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1. Contextualização
Geral:
Reflectir em torno da aplicação das medidas de reparação dos danos ambientais que o
Direito do ambiente nos disponibiliza para a eliminação ou mesmo redução do dano as
águas interiores e a respectiva responsabilização dos agentes causadores do dano.
Específicos:
Problema
O dano às águas interiores trata-se de um dano ecológico e não obstante o facto de cada vez
mais se acentuarem a nível internacional e nacional os problemas ambientais como por
exemplo o dano às águas do Vale do Infulene que são cada vez mais contaminadas pelo lixo,
fossas sépticas, a prática de agricultura ao longo das margens com recursos constantes a agro-
tóxicos e pesticidas da agricultura (herbicidas, fungicidas e insecticidas agrícolas) provocando
o envenenamento do solo consecutivamente a poluição da água, resíduos industriais e a
actividade de mineração1.
A mesma água quando consumida pode transmitir várias doenças pois traz consigo variedades
de patogénicos tais como baterias, vírus, protozoários e causam problemas gastrointestinais e
há outros organismos que também podem infectar os seres humanos por contacto com a pele
constituindo um problema de saúde pública2.
Com tudo isto, há que se aplicar as medidas de reparação dos danos ambientais, para
responsabilizar os agentes poluidores ou degradadores de ambiente, é nesta senda que
recorremos a Lei do Ambiente sendo o instrumento que protege o ambiente e que somente
fixou as bases do regime jurídico de protecção e não determinou as medidas de reparação de
danos ambientais, apenas incumbiu ao Governo de supervisionar a gravidade dos danos e a
fixação do seu valor.
H1: A solução para problemas ambientais não passa pela aplicação do Instituto de
Responsabilidade civil nem da responsabilidade penal uma vez que a responsabilidade civil
traduz-se na situação jurídica em que se encontra uma pessoa, que por força de uma
determinada ocorrência, vê formar-se na sua esfera jurídica um dever imposto pelo direito. A
ocorrência em causa é o dano e o dever imposto pelo direito é o de indemnizar, isto é a
responsabilidade civil remete-nos em certa medida para efeitos meramente pecuniários, não se
chegando em concreto a questão da restauração do dano ambiental; enquanto, que a
responsabilidade penal ambiental tem um carácter especialmente gravoso, por ser o único a
permitir a privação da liberdade das pessoas pela aplicação de uma pena de prisão, pena essa
que visa essencialmente a punir o infractor mas que não tem nenhuma influência quanto a
reparação do dano ambiental.
1
Rios Pungué, Revué e Lucite são os que atravessam a Província de Manica e que apresentam a água turva
devido a prática intensiva de mineração ilegal, veja-se artigo publicado no Jornal “Noticias”, do dia 27 de
Dezembro de 2018, intitulado Moçambique e Zimbabwe combatem poluição dos rios, secção Ciência, Ambiente
& Tecnologia, pag.22.
2
SIRVINSKAS, Luís Paulo, Manual de Direito de Ambiente, 11ªediçao, São Paulo, editora Saraiva, 2013, pág.
384.
H2: Tanto a Responsabilidade Civil como a Penal são suficientes para a reparação do dano
ambiental, uma vez que estamos diante a uma vertente preventiva, na medida em que obriga
aos diferentes operadores económicos e não só, a pautar pelas actividades menos poluentes
que não constituam riscos, devendo por exemplo sujeitar as suas actividades aos processos da
avaliação de impacto ambiental e no caso de um dano ambiental são penalizados com
indemnizações e até em ultimo caso a privação da liberdade.
Justificativa
A iniciativa de abordar este tema justifica-se pela relevância e amplitude que o Direito do
Ambiente apresenta na actualidade, assente na preocupação fundamental de toda uma
colectividade. Um ambiente equilibrado é um direito de todos nós, um bem essencial para a
qualidade de vida do ser humano e de todo o Planeta.
A importância do tema tendo em conta que representa um problema de índole difuso e por
tratar-se de uma questão que afecta o nosso país e o mundo em geral;
Por ter sido revisto e aprovado o Código Penal em 2019, tendo sido incorporado na
mesma um capítulo específico que tratada questão de crimes contra o ambiente, e nesse
leque de crimes ambientais temos o crime de poluição nas diversas vertentes e as
respectivas medidas punitivas conforme os padrões determinados pelas principais
convenções internacionais ratificadas por Moçambique na preservação dos recursos
hídricos;
Por almejar que os instrumentos colocados a disposição da Administração Pública sejam
usados para reduzir os altos índices de poluição das águas interiores verificados de forma
indiscriminada como a deposição de lixos, de águas residuais urbanas transportadas por
redes de esgotos, restos de fertilizantes usados nas machambas e a prática de mineração
intensiva na zona centro sem obedecer técnicas recomendadas tem contaminado os nossos
rios;
Com este tema pretende-se trazer a necessidade de responsabilizar todo e qualquer
cidadão que poluir às águas interiores, tendo em conta que a água é um dos principais
vectores para várias doenças havendo a necessidade de tratar de forma adequada;
De referir que este tema poderá ser de grande contributo para a informação sobre o estado
das águas interiores no nosso país bem como para a tomada de decisão sobre possíveis
soluções aos problemas actuais.
Metodologia
A efectivação do mesmo foi possível com base numa intensa busca de informação doutrinal e
legislativa, no esforço de conseguir os objectivos modelados e acima mencionados. Para tal
foi necessário dissociar nas fontes e métodos das quais compensaram o intuito do mesmo. O
tipo de investigação que levou avante, isto é, quanta forma de abordagem pesquisa qualitativa,
quanto aos objectivos pesquisa exploratória e quanto aos procedimentos técnicos revisão
bibliográfica e hermenêutica jurídica.
Para GIL4, Pesquisa qualitativa, é aquela que busca entender um fenómeno específico em
profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e outras generalizações, a qualitativa trabalha
com descrições, comparações e interpretações.
De acordo com GIL5, Pesquisa exploratória, investigação de pesquisa empírica, cujo objectivo
é a formulação de questões ou de um problema, com finalidade de desenvolver hipóteses,
aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, facto ou fenómeno, para a
realização de uma pesquisa futura mais precisa.
3
LAKATOS. Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade, Metodologia Científica, São Paulo, 5ͣ Edição,
Editora Atlas, 2009, p. 40.
4
GIL. Antônio Carlos, Como Elaborar Projetos de Pesquisa, São Paulo, 3ͣ Edição, Editora Atlas, 2002, p. 57.
5
Ibid., p. 58
Quanto aos procedimentos técnicos
MARCONI & LAKATOS6 assevera que, Revisão bibliográfica tem como finalidade de
colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que já foi dito ou escrito sobre um tema
ou ainda, que esteja relacionado. Este método consiste na análise dos assuntos contidos como
por exemplos em livros, artigos, revista e relatórios.
Este método foi importante porque permitiu o enriquecimento da base teórica, colocando-se
assim em condições melhores para utilizar métodos adequados.
6
LAKATOS. Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São
Paulo, 5ͣ Edição, Editora Atlas, 2003, p. 62.
7
MAGALHÃES. Maria da Conceição Ferreira, A Hermenêutica Jurídica. Rio de Janeiro, Forense, 1989, p. 20.
Revisão da Literatura