Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ERRO é isso mesmo que você entende. O agente ERRA. A pessoa ERRA sobre
alguma coisa.
Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15
(quinze) anos.
Veja que esse TIPO penal contém vários elementos, dentre eles, que a “vítima”
seja menor de 14 anos.
Assim, se por uma falsa percepção da realidade, uma agente mantém relações
sexuais com uma jovem de 13 anos (que estava em casa noturna para maiores,
tendo mentido a idade, por exemplo). Claramente esse agente NÃO tinha
DOLO em praticar “estupro de vulnerável”, pois esse motivo, seu ERRO exclui
do DOLO.
Tudo bem, houve ERRO DE TIPO. E daí? Qual a consequência? Qual o efeito?
A resposta é DEPENDE.
Em outras palavras, o agente comete o crime devido a um erro, mas esse erro foi
determinado (induzido) por um terceiro.
Depende.
Art. 20 (...) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Vamos exemplificar.
O agente quer matar alguém, mas por ERRO DE PERCEPÇÃO, mata outra
pessoa. Em outras palavras, ele se confunde. José quer matar a própria mãe, mas,
por um erro de percepção, mata uma tia.
O direito penal considerará que ele “matou” a própria mãe (e não tia). Em outras
palavras, não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Como o próprio nome já diz, o agente ERRA o alvo, ou seja, comete um erro na
execução do crime, atingindo pessoa diversa da pretendida.
No erro sobre a pessoa, o agente erra sobre a vítima (ele confunde um pessoa
com outra).
O exemplo clássico é da pessoa que atingir uma vidraça de uma loja, mas por
erro na execução do delito, atinge e mata o vendedor.
Se apenas o bem não desejado for atingido (vendedor), o agente responderá pelo
crime referente ao bem atingido na modalidade culposa.
Ressalta-se que na hipótese dos dois bens serem atingidos (a vidraça e o
vendedor), o agente responderá pelos dois delitos em concurso formal.
Saudações.
De fato, o erro acerca do nexo causal ou aberratio causae, é espécie de erro de tipo
acidental, que é aquele erro que incide sobre dados irrelevantes da figura típica.
Nesse sentindo, Capez citando Jescheck, aduz que “se o objeto da ação típica imaginado
equivale ao real, o erro será irrelevante, por tratar-se de um puro erro nos motivos”.
Nesse sentido, o erro sobre o nexo causal (aberratio causae), ocorre quando o agente,
supondo já ter consumado o crime, realiza nova conduta, pensando tratar-se de mero
exaurimento, mas atingindo nesse momento a consumação (CAPEZ, 2018).
Não obstante, haver alguns entendimentos doutrinários no sentido que a aberratio
causae e o dolus generalis são institutos idênticos, na verdade são distintos, pois no erro
sobre o nexo causal, há um único ato, e, já no dolo geral, há dois atos distintos
(MASSON, 2021).
Desta feita, quando ocorre o erro de tipo acidental, em qualquer de suas hipóteses (erro
sobre o objeto; sobre a pessoa; na execução; resultado diverso do pretendido; sobre o
nexo causal), não excluirá o dolo e nem a culpa, ou seja, o agente será responsabilizado
pelo resultado produzido.
Portanto, no caso de aberratio causae, há erro de tipo acidental e o Código Penal
determina, nos casos de erro acidental a responsabilização do agente pelo resultado
efetivamente produzido, não tendo relação com a teoria da concretização, que, por
sua vez, determina que haja responsabilização pelo que de concreto ocorreu.
Diante do exposto, o presente item foi considerado ERRADO.
INCORRETA, por contrariar o disposto no art. 20, §2º do Código Penal, senão
vejamos:
CORRETA, nos exatos termos do §1º do art. 13 do Código Penal, senão vejamos:
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como
se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art.
20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia
ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Art. 20. § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os
crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo
anterior.
Lembrando que aberratio ictus (erro de tipo acidental quanto à execução) com unidade
complexa, ou resultado duplo, ocorre quando o agente vem a atingir a vítima virtual
e também a vítima real.
Não confunda com a aberratio ictus com unidade simples, ou com resultado único,
quando outra pessoa, dita virtual, que não a visada pelo agente, vem a sofrer a lesão
gerada pela conduta.
Código Penal
Neste caso, o examinador tentou confundir o candidato. Por isso atenção ao efeito se
o erro sobre a ilicitude do fato for evitável e se for inevitável. Eis um detalhe
importante. Se inevitável, isenta de pena