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Disciplina: Direito Penal Esquematizado

Tema: Erro de tipo

Prof. Diego Pureza

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Disciplina: Direito Penal Esquematizado
Tema: Erro de tipo

SUMÁRIO

ERRO DE TIPO ................................................................................................................................ 3


ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO: ...................................................................................................... 3
(A) – ERRO DE TIPO ESSENCIAL: ............................................................................................ 4
(B) ERRO DE TIPO ACIDENTAL: .............................................................................................. 5
B.1: Erro de tipo acidental SOBRE O OBJETO: ....................................................................... 5
B2: Erro de tipo acidental QUANTO À PESSOA: .................................................................... 5
B3: Erro de tipo acidental na EXECUÇÃO: ............................................................................. 6
B4: Resultado diverso do pretendido:................................................................................... 7
B5: Erro sobre o NEXO CAUSAL: ............................................................................................ 8

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ERRO DE TIPO

Possui previsão no artigo 20 do Código Penal:

“Erro sobre elementos do tipo


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”.

No erro de tipo o agente ignora ou tem conhecimento equivocado da realidade.


Trata-se de ignorância ou erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou
quaisquer dados que se agregam a determinada figura típica.

Exemplos:

a) mulher que sai às pressas da sala de aula e, por engano, leva a bolsa de sua
colega, muito parecida com a sua;

b) caçador que atira e mata o seu colega de caça, depois que este, sem avisar,
se disfarça de urso para pregar-lhe uma peça.

ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO:

O erro de tipo é dividido em duas espécies:

a) Erro de tipo ESSENCIAL;

b) Erro de tipo ACIDENTAL.

No essencial, o erro recai sobre os dados principais do tipo penal (elementares),


enquanto que no acidental, recai sobre dados secundários (periféricos).

No essencial, se avisado do erro, o agente para de agir criminosamente; no


acidental, o agente corrige os caminhos ou sentido da conduta e continua agindo de
forma criminosa. As duas espécies são subdivididas da seguinte forma:

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Erro de tipo essencial Erro de tipo Acidental


a) Inevitável (escusável, perdoável) a) sobre o objeto
b) Evitável (inescusável, imperdoável) b) sobre a pessoa
c) na execução
d) resultado diverso do pretendido
e) sobre o nexo causal

(A) – ERRO DE TIPO ESSENCIAL:

O erro de tipo essencial recai sobre elementares, circunstâncias ou quaisquer


dados que se agregam a determinada figura típica.

As consequências dessa modalidade dependerá se o erro é inevitável ou


evitável:

1) Se inevitável (justificável, escusável ou invencível) excluirá o dolo (por


ausência de consciência) e a culpa (por ausência de previsibilidade).

2) Se evitável (injustificável, inescusável ou vencível), cuidando-se de erro


previsível, só excluirá o dolo, mas será punido a título de culpa, se previsto o crime nesta
modalidade (pois havia a possibilidade de o agente conhecer o perigo).

# - Como aferir a (in)evitabilidade do erro?

R: A corrente tradicional invoca a figura no “homem médio”, entendendo que


a previsibilidade deve ser avaliada apenas sob o enfoque objetivo.

Já para uma corrente mais moderna, é preciso trabalhar com as circunstâncias


do caso concreto, ou seja, avaliando o grau de instrução, idade do agente, momento e
local da conduta, etc.

Voltando no exemplo do caçador, se o caçador agiu em mata densa, longe do


centro urbano, certamente seu erro será considerado inevitável, ficando isento de pena.

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Se, no entanto, agiu em mata próxima a centro habitado, ciente de que outros acidentes
ocorreram na região, não observando o seu dever de cuidado, seu erro será etiquetado
como evitável, respondendo por crime culposo.

(B) ERRO DE TIPO ACIDENTAL:

É o erro que recai sobre dados secundários, periféricos do tipo. A intensão


criminosa é manifesta, incidindo naturalmente a responsabilidade penal. Vale
estudarmos em separado cada uma das espécies de erro de tipo acidental e suas
respectivas consequências.

B.1: Erro de tipo acidental SOBRE O OBJETO:

Não tem previsão legal, mas é aceito pela doutrina. Ocorre quando o agente
confunde o objeto material (coisa) visado, atingindo outro que não o pretendido.

Exemplo: a pessoa ingressa em uma loja para subtrair um relógio de outro, mas
acaba furtando um relógio de latão, confundindo, portanto, o objeto visado.

Consequência prevalece que o agente deverá responder considerando as


características do objeto efetivamente atingido.

B2: Erro de tipo acidental QUANTO À PESSOA:

Está previsto no artigo 20, §3º, do Código Penal:

“§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”.

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Nesta espécie, há uma equivocada representação do objeto material (pessoa)


visado pelo agente. Por conta desse erro, o agente acaba por atingir pessoa diversa.

Aqui, percebe-se a existência de ao menos dois personagens como vítima:


vítima real (pessoal realmente atingida) e vítima virtual (pessoa que se pretendia
atingir). Quando da execução, o agente confunde ambas.

Exemplo: “Fulano” quer matar seu próprio pai, porém, representando


equivocadamente a pessoa que entra em casa, acaba por matar seu rio. “Fulano” será
punido por parricídio, embora seu pai permaneça vivo.

Consequência: o agente será responsabilizado pelo crime, com a ressalva de


que serão consideradas as qualidades e características da vítima pretendida.

B3: Erro de tipo acidental na EXECUÇÃO:

Também conhecido como aberratio ictus, está previsto no artigo 73 do Código


Penal:

“Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º
do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”.

Em síntese, trata-se do acidente ou erro no uso dos meios de execução e, por


conseguinte, o agente acaba atingindo pessoa diversa da pretendida (embora
corretamente representada).

Exemplo: “Fulano” mira seu pai, entretanto, por falta de habilidade no uso da
arma, acaba atingindo um vizinho que passava do outro lado da rua.

Consequências:

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1 – se o agente atingir apenas a pessoa diversa da pretendida, será punido pelo


crime, considerando-se, contudo, as condições e qualidades da vítima desejada, e não
da vítima efetivamente atingida.

2 – Se o agente atingir também a pessoa diversa, será punido pelos dois crimes,
em concurso formal. No exemplo anterior, se “Fulano” atingir seu pai, ceifando a sua
vida, e, sem querer, também seu vizinho, que sofre lesões, será punido por homicídio
doloso do pai e lesões culposas do vizinho, aplicando-se a regra do concurso formal de
crimes (art. 70 do CP).

B4: Resultado diverso do pretendido:

Também conhecido como aberratio criminis, está previsto no artigo 74 do


Código Penal:

“Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”.

Enquanto que no erro na execução o agente ataca pessoa diversa da pretendida


(pessoa x pessoa), no resultado diverso do pretendido o agente provoca lesão em bem
jurídico diverso do pretendido (coisa x pessoa).

Exemplo: “A” quer danificar o carro que “B” está conduzindo, entretanto, por
erro na execução, atinge e mata o motorista. Queria praticar dano (contra a coisa), mas
acaba produzindo morte (contra a pessoa).

Consequência: o agente responderá pelo resultado diverso do pretendido,


porém a título de culpa (se previsto em lei). No exemplo anterior, “A” responderá por
homicídio culposo (ficando absorvida a tentativa de dano).

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Como ocorre no erro na execução, se o agente atingir também o resultado


pretendido, responderá pelos dois crimes, em concurso formal.

Resumindo as espécies de erro de tipo acidental estudadas até agora:

Erro de tipo acidental Resultado Resultado


pretendido produzido
Erro sobre o objeto Coisa Coisa (diversa)
Erro sobre a pessoa Pessoa Pessoa (diversa)
Erro na execução Pessoa Pessoa (diversa)
Resultado diverso do pretendido Coisa Pessoa
Tentativa (erro na execução com o Pessoa Coisa
resultado atingido menos valioso que o
resultado pretendido)

B5: Erro sobre o NEXO CAUSAL:

Não possui previsão legal (doutrina). É o caso em que o resultado desejado se


produz, mas com nexo diverso, de maneira diferente da planejada pelo agente. Divide-
se em duas espécies:

a) Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: ocorre quando o agente,


mediante um só ato, provoca o resultado visado, porém com outro nexo de causalidade.

Exemplo: “A” empurra “B” de um penhasco para que ele morra afogado,
porém, durante a queda, “B” bate a cabeça contra uma rocha e morre em razão de um
traumatismo craniano.

b) Dolo geral ou aberratio causae: ocorre quando o agente, mediante


pluralidade de atos, provoca resultado pretendido, porém com outro nexo causal.

Exemplo: “A” atira em “B” (1º ato) e, imaginando que “B” está morto, joga o
corpo no mar, vindo “B” a morrer por afogamento.

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Consequência: o agente será punido por um só crime, desejado desde o início,


a título de dolo.

Diego Luiz Victório Pureza


Advogado.
Professor de Criminologia, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação Penal
Especial em diversos cursos preparatórios para concursos públicos.
Pós-graduado em Ciências Criminai.
Pós-graduado em Docência do Ensino Superior
Pós-graduado em Combate e Controle da Corrupção: Desvios de Recursos Públicos.
Palestrante e autor de diversos artigos jurídicos.

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