Você está na página 1de 6

INSTITUTO MASTER DE ENSINO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

MARA NÚBIA FERREIRA

Erro de Tipo e Erro de Proibição no Direito Penal

Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de


Direito Penal-Teoria do Crime do Instituto Master
de Ensino Presidente Antônio Carlos – IMEPAC
Araguari, como quesito parcial para a conclusão
da segunda etapa avaliativa.

Professor: FERNANDO DE ALMEIDA SANTOS

ARAGUARI - MG
2019
Erro de tipo refere-se a um incidente sobre uma determinada
situação de fato ou relação jurídica, ou seja, o erro cometido pelo agente por
desconhecimento dos elementos objetivos do tipo. Nesse sentido não se
desconhece a lei, mas se confunde a realidade de modo que não saiba estar
transgredindo o código.
Podemos citar como exemplos de erro de tipo o erro incidente sobre
situação de fato e a relação jurídica descrita como elementar do tipo
incriminador. No primeiro, o agente pega uma caneta alheia, achando que era
sua. Essa ação, é prevista no código penal como crime de furto. Como
desconhecia que o objeto era de outrem, não reconhecendo assim que estava
subtraindo coisa alheia, exclui o dolo, impedindo o sujeito de saber que estava
cometendo o crime. No segundo, podemos citar a bigamia, cujo um dos
envolvidos não sabia do contrato de casamento anterior do outro. Por não ter
consciência do impedimento do seu pare, não podia ter vontade de cometer o
crime, excluindo assim a conduta dolosa. Citamos ainda como exemplos de
erro de tipo incidente sobre situação de fato (descrita como elemento de tipo
permissivo, onde se permite realização de um fato típico, sem configurar
infração penal, tratando assim das causas de exclusão da ilicitude); erro de tipo
sobre circunstancia de tipo incriminador( onde não se exclui o dolo, onde um
individuo planeja levar um objeto de alto custo e acaba levando um objeto de
custo ínfimo, diminuindo assim apenas a sansão penal); e o erro de tipo sobre
o dado irrelevante (cujo individuo ao confundir a vítima que pretendia
assassinar, o erro se tornou irrelevante, visto atingiu uma pessoa humana).
Embora o erro de tipo esteja previsto em lei, é importante salientar que
o erro de tipo não é um erro de direito. Ele incide sobre as situações do mundo
concreto. Também não é um erro de fato, por não recair puramente sobre a
situação fática, e sim por poder recair sobre situação jurídica, com maior
amplitude. Torna-se necessário também diferenciar erro de tipo, onde o agente
não sabe que esta cometendo um crime, mas acaba o praticando; e delito
putativo por erro de tipo, onde o sujeito quer praticar um crime, mas em face do
erro, desconhece que está praticando um irrelevante delito penal, existindo
somente na mente do agente. Neste último existem três espécies de delito
putativo: por erro de tipo, por erro de proibição e por obra do agente
provocador.
Em consonância com o exposto o erro do tipo possui formas. Quanto
as formas do erro de tipo citamos erro de tipo essencial, erro de tipo acidental,
erro de tipo permissivo e erro de tipo provocado por terceiros
O Erro de tipo Essencial que incide sobre elementares e
circunstancias, ou seja, ou impede de o agente saber que o que está se
praticando é crime, quando o equivoco incide sobre a elementar, ou de
perceber uma circunstância, sendo por isso considerado com erro essencial.
Possui como característica o impedimento do agente compreender o caráter
criminoso do fato ou de conhecer a circunstância. É classificado em erro
essencial invencível, por não poder ser evitado nem mesmo com o emprego de
uma diligencia mediana; e vencível, que poderia ser evitado por uma mediana
prudência. No que tange aos efeitos do erro essencial que recai sobre
elementar sempre exclui o dolo, seja evitável, ou inevitável. O erro invencível
(como exemplo um ator na floresta fantasiado de cervo, cujo o agente comete
homicídio) que recai sobre elementar exclui o dolo e a culpa. Sem dolo nem
culpa, não temos conduta, levando a atipicidade do fato e exclusão do crime. O
erro vencível, recaindo sobre elementar, exclui o dolo, mas não a culpa
(podendo ser evitado com o mínimo de cuidado). E por fim, o erro essencial
que recai sobre uma circunstância desconhecida exclui esta.
Ainda em relação as formas há também o Erro de tipo acidental que
incide sobre dados irrelevantes da figura típica, ou seja, não traz qualquer
consequência jurídica. Todavia, não impede a apreciação do caráter criminoso
do fato, de forma que o agente responde pelo crime como se não houvesse
erro. Para tanto existe espécies de erro tipo acidental como o erro sobre o
objeto (erro sobre a coisa como feijão no lugar de café. Caso a coisa esteja
descrita como elementar do tipo, o erro será essencial), o erro sobre a pessoa
( quando se confunde a pessoa sobre a qual foi cometido o delito) , o erro na
execução ou aberratio ictus ( quando se desvia o golpe) que pode ser com
unidade simples ou resultado único quando atinge outra pessoa sem ser
intencional, e com unidade complexa ou resultado duplo onde atinge a vítima e
uma terceira pessoa, com produção de dois resultados. Caso haja dolo
eventual em relação a terceiro será aplicado a regra do concurso formal
imperfeito, somando as penas do mesmo modo que o concurso material. É
importante ressaltar que quando houver dolo eventual com relação a terceiros,
não haverá erro na execução, visto que a execução é perfeita; e o resultado
diverso do pretendido (cujo agente quer atingir um bem jurídico, mas acerta
bem diverso). Podemos inferir também quanto a espécie com unidade simples
e resultado único, onde o agente só responde pelo resultado produzido, se
prescrito como crime culposo, e com unidade complexo e resultado duplo onde
são atingidos tanto o bem visado quanto um diverso. Salientando que se o
resultado previsto como culposo for menos grave, não se aplica a aberratio
criminis) e erro sobre o nexo causal ou aberratio causae (ocorre quando, o
agente na suposição de já ter consumado o crime, realiza nova conduta,
pensando tratar-se de mero exaurimento, não eliminando o dolo nem o
resultado).
A forma de erro de tipo permissivo ocorre quando a falsa percepção da
realidade recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação. O
equívoco incide sobre as elementares ou circunstanciais de uma causa
excludente de ilicitude. No código penal, esse erro é tratado como
descriminante putativa, imaginaria, que exclui o crime. São as causas
excludentes de ilicitude fantasiadas pelo agente a legitima defesa putativa,
estado de defesa putativa, estrito de cumprimento do dever legal putativo e
exercício irregular de um direito putativo. Nesse sentido podemos exaurir as
espécies de descriminantes putativas por erro de proibição e por erro de tipo.
No que tange ao erro de proibição, o agente tem a perfeita noção de tudo que
está ocorrendo, mas avalia equivocadamente a norma, achando que ela
permite, quando na verdade, proíbe. Essa discriminante é considerada erro de
proibição indireta. Podemos citar como exemplo um idoso que levou um tapa e
a acha que pode matar o sujeito por estar agindo em legitima defesa
(descriminante, que é excludente da ilicitude; putativa, por ser imaginária; erro
de proibição, por pensar que era permitido). É importante ressaltar que o dolo
não pode ser excluído, pois o engano incide sobre a culpabilidade e não sobre
a conduta. No erro de proibição direto o agente se equivoca quanto ao
conteúdo de uma norma proibitiva. Ou porque ignora a existência do tipo
incriminador, ou porque não conhece completamente o seu conteúdo. Além
disso, ele também pode não entender o seu âmbito de incidência.
No que tange a descriminante por erro de tipo, o agente imagina
uma situação de fato totalmente distorcida da realidade na qual está
configurado a hipótese em que ele pode agir acobertado por uma causa de
exclusão da ilicitude. Os tipos permissivos são aqueles que permitem a
realização de condutas inicialmente proibidas. Compreendem as que
descrevem as causas de exclusão da ilicitude, ou tipos discriminantes. São
espécies de tipo permissivo a legitima defesa, estado de necessidade,
exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal. Portanto, se o
erro for evitável, o agente responderá por crime culposo (culpa impropria). Se
inevitável, não haverá crime.
O atual Código Penal adotou a chamada teoria limitada da
culpabilidade, delineando desta forma as diferenças entre erro de tipo e erro de
proibição nas descriminantes putativas. Nesta teoria, se o erro recai sobre um
pressuposto fático de uma causa de justificação, há erro de tipo permissivo
(porque incide sobre um tipo penal permissivo, por exemplo, a legítima defesa).
Em contrapartida, se o erro recair sobre os limites ou a existência de uma
causa de justificação, é erro de proibição. O art. 21, do Código Penal, descreve
que:
“O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude, se
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá reduzi-la de um sexto a
um terço. Considerando-se evitável o erro, se o agente atua ou se
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível,
nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.” Trata-se, pois, de
erro de proibição

Relatamos que a culpabilidade é pressuposta de aplicação de pena.


Compõe-se de três elementos, dentre eles a potencial consciência da ilicitude,
que exige do sujeito, por ocasião da prática do fato, consciência que aquele
comportamento é antijurídico. Logo, constata-se, erro de proibição: erro que
incide sobre a ilicitude do fato. Se a pessoa o pratica sem saber que é proibido,
sendo inevitável esse desconhecimento, fica excluída a culpabilidade, dando-
se a isenção de pena; se evitável, fica atenuada a pena de um sexto a um
terço. No erro de proibição o erro incide sobre a ilicitude do fato, o sujeito
supõe como lícito o fato por ele praticado, fazendo um juízo equivocado sobre
o que lhe é permitido fazer no convívio social.
Dessa forma, Erro de proibição não se confunde com o erro de tipo,
visto que, erro de tipo é o equívoco que recai sobre as circunstâncias do fato,
sobre elementos do tipo penal; o erro de proibição, por sua vez, recai sobre a
ilicitude do fato.
No erro determinado por terceiro, previsto no artigo 20, §2º, do
Código Penal, temos um erro induzido, figurando dois personagens: o agente
provocador e o agente provocado. Trata-se de erro não espontâneo que leva o
provocado à prática do delito. O terceiro pode agir dolosa ou culposamente, na
primeira hipótese, conscientemente induz o agente a erro, enquanto na
segunda a indução a erro é por ausência de cuidado. Como consequência, o
causador do erro responderá pelo resultado que gerou. A responsabilidade do
agente levado a erro dependerá de análise do erro: se este foi inevitável, dolo e
culpa serão afastados; se, por outro lado, foi evitável, o agente será
responsabilizado na forma culposa do tipo, se prevista em lei.

Bibliografia

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal; parte geral. Saraiva, 23ª


edição,2019. P. 300 a 317.
VADE MECUM. Acadêmico de direito. Saraiva, 27ª ed.(2019).

Você também pode gostar