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Ana Caroline de França Santos
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Angélica Maria Santos Guimarães
RESUMO
A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, prescreve o Meio
Ambiente ecologicamente equilibrado como um direito difuso, inerente ao princípio da
dignidade da pessoa humana, cabendo a cada um o dever de proteção e preservação
do mesmo. O licenciamento ambiental é trazido à baila como destaque, visto que a
sua juridicidade desencadeia um equilíbrio entre o desenvolvimento sustentável,
econômico, social e ambiental. O presente artigo perpassa pelos conceitos de meio
ambiente e sua relação com o Homem, abordando os aspectos do procedimento de
licenciamento ambiental no contexto do regime de autorização de pesquisa e
concessão de lavra no sistema minerário brasileiro, enfocando, a importância das
prescrições dos princípios da prevenção, precaução e do poluidor-pagador no
processo de licenciamento ambiental e a repercussão dos enunciados da Lei
13.874/19 - Estatuto da Liberdade Econômica neste processo. Por fim, enfoca-se,
como escopo central da pesquisa, a questão da responsabilização da Vale do Rio
Doce após o rompimento da barragem em Brumadinho.
Palavras-chave: Direito Ambiental. Licenciamento. Responsabilidade.
ABSTRACT
The Constitution of the Federative Republic of Brazil, of 1988, prescribes the
ecologically balanced environment as a diffuse right, inherent to the principle of human
dignity, and each one has the duty to protect and preserve it. The environmental
licensing is brought up highlighted, considering that its legality triggers a balance
between sustainable, economic, social and environmental development. This article
goes through the concepts of the environment and its relationship with man,
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Bacharelanda do curso de Direito do Centro Universitário Ruy Barbosa/Wyden, campus Paralela. Artigo
científico, apresentado como requisito para obtenção de aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso II, ano de 2019.2.
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Procuradora do Município do Salvador, Doutora em Direto Urbanístico na PUC/SP, possui Graduação em
Direito pela Universidade Federal da Bahia (1992); Especialista em Direito Processual pela Universidade
Federal da Bahia (1997), Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2003 e Professora do
Curso de Pós-graduação em Direito Empresarial da Faculdade Rio Branco/SP, Professora de Direito Urbanístico
e Ambiental no Centro Universitário Ruy Barbosa/Wyden e Consultora do MV Sociedade de Advogados.
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addressing the aspects of the environmental licensing procedure in the context of the
exploration permit and mining concession in the Brazilian mining system, focusing on
the importance of prescribing the principles of prevention, precaution and of the
polluter pays in the environmental licensing process and the repercussions of the
statements of Law 13.874 / 19 - Statute of Economic Freedom in this process. At last,
the focus as the central scope of the research, the issue of the accountability of Vale
do Rio Doce after the dam rupture in Brumadinho.
Key-words: Environmental Law. Licencing. Responsibility.
INTRODUÇÃO
Nos tempos hodiernos, a humanidade tem se preocupado cada vez mais com
a necessidade da preservação ambiental, visto que, o meio ambiente encontra-se
deteriorado devido a seu uso de forma desmedida e imprudente. Desde os primórdios,
há a modificação na natureza pelo homem, a fim de adequá-lo às suas necessidades
evolutivas, o que por vezes, desencadeou impactos ambientais imensuráveis.
A natureza está para o homem, assim como o homem está para a natureza.
Ocorre que, com o passar dos anos, as atividades desenvolvidas pelo homem,
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Assim, conforme prescrito nas normas do artigo 3º, inciso III, da Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA), será considerado poluição toda e qualquer
atividade que cause a degradação da qualidade ambiental, à qual, de maneira direta
ou indiretamente, gere um desequilíbrio ecológico. Sendo seus efeitos variáveis,
podendo atingir o ecossistema em todas as suas dimensões, o que justifica a
necessária proteção estatal, inclusive por meio do licenciamento
ambiental/urbanístico, centrado na juridicidade.
"dos direitos sociais e dos direitos ambientais num mesmo projeto jurídico-
político para o desenvolvimento humano em padrões sustentáveis, inclusive
pela perspectiva da noção ampliada e integrada dos direitos fundamentais
socioambientais ou direitos fundamentais econômicos, sociais, culturais e
ambientais".
O meio ambiente pode ser definido em quatro aspectos: meio ambiente natural,
artificial, cultural e do trabalho. Como explica Fiorillo (2013), o meio natural, tutelado
pelo caput do artigo 225 da CF/88, pelo § 1º, I, III e VII, desse mesmo artigo, é aquele
constituído pelas águas, pela atmosfera, pelo solo, subsolo, pelos elementos
presentes na biosfera, pela fauna e flora. Onde concentra-se o equilíbrio dinâmico
entre os seres vivos e o meio onde vivem. De acordo com a Lei da Política Nacional
de Meio Ambiente, em seu artigo 3º, inciso I, meio ambiente natural é “o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Por fim o meio ambiente do trabalho, previsto nos artigos 7º, inciso XXII e 200,
inciso VIII, da CF, está diretamente relacionado às condições de saúde e segurança
do local em que o trabalhador desempenha as suas atividades laborais, sejam elas
remuneradas ou não, da qual o equilíbrio está aprimorado na salubridade do meio e
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à prefeitura Municipal onde está localizada a jazida, a licença específica para efetuar
a exploração do minério. Cabendo ao órgão licenciador, desde a confecção do Termo
de Referência, verificar os demais órgãos a serem envolvidos no licenciamento.
Ademais, conclui Araújo (2012), que, por conseguinte, terá início a fase de
Requerimento para a Concessão de Lavra, devendo conter o laudo de viabilidade
técnico-econômica de lavra da jazida em questão, bem como a exibição do Plano de
Aproveitamento Econômico ao DNPM. É imprescindível salientar que, a exploração
da jazida mineral pelo titular do processo só será concedida após a aprovação do
referido pedido pelo DNPM, desde que o processo de licenciamento ambiental tenha
sido aprovação anteriormente. Serão executados nesta fase, todos os trabalhos
indispensáveis ao aproveitamento da jazida mineral.
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São realizadas com o intuito de expor aos interessados os possíveis impactos ambientais, bem
como dirimir dúvidas e coletar sugestões/críticas a respeito do produto em análise.
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Serve como mecanismo compensador dos impactos que não possam ser reduzidos de maneira
satisfatória.
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É composta pela caracterização e quantificação da vegetação na área objeto do pedido.
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Requerida pelo empreendedor ao órgão gestor competente da bacia da qual fará uso dos recursos
ou onde executará lançamentos.
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De maneira complementar, a referida lei prevê em seu artigo 3º, inciso IV, o
conceito de poluidor como “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental”. Ainda que os dispositivos supracitados não contemplem diretamente a
expressão “poluidor-pagador”, o teor do princípio encontra-se ali consagrado.
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Do mesmo modo, explica Câmara (2018), que após o advento do artigo 24:
uma tragédia de grande escala, chegando a superar a ocorrida em Mariana três anos
antes.
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Entrevista concedida por Fábio Schvartsman, à coletiva de imprensa sobre o rompimento da
Barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019.
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O projeto entrou (no Copam) como classe 6, de alto risco e que necessita de
um processo de licenciamento profundo, e assim foi tratado até novembro.
De repente, virou classe 4, com um licenciamento simplificado, sem estudos
necessários para se mensurar as exatas consequências da intervenção.
Ante o exposto, torna-se evidente que a Vale S.A agiu com negligência perante
a todos os riscos eminentes e principalmente em ignorar os alertas emitidos. De
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É o que dispõe o artigo 14, parágrafo 1º, da Lei 6.938 - Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente, quando impõe ao poluidor, independentemente da existência de
culpa, a obrigação de indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e
terceiros, afetados por sua atividade. Tendo legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente o Ministério
Público da União e dos Estados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
NEVES, Estela; TOSTES, André; Meio ambiente, a lei em suas mãos. Petropolis:
Vozes, 1992. p. 1-87.