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TEORIAS DO CRIME

A teoria normativa pura, extrema ou estrita surge c/ o finalismo penal de Hans Welzel. A adoção dessa teoria
somente é possível em um sistema finalista. É normativa pura pq os elementos psicológicos (dolo e culpa) que existiam
na teoria psicológica-normativa da culpabilidade, inerente ao sistema causalista, com o finalismo penal foram
transferidos para o fato típico, alojando-se no interior da conduta.

Dessa forma, a culpabilidade se transforma em um simples juízo de reprovação que incide entre o autor de um fato
típico e ilícito.

O dolo passa a ser natural, i. é, sem consciência da ilicitude. Além disso, a consciência da ilicitude que no sistema
clássico era atual, passa a ser potencial.

Portanto, os elementos da culpabilidade para a teoria normativa pura são, ordenados e hierarquicamente, os seguintes:
i) imputabilidade; ii) potencial consciência da ilicitude; iii) exigibilidade de conduta diversa.

O Código Penal vigente adota a teoria limitada da culpabilidade, pela qual as descriminantes putativas incidentes
sobre a existência ou os limites de uma causa de justificação sempre são consideradas erro de proibição. ERRADO

Para a teoria limitada da culpabilidade (que tem os mesmos elementos da teoria normativa pura) as descriminantes
putativas podem ser erro de tipo (Art. 20, §1, CP) ou erro de proibição (Art. 21,CP)

Na verdade, é para a teoria normativa pura que as descriminantes putativas são sempre erro de proibição (isenta de
pena ou diminui a pena), e é neste ponto que se diferenciam.

A distinção entre a teoria normativa pura e a teoria limitada da culpabilidade reside unicamente no tratamento das
descriminantes putativas (vide comentário acima)

Para Listz e Belling (teoria clássica da conduta) o pressuposto fundamental da culpabilidade é a imputabilidade,
compreendida como a capacidade do ser humano de entender o caráter ilícito e determinar-se de acordo com ele.

A culpabilidade é o vínculo psicológico entre o sujeito e o fato típico e ilícito por ele praticado. Além disso, o dolo é
normativo, i.é, guarda em seu interior a consciência da ilicitude. Já para a teoria normativa, o dolo é natural, sem
consciência da ilicitude e é analisado na conduta.

Não aceitando o término do casamento, Felinto manteve Isaura por uma hora e meia sob a mira de um revólver.
Durante esse tempo, o Delegado Moraes negociou a rendição de Felinto. Aos prantos, repetia que liberaria a ex-
mulher, contudo efetuaria disparo contra a sua cabeça, pondo fim à própria vida, pois não viveria sem sua amada.
Passados mais alguns minutos, decidiu liberar Isaura. Ainda transtornado e de arma em punho, dirigiu-se à saída do
local onde estava acuado pelos policiais e, inesperadamente, ao invés de se entregar, apontou o revólver aos
integrantes do grupo tático, gritando que efetuaria um disparo. Nesse momento, vendo uma ameaça em Felinto, pois
estava prestes a atirar contra os policiais, o Delegado Moraes efetuou disparo mortal. Em seguida, ao se aproximar do
corpo da vítima, verificou que a arma de Felinto não estava municiada. Visando a evitar qualquer responsabilização
penal, a defesa técnica de Moraes deverá suscitar que ele atuou em contexto de
* erro de tipo permissivo invencível.

ERRO DE TIPO/PROIBIÇÃO
Erro de tipo: quando o equívoco recai sobre alguma circunstância fática (da situação concreta).

Erro de proibição: quando o erro recai sobre a existência de alguma norma.


Erro de tipo permissivo nada mais é que a figura denominada no Código Penal como DESCRIMINANTE PUTATIVA.

O agente pratica a conduta acreditando estar acobertado por uma EXCLUDENTE DE ILICITUDE que não existe, neste
caso a legitima defesa.

Invencível pois qualquer homem mediano seria incapaz de deduzir o erro.

INVENCÍVEL= ESCUSÁVEL: Consequentemente o Delegado é isento de pena.

LEGITIMA DEFESA PUTATIVA - É - DESCRIMINANTE PUTATIVA - QUE É - ERRO DE TIPO PERMISSIVO

IMPUTAÇÃO OBJETIVA / CLAUS ROXIN:

Um Delegado de Polícia, sem embargo alertado pelo escrivão e pelo investigador sobre a precariedade dos freios da
viatura, exigiu ser transportado até a circunscrição vizinha. Antes de chegar à rodovia, o escrivão novamente o advertiu
sobre os problemas de freio do veículo oficial, mas a autoridade impôs que a sua vontade fosse devidamente cumprida.
Durante o trajeto viário, o escrivão perdeu o controle do veículo em curva acentuada por falha no sistema de freios e,
desgovernado, atravessou a pista contrária e caiu em um barranco de quinze metros. O Delegado de Polícia morreu no
acidente e a perícia técnica comprovou que nenhum fator adicional corroborou para o sinistro.

A imputação do crime de trânsito ao escrivão deverá ser afastada, pois se trata de caso de
heterocolocação em perigo consentido.

Nas palavras do professor Victor Eduardo Rios Gonçalves (2016) "Nos casos de “heterocolocação consentida em
perigo”, o autor examina fatos em que o ofendido autoriza, de modo livre e consciente, a que alguém o coloque em
situação perigosa, como ocorre no exemplo do passageiro que solicita carona a um motorista visivelmente embriagado,
vindo a ferir-se num acidente automobilístico."

Dessa forma, temos que a imputação do crime de trânsito não deve ser admitida para o escrivão, não porque ele não
agiu com dolo em sua conduta (letra B), mas sim porque foi o delegado, com suas atitudes, o único responsável por sua
própria morte (veja que ele foi insistentemente advertido sobre todos os riscos que corria).

Roxin criou a TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA.

– Ela significa que o agente somente responde penalmente se criou ou incrementou um risco proibido relevante (porque
não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido).

– Além disso, o sujeito somente responde nos limites do risco criado.

– No caso narrado, há o risco, mas não é só isso que deve ser visto.

– O fato de a vítima ter se colocado em perigo afasta a responsabilidade do agente que praticou a conduta.

– ROXIN diz que o simples argumento da AUTOCOLOCAÇÃO em perigo (quando há por parte da vítima uma
completa visão do risco) exclui a participação no resultado de quem deu causa, pois o efeito protetivo da norma
encontra seu limite na auto responsabilidade da vítima.

DOLO

1 - Dolo Direito: a pessoa deseja atingir determinado resultado. Que por sua vez se subdivide em:

1.1 - Dolo direto de 1º grau: é o dolo "clássico", formado pela consciência + vontade de praticar determinada conduta.

1.2 - Dolo direto de 2º grau: a pessoa não quer, diretamente, alcançar um resultado, mas a conduta que o agente adota,
torna aquele resultado inevitável.
2 - Dolo eventual: a pessoa assume o risco de produzir o resultado. A pessoa é indiferente para com aquele resultado.
Nas palavras do professor Fábio Roque "der no que der, não deixo de agir".

TEORIAS OBJETIVAS:

a. Teoria objetivo-formal – Se inicia com a realização do verbo do tipo. Enquanto o agente não pratica o verbo do tipo,
é mero ato preparatório.

b. Teoria objetivo-material – A execução é iniciada com o último ato inequívoco antes da realização do verbo. Ex: “Eu
vou te matar: 3, 2, 1...”

c. Teoria objetivo-individual – Para verificar o momento da execução, deverá ser observado o plano individual do
autor.

d. Teoria subjetiva - confunde os atos preparatórios com os atos de execução, o início da execução, para essa teoria,
ocorrerá sempre que o agente ativo pratica atos demonstrando sua intenção de lesar o bem jurídico (como no exemplo
da questão que Astregésilo, com animus necandi, apontou a arma para a vítima).

Austregésilo, verbalizando seu animus necandi, aponta uma arma de fogo municiada para Aristóteles. Este, todavia,
consegue entrar em luta corporal com Austregésilo, apossando-se da arma de fogo antes do acionamento do gatilho.
Considerando o caso proposto, é correto afirmar que: pela teoria subjetiva, só haverá tentativa de homicídio se a
ação foi representada pelo autor como executiva.

São elementos do crime culposo:

a) Conduta humana voluntária. A voluntariedade está relacionada à ação, e não ao resultado.

b) Violação de um dever de cuidado objetivo. O agente atua em desacordo com o que é esperado pela lei e pela
sociedade. São formas de violação do dever de cuidado, ou mais conhecidas como modalidades de culpa, a
imprudência, a negligência e a imperícia.

c) Resultado naturalístico. Não haverá crime culposo se, mesmo havendo falta de cuidado por parte do agente, não
ocorrer o resultado lesivo a um bem jurídico tutelado. Assim, em regra, todo crime culposo é um crime material.

d) Nexo causal.

e) Previsibilidade. É a possibilidade de conhecer o perigo. Na culpa consciente, mais do que a previsibilidade, o agente
tem a previsão (efetivo conhecimento do perigo).

f) Tipicidade. CP, Art. 18 - Diz-se o crime: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Erro sobre a Pessoa (Erro in Persona):

-somente há 02 pessoas envolvidas: o agente e a vítima real. A vítima virtual nao sofre perigo

-o agente confunde a pessoa que queria atingir com pessoa diversa. Ex: A quer matar seu pai, mas acaba atirando em
seu tio, que é irmao gemeo do seu genitor

-esse erro é irrelevante, aplica-se a T. Equivalencia do Bem Jurídico (o agente quis matar alguem, independente de ser A
ou B)
Erro na Execução (Aberratio Ictus):

-ocorre falha operacional, o agente erra o alvo.

-há 03 pessoas envolvidas: o agente, a vitima virtual (que é exposta ao perigo) e vítima real. Ex: A quer matar B que
estava em um ponto de onibus, mas por erro na pontaria o tiro acertou pessoa que estava próxima

-RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO/ABERRATIO DELICTI/ABERRATIO CRIMINIS: aqui a


relação é crime x crime. O agente deseja cometer um crime, mas por erro na execução comete crime diverso. Obs: o
agente só responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo

Ex: A atira uma pedra para quebar uma janela, mas acaba atingindo uma pessoa que passava pelo local,

Outras questões ajudam: PCDF 2015 - Delegado - FUNIVERSA – Q512252 / EBSERH -Advogado 2018 - CESPE –
Q893193 / DPRS 2018 - Defensor Público - FCC - Q904463

TEORIA DAS PENAS

I - Teoria absoluta: busca meramente retribuir o mal causado.

II - Prevenção geral positiva: pretende mostrar a validade da lei...que o sistema funciona.

III - Prevenção geral negativa: pretende intimidar a sociedade.

IV - Especial positiva: ressocialização do preso

V - Especial negativa: intimida o condenado para evitar a reincidência

VI - A adotada pelo CP é a eclética, segundo a qual a pena tem caráter de retribuição (reprovação) e prevenção.

LUGAR/TEMPO DO CRIME

Regra geral:

Lugar

Ubiquidade

Tempo

Atividade

Segundo Masson, não se aplica a teoria da ubiquidade:

a) Crimes conexos

b) Crimes plurilocais

c) Infrações penais de menor potencial ofensivo

d) Crimes falimentares

e) Atos infracionais.

Princípio da insignificância
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. STJ. Corte
Especial. Aprovada em 20/11/2017, DJe 27/11/2017.

O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes contra a Administração Pública? Para o STJ, não,
ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo.

Segundo o STJ, os crimes contra a Administração Pública têm como objetivo resguardar não apenas o aspecto
patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo seja insignificante,
deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade administrativa, que é insuscetível de
valoração econômica.

EXCEÇÃO: A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho


(art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código Penal, que trata sobre os crimes contra a
Administração Pública.

De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de descaminho tem colorido próprio, diante das disposições
trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc. (AgRg no REsp
1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013).

O STF concorda com a Súmula 599 do STJ? NÃO. No STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo em
outras hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
26/04/2011 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Peluso, julgado em 21/08/2012.

Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a Administração Pública, por si só, não
inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto para se examinar se
incide ou não o referido postulado.

A - A jurisprudência brasileira admite a aplicação do princípio da insignificância aos atos infracionais,  desde que
presentes os seguintes requisitos: conduta minimamente ofensiva; ausência de periculosidade da ação; reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento; e lesão inexpressiva ao bem jurídico.

B - Segundo o STF, crimes de moeda falsa não toleram a aplicação do princípio, dada a PERICULOSIDADE SOCIAL


DA AÇÃO.

C - Não aplica o princípio da insignificância em crimes com violência e grave ameaça (não protege apenas o


patrimônio, mas também a integridade física e psíquica). OBS.: há autores que entendem que quando se trata
de violência imprópria, o princípio poderia ser aplicado.

D - De acordo com entendimento do STJ, deve ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente
federativo.

E - O STF aplicou o Princípio da Insignificância ao crime previsto no art. 28 da Lei 11.343/2006, de modo a
conceder habeas corpus para trancar o procedimento criminal, tendo em vista a ausência de tipicidade material da
conduta imputada No caso, o paciente portava 0,6 gramas de maconha e foi condenado à pena de 3 meses e 15 dias de
prestação de serviços à comunidade. A Corte tornou a conduta atípica, tendo em vista o preenchimento concomitante
dos requisitos necessários já abordados acima, quais sejam, mínima ofensividade da conduta, ausência de
periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica
provocada (HC 110.475/SC, rel. Min. Dias Toffoli).

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Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 47: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - FURTO

6)A prática do delito de furto qualificado por escalada, destreza, rompimento de obstáculo ou concurso de agentes
indica a reprovabilidade do comportamento do réu, sendo inaplicável o princípio da insignificância.

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Delito de posse: ter consigo determinada coisa, e sua posse é considerado crime. Exemplo: posse de material
pornográfico infantil (ECA. Art. 241-B).

A doutrinadora espanhola Núria Pastor Mñoz ensina que se o agente tem a posse de material pornográfico infantil, é
possível presumir - através das filmagens ou/e fotos - que uma criança foi vítima de abuso sexual anteriormente.

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O bem jurídico coletivo aparente é, na verdade, um conjunto de bens jurídicos individuais que são tratados
conjuntamente.

A incolumidade pública significa evitar o perigo ou risco coletivo.

Exemplos: Saúde pública; incolumidade pública.

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As imunidades diplomáticas são prerrogativas, e não privilégios. Trata-se de prerrogativa em razão do cargo exercido,
de natureza pública. Possuem imunidades diplomáticas:

• Chefes de estado e Chefes de governo, bem como seus familiares e membros da comitiva;

• Embaixador e sua família;

• Funcionários do corpo diplomático e sua família;

• Funcionários de organização internacional, quando estes estiverem em serviço.

A Convenção de Viena vai além, assegurando ao agente diplomático a imunidade de jurisdição penal do estado
acreditado (aquele que recebe o agente diplomático), ou seja, ele não pode ser punido pelas leis do Estado
acreditado (em que ele está), pois está representando o seu país, que no caso é o Estado acreditante (aquele que envia o
agente diplomático).

O agente diplomático não pode ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão, conforme Decreto n.º
56.435/1965. Esta inviolabilidade se estende à sua residência, documentos, correspondências, ou seja, aos seus bens
em geral.

A natureza jurídica da imunidade diplomática é de causa pessoal de isenção de pena. Esta imunidade se aplica a
qualquer crime, e não apenas aos atos praticados no exercício da função. O embaixador, por exemplo, não ficará
submetido a qualquer dessas reprimendas.

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Passando-se por funcionária de certa instituição financeira, Helena usou um aplicativo de mensagens para fazer contato
com a idosa Abigail, informando-lhe falsamente que o cartão bancário desta fora clonado e pediu que a idosa fornecesse
seus dados qualificativos e senha do cartão para cancelamento. Abigail, confiando na suposta funcionária, repassou os
dados. Em seguida, Helena disse para Abigail cortar seu cartão ao meio e entregar ambas as partes a outra funcionária,
que iria até sua casa para buscá-las. A própria Helena, então, usando camiseta da instituição financeira e um crachá
falso, foi até a casa de Abigail, em Niterói, e pegou as duas partes do cartão. Como o  chip se encontrava preservado,
Helena o utilizou para a confecção de um novo cartão, com o qual transferiu dinheiro da conta de Abigail, sediada em
uma agência de São Gonçalo, para conta diversa, com agência em Rio Bonito. Além disso, Helena fez compras em uma
loja virtual, tendo recebido as mercadorias adquiridas em sua casa, em Maricá.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção que indica o local em que se consumaram os crimes
patrimoniais decorrentes da transferência bancária e da aquisição de mercadorias, respectivamente.

Crime 1: Furto mediante fraude. Consuma-se no lugar da subtração, qual seja, Agência da vítima - São Gonçalo.

Crime 2: Estelionato. Local da obtenção de vantagem, mediante prejuízo alheio, qual seja, em que recebeu mercadoria
- Maricá.

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Atanagildo ofereceu ação indenizatória contra empresa concessionária de energia elétrica, sustentando, em sua petição
inicial, a interrupção no fornecimento de eletricidade por diversos dias consecutivos. A fim de não realizar o pagamento
de custas processuais, Atanagildo se declarou hipossuficiente. Contudo, logo restou demonstrado pela empresa que
Atanagildo não era hipossuficiente, bem como que, embora realmente o fornecimento de energia tenha sido
interrompido na região por problemas técnicos, a suposta casa de Atanagildo não passava de um terreno, no qual não
havia cconstruções nem sequer um medidor de consumo de energia. Assim, o magistrado encaminhou cópias dos
documentos à Delegacia de Polícia da área, a fim de apurar a existência de crimes.
Considerando-se essa situação hipotética, é correto afirmar que Atanagildo praticou:

A conduta é atípica, já que não há que se falar em crime em “estelionato judicial”, nem na informação falsa de
hipossuficiência.

➝ O STJ entende que mera declaração de estado de pobreza para fins de obtenção do benefício da justiça gratuita não é
considera o tipo penal do art. 299. Trata-se de documento de presunção relativa, que comporta prova em contrário,
por isso não se amolda ao tipo. STJ. 6ª Turma. HC 261.074-MS, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora
convocada do TJ-SE), julgado em 5/8/2014 (Info 546).

➝ HC 82.605/GO– O STF entende, também, não haver falsidade ideológica a inserção de dados inverídicos em
petição judicial, vez que se trata de simples alegações, posteriormente debatidas em juízo.

➝ Caso a informação inserida no documento não seja apta a iludir, não se cogita o crime.

➝ RT 525/349 – Não constitui o delito quando o conteúdo estiver sujeito à fiscalização da autoridade, como, por
exemplo, na falsa declaração em requerimento de atestado de residência.

➝ O crime em tela exige um dolo específico, ou seja, só existirá se sua conduta objetivar um resultado específico (um
especial fim de agir). Mais especificamente, neste tipo penal, a conduta deve ser dirigida ao fim específico de: a.
Prejudicar direito; b. Criar obrigação; ou c. Alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.

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Tentativa imperfeita ou inacabada – O agente é impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar todos os
atos executórios à sua disposição (ele não consegue praticar todos os atos que pretendia);
Tentativa perfeita ou acabada (crime falho) O agente, apesar de esgotar todos os atos executórios à sua disposição,
não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade (ele pratica todos os atos que pretendia, mas o
crime não se consuma). Ocorre que, na desistência voluntária, o agente interrompe a execução por sua vontade própria
(não precisa ser espontânea), não permitindo que ocorra a consumação do delito.

PONTE DE OURO. Para LFG a PONTE DE OURO é instituto criado pelo legislador para evitar a consumação da
infração penal pelo delinquente, atribuindo uma premiação aquele que se desvencilha da conduta perquirida. Em
ambos os casos o agente só irá responder pelos atos já praticados, se caracterizarem crime, não podendo atribuir a
tentativa, ainda porque a não consumação do delito, in casu, se da por ato VOLUNTÁRIO do agente e não por
circunstâncias alheias (tentativa).

ARREPENDIMENTO EFICAZ, o agente termina todos os atos executórios, mas consegue reverter com seu
arrependimento, impedindo que o resultado seja alcançado. Na DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, o agente executa
somente uma parte dos atos executórios, mas voluntariamente impede a consumação do crime ao frear sua conduta.

Na desistência voluntária, o agente, embora tenha iniciado a execução, não a leva adiante, desistindo da realização
típica. Exemplos são o do sujeito que ingressa na casa da vítima e desiste da subtração que pretendia efetuar. O
arrependimento eficaz (caso da questão) ocorre em momento distinto da desistência voluntária, visto que naquele o
processo de execução já foi esgotado, devendo o agente impedir o resultado.

A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos, salvo na culpa
imprópria. O motivo é simples: nessa modalidade de delito o resultado naturalístico é involuntário, não sendo lógico
imaginar, portanto, um resultado que o agente desejava produzir para, em seguida, abandonar a execução que a ele
conduziria ou impedir sua produção.

Art. 16 CP. O arrependimento posterior alcança qualquer crime que com ele seja compatível, e não apenas os delitos
contra o patrimônio. Raciocínio diverso levaria à conclusão de que essa figura penal deveria estar prevista no título
dos crimes contra o patrimônio, e não na Parte Geral do CP. Basta, em termos genéricos, que exista um “dano” causado
em razão da conduta penalmente ilícita. Prevalece o entendimento de que a reparação do dano moral enseja a
aplicação do arrependimento posterior. Evidentemente, este instituto é inaplicável nos delitos em que não há dano a
ser reparado ou coisa a ser restituída. Em outras palavras, o arrependimento posterior é cabível nos crimes
patrimoniais e também em delitos diversos, desde que apresentem efeitos de índole patrimonial.

Fonte: MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 7ª ed. São Paulo: Método, 2019. p. 137-138

O arrependimento posterior é figura nova no nosso ordenamento jurídico e vem tratado no art. 16 do Código Penal.
Nele, o agente já consumou o delito, restando-lhe, agora, a reparação do dano ou a restituição da coisa, tudo isso, se
possível, até o recebimento da denúncia ou queixa.

Nas exatas palavras do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez reparada parte principal do dano,
até o recebimento da inicial acusatória, sendo inviável potencializar a amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC
165312, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/04/2020 (Info 973).

A causa de diminuição de pena relativa ao artigo 16 do Código Penal (arrependimento posterior) somente tem
aplicação se houver a integral reparação do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando
o índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no ressarcimento do prejuízo à vítima (HC
338.840/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 04/02/2016, DJe
19/02/2016). Não existe um lapso temporal definido em lei ou jurisprudência é necessário analisar caso a caso.

A Doutrina entende que o requisito de “ausência de violência à pessoa”, previsto para a caracterização do
arrependimento posterior (art. 16 do CP), estará materializado quando houver, apenas, lesões corporais culposas, de
forma que admitiria o arrependimento posterior.
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3.4.1.3. Recebimento do aditamento à denúncia

O recebimento do aditamento à denúncia, por si só, não configura causa de interrupção da prescrição por ausência de
previsão legal. Exemplo de aditamento: suprir erros ou omissões (nesse sentido: STF, HC 84606).

Entretanto, o recebimento do aditamento SERÁ MARCO INTERRUPTIVO da prescrição quando houver alteração
substancial dos fatos anteriormente narrados na denúncia, passando a descrever novo fato criminoso ou quando
incluir novo réu. A propósito: “[...] 1. O aditamento à denúncia, segundo pacífico entendimento desta Corte, só
interrompe o prazo prescricional quando há modificação substancial na peça vestibular, com a inclusão de fatos novos
ou outros réus. 2. Restringindo-se o aditamento a dar ao fato nova definição jurídica, sem que tenha ocorrido
modificação substancial, não se interrompe o lapso prescricional” (STJ, 6 T., HC 229.449, j. 21/08/2012); “O
recebimento do aditamento da denúncia que traz modificação fática substancial enseja a interrupção da prescrição”
(STJ, 6 T. AgRg no AREsp 1350483, j. 27/03/2020).

Obs: no caso de inclusão de corréu, entendemos que a interrupção pelo recebimento do aditamento da denúncia
comunica-se aos demais anteriormente denunciados , conforme regra expressa no art. 117, § 1º, do CP. A propósito:
“Cuidando-se de aditamento para incluir novos crimes aos corréus, tem-se que o recebimento da referida peça é o
marco interruptivo para TODOS os denunciados, com relação a todos os crimes, nos termos do que consta do art. 117,
§ 1º, do Código Penal. Nesse encadeamento de ideias, não há se falar em prescrição, porquanto não implementado o
lapso, entre o recebimento do aditamento à denúncia e a publicação da sentença condenatória, necessário ao
reconhecimento da extinção da punibilidade” (STJ, 5 T., HC 414685, j. 20/02/2018). Em sentido contrário, sustenta
Bitencourt que a “inclusão de novo réu, em aditamento, não interrompe a prescrição em relação aos demais”.

SALIM, Alexandre; AZEVEDO, Marcelo André de. Direito Penal parte geral. Coleção Sinopses para Concursos V. 01.
11 ed. Salvador, Editora JusPodivm, 2021. (pinsiág. 613).

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Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório SEMPRE interrompe a prescrição,
inclusive quando CONFIRMATÓRIO da sentença de 1º grau, seja MANTENDO, REDUZINDO
ouAUMENTANDO a pena anteriormente imposta.

A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão punitiva ou da pretensão executória pela inércia do próprio
Estado.

No art. 117 do Código Penal, que deve ser interpretado de forma sistemática, todas as causas interruptivas da
prescrição demonstram, em cada inciso, que o Estado não está inerte.

Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não faz distinção entre acórdão condenatório inicial e
acórdão condenatório confirmatório da decisão. Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares.

STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1668298-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020.

STF. 1ª Turma. RE 1195122 AgR-segundo, Rel. Min. Marco Aurélio, Red acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 30/11/2020.

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bizu aumento de pena em concurso de crimes:

Concurso ForMal: 1/6 a Metade


Crime ConTinuado: 1/6 a dois Terços (continuado específico aumenta até o Triplo)

CONCURSO FORMAL

1 conduta = dois ou mais crimes.

Próprio ou perfeito: os demais resultados acontecem sem desígnios autônomos.

Sem a presença de DOLO.

Ex1: João atira para matar Maria, acertando-a. Ocorre que, por culpa, atinge também Pedro, causando-lhe lesões
corporais. João não tinha o desígnio de ferir Pedro.

Pode ocorrer em duas situações:

· DOLO + CULPA: quando o agente tinha dolo de praticar um crime e os demais delitos foram praticados por culpa
(exemplo 1);

· CULPA + CULPA: quando o agente não tinha a intenção de praticar nenhum dos delitos, tendo todos eles ocorrido por
culpa (exemplo 2).

CONSEQUÊNCIA

Regra geral: exasperação da pena:

· Aplica-se a maior das penas, aumentada de 1/6 até 1/2.

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Impróprio ou Imperfeito:

Os crimes concorrentes derivam de desígnios autônomos. Cuidam-se, assim, de dois crimes dolosos.

Ex2: X vê seu inimigo andando de mãos dadas com a namorada. X pega seu fuzil e resolve atirar em seu inimigo.
Alguém alerta X: “não atire agora, você poderá acertar também a namorada”, mas X responde: “eu só quero matá-lo,
mas se pegar nela também tanto faz. Não estou nem aí”. X, então, desfere um único tiro que perfura o corpo do inimigo
e acerta também a namorada. Ambos morrem.

Ocorre, portanto, quando o sujeito age com dolo em relação a todos os crimes produzidos.

Aqui é DOLO + DOLO. Pode ser:

· Dolo direto + dolo direto (exemplo 1);

· Dolo direto + dolo eventual (exemplo 2).

CONSEQUÊNCIA

No caso de concurso formal imperfeito, as penas dos diversos crimes são sempre SOMADAS. Isso porque o sujeito
agiu com desígnios autônomos.

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CONCURSO MATERIAL

2 ou mais condutas = 2 ou mais crimes.

**************

Analisa bem: ele cometeu quantas condutas?

-UMA, Murilo.

-Perfeito, ele pegou o veneno e colocou em dois cafés com dolo de matar duas pessoas. Dois homicídios qualificados
(socorro, qualificados pq ? veja o que diz o art.121, § 2°, III (emprego de veneno) ).
Até aqui, tudo ok?!

Continuando:

-Será formal ou material? lembra: formal -> 1 conduta / material -> 2 ou mais condutas

-Formal, Murilo!! a questão só falou uma conduta!!

-Será próprio ou impróprio? Pensa aí. Próprio é sem autonomia de desígnio. Impróprio é com autonomia de desígnio.

-Po**a, sei nem o que é desígnio, Murilo!

-Calma, eu também não sabia. Desígnio é a mesma coisa que vontade, intenção, propósito.

-Ficou mais fácil agora, né? Então me responde: Ele tinha ou não tinha vontade/ intenção de praticar os 2 homicídios?

-Tinha, Murilo, a questão falou! Agora sim entendi. Então, ele cometeu 2 homicídios qualificados em concurso formal
impróprio, Murilo?

-PERFEITO!!

-Murilo, então as penas serão somadas igual acontece no concurso material?

-PERFEITO!!! Viu como não é difícil?

-Agora guarda só essa última dica:

PRÓPRIO = PERFEITO = NORMAL

IMPRÓPRIO = IMPERFEITO = ANORMAL

***************

Segundo o colhido nos autos de Inquérito Policial, o agente, professor de escola pública, praticou atos libidinosos
diversos de conjunção carnal com cinco alunas da 4ª série. Consoante restou apurado, lecionando para crianças de até
11 anos, o agente aproveitou-se do cargo para, em dias distintos na mesma semana, praticar atos libidinosos com as
menores. Em seu interrogatório declarou com detalhes o modus operandi sendo que, com o pretexto de corrigir o dever
de casa das estudantes, convidava cada qual em um dia da semana ao fundo da sala e, longe da vista dos demais,
praticava os atos libidinosos para satisfazer sua lascívia. Após as repugnantes práticas, as menores eram ameaçadas
de reprovação caso contassem o ocorrido aos pais. No relatório final, o Delegado de Polícia opinou pela ocorrência
de violação ao disposto no tipo penal de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Estatuto Penal.
Considerando o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça sobre concurso de crimes, é correto afirmar que a
exordial deverá contemplar, especificamente no caso proposto, a prática dos crimes sexuais em continuidade
comum.

Atualmente, existem dois tipos de crime continuado:

- Crime continuado "comum" (genérico) que, para sua ocorrência depende da existência de: pluralidade de
condutas + pluralidade de crimes (de mesma espécie) + elo de continuidade. Para esse tipo, a pena não será somada,
será "exasperada" de 1/6 a 2/3.

- Crime continuado "espécifico", que, para sua ocorrência necessitará: dos requisitos do crime continuado
"comum" + crimes dolosos + vítimas diferentes + violência ou grave ameaça à pessoa. Para esse tipo, também
apena-se com a exasperação de 1/6 até 3x.
Todavia, para o caso da questão, o estupro de vulneráveis não foi praticado com violência real, mas sim presumida
(pois as vítimas eram menores de 14 anos), dessa forma, não seria possível aplicar a regra da continuidade delitiva
específica (pois essa demanda a ocorrência de violência real), mas sim o crime continuado "comum".

Para mais informações vide o acórdão do HC 232.709/SP que possui a seguinte ementa:

PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. ESTUPRO DE


VULNERÁVEL. DOSIMETRIA. DISCRICIONARIEDADE RELATIVA. CONTINUIDADE DELITIVA
ESPECÍFICA. VIOLÊNCIA PRESUMIDA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE COMETIMENTO DE
CRIME COM VIOLÊNCIA REAL. QUANTUM EXASPERAÇÃO DA CONTINUIDADE DELITIVA SIMPLES
EM ESTUPRO DE VULNERÁVEL. IMPRECISÃO DO NÚMERO DE CRIMES. REITERAÇÃO POR PERÍODO
DE 6 MESES CONTRA DUAS VÍTIMAS VULNERÁVEIS. FRAÇÃO DE AUMENTO DE 2/3.
PROPORCIONALIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDDIA DE OFÍCIO.

Menoridade relativa é a atenuante genérica aplicável aos réus menores de 21 anos ao tempo do fato, pouco importando
a data da sentença. Devem ser maiores de 18 anos, independentemente de eventual emancipação civil, pois do contrário
incidem as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/1990.

Essa atenuante tem como fundamento a imaturidade do agente, que por tal motivo merece uma pena mais branda,
suficiente para alcançar suas finalidades de retribuição e prevenção (geral e especial).

****************

PRINCÍPIOS – CONFLITO APARENTE DE NORMAS

PRINCÍPIOS QUE SOLUCIONAM O CONFLITO APARENTE DE NORMAS: PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO,


PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE, PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE e PRINCÍPIO
DA ALTERNATIVIDADE.

Os elementos que são necessários para se caracterizar a existência de conflitos de normas:

a) UNIDADE DO FATO: há somente uma infração penal;

b) PLURALIDADE DE NORMAS: duas ou mais normas, aparentemente, identificam o mesmo fato;

c) APARENTE APLICAÇÃO DE TODAS AS NORMAS À ESPÉCIE: a incidência de todas as normas é apenas


aparente;

d) EFETIVA APLICAÇÃO DE APENAS UMA DELAS: somente uma norma é aplicável, por isso o conflito é
aparente.

O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo
fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas
uma norma é aplicada à hipótese. Não tem aspecto temporal.

O princípio da consunção pode ocorrer nas seguintes hipóteses: crime progressivo, progressão criminosa e atos
impuníveis. MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral. 14ª Ed. São Paulo: Método, 2020, p. 126
*****************

Desde que seja para beneficiar o réu, o STF tem precedente aceitando a edição de medida provisória, como ocorreu no
Estatuto do Desarmamento permitindo a entregava de arma para excluir o crime (RHC 117.566/SP, 2013).

E) Na bagatela própria o fato já nasce atípico, em decorrência da ausência da tipicidade material. Ex: furto de caneta
Bic. Já na bagatela imprópria o fato é típico, ou seja, há tanto a tipicidade formal quanto a tipicidade material, mas ao
longo do processo a pena se torna desnecessária. Nesse caso, vira uma causa de exclusão da punibilidade.

Desse modo:

Bagatela própria: exclusão da tipicidade

Bagatela imprópria: exclusão da punibilidade.

Pelo princípio da materialização do fato (nullum crimen sine actio), o Estado só pode incriminar condutas humanas
voluntárias, isto é, fatos, nunca condições internas ou existenciais. Consagra-se, com isso, o Direito Penal do fato,
característica que levou o STF a declarar a inconstitucionalidade do art. 25 da Lei de Contravenções Penais, que punia a
conduta de “Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à
liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos
empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima” (RE 583.523/RS).

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DOLO EVENTUAL - FODA-SE

O agente prevê o resultado, mas assume o risco.

CULPA CONSIENTE - FUDEU

O agente prevê o resultado, MAS ACREDITA QUE COM SUAS HABILIDADES NÃO PROVOCARÁ O CRIME.

EX: Atirador de facas que mata esposa.

Perceba que é o que a questão disse: "afirmou que estava em condições de evitar qualquer acidente"…

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J.J. respondeu processo pelo crime de peculato (art. 312 do Código Penal) cometido no dia 30/09/2010, quando tinha 66
anos de idade.Adenúncia foi oferecida pelo Ministério Público em 16/10/2014 e recebida pelo(a) Magistrado(a)
competente no dia 18/10/2014. O processo tramitou regularmente e J.J. foi condenado a cumprir pena de 2 anos de
reclusão, em regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 10 dias-multa no valor de 1/30 do salário mínimo vigente à
época do fato. A sentença foi proferida em 16/11/2016 e publicada no dia 18/11/2016. Não houve interposição de
recurso pelas partes e foi certificado o trânsito em julgado, ocorrido em 05/12/2016. Em 20/10/2018 se iniciou o
cumprimento da pena.

Gabartio C: Houve a Prescrição da Pretensão Punitiva Retroativa pela pena em concreto.

RESUMÃO:

Decorar:

20: + de 12
16: + de 8 até 12

12:+ de 4 até 8

08: +2 até 4

04: de 1 ano até 2 anos

03: Inferior a 1 ano

02: MULTA e no crime de drogas para consumo s/ autorização.

Reduz para a metade menores de 21 anos no tempo do crime e maiores de 70 na data da sentença

Existem duas grandes "Categorias" de prescrição:

(PPP) Prescrição da Pretensão Punitiva: Ocorre antes do transito em Julgado para ambas as partes;

(PPE) Prescrição da Pretensão Executória: Ocorre depois do transito em julgado para ambas as partes.

A Prescrição da pretensão punitiva se subdivide em três espécies:

(PPPA) Abstrata: Tem o marco inicial na consumação, portanto adota a teoria do resultado, até o transito em julgado
(Art. 109 caput do CP: Art. 109: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1 do
art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime (...). Tem como base a
pena em abstrato.

(PPPS) Superveniente: Tem como termo inicial a publicação da sentença condenatória até o transito em julgado para a
acusação. Utiliza como base a pena em concreto.

(PPPR) Retroativa: Tem como marco inicial o recebimento da denúncia ou queixa, conforme o art. 110, § 1 do CP, até o
transito em julgado para a acusação. Tb se utiliza a pena em concreto.

Quanto ao enunciado:

Recebimento da denúncia: 18/10/2014

Pena em Concreto: 2 anos (prescrição de 4 anos, jj na data da sentença tinha mais de 70 reduzindo o prazo da prescrição
para metade: 2 anos)

Trânsito em julgado: 05/12/2016

PPPR ocorreu em: 18/10/2016

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Lidiane, exímia nadadora, convida sua amiga Karen para realizarem a travessia a nado de um rio, afirmando que
poderia socorrê-la caso tivesse qualquer dificuldade. Durante a travessia, Karen e Lidiane foram pegas por um forte
redemoinho que as puxou para o fundo do rio. Lidiane conseguiu escapar, mas, em razão da forte correnteza, não
conseguiu salvar Karen, que veio a falecer por afogamento. Considerando o fato acima narrado, Lidiane: C

assumiu a função de garantidora, mas não responderá pela morte de Karen, pois estava impossibilitada de agir;

1º Ela criou a situação de risco (Art. 13, § 2º, c), logo é uma garantidora.

2º O garantidor responde pelo resultado, contudo, não é possível a responsabilização do garante quando for impossível
a sua ação.

é o que diz C. Masson: incumbe o dever de agir tanto ao professor de natação contratado para ensinar uma pessoa a
nadar (negócio jurídico) como ao nadador experiente que convida um amigo iniciante a atravessar um canal de águas
correntes e geladas (situação concreta da vida). Nos dois casos, se o principiante enfrentar problemas, o garantidor, se
possível fazê-lo, deverá impedir o resultado, sob pena de tê-lo a si imputado.
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Outras com essa mesma pegada:

Ano: 2010 Banca: FGV Órgão: PC-AP Prova: FGV - 2010 - PC-AP - Delegado de Polícia

Carlos Cristiano trabalha como salva-vidas no clube municipal de Tartarugalzinho. O clube abre diariamente às 8hs, e a
piscina do clube funciona de terça a domingo, de 9 às 17 horas, com um intervalo de uma hora para o almoço do salva-
vidas, sempre entre 12 e 13 horas.

Carlos Cristiano é o único salva-vidas do clube e sabe a responsabilidade de seu trabalho, pois várias crianças utilizam a
piscina diariamente e muitas dependem da sua atenção para não morrerem afogadas.

Normalmente, Carlos Cristiano trabalha com atenção e dedicação, mas naquele dia 2 de janeiro estava particularmente
cansado, pois dormira muito tarde após as comemorações do reveillon. Assim, ao invés de voltar do almoço na hora,
decidiu tirar um cochilo. Acordou às 15 horas, com os gritos dos sócios do clube que tentavam reanimar uma criança
que entrara na piscina e fora parar na parte funda. Infelizmente, não foi possível reanimar a criança. Embora houvesse
outras pessoas na piscina, ninguém percebera que a criança estava se afogando.

Assinale a alternativa que indique o crime praticado por Carlos Cristiano

b) NENHUM CRIME.

’’PEGADINHA DO HOMEM QUE NAO ESTAVA LÁ’’ -> A doutrina entende que nos casos envolvendo crimes
omissivos improprios é indispensável a presenca do garante na cena do ocorrido, sob pena de atipicidade da conduta.

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De acordo com o autor alemão Jakobs, o direito penal do inimigo pode ser caracterizado por quais elementos?

1º) Punição prospectiva: O inimigo não precisa ter feito nada; será punido por aquilo que ele pode vir a fazer. Ex.:
punir atos preparatórios de terrorismo.

2º) Desproporcionalidade das penas: O inimigo deve ser enfrentado como fonte de perigo e, portanto, sua eliminação
da sociedade é o fim último do Estado. Ex.: as penas têm prazo de duração indeterminado.

3º) Relativização ou supressão de garantias processuais: O direito penal do inimigo é autoritário, pois suprime e/ou
elimina direitos e garantias do ser humano. Ao inimigo não se aplicam os direitos e garantias reservados pela
Constituição e pelas leis aos cidadãos. O inimigo não pode ser tratado como pessoa, pois entendimento diverso
colocaria em risco o direito à segurança da comunidade.

NÃO admitem a tentativa:

PUCCA CHO
P - Preterdoloso * ( Cuidado com a tentativa de aborto com resultado morte da gestante )*

U - Unissubsistente

C - Contravenção Penal

C - Culposo

A - Atentado

C - Condicionado

H - Habituais

O - Omissivos Próprios

OBS: Editado!

Para não confundir, vale o adendo que as contravenções penais admitem sim a tentativa, mas não são puníveis por pura
previsão legal do del 3.688.

Cumprimento de pena

Súmula 269, STJ: é admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

Súmula 715, STF: a pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime
mais favorável de execução.

ROUBO/LATROCÍNIO

Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima, responde pelo crime de
latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua participação se revele de menor
importância.

Ex: João e Pedro combinaram de roubar um carro utilizando arma de fogo. Eles abordaram, então, Ricardo e Maria
quando o casal entrava no veículo que estava estacionado. Os assaltantes levaram as vítimas para um barraco no morro.
Pedro ficou responsável por vigiar o casal no cativeiro enquanto João realizaria outros crimes utilizando o carro
subtraído. Depois de João ter saído, Ricardo e Maria tentaram fugir e Pedro atirou nas vítimas, que acabaram morrendo.
João pretendia responder apenas por roubo majorado (art. 157, § 2º, I e II) alegando que não participou nem queria a
morte das vítimas, devendo, portanto, ser aplicado o art. 29, § 2º do CP. O STF, contudo, não acatou a tese. Isso porque
João assumiu o risco de produzir resultado mais grave, ciente de que atuava em crime de roubo, no qual as vítimas
foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo.

STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

Fontes MATERIAIS (ou de produção): Estado

Fontes FORMAIS (ou de conhecimento):


- IMEDIATAS – LEI .

- MEDIATAS - COSTUMES, DOUTRINA, JURISPRUDÊNCIA e os PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO.

A ANALOGIA é INSTRUMENTO INTERPRETATIVO para realizar a INTEGRAÇÃO das normas penais.


(analogia in bonam partem).

NÃO EXISTE norma para o caso concreto;

- Cria-se nova norma a partir de outra (analogia legis) ou do todo do ordenamento jurídico (analogia iuris);

- Ex: isenção de pena, prevista nos crimes contra o patrimônio, para o cônjuge e, analogicamente, para o
companheiro.

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA

- É forma de INTERPRETAÇÃO;

- EXISTE norma para o caso concreto;

- Utilizam-se exemplos seguidos de uma fórmula genérica para alcançar outras hipóteses;

- A aplicação pode ser in bonam partem ou in malam partem;

- Ex: homicídio mediante paga ou promessa de recompensa, OU POR OUTRO MOTIVO TORPE.

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA

- É forma de INTERPRETAÇÃO;

- EXISTE norma para o caso concreto;

- Amplia-se o alcance da palavra (não importa no surgimento de uma nova norma);

- A aplicação pode ser in bonam partem ou in malam partem;

- Ex: A expressão "arma" no crime de roubo majorado, pode ser qualquer instrumento, fabricado com ou sem finalidade
bélica, capaz de servir para o ataque (revólver, faca de cozinha, madeira, lâmina de barbear, etc).

INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA destina-se a buscar o alcance das leis, conforme a finalidade a que se
destinam.

Naiara, adolescente, ao chegar à própria casa depois do colégio, encontra seu pai caído, com um ferimento na cabeça,
aparentemente produzido por disparo de arma de fogo realizado por ele mesmo, todavia ainda respirando.
Desesperada, corre até a casa de seu tio Hermínio, cunhado da vítima, solicitando ajuda. Como houvera uma rusga
entre Hermínio e a vítima, aquele se recusa a prestar auxílio, limitando-se a dizer à sobrinha: “tomara que morra”.
Naiara, então, vai à casa de um vizinho, que se compromete a ajudá- la. Ao retornarem ao local do fato, encontram a
vítima ainda viva, mas dando seus últimos suspiros, vindo a óbito em menos de um minuto. Do momento em que Naiara
viu a vítima ferida até sua morte não transcorreram mais do que quinze minutos. Realizado o exame cadavérico, o
laudo pericial indica que o ferimento seria inexoravelmente fatal, ainda que o socorro tivesse sido prestado de
imediato. Nesse contexto, com base nos estudos sobre a omissão e acerca do bem jurídico-penal, é correto afirmar que
a conduta de Hermínio caracteriza:

Conduta atípica. A doutrina majoritária exige que o sujeito ativo esteja PRESENTE na situação de perigo. Assim, se o
agente apenas sabe que outra pessoa está em risco, mas não se move até o lugar para salvá-la, não há crime de omissão
de socorro (só egoísmo mesmo, rs...).

Alcides, administrador de um cemitério, percebendo que, depois de uma chuva torrencial, ossos anteriormente
sepultados em uma cova rasa ficaram expostos, decide levar para sua casa o crânio que compunha aquele esqueleto.
Assinale a alternativa que corretamente indica a subsunção de seu comportamento à norma penal.

Conduta atípica.

Não há furto: na regra geral o crime de furto é coisa móvel alheia e o cadáver não é coisa móvel alheia. Embora
existem umas particularidades, exceções, a doutrina entende que se tiver tratando de um cadáver que pertence a uma
faculdade, a uma instituição de ensino, a uma escola médica, laboratório neste caso o cadáver é comparado a coisa
móvel alheia e pode ser torna um objeto de furto.

Não há apropriação indébita: pelo mesmo motivo do furto. Apropriação indébita é crime patrimonial e o objeto é
coisa móvel alheia.

Não é vilipêndio a cadáver nem subtração de cadáver: não é subtração de cadáver porque a doutrina entende que a
ossada humana depois que o corpo se decompôs, que perdeu o formato humano, quando não tem mais a pele, que só
resta a ossada então não é comparada a cadáver. Essa é a diferença de cadáver e ossada.

Não há violação de sepultura:(Art. 210-CP) pois a questão diz que foi por força da natureza.

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