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INTRODUÇÃO
A evolução da sociedade humana tem afetado o mundo e a ele mesmo, mudando o
modo como estes se relacionam entre si. Essas mudanças iniciaram um processo de
exploração do meio ambiente tão rápido que não houve tempo suficiente para este se
reformar, se recriar, como ocorria na época das civilizações primitivas, por exemplo. Com
isso, tornou-se dever do próprio homem criar para si mesmo regulamentações que o guiasse e
o limitasse em seu modo de se relacionar com o meio; pois as condições que tornam a vida do
homem possível na Terra, com a ação humana, podem ser alteradas de tal forma que
inviabilize a existência da espécie humana.1
Surge, com isso, a figura do Direito Ambiental Internacional ou Direito Internacional
Ambiental, não sendo tão relevante a ordem em que é escrito. No livro de Paulo de Bessa
(2005) há uma citação de Rodgers que demonstra bem alguns aspectos do Direito Ambiental
em si:
Environment Law is not concerned solely with the natural environment – the physical
condition of the land, air, water. It embraces also the human environment – the health, social and other
man-made conditions affecting a human being’s place on earth (O Direito Ambiental não está
preocupado apenas com o ambiente natural – a condição física da terra, do ar, da água. Ele abarca
também o ambiente humano – a saúde e outras condições sociais produzidas pelo homem que afetam o
2
lugar dos humanos na Terra.)
Com isso, observa-se que o Direito Internacional Ambiental surge com a pretensão de
estabelecer comportamentos para os Estados do Globo de modo eles devam respeitar, não só
os direitos relacionados ao homem propriamente dito, como também deverá aqueles ligados à
preservação do meio ambiente.
1
GUERRA, Sidney. Direito Internacional Ambiental: Breve Reflexão. Revista: Direitos Fundamentais
& Democracia
2
ANTUNES, Paulo de Bessa – Direito Ambiental, 2005, p.7.
2
Todas as espécies, ao se relacionarem com o meio, causam efeitos a esse e, por isso,
com o homem não seria diferente. Desde as sociedades mais antigas se tem notícias dos
impactos causados pelo se humano ao ambiente, seja com a caça realizada pelos integrantes
de uma determinada sociedade primitiva, ou seja, pela construção de uma hidrelétrica no
coração de uma área densamente florestada.
Apesar dos fatos retro mencionados, somente a partir da metade do século XX é que
se observa alguma preocupação pelo meio ambiente. Tal fato é simples de se compreender,
pois, foi nesse momento que o homem percebeu a finitude dos recursos naturais existentes,
devido ao grande impacto causado por ele ao ambiente.3
Antes da primeira revolução industrial, que ocorreu nos meados do século XIX, a
produção humana, ainda por ser predominantemente artesanal, não causava grande impacto
ambiental. Apenas com essa primeira revolução, que abriu espaço para produção em série,
exploração das primeiras reservas de carvão existentes e criou o terreno para as revoluções
subseqüentes, começou-se a exercer fortes pressões ao ambiente natural.4 No entanto, é com a
segunda revolução industrial que se consolidará tal exploração ambiental.
Não é desnecessário se reiterar a idéia de que o homem, desde sua gênese, causa
mudanças no meio em que habita; como no fato ocorrido no Brasil com a exploração na mata
atlântica, cujo dano dessa área já era irreparável em momento anterior à primeira revolução
industrial.
Dessa forma, entende-se que a preocupação do homem com a preservação do meio
ambiente começa a ocorrer aproximadamente na metade do século XX quando observa o
nível de efeitos gerados por ele até aquele momento. Até então, a idéia uniformemente
difundida era de recursos naturais inacabáveis, que seriam reproduzidos pelo meio
indefinidamente.5
A partir de então, o homem percebe que, para manter os níveis mínimos adequados
para manutenção da vida no planeta, era preciso que ele regulasse o modo como ele iria se
relacionar com a natureza. Antes desse momento crítico, as preocupações do homem em
3
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público, 18ª Ed., São Paulo, 2010, p. 662
4
HOBSBAWN, Eric J. A Era do Capital. 11ª Ed, Rio de Janeiro, 2005, pags.81, 82, 243 a 250 – trata a
exploração tanto de carvão, como das imensas áreas de plantio
5
GUERRA, Sidney. Direito Internacional Ambiental: Breve Reflexão. Revista: Direitos Fundamentais
& Democracia
3
relação ao meio natural ocorriam para assegurar um ou outro direito humano, como a
propriedade ou o modo de produção, por exemplo.6
Pode-se afirmar que ele ainda continua preocupado com a manutenção de um meio
ambiente minimamente preservado, devido ao “egoísmo” de querer se manter vivo ainda por
muitas gerações. Com isso, poderia se compreender que o homem só começa, realmente, a
desejar soluções para cuidado do meio ambiente, quando vê sua existência ameaçada pela
possibilidade de irreversibilidade das características naturais que permitiram sua existência.7
6
GUERRA, Sidney. Direito Internacional Ambiental: Breve Reflexão. Revista: Direitos Fundamentais
& Democracia
7
CASTRO, Carlos Roberto Siqueira. A constituição aberta e os direitos fundamentais: ensaios sobre o
constitucionalismo pós-moderno e comunitário. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 698
8
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público, 18ª Ed., São Paulo, 2010, p. 662
9
RIAA(Reports of International Arbitral Awards), p. 1907 a 1937
10
RIAA(Reports of International Arbitral Awards), p. 1937 a 1982
4
pessoas que aí se encontrem, quando se trata de conseqüências graves e o dano seja determinado
mediante prova certa e conclusiva.” 11
11
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público, 18ª Ed., São Paulo, 2010, p. 662
12
FELDMAN, Fábio José. Guia da Ecologia. São Paulo: Guias Abril, 1992
13
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed, 2010
p. 663
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FORNARO, Adalgiza. Águas de chuva: conceitos e breve histórico. Há chuva ácida no Brasil? Rev.
USP n.70 São Paulo ago. 2006
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ecossistemas. Também nesse momento histórico, o mundo observava a possibilidade de uma
guerra nuclear – Guerra Fria.15
Essa conferência contou com a presença de 113 países e 250 organizações não
governamentais e, apesar desses números, países relacionados com a União Soviética (URSS)
não estavam entre membros da conferência.18
15
HOBSBAWN, Eric J. Era dos Extremos. 2ª Ed., São Paulo, 2006, págs. 223 a 227 – demonstrando
alguns dados sobre essa “guerra”, como o período que ocorreu
16
SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI. Para pensar o desenvolvimento
sustentável
17
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed.,
2010.p. 664.
18
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos Tribunais,
5ª Ed, 2007, p. 1126
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Nessa conferência, foram produzidos 26 princípios e um plano de ação com 109
recomendações aos Estados em relação ao modo influenciar sobre o meio ambiente. Também
surgiu, com Estocolmo, a soft Law (lei “branda”).19 As proposições e metas criadas nessa
conferência, caso não fossem alcançadas pelos países, não haveria qualquer sanção sobre eles,
apresentando apenas um caráter “aconselhatório”. É fácil compreender que o surgimento
desse fenômeno jurídico é ligado a incapacidade da conferência homogeneizar a vontade
divergente dos países em situações econômicas diferentes. Assim, a soft law aparece como
solução para atrair os países a se comprometerem em melhorar sua forma de exploração do
ambiente. Também é ligado à esses motivos que é observado a predominância de princípios
em detrimento de regras específicas, pois havia um certo receio dos países “em
desenvolvimento”, por exemplo, em se vincularem a uma norma direta que não fosse passível
de ponderação; havendo a possibilidade dos países “desenvolvidos” usarem desses artifícios
para alcançarem certos objetivos em territórios fora de seu domínio.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations Environment
Programme – UNEP ou PNUMA) foi outro bom fruto da conferência de Estocolmo. Por meio
do site brasileiro da ONU, pode-se extrair algumas informações sobre esse órgão:
19
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos Tribunais,
5ª Ed, 2007, p. 1126
20
http://www.onu-brasil.org.br/agencias_pnuma.php
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1.3. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD) – Rio 92
Esse período também foi marcado por grandes catástrofes ambientais. Como o
ocorrido com a Guerra do Vietnã, onde os Estados Unidos, diante das diversas baixas
ocorridas, resolve utilizar uma arma nova, o agente laranja. Esse composto químico é a
reunião de dois tipos de pesticidas diferentes que causa a desfoliação das plantas que entram
em contato com ele. Além desses efeitos, por si só, causarem grandes problema ao meio
ambiente, quando entram no organismo humano, causam os mais diversos tipos de problema,
podendo levar ao óbito e a má formação dos bebês que estiverem ainda em desenvolvimento
uterino. Como esse agente se acumula no meio ambiente, as chuvas os faz se concentrarem
em rios, por exemplo, afetando a vida dos seres desse ambiente e dos homens que ingerem
esses seres e bebem dessa água.
Outro fato marcando desse período foi a ocorrência da explosão da fábrica Union
Carbide em Bhopal no ano de 1984. Essa fábrica era responsável por produzir pesticidas, a
explosão de uma de suas áreas acarretou na liberação de uma grande massa de gás que, em
adição ao clima frio do lugar, não conseguiu se dissipar na atmosfera, caindo na forma de
chuva ácida na região indiana. Essa catástrofe causou a contaminação de uma larga área
indiana, somando esse fato às péssimas condições estruturais da cidade, ocorreu a
contaminação de uma grande quantidade de pessoas, levando uma grande quantidade de
pessoas ao óbito. Ocorreram mais casos parecidos com esse, como o da fábrica de pesticidas
da Sandoz pegou fogo, na Basileia, Suíça, em 1986. 21
21
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed.,
2010.p. 665
8
sentidos por todo o Globo.22 Toda a região do acidente teve que ser interditada, sendo
proibida a habitação humana nessa região.
Assim como ocorreu com na Conferência de Estocolmo, foi promovida uma série de
atos e encontros com a finalidade de preparar o terreno de forma que possibilitasse o melhor
aproveitamento possível do Rio-92. Dentre esses atos preparatórios, deve-se falar do
Relatório de Brundtland. Este foi responsável apresentar proposta de políticas e programas de
promoção do desenvolvimento sustentável. Enquanto o Relatório de Founex, apenas
apresenta essa idéia; no de Brundtland, haverá a reiteração, a reafirmação desse modo de
desenvolvimento, consolidando essa forma de crescimento econômico.23
“Tal Conferência reuniu 178 representantes de estados e diversas ONG’s em torno de única
causa1: promoção da proteção do meio ambiente e do desenvolvimento. Os documentos extraídos
dessa Conferência deram a tônica do direito internacional ambiental a partir de então.”24
22
DUPUY, Jean-Pierre. A catástrofe de Chernobyl vinte anos depois. Estudos Avançados 21 (59),
2007, p. 243 a 252
23
Clóvis Cavalcanti (Org.) André Furtado, Andri Stahel, Antônio Ribeiro, Armando Mendes, Celso
Sekiguchi, Clóvis Cavalcanti, Dália Maimon, Darrell Posey, Elson Pires, Franz Brüseke, Geraldo Rohde,
Guilherme Mammana, Héctor Leis, Henri Acselrad, Josemar Medeiros, José Luis D'Amato, Maria Lúcia
Leonardi, Maurício Tolmasquim, Oswaldo Sevá Filho, Paula Stroh, Paulo Freire, Peter May, Regina Diniz,
Antônio Rocha Magalhães. DESENVOLVIMENTO E NATUREZA: Estudos para uma sociedade sustentável.
INPSO/FUNDAJ, Instituto de Pesquisas Sociais, Fundação Joaquim Nabuco, Ministerio de Educacao, Governo
Federal, Recife, Brasil. Octubre 1994. p. 262. Disponible en la World Wide Web:
http://168.96.200.17/ar/libros/brasil/pesqui/cavalcanti.rtf
24
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed.,
2010.p. 666
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possível o desenvolvimento econômico sem ocasionar grande impacto no meio.25 Pelo menos
essa era a idéia principal desse documento.
Outro grande fruto da Rio 92 foi a Declaração dos Princípios sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento que “a)consagra a filosofia da proteção dos interesses das presentes e
futuras gerações; b) ficam os princípios básicos para uma política ambiental de abrangência
global, em respeito aos postulados de um Direito ao Desenvolvimento;[...] d) reconhecem o
fato de a responsabilidade de os países industrializados serem os principais causadores dos
danos já ocorridos ao meio ambiente”26. Além da declaração desses princípios, que vale
ressaltar o fato de até hoje eles são considerados princípios de Direito Internacional
Ambiental, pois representam também uma evolução do que foi criado em Estocolmo; foi
gerado a Declaração de Princípios sobre as Florestas, tratando sobre como se deveria
ocorrer a exploração das florestas no mundo de forma a não comprometer sua existência.27
A Eco-92, apesar de não ter aderido nenhum dispositivo vinculante a todos, foi um
marco para o Direito Ambiental Internacional, sendo responsável pela consolidação de
diversos princípios de regulação ambiental, dentre eles a idéia de desenvolvimento
sustentável. Nessa conferência, com a criação da Agenda 21, acabou por se formar um plano
de ação para promoção do princípio anteriormente citado.28
25
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos Tribunais,
5ª Ed, 2007, pags. 88 a 91
26
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed.,
2010.p. 667
27
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 451 - 456
28
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos Tribunais,
5ª Ed, 2007, pags. 88 a 91
29
http://www.un.org/esa/dsd/csd/csd_aboucsd.shtml
10
1.4. Conferência de Johannesburgo
Diferente do que ocorreu com as conferências anteriores, essa não conseguiu evoluir
de forma considerável nos estudos em relação ao desenvolvimento humano e a
sustentabilidade ambiental, por exemplo.
Pode-se afirmar, realmente, que não houve grandes avanços do tratamento com a
questão ambiental. Não se viu, como nas conferências anteriores, uma mobilização dos países
em procurar solucionar tais problemas.
30
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed.,
2010.p. 675
31
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed.,
2010.p. 664.
32
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de direito administrativo, 1986, p. 230.
11
que já são amplamente difundidos e já há uma certa pacificação em relação aos seus
conceitos.
Com esse princípio, pode-se entender uma das características fundamentais do Direito
Ambiental Internacional, onde o homem é o centro das preocupações34, pois esse direito
existe em função do próprio homem. Quando se observa o contexto do surgimento dessa
preocupação, vê-se que as catástrofes ocorridas naquele período mostraram a necessidade de
cuidado do ambiente; porque, no fim, os danos ocasionados iriam recair sobre a própria
humanidade, afetando o modo de vida atual.
O papel desse princípio não afastar a importância do cuidado com a natureza por si só,
pois é conhecido de maneira ampla esse dever. Esse princípio demonstra que devido à força
de transformação humana, faz-se necessário a criação de exploração sustentável do meio
ambiente; pois o próprio homem pode afetar de forma irreversível a natureza,
comprometendo, assim, as qualidades do planeta que permitiram o seu surgimento.
33
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 451
34
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Jures, 8ª Ed (revista,
ampliada e atualizada), 2005, p. 26.
12
Princípio 8 - Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais
elevada para todos, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e
consumo, e promover políticas demográficas adequadas.
35
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 452, 456
36
Citado por ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento; CASELLA, Paulo Borba –
Manual de Direito Internacional Público, p. 668, 18ª Ed., São Paulo, 2010
37
MELLO, Celso D. Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 15ª Ed, 2º volume, Rio de
Janeiro, 2004, p. 1357
13
2.3. Princípio da Precaução
Para que houvesse a proteção a uma determinada espécie, era necessário que houvesse
a comprovação científica de que essa espécie estava correndo risco. Da mesma forma ocorria
com o uso de compostos poluentes, caso não existisse provas científicas, o uso deles eram
permitidos.38 Isso trazia sérios problemas ao meio ambiente, pois nem sempre essas
comprovações eram produzidas a tempo e, assim, os danos causados já poderiam ter
alcançado níveis de complicada reversão. De acordo com Hildebrando Accioly (2010, p. 672)
a “Falta de comprovação científica sempre foi argumento para retardar ações de
preservação do meio ambiente ou mesmo para impedi-las.”
O status jurídico deste princípio ainda não é bem definido, sendo incerto se sua força
alcançou o caráter de costume ou ainda se mantêm como soft law.
38
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed, 2010,
p. 672
39
DALLARI, Sueli Gandolfi e VENTURA, Deisy de Freitas Lima. O princípio da precaução: dever do
estado ou protecionismo disfarçado? São Paulo Perspec. vol.16 no.2 São Paulo April/June 2002
40
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 454
14
Como afirma Hildebrando Acciolly (2010, p.672) “o princípio da precaução sugere o
ônus da demonstração de que a atividade não causa riscos de danos irreversíveis pela parte
empreendedora.” 41
De maneira geral, esse princípio traz a idéia de que para todos os danos causados ao
meio ambiente, impor-se-á ao agente causador do dano um pagamento, um ônus a ser
realizado, responsabilizando-o pelo ato gravoso ao meio.42
Com esse princípio se procura inibir atitudes exploratórias que não observem, por
exemplo, o princípio de desenvolvimento sustentável e, também, corrigir distorções causadas
econômicas causadas por essas atitudes predatórias. É conhecido que aqueles que procuram
agir de forma que respeite o meio, geralmente, tem maiores gastos para poder realizar tais
ações; enquanto aos que simplesmente não observam tais recomendações, por explorar de
maneira indevida, terá vantagens comerciais em relação à outra, podendo, por exemplo,
vender um determinado produto mais barato em relação ao outro. Este princípio procura
evitar exatamente isso, inibindo fatos como esse e procurando incentivar uma atitude
sustentável das empresas.
Édis Millare (2007, p. 771) sintetiza muito bem o papel deste princípio quando afirma
“O princípio não objetiva, por certo, tolerar a poluição mediante um preço, nem se limita
apenas a compensar os danos causados, mas sim, precisamente, evitar o dano ao ambiente.”
43
41
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª Ed, 2010,
p. 672
42
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos Tribunais,
5ª Ed, 2007, p. 770 e 771.
43
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos Tribunais,
5ª Ed, 2007, p. 771
15
CONCLUSÃO
Entretanto, ainda falta muito para o homem alcançar um status satisfatório em relação
ao tratamento com o meio ambiente. Isso ocorre pelo Direito Ambiental Internacional ainda
ser muito ligado à política, como pode se observar no estudo daquelas conferências, pois, por
conta de um impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, não se conseguiu
criar medidas que sancionasse os não cumpridores das metas estabelecidas. Assim, cria-se a
soft Law, como forma de tentar achar um meio termo aceitável pelos países.
Apesar das diversas comprovações acerca dos danos que eram causados pelo o
homem, os Estados não quiseram se obrigar. Ainda hoje, não há um órgão internacional
específico para julgar casos de direito ambiental, ou mesmo dos próprios direitos humanos.
Também não podemos acreditar na falsa idéia de que a criação da soft Law foi
irrelevante. Pois ela tornou possível o início da criação de normas que regeriam assuntos
acerca da proteção ambiental, por exemplo. Com esse dispositivo, abre-se, até mesmo, a
possibilidade de uma determinada recomendação ganhe caráter consuetudinário, vinculando
os sujeitos do Direito Internacional.
44
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 25ª Ed, 2ª tiragem, 2001, p. 66
16
de grande relevância para o Direito Internacional Ambiental e, com certeza, serão boas fontes
de inspiração para os próximos passos do desenvolvimento de Direito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FELDMAN, Fábio José. Guia da Ecologia. São Paulo: Guias Abril, 1992
http://www.un.org/esa/dsd/csd/csd_aboucsd.shtml
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