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Faculdades Integradas de Nova Andradina - FINAN

Faculdade de Ciências Contábeis de Nova Andradina – FACINAN

Diego Moreno da Silva

Resumo do livro “Justiça: o que é fazer a coisa certa?”

Nova Andradina - MS

2022
Diego Moreno da Silva

Erro de tipo e erro de proibição

Relatório apresentado como requisito


parcial para obtenção de nota nas
disciplinas do curso de direito, na
FINAN.

Nova Andradina - MS

2022
INTRODUÇÃO

Pesquisa realizada pelo aluno Diego Moreno da Silva, graduando do curso de


direito, tem como finalidade descrever, expor opiniões e demonstrar em forma
dissertativa sobre os temas propostos.

A pesquisa em questão se trata de uma Atividade Prática


Supervisionada(APS), aplicada pelo prof. Luiz Henrique Mazzini na disciplina
de Direito Penal. O tema proposto se refere de duas matérias do Direito Penal
que, embora tenha os mesmo princípio, o erro, são diferentes entre si, pois se
refere a elementos diferentes onde recai o erro.

DESENVOLVIMENTO

Todas as vezes que assistimos os jornais ou lemos as notícias em algum


veículo de comunicação sobre um crime ou um julgamento, por vezes ficamos
perplexos com as sentenças ou qualquer resultado final daquela situação, a
forma como julgam e como condenam parece um tanto confusa para alguém
que não tem o conhecimento necessário para interpretar a situação, logo
começamos a ouvir os gritos das massas populares, gritos de injustiças e
clamor por justiças, mas será que de fato não foi feito justiça? será que o
resultado final de um determinado processo não atendeu aos códigos que
regem e vale par toda a sociedade sem distinção? Algumas dessas situações
se torna mais clara quando entendemos os chamados erros de tipo e erros
de proibição “grifo nosso”.

Antes de aprofundar no tema é preciso citar o dispositivo legal que dá suporte


e base para a matéria do erro de tipo, o art.20 do CP e os parágrafos que o
compõe. No art.20 já em seu caput nos traz o conteúdo que servirá como a
base para nossa argumentação, vejamos o artigo e seus respectivos
parágrafos que tratam exclusivamente do erro de tipo, assim redigidos:
Art.20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal
de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei.

Descriminantes putativas

§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente


justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo.

Erro determinado por terceiro

§ 2º Responde pelo crime o terceiro que determina o


erro.

Erro sobre a pessoa

§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é


praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Descriminantes putativas “grifo nosso” são entendidas como sendo uma


discriminação imaginária, ou seja, o agente faz algo que pensa ser lícito sem a
consciência que está cometendo algo ilícito, uma excludente de ilicitude
imaginária que só acontece na mente do agente, o mesmo quando comete o
ato, pensa estar atuando dentro de um dos elementos das excludentes de
ilicitude, porém isso só ocorre na mente dele. Agora que entendemos as
descriminantes putativas, partiremos para o erro de tipo a qual o art.20 se
refere.

Para entender o erro de tipo “grifo nosso” é preciso compreender oque


significa erro no código penal para não pensarmos que seja um erro de
legislação. O erro em questão é a falsa representação da realidade ou
equivocado ou falso conhecimento de um objeto. No caso do Erro de tipo, essa
falsa representação ou o equivocado conhecimento recai sobre uma elementar
ou elementares ou qualquer dado que se agregue à determinada figura típica.
Ocorre o Erro de tipo quando um determinado agente comete um fato típico
não tendo o conhecimento das circunstâncias ou objeto que envolvem o fato.
Quando o agente imaginando agir sobre uma excludente de ilicitude, comete
um fato típico temos o Erro de tipo, vejamos um exemplo:

Um homem que podemos chamar de Diego sai para uma caçada de Javalis
com seu amigo brincalhão, quando já estavam no lugar desejado para esperar
á espreita o animal para matá-lo, seu amigo percebendo a concentração com
que Diego estava, decidiu dar um susto no amigo, disse á Diego que iria fazer
xixi e aproveitando da concentração do amigo em matar o animal, deu a volta e
passou a frente do amigo se escondendo atrás de um arbusto, para assustar o
amigo ele começou a mexer no arbusto que quando Diego vendo a sena e
acreditando que seu amigo estava na parte de traz fazendo suas
necessidades, não hesitou e disparou acreditando que seu alvo era um Javali
levando assim o seu amigo a morte, temos aqui um caso de erro de tipo, e
nesse caso o agente erra sobre a elementar alguém, então o erro recai sobre
a situação de fato, ou seja, pensado estar cometendo algo totalmente legal,
comete algo ilícito. Nesse o agente age na suposição de que estava agindo
sobre uma situação imaginária de excludente de ilicitude(exercício regular do
direito), situação essa que só ocorre na mente do agente. No exemplo o nosso
agente não tem um desconhecimento sobre o fato típico, pelo contrário, ele tem
total conhecimento que existe, porém erra sobre o elemento do fato que nesse
caso é a elementar alguém. Vejamos mais um exemplo de Erro de tipo:

Uma jovem que podemos chamar de Mariana decide ir ao culto em um dia


chuvoso, chegado á igreja deixa o guarda-chuva em um local que com o
decorrer das horas, mais pessoas chega e coloca os guarda-chuvas juntos com
o da nossa personagem, quando o culto termina Mariana segue em direção
onde deixou seu guarda-chuva e sem perceber por conta das semelhanças
entre eles, pega o guarda-chuva errado, nesse caso, Mariana comete um tipo
penal, pois subtraiu coisa alheia, porém na mente dela não havia a consciência
sobre o objeto, pois acreditava estar levando seu próprio guarda-chuva, aqui
temos um Erro de tipo, mas que ocorre diferentemente do exemplo anterior,
pois o agente erra sobre a elementar objeto.
Nos dois exemplos acima percebemos dois tipo penal, subtrair coisa alheia e
matar alguém, porém nós dois casos temos a ausência da vontade e
consciência, dessa forma os agente dos exemplos acima não estariam
cometendo nenhum crime se de fato tivesse concretizado oque estava em
suas mentes.

O erro de tipo quando o agente não teve a vontade e nem a consciência, exclui
o dolo. Entretanto, há situações em que se permite a punição em virtude de
uma conduta culposa, se houver previsão legal. Para compreender isso
precisaremos falar sobre erro de tipo escusável(invencível, inevitável) e erro de
tipo inescusável (vencível, evitável). Quando o agente nas circunstâncias em
que se encontra mesmo que tomando todas a precauções e cuidados
necessários não consegue evitar o resultado, estamos diante do erro de tipo
invencível (escusável), agora quando o agente nas mesmas circunstâncias ou
em circunstâncias diferentes comete com imperícia, imprudência ou
negligência, sendo esses elementos componentes da culpa, teremos um caso
de erro de tipo vencível (inescusável).

Partiremos agora para outras duas classificações do erro de tipo, essencial e


acidental “grifo nosso”.

O erro de tipo essencial “grifo nosso” é basicamente tudo que já tratamos


anteriormente, ocorre quando o erro do agente recai sobre alguma elementar
agregada à figura típica, porém há algo que é de suma importância e que
deixei pra tratar agora propositadamente, a fim de que a informação não fique
confusa, mas para isso que citar um trecho de um dos livros bases dessa
pesquisa, curso de Direito Penal do doutrinador Rogério Greco cap.33 tópico 5,
vejamos a seguir:

“Ocorre o erro de tipo essencial, como já tivemos


oportunidade de ressaltar, quando o erro do agente recai
sobre elementares, circunstâncias ou qualquer outro
dado que se agregue à figura típica. O erro de tipo
essencial, se inevitável, afasta o dolo e a culpa; se
evitável, permite seja o agente punido por um crime
culposo, se previsto em lei”.
Como o autor disse de forma clara, o erro de tipo essencial se divide em
evitável e inevitável “grifo nosso”, dessa forma é possível entender quando
disse que o erro de tipo essencial já tinha sido explanado anteriormente. O fato
de ser essencial significa que o agente não possuía a vontade e a consciência
do fato típico, porém, temos duas classificações que são pertencentes ao erro
essencial que como já tratamos anteriormente se dá quando o erro sobre uma
elementar da figura típica poderia ser evitado se o agente tivesse agido com
mais prudência, uma perícia maior, nesse caso, temos erro de tipo essencial
evitável, aqui o agente será julgado a nível de culpa e se caso contrário,
mesmo com toda perícia e prudência o resultado fosse inevitável temos um
Erro de tipo essencial inevitável e nesse caso pode-se haver a exclusão do
crime.

O erro de tipo acidental “grifo nosso” é o contrário do essencial já que esse


não tem o poder de afastar o dolo e a culpa do agente, visto que o agente
nesse caso age com a vontade e consciência as antijuricidade , porém erra
sobre um elemento não essencial do fato ou erra na execução. O erro de tipo
acidental se dá nas seguintes hipóteses: erro sobre o objeto, erro sobre a
pessoa, erro na execução, resultado diverso do pretendido e erro sobre o curso
causal(aberratio causae).

Erro sobre objeto ocorre quando o agente tendo a vontade e a consciência de


praticar uma conduta que sabe ser penalmente ilícita, equivoca-se quanto ao
valor que era atribuído ao bem.

Erro sobre a pessoa como já vimos no § 3º do art. 20 do Código Penal , o


agente não erra sobre uma elementar da figura típica. O seu erro recai sobre a
identificação da vítima.

O erro na execução se dá quando o agente por acidente ou erro no uso dos


meios de execução, em vez de atingir a pessoa que pretendia, atinge pessoa
adversa.

Resultado diverso do pretendido se dá quando o agente errando na execução


do crime produz um resultado diverso do que pretendia inicialmente.
Erro sobre o curso causal se dá quando o agente pretendendo matar alguém
de afogamento, lança a vítima de cima de uma ponte a fim de matá-la por
afogamento, vindo essa a atingir uma coluna da estrutura e morrendo por
traumatismo, a aberração ocorre sobre a causa do resultado.

Concluindo o erro de tipo, partiremos agora para o erro de proibição.

No erro de proibição diferentemente do erro de tipo, o agente tem plena


noção da realidade que se passa a seu redor, ele sabe oque está fazendo,
porém equivoca-se acerca de uma regra de conduta. Com uma ação
consciente o agente viola uma norma de proibição que desconhece
absolutamente. O erro de proibição vem previsto no art. 21 do Código Penal,
assim redigido:

Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro


sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência.

Pode-se dizer, então, que no erro de proibição o erro recai sobre o caráter
ilícito do ato praticado, ou seja, sobre a ignorância e os limites que o agente
tem da ilicitude do ato.

CONCLUSÃO

Diante dos assuntos que foram pesquisado e tratados aqui, podemos concluir
que em síntese, o erro de tipo recai sempre sobre as elementares essenciais e
não essenciais da figura típica, já o erro de proibição ocorre quando o erro
recai sobre a ilicitude do fato, errando o agente em não conhecer a norma de
conduta ou não conhecer os limites da mesma.
REFERÊNCIAS

Estejam, André. Direito penal parte geral. Editora Saraiva, 7° edição, 2018.
Greco, Rogério. Curso de direito penal artigos 1°a 120 do código penal.
editora atlas, 24° edição,2022.

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