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DIRETORIA DE PRODUÇÃO EDUCACIONAL

PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIVERSOS

FICHA TÉCNICA DO MATERIAL


grancursosonline.com.br

CÓDIGO:
2132023679

TIPO DE MATERIAL:
E-book

TÍTULO:
Lei n. 8.072/1990 – Lei dos Crimes
Hediondos – Esquematizada

PROFESSOR:
Valter Corrêa

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
3/2023
LEI N. 8.072/1990 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – ESQUEMATIZADA
Prof. Valter Corrêa

Sumário
Introdução..........................................................................................................................4

Lei n. 8.072/1990 – Lei dos Crimes Hediondos – Esquematizada................................5

Abreviações.......................................................................................................................21

Referências Bibliográficas...............................................................................................22

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LEI N. 8.072/1990 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – ESQUEMATIZADA
Prof. Valter Corrêa

INTRODUÇÃO

Olá, querido aluno, vamos iniciar os estudos da legislação sem comentários, a famosa
“lei seca” tão cobrada em certames públicos. Lembre-se que cerca de 3/4 das questões de
concursos das disciplinas jurídicas (que possuem legislação) vêm constando exatamente a
“letra da lei”.
Desta forma, é fundamental a leitura da legislação, em conjunto com o estudo da doutrina
(videoaulas, livros ou PDFs), além da resolução de questões diárias e revisões periódicas,
ou seja, estudar por múltiplas fontes de conteúdo. Ver e rever o conteúdo, por mais de uma
fonte de estudo, é fundamental para o aprendizado eficiente, então, a partir de hoje, inclua as
diversas fontes de estudo no seu trabalho diário.
Vamos tratar hoje da Lei dos Crimes Hediondos, tema cobrado em grande parte dos
concursos. A ideia é destacar as partes mais importantes da legislação, além de trazer comen-
tários pontuais sobre assuntos que caem muito em prova. Vamos juntos!
Abraços!
Valter Corrêa

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LEI N. 8.072/1990 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – ESQUEMATIZADA
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LEI N. 8.072/1990 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – ESQUEMATIZADA


Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990

Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso


XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.

Lei dos Crimes Hediondos


Lei n. 8.072/90

A Lei n. 8.072/90 regulamentou o art. 5º, XLIII, da CF/88: “a lei considerará crimes ina-
fiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpe-
centes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.”
O art. 5º, XLIII, da Constituição Federal é um mandado constitucional de criminaliza-
ção (expresso), porque vincula o legislador ordinário, reduzindo a sua margem de atuação
para obrigá-lo a proteger, de forma eficiente e suficiente, certos assuntos (bens ou interes-
ses) previstos na própria Constituição.

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-


-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, consumados ou tentados:

Como podemos observar, a Constituição impõe um regime mais gravoso aos crimes de
tortura, tráfico e terrorismo, assim como os crimes definidos como hediondos. No caso dos
delitos considerados hediondos, sua aplicabilidade está condicionada à definição dessa cate-
goria de infrações penais pelo legislador ordinário.
O sistema que estabelece os critérios para a definição do que é ou não crime hediondo
em nosso país é o Sistema Legal, em que os crimes hediondos são aqueles rotulados
pelo legislador, em um rol taxativo.
Cabe ao legislador enunciar, de forma exaustiva (numerus clausus), os crimes que devem
ser considerados hediondos. Desta forma, não se confere ao juiz qualquer discricionariedade
para atestar a natureza hedionda do delito. Se o crime praticado pelo agente constar do rol
de crimes hediondos (rol taxativo), deve ser reconhecida sua natureza hedionda, ainda que,
no caso concreto, a conduta delituosa não se revele tão gravosa.

Obs.: existem, ainda, o sistema judicial e o sistema misto/híbrido.

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No sistema judicial, são considerados crimes hediondos aqueles definidos assim pelo
juiz na análise do caso concreto. Confere-se ao magistrado ampla liberdade para identificar
a natureza hedionda de determinada conduta delituosa.
No sistema misto/híbrido, em vez de preestabelecer o rol taxativo de crimes classifica-
dos como hediondos, o legislador apresenta apenas um conceito, fornecendo alguns traços
peculiares dessas infrações penais. Com tal definição prévia de crime hediondo, caberia ao
magistrado, então, enquadrar determinada conduta ilícita como hedionda. Assim, o legisla-
dor apresenta um rol exemplificativo de crimes hediondos e o juiz, que também possui certa
liberdade neste sistema para aferir a natureza hedionda de determinada conduta delituosa,
encontra outras hipóteses igualmente graves (interpretação analógica).
Tais sistemas não são adotados em nosso país, e sim o sistema legal, em que o legisla-
dor enuncia de forma exaustiva (numerus clausus), os crimes considerados hediondos.

I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,


ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III,
IV, V, VI, VII, VIII e IX); (Redação dada pela Lei n. 14.344, de 2022)

Obs.: no primeiro caso, trata-se do homicídio condicionado, pois o reconhecimento de


sua natureza hedionda depende da verificação de um requisito, ou condição: que a
infração tivesse sido praticada em ação típica de grupo de extermínio.

Grupo de extermínio: grupo significa um conjunto de pessoas com características,


objetivos e interesses em comum. Como se refere a um grupo, conclui-se que se trata de
crime plurissubjetivo, ou seja, hipótese de concurso necessário de agentes. A redação da
lei afirma que esse delito será considerado hediondo, ainda que o crime seja praticado
por um só agente. No entanto, é necessário comprovar que este executor faz parte de um
grupo de extermínio.
A questão é: quantas pessoas são necessárias para atestar a presença de um grupo?
Prevalece que são necessárias ao menos três pessoas para configurar um grupo de
extermínio, ainda que a execução direta da conduta de matar alguém seja delegada somente
para um de seus membros.

ATENÇÃO
Prevalece o entendimento de reconhecimento da figura do homicídio qualificado-privile-
giado, combinando-se os §§ 1º e 2º do art. 121 do CPB, desde que a qualificadora tenha
natureza objetiva (incisos III e IV).

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Quando os jurados no Tribunal do Júri reconhecerem a existência de homicídio qualifica-


do-privilegiado, tal crime não pode ser considerado como hediondo, pois o art. 1º, I, da Lei
n. 8.072/90 afirma que somente serão rotulados como hediondos, o homicídio simples prati-
cado em atividade típica de grupo de extermínio e o homicídio qualificado. Não há qualquer
referência ao homicídio privilegiado.
Portanto, o homicídio qualificado-privilegiado (conhecido como homicídio híbrido)
não é considerado hediondo (esta é a posição que prevalece).

I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal
seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição; (Incluído pela Lei n. 13.142, de 2015)

Obs. 1: a legislação trata da lesão gravíssima, desta forma o inciso I-A não abrange a lesão
grave. Princípio da Legalidade: nullum crimen nulla poena sine lege stricta proíbe a
analogia in malam partem, ou seja, a incidência de lei penal sobre situações por ela
não reguladas, seja fundamentando a aplicação ou o agravamento de penas, seja
proporcionando qualquer outro tipo de agravo à situação do investigado, acusado
ou condenado.
Obs. 2: pelos mesmos motivos, não abrange o parente por afinidade, somente contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau do agente estatal,
conforme consta expressamente na legislação.

II – roubo: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

O pacote anticrime ampliou consideravelmente as hipóteses de hediondez relativas ao


crime de roubo. Agora, além do latrocínio, pelo menos outras quatro modalidades de roubo
também passaram a ser etiquetadas como hediondas.

a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (Inclu-
ído pela Lei n. 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei
n. 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído
pela Lei n. 13.964, de 2019)

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III – extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corpo-
ral ou morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
IV – extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º);
(Inciso incluído pela Lei n. 8.930, de 1994)

Ao contrário do que ocorre com os delitos de roubo e de extorsão, que são considera-
dos hediondos em algumas hipóteses, o crime de extorsão mediante sequestro sempre é
hediondo, independente da modalidade.

V – estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação dada pela Lei n. 12.015, de 2009)

Com a entrada em vigor da Lei n. 12.015, de 2009, o art. 214 do CPB foi revogado, e o
art. 213 do mesmo código passou a ter a seguinte redação: “Constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso”. Desta forma, ocorreu uma simples migração de conteúdo nor-
mativo do revogado art. 214 do CPB para a nova redação do crime de estupro.
Assim, não se pode falar em abolitio criminis, pois a conduta delituosa, antes incriminada
pelo delito de atentado violento ao pudor, não deixou de ser considerada crime, em virtude
de lei posterior.
Aplica-se, na verdade, o princípio da continuidade normativo-típica. Para além da revo-
gação formal, deve ser verificado se o conteúdo normativo revogado não foi, simultanea-
mente, deslocado para outro dispositivo legal. No presente caso, o conteúdo normativo da
antiga conduta delituosa do atentado violento ao pudor migrou para a nova redação do art.
213 do CPB.

VI – estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); (Redação dada pela Lei
n. 12.015, de 2009)

A figura delituosa do art. 217-A, grosso modo, corresponde à antiga violência presumida
do revogado art. 224 do CPB. No entanto, o que antes era tratado pelo Código Penal como
hipótese de violência presumida passa a figurar como crime autônomo.
Para a caracterização desse crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A, caput,
do CPB, basta que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com
pessoa menor de 14 anos de idade. O consentimento da vítima, sua eventual experiência
sexual anterior ou a existência de relacionamento amoroso entre o sujeito ativo e a vítima não
afastam a ocorrência do delito.

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LEI N. 8.072/1990 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – ESQUEMATIZADA
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É exatamente nesse sentido que entendem os tribunais superiores, vide súmula n. 593
do STJ e decisão do STF, 1ª Turma, HC 122.945/BA, Rel. Min. Roberto Barroso: sendo a
vítima menor de 14 anos, o estupro é presumido.

Jurisprudência: STF. 1ª Turma. HC 100612/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 16/8/2016 (Info 835).
Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que cometidos
antes da edição da Lei n. 12.015/2009, são considerados hediondos, ainda
que praticados na forma simples. Ou seja, antes ou depois da Lei n. 12.015/2009,
toda e qualquer forma de estupro (ou atentado violento ao pudor) é considerada
crime hediondo, sendo irrelevante que a prática de qualquer deles tenha causado,
ou não, lesões corporais de natureza grave ou morte.

VII – epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). (Inciso incluído pela Lei n. 8.930, de 1994)

Obs.: ao contrário do latrocínio (art. 157, § 3º, II, do CPB) e do crime de extorsão seguida
de morte (art. 158, § 2º, do CPB), previstos no art. 1º, inciso VII, da Lei n. 8.072/90,
nos quais o resultado agravador pode ser atribuído ao agente tanto a título de dolo
quanto a título de culpa, o crime de epidemia com resultado morte é exemplo de
crime preterdoloso, o que significa que o resultado morte só pode ser atribuído ao
agente a título de culpa. Ou seja, o delito do art. 267, § 1º, do CPB, demanda a pre-
sença de dolo de perigo na conduta antecedente, que é causar epidemia, e culpa
no resultado subsequente (se de fato resulta morte).

VII-A – (VETADO). (Inciso incluído pela Lei n. 9.695, de 1998)


VII-B – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins tera-
pêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei
n. 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei n. 9.695, de 1998)

A figura hedionda em análise abrange não apenas a falsificação de produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais, como também de cosméticos e saneantes (art. 273, § 1º-A, do
CPB), fato este que gerou inúmeras críticas dos estudiosos do Direito. Sob o ponto de vista da
ofensividade à saúde pública, que é o bem jurídico tutelado pelo art. 273 do Código Penal, não
se deve equiparar produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais a meros cosméticos
(produtos para o embelezamento), ou a simples saneantes (produtos para a higienização e
desinfecção ambiental), sobretudo se levarmos em consideração a pena cominada ao referido
crime: reclusão de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. Por isso, parte da doutrina entende
que o art. 273, § 1º-A, do CPB, deve ser objeto de interpretação restritiva para que se possa
considerar típica, apenas, a falsificação de cosméticos e saneantes que efetivamente sejam
dotados de potencialidade lesiva contra a saúde pública, e não qualquer cosmético.

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Inclusive a Corte Especial do STJ concluiu ser inconstitucional o preceito secundário do


art. 273, § 1º-B, V, do CPB, (reclusão de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa), devendo se
considerar no cálculo da reprimenda, a pena prevista no caput do art. 33 da Lei n. 11.343/2006
(Lei de Drogas), com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respec-
tivo § 4º. De acordo com o STJ, impõe-se ao legislador o dever de observar o princípio da
proporcionalidade como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente.

VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança


ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei n.
12.978, de 2014)

Acrescentado ao CPB pela Lei n. 12.015/09, e revogando tacitamente o crime anterior-


mente definido no art. 244-A do ECA (Lei n. 8.069/90), o art. 218-B funciona como uma moda-
lidade específica do delito de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual, tipificado no art. 288, do CPB. A diferença entre os dois crimes aparece na qualidade
da vítima: em um são as pessoas com idade igual ou superior a 18 (dezoito) anos e mental-
mente saudáveis; no art. 218-B, são os menores de 18 (dezoito) anos e as pessoas que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato sexual.
O delito do art. 218-B ficará caracterizado se tais pessoas forem submetidas, introduzidas
ou atraídas à prostituição ou outra forma de exploração sexual, se houver a facilitação de tais
práticas, ou, ainda, se alguém impedir ou dificultar o abandono de tais atividades.
O art. 218-B, § 1º do CPB informa que se o crime é praticado com o fim de obter vanta-
gem econômica, aplica-se também multa.
E o § 2º, do mesmo artigo, afirma que incorre nas mesmas penas quem:
I – pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas
referidas no caput deste artigo.

IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Obs.: o Pacote Anticrime rotulou como hediondo o crime de furto qualificado pelo emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum, porém esqueceu-se
de fazer o mesmo com o crime de roubo circunstanciado pela destruição ou rompi-
mento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que
cause perigo comum, delito em tese muito mais grave que o furto em análise.

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Desta forma, considerando que o Sistema Legal estabelece os critérios para a definição
do que é ou não crime hediondo, o inciso IX trata somente do crime de furto, portanto não
cabe ao magistrado a possibilidade de considerar um crime de roubo nas mesmas circuns-
tâncias como hediondo. Assim, o delito de roubo circunstanciado pela destruição ou rom-
pimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum não pode ser considerado hediondo (Princípio da Legalidade).

Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Reda-


ção dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

Obs.: o art. 1º, caput, e o parágrafo único da Lei n. 8.072/90 afirmaram de forma expres-
sa que, para fins de reconhecimento da natureza hedionda do delito, pouco impor-
ta se este seja consumado ou tentado. Mesmo o delito tentado é considerado
como hediondo.

I – o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889, de 1º de outubro


de 1956; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Reputa-se hediondo o crime de genocídio previsto nos artigos 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889,
de 1º de outubro de 1956, tentado ou consumado. A lei rotula como hediondo não apenas o
delito de genocídio propriamente dito, que está previsto no art. 1º, mas também os delitos de
associação para fins de genocídio (art. 2º, da Lei n. 2.889/1956), e de incitação ao geno-
cídio (art. 3º, da Lei n. 2.889/1956).

II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art.
16 da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Obs.: o inciso II trata somente da posse ou porte ilegal de arma de fogo (não abrange mu-
nição ou acessório), e somente da arma de fogo de uso proibido (não trata da arma
de uso restrito).

III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei n. 10.826,
de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Obs.: da mesma forma, não abrange munição ou acessório, somente comércio de


arma de fogo.

IV – o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto


no art. 18 da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

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Obs.: já aqui, de forma expressa, abarcou o acessório e a munição.

V – o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime


hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Obs.: o crime de organização criminosa por si só não é hediondo, somente quando direcio-
nado à prática de crime hediondo ou equiparado.

ATENÇÃO
Perceba que hedionda será apenas a infração penal prevista no Código Penal ou nas leis
especiais indicadas na Lei n. 8.072/90, nunca a infração penal que encontre tipificação em
outro diploma legal. Assim, os crimes militares não possuem natureza hedionda, pois o
legislador não se ateve a conferir a natureza hedionda aos crimes militares previstos no
Código Penal Militar.

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e


drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante)
I – anistia, graça e indulto;

Obs.: causas de extinção de punibilidade, previstas no art. 107, II, do CP.

Anistia: deve ser compreendida como o esquecimento jurídico da infração penal e tem
por objeto fatos definidos como crimes, e não pessoas. Pode ser concedida antes ou após a
condenação, podendo ser total ou parcial. Tem o condão de extinguir todos os efeitos penais,
inclusive pressupostos de reincidência. Permanece, no entanto, a obrigação de indenizar.
O Congresso Nacional tem a competência, por meio de lei federal, para a concessão da
anistia (art. 48, VIII, CF/88), extinguindo a punibilidade (art. 107, II, do CPB), independente-
mente da aceitação dos anistiados e, uma vez concedida, não pode ser revogada.
Graça: tem por objeto crimes de natureza comum e é concedida pelo Presidente da
República, por Decreto, a pessoa determinada, com condenação irrecorrível, provocando a
extinção da punibilidade (art. 107, II, do CPB).
A graça é tratada pela doutrina majoritária como uma espécie de indulto individual.
Pode-se dizer que, na hipótese de concessão de perdão a um único condenado, tem-se a
graça; na hipótese de o perdão abranger um grupo indeterminado de condenados, fala-se
em indulto.
Indulto: o indulto propriamente dito, ou indulto coletivo, se dirige a um grupo indefinido de
condenados, sendo delimitado pela natureza do crime e quantidade de pena aplicada, além
de outros requisitos objetivos e subjetivos listados em Decreto, expedido pelo Presidente da
República, sobre quem recai a competência para sua concessão (art. 84, XII, da CF/88), e
que pode, no entanto, ser delegada a seus ministros (art. 84, parágrafo único, da CF/88).

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LEI N. 8.072/1990 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – ESQUEMATIZADA
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Jurisprudência:
Súmula 631 do STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pre-
tensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.

Obs. 1: há quem se refira à outra modalidade de indulto, o indulto parcial, também conhe-
cido como comutação da pena, que não tem o condão de causar a extinção da
punibilidade, e provoca apenas a diminuição da pena a ser cumprida.
Obs. 2: a CF/88 vedou apenas a concessão de anistia e graça aos que cometem crimes
hediondos ou equiparados. A legislação, no entanto, ampliou esse rol, prevendo tam-
bém o indulto, e o STF já assentou entendimento de que a previsão legal do indulto
é constitucional.

Prevalece, então, que a expressão “graça” a que se refere o art. 5º, XLIII, da CF/88, deve
ser objeto de interpretação extensiva para também abranger a vedação da concessão do
indulto, pois as duas causas extintivas de punibilidade são espécies de clemência soberana,
com a única diferença de que aquela é concedida de maneira individualizada e esta para um
grupo indeterminado de condenados.

Jurisprudência:
Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento
de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará
a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem
prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos
e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo funda-
mentado, a realização de exame criminológico.
PENA — REGIME DE CUMPRIMENTO — PROGRESSÃO — RAZÃO DE SER. A
progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semiaberto
e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso, que, mais dia ou menos
dia, voltará ao convívio social. PENA — CRIMES HEDIONDOS — REGIME DE
CUMPRIMENTO — PROGRESSÃO — ÓBICE — ART. 2º, § 1º, DA LEI 8.072/1990
— INCONSTITUCIONALIDADE — EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita
com a garantia da individualização da pena — art. 5º, inciso XLVI, da Constituição
Federal — a imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime inte-
gralmente fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em
evolução jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei
8.072/1990. [HC 82.959, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 23-2-2006, DJ de 1º-9-2006.]
Teses de Repercussão Geral: É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art.
2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando
da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal.
[Tese definida no ARE 1.052.700 RG, rel. min. Edson Fachin, P, j. 2-11-2017, DJE
18 de 1º-2-2018, Tema 972.]

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II – fiança. (Redação dada pela Lei n. 11.464, de 2007)

Obs.: embora tortura, tráfico de drogas e terrorismo não sejam crimes hediondos, também
são insuscetíveis de fiança, anistia, graça e indulto. Não são hediondos, no en-
tanto, são equiparados a crimes hediondos.

§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
(Redação dada pela Lei n. 11.464, de 2007)

Jurisprudência: STF. Plenário. HC 111840/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 27/6/2012


(Info 672). STJ. 3ª Seção. EREsp 1.285.631-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Junior,
julgado em 24/10/2012.
Qual é o regime inicial de cumprimento de pena do réu que for condenado
por crime hediondo? Lei n. 8.072/90: prevê que o regime inicial deve ser, obri-
gatoriamente, o fechado (art. 2º, § 1º). Plenário do STF: esse § 1º do art. 2º, da
Lei º 8.072/90, é inconstitucional. O regime inicial nas condenações por crimes
hediondos não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser também
o regime semiaberto ou aberto, desde que presentes os requisitos do art. 33,
§ 2º, alíneas b e c, do Código Penal.

Obs.: se o plenário do STF afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os con-
denados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixação
do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c art. 59, ambos do
CPB, é claro que essa interpretação também deve ser aplicada aos crimes equipa-
rados a hediondos, a exemplo da tortura. Logo, considerando o disposto no art. 1º,
§ 7º, da Lei n. 9.455/97, também não é obrigatório que o condenado por crime de
tortura inicie o cumprimento de pena no regime prisional fechado.

Novos parâmetros objetivos para a progressão de regime, inclusive para


crimes hediondos e equiparados (art. 112, da LEP – Lei de Execução Penal,
com redação dada pelo Pacote Anticrime):
I – cumprimento de ao menos 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado
for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II – cumprimento de ao menos 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for
reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III – cumprimento de ao menos 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o
apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou
grave ameaça;
IV – cumprimento de ao menos 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for
reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;

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V – cumprimento de ao menos 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado


for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI – cumprimento de ao menos 50% (cinquenta por cento) da pena, se o
apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado
morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização crimi-
nosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII – cumprimento de ao menos 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII – cumprimento de ao menos 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado
o livramento condicional.

Obs.: Requisitos Subjetivos (art. 112, § 1º, da LEP): Em todos os casos, o apenado só
terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada
pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu


poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei n. 11.464, de 2007)

Jurisprudência:
Súmula 491 do STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime
prisional.
Súmula 716 do STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena
ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trân-
sito em julgado da sentença condenatória.
Súmula 717 do STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena,
fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em
prisão especial.

Questão de prova: Natureza do crime de tráfico de drogas previsto no § 4º, do art.


33, da Lei n. 11.343/06, para fins de progressão de regime:

Questão que recai sobre o chamado “tráfico privilegiado”, que tecnicamente não se trata
de privilégio, porque o legislador não inseriu um novo máximo ou mínimo, limitando-se apenas
a prever a possibilidade de diminuição de pena de um sexto a dois terços. Logo, não se trata
de privilégio, mas sim de verdadeira causa de diminuição de pena. E, neste caso, com a
entrada do Pacote Anticrime, o legislador deixou expresso na LEP, para fins de progressão de
regime, que o chamado “tráfico privilegiado” não se considera hediondo ou equiparado.

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Art. 112, § 5º, da LEP: Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste
artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343, de 23 de
agosto de 2006.

§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n. 7.960, de 21 de dezembro de 1989,


nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual perí-
odo em caso de extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei n. 11.464, de 2007)

Obs. 1: a prisão temporária nos crimes comuns é de 5 dias prorrogáveis por mais 5 dias,
já nos crimes hediondos/equiparados, o prazo da prisão temporária é de 30 dias
prorrogáveis por igual período.
Obs. 2: com o advento da Lei dos Crimes Hediondos, a prisão temporária passou a ser
cabível não só em relação aos crimes previstos no inciso III, do art. 1º, da Lei n.
7.960/89, como também, em relação aos crimes previstos no caput, do art. 2º, da Lei
n. 8.072/90, quais sejam, os crimes hediondos e equiparados (tortura, tráfico de
drogas e terrorismo).

Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados


ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência
em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.

Obs.: o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), do Ministério da Justiça e Segu-


rança Pública (MJSP), é responsável pelas cinco penitenciárias do Sistema Peniten-
ciário Federal (SPF), localizadas em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Mosso-
ró (RN), Porto Velho (RO) e Brasília (DF).

Competência do Juízo da Execução: transferência para presídios federais.


Conforme a Súmula 192 do STJ: “Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado
a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral,
quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual.”, prevalece o enten-
dimento de que a competência do Juízo da Execução é determinada em virtude da natureza
do estabelecimento prisional em que o preso se encontra detido.
Desta forma, considerando a possibilidade de um preso condenado pela Justiça Esta-
dual estar recolhido em um presídio federal, ou vice-versa, interessa, para fins de fixação
de competência, a natureza do estabelecimento penitenciário em que se encontra o con-
denado: se estadual, o juízo das execuções competente será o estadual; se federal, o
juízo das execuções competente será o federal.

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Art. 4º (Vetado).
Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso:
“Art. 83...............................................................
........................................................................
V – cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.”
Art. 6º Os artigos 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213; 214; 223, caput e seu
parágrafo único; 267, caput e 270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com a
seguinte redação:
“Art. 157..............................................................
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de cinco a
quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem preju-
ízo da multa.
........................................................................
Art. 159................................................................
Pena – reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º.................................................................
Pena – reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º.................................................................
Pena – reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º.................................................................
Pena – reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
........................................................................
Art. 213................................................................
Pena – reclusão, de seis a dez anos.
Art. 214................................................................
Pena – reclusão, de seis a dez anos.
........................................................................
Art. 223................................................................
Pena – reclusão, de oito a doze anos.
Parágrafo único...............................................
Pena – reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
........................................................................
Art. 267................................................................
Pena – reclusão, de dez a quinze anos.
........................................................................
Art. 270................................................................
Pena – reclusão, de dez a quinze anos.
.......................................................................”

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Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte parágrafo:


“Art. 159...............................................................
........................................................................
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o coautor que denunciá-lo à autori-
dade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.”

ATENÇÃO
O § 4º, do art. 159 do CPB foi revogado pela Lei n. 9.269, de 1996, que deu a seguin-
te redação:
§ 4º – Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autorida-
de, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
(Redação dada pela Lei n. 9.269, de 1996)

Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código
Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecen-
tes e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou
quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.

Obs. 1: em seu art. 8º, a Lei dos Crimes Hediondos estabelece uma pena distinta para o
crime previsto no art. 288 do CPB, quando a associação em questão tiver como
objetivo a prática de crimes hediondos e equiparados, com exceção do tráfico de
drogas, já que, em relação a este crime, há tipo penal específico no art. 35 da Lei
n. 11.343/06. O art. 8º da Lei n. 8.072/90 não criou um novo tipo penal incriminador.
Limitou-se apenas a estabelecer novos limites de pena.
Obs. 2: A colaboração premiada na associação para cometimento de crime hediondo
ou equiparado:

Requisitos: desmantelamento da associação criminosa.


Benefícios: redução de pena de 1/3 a 2/3.

Obs.: a colaboração deve ser voluntária.

Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos artigos 157, § 3º, 158,
§ 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput
e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos
do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos1
¹Limite das penas
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao
limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º – Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena
já cumprido. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)

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de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do
Código Penal.

Obs.: as controvérsias produzidas pelo art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos perderam rele-
vância, isso porque, com a revogação expressa do art. 244 do Código Penal pelo
art. 7º da Lei n. 12.015/09, a doutrina dominante entende que a causa de aumento
de pena, o art. 9º da presente Lei, também foi tacitamente revogado.

Jurisprudência: STF. Plenário. HC 100181/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,


red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/8/2019 (Info 947).
A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi tacitamente
revogada pela Lei n. 12.015/2009, tendo em vista que esta Lei revogou o art. 224
do CPB, que era citado pelo art. 9º.
Se um indivíduo foi condenado, antes da Lei n. 12.015/2009, pela prática de estu-
pro contra menor de 14 anos com a incidência da causa de aumento do art. 9º da
Lei de Crimes Hediondos, esta majorante deverá ser retirada de sua condenação
por força da novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CPB).

Art. 10. O art. 35 da Lei n. 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar acrescido de
parágrafo único, com a seguinte redação:
“Art. 35.................................................................
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo serão contados em dobro
quando se tratar dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14.”

Obs.: com a revogação da Lei n. 6.368/76, o prazo procedimental para os crimes de tráfico
de drogas passou a ser regulamentado pela Lei n. 11.343/06.

Art. 11. (Vetado).


Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Jurisprudência: STJ. 3ª Seção. REsp 1.910.240-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti


Cruz, julgado em 26/05/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1084) (Info 699).
É reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da LEP,
incluído pela Lei n. 13.964/2019, àqueles apenados que, embora tenham cometido
crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, não sejam reincidentes em
delito de natureza semelhante.

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Questão de prova: o que é cláusula salvatória?


Criação doutrinária que, a depender das circunstâncias do caso concreto, permitiria
que o juiz afastasse a natureza hedionda de um crime constante do rol fixado pelo
legislador (sistema legal), mas nunca a sua ampliação para inclusão de crimes que
não foram enumerados previamente pelo legislador como crimes hediondos.
Tal criação da doutrina não é adotada em nosso ordenamento jurídico, que
utiliza o sistema legal, ou seja, crimes hediondos são aqueles rotulados pelo
legislador, em um rol taxativo.

Prioridade de tramitação dos processos que apuram a prática de crimes hediondos:


De acordo com o art. 394-A, do CPP: “Os processos que apurem a prática de crime
hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias”. Apesar do presente artigo
se referir somente aos crimes hediondos, considerando tratar-se de norma genuinamente
processual, não há óbice em empregar a analogia, nos termos do art. 3º do CPP, sendo
possível a aplicação de seus dizeres aos processos atinentes aos crimes equipara-
dos a hediondos.

Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República.


FERNANDO COLLOR
Bernardo Cabral

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ABREVIAÇÕES

CF/88 – Constituição Federal de 1988;


CPB – Código Penal Brasileiro;
CPP – Código de Processo Penal;
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente;
LEP – Lei de Execução Penal;
STF – Supremo Tribunal Federal;
STJ – Superior Tribunal de Justiça.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Volume único. 9ª
edição. Salvador/BA: Juspodivm, 2021.

MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 7ª edição. São Paulo: Método, 2019.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Volume 1.


6ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Volume 2.


São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

PUREZA, Diego. Sinopses para concursos. Leis penais especiais. Volume 4. Salvador/
BA: Juspodivm, 2023.

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