Você está na página 1de 22

Teoria do Crime

O que é CRIME?

 O Crime pode ser entendido sob três aspectos:


Material
é toda ação humana que LESA ou EXPÕE A PERIGO um bem jurídico de terceiro, que, por sua relevância, merece a proteção
penal.

Legal
toda infração penal a que a lei comina pena de RECLUSÃO ou DETENÇÃO (Caso contrário, seria uma contravenção)

Analítico
crime era o fato TÍPICO, ILÍCITO E CULPÁVEL.

Todos os três aspectos (material, legal e analítico) estão presentes no nosso sistema jurídico-penal.
CRIME

Art. 18 - Diz-se o crime:


Crime doloso

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;


Crime culposo

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando
o pratica dolosamente.
CRIME DOLOSO

É aquele praticado pelo agente que objetiva o resultado ou que, no mínimo, assume o risco de produzi-lo,
isto é, tem consciência da conduta que pratica.

Dolo é vontade livre e consciente de praticar a ação ou omissão, de executar o fato definido como crime pela
letra da lei.
CRIME DOLOSO

DOLO DIRETO
Ocorre quando o agente pretende, busca o resultado, de modo que o evento corresponde a sua vontade.

Ex.: Um sujeito “A” saí de casa com o intuito de matar um sujeito “B”. Ao encontrá-lo, deflagra
disparos de arma de fogo que levam a óbito a vítima.
O objetivo inicial de ferir o bem jurídico (a vida) foi alcançado.
CRIME DOLOSO

DOLO INDIRETO
Ocorre quando a vontade do agente não se orienta de forma segura em relação ao evento.

Esta espécie de dolo subdivide-se em dois tipos:


 Dolo alternativo
O agente executa a ação pretendendo um dos objetivos que esta possa vir a causar.

Ex. José atira uma pedra em Maria, querendo matá-la ou lesioná-la, tanto faz. Não existe uma intensão especifica de matar ou lesionar,
qualquer uma serve.

 Dolo eventual
Trata-se de hipótese na qual o agente não tem vontade de produzir o resultado criminoso, mas, analisando as circunstâncias, sabe que este
resultado pode ocorrer e não se importa, age da mesma maneira.

Ex. um agente entrar atirando em um recinto fechado, cheio de pessoas


CRIME DOLOSO
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
DOLO GENÉRICO
Ou simplesmente Dolo. Ocorre quando o agente pretende apenas o fato descrito na norma
penal, ou seja, sua intenção é de ferir especificamente a letra da lei.
DOLO ESPECÍFICO
Ocorre quando o agente pretende algo além da conduta criminosa.
Exemplo: Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate
CRIME CULPOSO

 A conduta do agente é destinada a um determinado fim (que pode ser lícito ou não), tal qual no dolo
eventual, mas pela violação a um dever de cuidado, o agente acaba por lesar um bem jurídico de terceiro,
cometendo crime culposo.
 O dever objetivo de cuidado:
 É aquele imposto a todas as pessoas de sempre agir com o emprego das cautelas necessárias para que de seu atuar não
resulte dano a bens jurídicos alheios.
 A punibilidade nesses crimes visa justamente a tornar o homem mais atento.
 Obriga-o a superar deficiências peculiares ou a agir com a diligência imposta em razão dessas mesmas deficiências.
CRIME CULPOSO

O tipo culposo também é conhecido por tipo aberto:


O seu preceito primário (conduta) não está completamente descrito.
Exige-se, para a sua complementação:
A realização de um juízo valorativo, que decorre da comparação da conduta do caso concreto com a que
seria ideal nessas circunstâncias.
Por isso, um crime só pode ser punido como culposo quando houver expressa previsão legal (art. 18,
parágrafo único, do CP).
CRIME CULPOSO

A violação ao dever objetivo de cuidado pode se dar de três maneiras:


Art. 18, II, do CP:
Diz-se do crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por:

 Imprudência

É a prática de um ato perigoso, sem as cautelas necessárias. (agir positivo)


O agente faz o que não deveria fazer.

 Negligência

É o famoso relapso. Aqui o agente deixa de fazer algo que deveria (agir negativo) .

 Imperícia.

Prática de uma conduta sem possuir o conhecimento necessário para tanto (agir positivo).
CRIME CULPOSO

O crime culposo é composto de:


Conduta inicial voluntária;
Violação do dever objetivo de cuidado;
Resultado involuntário;
Nexo de causalidade;
Previsibilidade objetiva do resultado;
Ausência de previsão;
Tipicidade.
CRIME CULPOSO

O crime culposo é composto de:


1. Conduta inicial voluntária;
 Seja esta positiva – fazer, agir – ou negativa – não fazer, não agir.

 Inexistindo a voluntariedade, inexiste o crime.

 Logo, o crime culposo irá se manifestar por uma atitude voluntária do indivíduo, mas esta atitude deve almejar um fim perfeitamente
lícito

2. Violação do dever objetivo de cuidado;


 Que pode se dar por negligência, imprudência ou imperícia.

3. Resultado involuntário;
 O resultado da conduta é que se torna diverso do pretendido. Nesse caso, são 2 (duas) situações:
a. 1. o agente age, voluntariamente, para atingir fim lícito;

b. 2. acaba atingindo uma consequência considerada ilícita pela norma.

 A intenção do agente não foi ferir a letra da lei, entretanto se esta consequência se manifesta, responderá este por crime culposo.
CRIME CULPOSO

O crime culposo é composto de:


4. Nexo de causalidade;
 Relação de causa e efeito entre a conduta do agente (voluntária) e o resultado ocorrido no mundo fático (involuntário).

5. Previsibilidade objetiva do resultado;


 É a possibilidade de qualquer pessoa comum, dotada de prudência mediana, de antever a produção de um resultado involuntário lesivo. Se o
resultado for voluntário não haverá culpa, mas sim dolo.

 Ex: todos sabem que se deve ter cuidado, redobrado, com crianças na beira da piscina ou no mar para não ocorrer afogamento, etc.

6. Ausência de previsão;
 A ocorrência deste decorre de caso fortuito, que exclui a própria culpa e, consequentemente, a tipicidade.

 Previsibilidade subjetiva:

 É a capacidade de previsão de cada indivíduo e, quando ausente, exclui apenas a culpabilidade.

7. Tipicidade.
 O fato deve estar previsto como crime. Em regra, os crimes só podem ser praticados na forma dolosa, só podendo ser punidos a título de culpa
quando a lei expressamente determinar.
ESPÉCIES DE CULPA

As espécies de culpa :
o Culpa consciente (ou culpa ex lascivia):
 Ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que este não ocorra.

 Difere do dolo eventual porque neste o agente prevê o resultado e não se importa que ele venha a ocorrer.

 Na culpa consciente o agente, embora prevendo o resultado, não o aceita como possível.

 Exemplo: caçador que, avistando um companheiro próximo do animal que deseja abater, confia em sua condição de perito
atirador para não atingi-lo quando disparar, causando, ao final, lesões ou morte da vítima ao desfechar o tiro;
ESPÉCIES DE CULPA

As espécies de culpa :
 Culpa inconsciente (ou culpa ex ignorantia):
 Ocorre quando o agente não prevê o resultado de sua conduta, apesar de ser este previsível.

 Exemplo: indivíduo que atinge involuntariamente a pessoa que passava pela rua, porque atirou um objeto na janela por
acreditar que ninguém passaria naquele horário.
CRIME PRETERDOLOSO

É aquele em que o agente realiza uma conduta dolosa (delito-base), mas acaba produzindo um
resultado mais grave do que o pretendido em razão da intensificação culposa (resultado agravador culposo).
Um exemplo clássico é o crime de lesão corporal seguida de morte.

Os principais requisitos de manifestação do crime preterdoloso são:


 Crime doloso e culposo ao mesmo tempo;
 Ação dolosa é de menor monta que a ação culposa

 Ação dolosa precede a ação culposa;


 Não existe intenção de que a ação dolosa resultasse na ação imputada como culposa.
CONDUTA

CONDUTA = Ação ou omissão voluntária dirigida a uma determinada finalidade


CONDUTA COMISSIVA

 O sujeito ativo adota exatamente a conduta que a norma penal proíbe.


Ex.: o art. 121 do CP estabelece que quem matar alguém será apenado com reclusão de 6 a 20
anos.

 O objetivo da lei é proibir que um homem mate outro.

 Caso isto ocorra, o sujeito ativo adotou uma conduta diametralmente oposta àquela exigida pela lei. Neste
caso teremos a conduta comissiva, ou simplesmente uma “ação”.
CONDUTA OMISSIVA

 O sujeito ativo não age, logo, adota uma postura inerte que seja exatamente o oposto da pretendida pelo
texto da norma jurídica.
Ex: Art. 269 do CP - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é
compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
 Neste caso, o médico deve agir, fazendo a notificação.
 Caso não o faça, cometeu um crime, por não ter agido como a norma penal pretendia. Neste caso teremos uma omissão.
CONDUTA OMISSIVA

Em relação aos crimes omissivos:


 O CP adotou a teoria normativa.
 Segundo essa teoria, a omissão só terá relevância causal se existir uma norma impondo, na hipótese concreta, o dever
jurídico de agir.

Assim sendo, a omissão:


 É a inatividade, a abstenção de um fazer determinado pela lei penal.
Crimes omissivos

Em relação aos crimes omissivos:


 Crimes omissivos próprios ou Puro.
 São aqueles em que não existe o dever jurídico de agir.

 Neles a conduta negativa é descrita no preceito primário da lei penal.

 A simples omissão é uma causa suficiente para a consumação, logo, independentemente de qualquer resultado ulterior.

Exemplo: art. 135 do CP – omissão de socorro.

Nesse caso, é irrelevante avaliar se houve qualquer resultado (no exemplo, é irrelevante saber se houve dano à vítima), pois o agente
responde criminalmente pelo simples fato de ter violado a norma penal, descumprindo o mandamento.
Crimes omissivos

Em relação aos crimes omissivos:


 Crimes omissivos impróprios ou impuros.
 São aqueles em que existe o dever jurídico de agir.

 O agente é responsabilizado por um tipo comissivo, da mesma forma que aquele que pratica o referido tipo comissivamente, não
porque sua conduta tenha dado causa ao resultado (pois, “do nada, nada surge”), mas porque essa omissão é juridicamente
equiparada à causação do resultado.
 Nesses crimes o agente não responde só pela omissão como simples conduta, mas pelo resultado produzido, podendo ser
doloso ou culposo.

EXEMPLO: Maria, desejando matar seu filho Bruno, de apenas 07 meses, deixa de dar alimentos ao bebê, de forma que
o menino morre por inanição. Veja, Naturalisticamente falando, Maria não matou o próprio filho, mas dolosamente deixou de agir
para evitar a morte. Porém, como Maria tem o dever de proteção e cuidado em relação ao filho, sua omissão dolosa será
juridicamente equiparada à causação do resultado, de forma que Maria responderá por homicídio doloso consumado.

Você também pode gostar