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º elemento
– conexão de risco.
O comportamento lícito alternativo só releva para afastar imputação objectiva quando puser em
causa a conexão de risco- quando a consideração desse comportamento alternativo? Quando põe
em dúvida a concretização do risco proibido no resultado.
Roxin – não confundir o incremento do risco, com a criação ou aumento do risco que é um
Só quando esteja prevista a punição por negligencia é que o crime é punido. Dolo é punido de
forma mais grave.
Dolo tem dupla relevância, tanto ao nível do tipo de ilícito, como ao nível da culpa.
Na parte do tio estão os elementos psicológicos do dolo, na parte da culpa estão os elementos
emocionais. Se o A está muito vem, vê a mulher vir correr para ele com um a faca de sangue e,
pensando que esta o queria matar, de forma a se defender dispara. Na verdade ela não a vinha
matar – ele teve dolo do tipo, mas não teve dolo da culpa, falta a parte emocional do dolo, mas a
parte psicológica do dolo está lá – ele queria matá-la, mas os motivos falam.
Dolo Necessário – Agente não tem intenção de realizar o facto, mas o facto é uma conduta
inevitável da sua conduta.
Exemplo: Para furtar um quadro, agente precisa de roubar um banco e mata um guarda que o
tenta impedir – quando dispara sobre o guarda ele tinha como objectivo matá-lo.
Dolo Eventual – Agente representa realização do facto como possível e conforma-se com essa
realização. Aceita o facto como possível.
Negligência consciente – realização do facto como possível, mas falta-lhe o seu elemento
volitivo.
CASO 1)
Crime em causa – corrupção passiva, art. 373º CP.
Ver primeiro se é crime de resultado ou não. Se não for, ver apenas articulação entre o que é
feito e o que a norma diz.
Ele tem de representar que é funcionário no momento da prática do facto. – ele diz que não, mas
a consciência tem de ser actual e não refletida, há certas situações que a pessoa já traz consigo.
O médico sabe que é médico, agente sabe que é pessoa.
Ele sabia que estava a receber a vantagem patrimonial para o exercício daquele acto.
A esposa era instigadora – art. 28.º- ou seja apesar de não ser funcionária, aplica-se a regra da
acessoriedade.
Co-consciência imanente – elemento demasiado evidentes.
CASO 2)
Crime de homicídio, burla relativa a seguros, incêndio.
Sempre presente definição e o seu objecto – e ver os seus problemas – essencialmente nos arts.
16.º, art.º 17, art 21.º, art. 23.º etc.
3) O Cônsul da Poldévia Atente no caso retirado de O Lótus Azul, de Hergé (ver anexos
enviados no mail), e diga se os indivíduos que agrediram o Cônsul da Poldévia agiram
dolosamente.
A conduta dos indivíduos que agrediram o Cônsul da Poldévia consubstancia uma acção –
criaram perigo para o bem jurídico “integridade física” do Cônsul da Poldévia, atendendo ao
critério que Figueiredo Dias utiliza para distinguir acção de omissão.
É crime de resultado?
Trata-se de um crime de resultado, uma vez que estes pressupõem a produção de um resultado
como consequência da actividade do agente (crime não se consuma apenas com o perigo, tem de
haver uma ofensa efectiva ao bem jurídico penalmente protegido). Há uma alteração externa
espácio-temporalmente distinta da conduta.
A consumação do crime de ofensa à integridade física só se verifica com a ofensa corporal à
vítima.
Existe causalidade, o bem jurídico integridade física do Cônsul viu-se lesado, em virtude da
conduta dos dois agentes.
Há uma situação de criação de risco, uma vez que os indivíduos agridem Cônsul, pondo em
risco a integridade física e eventualmente poderiam também ter posto em causa a vida da vítima.
Este risco é um risco proibido. E há também concretização do risco no resultado.
Deste modo, é possível concluir que há imputação objectiva da conduta dos agentes no
resultado.
Tipo Subjectivo
Para que a conduta seja dolosa o agente tem de representar os elementos do tipo objectivo e
vontade de que se realizem.
Neste caso, os indivíduos representaram que estavam a agredir uma pessoa. Eles representam o
elemento do tipo e parecem querer realizá-lo – eles sabem que estão a agredir e essa mesma
conduta parece ser aquela que eles pretendiam. Os agentes têm dolo do tipo.
Contudo, apesar de ter como objectivo a realização daquela mesma acção, a vítima que sofre as
agressões não era a pessoa para a qual as estas estariam dirigidas. Os agentes têm dolo do tipo
Para Figueiredo Dias esta situação não constitui verdadeiramente um problema, uma vez que
independentemente do erro sobre a identidade da pessoa, o que a lei proíbe é a lesão do bem
jurídico integridade física de toda e qualquer pessoa compreendida no típico de ilícito e não de
uma pessoa determinada. Este erro em que os indivíduos estavam, não reivindica um tratamento
especial e não põe em causa a existência de dolo na conduta dos agentes.
Quanto ao patrão dos indivíduos – talvez se trata de um caso de aliciamento, uma vez que é este
que leva os indivíduos a praticar o facto tipicamente ilícito em contrapartida da realização de
determinada prestação (como ele lhe chama patrão - remuneração).
4) Dário e a materialidade
Dário é um prestidigitador e do seu material de trabalho consta uma caixa mágica, com a
qual ele cria a ilusão de que consegue trespassar pessoas com espadas sem lhes causar um
arranhão. Mimi é a assistente de Dário. Fã de séries de vampiros, Mimi gosta muito de
dormir sestas dentro da dita caixa. Naquele dia, Mimi avisou Gualter de que ia dormir um
pouco dentro da caixa e não queria ser incomodada. Gualter, que tinha muito medo de
vampiros, resolveu aproveitar a oportunidade: convenceu Dário a praticar um pouco a
teatralidade do seu espectáculo com a caixa (supostamente) vazia. Dário, convencido de
que não havia ninguém dentro da caixa mágica, trespassou Mimi com várias espadas.
A conduta de D consubstancia uma acção – criou perigo para o bem jurídico “vida” de Mimi,
atendendo ao critério que Figueiredo Dias utiliza para distinguir acção de omissão.
É crime de resultado?
Trata-se de um crime de resultado, uma vez que estes pressupõem a produção de um resultado
como consequência da actividade do agente (crime não se consuma apenas com o perigo, tem de
haver uma ofensa efectiva ao bem jurídico penalmente protegido). Há uma alteração externa
espácio-temporalmente distinta da conduta.A consumação do crime de homicídio só se verifica
com a morte da vítima.
Existe causalidade, o bem jurídico vida, de Mimi, viu-se lesado, em virtude da conduta do
agente D.
Há uma situação de criação de risco, uma vez queD trespassa M com várias espadas, matando-a.
Este risco é um risco proibido. E há também concretização do risco no resultado.
Tipo Subjectivo
Para que a conduta seja dolosa o agente tem de representar os elementos do tipo objectivo e
vontade de que se realizem. Falta a D o conhecimento da totalidade das circunstâncias, de facto,
descritivas ou normativas do facto e assim sendo, D não representa o elemento do tipo, não sabe
que está a matar M – o dolo do tipo de homicídio não se pode afirmar, assim como não se pode
afirmar o dolo da culpa, uma vez que falta a representação do que está a fazer e a parte
emocional do dolo, ele não queria matá-la, nem sabia que ela estava dentro da caixa em que ele
praticava o seu número.
Contudo, o seu desconhecimento pode ser recondutível à não prestação do cuidado devido, uma
vez que nos é dito que M gosta muito de dormir sestas na referida caixa, não sendo uma
situação pontual o facto de ele ter decido deitar-se lá naquela altura. A par desta situação D
devia ter sido diligente e verificado que a caixa estava efectivamente vazia. Apesar de não
preencher o tipo do art. 131.º, o seu comportamento integra o tipo de ilícito do art. 137.º CP –
homicídio negligente. O art. 16.º permite a punição da negligência nos casos previstos pela lei
como crime negligente e quando a negligencia se tiver verificado efectivamente no caso.
Tratar-se-á neste caso, de uma negligência inconsciente, uma vez que D não chega sequer a
representar como possível a violação do facto.
Actuação de D é uma actuação negligente, pelo que será punido nos termos do crime de
homicídio negligente.
Quanto a G – G sabia que M estava a fazer a sesta dentro da caixa que D usava para o seu
truque e convenceu-o a, no preciso momento em que M lá dormia, treinar o seu número –
instigador.
5) António à socapa
António, escondido atrás de um arbusto, espera por Bento para o matar. Quando ouve
passos, julgando tratar-se de Bento, dispara sobre o vulto que se aproxima. Na realidade,
tratava-se de Almofadas, o cão de Bento, que dava o seu habitual passeio. Almofadas
morreu em consequência do disparo.
É crime de resultado?
Tipo Subjectivo
6) “Achado não é roubado”
Alberto tinha um carro estacionado em frente da porta do seu prédio, desde 2008, nunca
o tendo utilizado. Xavier, seu vizinho, acreditando que a falta de uso do carro, durante
tanto tempo, implicava a perda do direito de propriedade, decidiu apropriar-se do mesmo.
Em interrogatório de arguido, Xavier afirma que pensava que o carro não pertencia a
ninguém.
A conduta de X consubstancia uma acção – X criou perigo para o bem jurídico “propriedade
privada” de A, atendendo ao critério que Figueiredo Dias utiliza para distinguir acção de
omissão.
Existe causalidade, foi a conduta de X que deu origem à violação da propriedade privada
de A, a subtração do automóvel para si é que deu origem à lesão da propriedade privada
de A.
Há criação de risco – a apropriação que X faz do carro cria risco para a propriedade privada de
A.
Tipo Subjectivo
Para que a conduta seja dolosa o agente tem de representar os elementos do tipo objectivo e
vontade de que se realizem. X representou o elemento do tipo, ele sabia que estava a subtrair o
automóvel a A, no entanto julgava que essa situação fosse legítima em virtude de o automóvel
estar inutilizado já há algum tempo.
O que acontece em relação a X é que este não tem conhecimento dos elementos normativos. Os
elementos normativos existem, com uma estrutura eminentemente jurídica, dentro dos quais
existem uns com um menor grau de exigência, cujo conhecimento pelo agente, para que se
possa falar de dolo do tipo, deve limitar-se aos pressupostos materiais. Trata-se de casos em que
se exprime uma valoração moral, social, cultural ou mesmo jurídica decisiva para a ilicitude do
facto como um todo, nomeadamente a situação do caso prático de ilegitimidade da apropriação
em crimes contra o património (furto). Neste caso, para que se possa afirmar o dolo do tipo,
basta o conhecimento, pelo agente, dos pressupostos materiais da valoração.
X tinha conhecimento de que se estava a apropriar de um bem de A, ainda que não tivesse
conhecimento de que se tratava de um ilícito, não estando legitimado para tal, é suficiente para
que se possa afirmar o dolo da sua conduta.
7) OPA, João
João é administrador da empresa Abóboras da Cinderela. Sabendo que a sua empresa vai
lançar uma OPA sobre 50% do capital da empresa Sapatinhos de cristal e que esta se vai
valorizar, decide comprar um conjunto avultado de acções da Sapatinhos de cristal. No
interrogatório de arguido, João afirma que não sabia que tal facto era proibido.
É crime de resultado?
Tipo Subjectivo
Miguel, ocupado a meter conversa com uma moça junto ao balcão dum bar, não repara
que o ciumento Carlos lhe introduz veneno no copo com água que pousou no balcão, com o
objectivo de o matar. Quem vem a beber daquele copo, porém, é David, um empregado
malandro que gostava de aproveitar as distracções dos clientes para dar uns golos. David
morre envenenado.
É crime de resultado?
Tipo Subjectivo
É crime de resultado?
Tipo Subjectivo
14) Sete palmos de terra
Alberto dá uma pancada na cabeça de Rodrigo com dolo de homicídio. Rodrigo cai
inanimado e Alberto enterra-o para esconder o seu crime. O corpo de Rodrigo é encontrado
e a autópsia revela que ele morreu por asfixia.
Estamos perante dois crimes: homicídio, art. 131.ºCP e ocultação de cadáver, art. 254.º, n.º1, a)
CP.
O caso em análise consubstancia o dolus generalis, no qual o agente erra sobre qual de diversos
actos de uma conexão da acção produzirá o resultado que pretende que se veja produzido.
Estamos perante um acção ou omissão? Trata-se de uma acção à luz do critério de Figueiredo
Dias – há a criação de um risco para o bem jurídico vida de R.
Trata-se de uma situação de criação de risco, quando A dá a pancada na cabeça de R. Risco esse
que é proibido, contudo, não existe concretização da conduta de A no resultado morte de R. R
acaba por morrer por asfixia e não devido à pancada na cabeça.
Tipo Subjectivo
Elemento volitivo – vontade de através da sua conduta produzir aquele resultado. A tinha
vontade de matar R.
Está em causa um dolo intencional, ou de primeiro grau. A conduta do agente foi direccionada
para a produção daquele resultado, art. 14.º, n.º 1 CP
Não existindo imputação objectiva tratar-se-á, quanto a esta conduta de uma tentativa de
homicídio e não de um crime consumado.
Trata-se novamente de uma acção, há um aumento do risco para o bem jurídico vida de R,
quando A o enterra.
Há imputação objectiva. Ao enterrar R, A aumenta o risco para o seu bem jurídica vida, este
risco é proibido. Existe também concretização da conduta do agente no resultado morte – R
morreu asfixiado.
Há imputação objectiva.
Imputação subjectiva
Elemento intelectual – A não sabia que ao enterrar R estaria a matá-lo, desconhecia o facto de
este ainda estar vivo e como tal não representou que ao enterrar o corpo poderia asfixia-lo,
levando-o à morte.
Elemento volitivo – Ele não tinha vontade de o matar através desta sua conduta, até porque A
nem representou que este ainda estaria – negligência inconsciente.
Uma parte significativa da doutrina entende que estes casos, de dolus generalis, se resolvem
assim, apresentando consequentemente uma tentativa em concurso eventual com um crime
negligente do facto. Contudo, a doutrina dominante considera tratar-se de um crime consumado.
Roxin entende que se tratará de um crime consumado em vez de uma tentativa, consioante o
agente tenha intentado a verificação do resultado ou apenas se tenha conformado com a sua
possibilidade.
Figueiredo Dias segue os passou da doutrina da imputação objectiva do risco – saber se o risco,
que se concretiza no resultado se pode ainda reconduzir ao quadro de riscos criados pela
primeira acção, em caso afirmativo estaremos perante um crime consumado; se não o for a
punição só poderá ter lugar a título de tentativa.
Para a Professora Maria Fernanda Palma: Compreende-se como um certo dolo muito geral
e incluí comportamentos associados desde que possamos atribuir estes resultados à
decisão do agente, fora disso não há que ter em conta o dolo geral nos termos do CP –
art. 18º CP, não imputa um resultado mais grave a título de dolo, fórmula do art. 18º CP
excluiu o dolo geral neste sentido.