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Curso de Direito
Resumo
A proposta deste trabalho é verificar e analisar ao longo da história, a proteção jurídica e as
respectivas sanções aplicadas, a prática de Crimes contra os recursos naturais da Amazônia,
berço de grande riqueza ecológica e abastecimento natural e econômico para o Brasil será feita
uma comparação entre a legislação do passado com a atual, para examinar a evolução ao longo
do tempo desta proteção, o impacto do tema no âmbito nacional e internacional, bem como
mencionar alguns prejuízos decorrentes da ausência de legislação protetiva de maneira isolada
ou implantadas nas Constituições Federais e Estaduais, buscando um panorama da aplicação
efetiva destas normas e se elas tivessem sido implantadas no passado, quanto em recurso
financeiro o País não teria perdido, quer para reparação ou como lucro pela prática de crimes
ambientais.A escolha da Amazônia para analisar crimes cometidos nesta região contra o
Patrimônio Ecológico Brasileiro, se deu pela verificação de grande prejuízo econômico para o
Estado do Amazonas e para o Brasil, a época do extravio das sementes da seringueira pelo Inglês
Henry Wickham, para que fossem cultivadas em Seringais da Malásia, tirando assim a
exclusividade do Brasil na produção de borracha que abastecia o mundo todo.
Palavras-chave: Amazônia; Sanções; Crimes; Recursos naturais; Seringueira.
1.0 Introdução
Dentro desse espectro multifacetado, os aspectos físicos, como ar, água, solo e clima,
desempenham papéis fundamentais na criação de condições propícias à existência de vida. Os
aspectos químicos, por sua vez, revelam as intrincadas reações que ocorrem nesses
componentes, influenciando diretamente a qualidade ambiental. A biodiversidade e os
ecossistemas, representando os aspectos biológicos, conferem estabilidade e resiliência ao
meio ambiente, destacando a interdependência entre todas as formas de vida.
Ao considerarmos o meio ambiente natural, nos deparamos com áreas intocadas pelas
atividades humanas, como parques nacionais e reservas naturais. Esses refúgios
desempenham um papel crucial na conservação da biodiversidade e na manutenção de
ecossistemas saudáveis. Preservar esses ambientes naturais não é apenas uma escolha ética,
mas uma necessidade para assegurar a estabilidade dos serviços ecossistêmicos, como a
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O meio ambiente natural representa a faceta intocada e não adulterada pela intervenção
direta das atividades humanas. É um reino de vital importância para a manutenção da
biodiversidade, o equilíbrio ecológico e a preservação dos processos naturais que sustentam a
vida no planeta. Nesse contexto, áreas preservadas, como parques nacionais, reservas naturais
e ecossistemas intocados, emergem como refúgios essenciais para a conservação dos recursos
naturais e a promoção da saúde dos ecossistemas.
Em síntese, o meio ambiente natural não é apenas um cenário pitoresco, mas uma fonte
vital de recursos e serviços essenciais para a existência humana. Preservar sua integridade
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requer esforços concertados, políticas bem elaboradas e uma mudança cultural em direção a
práticas mais sustentáveis. Ao fazê-lo, não apenas garantimos um legado ambiental para as
futuras gerações, mas também reconhecemos nossa interdependência com o meio ambiente e
a necessidade premente de proteger essa preciosidade que é a base de nossa existência.
A Amazônia brasileira, tem sido alvo de uma escalada crescente por seus recursos
naturais, devido a ação dos biopiratas, que se utilizam de vários pretextos para “pesquisar”
nossos recursos, com o objetivo de contrabandear nossas riquezas naturais. A Biodiversidade
Amazônica, continua a ser um desafio para todos que por ela se interessam.
Não existem sanções rígidas e a fiscalização embora seja presente de maneira efetiva na
legislação atual, na prática é precária, em vista das grandes tecnologias que os países
possuem e disponibilizam para extraviar os recursos naturais. Existe um grande patrocínio da
Indústria, para que a biopirataria ocorra, o que também nos coloca na posição de precisar de
uma legislação rígida, no tocante à repressão de tais práticas que minam a nossa economia.
Outro grande fator que gera uma barreira para a proteção jurídica, foi a legalização das
chamadas, patentes. O que faz com que o avanço da biotecnologia e a facilidade de se
registrar marcas e patentes em âmbito internacional, provoque um aumento na biopirataria
mundial.
imensa fonte de riquezas, mas pouco recurso financeiro e baixa capacitação humana para
investir em pesquisas. A Lei de Patentes precisa ser revista. Para Flávio Montiel:
A Constituição de 1937 manteve as previsões da carta de 1934 (artigos 16, XIV, 18, a e
e, 134), bem como tratou da proteção de plantas e rebanhos contra doenças e agentes nocivos.
A Constituição de 1946, manteve a defesa do patrimônio histórico, cultural e
paisagístico, bem como a competência da União acerca de normas de defesa da saúde,
subsolo, águas, florestas, caça e pesca. O texto da Constituição de 1967 manteve as mesmas
disposições da carta de 1946.
A Carta Magna de 1988, foi a Primeira a trazer explicitamente em seu texto de forma
direta a proteção ambiental, dedicando-lhe um capítulo próprio que, definitivamente,
institucionalizou o direito ao ambiente sadio como um direito fundamental do indivíduo,
reconhecendo o meio-ambiente como “direito público subjetivo”, ao proclamá-lo como: ”
bem de uso comum do povo”.
- Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989 – cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
- Lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993 – prevê a redução de emissão de poluentes por veículos
automotores;
- Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 – criação da Agência Nacional das Águas – ANA;
Atualmente, em relação aos recursos naturais, a Legislação Estadual em seu aspecto geral, dispõe
apenas sobre créditos para produção, direitos e deveres obrigacionais entre as partes das relações
de trabalho decorrentes de exploração e tais recursos, bem como a fiscalização de tais serviços.
Óbvio, é o que resta, depois do extravio da semente da seringueira, só restou proteger as relações
de trabalho. Nunca houve em nossa legislação nenhum dispositivo que sancionasse o extravio de
produtos nativos da região Amazônica. A concorrência foi o motivo de pensar em legislar sobre o
assunto, mas nunca protegendo e sim apenas regulando as relações alí estabelecidas, um descaso
que custou muito caro para o Amazonas e para o Brasil.
“Eis porque, firmes, agora como antes, na tradicional convicção de que a borracha constitui
no presente e integrará no futuro a própria substância de nossa vida econômica, continuaremos a
preconizar a ampliação das atividades que se congregam em torno da mesma, quer com o objetivo
de organizar a sua produção racional, quer com o propósito imediatista do aproveitamento da
grande riqueza nacional, por meio da exploração da formidável massa de seringais silvestres,
prontos a responderem, de forma compensadora, aos esforços de seus repovoadores.”
Mesmo após o extravio da semente da seringueira, e todo o prejuízo que esse ato que na
época não era crime causou, a restauração e restabelecimento econômico sempre foi o objetivo
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Após a grande crise de 1933, alguns seringalistas fizeram seus próprios estatutos e
regulamentos, sempre direcionados ao trabalho e à convivência social,
Diz o regulamento interno de um seringal: “ Toda a nação tem suas leis para por elas refere-
se, e se estas leis não são obedecidas por seus habitantes será uma nação em completa
desorganização, onde não poderá haver garantias para os que nela vivem, nem para quem com ela
mantiver negócios.”
Para ilustrar o grande prejuízo de situação irremediável que o Amazonas enfrentou, quando
a Inglaterra extraviou as sementes da seringueira para cultivar na Malásia, vale apresentar dados
equiparativos de três décadas consecutivas, de consumo e produção Brasileira e Asiática, a saber:
ANO-1908
De procedência amazônica............................ 30.565 tons
De procedência asiática................................. 1.800 tons
ANO-1918
De procedência amazônica............................ 31.496 tons
De procedência asiática................................. 255.950 tons
ANO-1928
De procedência amazônica............................ 15.061 tons
De procedência asiática................................. 650.910 tons
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ANO-1937
E continua:
“ O vento oriental, que partiu dos seringais de plantação da Malásia, destruiu os tempos das
vacas gordas e das espigas formosas, e passou a açoitar a Amazônia com a fome e a pobreza,
como estava escrito, pois ninguém seguiu o conselho de José para plantar, produzir e guardar.”
O termo “guardar" descrito por Samuel, obviamente refer-se ás sementes, mas analisando o
contexto, esse termo também poderia ser direcionado, como guarda e proteção do recurso que era
a base de sustentabilidade da economia local a referida época, grande negligência legislativa e
desleixo á proteção jurídica e tutela omitida a um produto oriundo tipicamente da região
Amazônica e que era protagonista para a subsistência do Estado.
Segundo aponta o citado autor, o preço mais alto alcançado pela borracha foi no ano de
1910, quando cotada em 655 LE a tonelada, o que gerou um valor bruto de 25.254.371 LE, para
uma exportação de 38.547 toneladas, o preço mais baixo, no fundo da crise, em 1932, desceu
para 34 LE, por tonelada, produzindo um valor de 217.012 LE. Para uma exportação de apenas
6.224 toneladas. Entre uma data e outra, em termos de borracha, a Amazônia havia perdido 92%
do seu produto Regional Bruto em libras estrelinhas, e 97% e, termos de imóveis.
Na década dos anos 30, os seringais ficaram despovoados, apenas alguns resistiram à crise,
permanecendo fiéis ao seu destino. Os seringalistas arruinados foram promovidos pelos políticos
a “Coronéis de Barranco" e os seringueiros miseráveis passaram a ser os “soldados da borracha”,
tentaram eles encontrar a sua sobrevivência e de seus homens na castanha, na corda, na madeira,
em outros produtos regionais, assim como na roça e na fazenda.
Proprietários de terras e comerciantes dos rios Tarauacá e Embira, no Acre Federal, temos a
honra de vir a presença de V. Excia. com o presente memorial, no qual procuramos em termos
breves e concretos demonstrar a V. Excia, a situação premente daquela região brasileira e pedir
corretivo a males que dia a dia mais se agravam... Depois a crise da borracha veio alcançar,
fundamente, a economia da região, limitando a produção e trazendo miséria.”
Conclusão
Proteger os recursos naturais e evitar a biopirataria no Brasil, embora desafiador, uma vez
que o País é alvo de pesquisas e especulações quanto ao vasto e rico conteúdo de suas
biodiversidades, é totalmente possível conceder ao menos sanções em relação a crimes
ambientais. Mas ainda existe um conteúdo ameno em relação a sanções nos textos legislativos de
proteção ao meio-ambiente. Se o extravio da semente da seringueira fosse hoje, possivelmente a
mesma impunidade que levou o Estado do Amazonas, a amargurar a pior crise econômica de sua
história, se repetiria, e sendo mais especificas, de acordo com acordo com a legislação atual, o
contrabandista que roubou a semente da seringueira Brasileira seria punido de com detenção de
seis meses a um ano, e multa.
A solução verificada não se restringe apenas a práticas de fiscalização das pesquisas aqui
realizadas como o que ocorre atualmente, é preciso sanções severas, aplicação de multas
equiparadas ao dano patrimonial gerado ao Brasil pela prática de tais Crimes.
A impunidade existe e está diante de nossos olhos, prova disso é que o extravio dos
recursos naturais Brasileiros estão sendo facilitados pela própria omissão legislativa do referido
País.
Referências
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: nov. 2023.
BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000.Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e
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Natureza e dá outras providências.Disponível em:
˂http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=322˃. Acesso em: nov. 2023.
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FERREIRA, Heline Sivini, LEITE, José Rubens Morato (Org.). Estado de Direito Ambiental:
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