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Prof. António Brito Neves – O comportamento lícito alternativo é um problema do 3.

º elemento
– conexão de risco.
O comportamento lícito alternativo só releva para afastar imputação objectiva quando puser em
causa a conexão de risco- quando a consideração desse comportamento alternativo? Quando põe
em dúvida a concretização do risco proibido no resultado.
Roxin – não confundir o incremento do risco, com a criação ou aumento do risco que é um

MESMO QUE NÃO HAJA IMPUTAÇAO OBJECTIVA TEMOS DE VER A IMPUTAÇÃO


SUBJECTIVA – Saber se há dolo para saber se há tentativa ou não.

Analisar agente a agente e crime a crime – olha para o comportamento:


- acção ou omissão
- omissão: dever de garante ou dever genérico ou dever de auxilio médico. Se há dever de
garante – imputação objectiva
- Se for crime de resultado – ver causalidades e imputação objectiva
- Se for uma acção: causalidade, ver se há aumento de risco ou não, risco proibido e
concretização.
- Tipo Subjectivo – imputação subjectiva (é assim desde o finalismo): a figura central é o dolo –
pode ser realizado na forma de dolo ou negligência, mas a figura central é o dolo. Porque é que
é assim?
A maior partes dos crimes só é punido na forma dolosa;

Negligência – mesmo quando expressamente prevista, só é punida por um crime negligente,


quando atua com negligente – violação do dever de cuidado.

Só quando esteja prevista a punição por negligencia é que o crime é punido. Dolo é punido de
forma mais grave.
Dolo tem dupla relevância, tanto ao nível do tipo de ilícito, como ao nível da culpa.
Na parte do tio estão os elementos psicológicos do dolo, na parte da culpa estão os elementos
emocionais. Se o A está muito vem, vê a mulher vir correr para ele com um a faca de sangue e,
pensando que esta o queria matar, de forma a se defender dispara. Na verdade ela não a vinha
matar – ele teve dolo do tipo, mas não teve dolo da culpa, falta a parte emocional do dolo, mas a
parte psicológica do dolo está lá – ele queria matá-la, mas os motivos falam.

Tem 3 modalidades – estão em todos eles os elementos intelectual e volitivo (querer a


realização daquele resultado).
Noção de dolo: Agente tem de representar os elementos do tipo objectivo e vontade que se
realizem– objecto do dolo são todos os elementos do tipo objectivo: Principio da congruência.
Agente não tem de representar que elementos realizam os elementos do tipo de objectivo – não
tem de saber que matar alguém é proibido, só tem de saber que está a matar. A consciência da
ilicitude não é elemento do dolo do tipo. Se não tiver consciência da ilicitude, não deixa de ter
dolo do tipo.
Agente tem de representar que realiza os elementos do tipo e tem de querer realizá-lo. O agente
tem de representar que está a matar alguém para ter dolo de tipo.
O elemento descritivo é apurado pelos sentidos, o elemento normativo não, requer valoração.
Exemplo: Ao olhar para a Carolina sei que ele é uma pessoa (elemento descritivo).

Dolo Directo, de 1º grau ou intencional – representação do facto como possível. A realização do


resultado é o seu fim.

Dolo Necessário – Agente não tem intenção de realizar o facto, mas o facto é uma conduta
inevitável da sua conduta.
Exemplo: Para furtar um quadro, agente precisa de roubar um banco e mata um guarda que o
tenta impedir – quando dispara sobre o guarda ele tinha como objectivo matá-lo.
Dolo Eventual – Agente representa realização do facto como possível e conforma-se com essa
realização. Aceita o facto como possível.

Negligência consciente – realização do facto como possível, mas falta-lhe o seu elemento
volitivo.

Negligência inconsciente – o agente não representa como possível a violação do facto.

CASO 1)
Crime em causa – corrupção passiva, art. 373º CP.
Ver primeiro se é crime de resultado ou não. Se não for, ver apenas articulação entre o que é
feito e o que a norma diz.
Ele tem de representar que é funcionário no momento da prática do facto. – ele diz que não, mas
a consciência tem de ser actual e não refletida, há certas situações que a pessoa já traz consigo.
O médico sabe que é médico, agente sabe que é pessoa.
Ele sabia que estava a receber a vantagem patrimonial para o exercício daquele acto.
A esposa era instigadora – art. 28.º- ou seja apesar de não ser funcionária, aplica-se a regra da
acessoriedade.
Co-consciência imanente – elemento demasiado evidentes.

CASO 2)
Crime de homicídio, burla relativa a seguros, incêndio.

Crime de homicídio: art. 131.º CP


Ele representa que ela pode morrer em consequência do que está afazer e conforma-se com essa
possibilidade, aceitando que ela pode morrer – dolo eventual.

Sempre presente definição e o seu objecto – e ver os seus problemas – essencialmente nos arts.
16.º, art.º 17, art 21.º, art. 23.º etc.

3) O Cônsul da Poldévia Atente no caso retirado de O Lótus Azul, de Hergé (ver anexos
enviados no mail), e diga se os indivíduos que agrediram o Cônsul da Poldévia agiram
dolosamente.

- Caso do tintim: bate em alguém por engano

Trata-se de um crime de ofensa à integridade física, art. 143.ºCP.

Estamos perante um acção ou omissão?

A conduta dos indivíduos que agrediram o Cônsul da Poldévia consubstancia uma acção –
criaram perigo para o bem jurídico “integridade física” do Cônsul da Poldévia, atendendo ao
critério que Figueiredo Dias utiliza para distinguir acção de omissão.

É crime de resultado?

Trata-se de um crime de resultado, uma vez que estes pressupõem a produção de um resultado
como consequência da actividade do agente (crime não se consuma apenas com o perigo, tem de
haver uma ofensa efectiva ao bem jurídico penalmente protegido). Há uma alteração externa
espácio-temporalmente distinta da conduta.
A consumação do crime de ofensa à integridade física só se verifica com a ofensa corporal à
vítima.

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva?

Existe causalidade, o bem jurídico integridade física do Cônsul viu-se lesado, em virtude da
conduta dos dois agentes.

Há uma situação de criação de risco, uma vez que os indivíduos agridem Cônsul, pondo em
risco a integridade física e eventualmente poderiam também ter posto em causa a vida da vítima.
Este risco é um risco proibido. E há também concretização do risco no resultado.

Deste modo, é possível concluir que há imputação objectiva da conduta dos agentes no
resultado.

Tipo Subjectivo

A figura central do tipo subjectivo é o dolo que compreende dois objectos.

- Elemento intelectual ():

- Elemento volitivo (querer a realização daquele resultado):

Para que a conduta seja dolosa o agente tem de representar os elementos do tipo objectivo e
vontade de que se realizem.

Neste caso, os indivíduos representaram que estavam a agredir uma pessoa. Eles representam o
elemento do tipo e parecem querer realizá-lo – eles sabem que estão a agredir e essa mesma
conduta parece ser aquela que eles pretendiam. Os agentes têm dolo do tipo.

Contudo, apesar de ter como objectivo a realização daquela mesma acção, a vítima que sofre as
agressões não era a pessoa para a qual as estas estariam dirigidas. Os agentes têm dolo do tipo

O decurso real do acontecimento corresponde inteiramente ao intentado, contudo os agentes


encontram-se em erro quanto à identidade da pessoa. Não existe um erro na execução, mas sim
na formação da vontade.

Para Figueiredo Dias esta situação não constitui verdadeiramente um problema, uma vez que
independentemente do erro sobre a identidade da pessoa, o que a lei proíbe é a lesão do bem
jurídico integridade física de toda e qualquer pessoa compreendida no típico de ilícito e não de
uma pessoa determinada. Este erro em que os indivíduos estavam, não reivindica um tratamento
especial e não põe em causa a existência de dolo na conduta dos agentes.

Trata-se de um dolo de 1º grau, directo ou intencional. Os agentes tiveram intenção de agredir o


Cônsul. A realização do tipo objectivo do ilícito (agressão) surge como o verdadeiro fim da
conduta, art. 14.º, n.º1 CP.

A conduta dos dois agentes foi dolosa.

Quanto ao patrão dos indivíduos – talvez se trata de um caso de aliciamento, uma vez que é este
que leva os indivíduos a praticar o facto tipicamente ilícito em contrapartida da realização de
determinada prestação (como ele lhe chama patrão - remuneração).
4) Dário e a materialidade

Dário é um prestidigitador e do seu material de trabalho consta uma caixa mágica, com a
qual ele cria a ilusão de que consegue trespassar pessoas com espadas sem lhes causar um
arranhão. Mimi é a assistente de Dário. Fã de séries de vampiros, Mimi gosta muito de
dormir sestas dentro da dita caixa. Naquele dia, Mimi avisou Gualter de que ia dormir um
pouco dentro da caixa e não queria ser incomodada. Gualter, que tinha muito medo de
vampiros, resolveu aproveitar a oportunidade: convenceu Dário a praticar um pouco a
teatralidade do seu espectáculo com a caixa (supostamente) vazia. Dário, convencido de
que não havia ninguém dentro da caixa mágica, trespassou Mimi com várias espadas.

*Prestidigitador - Que possui a capacidade de iludir os espectadores utilizando as mãos; que


elaborou ou pratica a técnica da prestidigitação.

Trata-se de um crime de homicídio, nos termos do art. 131.ºCP.

Estamos perante um acção ou omissão?

A conduta de D consubstancia uma acção – criou perigo para o bem jurídico “vida” de Mimi,
atendendo ao critério que Figueiredo Dias utiliza para distinguir acção de omissão.

É crime de resultado?

Trata-se de um crime de resultado, uma vez que estes pressupõem a produção de um resultado
como consequência da actividade do agente (crime não se consuma apenas com o perigo, tem de
haver uma ofensa efectiva ao bem jurídico penalmente protegido). Há uma alteração externa
espácio-temporalmente distinta da conduta.A consumação do crime de homicídio só se verifica
com a morte da vítima.

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva?

Existe causalidade, o bem jurídico vida, de Mimi, viu-se lesado, em virtude da conduta do
agente D.

Há uma situação de criação de risco, uma vez queD trespassa M com várias espadas, matando-a.
Este risco é um risco proibido. E há também concretização do risco no resultado.

Deste modo, é possível concluir que há imputação objectiva da conduta de D no resultado.

Tipo Subjectivo

A figura central do tipo subjectivo é o dolo que compreende dois objectos.

- Elemento intelectual ():

- Elemento volitivo (querer a realização daquele resultado):

Para que a conduta seja dolosa o agente tem de representar os elementos do tipo objectivo e
vontade de que se realizem. Falta a D o conhecimento da totalidade das circunstâncias, de facto,
descritivas ou normativas do facto e assim sendo, D não representa o elemento do tipo, não sabe
que está a matar M – o dolo do tipo de homicídio não se pode afirmar, assim como não se pode
afirmar o dolo da culpa, uma vez que falta a representação do que está a fazer e a parte
emocional do dolo, ele não queria matá-la, nem sabia que ela estava dentro da caixa em que ele
praticava o seu número.

Contudo, o seu desconhecimento pode ser recondutível à não prestação do cuidado devido, uma
vez que nos é dito que M gosta muito de dormir sestas na referida caixa, não sendo uma
situação pontual o facto de ele ter decido deitar-se lá naquela altura. A par desta situação D
devia ter sido diligente e verificado que a caixa estava efectivamente vazia. Apesar de não
preencher o tipo do art. 131.º, o seu comportamento integra o tipo de ilícito do art. 137.º CP –
homicídio negligente. O art. 16.º permite a punição da negligência nos casos previstos pela lei
como crime negligente e quando a negligencia se tiver verificado efectivamente no caso.

Tratar-se-á neste caso, de uma negligência inconsciente, uma vez que D não chega sequer a
representar como possível a violação do facto.
Actuação de D é uma actuação negligente, pelo que será punido nos termos do crime de
homicídio negligente.

Quanto a G – G sabia que M estava a fazer a sesta dentro da caixa que D usava para o seu
truque e convenceu-o a, no preciso momento em que M lá dormia, treinar o seu número –
instigador.

5) António à socapa

António, escondido atrás de um arbusto, espera por Bento para o matar. Quando ouve
passos, julgando tratar-se de Bento, dispara sobre o vulto que se aproxima. Na realidade,
tratava-se de Almofadas, o cão de Bento, que dava o seu habitual passeio. Almofadas
morreu em consequência do disparo.

Estamos perante um acção ou omissão?

É crime de resultado?

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva?

Tipo Subjectivo
6) “Achado não é roubado”

Alberto tinha um carro estacionado em frente da porta do seu prédio, desde 2008, nunca
o tendo utilizado. Xavier, seu vizinho, acreditando que a falta de uso do carro, durante
tanto tempo, implicava a perda do direito de propriedade, decidiu apropriar-se do mesmo.
Em interrogatório de arguido, Xavier afirma que pensava que o carro não pertencia a
ninguém.

Trata-se de um crime de furto, nos termos do art. 155.º CP.

Estamos perante um acção ou omissão?

A conduta de X consubstancia uma acção – X criou perigo para o bem jurídico “propriedade
privada” de A, atendendo ao critério que Figueiredo Dias utiliza para distinguir acção de
omissão.

É crime de resultado? O crime de furto é um crime de resultado. A sua consumação requer a


realização de um resultado específico, a subtracção de coisa móvel alheia.

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva?

Existe causalidade, foi a conduta de X que deu origem à violação da propriedade privada
de A, a subtração do automóvel para si é que deu origem à lesão da propriedade privada
de A.

Há criação de risco – a apropriação que X faz do carro cria risco para a propriedade privada de
A.

É um risco que é proibido e existe também concretização do risco proibido no resultado.

Há imputação do resultado na conduta do agente.

Tipo Subjectivo

- Elemento intelectual ():

- Elemento volitivo (querer a realização daquele resultado):

Para que a conduta seja dolosa o agente tem de representar os elementos do tipo objectivo e
vontade de que se realizem. X representou o elemento do tipo, ele sabia que estava a subtrair o
automóvel a A, no entanto julgava que essa situação fosse legítima em virtude de o automóvel
estar inutilizado já há algum tempo.

O que acontece em relação a X é que este não tem conhecimento dos elementos normativos. Os
elementos normativos existem, com uma estrutura eminentemente jurídica, dentro dos quais
existem uns com um menor grau de exigência, cujo conhecimento pelo agente, para que se
possa falar de dolo do tipo, deve limitar-se aos pressupostos materiais. Trata-se de casos em que
se exprime uma valoração moral, social, cultural ou mesmo jurídica decisiva para a ilicitude do
facto como um todo, nomeadamente a situação do caso prático de ilegitimidade da apropriação
em crimes contra o património (furto). Neste caso, para que se possa afirmar o dolo do tipo,
basta o conhecimento, pelo agente, dos pressupostos materiais da valoração.
X tinha conhecimento de que se estava a apropriar de um bem de A, ainda que não tivesse
conhecimento de que se tratava de um ilícito, não estando legitimado para tal, é suficiente para
que se possa afirmar o dolo da sua conduta.

7) OPA, João

João é administrador da empresa Abóboras da Cinderela. Sabendo que a sua empresa vai
lançar uma OPA sobre 50% do capital da empresa Sapatinhos de cristal e que esta se vai
valorizar, decide comprar um conjunto avultado de acções da Sapatinhos de cristal. No
interrogatório de arguido, João afirma que não sabia que tal facto era proibido.

Estamos perante um acção ou omissão?

É crime de resultado?

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva?

Tipo Subjectivo

11) Tragédia num copo de água

Miguel, ocupado a meter conversa com uma moça junto ao balcão dum bar, não repara
que o ciumento Carlos lhe introduz veneno no copo com água que pousou no balcão, com o
objectivo de o matar. Quem vem a beber daquele copo, porém, é David, um empregado
malandro que gostava de aproveitar as distracções dos clientes para dar uns golos. David
morre envenenado.

Estamos perante um acção ou omissão?

É crime de resultado?

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva?

Tipo Subjectivo

12) Os ciúmes de Bernardina

Bernardina, jovem ciumenta, aponta, de uma janela, uma arma ao ex-companheiro,


Anacleto, que passeia com o seu novo namorado. Por causa dos tremores e da excitação,
contudo, erra o tiro e mata o namorado de Anacleto.

Estamos perante um acção ou omissão?

É crime de resultado?

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva?

Tipo Subjectivo
14) Sete palmos de terra

Alberto dá uma pancada na cabeça de Rodrigo com dolo de homicídio. Rodrigo cai
inanimado e Alberto enterra-o para esconder o seu crime. O corpo de Rodrigo é encontrado
e a autópsia revela que ele morreu por asfixia.

Estamos perante dois crimes: homicídio, art. 131.ºCP e ocultação de cadáver, art. 254.º, n.º1, a)
CP.

O caso em análise consubstancia o dolus generalis, no qual o agente erra sobre qual de diversos
actos de uma conexão da acção produzirá o resultado que pretende que se veja produzido.

Quanto à pancada que A deu a R

Estamos perante um acção ou omissão? Trata-se de uma acção à luz do critério de Figueiredo
Dias – há a criação de um risco para o bem jurídico vida de R.

É crime de resultado? É um crime de resultado, a ofensa à integridade física só se consuma


com o resultado, não bastando uma mera atividade.

Estão preenchidos os pressupostos da imputação objectiva? Atendendo ao critério de Roxin,


os pressupostos da imputação objectiva não se vêem preenchidos.

Trata-se de uma situação de criação de risco, quando A dá a pancada na cabeça de R. Risco esse
que é proibido, contudo, não existe concretização da conduta de A no resultado morte de R. R
acaba por morrer por asfixia e não devido à pancada na cabeça.

Tipo Subjectivo

Elemento intelectual – representação da produção do resultado: A representa que está a dar


uma pancada na cabeça de R

Elemento volitivo – vontade de através da sua conduta produzir aquele resultado. A tinha
vontade de matar R.

Está em causa um dolo intencional, ou de primeiro grau. A conduta do agente foi direccionada
para a produção daquele resultado, art. 14.º, n.º 1 CP

Não existindo imputação objectiva tratar-se-á, quanto a esta conduta de uma tentativa de
homicídio e não de um crime consumado.

Quanto à ocultação do corpo

Trata-se novamente de uma acção, há um aumento do risco para o bem jurídico vida de R,
quando A o enterra.

Este crime corresponde a um crime de resultado.

Há imputação objectiva. Ao enterrar R, A aumenta o risco para o seu bem jurídica vida, este
risco é proibido. Existe também concretização da conduta do agente no resultado morte – R
morreu asfixiado.

Há imputação objectiva.
Imputação subjectiva

Elemento intelectual – A não sabia que ao enterrar R estaria a matá-lo, desconhecia o facto de
este ainda estar vivo e como tal não representou que ao enterrar o corpo poderia asfixia-lo,
levando-o à morte.

Elemento volitivo – Ele não tinha vontade de o matar através desta sua conduta, até porque A
nem representou que este ainda estaria – negligência inconsciente.

Homicídio negligente – art. 137.º CP.

Uma parte significativa da doutrina entende que estes casos, de dolus generalis, se resolvem
assim, apresentando consequentemente uma tentativa em concurso eventual com um crime
negligente do facto. Contudo, a doutrina dominante considera tratar-se de um crime consumado.

Roxin entende que se tratará de um crime consumado em vez de uma tentativa, consioante o
agente tenha intentado a verificação do resultado ou apenas se tenha conformado com a sua
possibilidade.

Para Stratenwerth a classificação do crime atenderá à circunstância de o segundo facto, neste


caso “enterrar o corpo de R”, ter sido planeado ou não. Se tiver sido previamente planeado,
trata-se de um crime consumado, se não, trata-se de uma tentativa.

Figueiredo Dias segue os passou da doutrina da imputação objectiva do risco – saber se o risco,
que se concretiza no resultado se pode ainda reconduzir ao quadro de riscos criados pela
primeira acção, em caso afirmativo estaremos perante um crime consumado; se não o for a
punição só poderá ter lugar a título de tentativa.

Para a Professora Maria Fernanda Palma: Compreende-se como um certo dolo muito geral
e incluí comportamentos associados desde que possamos atribuir estes resultados à
decisão do agente, fora disso não há que ter em conta o dolo geral nos termos do CP –
art. 18º CP, não imputa um resultado mais grave a título de dolo, fórmula do art. 18º CP
excluiu o dolo geral neste sentido.

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