Você está na página 1de 7

Centro Universitário de Excelência - Unex

ERRO DO TIPO
Teoria geral do
Direito Penal

Feira de Santana-BA
2023
Turma de Direito 2023 2.0
Período: Noturno

Docente:
Nathalia Tavares Pinheiro

Acadêmicos:

Ana Caroline Souza dos Santos


Adricya Barbosa Ventura de Andrade
Andressa Ferreira Serbeto
Diego Antônio André de Lima Oliveira
Davy Chaves Saldanha
Eduardo Augusto Cunha Brauna
Icaro Lima de Lima

- Apresentação:

O presente trabalho tem por principal objetivo, um resumo sobre o tema: ERRO
DO TIPO, baseando-nos no direito positivado no código penal brasileiro, assim
como em jurisprudências, apresentamos este, a seguir:
Introdução:

Preliminarmente, é necessário entender o significado das palavras ERRO e TIPO,


vejamos:

ERRO: é um falso ou equivocado sentimento acerca da realidade.

TIPO: na esfera penal, são os elementos que compõem o fato incriminador, de


modo que a ausência destes elementos implicaria na inexistência do crime.

Erro, de forma abrangente no Direito Penal, ocorre quando a pessoa não sabe o
que está fazendo, ou entende que, ao praticar uma conduta, estaria protegida pelo
ordenamento jurídico.

Aqui, a situação apenas existe na mente do sujeito. Objetivamente o cenário é


outro. Atua-se como se o agente estivesse preso dentro de uma bolha, que
representa uma realidade aplicável apenas a este.

Erro do Tipo- Código Penal

O erro de tipo se relaciona diretamente ao dolo do agente. Consequentemente,


seus efeitos recaem sobre a tipicidade do ato, já que o fato típico congrega, à luz
da Teoria Finalista, o elemento subjetivo da conduta. Nessa linha, existem o erro
de tipo essencial – ou somente erro de tipo – e o erro de tipo acidental, ambos
acarretando consequências jurídicas bastante distintas entre si.

Modalidades do Erro do Tipo:

Essencial

Com previsão no artigo 20, caput, do Código Penal, o erro de tipo se manifesta
quando o agente, por possuir uma ignorância ou uma percepção inexata da
realidade, comete o delito sem a percepção de que o faz. Assim, o engano
concerne às características primárias – à essência – da norma incriminadora, de
sorte que, se o sujeito conhecesse completamente a situação, não prosseguiria
com o ato. Resta-se, então, excluído o dolo, visto que este é composto pela
vontade (aspecto volitivo) e pela consciência (aspecto intelectual) de se praticar a
conduta prevista no tipo penal.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Exemplo:

Um exemplo doutrinário é o do caçador que, ao ver um movimento no arbusto,


acredita que ali se encontre um animal e atira, matando, todavia, um homem que
estava atrás da planta. Em uma primeira observação, pressupõe-se que foi
praticado o crime de homicídio, tipificado no artigo 121 do Código Penal: “Matar
alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos”. Porém, ao ser feita uma análise
mais profunda, é notório que o agente erra em relação à elementar “alguém”,
porquanto possuía a intenção de matar um animal, e não uma pessoa. Por isso, o
dolo não se concretiza.

Sob esse viés, faz-se mister entender os efeitos legais do erro de tipo. Para tal, é
necessário averiguar se o equívoco era evitável ou não, perante as circunstâncias
em que o autor se encontrava, sendo indispensável, então, a análise do caso
concreto. Primeiramente, o erro inevitável, invencível ou escusável se apresenta
sempre que não fosse possível imaginar o resultado ocorrido. Desse modo, são
excluídos o dolo e a culpa, e afasta-se, por via de consequência, o próprio fato
típico, não havendo crime. Em contrapartida, o erro evitável, vencível ou
inescusável é aquele que poderia ser previsto, se o agente observasse o dever de
cuidado objetivo. Nessa condição, o dolo não se manifesta – uma vez que não
havia a vontade de praticar o crime –, mas o sujeito responde por este na
modalidade culposa, caso a lei a preveja.

Quais consequências do erro de tipo essencial?

Vai afastar o dolo seja nas hipóteses INEVITÁVEL ou EVITÁVEL.


Se o erro for inevitável, justificável- Vai afastar o (dolo + Culpa), pois qual quer um
na situação que se encontrava o agente, faria o mesmo.

Se for um erro evitável, injustificável - Afasta o dolo mais é possível punição pelo
tipo culposo. Culpa imprópria, por exemplo.
Acidental

É o erro que incide sobre dados irrelevantes da figura típica. Sobre as


características deste tipo de erro:
Não impede a apreciação do caráter criminoso do fato. O agente sabe
perfeitamente que está cometendo um crime. Por essa razão, é um erro que não
traz qualquer consequência jurídica: o agente responde pelo crime como se não
houvesse erro.

O Erro de Tipo acidental se apresenta nas seguintes espécies:

Erro sobre o Objeto – error in objeto

Não há previsão legal. Nesta hipótese, o agente se engana quanto ao objeto


material (coisas, não pessoas) do crime.
Objeto material de um crime é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta. O
erro sobre o objeto é juridicamente irrelevante, pouco importa que o agente queira
roubar um celular e roube uma carteira, que queira furtar um relógio de ouro e furte
um de latão pintado. Furto é subtrair coisa alheia móvel, independente de qual
coisa seja. Responderá o agente por furto independente do erro.
Agora, se houver relevância elementar do tipo, o erro é essencial. Por exemplo: o
sujeito confunde talco com cocaína, não há que se falar de erro sobre o objeto,
uma vez que cocaína é elementar do crime de tráfico, configura-se aí erro de tipo
essencial.

Erro sobre a Pessoa - error in persona

O agente pensa estar matando uma pessoa quando está matando outra. Supondo
estar ferindo seu desafeto, o agente fere o gêmeo de seu desafeto. Para o direito
pouco importa que o agente tenha errado, importa o atentado ao bem jurídico
tutelado. Acrescente-se que se o marido pensa estar matando a esposa para poder
se casar com a amante (fato que configura agravante por motivo torpe) e mata
outra mulher qualquer, ainda responderá por homicídio qualificado, mesmo tendo
errado a vítima.

Segunda parte do § 3º do art. 20, CP:

“Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da


pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.”
Erro na Execução - aberratio ictus

O agente ao tentar matar uma pessoa, por erro na execução atinge outra
matando-a. Responde independente do erro, pelo crime consumado. É importante
diferenciar erro na execução de erro sobre a pessoa. No primeiro o agente acerta
outra pessoa porque errou na execução da ação; já no segundo o agente não
erra na execução, e pensa estar matando a pessoa que desejava, quando na
verdade atingiu a pessoa errada.

Art. 73 – Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se
tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-
se a regra do art. 70 deste Código.

Resultado Adverso do Pretendido - aberratio criminis

O agente pretende estilhaçar com uma pedra a vidraça de sua vizinha que lhe
incomoda, mas instantes antes da pedra atingir a vidraça, a vizinha aparece para
abrir a vidraça e é atingida pela pedra em sua cabeça e morre. Neste caso ocorreu
um resultado adverso do pretendido, pois o agente pretendia causar dano material
e acabou causando um homicídio. Como não houve intenção o agente responde
por homicídio culposo, uma vez que não se constate a vontade do agente.

Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do
crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra
do art. 70 deste Código. (Redação dada pel a Lei nº 7.209, d e 11.7.1984)

Conclusão:

Erro do tipo é aquele que recai sobre a tipicidade (erro de tipo incriminador- o
agente pensa que está fazendo uma coisa, mas não está) ou sobre a ilicitude do
ato (erro de tipo permissivo- o agente acredita estar em situação fática que enseja
alguma excludente de ilicitude).

Você também pode gostar