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de burla
N.º 142720024
Mestrado Forense
2020/2021
Lisboa, junho de 2021
1. Exposição do tema da dissertação- 4 mil caracteres incluindo espaços
Económico, que estamos perante uma temática complexa, atual e com uma crescente relevância
social, que convoca variadas questões e suscita alguma controvérsia na doutrina quer do ponto de
interesse, principalmente quando se traz à colação a pertinência do crime de burla aliado a este tipo
de incriminação.
- Código Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 400/82, de 23 de setembro, na versão dada pela
Lei n.º 58/2020, de 31 de agosto
- Código de Processo Penal, aprovado pelo DL n.º 78/87, de 17 de fevereiro, na versão dada pela
Lei n.º 39/2020, de 18 de agosto
- Constituição da República Portuguesa, aprovada pelo Decreto de 10 de abril de 1976, na versão
dada pela Lei n.º 1/2005, de 12 de agosto.
- Jurisprudência
- Doutrina
A dissertação terá como primeiro pressuposto a análise do artigo 335º do Código Penal, uma
vez que é o preceito legal central nesta temática.
A origem deste artigo difere quando comparado com a maioria dos restantes preceitos
introduzidos pela Reforma de 1995. Enquanto que estes tiveram a sua origem na proposta de Lei de
Autorização Legislativa n.º 35/94, de 15 de setembro, e, consequentemente, no Decreto-Lei n.º
48/95, de 15 de março, o crime de Tráfico de influência resultou de um acordo conseguido entre os
partidos com assento parlamentar. Sucede que a Lei de Autorização Legislativa estabelecia, como é
comum, os exatos termos em que o Governo deveria legislar. No entanto, o Governo legislou num
sentido distinto do autorizado, o que conduziu a uma contraposição de ideias: se inicialmente o tipo
legal de crime estava pensado para que houvesse punição tanto nos casos em que a influência
exercida fosse real ou suposta; o texto final foi no sentido de haver punição apenas por influência
real. Ainda assim, o texto aprovado pela Assembleia da República contemplou ambos os casos. Esta
constitui uma das fragilidades do tema, na medida em que existem opiniões discordantes na
doutrina quanto à bondade desta decisão. De facto, alguns autores entendem que a incriminação da
influência meramente suposta é inconstitucional, uma vez que se o traficante passivo não goza de
uma verdadeira influência nunca poderá abusar dela, colocando em causa o bem jurídico tutelado
pela incriminação1.
Outra questão pertinente prende-se, precisamente, com o bem jurídico aqui tutelado. Se, por
um lado, uma determinada corrente doutrinária entende que o bem jurídico tutelado pelo art. 335º é
a integridade das funções do ente público; segundo o entendimento de Germano Marques da Silva,
o que está em causa é o próprio Estado de direito, vertido na liberdade de atuação das entidades
públicas bem como na integridade de funções dos funcionários e na própria imagem da
administração pública.
O próprio preenchimento do conceito de “influência” convoca algumas questões2.
1 Cfr. PEREIRA, Maria Margarida Silva , “Acerca do novo tipo de tráfico de influência”, in Jornadas sobre a
revisão do Código Penal, Maria Fernanda Palma e Teresa Pizarro Beleza (coord.), Associação Académica da
Faculdade de Direito de Lisboa, Lisboa, 1998, p. 275 ss.
2 Trata-se de um verdadeiro conceito indeterminado, seno difícil defini-lo objetivamente. Por isso, há quem
questione a legalidade do preceito.
5. Alguma bibliografia pertinente
PEREIRA, Maria Margarida Silva, “Acerca do novo tipo de tráfico de influência”, in Jornadas
sobre a revisão do Código Penal, Maria Fernanda Palma e Teresa Pizarro Beleza (coord.),
Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, Lisboa, 1998,
DIAS, Jorge De Figueiredo, “Direito Penal: Parte Geral, vol. I”, 2ª Edição, Coimbra, Coimbra
Editora, 2007.
MAURI, Miriam Cugat, “La desviación del interés general y el tráfico de influencias", Barcelona,
Editorial CEDECS, 1997.
LOPES, José Mouraz, “Sobre o novo crime de tráfico de influência (artigo 335 do Código Penal)",
in Revista do Ministério Público, n.º 64, ano 16. Outubro – Dezembro, 1995 [pp. 55 - 65].
PRADO, Luis Regis, Revista de Derecho Penal y criminologia, 3ª Época, n.º 1, 2009, p.170.
MADEIRA, António Pereira et al., “Código de Processo Penal Comentado”, 2ª ed., Coimbra,
Almedina, 2016.
RODRIGUES, João Firmino Silveira Araújo, “Do Crime de Tráfico de Influência”, in Crime de
Tráfico de Influência, Coleção Formação Ministério Público, Centro de Estudos Judiciários, Lisboa,
acessível in http://www.cej.mj.pt/cej/recursos/ebooks/penal/eb_Trafico_Influencia_MP.pdf.
6. Nota biográfica