92302/86 - regulamenta o fundo para a reconstituição de bens lesados.
Decreto 95733/88 - dispõe sobre a destinação de recursos para prevenção ou correção de prejuízos de natureza
ambiental, cultural e social decorrentes da execução de projetos e obras federais.
Decreto legislativo 3/48 - aprovou a convenção para proteção à flora, à fauna e às belezas cênicas naturais dos
países da América (promulgado pelo decreto 58054/66).
Decreto legislativo 74/77 - aprovou a convenção relativa à proteção do patrimônio mundial cultural e natural.
Decreto lei 1413/75 - dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocado por atividades industriais
(regulamentado pelo decreto 76623/75).
Decreto lei 277/67 - nova redação ao código de mineração de 1940. Regulamentado pelo decreto 62934/68 e
alterado pela lei 7805/89.

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Lei 4797/65 - dispõe sobre a obrigatoriedade de serem ouvidas as autoridades florestais na aprovação de planos de
loteamento para venda de terrenos em prestações.
Lei 6766/79 - dispõe sobre o parcelamento do solo urbano.
Lei 6803/80 - dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial.
Lei 6938/81 - dispõe sobre a política nacional do meio ambiente.
Lei 7347/85 - institui a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor
e a bens e direitos de valor artístico estético histórico turístico e paisagístico.
Lei 7802/89 - dispõe sobre os agrotóxicos.
Portaria 329/85 - resolve sobre agrotóxicos.

Resoluções do CONAMA - conselho nacional do meio ambiente


Resolução 001/86 - dispõe sobre definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais para uso e
implementação da avaliação de impacto ambiental.
Resolução 004/93 - licenciamento de atividades em áreas de restinga.
Resolução 005/88 - dispõe sobre o licenciamento de obras de sistemas de abastecimento de água, de esgotos
sanitários, drenagem e sistemas de limpeza urbana.
Resolução 005/93 - dispõe sobre a destinação final de resíduos sólidos.
Resolução 006/87 - dispõe sobre o licenciamento de obras de grande porte, especialmente de geração de energia
elétrica.
Resolução 006/88 - dispõe sobre licenciamento de atividades industriais e geração de resíduos.
Resolução 006/91 - dispõe sobre a entrada no país de materiais residuais destinados a disposição final e
incineração no Brasil.
Resolução 010/87 - dispõe sobre ressarcimento de danos ambientais causados por obras de grande porte e
implantação de estações ecológicas.
Resolução 011/87 - declara como unidade de conservação várias categorias de sítios ecológicos de relevância
cultural.
Resolução SMA 03/99 - dispõe sobre os procedimentos para o licenciamento ambiental de atividades minerarias.
Resolução SMA 04/99 - disciplina o procedimento para o licenciamento ambiental integrado das atividades
minerarias.

2.2. ÁGUA - O MEIO AQUÁTICO

2.2.1. INTRODUÇÃO
"A água é o constituinte mais característico da terra. Ingrediente essencial da vida, a água é talvez o
recurso mais precioso que a terra fornece à humanidade. Embora se observe pelos países mundo afora
tanta negligência e tanta falta de visão com relação a este recurso, é de se esperar que os seres
humanos tenham pela água grande respeito, que procurem manter seus reservatórios naturais e
salvaguardar sua pureza. De fato, o futuro da espécie humana e de muitas outras espécies pode ficar
comprometido a menos que haja uma melhora significativa na administração dos recursos hídricos
terrestres." (J.W.Maurits la Rivière, Ph.D. em Microbiologia, Delft University of Technology, Holanda).

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Figura 2.8 – Percentual de água na Terra

Quase toda a água do planeta está concentrada nos oceanos. Apenas uma pequena fração (menos de
3%) está em terra e a maior parte desta está sob a forma de gelo e neve ou abaixo da superfície (água
subterrânea). Só uma fração muito pequena (cerca de 1%) de toda a água terrestre está diretamente
disponível ao homem e aos outros organismos, sob a forma de lagos e rios, ou como umidade presente
no solo, na atmosfera e como componente dos mais diversos organismos.

2.2.2. CICLO HIDROLÓGICO


A água se precipita do céu como chuva ou neve, a maior parte caindo no mar. Retorna à atmosfera
através da evaporação. Uma pequena parte da água que cai na terra é retida e absorvida pela
vegetação ou outros organismos e a maior parte corre para o mar, seja como água de escoamento
superficial ou como água subterrânea. Na direção inversa, o vapor d'água é levado por correntes
atmosféricas do mar para a terra, e o ciclo se completa com novas precipitações. As precipitações que
caem no solo representam à renovação deste precioso recurso do qual depende a vida terrestre.

Figura 2.9 – Ciclo Hidrológico

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2.2.3. CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUA


É muito grande a quantidade de classificações que a água pode estar submetida. Dentre estas, podemos
considerar:
Quanto à ocorrência natural: superficial (rios, lagos, mares) e subterrânea (poços, lençóis freáticos).
Quanto à composição química salina: doce, salobra e salina.
Quanto às impurezas presentes: potável, carbonatada, poluída, sulfurosa, amoniacal ..., dentre outras.

2.2.4. IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁGUA E SEU CONTROLE


No seu caminho para o mar, a água vai ficando carregada de partículas e matéria dissolvida,
provenientes de detritos naturais e dos despejos da sociedade humana. Quando a densidade
populacional ao redor de uma reserva de água é baixa, os resíduos na água podem ser degradados por
microrganismos, em um processo natural de autopurificação. Quando a capacidade de autopurificação é
excedida, grandes quantidades de resíduos se acumulam nos mares, onde podem causar danos à vida
aquática.

Figura 2.10 – Fontes de poluição do meio aquático

Existem dois tipos de despejos que contaminam a água: o resíduo orgânico -- proveniente de
excrementos humanos e de animais e do descarte das partes fibrosas de vegetais colhidos e não
consumidos -- e o resíduo industrial, gerado pelos processos industriais e pelo descarte que, cedo ou
tarde, se faz dos produtos fabricados pelas indústrias.
Resíduo Orgânico - O resíduo orgânico é biodegradável, mas pode representar um grande problema: a
biodegradação excessiva pode levar à falta de oxigênio em rios e lagos. Os excrementos humanos
contêm alguns dos mais nocivos contaminantes conhecidos, incluindo microrganismos patogênicos
como os agentes da cólera, da febre tifóide e da disenteria.
Resíduo Industrial - O resíduo industrial pode incluir metais pesados e grandes quantidades de material
sintético, como os pesticidas. São materiais que se caracterizam pela toxicidade e pela persistência, não
sendo rapidamente degradados em processos naturais ou nas usinas de tratamento de esgotos.

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Materiais industrializados tais como vidro, concreto, papel, ferro e alguns plásticos são relativamente
inócuos, ou por serem inertes, ou biodegradáveis, ou pelo menos não-tóxicos.
Muitos poluentes penetram em rios e lagos através de descargas de fontes localizadas -- como
canalizações de esgotos -- ou de fontes não localizadas, como é o caso das águas de escoamento, que
transportam pesticidas e fertilizantes. Contaminantes também podem penetrar no ciclo da água através
da atmosfera. O mais conhecido entre eles talvez seja o ácido resultante da emissão de óxidos de
nitrogênio e dióxido de enxofre pela indústria e pelos motores de carro. A deposição de ácido pode ser
"seca" (quando os gases atingem diretamente o solo ou a vegetação) ou "úmida" (quando o ácido se
dissolve na chuva). Em áreas de pastoreio intensivo, parte da amônia liberada de esterco é introduzida
na atmosfera e parte é convertida por micróbios no solo em nitratos solúveis. Como o nitrato tem alta
mobilidade, por ser solúvel em água e não se ligar a partículas do solo, tornou-se um dos principais
poluentes da água subterrânea.
A contaminação do oceano - A zona costeira é região de grande produtividade biológica, sustentando
vida marinha que engloba desde plâncton a peixes, tartarugas e baleias. A maior parte dos peixes de
água salgada consumidos é pescada ao longo de uma região de 320 km a partir da praia. A cada ano,
toneladas de resíduos são depositadas nessas zonas costeiras e nas cabeceiras de rios. Uma parte
crescente desse depósito acumulado pode ser atribuída à erosão e à desflorestação causadas pela
intervenção humana. Além das descargas de rios, outras causas contribuem para que a poluição chegue
ao oceano: escoamento de águas superficiais, transporte atmosférico, despejo de lixo, acidentes de
navios, entre outras. Garrafas plásticas não-degradáveis e outros restos de consumo jogados nas praias
são carregados pelas correntes marítimas, causando a morte de milhares de pássaros, peixes e
mamíferos marinhos que os confundem com alimento ou neles ficam aprisionados.
Descargas excessivas de esgoto das áreas urbanas praieiras levam à eutroficação das águas costeiras,
o que pode alterar a composição das populações de plâncton. O crescimento acelerado de plâncton,
devido ao elevado teor de nutrientes dos esgotos pode levar ao esgotamento do oxigênio disponível para
os peixes, causando sua morte. Além do mais, a presença de bactérias patogênicas no esgoto tem
levado à interdição de praias aos banhistas e a proibições de pesca de moluscos e crustáceos, que
concentram bactérias em seus tecidos.
Alguns milhões de toneladas de petróleo atingem o oceano a cada ano e essa contaminação acumulada
por décadas não chega a cobrir áreas extensas do oceano graças à evaporação eventual do petróleo e à
sua degradação por bactérias. Mas, embora o petróleo seja biodegradável, os microrganismos precisam
de um tempo relativamente longo para cumprir sua tarefa, e nesse meio-tempo um derramamento de
petróleo vem a ser letal para uma variedade de plâncton, peixes e mariscos, assim como a pássaros e
mamíferos marinhos.
O manejo racional da água - A água vem se tornando cada vez mais escassa à medida que a
população, a indústria e a agricultura se expandem. Embora os usos da água variem de país para país, a
agricultura é a atividade que mais consome água. É possível atenuar a diminuição das reservas locais de
água de duas maneiras: pode-se aumentar a captação, represando-se rios ou consumindo-se o capital -
"minando-se" a água subterrânea; e podem-se conservar as reservas já exploradas, seja aumentando-

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se a eficiência na irrigação ou importando alimentos em maior escala - estratégia que pode ser
necessária para alguns países, a fim de reduzir o consumo de água na agricultura.
Assegurar a quantidade de água necessária não basta. É preciso manter a qualidade da água.
Milhares de lagos estão atualmente sujeitos à acidificação ou à eutrofização -- processo pelo qual
grandes aportes de nutrientes, particularmente fosfatos, levam ao crescimento excessivo de algas.
Quando as algas em quantidade excessiva morrem, sua degradação microbiológica consome grande
parte do oxigênio dissolvido na água, piorando as condições para a vida aquática. É possível restaurar a
qualidade da água nos lagos, mas há um custo e o processo leva anos.
Embora a poluição dos lagos e dos rios seja potencialmente reversível, o mesmo não acontece com a
água subterrânea. Como a água subterrânea não recebe oxigênio atmosférico, sua capacidade de
autopurificação é muito baixa, pois o trabalho de degradação microbiana demanda oxigênio. A única
abordagem racional é evitar a contaminação.
Por sua vez, a recuperação da qualidade da água do oceano é incomparavelmente mais difícil do que a
dos lagos e rios, segundo experiência já adquirida, que dita ainda mais precaução nesse caso.
Tornou-se clara a necessidade de uma abordagem integrada. Expectativas socioeconômicas devem se
harmonizar com as expectativas ambientais, de modo que os centros humanos, os centros de produção
de energia, as indústrias, os setores agrícola, florestal, de pesca e de vida silvestre possam coexistir.
Nem sempre o fato de existirem interesses variados significa que devam ser conflitantes. Podem ser
sinergísticos. Por exemplo, controle de erosão caminha junto com reflorestamento, prevenção de
enchentes e conservação de água.
Um projeto de manejo de recursos hídricos deveria visar mais um aumento da eficiência no consumo de
água do que um aumento da disponibilidade de água. O aumento do fornecimento de água é usualmente
mais caro e apenas adia uma crise. Para alguns países, aumentar a eficiência é a única solução às
vezes. A irrigação pode ser e geralmente é terrivelmente ineficiente. Na média mundial, menos de 40%
de toda a água usada na irrigação é absorvida pela plantação. O resto se perde. Um dos problemas
trazidos pela irrigação excessiva é a salinização. À medida que a água se evapora ou é absorvida pelas
plantas, uma quantidade de sal se deposita e se acumula no solo. Novas técnicas de micro-irrigação,
pelas quais tubulações perfuradas levam a água diretamente às plantas, fornecem boa maneira de
conservar a água.
A captação de água subterrânea para aumentar o fornecimento de água deveria ser evitada a todo custo
-- a menos que se garanta que o aqüífero de onde se tira a água será reabastecido. Como a água
subterrânea se mantém fora do alcance de nossas vistas, pode se tornar poluída gradualmente sem
excitar o clamor público, até que seja tarde demais para reverter o dano causado pela poluição.
A adoção de programas de prevenção de poluição é preferível à utilização de técnicas de remoção de
contaminantes em água poluída, uma vez que a tecnologia de purificação é cara e complexa à medida
que o número de contaminantes cresce.
Paralelo a tudo isso, existe a necessidade de se fazer mais pesquisa sobre a hidrosfera, com estudos
sobre a ecologia e a toxicologia da vida marinha; sobre o ciclo hidrológico e os fluxos entre seus
compartimentos; sobre a extensão das reservas subterrâneas e sua contaminação; sobre as interações
entre clima e ciclo hidrológico.

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2.2.5. CLASSES DAS ÁGUAS – Classificação segundo a Resolução 357/05 do CONAMA


Esta resolução dispõe especialmente sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento e estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.

A Resolução 357/05 considera que a água integra as preocupações do desenvolvimento sustentável,


baseado nos princípios da função ecológica da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor-
pagador, do usuário-pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor intrínseco à
natureza;
Ela se respalda na Constituição Federal e na Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que visam controlar
o lançamento no meio ambiente de poluentes, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou perigosos
para os seres humanos e outras formas de vida.
Considera também:
• que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas, podendo ser fixadas metas
progressivas intermediárias, obrigatórias, visando a sua efetivação;
• os termos da Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos Persistentes-POPs,
ratificada pelo Decreto Legislativo no 204, de 7 de maio de 2004;
• a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa de seus níveis de
qualidade, avaliados por condições e padrões específicos, de modo a assegurar seus usos
preponderantes;
• o enquadramento dos corpos de água deve estar baseado não necessariamente no seu estado
atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da
comunidade;
• que a saúde e o bem-estar humano, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser
afetados pela deterioração da qualidade das águas;
• a necessidade de se criar instrumentos para avaliar a evolução da qualidade das águas, em
relação às classes estabelecidas no enquadramento, de forma a facilitar a fixação e controle de
metas visando atingir gradativamente os objetivos propostos;
• a necessidade de se reformular a classificação existente, para melhor distribuir os usos das
águas, melhor especificar as condições e padrões de qualidade requeridos, sem prejuízo de
posterior aperfeiçoamento; e
• que o controle da poluição está diretamente relacionado com a proteção da saúde, garantia do
meio ambiente ecologicamente equilibrado e a melhoria da qualidade de vida, levando em conta
os usos prioritários e classes de qualidade ambiental exigidos para um determinado corpo de
água.

A resolução 357/05 estabelece algumas definições para facilitar o entendimento dos interessados no
assunto. Dentre estas definições tem-se:
Águas doces - águas com salinidade igual ou inferior a 0,05 %;
Águas salobras - águas com salinidade superior a 0,05 % e inferior a 3%;

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Águas salinas - águas com salinidade igual ou superior a 3%;


Ambiente lêntico - ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado;
Ambiente lótico - ambiente relativo a águas continentais moventes;
Aqüicultura - o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais, ocorre total
ou parcialmente em meio aquático;
Carga poluidora - quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em um corpo de água
receptor, expressa em unidade de massa por tempo;
Cianobactérias - microorganismos procarióticos autotróficos, também denominados como cianofíceas
(algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial especialmente naqueles com
elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos a
saúde;
Classe de qualidade - conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários ao
atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros;
Classificação - qualificação das águas doces, salobras e salinas em função dos usos preponderantes
(sistema de classes de qualidade) atuais e futuros;
Coliformes termotolerantes - bactérias gram-negativas, em forma de bacilos, oxidase-negativas,
caracterizadas pela atividade da enzima β-galactosidase. Podem crescer em meios contendo agentes
tensoativos e fermentar a lactose nas temperaturas de 44 - 45 ºC, com produção de ácido, gás e aldeído.
Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais homeotérmicos, ocorrem em solos, plantas
ou outras matrizes ambientais que não tenham sido contaminados por material fecal;
Condição de qualidade - qualidade apresentada por um segmento de corpo d'água, num determinado
momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada, frente às Classes de Qualidade;
Condições de lançamento - condições e padrões de emissão adotados para o controle de lançamentos
de efluentes no corpo receptor;
Controle de qualidade da água - conjunto de medidas operacionais que visa avaliar a melhoria e a
conservação da qualidade da água estabelecida para o corpo de água;
Corpo receptor - corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um efluente;
Desinfecção - remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos;
Efeito tóxico agudo - efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ou químicos,
usualmente letalidade ou alguma outra manifestação que a antecede, em um curto período de
exposição;
Efeito tóxico crônico - efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ou químicos
que afetam uma ou várias funções biológicas dos organismos, tais como a reprodução, o crescimento e
o comportamento, em um período de exposição que pode abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou
parte dele;
Enquadramento - estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser,
obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de acordo com os usos
preponderantes pretendidos, ao longo do tempo;
Ensaios ecotoxicológicos - ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes físicos ou
químicos a diversos organismos aquáticos;

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Ensaios toxicológicos - ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes físicos ou
químicos a diversos organismos visando avaliar o potencial de risco à saúde humana;
Escherichia coli (E.Coli) - bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae caracterizada pela
atividade da enzima β-glicuronidase. Produz indol a partir do aminoácido triptofano. É a única espécie do
grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de animais
homeotérmicos, onde ocorre em densidades elevadas;
Metas - é o desdobramento do objeto em realizações físicas e atividades de gestão, de acordo com
unidades de medida e cronograma preestabelecidos, de caráter obrigatório;
Monitoramento - medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode
ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e controle da qualidade do corpo
de água;
Padrão - valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de qualidade de água ou
efluente;
Parâmetro de qualidade da água - substâncias ou outros indicadores representativos da qualidade da
água;
Pesca amadora - exploração de recursos pesqueiros com fins de lazer ou desporto;
Programa para efetivação do enquadramento - conjunto de medidas ou ações progressivas e
obrigatórias, necessárias ao atendimento das metas intermediárias e final de qualidade de água
estabelecidas para o enquadramento do corpo hídrico;
Recreação de contato primário - contato direto e prolongado com a água (tais como natação,
mergulho, esqui-aquático) na qual a possibilidade do banhista ingerir água é elevada;
Recreação de contato secundário - refere-se àquela associada a atividades em que o contato com a
água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é pequena, como na pesca e na
navegação (tais como iatismo);
Tratamento avançado - técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos processos
convencionais de tratamento, os quais podem conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor,
atividade tóxica ou patogênica;
Tratamento convencional - clarificação com utilização de coagulação e floculação, seguida de
desinfecção e correção de pH;
Tratamento simplificado - clarificação por meio de filtração e desinfecção e correção de pH quando
necessário;
Tributário (ou curso de água afluente) - corpo de água que flui para um rio maior ou para um lago ou
reservatório;
Virtualmente ausentes - que não é perceptível pela visão, olfato ou paladar;
Zona de mistura - região do corpo receptor onde ocorre a diluição inicial de um efluente.

Esta resolução classifica os corpos d’água em todo o Território Nacional em três classes gerais: águas
doces, águas salobras e águas salinas, segundo a qualidade requerida para os seus usos
preponderantes, e em treze classes de qualidade.

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CATEGORIA USOS

Abastecimento para consumo humano, com desinfecção;


CLASSE Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
ESPECIAL Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação
de proteção integral.

Abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;


Proteção das comunidades aquáticas;
ÁGUAS CLASSE 1 Recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
DOCES mergulho, conforme Resolução CONAMA n. 274, de 2000;
Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem
remoção de película; e
Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

Abastecimento para consumo humano, após tratamento


CLASSE 2 convencional;
Proteção das comunidades aquáticas;
Recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA n. 274, de 2000;
Irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins,
campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto; e
Aqüicultura e à atividade de pesca.

Abastecimento para consumo humano, após tratamento


convencional ou avançado;
CLASSE 3 Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
Pesca amadora;
Recreação de contato secundário; e
Dessedentação de animais.

Navegação; e
CLASSE 4 Harmonia paisagística.

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CATEGORIA USOS

CLASSE Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,


ESPECIAL Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral.

ÁGUAS
CLASSE 1 Proteção das comunidades aquáticas;
SALINAS Recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA n. 274, de 2000; e,
Aqüicultura e à atividade de pesca.

CLASSE 2 Pesca amadora; e,


Recreação de contato secundário.

CLASSE 3 Navegação; e
Harmonia paisagística.

CATEGORIA USOS

Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção


CLASSE integral; e,
ESPECIAL Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

Proteção das comunidades aquáticas;


Recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA n. 274, de 2000;
Aqüicultura e à atividade de pesca;
ÁGUAS
Abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e
SALOBRAS
Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam

CLASSE 1 rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de
parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto.

Pesca amadora; e,
CLASSE 2 Recreação de contato secundário.

Navegação; e
CLASSE 3 Harmonia paisagística.

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46

2.2.6. PARÂMETROS INDICADORES DA QUALIDADE DA ÁGUA


A água é o elemento fundamental da vida. Seus múltiplos usos são indispensáveis a um largo espectro
das atividades humanas, onde se destacam, entre outros, o abastecimento público e industrial, a
irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de lazer e recreação, bem como a
preservação da vida aquática.
A crescente expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas trouxe como
conseqüência o comprometimento das águas dos rios, lagos e reservatórios. A falta de recursos
financeiros nos países em desenvolvimento tem agravado esse problema, pela impossibilidade da
aplicação de medidas corretivas para reverter à situação.
As disponibilidades de água doce na natureza são limitadas pelo alto custo da sua obtenção nas formas
menos convencionais, como é o caso da água do mar e das águas subterrâneas. Deve ser, portanto, da
maior prioridade, a preservação, o controle e a utilização racional das águas doces superficiais.
A boa gestão da água deve ser objeto de um plano que contemple os múltiplos usos desse recurso,
desenvolvendo e aperfeiçoando as técnicas de utilização, tratamento e recuperação de nossos
mananciais.
A poluição das águas é gerada por:
• efluentes domésticos (poluentes orgânicos biodegradáveis, nutrientes e bactérias);
• efluentes industriais (poluentes orgânicos e inorgânicos, dependendo da atividade industrial);
• carga difusa urbana e agrícola (poluentes advindos da drenagem destas áreas: fertilizantes,
defensivos agrícolas, fezes de animais e material em suspensão).
Padrões e parâmetros de qualidade - É muito comum, para realizar o controle da poluição das águas
de rios e reservatórios, utilizarem-se os padrões de qualidade, que definem os limites de concentração a
que cada substância presente na água deve obedecer. Esses padrões dependem da classificação das
Águas Interiores, que é estabelecida segundo seus usos preponderantes, por legislação específica
(Resolução 357/05 do CONAMA), variando da Classe Especial, a mais nobre, até a Classe 4, a menos
nobre.
Parâmetros de Qualidade

Alumínio Fenóis Oxigênio Dissolvido (OD)


Bário Ferro Total Ortofosfato Solúvel
Cádmio Fósforo Total pH
Chumbo Manganês Resíduo Não Filtrável
Cloreto Mercúrio Resíduo Total
Clorofila-a / Feofitina-a Microtox Surfactantes
Cobre Níquel Temperatura da Água
Coliformes Fecais Nitrogênio Amoniacal Temperatura do Ar
Coloração da Água Nitrogênio Kjeldahl Total Teste de Toxicidade Crônica
Condutividade Específica Nitrogênio Nitrato Turbidez
Cromo Total Nitrogênio Nitrito Zinco
Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO 5,20)
Demanda Química de Oxigênio
(DQO)

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A poluição das águas doces não é um problema apenas local, mas mundial, porém têm conseqüências
mais graves nos países pobres e nos considerados em desenvolvimento como o Brasil, a China e a
Índia.
O termo contaminação é usado muitas vezes como sinônimo de poluição e significa a introdução no
meio de elementos em concentrações nocivas à saúde humana (Exemplos: Microrganismos
patogênicos, substâncias tóxicas, substâncias radioativas). A poluição é a adição de substâncias ao
meio em quantidades que resultam em concentrações maiores que as naturalmente encontradas, ou
ainda, qualquer alteração em suas características físicas, químicas e biológicas, com prejuízo à sua
utilização normal.
As principais fontes de contaminação hídricas são decorrentes da ação do homem com o lançamento de
esgotos não tratados, de efluentes industriais (compostos orgânicos e inorgânicos como os metais
pesados) e atividades agrícolas (agrotóxicos e fertilizantes), mas podem também decorrer de
mecanismos naturais como à transferência de metais do solo por atividade geológica; ROCHA et al.
2006, citam casos de aumento de ferro reduzido na Dinamarca, fluoreto da Bavária, arsênio e estrôncio
em algumas regiões montanhosas e mercúrio na bacia do médio rio negro.

Efluentes
Domésticos
Não-
Tratados

Dejetos de Efluentes
Transporte Domésticos
Marítimo Tratados

POLUIÇÃO
HÍDRICA

Atividades Resíduos
Agropecuári Industriais
as
(Rurais)

Atividades Deposição
Naturais - Atmosférica
Geológicas

Figura 2.11 - Principais vias de poluição dos recursos hídricos


Fonte: UAB – CEFET-PE – Química da água.

Os efluentes não-tratados e tratados são os principais contaminantes dos recursos hídricos. Esta
contaminação se dá pelo uso abundante de fertilizantes químicos, agrotóxicos e resíduos de atividades
rurais (criação animal) no campo, pela descarga de esgotos e lixos residenciais nas redes pluviais (sem

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tratamento) e por esgotos coletados e não-tratados (em redes públicas de coleta), efluentes industriais
resultantes dos processos produtivos (indústrias alimentares, de celulose, detergentes, etc.), dejetos de
transportes marítimos (incluindo aqui os propositalmente lançados ao mar, como restos de combustíveis
e petróleo), compostos à base de enxofre carreados por chuvas ácidas (H2SO4), deposições
atmosféricas resultantes da queima dos combustíveis fósseis (derivados do petróleo) e outros solventes
ilegais, incineração de lixo.
No Brasil apenas 40% da população urbana tem rede coletora de esgoto e apenas 10% do esgoto
captado sofre algum tipo de tratamento. Estima-se que para que sejam atingidas condições adequadas
de tratamento do esgoto produzido no Brasil seriam necessários mais de 40 bilhões de reais (CAMPOS,
1999).
A adição de carga orgânica nos cursos d’água consome oxigênio dos mesmos, através da oxidação
química e principalmente da bioquímica, via respiração dos microorganismos, depurando assim a
matéria orgânica.
Quando a carga dos esgotos ou efluentes industriais lançados excede a capacidade de autodepuração
do corpo d’água, o rio fica sem oxigênio, provocando problemas estéticos e liberação de odor e
impedindo a existência de peixes e outros microrganismos aeróbios que habitam as águas naturais. Os
peixes morrem, não por toxicidade, mas por asfixia.
Todos os organismos vivos dependem de uma forma ou de outra do oxigênio para manter os processos
metabólicos de produção de energia e de reprodução. A quantidade de alimento (esgoto ou outros
despejos orgânicos assimiláveis) lançada no corpo de água deve ser proporcional à sua vazão ou ao seu
volume, isto é, à sua disponibilidade de oxigênio dissolvido.
Assim, a poluição orgânica de um curso d’água pode ser avaliada pelo decréscimo da concentração de
oxigênio dissolvido e ou pela concentração de matéria orgânica em termos de concentração de oxigênio
necessário para oxidá-la.
Portanto todo o efluente antes de ser lançado em um rio ou bacia deve ser tratado, para que o nível de
poluentes e de matéria orgânica seja compatível com a “vida aquática”.
Para que o tratamento seja eficiente é necessário que se analise o efluente antes do tratamento nas
Estações de Tratamento de Efluentes - ETE, repetindo-se as análises antes de lançar o efluente tratado
nos corpos de água de forma a garantir um baixo teor de matéria orgânica e outros poluentes. O efluente
doméstico também chamado de esgoto é bem homogêneo em sua composição e o efluente industrial
tem uma composição bem variada dependendo da indústria em que ele é gerado. É muito importante a
escolha dos parâmetros a serem analisados para evitar custos desnecessários.

Os ensaios físico-químicos mais comuns executados em efluentes são:

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- Oxigênio dissolvido (OD);
- Demanda química de oxigênio (DQO);
- Demanda bioquímica de oxigênio (DBO);
- Sólidos sedimentáveis;
- Cloretos;
- Óleos e graxas;
- Fósforo Total;
- Fósforo Orgânico;
- Fósforo Inorgânico Total;
- Fósforo Inorgânico Dissolvido;
- Nitrogênio Total;
- Nitrogênio Amoniacal;
- Nitritos;
- Nitratos;
- Potencial Hidrogeniônico (pH);
- Sólidos Suspensos Totais (SST);
- Sólidos Suspensos Fixos (SSF);
- Sólidos Suspensos Voláteis (SSV);
- Sólidos Dissolvidos Totais (SDT);
- Sólidos Dissolvidos Fixos;
- Sólidos Dissolvidos Voláteis;
- Coliformes Termotolerantes;
- Coliformes Totais;
- Temperatura da Água.
- Metais (os metais a serem analisados irão variar de acordo com o tipo de indústria).

2.2.7. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL SOBRE O MEIO AQUÁTICO


Resolução n. 274, de 29/11/2000 – Publicação DOU no 18, de 25/01/2001 , pág. 70-71 . 256
Define os critérios de balneabilidade em Águas Brasileiras.
Resolução n. 357, de 17/03/2005 – Publicação DOU no 53, de 18/03/2005, pág. 58-63 ... 259
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes,e dá outras
providências.
Resolução n. 370, de 06/04/2006 – Publicação DOU no 68, de 07/04/2006, pág. 235 ...... 283
Prorroga o prazo para complementação das condições e padrões de lançamento de efluentes,
previsto no art. 44 da Resolução no 357, de 17 de março de 2005.
50

2.3. AR - O MEIO ATMOSFÉRICO

2.3.1. INTRODUÇÃO
Atmosfera - Palavra de origem grega, atmos = gás + sfera = esfera  atmosfera. Portanto é a
esfera gasosa, que envolve o planeta Terra. No início da formação do planeta Terra a
atmosfera era composta basicamente por gases (metano, amônia, vapor de água e dióxido de
carbono) resultantes das constantes erupções e colisões na superfície inóspita da terra
primitiva, além dos que eram expelidos por rachaduras na crosta terrestre. Em uma segunda
fase, surgem os primeiros organismos vivos que realizam fotossíntese (processo bioquímico
que transforma dióxido de carbono em oxigênio com o auxílio da luz solar, realizado pelos
vegetais e algumas algas), absorvendo o gás carbônico da atmosfera e transformando-o em
oxigênio. Com isso acontece uma das maiores transformações causadas no planeta por algum
organismo vivo: a atmosfera torna-se saturada de oxigênio.
A atmosfera se estende por centenas de quilômetros, alguns documentos estimam sua
espessura em 800 km, que atualmente o homem consegue alcancá-la por meio dos balões-
sonda e dos satélites artificiais.
Função e Constituição - A atmosfera exerce um papel fundamental na manutenção da
temperatura, e da vida na Terra. Em nível do mar, é constituída de 78% de nitrogênio, 21% de
oxigênio e apenas 1% de outros gases (argônio, xenônio, neônio, gás carbônico), etc., além de
poeira.
Importância - Se não existisse a atmosfera, não haveria animais nem plantas. Como sabemos
que o oxigênio é indispensável para a existência da vida na Terra. Todas as características do
mundo, tal como o percebemos, e o próprio ambiente terrestre, dependem essencialmente do
ar. Sem a atmosfera, não haveria vento, nuvens ou chuva. Não haveria céu azul, nem
crepúsculos ou auroras. Não existiria o fogo, pois toda combustão resulta da união do oxigênio
com as substâncias que queimam. Não existiria o som, pois o que chamamos de som é a
vibração das moléculas de ar contra o tímpano. Sem ar, enfim, as plantas não poderiam nascer
e crescer.
Escudo Protetor - Além de suas demais propriedades, a atmosfera serve de imenso escudo
que protege a Terra da violência dos raios solares, absorvendo as radiações de ondas curtas
mais perniciosas. À noite, funciona como teto de vidro de uma gigantesca estufa, conservando
o calor do dia e impedindo que ele se perca todo no espaço.
A atmosfera terrestre está continuamente sofrendo transformações, dependendo dos
fenômenos naturais que ocorrem na superfície do planeta, tais como, ventos, atividades
vulcânicas, precipitações, atividade industrial e evaporação de águas superficiais.

2.3.2. CAMADAS DA ATMOSFERA


Em função de sua imensa espessura, e pelo fato de não apresentar forma homogênea em toda
sua extensão, a atmosfera foi dividida em camadas superpostas. Uma das bases para
classificação das diferentes camadas da atmosfera foi a variação de temperatura de acordo

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com a altitude. A atmosfera está estruturada em três camadas relativamente quentes,


separadas por duas camadas relativamente frias.

A atmosfera está dividida em camadas relacionadas às propriedades químicas e físicas. O ar


se torna mais rarefeito quando se sobe, e é por isso que os alpinistas normalmente levam
oxigênio quando escalam altas montanhas.
A atmosfera é constituída de quatro camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera
(ionosfera e exosfera).

Figura 2.12 – Camadas da atmosfera


Fonte da figura: http://www.silverioortiz.kit.net/blog/oceano_de_ar.htm

Troposfera
A troposfera é a única camada em que os seres vivos podem respirar normalmente. As
condições climáticas acontecem nesta camada inferior da atmosfera que se estende até 20 km
do solo, no equador, e a aproximadamente 10 km nos pólos. O ar junto ao solo é mais quente,
diminuindo de temperatura com a altitude até atingir -60ºC.
É a camada que esta mais diretamente relacionada com o homem e que contém o ar que respiramos. É
na troposfera que ocorrem os fenômenos atmosféricos, o calor, os ventos e as chuvas. A temperatura
média que varia de 20°C na parte inferior a 60°C negativos na parte superior. É nessa camada que se
concentram os poluentes, acontecem os fenômenos de precipitação - como a chuva, neve, ventos, calor -
onde circulam os balões tripulados e aviões a jato.
É a camada menos espessa, mas é a mais densa.A zona limite chama-se tropopausa. Aqui a
temperatura mantém-se constante.
.

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Estratosfera
É a camada seguinte e tem uma espessura de cerca de 40 km. A estratosfera chega a 50 km do solo.
Nessa camada, o ar é muito rarefeito. Nesta camada a temperatura aumenta de -60ºC a 0ºC. Este
aumento deve-se à interação química e térmica entre a radiação solar e os gases aí existentes.
As radiações absorvidas são as ultravioletas.
É nesta camada que ocorre a presença do gás Ozônio (O3), (camada de ozônio) que filtra a radiação
ultravioleta emitida pelo sol. A presença do ozônio na atmosfera é essencial à manutenção da vida, como
se apresenta, no planeta. A sua eliminação ou diminuição em grande escala modificam a fauna, a flora,
enfim, todos os seres vivos da Terra; podem determinar efeitos imprevisíveis aos ecossistemas terrestres
e, especialmente aos seres humanos, mas que serão certamente, catastróficos.
Também chegam até a estratosfera os balões meteorológicos, os aviões supersônicos e as nuvens
geradas por explosões atômicas. É também na estratosfera que ocorre o efeito estufa, que é um
fenômeno que resulta no aquecimento da atmosfera do Planeta, intensificado pela emissão de certos
gases para a atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), produzido na queima de combustíveis fósseis
(carvão, petróleo e gás natural) e por queimadas. O assunto tem merecido atenção da comunidade
científica mundial pelos reflexos e consequências resultantes na vida de todos nós.
A zona limite chama-se estratopausa. Aqui a temperatura mantém-se constante.

Mesosfera
É a camada intermediária, estende-se até aproximadamente 80 km de altura. Situa-se entre os
50 km a 80 km.
O ar é mais rarefeito que na camada anterior, composto principalmente por ozônio e vapor de
sódio. Trata-se da camada mais fria da atmosfera. A temperatura volta a diminuir com a
altitude, chegando aos -100ºC aos 80 km. A absorção da radiação solar é fraca. A parte inferior
é mais quente porque absorve calor da estratosfera.
A zona limite chama-se mesopausa. Aqui a temperatura mantém-se constante.

Termosfera
É a camada mais extensa e começa em 80 km e vai para além dos 1000 km Trata-se da
camada mais quente da atmosfera onde a temperatura pode atingir os 2000ºC. Absorvem-se
as radiações solares mais energéticas.
Subdivide-se em duas partes a ionosfera (entre 80 e 550 km) e a exosfera (parte exterior da
atmosfera que se dilui no espaço a partir dos 1000 km de altitude).
Ionosfera - (íons + sfera): fica acima de 80 km de altitude, composta por moléculas ionizadas,
isto é, carregadas eletricamente, é nesta camada que as ondas de rádio são refletidas de volta
para a Terra. Na ionosfera ocorrem alguns fenômenos, como por exemplo, a aurora polar, que
é visível nas regiões polares e a desintegração dos meteoros provenientes do espaço, é o que
nós observamos como estrelas cadentes.
Exosfera - É a camada mais externa, começa após uns 500 km e continua até se confundir
com o espaço interplanetário. . O ar é muito rarefeito e as moléculas de gás "escapam"
constantemente para o espaço. Por isso é chamada de exosfera (parte externa da atmosfera).

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Nesta camada, a densidade gasosa é ínfima, não se registrando fenômenos assinaláveis, a


não ser a existência de dois cinturões de partículas (Cinturões de Van-Hallen). O primeiro a
4000 km, e o segundo a 20000 km de altitude.

Figura 2.13 – Camadas da atmosfera


Fonte: Reis Jr., N. C. Recursos atmosféricos, UFES

Comentários adicionais – A primeira camada, troposfera, contém cerca de 80% da massa


total da atmosfera. A tropopausa é a camada de transição para a seguinte (e nomes de
construção semelhante para as demais transições).
A estratosfera contém cerca de 19,9% da massa total e muito pouco vapor d'água.
Portanto, nas duas primeiras camadas está a quase totalidade do ar, o que pode ser observado
pelos minúsculos valores de pressão nas camadas superiores.
A primeira camada da atmosfera se estende do nível do mar até aproximadamente 16 km de
altitude e é conhecida como troposfera. Nela, observa-se a diminuição da temperatura com o
aumento da altitude, resultado do calor liberado pelo solo e dissipado na atmosfera. É na
troposfera que ocorre todo o tráfego aéreo, causando modificações na composição do ar em
decorrência dos processos de combustão das aeronaves.
A tropopausa é a camada imediatamente superior e apresenta uma temperatura relativamente
constante. A partir dela, inicia-se a estratosfera, onde está situada a camada de ozônio. A
temperatura da estratosfera se eleva com o aumento da altitude, fenômeno causado em função
da absorção da radiação ultravioleta pelas moléculas de ozônio.

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Novamente, existe uma camada com temperatura relativamente constante denominada


estratopausa. Logo após, a temperatura volta a decrescer com o aumento da altitude e a essa
camada atmosférica denominamos mesosfera. A camada seguinte também apresenta a
característica de temperatura relativamente constante, sendo conhecida por mesopausa.
Por fim, na camada conhecida como termosfera, a temperatura volta a crescer em função da
altitude.
A troposfera é a única camada que mantém contato com a crosta terrestre e com os seres
vivos. Ela é de fundamental importância para a respiração dos organismos aeróbios (utilizam
oxigênio livre em sua respiração) e também é bastante influenciada pela poluição do ar. Nela
ainda ocorrem as variações climáticas decorrentes dos ventos e evaporação das águas
superficiais.

2.3.3. COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA


A composição da atmosfera não é só gasosa, embora essa seja, sem dúvida, a maior parcela
em termos de massa relativa. A mistura de todos esses gases é o que chamamos de ar. A
atmosfera nada mais é do que a região ao redor da Terra ocupada pelas moléculas que
compõem o ar.

Figura 2.14 – Composição da atmosfera


Fonte: Reis Jr., N. C. Recursos atmosféricos, UFES

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Alguns sólidos, como poeira em suspensão, pólen e microorganismos, estão naturalmente


presentes, além de existir uma porção líquida dispersa, composta de gotículas resultantes da
condensação do vapor d´água em forma de nuvens, neblinas e chuvas.
O nitrogênio (N2) é o principal componente do ar, estando presente numa concentração de
78%. O segundo componente é o oxigênio (O2) que representa 21% da porção gasosa. O
restante (1%) é formado por gases variados, tais como dióxido de carbono (CO2), metano
(CH4), hidrogênio (H2), óxido de dinitrogênio (N2O), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3),
gases nobres e outros componentes em escalas mínimas, inclusive dependendo do ambiente
analisado.

2.3.4. IMPACTOS AMBIENTAIS COMUNS NO AR E SEUS CONTROLES


2.3.4.1. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A poluição atmosférica é resultado das mudanças que ocorrem na composição dos gases
minoritários, pois a composição dos principais gases, N2 e O2, não têm variado muito ao longo
do tempo. As transformações químicas que acontecem na atmosfera tendem a manter sua
composição num estado estacionário, visto que alguns compostos são convertidos
quimicamente em espécies mais solúveis em água, favorecendo o seu retorno à crosta
terrestre por processos como a chuva, como se fosse um processo de “lavagem”.
Na atmosfera, estão constantemente acontecendo reações químicas. A presença do oxigênio
diatômico, altamente reativo, e de outras substâncias em pequena concentração, além da luz
solar, fazem da atmosfera um grande reator químico. Quase todos os gases emitidos para o ar,
sejam naturais ou poluentes, são oxidados completamente e os produtos da reação de
oxidação são depositados na superfície da terra ao longo do tempo. Dessa forma, as reações
de oxidação são de vital importância, pois promovem uma limpeza do ar atmosférico.

Figura 2.15 – Concentrações de algumas substâncias no ar atmosférico


(Fonte: Reis Jr., N. C. Recursos atmosféricos, UFES)

Os compostos que passam da superfície terrestre para a primeira camada de ar, iniciam
imediatamente uma série de reações que podem ser muito rápidas, completando-se em alguns
minutos ou horas, ou muito lentas, demorando dias ou anos para serem concluídas.

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Cada composto emitido para a atmosfera possui um tempo de residência, definido como o
tempo médio de permanência do composto na atmosfera e que depende da capacidade de
reação do composto. Ele é um valor de referência e pode mudar dependendo das condições
ambientais. Quanto maior o tempo de residência mais abrangente é a ação da substância, ou
seja, maior é a área que pode ser afetada por determinado poluente. Isto porque, ao ser
lançado na atmosfera, um composto pode atuar no local onde ocorreu a emissão ou ser levado
pela ação dos ventos para regiões mais distantes.

COMPOSTOS TEMPO DE RESIDÊNCIA


DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) 4 ANOS
MONÓXIDO DE CARBONO (CO) 0,1 ANOS
METANO (CH4) 8 ANOS
ÓXIDO DE DINITROGÊNIO (N2O) 85 ANOS
ÓXIDO NÍTRICO (NO) 1 DIA
DIÓXIDO DE NITROGENIO (NO2) 1 DIA
AMÔNIA (NH3) 5 DIAS

Tempo de residência de alguns gases na atmosfera


Fonte: Rocha et al, 2004.

Observe que o N2O pode permanecer na atmosfera por mais de uma geração e, assim, em
função de todo esse tempo que passa sem se degradar, pode ser espalhado pelo planeta
quando emitido em qualquer ponto da superfície.
Os gases e partículas presentes na atmosfera terrestre são alimentados por diversas fontes.
Essas podem ser naturais, como vulcões e a água dos oceanos, ou antrópicas, como por
exemplo, o escapamento de um veículo ou a chaminé de uma fábrica. As fontes podem ser
ainda pontuais ou difusas, dependendo da área onde se espalham (chaminé ou água dos
mares), móveis ou estacionárias (chaminé ou turbina de avião).

2.3.4.2. PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS


A poluição atmosférica é a alteração da composição química natural da atmosfera, que resulta
das várias atividades humanas - nomeadamente a industrial e a utilização de transportes
automotivos – e também de fenômenos naturais, tais como as erupções vulcânicas e os
incêndios.
O nível de alteração da camada inferior da atmosfera (troposfera) está relacionado com o
conceito de Qualidade do Ar. Essa alteração repercute-se negativamente na saúde pública e
no bem estar das populações, exercendo também uma influência nefasta na fauna, flora e até
no patrimônio construído.

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Consideramos uma substância como poluente, quando a sua concentração local for maior que
aquela existente naturalmente no ecossistema e suficiente para causar danos a este. Além das
substâncias químicas, o calor e o som também são considerados poluentes da atmosfera.

Classificação dos poluentes atmosféricos - Os poluentes podem ser divididos em primários


e secundários. Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de
emissão para a atmosfera, como o dióxido de enxofre (SO2), o sulfeto de hidrogênio (H2S), os
óxidos de nitrogênio (NOx), a amônia (NH3), o monóxido de carbono (CO), o dióxido de
carbono (CO2) e o metano (CH4). Os gases provenientes do escape de um veículo automotivo
ou de uma chaminé de uma fábrica são exemplos desses poluentes e fontes geradoras. Os
poluentes secundários são aqueles formados na atmosfera através de reações químicas entre
os poluentes primários; se destacando o peróxido de hidrogênio (H2O2), o ácido sulfúrico
-
(H2SO4), o ácido nítrico (HNO3), o trióxido de enxofre (SO3), os nitratos (NO3 ), os sulfatos
2-
(SO4 ), o ozônio (O3) e o nitrato de peroxiacetila – PAN – (CH3COO2NO2), sendo que os dois
últimos estão entre os mais prejudiciais às pessoas e à vegetação porque formam radicais
livres (superóxidos, hidroxilas, dentre outros) que atacam os seres vivos. Alguns desses
poluentes, mais especificamente o SO2 e o NO2, quando se difundem na atmosfera, podem
reagir com a água e formar a chuva ácida, que causa corrosão aos materiais e danos à
vegetação. Os nitratos, produtos da dissociação do NOx pela água, são considerados
nutrientes, mas em excesso, ocasionam a eutrofização de corpos d’água. Em adição a esses
poluentes, há ainda hidrocarbonetos, compostos orgânicos voláteis (COVs), mercúrio (Hg), e
material particulado (MP), que corresponde às partículas em suspensão com diâmetro menor
que 50 µm. Estas partículas podem conter elementos tóxicos como o arsênico (As), o chumbo
(Pb), o cobre (Cu) e o níquel (Ni) e também aerossóis emitidos pela combustão. O ozônio
troposférico (O3) resulta de reações fotoquímicas que se estabelecem entre os óxidos de
nitrogênio (NOx) e os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs).

Figura 2.16 - Classificação dos poluentes atmosféricos e fontes


Fonte: www.brookscole.com

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Principais poluentes do ar
Monóxido de carbono (CO) – produzido pela combustão incompleta de combustíveis fósseis e
outros materiais que contenham carbono em sua composição.
Dióxido de carbono (CO2) – produzido pela combustão completa de combustíveis fósseis e
outros materiais que contenham carbono em sua composição e pela respiração aeróbica dos
seres vivos.
Óxidos de enxofre (SO3 e SO2) – produzidos pela queima de combustíveis que contenham
enxofre na sua composição (Ex: óleo diesel) e por processos biogênicos naturais no solo e na
água.
Óxidos de nitrogênio (NOx) – produzidos por processos de combustão e por descargas
elétricas na atmosfera (relâmpagos).
Hidrocarbonetos (compostos orgânicos voláteis – COVs) – resultam da queima incompleta de
combustíveis e dos processos de evaporação durante a estocagem e produção.
Material particulado (MP) – é definido como as partículas de materiais sólidos ou líquidos em
suspensão na atmosfera, como poeira, fuligem e pólen. São originados em processos naturais,
como é o caso da dispersão do pólen ou suspensão de poeira pela ação dos ventos, como
também são originados nos processos de combustão.
Amônia (NH3) – as indústrias químicas, em especial as de fertilizantes, são as principais fontes
de emissão da amônia para a atmosfera.
Gás sulfídrico (H2S) – é formado, como subproduto em refinarias de petróleo, indústrias
químicas, indústrias de celulose, além de também ser produzido em processos biogênicos
naturais.
Pesticidas e herbicidas – são usados na agricultura no combate de pragas e doenças em
plantas. São compostos orgânicos (organoclorados, organofosforados e carbamatos) que
contaminam a atmosfera durante a produção e aplicação pelo processo de pulverização nas
plantações e no solo.

2.3.4.3. FONTES E EFEITOS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS


Nos últimos séculos o aumento e a concentração da população humana mundial nas grandes
metrópoles têm gerado efeitos positivos, como o progresso econômico e tecnológico.
Entretanto, esses benefícios provocaram uma série de conseqüências ambientais
desfavoráveis, que resultou na contaminação do ar por uma variedade de poluentes, originados
de fontes estacionárias e móveis, principalmente a partir da queima de combustíveis fósseis. O
ar pode apresentar-se mais ou menos poluído por substâncias gasosas, líquidas ou sólidas, de
origens naturais ou produzidas pelas atividades humanas.
A Resolução CONAMA n° 3, de 28/06/1990, enquadra como poluente atmosférico a qualquer
forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou
características em desacordo com os níveis estabelecidos e que tornem ou possam tornar o ar
impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos

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materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às


atividades normais da comunidade.
Efeitos dos Poluentes Atmosféricos - Os efeitos da exposição à poluição atmosférica
dependem essencialmente das concentrações dos poluentes e do tempo de exposição.
Exposições prolongadas a concentrações baixas de poluentes podem ser mais nocivas do que
exposições de curta duração a concentrações elevadas. Fatores de sensibilidade que
determinam a maior ou menor severidade dos efeitos nos indivíduos: idade, estado nutricional,
condição física ou predisposições genéticas. Grupos de risco: crianças, idosos, grávidas e
indivíduos que sofram de problemas respiratórios e cardíacos.

Principais Poluentes Atmosféricos


ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NOx)
NO - Gás incolor, insípido, inodoro, pouco tóxico, papel importante como precursor nos
processos fotoquímicos.
NO2 - Gás castanho claro, facilmente detectável pelo odor, muito corrosivo, forte oxidante.
Fontes de NOx
Naturais - Transformações microbianas nos solos. Descargas elétricas na atmosfera.
Antropogênicas - Queima de combustíveis fósseis nas indústrias e nos transportes
automotivos (principal fonte em zonas urbanas). A maioria das emissões de óxidos de
nitrogênio faz-se essencialmente sob a forma de monóxido de nitrogênio (cerca de 90%),
oxidado posteriormente a dióxido de nitrogênio pelos oxidantes presentes na atmosfera.
Produção industrial.
Efeitos do NO2 na Saúde
Lesões nos brônquios e alvéolos pulmonares, aumento da reatividade aos alergênicos,
bronquite crônica, enfisemas, edema pulmonar se as doses forem elevadas. Problemas do
trato respiratório, especialmente em crianças (asma ou tosse convulsa), acidificante.
Outros efeitos dos NOx
Nas plantas: danos nos tecidos e redução de crescimento.
No ambiente: contribuem para a formação de chuvas ácidas.
Nos materiais: danificam polímeros naturais e sintéticos.

MONÓXIDO DE CARBONO (CO)


O CO é um gás incolor e inodoro.
Fontes
Essencialmente resultado da combustão incompleta de combustíveis fósseis. Os transportes
rodoviários é o setor que mais contribui para as suas emissões; pode ser também formado por
oxidação de poluentes orgânicos, tais como o metano; por ser emitido junto ao solo e difundir-
se rapidamente na atmosfera, a sua concentração diminui rapidamente longe das fontes de
emissão. Tráfego (principalmente veículos sem catalisador). Produção industrial

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Efeitos do CO na saúde
Combina-se com a hemoglobina do sangue de forma irreversível diminuindo a capacidade de
transporte do O2 dos pulmões até os tecidos, causando dificuldades respiratórias e asfixia.
Possui uma afinidade para se combinar com a hemoglobina 210 vezes superior à do oxigênio.
A transformação de 50% da hemoglobina em carboxihemoglobina pode conduzir à morte.
Diminui a percepção visual. Diminui a capacidade de trabalho. Diminui a destreza manual.
Afeta os sistemas cardiovascular e nervoso (suscetível de provocar tonturas, dores de cabeça
e fadiga)

DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)


Incolor e inodoro em baixas concentrações. Odor intenso em concentrações elevadas. É um
gás muito solúvel na água.
Fontes
Naturais - Atividade vulcânica e descargas elétricas na atmosfera.
Antropogênicas - Queima de combustíveis fósseis nas indústrias. Pequenas quantidades
resultantes da queima de combustíveis fósseis nos veículos a diesel. Produção industrial.
Efeitos do SO2 na Saúde
Gás irritante para as mucosas dos olhos e vias respiratórias em concentrações elevadas, pode
provocar efeitos agudos e crônicos na saúde humana, especialmente no aparelho respiratório.
Pode agravar problemas cardiovasculares, sendo os efeitos agravados pela presença
simultânea do SO2 e de partículas na atmosfera. Problemas no trato respiratório,
especialmente em grupos sensíveis como asmáticos.
Efeitos do SO2 no Ambiente
É um poluente acidificante, contribuindo para fenômenos como as chuvas ácidas. O enxofre (S)
libertado na queima de combustíveis fósseis combina-se com o oxigênio do ar e forma-se
dióxido de enxofre: S + O2  SO2. O SO2 formado pode reagir novamente com o oxigênio do ar
para dar SO3 (trióxido de enxofre): 2SO2 + O2  2SO3. O trióxido de enxofre na presença de
umidade dá origem ao ácido sulfúrico: SO3 + H2O  H2SO4. Este ácido contribui para a
formação das chuvas ácidas, com conseqüente acidificação das águas, solos, lesões nas
plantas, materiais, etc.
Outros efeitos do SO2
Nas plantas provoca alterações dos seus processos metabólicos tais como: redução da taxa de
crescimento e da atividade fotossintética, aparecimento de necroses, aumento da sensibilidade
ao gelo e parasitas. Os líquenes são os mais susceptíveis. Nos materiais provoca corrosão das
edificações, acelera envelhecimento e degradação das edificações.

OZÔNIO (O3)
Incolor e poderoso oxidante. É o mais importante dos oxidantes fotoquímicos. Na estratosfera
existe em grande quantidade onde tem um papel essencial ao limitar a quantidade de radiação

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solar UV que atinge a superfície terrestre. Na troposfera (camada mais baixa da atmosfera) é
um poluente secundário nocivo para a saúde.
Formação do O3
Resultante de um conjunto de reações fotoquímicas complexas envolvendo compostos
orgânicos voláteis, óxidos de nitrogênio, oxigênio e radiação solar. Como resultado do seu
processo de formação as suas concentrações são normalmente mais elevadas durante o
período de Primavera-Verão, especialmente quando a radiação solar é forte, as temperaturas
elevadas e em situações de vento fraco e estabilidade da atmosfera. Ao nível do solo resulta
de reações químicas entre óxidos de nitrogênio e os compostos orgânicos voláteis na presença
de luz solar e de temperaturas elevadas.
Efeitos do O3 na saúde
Penetra profundamente nas vias respiratórias, afetando os brônquios e os alvéolos
pulmonares. Causa irritações nos olhos, nariz e garganta, seguindo-se tosse e dor de cabeça.
Os efeitos manifestam-se mesmo para baixas concentrações e períodos curtos.
Efeitos do O3 na vegetação
Provoca manchas nas folhas. Provoca redução de crescimento a partir de certas
concentrações e períodos de exposição. Completa destruição de culturas mais sensíveis.
Efeitos do O3 nos materiais
Provoca a degradação de muitos materiais, tais como a borracha, designadamente dos limpa
pára-brisa dos automóveis que em atmosferas urbanas poluídas perdem a flexibilidade e
quebram facilmente. Irrita o trato respiratório, podendo provocar dificuldades respiratórias. É
responsável por perdas agrícolas e danos na vegetação.

PARTÍCULAS
As partículas podem ser: Primárias, quando são emitidas por fontes poluidoras. Secundárias:
quando se formam na atmosfera pela condensação de gases, ou como resultado de reações
químicas entre outros poluentes. Podem apresentar-se sob a forma líquida ou sólida e ter
dimensões que variam entre algumas dezenas de nanômetros e uma centena de micrômetros
(µm). As de origem mineral apresentam-se na forma sólida. As de origem orgânica resultam de
condensação de gases.
Fontes Naturais – vulcões, aerossóis marinhos, ação do vento sobre o solo, fogos florestais.
Fontes Antropogênicas – queima de combustíveis fósseis, processos industriais, tráfego
rodoviário, produção industrial, construção civil, atividades agrícolas.
Efeitos das partículas na saúde
Dependem tanto da dimensão como das características físicas e químicas das partículas. As
partículas mais finas podem transportar substâncias tóxicas para as vias respiratórias. As PM10
podem causar vários problemas de saúde: irritação nasal, tosse, bronquite, asma. As PM2,5
podem penetrar profundamente nas vias respiratórias e atingir os alvéolos pulmonares,
provocando dificuldades respiratórias e por vezes danos permanentes. Danos no sistema
respiratório. Diminuição da troca gasosa em espécies vegetais.

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Outros efeitos das partículas


Podem influenciar o clima ao absorverem e difundirem a radiação solar. Intervêm no ciclo da
água (formação das nuvens, nevoeiros e precipitação).
Podem provocar corrosão dos edifícios e de outros materiais, diminuir o seu tempo de vida útil
e aumentar os custos de limpeza e manutenção.
Podem interferir na fotossíntese e causar danos nas plantas ao depositarem-se nas folhas.

Da poluição atmosférica resultam efeitos de macro-escala, tais como: o aquecimento


global/alterações climáticas, deterioração da camada de ozônio na alta atmosfera, etc., e
também uma degradação mais localizada do ar que respiramos.

2.3.4.4. IMPACTOS AMBIENTAIS NA MATRIZ AR


AQUECIMENTO GLOBAL
O Aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão - um aumento da
temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. Entretanto, o
significado deste aumento de temperatura ainda é objeto de muitos debates entre os cientistas.
Causas naturais ou antropogênicas (provocadas pelo homem) têm sido propostas para explicar
o fenômeno.
Grande parte da comunidade científica acredita que o aumento de concentração de poluentes
antropogênicos na atmosfera é causa do efeito estufa. A Terra recebe radiação emitida pelo
Sol e devolve grande parte dela para o espaço através de radiação de calor. Os poluentes
atmosféricos estão retendo uma parte dessa radiação que seria refletida para o espaço, em
condições normais. Essa parte retida causa um importante aumento do aquecimento global.
A principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura de estações
metereológicas em todo o globo desde 1860. Os dados com a correção dos efeitos de "ilhas
urbanas" mostram que o aumento médio da temperatura foi de 0,6+-0.2 C durante o século XX.
Os maiores aumentos foram em dois períodos: 1910 a 1945 e 1976 a 2000. (Fonte: IPCC -
Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas).
Evidências secundárias são obtidas através da observação das variações da cobertura de neve
das montanhas e de áreas geladas, do aumento do nível global dos mares, do aumento das
precipitações, da cobertura de nuvens, do El Niño e outros eventos extremos de mau tempo
durante o século XX.
Por exemplo, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área que é coberta por
neve desde os anos 60. A área da cobertura de gelo no hemisfério norte na primavera e verão
também diminuiu em cerca de 10% a 15% desde 1950 e houve retração das montanhas
geladas em regiões não polares durante todo o século XX. (Fonte: IPCC).
Causas - Mudanças climáticas ocorrem devido a fatores internos e externos. Fatores internos
são aqueles associados à complexidade derivada do fato dos sistemas climáticos serem
sistemas caóticos não lineares. Fatores externos podem ser naturais ou antropogênicos.

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O principal fator externo natural é a variabilidade da radiação solar, que depende dos ciclos
solares e do fato de que a temperatura interna do sol vem aumentando. Fatores
antropogênicos são aqueles da influência humana levando ao efeito estufa, o principal dos
quais é a emissão de sulfatos que sobem até a estratosfera causando depleção da camada de
ozônio (Fonte: IPCC)
Cientistas concordam que fatores internos e externos naturais podem ocasionar mudanças
climáticas significativas. No último milênio dois importantes períodos de variação de
temperatura ocorreram: um período quente conhecido como Período Medieval Quente e um
frio conhecido como Pequena Idade do Gelo. A variação de temperatura desses períodos tem
magnitude similar ao do atual aquecimento e acredita-se terem sido causados por fatores
internos e externos somente. A Pequena Idade do Gelo é atribuída à redução da atividade
solar e alguns cientistas concordam que o aquecimento terrestre observado desde 1860 é uma
reversão natural da Pequena Idade do Gelo (Fonte: The Skeptical Environmentalist).
Entretanto grandes quantidades de gases têm sido emitidas para a atmosfera desde que
começou a revolução industrial, a partir de 1750 as emissões de dióxido de carbono
aumentaram 31%, metano 151%, óxido de nitrogênio 17% e ozônio troposférico 36% (Fonte
IPCC).
A maior parte destes gases é produzida pela queima de combustíveis fósseis. Os cientistas
pensam que a redução das áreas de florestas tropicais tem contribuído, assim como as
florestas antigas, para o aumento do carbono. No entanto florestas novas nos Estados Unidos
e na Rússia contribuem para absorver dióxido de carbono e desde 1990 a quantidade de
carbono absorvido é maior que a quantidade liberada no desflorestamento. Nem todo dióxido
de carbono emitido para a atmosfera se acumula nela, metade é absorvido pelos mares e
florestas.
A real importância de cada causa proposta pode somente ser estabelecida pela quantificação
exata de cada fator envolvido. Fatores internos e externos podem ser quantificados pela
análise de simulações baseadas nos melhores modelos climáticos. A influência de fatores
externos pode ser comparada usando conceitos de força radioativa. Uma força radioativa
positiva esquenta o planeta e uma negativa o esfria. Emissões antropogênicas de gases,
depleção do ozônio estratosférico e radiação solar têm força radioativa positiva e aerossóis têm
o seu uso como força radioativa negativa. (Fonte IPCC).
Modelos climáticos - Simulações climáticas mostram que o aquecimento ocorrido de 1910 até
1945 pode ser explicado somente por forças internas e naturais (variação da radiação solar),
mas o aquecimento ocorrido de 1976 a 2000 necessita da emissão de gases antropogênicos
causadores do efeito estufa para ser explicado. A maioria da comunidade científica está
atualmente convencida de que uma proporção significativa do aquecimento global observado é
causado pela emissão de gases produtores do efeito estufa emitidos pela atividade humana.
(Fonte IPCC)
Esta conclusão depende da exatidão dos modelos usados e da estimativa correta dos fatores
externos. A maioria dos cientistas concorda que importantes características climáticas estejam

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sendo incorretamente incorporadas nos modelos climáticos, mas eles também pensam que
modelos melhores não mudariam a conclusão. (Fonte: IPCC)
Os críticos dizem que há falhas nos modelos e que fatores externos não levados em
consideração poderiam alterar as conclusões acima. Os críticos dizem que simulações
climáticas são incapazes de modelar os efeitos resfriadores das partículas, ajustarem a
retroalimentação do vapor de água e levar em conta o papel das nuvens. Críticos também
mostram que o Sol pode ter uma maior cota de responsabilidade no aquecimento global
atualmente observado do que o aceite pela maioria da comunidade científica. Alguns efeitos
solares indiretos podem ser muito importantes e não são levados em conta pelos modelos.
Assim, a parte do aquecimento global causado pela ação humana poderia ser menor do que se
pensa atualmente. (Fonte: The Skeptical Environmentalist)
Efeitos - Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente o
aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Algumas importantes mudanças
ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global. Os exemplos de
evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível do
mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das conseqüências do aquecimento
global que podem influenciar não somente as atividades humanas, mas também os
ecossistemas. Aumento da temperatura global permite que um ecossistema mude; algumas
espécies podem ser forçadas a sair dos seus habitats (possibilidade de extinção) devido a
mudanças nas condições enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.
Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez que aumentos de
temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade do
ecossistema. Observações de satélites mostram que a produtividade do hemisfério Norte
aumentou desde 1982. Por outro lado é fato de que o total da quantidade de biomassa
produzida não é necessariamente muito boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio
diminuir ainda mais um pequeno número de espécie que esteja florescendo.
Uma outra causa grande preocupação é o aumento do nível do mar. O nível dos mares está
aumentando em 0.01 a 0.02 metros por década e em alguns países insulares no Oceano
Pacífico são expressivamente preocupantes, porque cedo eles estarão debaixo d’água. O
aquecimento global provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica
da água dos oceanos, mas alguns cientistas estão preocupados que no futuro, a camada de
gelo polar e os glaciares derretam. Em conseqüência haverá aumento do nível, em muitos
metros. No momento, os cientistas não esperam um maior derretimento nos próximos 100
anos. (Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande imprensa para as percepções
gerais de que as mudanças climáticas).
Como o clima fica mais quente, a evaporação aumenta. Isto provoca pesados aguaceiros e
mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar resultados mais extremos no
clima como progressivo aquecimento global.
O aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios. A Corrente do Atlântico
Norte, por exemplo, provocada por diferenças entre a temperatura entre os mares.

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Aparentemente ela está diminuindo conforme as médias da temperatura global aumentam isso
significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente devem
apresentar climas mais frios a despeito do aumento do calor global.
Painel Intergovernamental sobre as Mudanças do Clima (IPCC) - Como este é um tema de
grande importância, os governos precisam de previsões de tendências futuras das mudanças
globais de forma que possam tomar decisões políticas que evitem impactos indesejáveis. O
aquecimento global está sendo estudado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change
(IPCC). O último relatório do IPCC faz algumas previsões a respeito das mudanças climáticas.
Tais previsões são a base para os atuais debates políticos e científicos.
As previsões do IPCC baseiam-se nos mesmos modelos utilizados para estabelecer a
importância de diferentes fatores no aquecimento global. Tais modelos alimentam-se dos
dados sobre emissões antropogênicas dos gases causadores de efeito estufa e de aerossóis,
gerados a partir de 35 cenários distintos, que variam entre pessimistas e otimistas. As
previsões do aquecimento global dependem do tipo de cenário levado em consideração,
nenhum dos quais leva em consideração qualquer medida para evitar o aquecimento global.
O último relatório do IPCC projeta um aumento médio de temperatura superficial do planeta
entre 1,4 e 5,8º C entre 1990 a 2100. O nível do mar deve subir de 0,1 a 0,9 metros nesse
mesmo período.
Apesar das previsões do IPCC serem consideradas as melhores disponíveis, elas são o centro
de uma grande controvérsia científica. O IPCC admite a necessidade do desenvolvimento de
melhores modelos analíticos e compreensão científica dos fenômenos climáticos, assim como
a existência de incertezas no campo. Críticos apontam para o fato de que os dados disponíveis
não são suficientes para determinar a importância real dos gases causadores do efeito estufa
nas mudanças climáticas. A sensibilidade do clima aos gases estufa estaria sendo
superestimada enquanto fatores externos subestimados.
Por outro lado, o IPCC não atribui qualquer probabilidade aos cenários em que suas previsões
são baseadas. Segundo os críticos isso leva a distorção dos resultados finais, pois os cenários
que predizem maiores impactos seriam menos passíveis de concretização por contradizerem
as bases do racionalismo econômico.
Convenção-Quadro Sobre Mudanças Climáticas e o Protocolo de Kyoto - Mesmo havendo
dúvidas sobre sua importância e causas, o aquecimento global é percebido pelo grande público
e por diversos líderes políticos como uma ameaça potencial. Por se tratar de um cenário
semelhante ao da tragédia dos comuns, apenas acordos internacionais seriam capazes de
propor uma política de redução nas emissões de gases estufa que, de outra forma, os países
evitariam implementar de forma unilateral. Do Protocolo de Kyoto a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foram ratificadas por todos os países
industrializados que concordaram em reduzir suas emissões abaixo do nível registrado em
1990. Ficou acertado que os países em desenvolvimento ficariam isentos do acordo. Contudo,
Bush, presidente dos Estados Unidos — país responsável por cerca de um terço das emissões

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mundiais, decidiu manter o seu país fora do acordo. Essa decisão provocou uma acalorada
controvérsia ao redor do mundo, com profundas ramificações políticas e ideológicas.
Para avaliar a eficácia do Protocolo de Kyoto, é necessário comparar o aquecimento global
com e sem o acordo. Diversos autores independentes concordam que o impacto do protocolo
no fenômeno é pequeno (uma redução de 0,15 num aquecimento de 2ºC em 2100). Mesmo
alguns defensores de Kyoto concordam que seu impacto é reduzido, mas o vêem como um
primeiro passo com mais significado político que prático, para futuras reduções. No momento, é
necessária uma analise feita pelo IPCC para resolver essa questão.
O Protocolo de Kyoto também pode ser avaliado comparando-se ganhos e custos. Diferentes
análises econômicas mostram que o Protocolo de Kyoto pode ser mais dispendioso do que o
aquecimento global que procura evitar. Contudo, os defensores da proposta argumentam que
enquanto os cortes iniciais dos gases estufa têm pouco impactos, eles criam um precedente
para cortes maiores no futuro.

EFEITO ESTUFA
O Efeito Estufa é a forma que a Terra tem para manter sua temperatura constante. A atmosfera
é altamente transparente à luz solar, porém cerca de 35% da radiação que recebemos vai ser
refletida de novo para o espaço, ficando os outros 65% retidos na Terra. Isto se deve
principalmente ao efeito sobre os raios infravermelhos de gases como o Dióxido de Carbono,
Metano, Óxidos de Nitrogênio e Ozônio presentes na atmosfera (totalizando menos de 1%
desta), que vão reter esta radiação na Terra, permitindo-nos assistir ao efeito calorífico dos
mesmos.

Gases de estufa Principais causas

Combustão de combustíveis fósseis: petróleo, gás natural, carvão, desmatamento (libertam CO2
quando queimadas ou cortadas).
Dióxido de Carbono(CO2) O CO2 é responsável por cerca de 64% do efeito estufa. Diariamente são enviados cerca de 6 mil
milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera.
Tem um tempo de duração de 50 a 200 anos.

São usados em spray, motores de aviões, plásticos e solventes utilizados na indústria eletrônica.
Clorofluorcarbonos (CFCs) Responsável pela destruição da camada de ozônio. Também é responsável por cerca de 10% do
efeito estufa. O tempo de duração é de 50 a 1700 anos.

Produzido por culturas agrícolas, pelo gado e esgotos. É responsável por cerca de 19 % do efeito
Metano (CH4) estufa.
Tem um tempo de duração de 15 anos.

Produzido pela combustão da madeira e de combustíveis fósseis, pela decomposição de


Óxidos de nitrogênio (NOx)
fertilizantes químicos e por microrganismos. É responsável por cerca de 6% do efeito estufa.

É originado através da poluição dos solos provocada pelas fábricas, refinarias de petróleo e
Ozônio (O3)
veículos automóveis

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Nos últimos anos, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado cerca
de 0,4% anualmente; este aumento se deve à utilização de petróleo, gás e carvão e à
destruição das florestas tropicais. A concentração de outros gases que contribuem para o
Efeito de Estufa, tais como o metano e os clorofluorcarbonos também aumentaram
rapidamente.
O efeito conjunto de tais substâncias pode vir a causar um aumento da temperatura global
(Aquecimento Global) estimado entre 2 e 6 ºC nos próximos 100 anos. Um aquecimento desta
ordem de grandeza não só irá alterar os climas em nível mundial como também irá aumentar o
nível médio das águas do mar em, pelo menos, 30 cm, o que poderá interferir na vida de
milhões de pessoas habitando as áreas costeiras mais baixas.
Se a terra não fosse coberta por um manto de ar, a atmosfera, seria demasiado fria para a
vida. As condições seriam hostis à vida, a qual de tão frágil que é, bastaria uma pequena
diferença nas condições iniciais da sua formação, para que nós não pudéssemos estar aqui
discutindo-a.
O Efeito Estufa consiste, basicamente, na ação do dióxido de carbono e outros gases sobre os
raios infravermelhos refletidos pela superfície da terra, reenviando-os para ela, mantendo
assim uma temperatura estável no planeta.
Ao irradiarem a Terra, parte dos raios luminosos oriundos do Sol são absorvidos e
transformados em calor, outros são refletidos para o espaço, mas só parte destes chega a
deixar a Terra, em conseqüência da ação refletora que os chamados "Gases de Efeito Estufa"
(dióxido de carbono, metano, ozônio, clorofluorcarbonos – CFCs e óxidos de nitrogênio) têm
sobre tal radiação reenviando-a para a superfície terrestre na forma de raios infravermelhos.

Figura 2.17 – Esquema do efeito estufa


Fonte: http://www.rudzerhost.com/ambiente/estufa.htm

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Do total de raios solares que atingem o planeta quase 50% ficam retidos na atmosfera, o
restante que alcança a superfície terrestre aquece e irradia calor, esse processo é chamado de
efeito estufa.
Apesar do efeito estufa ser figurado como algo ruim, esse processo é um evento natural que
favorece a proliferação da vida no planeta Terra. O efeito estufa tem como finalidade impedir
que a Terra esfrie demais, caso a Terra tivesse a temperatura muito baixa certamente não
teríamos tantas variedades de vida. Contudo, recentemente uma série de estudos realizados
por pesquisadores e cientistas, principalmente no século XX, têm indicado que as ações
antrópicas (ações do homem) têm agravado esse processo por meio de emissão de gases na
atmosfera, especialmente o CO2.
O dióxido de carbono CO2 é produzido a partir da queima de combustíveis fósseis usados em
veículos automotores movidos à gasolina e óleo diesel. Esse não é o único agente que
contribui para emissão de gases, existem outros como as queimadas em florestas, pastagens e
lavouras após a colheita.
Com o intenso crescimento da emissão de gases e também de poeira que vão para a
atmosfera certamente a temperatura do ar terá um aumento de aproximadamente 2ºC em
médio prazo. Caso não haja um retrocesso na emissão de gases esse fenômeno ocasionará
em uma infinidade de modificações no espaço natural e automaticamente na vida do homem.
Dentre muitas as principais são:
• Mudanças climáticas drásticas, onde lugares de temperaturas extremamente frias sofrem
elevações nas mesmas ou em áreas úmidas comecem a enfrentar períodos de estiagem. Além
disso, o fenômeno pode levar áreas cultiváveis e férteis a entrar em um processo de
desertificação.
• Aumento significativo na incidência de grandes tempestades, furacões ou tufões e tornados.
• Perda de espécies da fauna e flora em distintos domínios naturais do planeta.
• Contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos pólos e conseqüentemente
provocar uma elevação global nos níveis dos oceanos.

SMOG INDUSTRIAL E FOTOQUÍMICO


A palavra “Smog” é uma junção de duas palavras da língua inglesa: “smoke” e “fog”,
respectivamente, fumaça e neblina. Smog é um fenômeno que ocorre principalmente nas
grandes cidades, se caracterizando como a mistura de gases, fumaça e vapores de água,
formando uma grande massa de ar. Mais precisamente, o smog é formado por óxidos de
nitrogênio (NOx), compostos voláteis orgânicos (VOCs), dióxido de enxofre, aerossóis ácidos e
gases.
Da classe orgânica representada pela sigla VOCs (Compostos Orgânicos Voláteis), alguns
desses compostos são tóxicos e carcinogênicos, portanto produzem efeitos adversos e diretos
na saúde humana, principalmente a exposição em concentrações elevadas e por um longo
período de tempo. Um exemplo de dano à saúde: a exposição ao formaldeído pode provocar
náuseas, vertigens, reduzir a força física, irritação nos olhos, nariz e garganta. Exemplos de

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VOCs: Combustíveis à base de petróleo: gasolina, querosene, e outros; Aditivos de pintura;


Propulsores de latas de aerossol; Destilados do petróleo; Produtos de limpeza seca; Muitos
produtos industriais; Alguns pesticidas e herbicidas.
Em Londres, por volta das décadas de 40, 50 e 60, as pessoas conviviam com o smog durante
todo o dia. Em alguns momentos, os ônibus tinham que circular de faróis acesos, pois o smog
dificultava a passagem de luz solar.
Os principais responsáveis pelo smog são os automóveis, indústrias e até mesmo as casas,
devido aos processos de combustão. No entanto, alguns gases que fazem parte do smog
também se formam nas florestas.
Os smogs são considerados episódios críticos de poluição nas grandes cidades e são
dependentes dos poluentes gerados e das condições climáticas existentes.
Existem dois tipos principais: smog fotoquímico e smog industrial. Os dois tipos de smog
podem ocorrer simultânea ou isoladamente numa mesma região.
Smog Industrial
 Típico das regiões frias e úmidas;
 Episódios mais críticos ocorrem no inverno;
 É agravado pela inversão térmica;
 Principais poluentes são gerados pela queima de carvão e óleo combustível;
 Principais componentes são SO2 e material particulado (MP);
 Formação de névoa acinzentada que recobre as regiões onde ocorre.
Smog Fotoquímico
 Típico em cidades quentes e de clima seco;
 Picos de poluição ocorrem em dias quentes, com muito sol;
 Principais causadores são veículos;
 Poluentes: monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC);
 Os gases poluentes sofrem reações por efeito da radiação solar, gerando outros
componentes tóxicos;
 Apresenta cor marrom avermelhada;
 Produtos formados são: ozônio, ácido nítrico e compostos orgânicos parcialmente oxidados.
O smog fotoquímico é a reação de hidrocarbonetos, não muito poluentes, com gases presentes
na atmosfera, O3, NO e NO2. O ozônio é o principal componente do smog fotoquímico.
O ozônio reage com hidrocarbonetos formando álcoois, cetonas e aldeídos, aumentando o
número de compostos orgânicos poluentes da atmosfera, como o formaldeído (H2C=O) e a
acroleína (H2C=CH-CHO). Hidrocarbonetos insaturados podem reagir com o NO e o NO2
formando nitratos orgânicos, substâncias poluentes e muito irritantes como o nitrato de metila
(H3C-O-NO2) e o PAN - nitrato de peroxiacetila (H3C-CO-O-O-NO2).
O Smog fotoquímico é uma mistura de hidrocarbonetos oxidados e outros compostos. Os
problemas de smog fotoquímico podem se agravar com o aumento da incidência de radiações
UV na superfície terrestre. Uma grande porcentagem da emissão de smog é proveniente da
queima de combustíveis e do uso de produtos para pinturas e solventes.

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O smog é prejudicial à saúde, podendo causar uma série de doenças respiratórias,


principalmente em pessoas idosas e crianças, por possuírem baixa resistência. Geralmente
ocorrem episódios de tosse, sensação de peito apertado e asma. É aconselhável evitar fazer
exercícios físicos ao ar livre durante a tarde e no começo da noite em dias de smog, além de
evitar também o exercício próximo de áreas de trânsito pesado, especialmente nos horários de
pico.
Os efeitos do smog podem ser fatais. Na Inglaterra em meados do século XX, misturas letais
de smog mataram 600 pessoas em 1948, cerca de três mil em 1952, mais mil em 1956, e 750
em 1962.

INVERSÃO TÉRMICA
A inversão térmica é um fenômeno meteorológico facilmente visto a olho nu nas grandes
cidades como São Paulo ou Nova York, principalmente no inverno. É aquele facho de luz cinza
alaranjado que divide o céu um pouco antes de anoitecer.
Para entender o fenômeno é preciso ter em mente o seguinte: o ar quente, menos denso e
mais leve, tende a subir e o ar frio, mais denso e pesado, tende a descer.
Durante a maioria dos dias, o movimento do ar na atmosfera é vertical e linear. O ar quente,
fruto da ação dos raios solares no solo, sobe para dar lugar ao ar frio. Nesse movimento, os
poluentes, que são mais quentes e menos densos que o ar, sobem ainda mais e se dispersam.
Para que ocorra a inversão térmica é preciso alguns fatores específicos como baixa umidade
do ar. O fenômeno pode ocorrer em qualquer época do ano, mas fica mais intenso nas épocas
de noites longas, com baixas temperaturas e pouco vento.
O que efetivamente acontece com a inversão térmica pode ser explicado da seguinte forma:
Quando chega o final da tarde de um dia de inverno em São Paulo, por exemplo, os raios
solares tornam-se mais difusos e frágeis, assim o solo da cidade se resfria rapidamente. E
conseqüentemente, o ar próximo do solo se resfria rapidamente. Aquele ar quente que ainda
está na atmosfera continua a subir, mas o ar frio próximo ao solo, por ser mais denso e
pesado, fica parado. Assim a temperatura cai ainda mais e os poluentes, que normalmente são
"levados" pelo ar quente, acabam retidos na camada mais baixa da atmosfera. Quando ocorre
à inversão térmica, os poluentes, que normalmente iriam se dispersar acompanhando o ar
quente liberado na terra, ficam presos. A faixa cinza alaranjada é a conseqüência visível do
fenômeno.
É comum nos invernos paulistanos vários moradores apresentarem problemas de saúde, afinal
à poluição atmosférica torna-se mais intensa. Entre os efeitos dos poluentes, é constatado que
o monóxido de carbono, que sai dos escapamentos dos veículos, causa disfunções do
miocárdio; o dióxido de enxofre, problemas respiratórios. Além desses dois poluentes, várias
partículas inaláveis prejudicam a circulação vascular do corpo humano, ampliando as chances,
por exemplo, de aumento da pressão arterial.

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Figura 2.18 – Fenômeno da inversão térmica


Fonte: <http://ambiente.hsw.uol.com.br/inversao-termica.htm>.

Estudos da Universidade de São Paulo estimam que cerca de oito pessoas morrem por dia na
região metropolitana de São Paulo por causa de conseqüências indiretas da poluição
atmosférica.
Para diminuir o impacto da poluição, São Paulo adota, desde 1997, o rodízio de carros,
eliminando boa parte da frota durante o horário de rush. Além disso, a Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) tem controlado a qualidade do ar em São
Paulo com atenção especial para os dias de inverno. Em 2006, 32% dos dias entre maio e
setembro foram desfavoráveis para a dispersão dos poluentes. A porcentagem foi a maior
detectada desde 2001.

DEPLEÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO


o
Propriedades do ozônio - O ozônio (O3) é um gás instável, com PE -112 C. É uma forma
alotrópica do oxigênio, constituído por 3 átomos unidos por ligações simples e duplas, sendo
um híbrido de ressonância com comprimento médio de ligação de 1,28 Angstron, formando um
o
ângulo de 116 49'. É um agente oxidante extremamente poderoso mais fraco apenas que o F2,
reagindo muito mais rapidamente que o O2. Sua alta reatividade o transforma em elemento
tóxico capaz de atacar proteínas (destruindo microorganismos) e prejudicar o crescimento dos
vegetais. É um gás à temperatura ambiente, de coloração azul-pálida, devido à intensa
absorção de luz vermelha, atingindo coloração azul-escura quando transita para o estado
líquido, situação em que adquire propriedades explosivas.
Produção do ozônio - É produzido naturalmente na estrastosfera pela ação fotoquímica dos
raios ultravioleta sobre as moléculas de oxigênio. Esses raios são suficientemente intensos
para separar os dois átomos que compõe a molécula de O2, produzindo assim o oxigênio
atômico: O2(g) + hν −> O + O, onde hν representa a energia correspondente à luz ultravioleta
necessária para a ocorrência da dissociação.

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A produção de ozônio é realizada numa etapa imediatamente posterior, resultando da


associação de um átomo de oxigênio e uma molécula de O2 na presença de um catalisador
(elemento necessário para manter o balanço de energia, mas que não é consumido na reação):
O + O2(g) O3(g).
Camada de ozônio - Devido à alta reatividade, a concentração de ozônio é resultado de um
equilíbrio entre a sua produção e destruição, gerando camadas de alta e baixa concentração
que atingem níveis máximos numa faixa de 30 km de altura, chamada Camada de Ozônio.
Está situada na estrastosfera, entre 15 e 50 km, formando um escudo protetor natural da Terra,
contra as radiações UV provenientes do Sol. Quando os raios UV incidem sobre uma molécula
de ozônio, esta energia extra rompe as ligações entre os átomos, liberando uma molécula de

O2 e um átomo de O livre: O3(g) + hν  O(g) + O2(g). Nesta reação observa-se que o Ozônio é

consumido naturalmente como também é produzido na presença de um catalisador, havendo


um equilíbrio.
Destruição da Camada de Ozônio - O ozônio doa, com facilidade, moléculas de oxigênio para
espécies de radicais livres como o nitrogênio, hidrogênio, bromo e cloro. Esses compostos
ocorrem naturalmente na estratosfera a partir de fontes como o solo, vapores d'água e
oceanos: O3(g) + X  XO + O2(g), onde X pode ser O, NO, OH, Br ou Cl. Está comprovado que
emissões de enxofre, cloro, cinzas e calor decorrente de fenômenos naturais (como erupções
vulcânicas) contribuem para redução da camada de ozônio. Isso, porém, não livra o homem de
sua parcela de responsabilidade do problema. Compostos manufaturados são também,
capazes de alterar o nível de ozônio na atmosfera. Substâncias como CFCs e BrFCs podem
atravessar intactas as camadas mais baixas da atmosfera e se acumularem nas camadas
superiores onde a radiação UV é suficientemente forte para decompor as moléculas liberando
bromo e cloro em quantidade suficiente para atacar a camada de ozônio.

Figura 2.19 – Depleção da camada de ozônio


Fonte: http://bohr.quimica.ufpr.br/~dallara/camada.html

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Os CFCs são usados extensivamente em aerossóis, ar-condicionado, refrigeradores e


solventes de limpeza. Os dois principais tipos de CFCs são o triclorofluormetano (CFCl3) ou
CFC-11 e diclorodifluormetano (CF 2Cl2) ou CFC-12. O triclorofluormetano é usado em
aerossóis, enquanto que o diclorodifluormetano é tipicamente usado em refrigeradores.
Perto da superfície da terra clorofluorcarbonos são relativamente inofensivos porque não
reagem espontaneamente. São insolúveis em água, não podendo ser "lavados" pela chuva.
Está comprovado que sua estabilidade é o que o torna mais perigoso, porque ele atravessa a
atmosfera intacto, acumulando-se na estratosfera, onde pode ser decomposto pelos raios UV.
Na estratosfera, a radiação UV de alta energia ocasiona a fotodecomposição das moléculas de
CFCs liberando átomos de cloro que é um poderoso catalisador da destruição do ozônio.
Inicialmente os átomos de cloro livres, reagem com compostos instáveis contendo oxigênio,
como exemplo o ozônio, formando monóxido de cloro (ClO): Cl + O3(g)  ClO(g) + O2(g).
O monóxido de cloro reage com átomos de oxigênio, produzindo moléculas de O2 e
novamente, átomos de cloro. O átomo de cloro regenerado inicia um novo ciclo de destruição,
portanto, um único átomo de cloro pode ser capaz de destruir até cem mil moléculas de ozônio:
ClO(g) + O  Cl + O2(g).
Radiação UV - A radiação ultravioleta pertence ao espectro solar e pode ser separada em três
partes: a radiação UV-A, que se estende desde 320 a 400 nanômetros (nm); a radiação UV-B,
que vai de 280-320 nm; e a radiação UV-C, que vai de 280 a comprimentos de onda ainda
menores. O UV-C é totalmente absorvido na atmosfera terrestre, e por isto não é de maior
importância para medidas feitas da superfície da Terra. O UV-A é importante, porque não é
absorvido pela atmosfera, a não ser por espalhamento nas moléculas e partículas, e porque
tem efeitos sobre a pele humana. A radiação UV mais importante, sem dúvida, é a UV-B. Esta
radiação é absorvida na atmosfera pelo ozônio, na estratosfera. A pequena quantidade que
passa pela atmosfera e atinge a superfície é muito importante, porque excessos desta radiação
causam câncer de pele, e é a grande preocupação dos médicos dermatologistas. Como a
camada de ozônio está ainda diminuindo, e vai continuar assim por mais algumas décadas,
acredita-se que o UV-B vai aumentar sua intensidade no futuro. É por isto que as medidas de
UV-B, em diversas situações e em vários sítios, é considerada tão importante. Já existe
tecnologia adequada para se medir o UV-B. O INPE mantém uma importante rede de
monitores de UV-B no território nacional, e tem oferecido estas informações à comunidade
médica. Um dos objetivos do trabalho é divulgar o índice de UV-B, que é um número sem
dimensões que visa definir quantitativamente se o sol está forte ou fraco. É um número de 0 a
16. No inverno, em S.Paulo, por exemplo, o índice é da ordem de 5, e no verão da ordem de
12.
Problemas Decorrentes da Destruição da Camada de Ozônio - O ciclo de destruição do
ozônio estratosférico por radiação UVB desempenha um papel importante em favor da vida,
pois diminui a quantidade de radiação UV que chega até a superfície do planeta. A radiação
UV, que bronzeia, seca e envelhece a pele, é prejudicial aos animais e plantas, principalmente

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porque pode danificar o DNA (ácido desoxirribonucléico). Essa molécula contém informações
genéticas necessárias para reprodução e manutenção saudável dos seres vivos. Danos
causados ao DNA por exposição excessiva à radiação UV, aumentam a probabilidade de
ocorrer uma mutação indesejável durante a reprodução celular, levando eventualmente a um
crescimento tumoroso como, por exemplo, o câncer de pele. A destruição da Camada de
Ozônio multiplicaria estes efeitos.
Efeito Antropogênico - É a alteração da concentração de ozônio na atmosfera por compostos
manufaturados, resultante de atividades humanas e que, através de reações químicas
provocam a sua destruição. O cloro proveniente dos CFCs e o bromo proveniente dos halônios
são dois dos mais importantes elementos químicos associados com a destruição do ozônio.
Os CFCs são substâncias derivadas dos hidrocarbonetos, em que os átomos de hidrogênio
estão substituídos por átomos de cloro e flúor. Como os elementos cloro e flúor, juntamente
com o bromo e o iodo encontram-se no grupo dos elementos conhecidos como halogênios,
são também, denominados halocarbonetos. Comercialmente são conhecidos como Freons.
Outro grupo de substâncias também derivadas dos hidrocarbonetos, conhecidas por halônios,
contém bromo bem como cloro e/ou flúor. Tanto os CFCs como os halônios podem causar a
destruição do ozônio. Os halônios, apesar de liberados na atmosfera em quantidades menores
que os CFCs, respondem por uma fração significativa da destruição do ozônio. Infelizmente
seu potencial de destruição de ozônio é maior que o dos CFCs.
As moléculas de CFC, ou Freons, passam intactas pela troposfera. Quando passam por esta
parte, desembocam na estratosfera, onde os raios UV do sol estão em maior quantidade.
Esses raios quebram as partículas de CFCs liberando o átomo de Cl que por sua vez rompe a
molécula de ozônio, formando monóxido de cloro e oxigênio. Mas, a reação não pára por aí,
havendo então uma destruição em cadeia, ou seja, a molécula de monóxido de cloro reage
com um átomo de oxigênio livre regenerando o Cl e produzindo O2.
Cl + O3(g) −−−>
−−− ClO(g) + O2(g)

ClO(g) + O −−−−>
−−−− Cl + O2(g)

___________________________

O + O3(g) −−− 2O2(g)


−−−>

O escudo que protege as pessoas das radiações solares é atacado a todo o momento por
gases de metano, enxofre e monóxido de carbono, mas os estragos maiores são provocados
pelos halogênios (flúor, cloro, bromo). Para se ter uma idéia do estrago possível, apenas um
átomo de cloro pode teoricamente decompor mais de cem mil moléculas de ozônio, ao longo
dos anos.
Desenvolvimento industrial e a camada de ozônio - Devido ao desenvolvimento industrial,
passaram a ser utilizados produtos que emitem clorofluorcarbono, um gás que ao atingir a
camada de ozônio destrói as moléculas que a formam (O3), causando assim a destruição

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dessa camada da atmosfera. Sem essa camada, a incidência de raios ultravioletas nocivos a
Terra fica sensivelmente maior, aumentando as chances do câncer.
Nas últimas décadas tentou-se evitar ao máximo a utilização do clorofluorcarbono e, mesmo
assim, o buraco na camada de ozônio continua aumentando, preocupando a população
mundial. As tentativas de se diminuir a produção do clorofluorcarbono, devido à dificuldade de
se substituir esse gás, principalmente nos refrigeradores, fez com que o buraco continuasse
aumentando, prejudicando cada vez mais a humanidade. De qualquer forma, temos que evitar
ao máximo a utilização desse gás, para que possamos garantir a sobrevivência de nossa
espécie.
A região mais afetada pela destruição da camada de ozônio é a Antártida. Nessa região,
principalmente no mês de setembro, quase a metade da concentração de ozônio é
misteriosamente sugada da atmosfera. Esse fenômeno deixa à mercê dos raios ultravioletas
uma área de 31 milhões de quilômetros quadrados, maior que toda a América do Sul, ou 15%
da superfície do planeta. Nas demais áreas do planeta, a diminuição da camada de ozônio
também é sensível; de 3 a 7% do ozônio que a compunha já foi destruído pelo homem.
Raios ultravioletas são ondas semelhantes a ondas luminosas, as quais se encontram
exatamente acima do extremo violeta do espectro da luz visível.
As moléculas de clorofluorcarbono, passam intactas pela troposfera, que é a parte da
atmosfera que vai da superfície até uma altitude média de 10.000 metros. Em seguida essas
moléculas atingem a estratosfera, onde os raios ultravioletas do sol aparecem em maior
quantidade. Esses raios quebram as partículas de clorofluorcarbono liberando o átomo de
cloro. Este átomo, então, rompe a molécula de ozônio, formando monóxido de cloro e oxigênio.
A reação tem continuidade e logo o átomo de cloro libera o de oxigênio que se liga a um átomo
de oxigênio de outra molécula de ozônio, e o átomo de cloro passa a destruir outra molécula de
ozônio, criando uma reação em cadeia.
Por outro lado, existe a reação que beneficia a camada de ozônio: Quando a luz solar atua
sobre óxidos de nitrogênio, estes podem reagir liberando os átomos de oxigênio, que se
combinam e produzem ozônio. Estes óxidos de nitrogênio são produzidos continuamente pelos
veículos automotores, resultado da queima de combustíveis fósseis. Infelizmente, a produção
de clorofluorcarbono, mesmo sendo menor que a de óxidos de nitrogênio, consegue, devido à
reação em cadeia já explicada, destruir um número bem maior de moléculas de ozônio que as
produzidas pelos automóveis.
Em todo o mundo as massas de ar circulam, sendo que um poluente lançado no Brasil pode
atingir a Europa devido a correntes de convecção. Na Antártida, devido ao rigoroso inverno de
seis meses, essa circulação de ar não ocorre e, assim, formam-se círculos de convecção
exclusivos daquela área. Os poluentes atraídos durante o verão permanecem na Antártida até
a época de subirem para a estratosfera. Ao chegar o verão, os primeiros raios de sol quebram
as moléculas de clorofluorcarbono encontradas nessa área, iniciando a reação. Foi constatado
que na atmosfera da Antártida, a concentração de monóxido de cloro é cem vezes maior que
em qualquer outra parte do mundo.

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No Brasil, a camada de ozônio ainda não perdeu 5% do seu tamanho original, de acordo com
os instrumentos medidores do Instituto de Pesquisas Espaciais. O instituto acompanha a
movimentação do gás na atmosfera desde 1978 e até hoje não detectou nenhuma variação
significante, provavelmente pela pouca produção de clorofluorcarbono no Brasil em
comparação com os países de primeiro mundo. No Brasil apenas 5% dos aerossóis utilizam
clorofluorcarbono, já que uma mistura de butano e propano é significativamente mais barata,
funcionando perfeitamente em substituição ao clorofluorcarbono.
A principal conseqüência da destruição da camada de ozônio será o grande aumento da
incidência de câncer de pele, desde que os raios ultravioletas são mutagênicos. Além disso,
existe a hipótese segundo a qual a destruição da camada de ozônio pode causar desequilíbrio
no clima, resultando no efeito estufa, o que causaria o descongelamento das geleiras polares e
conseqüente inundação de muitos territórios que atualmente se encontram em condições de
habitação. De qualquer forma, a maior preocupação dos cientistas é mesmo com o câncer de
pele, cuja incidência vem aumentando nos últimos vinte anos. Cada vez mais aconselha-se a
evitar o sol nas horas em que esteja muito forte, assim como a utilização de filtros solares,
únicas maneiras de se prevenir e de se proteger a pele.

CHUVA ÁCIDA
A chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de
dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas.
Fontes naturais, como vulcões, incêndios florestais e relâmpagos também contribuem para a
poluição feita pelo homem. SO2 e NOx tornam-se ácidos quando entram na atmosfera e reagem
com o vapor d'água. Os ácidos nítrico e sulfúrico resultantes podem cair como deposições
secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A
deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.
O pH da chuva ácida - Os cientistas expressam a acidez da chuva ácida usando a escala de
pH. A escala define a acidez, a neutralidade ou a alcalinidade de uma solução com base em
sua concentração de íons de hidrogênio. Os ácidos possuem uma alta concentração de íons de
hidrogênio e um baixo pH. A escala varia de zero a 14, com a água pura a um 7.0 neutro. A
maior parte da água, no entanto, não é exatamente pura. Mesmo limpa, a chuva normal possui
um pH de aproximadamente 5,6. Isso porque ela reage com o dióxido de carbono na atmosfera
e forma o ácido carbônico levemente ácido antes de se transformar em chuva.
A chuva ácida possui um pH de 5,0 ou menos. A maior parte da deposição ácida varia de pH
4,3 a 5,0 - algo entre a acidez do suco de laranja e do café preto. Mas a comparação entre
a chuva ácida e os ácidos naturais e seguros pode ser enganosa. Mesmo sendo mais fraca, a
chuva ácida destrói os ecossistemas, impedindo o crescimento de plantas sensíveis e matando
ovos aquáticos delicados.
Os programas que monitoram a chuva ácida analisam o conteúdo de hidrogênio para
determinar o pH. Eles também medem as concentrações atmosféricas de ácido nítrico, nitrato,
dióxido de enxofre, sulfato e amônio. Nos Estados Unidos, o NADP (National Atmospheric

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Deposition Program - Programa Nacional de Deposição Atmosférica) supervisiona a deposição


úmida, enquanto o CASTNET (Clean Air Status and Trends Network - Rede de Tendências e
Status do Ar Limpo) observa a deposição seca. O monitoramento da deposição ácida ajuda a
determinar as cargas críticas, ou a quantidade de poluentes que um ecossistema pode
suportar antes de ser prejudicado. As cargas críticas precisas ajudam a estabelecer metas
eficazes de reduções do SO2 e NOx.
A chuva ácida causa efeitos nocivos nos ambientes aquáticos, florestas, acabamentos,
materiais de construção e saúde do homem.
Águas das superfícies - As águas das superfícies e seus ecossistemas frágeis talvez sejam
as vítimas mais famosas da chuva ácida. A maior parte da precipitação que penetra um lago,
rio, canal ou pântano deve primeiro passar pelo solo e infiltrá-lo. Todo solo tem uma
capacidade de tamponamento, ou capacidade de resistir às mudanças da acidez e
alcalinidade. A capacidade de tamponamento do solo determina a acidez de um corpo de água.
Se a capacidade for baixa, ou se tiver chegado ao limite, a chuva ácida poderá passar sem ser
neutralizada.
A maioria dos seres vivos vive confortavelmente a um pH quase neutro - longe do pH 7,0, os
organismos delicados começam a morrer. O plâncton e os invertebrados são sensíveis às
mudanças de acidez e acabam morrendo primeiro. A um pH 5,0, as ovas de peixes degradam
e os filhotes não conseguem se desenvolver. Os peixes adultos e as rãs às vezes podem
tolerar a acidez que chegue a pH 4,0, mas eles morrem de fome à medida que suas fontes de
alimentos mais fracas morrem. Quando a chuva ácida quebra a cadeia alimentar, a
biodiversidade se reduz.
A deposição de nitrogênio da chuva ácida também prejudica as águas costeiras e os estuários.
A água rica em nitrogênio suporta o crescimento maciço das algas e sua proliferação. As
bactérias decompõem as algas mortas, proliferam-se e absorvem o oxigênio disponível da
água. Peixes, moluscos, ervas marinhas e recifes de corais morrem nas águas sem oxigênio e
cheias de algas. Os cientistas estimam que de 10% a 45% do nitrogênio produzido pelo
homem que chega às águas costeiras originam-se da deposição atmosférica [Fonte:
Environmental Protection Agency - Agência de Proteção Ambiental (em inglês)].
A maioria dos corpos de água ácidos não parece poluída. À medida que a matéria orgânica
que decai se assenta, a água acidificada pode parecer clara e azul. Algumas espécies como
junco e musgo, podem se desenvolver em condições ácidas. Mas as verduras e as águas
límpidas não suportam ambientes nocivos. Há uma queda da diversidade, e as espécies sem
predadores geralmente crescem de modo preocupante.
Os efeitos da chuva ácida - As florestas contam com a capacidade de tamponamento de seu
solo para se protegerem da chuva ácida. As águas ácidas tiram as toxinas do solo, como o
alumínio. As árvores absorvem as substâncias venenosas, e os escoamentos seguem para
lagos, rios e canais. A chuva ácida também dissolve os minerais e os nutrientes úteis, como
cálcio, magnésio e potássio, antes de as árvores absorvê-los. A chuva ácida raramente mata

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uma floresta totalmente, porém, ela retarda seu crescimento através de anos de degradação do
solo. A perda de nutrientes e a exposição às toxinas aumentam as chances de as árvores
caírem durante tempestades ou morrerem no inverno.
Mesmo as árvores em solos bem tamponados podem enfraquecer com a forte neblina ácida.
As florestas de alta elevação penetram nas nuvens ácidas, que tiram das folhas os nutrientes e
acabam com a capacidade das árvores de resistirem ao frio.
Materiais e acabamentos - A chuva ácida possui a terrível capacidade de destruir rocha e
metal, os materiais mais duráveis. Construções antigas, monumentos e lápides carregam sinais
leves de corrosão ácida e deterioração. A deposição ácida acelera o desgaste natural causado
pela chuva, sol, neve e vento. A chuva ácida também estraga a pintura de automóveis. A
indústria automotiva considera a deposição ácida um tipo de precipitação ambiental corrosiva,
além da seiva de árvores, pólen e excrementos de pássaros. As marcações ácidas deixam
formas corrosivas e irregulares em superfícies horizontais. Pintar novamente é a única forma
de reparar o acabamento de um carro desfigurado pela chuva ácida.
Saúde - Já que a chuva ácida pode matar animais aquáticos, enfraquecer árvores e decompor
rochas, é como se ela pudesse também queimar seres humanos. Mas ela não afeta as
pessoas da mesma forma que o faz com peixes ou plantas. A chuva ácida parece uma chuva
comum - não há perigo em nadar em um lago ácido. Mas os particulados de nitrato e sulfato da
deposição seca podem causar asma, bronquite e problemas cardíacos. O NOx na deposição
ácida também reage com os VOCs (compostos orgânicos voláteis) para formarem o ozônio no

nível do solo. O ozônio, ou poluição, agrava e debilita o sistema respiratório.


Reduzindo a chuva ácida - A chuva ácida existe desde que as primeiras fábricas da
Revolução Industrial começaram a lançar emissões tóxicas. Um cientista inglês, Robert Angus
Smith, inventou o termo "chuva ácida" em 1872, quando escreveu sobre sua ação corrosiva
nas construções e seu efeito fatal nas plantas. Mas a chuva ácida só se tornou um problema
ambiental monitorado pelo governo mais de um século depois. Os cientistas determinaram que
a chuva ácida fosse um problema transfronteira, e não local. Em 1980, a Lei da Deposição
Ácida deu início a um estudo de 10 anos sobre a chuva ácida sob a orientação do NAPAP
(National Acidic Precipitation Assessment Program - Programa Nacional de Avaliação da
Precipitação Ácida) para monitorar os locais ao redor do país.
Em 1990, munido com o estudo do NAPAP, o Congresso norte-americano alterou a Lei do Ar
Limpo existente para incluir a chuva ácida. A nova emenda do Título IV da Lei do Ar Limpo
exigia reduções de SO2 e NOx. O ARP (Acid Rain Program - Programa de Chuva Ácida) foi
formado em 1995 para colocar em execução o Título IV.
O ARP impõe limites às indústrias de energia para reduzir as emissões anuais de SO2 e NOx.
O ARP utiliza um programa de limitar-e-negociar (cap and trade) para diminuir as emissões de
SO2. Ele determina um limite sobre a quantidade total de SO2 que as usinas de energia das
adjacências dos Estados Unidos podem produzir. Após definir um limite, o ARP distribui
autorizações às unidades das usinas de energia. As unidades podem produzir somente a

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quantidade de SO2 que têm direito. Se reduzirem as emissões em um prazo menor que o
exigido pelo ARP, elas poderão acumular autorizações para usar futuramente ou vendê-las a
outras usinas. O limite, no final de 2010, será de 8,95 milhões de toneladas permitidos por ano,
50% menos do que as emissões das usinas de energia desde 1980 [Fonte: EPA (em inglês)].
O ARP regulamenta as reduções de NOx com um com um sistema regulador com base no
índice mais convencional. O programa determina um limite sobre os quilogramas admissíveis
de NOx por milhões de unidades térmicas britânicas (lb/mmBtu) para cada caldeira da usina de
energia. Os proprietários atendem as reduções estabelecidas para caldeiras individuais ou
calculam a média das emissões de todas as unidades que possuem, além de atenderem uma
determinação combinada. O ARP visa reduzir o NOx para 2 milhões de toneladas abaixo do
nível projetado em 2000, em que não existia o Título IV [Fonte: EPA (em inglês)].
As usinas de energia atendem às metas do ARP usando carvão com baixo teor de enxofre,
"lavadores de gases" ou sistemas de dessulfurização de gás, queimadores de baixo teor de
NOx e outras tecnologias de carvão limpo. Elas também podem negociar os créditos de SO2
entre si.
Mesmo com uma demanda elevada de energia, o ARP reduziu com sucesso as emissões de
SO2 e NOx. Mas o NAPAP sugere que para os ecossistemas se recuperarem completamente,
as reduções terão que estar 40% a 80% a mais abaixo dos limites de força total de 2010
[Fonte: EPA (em inglês)].
Os carros também emitem NOx. Modelos mais novos de conversores catalíticos ajudam a
tratar das emissões e a remover o NOx e outros poluentes, como monóxido de carbono e
VOCs, que contribuem para a poluição.
Mesmo com extraordinárias tecnologias de carvão limpo, conversores catalíticos e rigorosos
limites e regulamentos, os combustíveis fósseis ainda são uma fonte de energia suja. Formas
alternativas de energia, como nuclear, solar e hidrelétrica, não emitem os milhões de toneladas
de SO2 e NOx que destroem os ecossistemas, arruínam construções e monumentos e
comprometem a saúde das pessoas.

2.3.4.5. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A MATRIZ AR


As fontes de poluição atmosférica são inúmeras e inúmeras são também as formas de impedir
ou de aliviar a poluição. A legislação ambiental é rica em detalhes que começam por dois
grandes ramos: o controle das emissões e a qualidade do ar, ambos regulamentados pelo
CONAMA.
Fontes de poluição atmosférica não controladas, com certeza, de uma hora para outra, serão
identificadas pelos órgãos fiscalizadores e o controle será exigido. Dessa forma, há que se
contratar um projeto para controlar a fonte emissora. Existem dezenas de maneiras para
controlar a poluição atmosférica e a escolha de um deles tem que ser acertada, por motivos da
eficiência exigida e principalmente pelo custo envolvido.
No Brasil, dispositivos legais relacionados à poluição do ar têm sido editados nas esferas
federal e estadual, assim como se pode observar a existência de instituições governamentais

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que tratam dos assuntos pertinentes à prevenção e controle da poluição do ar. Na esfera
municipal e de regiões metropolitanas é mais difícil tal expediente, muitas vezes pela
complexidade na sua criação e no seu cumprimento.
Alguns dispositivos legais pertinentes ao tema da poluição atmosférica:
Portaria MINTER n. 235 de 27/04/76 que estabelece os padrões de Qualidade do Ar.
Resolução CONAMA n. 18 de 06/05/86 que institui o Programa de Controle da Poluição por
Veículos Automotores – PROCONVE.
Resolução CONAMA n. 03 de 28/06/90 que dispõe sobre os poluentes atmosféricos
indicadores da qualidade do ar, passíveis de monitoramento e controle.
Resolução CONAMA n. 08 de 06/12/90 que fixou limites máximos de emissão de poluentes do
ar para Processos de Combustão Externa em novas fontes fixas (caldeiras, geradores de
vapor, fornos, fornalhas, incineradores etc.).
Portaria IBAMA n. 85 de 17/10/96 que estabelece a criação e adoção de um Programa Interno
de Autofiscalização da Correta Manutenção da Frota quanto à Emissão de Fumaça Preta.
Resolução CONAMA n. 256 de 30/09/1999 que dispõe sobre programas de inspeção de
emissões veiculares.
Resolução CONAMA n. 267 de 14/09/2000 que estabelece procedimentos e prazos para
eliminação de substâncias controladas que destroem a camada de ozônio.
Resolução CONAMA n. 292 de 2002 que instituiu o Programa de Controle da Poluição do Ar
por Motociclos e Veículos Similares – PROMOT.
Resolução CONAMA n. 382 de 26/12/06 que estabeleceu limites máximos de emissões para a
atmosfera para as novas fontes fixas por tipo de poluente e por tipologia da fonte geradora.

2.4. CICLOS BIOGEOQUÍMICOS (CARBONO, OXIGÊNIO, NITROGÊNIO, CÁLCIO,


FÓSFORO E ENXOFRE)

2.4.1. INTRODUÇÃO
Todos os elementos químicos naturais apresentam um movimento dinâmico nos ecossistemas
transitando constantemente entre o meio físico e os organismos.

Figura 2.20 – Esquema geral de ciclos biogeoquímicos

O nome já diz tudo. Ciclo, pois os elementos em estudo realizam uma volta, uma ciclagem, que
envolve a participação de organismos vivos ("bio"), etapas abióticas de escala planetária
("geo") e diversas transformações ou reações químicas. Portanto, denomina-se de ciclos

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biogeoquímicos ao movimento contínuo dos elementos químicos, do meio físico para os seres
vivos e destes novamente para o meio físico. Assim sendo, os átomos dos elementos químicos
presentes na natureza e nos seres vivos não são criados nem destruídos, mas constantemente
reciclados.

A circulação de matéria, no ecossistema, possui uma diferença radical com a de energia.


Enquanto que o fluxo de energia é unidirecional; o da matéria é cíclico, graças à ação dos
decompositores que a torna disponível para os produtores. Tratam-se de substâncias químicas
(nutrientes) indispensáveis à síntese de matéria orgânica e ao funcionamento do organismo.
Como existem em quantidade limitada no ambiente, devem, portanto, ser reciclados; o que
torna obrigatória a troca recíproca e permanente de elementos químicos entre os seres vivos
(biocenose) e o meio ambiente (biótopo).

Figura 2.21 – Esquema geral de conversão entre matéria inorgânica e orgânica nos ciclos

O movimento desses materiais pelo ecossistema é denominado ciclo biogeoquímico porque


envolve compartimentos - que armazenam os materiais e o transferem para outros - de
natureza biológica (seres vivos), e geológica (solo, atmosfera e mares), por onde passam
substâncias químicas. São distinguidos em função do elemento (carbono, nitrogênio, cálcio,
oxigênio, fósforo, enxofre,...) ou substância (água) química que circula.

Dos 103 elementos químicos conhecidos, sabe-se que 30 a 40 são necessários à vida. Eles
podem ser classificados em micro, meso e macronutrientes de acordo com as quantidades
requeridas pelo seres vivos. Os elementos circulam na biosfera entre os compartimentos
abióticos e a biomassa animal e vegetal. Os nutrientes normalmente acham-se presentes na
rocha matriz que é o depósito abiótico de renovação lenta. Graças ao intemperismo, eles
podem ser realocados para o depósito abiótico de renovação rápida que pode ser tanto na
forma de íons dissolvidos na água, sob a forma de gases na atmosfera e ainda em sedimentos
rasos de rios e lagos. Os nutrientes são, a seguir, absorvidos pelas plantas e dessa maneira
entram na cadeia trófica, passando sucessivamente pelos herbívoros, carnívoros, etc. Eles
são, em algum momento, liberados de volta ao meio abiótico via excretas ou então após a
morte da planta ou animal, via cadeia de detritos, onde é muito importante a ação de
microorganismos sejam eles bactérias, leveduras e fungos.

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Entre os compartimentos que compõem o ciclo biogeoquímico, há um que armazena a maior


quantidade de nutriente, sendo chamado de reservatório; que, via de regra, não é de natureza
biológica. Cada ciclo pode ser caracterizado pelo estoque (quantidade do nutriente existente
em cada compartimento); pelo tipo de reservatório e pela taxa (velocidade) de movimento do
nutriente entre dois compartimentos, chamada taxa de fluxo. Há dois tipos de ciclos
biogeoquímicos: sedimentar e gasoso. O sedimentar ou local, no qual o reservatório é a crosta
terrestre e que ocorre dentro dos limites de um ecossistema, tendo âmbito local, como ocorre
com o enxofre e o cálcio. O ciclo gasoso ou global tem como reservatório a atmosfera ou os
mares e seu âmbito é amplo, envolvendo todo o planeta. Tal é o caso da água, carbono,
nitrogênio e oxigênio.

Portanto, os ciclos podem ser classificados em três tipos básicos dependendo da natureza do
reservatório abiótico:
• ciclos gasosos: possuem o depósito abiótico na atmosfera. Graças à grande dinâmica
deste meio, possuem eficazes mecanismos de autoregulação; exemplos: ciclo do
nitrogênio e ciclo do oxigênio;
• ciclos sedimentares: o depósito abiótico está na crosta terrestre em rochas; estes ciclos
são mais vulneráveis a perturbações externas, pelo fato deste depósito ter um tempo
muito elevado de recirculação; exemplos: ciclo do cálcio e ciclo do fósforo;
• ciclos mistos: possuem ambos os depósitos (sedimentares e atmosféricos).

O conhecimento da estrutura e dinâmica dos ciclos biogeoquímicos é de fundamental


importância porque as atividades humanas introduzem nos ecossistemas, várias substâncias
novas e com potencial efeito tóxico, que estabelecem padrões de ciclagem biogeoquímica,
causando danos por onde passa. Outra conseqüência negativa da ação humana pode ser o
bloqueio ou alteração dos ciclos biogeoquímicos naturais, tornando-os acíclicos. Com isso, há
uma perda de recursos naturais deixando pobres os ecossistemas, ou mesmo, degenerando-
os. A recuperação de ciclos biogeoquímicos em processo de degeneração, que exige
transformar processos acíclicos em cíclicos, é aspecto prático de capital importância na
Ecologia moderna.

2.4.2. CICLO DO CARBONO


O carbono é um elemento químico muito importante, pois entra na composição química de
todos os compostos orgânicos, e é originalmente, proveniente da atmosfera. É um elemento
fundamental na formação de compostos orgânicos, como proteínas, carboidratos e lipídeos que
compõem 30% do corpo humano.
Na Terra, uma grande quantidade de carbono está armazenada nas rochas sedimentares, na
forma de carbonato de cálcio e magnésio ou de combustível fóssil (petróleo e carvão). O

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carbono é encontrado também na forma de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e de


- 2-
bicarbonato (HCO3 ) e de carbonato (CO3 ), dissolvidos na água.
A atividade industrial humana, crescente desde o século XVIII, tem introduzido carbono destas
fontes no ciclo, o que não ocorre naturalmente. Um aspecto importante dessa ação poluidora é
a de que a queima de combustíveis fósseis e de matéria orgânica produz o gás monóxido de
carbono (CO). Ele é extremamente perigoso, pois além de ser dificilmente perceptível - é
inodoro e incolor -, reage com a hemoglobina do sangue formando um composto estável. Deste
modo, a hemoglobina não consegue mais transportar oxigênio e a vítima pode morrer
lentamente, asfixiada.
Entre os compartimentos do ciclo do carbono, são os oceanos que estocam em maiores
quantidades; uma pequena parte na forma de gás carbônico dissolvido na água e, a maior
parcela, na forma de íons carbonato e bicarbonato.
Mas é na atmosfera, como gás carbônico, que o carbono se apresenta disponível para ser
utilizado pelos vegetais, na fotossíntese, e assim transformar-se em alimento para o resto da
cadeia alimentar. Ele retorna para a atmosfera pelos processos de respiração, bem como pela
combustão de matéria orgânica.
As florestas são as grandes fixadoras terrestres do carbono existente na atmosfera. Somente
as florestas tropicais contêm cerca de 350 bilhões de toneladas de carbono, quase a metade
do que possui a atmosfera, sendo que cada hectare retira da atmosfera, em média, 9 quilos de
carbono por ano. No ambiente marinho o papel das florestas é desempenhado pelo fitoplâncton
que, ademais, é responsável pelo processo conhecido como bomba biológica, pelo qual uma
imensa quantidade de CO2 (cerca de 15% do carbono assimilado pelo fitoplâncton) é
armazenada no fundo dos oceanos, já que a temperatura mais baixa e a densidade maior da
água profunda impedem que se misture com as águas mais quentes das camadas superiores.

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Figura 2.22 – Ciclo biogeoquímico do carbono

No ciclo do carbono, devemos lembrar a possibilidade de fixação do elemento nos organismos


vivos, sobretudo nas plantas, que fazem uma primeira fixação através da fotossíntese. O
dióxido de carbono (CO2) é incorporado pelos vegetais na fotossíntese e devolvido para a
atmosfera através da respiração dos seres vivos, combustões (combustíveis fósseis) e pela
decomposição dos seres mortos. Durante a respiração, uma parte das moléculas orgânicas é
degradada, e o carbono que as constituía é devolvido à atmosfera, novamente na forma de
CO2. Parte do carbono retirado do ar passa a constituir a biomassa dos seres
fotossintetizantes, podendo eventualmente ser transferida aos animais herbívoros.
Nos herbívoros, parte do carbono contido nas moléculas orgânicas dos alimentos é liberada
durante a respiração, e o resto irá constituir sua biomassa, que poderá ser transferida para um
carnívoro. Dessa forma, o carbono fixado pela fotossíntese vai passando de um nível trófico
para outro, enquanto retorna gradativamente à atmosfera, em conseqüência da respiração dos
próprios organismos e da ação dos decompositores, que atuam em todos os níveis tróficos.
Algumas vezes, o retorno do carbono para a atmosfera é demorado, levando milhões de anos
para ocorrer. É o caso dos compostos de carbono que não foram atacados pelos
decompositores e transformaram-se, no subsolo, em carvão, turfa e petróleo.
A utilização desses combustíveis fósseis pelo homem tem restituído à atmosfera, na forma de
CO2, átomos de carbono que ficaram fora de circulação durante milhões de anos.
Devido à queima de combustíveis, a concentração de gás carbônico no ar aumentou, nesses
últimos 100 anos, de 0,029% para cerca de 0,04% da composição atmosférica. Embora pareça
pouco, esse aumento é, em termos proporcionais, da ordem de 38%. De acordo com muitos
cientistas, o aumento do teor de CO2 atmosférico pode provocar a elevação da temperatura
média global por causa do efeito estufa.

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2.4.3. CICLO DO OXIGÊNIO


O oxigênio representa cerca de 21% do ar atmosférico, sendo de vital importância para os
seres vivos, quer usado nos processos energéticos, quer nos processos respiratórios. É
produzido pelos vegetais através da fotossíntese.
O oxigênio participa não somente da composição da água e do gás carbônico, mas também de
numerosos compostos orgânicos e inorgânicos. Na atmosfera e na hidrosfera é encontrado
livre, sob a forma de substância pura, simples, de fórmula O2. É um gás libertado pelos
organismos fotossintetizantes, através do processo de fotossíntese. E consumido da atmosfera
através das seguintes vias: respiração das plantas e animais, combustão ou queima,
degradação pela ação dos raios ultravioleta, com a formação de ozônio e finalmente na
combinação com metais do solo (principalmente o ferro), formando óxidos metálicos.
A manutenção das taxas de oxigênio e de gás carbônico no ambiente depende de dois
processos opostos: a fotossíntese e a respiração. E como sabemos, a fotossíntese é realizada
somente durante o dia; e a respiração é um processo contínuo, realizado pelas plantas e pelos
animais, de dia e de noite. O oxigênio é uma substância que não somente garante a vida na
Terra, mas também se origina da atividade vital. Pela fotossíntese, a água é decomposta,
sendo o oxigênio liberado e o hidrogênio utilizado na síntese de matéria orgânica.
O O2 produzido pode participar também da formação da camada de ozônio (O3) na atmosfera.
A presença de ozônio na atmosfera é de extrema importância para a humanidade, pelo papel
que exerce de filtro das radiações ultravioletas, as quais úteis em determinada intensidade, são
nocivas em intensidades maiores.

Figura 2.23 – Ciclo biogeoquímico do oxigênio

No ecossistema, o elemento oxigênio captado pelos seres vivos provém de três fontes
principais: gás oxigênio (O2), gás carbônico (CO2) e água (H2O).
O O2 é captado por plantas e animais e utilizado na respiração. Nesse processo, átomos de
oxigênio se combinam com átomos de hidrogênio, formando moléculas de água. A água

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formada na respiração é em parte eliminada para o ambiente através da transpiração, da


excreção e das fezes, e em parte utilizada em processos metabólicos. Dessa forma os átomos
de oxigênio incorporados à matéria orgânica podem voltar à atmosfera pela respiração e pela
decomposição do organismo, que produzem água e gás carbônico.
A água também é utilizada pelas plantas no processo da fotossíntese. Nesse caso, os átomos
de hidrogênio são aproveitados na síntese da glicose, enquanto os de oxigênio são liberados
na forma de O2.
O oxigênio presente no CO2 poderá voltar a fazer parte de moléculas orgânicas através da
fotossíntese.
O ciclo do oxigênio é complexo, uma vez que esse elemento é utilizado e liberado pelos seres
vivos em diferentes formas de combinação química. O principal reservatório de oxigênio para
os seres vivos é a atmosfera, onde esse elemento se encontra na forma de gás oxigênio (O2) e
de gás carbônico (CO2).

2.4.4. CICLO DO NITROGÊNIO


A taxa de crescimento populacional implicou no aumento da produtividade agrícola para suprir
o aumento da demanda por alimentos. O nitrogênio, e o fósforo, são fatores limitantes do
crescimento dos vegetais, sendo, portanto, utilizados na agricultura como fertilizantes. O
nitrogênio desempenha um importante papel na constituição das moléculas de proteínas,
ácidos nucléicos, vitaminas, enzimas e hormônios, elementos vitais aos seres vivos.
O nitrogênio é um dos elementos indispensáveis à vida. Os únicos seres que fixam o nitrogênio
do ar atmosférico são bactérias, cianobactérias (algas azuis ou cianofíceas) e fungos por
apresentarem enzimas apropriadas para essa função.

Figura 2.24 – Fixação do nitrogênio atmosférico

Incapazes de assimilar nitrogênio livre ou proveniente de compostos inorgânicos, os animais


retiram-no de outros animais ou de vegetais, estes sim capazes de assimilar compostos
nitrogenados inorgânicos extraídos do solo. O consumo do nitrogênio do solo se compensa
pela adição de fertilizantes ou por processos naturais: o nitrogênio do ar pode ser fixado por
meio de descarga elétrica na atmosfera; forma-se ácido nítrico, que é conduzido pela chuva ao
solo, onde forma nitratos. Outra forma de fixação do nitrogênio pode ser observada em dois
tipos de bactérias: (1) as do gênero Rhizobium, que se alojam nos nódulos das raízes das

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leguminosas e sintetizam, com o nitrogênio do ar, compostos orgânicos nitrogenados utilizados


pela planta na síntese das proteínas; (2) as saprófitas (Azobacter e Clostridium), que
combinam o nitrogênio atmosférico com carboidratos.
Na decomposição de restos animais e vegetais, o nitrogênio dos mesmos se transforma
principalmente em amônia (amonificação), por ação das bactérias amonificantes. A amônia
formada pode ser atacada pelas bactérias nitrificantes, para produzir nitrito. Este, sob a ação
das Nitrobacter, passa a nitrato. As bactérias desnitrificantes podem reduzir nitratos novamente
a nitrogênio, que retorna à atmosfera.
-
A principal forma de nutriente para os produtores são os nitratos (NO3 ), que podem ser obtidos
por bactérias fixadoras de nitrogênio e das descargas elétricas que ocorrem na atmosfera.
No ciclo ocorrem quatro mecanismos importantes:
Fixação do nitrogênio: ocorre por meio dos chamados organismos simbióticos de vida livre e
fotossintéticos. Entre os organismos, destaca-se a espécie Rhizobium em associação
simbiótica (mutualismo) com raízes leguminosas. A importância desses organismos está na
rotação de cultura de leguminosas uma alternativa ecológica ao uso dos fertilizantes
nitrogenados sintéticos. A mais importante fixação é feita pela via biológica, sendo que os
organismos simbióticos produzem cem vezes mais que os organismos de vida livre. A fixação
biológica direta é realizada por algas cianofíceas do gênero Anabaena e Nostoc (no ambiente
aquático); por bactérias de vida livre no solo - como a Azobacter e a Clostridium -; bactéria-
púrpura fotossintetizante do gênero Rhodospirillum; e por bactérias simbiontes (Rhizobium) que
vivem em nódulos nas raízes de leguminosas. Esses organismos produzem amônia, a partir do
nitrogênio atmosférico (N2). Estando já dentro do corpo do vegetal, a amônia é diretamente

usada nos processos bioquímicos celulares;

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Figura 2.25 – Ciclo biogeoquímico do nitrogênio

Amonificação: o nitrogênio fixado é rapidamente dissolvido na água do solo e fica disponível


para as plantas na forma de nitrato. Essas plantas transformam os nitratos em grandes
moléculas que contém nitrogênio e outras moléculas orgânicas nitrogenadas. Esse nitrogênio
orgânico entra na cadeia alimentar dos consumidores primários, secundários e assim
sucessivamente. As bactérias atuam sobre a eliminação destes consumidores, produzindo gás
+
amônia (NH3) e sais de amônio (NH4 );
+ - -
Nitrificação: NH3 e NH4 são convertidos a nitritos (NO2 ) e posteriormente a nitratos (NO3 ) por
um grupo de bactérias quimiossintetizantes. A passagem da amônia para nitrito é feita pelas
Nitrosomonas, e a passagem a nitratos pelas Nitrobacter. Esse processo de nitrificação ocorre
aerobiamente. O nitrito (tóxico para as plantas) é transformado pelas bactérias do gênero
Nitrobacter em nitratos (HNO3). O nitrato é a fonte de nitrogênio mais aproveitada. A amônia é
transformada em nitratos em duas etapas: Nitrosação (realizada por bactérias Nitrosomonas
que produzem nitritos a partir da amônia). Como os nitritos são muito tóxicos para as plantas,
ele não pode se acumular no solo e para isso é importante que seja eficiente à segunda etapa:
Nitratação (realizada por bactérias Nitrobacter que transformam nitritos em nitratos). Este é
então absorvido pelas raízes das plantas e depois transformado em amônia, para poder ser
usado nas células.
As fontes de amônia, importante para esse processo, são: os adubos nitrogenados,
relâmpagos (o aquecimento do ar produz a reação do N2 com o H2), excreção de animais e a

decomposição da matéria orgânica.


Desnitrificação: através da ação das pseudomonas, a partir do nitrato, ocorre o retorno ao
nitrogênio gasoso (N2). Esse fenômeno é anaeróbio e ocorre nos solos pouco aerados. A

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devolução do nitrogênio à atmosfera é feita pela ação das bactérias denitrificantes. Elas
transformam os nitratos do solo em gás nitrogênio, que volta à atmosfera, fechando o ciclo.
Parte do nitrato do solo e do mar é "perdida" de volta para a atmosfera, transformada em N2,

devido à ação de bactérias desnitrificantes (como algumas Pseudomonas) que fecham o ciclo
do nitrogênio. Essas bactérias realizam a reação de desnitrificação como uma forma de
respiração anaeróbia; isto é, sem oxigênio. São mais encontradas, principalmente, em
ambientes pobres em oxigênio, como os pântanos.
Há uma parcela de nitrogênio que sai do ciclo quando sais de nitrato depositam-se no fundo
dos mares, formando novas camadas de sedimentos. Essa perda é compensada pelas
erupções vulcânicas que liberam N2 e amônia.

O nitrogênio sai dos animais quando morrem e são decompostos e através da excreção
(peixes ósseos excretam amônia, peixes cartilaginosos e mamíferos excretam uréia, aves e
répteis excretam ácido úrico). Os microorganismos fixadores de nitrogênio, quando morrem,
liberam no solo nitrogênio sob a forma de amônia (NH3). As bactérias do gênero Nitrosomonas
transformam essa substância em nitritos (HNO2), obtendo energia no processo.
Durante a Primeira Guerra Mundial foi desenvolvida a síntese industrial da amônia a partir do
N2 gasoso, possibilitando o aparecimento dos fertilizantes sintéticos com aumento da eficiência
da agricultura. Porém este excesso produzido, carregado para os rios lagos e lençóis de água
subterrânea tem provocado o fenômeno da eutrofização, comprometendo a qualidade da água.

2.4.5. CICLO DO CÁLCIO


O cálcio é um nutriente muito importante, mesmo em pequenas concentrações, para plantas e
animais. Nos vegetais executa um papel proeminente na manutenção do equilíbrio osmótico
das células, enrijece as paredes celulares e neutraliza os ácidos orgânicos prejudiciais as suas
células, precipitando-os na forma de cristais. Para os animais, é um dos principais constituintes
de esqueletos e outras estruturas rígidas de proteção e sustentação (conchas em moluscos,
carapaças de crustáceos). Além de participar na transmissão de impulsos nervosos, nas
atividades musculares e no mecanismo da coagulação sanguínea.
A principal fonte de cálcio são as rochas que o tem na forma mineralizada. Pela erosão, pode
tornar-se dissolvido na água do solo, em forma iônica, e assim ser absorvido pelas raízes.
Deste modo, o principal reservatório de cálcio disponível aos vegetais terrestres é o solo. Este
pode perder o cálcio para a atmosfera, pelos ventos que carregam minúsculas partículas de
solo e pela lixiviação; a "lavagem" do solo que as chuvas realizam, arrastando os nutrientes
para os rios.
Tanto os oceanos como os continentes recebem o cálcio da atmosfera, pelas chuvas, e das
rochas que são erodidas. Os oceanos têm uma fonte adicional desse nutriente: os rios.
Este ciclo desperta - entre ecólogos e ambientalistas - um particular interesse, pois a ele
associa-se o estrôncio-90, um material radioativo que entra na atmosfera com as explosões
nucleares e com lixo atômico. Como o cálcio, ele incorpora-se nos ossos e leite dos animais.
Possui efeito acumulativo, atingindo concentrações maiores nos consumidores do final da

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cadeia alimentar. Descobriu-se uma forte relação entre contaminação por estrôncio-90 e
incidência de câncer nos ossos e leucemia.
Um dos poucos estudos detalhados sobre o ciclo de cálcio em ambiente terrestre foi realizado,
durante a década de 60, pelos ecólogos Bormman e Likens, numa floresta temperada em New
Hampshire (EUA). Suas informações contribuíram muito para o que se sabe hoje sobre o ciclo
desse nutriente. Notaram que a perda de cálcio para o ambiente, por meios de vento e da
lixiviação, avaliado em 12 kg/ha/ano, era superior ao ganho a partir da atmosfera e da erosão
da rocha (total de 11,7 kg/ha/ano). Isso significa um balanço de cálcio levemente negativo para
esse ecossistema.
Eles observaram, também, que a retirada da vegetação fazia com que essas perdas,
principalmente através da lixiviação fossem até oito vezes maiores que o normal, acarretando
numa acidificação e empobrecimento do solo.

2.4.6. CICLO DO FÓSFORO


O fósforo constitui um importante componente da substância viva, além de estar ligado ao
metabolismo respiratório e fotossintético. Daí seu uso como adubo. Na natureza é um elemento
encontrado em pequena quantidade em relação às necessidades dos seres vivos e seu grande
reservatório são as rochas fosfatadas. É o material genético constituinte das moléculas de DNA
e RNA e componentes dos ossos e dentes, sendo então, fundamental no processo de
reprodução dos seres humanos. O fósforo aparece nos organismos em proporção muito
superior aos outros elementos quando comparado com sua participação nas fontes primárias,
isso leva a ser o fator, provavelmente, mais limitante à produtividade primária.
É um elemento de ciclo fundamentalmente sedimentar, seu principal reservatório são as rochas
fosfatadas (litosfera). A liberação ocorre na forma de fosfatos (processo erosivo), que serão
utilizados pelos produtores. Parte deste fosfato é carregada para os oceanos, onde se perde
em depósitos a grandes profundidades, ou é consumida pelo fitoplâncton. A erosão do solo
pelas águas ou pelos ventos desagrega essas rochas e esse fósforo mineral é levado para os
oceanos. Uma grande parte é sedimentada nas profundezas e não será aproveitada. A
pequena parte aproveitada pelos seres marinhos, entre eles certas aves marinhas, é restituída
ao solo, de onde pode novamente ser retirado pela plantas.
O organismo animal entra no ciclo ao se alimentar desses vegetais. Após sua morte ou por
excreções (fezes, urina) lançadas por esses organismos durante sua vida, os compostos
contendo fósforo retornam ao solo onde são decompostos por bactérias e fungos, fechando
assim seu ciclo.
O retorno, feito por aves e peixes marinhos, do fósforo a partir dos oceanos são insuficientes
para compensar as perdas. A ação predadora dos seres humanos diminui ainda mais este
retorno, além da exploração da mineração, ocupação desordenada do solo, desmatamento e
agricultura aceleram o processo de perda de fósforo do ciclo.
Em certos aspectos, o ciclo do fósforo é mais simples do que os ciclos do carbono e do
nitrogênio, pois não existem muitos compostos gasosos de fósforo e, portanto, não há

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passagem pela atmosfera. Outra razão para a simplicidade do ciclo do fósforo é a existência de
apenas um composto de fósforo realmente importante para os seres vivos: o íon fosfato.
As plantas obtêm fósforo do ambiente absorvendo os fosfatos dissolvidos na água e no solo.
Os animais obtêm fosfatos na água e no alimento.
A decomposição devolve o fósforo que fazia parte da matéria orgânica ao solo ou à água.
Daí, parte dele é arrastada pelas chuvas para os lagos e mares, onde acaba se incorporando
às rochas. Nesse caso, o fósforo só retornará aos ecossistemas bem mais tarde, quando essas
rochas se elevarem em conseqüência de processos geológicos e, na superfície, forem
decompostas e transformadas em solo.
Assim, existem dois ciclos do fósforo que acontecem em escalas de tempo bem diferentes.
Uma parte do elemento recicla-se localmente entre o solo, as plantas, consumidores e
decompositores, em uma escala de tempo relativamente curta, que podemos chamar “ciclo de
tempo ecológico”. Outra parte do fósforo ambiental sedimenta-se e é incorporada às rochas;
seu ciclo envolve uma escala de tempo muito mais longa, que pode ser chamada “ciclo de
tempo geológico”.

2.4.7. CICLO DO ENXOFRE


O enxofre é um importante constituinte de alguns aminoácidos, como a cisteína, e, portanto,
não pode faltar para perfeita produção de proteínas. Em muitos seres vivos, moléculas com
átomos desse elemento, atuam como cofator ("estimulador") de reações químicas promovidas
por enzimas.
Apresenta um ciclo com dois reservatórios: um maior, nos sedimentos da crosta terrestre e
outro, menor, na atmosfera.
Nos sedimentos, o enxofre permanece armazenado na forma de minerais de sulfato. Com a
2-
erosão, fica dissolvido na água do solo e assume a forma iônica de sulfato (SO4 ); sendo

assim, facilmente absorvido pelas raízes dos vegetais.


Na atmosfera, o enxofre existe combinado com o oxigênio formando, cerca de 75% dele, o SO2

(dióxido de enxofre). Outra parcela está na forma de anidrido sulfúrico (SO3). O gás sulfídrico

(H2S) - característico pelo seu odor de "ovo podre" - tem vida curta na atmosfera, apenas de

algumas horas, sendo logo transformado em SO2.

Esses óxidos de enxofre (SO2 e SO3) incorporam-se ao solo com as chuvas, sendo então
2-
transformado em íons de sulfato (SO4 ). Podem, também, ser capturados diretamente pelas

folhas das plantas, num processo chamado de adsorção, para serem usados na fabricação de
aminoácidos.
O único retorno natural do enxofre para a atmosfera é através da ação de decompositores que
produzem o gás sulfídrico. As sulfobactérias realizam o processo inverso, com uma forma de
obtenção de energia para a quimiossíntese.

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A contribuição das atividades vulcânicas para o acúmulo de enxofre na atmosfera é pouco


significativa. Maior tem sido a introdução artificial e humana, por meio da atividade industrial. A
queima de combustíveis fósseis que possuem enxofre em sua composição (3% no carvão e
0,05% no petróleo), produz SO2 e SO3, aumentando sua concentração na atmosfera das

grandes cidades. Essa fonte é responsável por 80% da poluição por enxofre. Ambos são,
nessas condições, fortemente irritantes para os olhos e pulmões; além de contribuir para a
formação do smog - mistura de fumaça (smoke, no inglês) com neblina (fog) -, altamente
tóxico, que surge durante as inversões térmicas.
Processos geoquímicos e metereológicos tais como erosão, lixiviação (arraste por lençóis
freáticos) e ação da chuva são importantes na recuperação do enxofre dos sedimentos mais
profundos.
Quando as plantas e os animais mortos são decompostos pelos microorganismos saprófitos
aeróbios e anaeróbios, destes últimos desprende-se gás sulfídrico (H2S). Parte desse gás é
reconvertida em sulfato por bactérias sulfurosas especializadas. A outra parte é transformada
em enxofre (S) por certas bactérias que obtêm sua energia a partir dessa transformação
química.
Assim, os ciclos biogeoquímicos combinam-se para formar um mecanismo de controle
complexo que mantém condições favoráveis à vida.

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2.5. EXERCÍCIOS GERAIS SOBRE OS TÓPICOS ABORDADOS

1. Química ambiental, verde ou sustentável é um ramo da química que enfoca uma


abordagem de conscientização social e de tecnologias produtivas limpas. Baseando-se
nesse contexto, cite, comente e exemplifique 3 princípios observados associando-os a
um processo produtivo industrial de seu interesse.

2. Comente e exemplifique sobre os termos: (a) riscos ambientais (b) fontes de energia
(c) gestão ambiental (d) qualidade ambiental.

3. O processo de formação dos solos é chamado pedogênese. Explique esse fenômeno


associando-os aos fatores envolvidos. Inclua um ciclo biogeoquímico como participante
desse fenômeno explicando essa interação. Escreva, pelo menos, duas reações
químicas envolvidas no ciclo escolhido.

4. A contaminação dos mananciais é um problema localizado que pode provocar


conseqüências mundiais. Que parâmetros analíticos poderiam ser escolhidos para
indicar um impacto ambiental dessa natureza? Exemplifique.

5. Indique pelo menos um impacto ambiental no solo, no ar e no meio aquático, propondo


uma forma de controle por redução ou eliminação desse problema.

6. Explique e exemplifique sobre a contribuição do ciclo hidrológico para a evolução de


uma contaminação ambiental.

7. Comente sobre os impactos ambientais conhecidos como chuva ácida, inversão


térmica e smog, propondo uma forma de controle por redução ou eliminação desse
problema.

8. O ar atmosférico é a matriz mais difícil de monitorar devido ao processo de difusão dos


gases constituintes e custos elevados dos equipamentos para esse fim. Comente sobre
uma possível fonte de poluição atmosférica, dois tipos de poluentes e suas
conseqüências de impacto ambiental nessa matriz, de forma globalizada.

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