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1 – CONCEITO:
O erro sobre elementos do tipo penal está associado à falsa percepção
da realidade. É o erro que recai sobre os requisitos objetivos constitutivos do tipo
legal (recai sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre os
pressupostos de fato de uma causa de justificação ou sobre dados secundários da
norma penal incriminadora).
No erro de tipo, o agente não tem consciência (ou plena consciência) da
sua conduta (não sabe ou não sabe exatamente o que faz). Ex 1: pessoa que subtrai
sucata pensando ser coisa abandonada (quando na verdade era coisa alheia). Ex 2:
mulher convencida a transportar mercadoria sem saber que transportava, na
verdade, drogas.
3 – ERRO DE PROIBIÇÃO:
O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre a proibição da
conduta. Agente sabe o que faz, mas ignora ser proibido.
Enquanto no erro de tipo o agente não sabe o que faz, no erro de
proibição é o inverso, o agente sabe o que está fazendo, mas acredita que não é
contrário à ordem jurídica, eliminando a culpabilidade, gerando a ausência de
conhecimento ou a falsa interpretação da lei. Desde que infalível o erro, o agente
não pode merecer censura pelo fato que praticou ignorando sua ilicitude. O erro de
proibição não elimina o dolo; o agente pratica um fato típico, mas fica excluída a
reprovabilidade da conduta.
No erro de proibição há três elementos essenciais a se considerar: a lei,
o fato e a ilicitude. A lei, como proibição, é a entidade moral e abstrata. O fato,
como ação, é a entidade material e concreta; enquanto que a ilicitude é a relação de
contradição entre a norma e o fato.
Da ignorância da lei e desconhecimento do ilícito: não é obrigado
todas as pessoas saberem todas as normas existentes, mas o erro de proibição só é
justificável se o sujeito não tem condições de conhecer a ilicitude de seu
comportamento, infringindo desta forma, o dispositivo legal vigente. Portanto, a
ignorância da lei não se confunde com a ausência de conhecimento da ilicitude. A
ignorância da lei é o desconhecimento dos dispositivos legislados, já a ausência de
conhecimento da ilicitude é o desconhecimento de que a ação é contrária ao Direito.
Então, por ignorar a lei, pode o autor desconhecer a classificação
jurídica, a quantidade da pena ou as condições de sua aplicabilidade. E por ignorar a
ilicitude, falta-lhe tal aspecto.
Há várias espécies de erro de proibição, ainda não especificadas na
doutrina, que podem ser a ignorância ou errada compreensão da lei penal; erro
sobre os pressupostos verdadeiros das causas de isenção da antijuridicidade; erro
sobre os limites de uma causa de justificação; etc.
Elementos da culpabilidade: para existir culpabilidade, é necessário
que haja no sujeito, ao menos, a possibilidade de conhecimento da antijuridicidade
do fato, ou seja, é necessário que o autor da ação tivesse podido agir de acordo com
a norma, de acordo com o direito. Quando o agente não tem ou não lhe é possível
esse conhecimento, ocorre o erro de proibição, assim, há o erro, quando o autor
supõe que seu comportamento é lícito, fazendo um juízo equivocado sobre aquilo
que lhe é permitido fazer na vida em sociedade.
Os elementos da culpabilidade são, portanto, a imputabilidade, a
possibilidade de conhecimento da ilicitude e a exigibilidade de conduta
diversa.
- Imputabilidade: é quando o sujeito, de acordo com suas condições
psíquicas, podia estruturar sua consciência e vontade de acordo com o direito.
- Possibilidade de conhecimento da ilicitude: é quando o sujeito
estava em condições de poder compreender a ilicitude de sua conduta.
- Exigibilidade de conduta diversa: é quando era possível o sujeito
agir, nas circunstâncias, conduta diferente daquela do agente.
4 – DESCRIMINANTES PUTATIVAS:
Prescreve o art. 20, §1. º, do Código Penal:
Art. 20. (...).
§ 1. º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o
erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Esse dispositivo trata das chamadas descriminantes putativas, também
conhecidas por exigentes putativas ou causas putativas de exclusão da
antijuridicidade (legítima defesa putativa, estado de necessidade putativo, estrito
cumprimento do dever legal putativo e exercício regular do direito putativo).
Descriminar significa absolver, inocentar, isentar, exculpar. Putativo é
um adjetivo aplicável àquilo que aparenta ser verdadeiro, legal certo, sem o ser.
Assim, as descriminantes putativas são aquelas hipóteses que isentam o agente de
pena, em razão da suposição de fato que, se presente, tornaria legítima a ação.
Dessa forma, à vista do teor dos arts. 20, § 1º, e 21 do Código Penal,
três modalidades de erro poderão ser apontadas nas descriminantes putativas:
a) o agente supõe a existência de causa de exclusão da antijuridicidade
que não existe;
b) o agente incide em erro sobre os limites da causa de exclusão da
antijuridicidade;
c) O agente incide em erro sobre situação de fato que, se existisse,
tornaria legítima a ação (estado de necessidade putativo, legítima defesa putativa,
estrito cumprimento de dever legal putativo e exercício regular de direito putativo).
Essa hipótese é de erro de tipo, daí por que é denominado erro de tipo permissivo
ou descriminante putativa.
Cada causa de exclusão da antijuridicidade mencionada no art. 23 do
Código Penal apresenta suas características próprias, demandando requisitos
específicos para sua ocorrência. Assim, se o agente incide em erro sobre a situação
de fato que autoriza a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito
cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito, estará isento de pena,
pois se trata de descriminante putativa.
Como descrito no §1º do art. 20, as descriminantes putativas são
quando o agente supõe que está agindo licitamente ao imaginar que se encontram
presentes os requisitos de uma das causas justificativas previstas em lei. Ocorre o
crime putativo (imaginário) quando o agente considera erroneamente que a conduta
realizada por ele é crime, quando na verdade, é um fato irregular, pois só existe na
imaginação do sujeito.
Nesse caso não há crime, pois o fato não viola a norma penal. O delito
putativo, na verdade, não é uma espécie de crime, mas uma maneira de expressão
para nomear esses casos de “não-crime”.
Para o ensinamento limitado da culpabilidade, as descriminantes
putativas constituem-se em erro de tipo permissivo e excluem o dolo. Segundo essa
teoria, não age dolosamente quem julga, justificadamente, pelas situações do fato,
que está praticando um fato típico em legítima defesa, estado de necessidade, etc.
O sujeito age com dolo, mas sua conduta não é reprovável por não ter consciência
da ilicitude de sua conduta.