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Centro Universitário

• Direito Penal – II
• Prof. Jeferson Junior
• Aula 21/08/2020 – Concurso de Pessoas
• OBS.: Estes slides representam um mero esboço das aulas
e jamais devem substituir a leitura da bibliografia indicada
para o curso.
DIREITO PENAL 02
Prof. Jeferson Júnior

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• OBS.: Estes slides representam um mero esboço


das aulas e jamais devem substituir a leitura da
bibliografia indicada para o curso.
Concurso de Pessoas
• Conceito:

• Concurso de pessoas ou de agentes,


também conhecido como
codelinquência, é a reunião consciente e
voluntária, de duas ou mais pessoas para
a prática de infração penal.
Concurso de Pessoas
Alterações no CP
PARTE GERAL - CP 1940 PARTE GERAL - CP 1984
• O título IV tinha a denominação “da • O título IV passou a denominar-se
coautoria”. “concurso de pessoas” – coautoria
virou espécie ao lado da participação.

• Não havia separação entre coautoria e • A participação de menor importância


participação. passou a ser causa de diminuição.

• Incluiu a expressão “na medida da sua


• Não havia a expressão “na medida de
culpabilidade”, individualizando a
sua culpabilidade”.
reprovabilidade e responsabilidade.

• Passou a considerar o desvio


• Não considerava o desvio subjetivo,
subjetivo, eliminando a
arrastando o outro agente para o delito
responsabilidade penal objetiva (art.
mais grave.
29, § 2º, CP).
Requisitos:
1. Pluralidade de agentes (cada pessoa tem
comportamento próprio);
2. Relevância causal de cada conduta (Teoria da conditio
sine qua nom);
3. Identidade de fato (ou identidade do crime);
4. Liame subjetivo ou vínculo psicológico entre os agentes
(todos devem visar o mesmo objetivo, um aderindo à
conduta dos outros, contudo, não se exige ajuste prévio,
ou seja, o acordo de vontades anterior à prática do
crime).
• OBS.: A ausência de liame subjetivo (ou reciprocidade consensual)
acarreta a autoria colateral / parelha / coautoria imprópria /coautoria
lateral, não havendo que se falar em concurso de pessoas.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO CONCURSO DE PESSOAS
▫ Monossubjetivo ou Unissubjetivo (Concurso
Eventual): pode ser praticado por um ou mais agentes.
 Ex.: roubo, furto, estelionato, homicídio, etc...

▫ Plurissubjetivo / Crimes Coletivos (Concurso


Necessário): são aqueles que exigem a presença de dois
ou mais agentes delitivos. (conduta paralela - crime coletivo;
conduta convergente - crime recíproco; conduta contraposta -
crime bilateral).
 Ex. 01: associação criminosa (antigo quadrilha ou bando – antes da lei
12.850/2013), que exige pelo menos 03 (três) pessoas (art. 288 do CP) -
(Condutas Paralelas – auxílio mútuo visando resultado comum);
 Ex. 02: Crime de Adultério (art. 240 do CP – Revogado) - (Condutas
Convergentes – as condutas se encontram e surge o resultado);
 Ex. 03: Rixa, que exige um mínimo de 03 (três) pessoas (art. 137 do CP) –
(Condutas Contrapostas – são praticadas umas contra as outras);
AUTORIA: Há 03 (três) teorias que explicam o que é autoria:

Teoria Material-Objetiva, ou extensiva


(subjetiva / unitária / causalista)

▫ Autor é também todo aquele que concorre de


qualquer modo para o crime e não somente
aquele que pratica o verbo (núcleo) do tipo
penal.
▫ Assim, para esta teoria não há distinção entre
coautor e partícipe.
AUTORIA: Há 03 (três) teorias que explicam o que é autoria:

Teoria Formal-Objetiva, ou restritiva


(criada por Von Liszt - adotada pelo CP)

▫ Autor é só aquele que realiza o verbo descrito


na lei penal incriminadora (matar, subtrair,
constranger...).
▫ Para essa teoria há distinção entre autor,
coautor e partícipe.
 Autor – realiza a conduta principal;
 Coautor – todos os agentes que, em colaboração recíproca e
visando o mesmo fim, realizam a conduta principal;
 Partícipe – aquele que sem realizar a conduta principal,
concorre de qualquer forma para o crime;
AUTORIA: Há 03 (três) teorias que explicam o que é autoria:

Teoria domínio do fato / finalista


(sistematizada por Claus Roxin e adotada pelo STF e doutrina:
Wessels, Damásio, entre outros)

▫ Autor é todo aquele que detém o controle final da


produção do resultado, possuindo, assim, o domínio
completo de todas as ações até a eclosão do evento
pretendido.
▫ Não importa se realizou ou não o verbo do tipo penal
(ou seja, a conduta principal).
▫ Para essa teoria, o mandante e aquele que planeja a
ação (autor intelectual) são também considerados
autores, muito embora não executem a ação material.
OBSERVÃÇÕES SOBRE AUTORIA:
• OBS. 01: Autoria Mediata, de acordo com a teoria do domínio do fato,
é aquela que alguém é usado (instrumento) pelo agente para realizar o
verbo do crime. Nesse caso o executor material do crime não responderá
por nada, enquanto o autor mediato (mandante) responderá pelo crime.
Hipóteses de autoria mediata:
▫ Ausência de capacidade mental do executor (inimputável):
 Ex.: uma pessoa, querendo matar outra, pede a um louco que a esfaqueie. O louco
(executor material) não responderá por homicídio, mas apenas o mandante.

▫ Coação moral irresistível;


▫ Provocação de Erro de tipo escusável:
 Ex.: médico, querendo matar paciente, determina que a enfermeira aplique uma
injeção que diz ser medicamento, contudo, na verdade era veneno;

▫ Obediência hierárquica a ordem não manifestamente ilegal:


 Ex.: A guerra já findou e só o comandante sabe desse fato. Ao avistarem uma tropa do
antigo adversário, o comandante manda os soldados abrirem fogo e estes dizimam
aquela tropa. A guerra havia acabado, mas os soldados não sabiam disso, pelo que a
ordem não era manifestamente ilegal. Nesse caso, os soldados não respondem
por nada, só respondendo o comandante.
OBSERVÃÇÕES SOBRE AUTORIA:
• OBS. 02: Concurso Impróprio (Pseudo Concurso) -
quando o inimputável não foi usado para a prática do crime,
mas dele quis participar.
• OBS. 03: Autoria Colateral: ocorre quando dois agentes
têm a intenção de obter o mesmo resultado, porém um
desconhece a vontade do outro, sendo que o objetivo poderá ser
atingido pela ação de somente um deles ou pela ação de ambos.
▫ Ex.: Alex e Bento pretendem matar Carlos, e para tanto se escondem
próximo à sua residência, sem que um saiba da presença do outro, e
atiram na vítima. Assim, Alex e Bento responderão por homicídio em
autoria colateral já que um não tinha conhecimento da ação do outro (não
há vínculo psicológico).
OBS.: A ausência de liame subjetivo (ou reciprocidade consensual) acarreta a autoria
colateral / parelha / coautoria imprópria /coautoria lateral, não havendo que se falar em
concurso de pessoas. Se for possível identificar qual conduta consumou o fato, a outra
responderá por tentativa. Agora, se não for possível identificar a conduta consumativa, a
autoria será dada como incerta / ignorada, respondendo os dois agentes por tentativa (in
dubio pro reo).
FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS
▫ Coautoria: será coautor aquele que, juntamente como
o autor do crime, como ele colaborar diretamente, de
forma consciente e voluntária, para a realização do
verbo (núcleo) do tipo.
 OBS.: De regra, não é admitida em crimes de mão própria e
omissivos próprios. A coautoria pode ser:
 Parcial / funcional – quando cada um dos agentes realizar atos
executórios diversos, mas que somados, redundem na
consumação do crime.
▫ Ex.: enquanto “A” segura a vítima, como uma faca em sua barriga, “B”
subtrai seus pertences. Nesse caso, ambos respondem por roubo;
 Direta – quando todos os agentes praticam a mesma conduta.
▫ Ex.: “A” e “B”, cada um com um revolver, atiram na vítima. Nesse caso,
ambos serão coautores no crime de homicídio.
FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS
▫ Participação:
 Será partícipe aquele que não realiza o verbo do tipo,
mas de qualquer forma concorre para o crime. É
admitida em crimes de mão própria e omissivos
próprios. A participação pode ser:
 Participação Moral – é quando uma pessoa induz
ou instiga a outra à prática de um crime;
▫ Ex.: agente induz ou instiga o outro a praticar roubo ou
homicídio;
 Participação Material – é quando uma pessoa, sem
praticar o verbo do crime, auxilia a outra a prática de
um crime (é a cumplicidade / contribuição).
▫ Ex.: agente cede a arma que será usada no roubo ou
homicídio.
FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS

▫ Participação:

• Questão: Qual é a natureza jurídica da


participação?

▫ Resposta: Pela Teoria da Acessoriedade, participação


é uma conduta acessória, sendo atingida pela norma
de extensão do art. 29, CP. A Acessoriedade possui as
seguintes espécies:
FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS
▫ Participação:
▫ a) Acessoriedade Mínima: o partícipe só será punido se o
fato principal for típico, não havendo necessidade de ser
ilícito;
▫ b) Acessoriedade Média ou Limitada: o partícipe só
responderá se o fato principal for típico e ilícito.
 Ex.: “A” induz “B” a furtar dinheiro do seu próprio pai, nesse caso, “B”
não será punido por conta da escusa absolutória do art. 181 do CP,
contudo, “A” será partícipe do crime de furto.
▫ c) Acessoriedade Máxima ou Extremada: somente se o
fato for típico, ilícito e culpável. Se o autor for inimputável o
partícipe não será punido.
▫ d) Hiperacessoriedade: a participação será punível se a
conduta principal for típica, ilícita, culpável e punível.
FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS
▫ Participação:
• Pesquisar: (1) Teoria dos bens escassos (traz uma regra p/ a
participação de menor importância); (2) coautoria e participação
sucessivas.
• Questão: A desistência voluntária ou o arrependimento eficaz do
autor beneficia o partícipe?
▫ 1ª corrente - como são hipóteses de extinção da punibilidade da
tentativa e sabendo que para punir o partícipe basta que o fato principal
seja típico e ilícito, o partícipe será punido pela tentativa;
▫ 2ª corrente - por serem hipóteses de atipicidade da tentativa, não há
como se punir o partícipe.
• Questão: E se o arrependimento for do partícipe? Só não será
responsabilizado se conseguir fazer o autor da conduta criminosa
desistir de praticar o crime (o autor não poderá praticar nenhum ato
executório)..
TEORIAS ACERCA DO CONCURSO DE PESSOAS:
▫ Teoria Unitária ou Monista/Monística: ainda que duas
ou mais pessoas realizem condutas diversas e
autônomas, considera-se praticado um só crime (o
mesmo para todas). (adotada como regra pelo Código
Penal)
▫ Teoria Pluralística: para esta teoria, cada agente
responde por um crime, independentemente do outro.
(adotada pelo Código Penal, como exceção à teoria
monista).
 Ex.: corrupção ativa (art. 333 do CP) e corrupção passiva (art.
317 do CPP) / aborto com o consentimento da gestante (art.
124 do CP) e o terceiro que realizou o aborto (art. 126 do CP).
▫ Teoria Dualística: para esta teoria, há um crime para os
autores e outro crime para os partícipes. (NÃO ADOTADA
PELO CP)
TEORIAS ACERCA DO CONCURSO DE PESSOAS:

Unitária Dualista Pluralista


• Todos que • Há dois crimes, • Cada um dos
contribuem um cometido pelo participantes
respondem pelo autor e outro pelo responde por
mesmo crime partícipe. delito próprio
• Considera o desvio
subjetivo. É
utilizada como
exceção.
• Ex.: Aborto com
consentimento.
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E
CIRCUNSTÂNCIAS (art. 30, CP)
▫ Elementares: dados essenciais que compõem a própria
descrição do fato típico (e cuja ausência exclui ou altera
o crime) se comunicam aos demais agentes (coautores
ou partícipes), desde que conhecidas por estes;
 Ex.: Particular que participa do crime de peculato em concurso com
funcionário público responde por peculato, eis que a condição de
funcionário público é elementar do crime.
▫ Circunstâncias: dados acessórios do crime que
agravam ou atenuam a pena e cuja ausência não
excluem o crime. Poderão ser:
 Objetivas, reais ou materiais (qualidade da vítima, modo e meio de
execução) - comunicam aos demais agentes (coautores ou
partícipes), pois dizem respeito ao fato e não ao agente.
 Subjetivas ou pessoais (qualidades do agente – antecedentes,
conduta social, personalidade, menoridade, motivos, etc) – jamais se
comunicam aos demais agentes quando não forem elementares, pois
dizem respeito ao agente e não aos fatos;
Elementares X Circunstâncias
ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS

• Desaparecendo uma • São dados acessórios que


elementar, o crime não interferem no crime.
desaparecerá.

• Quando agregada ao fato • Quando agregada ao fato


interfere no tipo. interfere na pena.

• Subjetivas: motivo do • Subjetivas: é a exceção.


crime; estado anímico Caráter pessoal do agente. Em
regra, não se comunica, salvo
do agente; condição se o partícipe souber da
pessoal do autor circunstância.
• Questão: O advogado que induz testemunha a mentir pratica qual
crime?
• Resposta: Para a doutrina, a testemunha responderá por falso
testemunho e o advogado pela participação. Entretanto, o STF
entende que responderão ambos por falso testemunho em coautoria
(T. domínio do fato).

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