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Direito penal

O crime é definido pela teoria tripartite como Fato Típico,


Antijurídico e Culpável.

Fato típico: adequação do comportamento humano descrito em lei como crime

Se o indivíduo apenas pratica uma ação que está descrita na norma, como matar uma pessoa
no CP 121, ele está praticando um fato típico, para considerar crime, precisa estudar
antijuricidade e culpabilidade.

Para considerar fato típico devem ser estudadas conduta, resultado, nexo de causalidade e
tipicidade

Antijuricidade: sinônimo de ilegalidade. Relação de contrariedade entre a conduta e o


ordenamento jurídico.

A legitima defesa é um exemplo de fato típico sem antijuricidade, pois uma vítima que não tem
outra alternativa para uma agressão sofrida, está autorizada a matar para preservar sua
integridade. Essa pessoa estará praticando um fato típico, mas não um crime.

Portanto, não basta apenas saber que um indivíduo matou alguém para definir se houve crime.

Culpabilidade: juízo de reprovação do agente pelo que fez. Dividida em três elementos:

 Imputabilidade: capacidade de entender o caráter ilícito do fato


 Potencial consciência de ilicitude: pratica o fato sabendo que a conduta era ilícita
 Exigibilidade de conduta diversa: conduta realizada numa situação regular, normal.
A ausência de culpabilidade envolve menores de até 17 anos, que ao furtarem não estão
cometendo crime.

Classificação das Infrações Penais

 Divisão bipartida: as infrações penais são divididas em crimes e contravenções penais


 Divisão tripartida: em crimes, delitos e contravenções.

No Brasil, crime é sinônimo de delito

Crimes e contravenções penais:

Sujeito Ativo: autor do crime. A LEI PODE RESTRINGIR O ROL DE SUJEITOS QUE PODEM SER
RESPONSABILIZADOS. São considerados sujeitos ativos, o autor executor, autor funcional e
participe.

Sobre pessoa jurídica: a pessoa jurídica é sujeita ativa de uma infração penal, quando em casos
de crime contra a ordem econômica e financeira, crimes cotra a economia popular e crimes
contra o meio ambiente.

Sujeito Passivo: aquele que sofre as consequências da infração penal

 Formal: sempre o mesmo, O ESTADO. “o estado sofre toda vez que suas leis são
desobedecidas”
 Passivo material: será o titular do bem jurídico que sofreu lesão ou ameaça.

Importante:

1. não é possível ser sujeito passivo e ativo de sua própria conduta.


2. Mortos não podem ser sujeitos passivos de infrações penais
3. A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de alguns crimes
4. O estado pode ser sujeito passivo eventual.

Objeto do crime: tudo o que sofre ação da conduta criminosa.

Objeto material: pessoa ou objeto atingido, em furto é o objeto e em homicídio é a pessoa que
foi morta. Existem crimes sem objeto material.
Objeto formal: interesse ou bem protegido pela norma penal, no furto é o patrimônio e no
homicídio é a vida.

No homicídio, o atentado é contra a vida que é objeto formal e a pessoa que é objeto material.

Fases da realização do delito

1. Cogitação: fase interna, não é punível e não causa ofensa a nenhum bem jurídico
2. Preparação: trabalhar para que possa iniciar a execução do delito, também não é
punível, a não ser que a preparação também seja crime.
3. Execução: inciia a execução
4. Consumação: resultado do crime
5. Exaurimento: é como se fosse um bônus, o crime já foi consumado, no caso de
sequestro, por exemplo, ele já sequestrou, se receber quantia desejada pela família da
vítima, será exaurimento.

Classificações
 Ver resumo e questões no pdf aula 1

Teoria do Crime

1- Teorias da Ação
1.1- Teoria Finalista: parte do principio de que toda consciência é intencional. O dolo
integra a conduta típica, que passa a ser dolosa ou culposa. “toda ação voluntaria é
finalista, ou seja, está acompanhada de uma vontade interna do agente”
1.2- Teoria causal – naturalista ou clássica: o fato típico origina-se de uma simples
comparação entre a conduta objetivamente realizada e a descrição legal do crime
1.3- Várias que vou pular

Fases da Realização do Delito: processo a ser percorrido desse que o autor pensa em cometer
o crime, até que seja praticado e gere resultado. Cogitação, interna, intenção, não punível;
preparação: o autor trabalha para iniciar a execução do delito; execução: pode resultar na
consumação, caso o agente logre êxito na pratica da infração penal ou tentativa; consumação:
atinge o resultado do crime, “o crime reuniu todos os elementos de sua definição legal”;
exaurimento: bônus, vantagem.
Natureza do crime e consumação:

DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Quando a pessoa comete um erro que deriva de culpa o fato é um crime culposo (acredita
estar em legítima defesa, quando na verdade não está) A regra é que crimes culposos
não admitem a tentativa. Não se pode tentar algo que não se queria praticar. Na culpa
própria, não há possibilidade de tentativa. Mas no caso de culpa imprópria, parte da
doutrina admite a tentativa (exemplo do john wick)

CRIMES PRETERDOLOSOS: não permite tentativa, o resultado não era intencional.


Ou quer matar ou não quer, como causar lesões e acabar indo a óbito.

CONTRAVENÇÕES PENAIS: Não se pune a tentativa de contravenção penal


DESISTENCIA VOLUNARIA

O indivíduo que inicia a pratica se arrependa e desista, tendo um abandono voluntario da


intenção que existia, sem que alguém impeça. Se o resultado originalmente almejado ainda
assim vier a acontecer, o autor responderá normalmente pelo delito que inicialmente
almejava praticar.

ARREPENDIMENTO EFICAZ

O indivíduo, além de desistir da execução, também vai impedir a produção do resultado, uma
vez que já realizou os atos necessários para obter o que desejava, por isso precisa fazer alguma
coisa para impedir o resultado. Se a consumação do delito ocorrer, o arrependimento não
será eficaz, e não terá o condão de beneficiar o autor

Arrependimento posterior: nos crimes sem violência e sem grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntario do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
CRIME IMPOSSIVEL: Art. 17: não se pune a tentativa quando por ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Também conhecido como: crime oco, tentativa inútil, inadequada, inidônea e quase crime

Ineficácia absoluta do meio: ocorre quando o meio de execução do delito utilizado pelo agente
é totalmente ineficaz para atingir o objetivo pretendido, por exemplo ao usar uma arma
quebrada, é um crime impossível, então o individuo nem responderá pela tentativa.

Se o meio utilizado for relativamente ineficaz (possuir alguma potencialidade lesiva),


ocorrerá sim a tentativa, pois houve risco ao bem jurídico
absoluta impropriedade do objeto: o meio utilizado pelo agente é idôneo, mas o
objeto material (coisa ou pessoa contra a qual a conduta esta voltada) é improprio
para a consumação do delito. Não há tentativa, apenas crime impossível.
CRIMES CONTRA A PESSOA
Art. 121 a 128

Os crimes contra a vida podem ser dolosos ou culposos

Homicídio: sujeito ativo e passivo: qualquer pessoa

consumação é dada pela morte da vítima.

Bem protegido: vida humana.

Pode ser dividido em: Doloso (simples, privilegiado e qualificado) e Culposo.

Homicídio Simples: Art. 121 Matar alguém. Pena: 6 a 20 anos.

Importante não confundir tentativa de homicídio com crime impossível:

Quando um indivíduo planeja matar alguém usando o veneno e se confunde colocando apenas
açúcar, trata-se de um crime impossível por ineficácia absoluta do meio utilizado, não
havendo tentativa de homicídio.
Outro caso, um individuo vai até seu desafeto, planejando mata-lo durante o sono, realiza 10
disparos, mas a vítima já estava morta, após sofrer um ataque cardíaco. Nesse caso, também
não haverá tentativa de homicídio e sim crime impossível, por impropriedade absoluta do
objeto.
Ele ocorre quando nenhuma qualificadora é aplicada, raro e residual. Não é hediondo (quando
causa repulsa, que seja de ordem objetiva), salvo se for praticado e grupo

Trata-se de um crime comum, onde não exige uma qualidade especial do autor. Trata-se
também de um crime comissivo, pois consiste em uma ação e, portanto, pode também ser
praticado por omissão

 O genocídio tem caráter coletivo


 Vida extrauterina: termo com o intuito de separar os delitos relacionados ao aborto do
delito homicídio.

O homicídio é um crime material, para sua consumação é necessário o resultado naturalístico


previsto pela norma, que seria a morte de alguém.

Homicídio admite o exame indireto, quando o corpo da vitima não é encontrado, a pericia
pode ser realizada com base em outras fontes de informação (provas testemunhais, filmagens,
fotos) no caso da Eliza Samudio, por exemplo, cujo corpo não foi localizado até hoje, para
suprir a falta do exame direto, foi realizada a produção de provas testemunhais, que foram
suficientes.

É um crime de conduta livre, o autor pode usar qualquer meio executório, será valido qualquer
método escolhido pelo autor para caracterizar a tentativa de homicídio ou o próprio homicídio.

Homicídio Doloso Majorado


Milicias Privadas/Grupos de Extermínio

Homicídio Privilegiado ou causa de diminuição de pena: quando o crime vem de um motivo


de relevante valor social ou moral, ou sob domínio de emoção, provocação da vítima.
Importante salientar que deve ocorrer logo em seguida da provocação, esta que só pode ser
feita pela vítima e não por terceiros. Pena reduzida de um sexto a um terço.

 Privilegiadora: circunstancia que reduz a pena nos limites mínimo e máximo, não se
reduz a pena aplicada, aplica-se uma pena diversa naquele caso. Um delito teria pena
prevista de 6 a 20 anos, sua versão privilegiada pena autônoma de 5 a 10 anos
 Causa de diminuição de pena: circunstancia que reduz a pena base através da
aplicação de uma variável. Não há pena diferente, utiliza-se a pena original do delito e
aplica-se a redução

Na prova, o examinador está se referindo a diminuição de pena. Com os seguintes detalhes:

Relevante valor moral ou social: o valor moral tem cunho particular, por exemplo, um pai que
mata o estuprador da filha. Já o social tem cunho coletivo, mata um politico corrupto por estar
revoltado com a impunidade em seu país.

Ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: o autor
é provocado pela vitima e age dominado pela situação.

MUITO IMPORTANTE:

CCP, Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;

No homicídio privilegiado, o agente deverá estar sob domínio de violenta emoção.

Além disso, a hipótese privilegiada sempre é logo em seguida à provocação da vítima.


IMEDIATIDADE

 Se for horas depois já não é homicídio privilegiado.

o homicídio privilegiado tem natureza de direito subjetivo do condenado. Assim sendo,


deve a redução de pena ser obrigatoriamente aplicada, caso presentes os requisitos

PARAMOS AQUI

Homicídio Qualificado: pena maior e mais grave, as qualificadoras são fatores que tornam a
conduta mais reprovável pela sociedade.
Qualificadoras de natureza ou ordem OBJETIVA relacionam-se aos meios empregados pelo agente
para cometer o crime; já de natureza SUBJETIVA, estão relacionadas à motivação do agente

Art. 121 [...]


§ 2º [...]

I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

Ordem subjetiva; relacionada a motivação do agente, é motivado por alguma recompensa,


anterior ou promessa. Motivo torpe é repugnante, como matar o pai para ficar com a herança.
II - Por motivo fútil;

Motivo banal, natureza subjetiva. Morte por divida de um cigarro de 5 reais.


III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum;

Natureza objetiva, relacionada aos meios empregados para praticar o crime; sendo insidiosos,
cruéis ou que possam resultar um perigo comum.

No caso de veneno, se a vítima não souber, se aplica essa qualificadora, se a vítima souber, se
aplica a de meio cruel.

O agente é punido pelo crime que QUERIA praticar, se queria torturar e matou, responde pela
tortura qualificada pelo resultado de morte.

IV - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne


impossível a defesa do ofendido;

Objetiva
V - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Subjetiva, pode garantir a execução de outro crime, ou assegurar a ocultação, impunidade e


vantagem de outro crime. Não precisa ser o próprio autor nos dois casos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

VI - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
2015)

Objetiva, morte da mulher em decorrência da sua condição de sexo feminino, considerando


razão de violência doméstica ou menosprezo da condição de mulher.

O feminicídio é uma qualificadora objetiva, enquanto o motivo torpe, é subjetiva, sendo assim,
é possível reconhecimento da qualificadora de motivo torpe e feminicídio ao mesmo tempo,
quando praticado contra mulher e situação de violência doméstica e familiar.

A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 até metade, se for praticado:

 Durante gestação ou 3 meses após o parto


 Pessoa maior de 60 anos ou com doença degenerativa, ou vulnerabilidade (REDAÇÃO
PELA LEI DE HENRY BOREL)
 Na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vitima
 Descumprimento das medidas protetivas

COBRADAS CONSTANTEMENTE!
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

Quando a morte de agentes ou autoridades for praticada no exercício da função ou em razão


da função.
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Objetiva, de acordo com o estatuto de desarmamento.


IX - Contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Lei Henry Borel nº 14.344 passou a estabelecer que é homicídio qualificado o assassinato de
pessoa menor de 14 anos (RECLUSÃO DE 12 A 30 ANOS) e é considerado HEDIONDO

A pena aumentará de:

 1/3 até metade se a vítima tem deficiência, ou doença que implique o aumento de
vulnerabilidade.
 2/3 se o autor é ascendente, padrasto, madrasta, tio, irmão, tutor, curador, ou
qualquer título que de autoridade sobre ela.

Homicídio Culposo: pena de 1 a 3 anos

É o homicídio sem intenção de matar, mas que é causado por imprudência, negligencia ou
imperícia.

O juiz poderá deixar de aplicar a pena se as consequências de a infração atingirem o próprio


agente de forma tão grave que a sanção se torne desnecessária.

Homicídio Majorado: pena aumentada de um terço se resultar de inobservância de regra, arte


ou oficio, ou se deixar de prestar socorro

Art. 122 Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
material para que o faça:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Nesse caso, induzir é quando cria uma ideia que não existe na cabeça da vítima, instigar
quando reforça uma ideia que existe e auxilio é dar o material.

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