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Teresa Ramos Ascensão

COMPARTICIPAÇÃO – 26º-29º

1. Autoria
1.1. Autoria mediata – executa o facto típico através de outra pessoa (manipulada) que
não é capaz de vontade. Tentativa do autor mediato começa assim que põe em
movimento a acção do autor imediato (MFP vs HM). Autor mediato pode ter apenas
negligência.
 HM – Critério normativo de instrumentalização – tem de haver falta de
autonomia: imediato é irresponsável por culpa dolosa + é instrumentalizado
(interferência dominante). 4 situações (só assim se instrumentaliza alguém
– fora disto, instigação):
- Coacção – material está em LD/EN/EN desculpante.
- Erro (16º/1 ou 2 ou 17º) – provocação/aproveitamento da deficiência de
conhecimento só determinam a instrumentalização se situação de
desconhecimento impedir o material de ponderar as circunstâncias (falta
autonomia). Material pode ser punido por negligência.
- Inimputabilidade – imediato cria-a ou aproveita-se dela. Instigação/auxílio
de menores não implica necessariamente instrumentalização –
irresponsáveis, mas tem de haver falta de autonomia. Se pelo 20º/4,
material é imputável, não há autoria mediata.
- Auto-lesão – instrumento é a vítima (fronteira entre heterocolocação em
autoria mediata e participação em autolesão?).
 FD/MFP – teoria do domínio do facto (pelo autor mediato). Domínio da
acção (autor material não tem capacidade da acção por estar em erro).
Domínio da vontade (autor material é inimputável ou age sob causa de
exclusão da culpa). Domínio de um agente doloso fungível inserido num
aparelho organizado criminoso de poder (autor material tem dolo mas pode
ser substituído vs HM (instigação); ROXIN).
1.2. Autoria imediata/material – executa o facto típico através da sua pessoa.
1.3. Co-autoria.
Elemento objectivo (execução conjunta):
 HM – critério dos actos de execução – se praticou actos de execução, é co-
autor, se não, é cúmplice. Não basta participação activa nos actos
preparatórios e passiva na execução.
 FD/MFP – teoria do domínio do facto – critério do contributo essencial (em
concreto (no plano e no que acabou por acontecer) + parte directa na
execução – foi essencial? sem a sua contribuição, há fracasso do
empreendimendo criminoso global?

Divergência importante relativamente às funções do vigilante.

Elemento subjectivo: acordo ou juntamente (acordo implícito; consciência da


contribuição na execução global). Se não há acordo – causas cumulativas – analisar
cada um.

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2. Participação – princípio da acessoriedade (limitada) – a punição do participante


depende da actuação do autor material.
2.1. Instigação – nexo objectivo de determinação da vontade de outrem.
FD – instigador é autor. MFP – instigador é participante, mas é punido como autor.
Ver critérios de distinção da autoria mediata.
Acessoriedade (requisitos para que instigador seja punido):
 Vertente quantitativa: autor material praticou actos de execução.
 Vertente qualitativa: autor material praticou facto típico e ilícito + duplo
dolo do instigador – dolo do tipo e dolo de determinação.

Instigação à cumplicidade não é punida: cúmplice não pratica actos de execução.

Instigação à co-autoria não é punida: se instigador é também co-autor, há concurso


– prevalece o mais grave: ser co-autor (não pode ser punido como autor duas vezes).

Se autor material erra (ex. mata pessoa errada) – aberratio ictus quanto ao
instigador – não punido. Desvio de mandato – falta acessoriedade (faz coisa
diferente da ordem que recebeu) – instigação tem de corresponder aos actos de
execução, se não, instigação não participou naquele facto típico e ilícito concreto –
mas ver se tinha dolo eventual do desvio.

Instigado pode realizar facto por instrumento e ser, portanto, autor mediato.

2.2. Cumplicidade – facilita comportamento do autor material.


2.2.1. Cumplicidade material
2.2.2. Cumplicidade moral

Ver critérios de distinção da co-autoria.

Acessoriedade (requisitos para que cúmplice seja punido):

 Vertente quantitativa: autor material praticou actos de execução.


 Vertente qualitativa: autor material praticou facto típico e ilícito + duplo
dolo do cúmplice – dolo do tipo e dolo de prestar auxílio (material ou
moral)/de facilitar realização do facto típico (representou e queria ser
cúmplice).

Se cúmplice e instigador ao mesmo tempo (concurso) – prevalece instigação, pois é


a mais grave – punido como autor.

3. Artigo 28º - crimes próprios (exigem qualidade típica do autor para que se dê a
realização do facto típico). Para evitar lacunas de punibilidade, não é necessário que a
qualidade se verifique no autor material, bastando que um dos comparticipantes a
detenha (caso contrário, nenhum seria punido – autor material não preencheria o tipo
e o participante não podia ser punido por causa do princípio da acessoriedade). Não
quebra dualismo, porque participantes não passam a ser autores – limita-se a comunicar
a todos os comparticipantes a qualidade/relação especial que apenas um reúne. Se
alteração de regras não for necessária para evitar lacunas, agente deve ser punido nos

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termos em que o seria se tal alteração não existisse: se agente a quem falta qualidade
preencher outro tipo de crime é punido por esse. O que tem qualidade jurídica é unido
pelo crime próprio. O que não tem a qualidade jurídica é punido de acordo com o 28º/2
– ver medida concreta mais favorável.

Tentativa de instigação/cumplicidade – não puníveis. Mas instigação/cumplicidade da tentativa


(punível) sim (há actos de execução). E tentativa de co-autoria ou autoria mediata também.

1. Qualificar intervenção/identificar relações entre os agentes/enunciar títulos


comparticipativos
2. Determinar punibilidade, começando pelo autor material

Comparticipação necessária – o tipo de crime exige que haja comparticipação para que se
preencha.

MFP – não há co-autoria (falta acordo), instigação nem cumplicidade negligente. Vs HM – há co-
autoria negligente.

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