O documento descreve os tipos de homicídio de acordo com o Código Penal Brasileiro, incluindo homicídio simples, qualificado e privilegiado. O homicídio é definido como a eliminação da vida de uma pessoa por outra e é punido com pena de reclusão de 6 a 20 anos. Homicídios podem ser qualificados por motivos como pagamento, uso de veneno ou contra mulheres, elevando a pena para 12 a 30 anos. Homicídios privilegiados podem ter a pena reduzida se o agente agiu sob forte emoção
O documento descreve os tipos de homicídio de acordo com o Código Penal Brasileiro, incluindo homicídio simples, qualificado e privilegiado. O homicídio é definido como a eliminação da vida de uma pessoa por outra e é punido com pena de reclusão de 6 a 20 anos. Homicídios podem ser qualificados por motivos como pagamento, uso de veneno ou contra mulheres, elevando a pena para 12 a 30 anos. Homicídios privilegiados podem ter a pena reduzida se o agente agiu sob forte emoção
O documento descreve os tipos de homicídio de acordo com o Código Penal Brasileiro, incluindo homicídio simples, qualificado e privilegiado. O homicídio é definido como a eliminação da vida de uma pessoa por outra e é punido com pena de reclusão de 6 a 20 anos. Homicídios podem ser qualificados por motivos como pagamento, uso de veneno ou contra mulheres, elevando a pena para 12 a 30 anos. Homicídios privilegiados podem ter a pena reduzida se o agente agiu sob forte emoção
Prof. Colimar Dias Braga Junior HOMICÍDIO (ART.121, DO CPB) Homicídio simples Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 20 06 . HOMICÍDIO- ART. 121. MATAR ALGUÉM: PENA - RECLUSÃO, DE SEIS A VINTE ANOS. Homicídio é a eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra. Objeto jurídico: A preservação da vida humana.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito passivo: Qualquer ser humano com vida,
observando-se que a doutrina considera que a vida, para os termos do art. 121, principia no início do parto, com o rompimento do saco amniótico. Tipo objetivo: Pode o homicídio ser praticado por qualquer meio de execução (crime de forma livre), direto ou indireto, tanto por ação como por uma conduta negativa (omissão), lembrando-se, quanto a esta, ser necessário que o agente tenha o dever jurídico de impedir a morte da vítima HOMICÍDIO DOLOSO Tipo subjetivo: O dolo (vontade livre e consciente de matar alguém), tanto direto como eventual. Crime impossível: Pode existir, tanto pela impropriedade absoluta do objeto como do meio (CP, art. 17). Excludentes da ilicitude: Pode ocorrer o estado de necessidade, o estrito cumprimento de dever legal, o exercício regular de direito e, notadamente, a legítima defesa (vide nota ao art. 23 do CP). Eutanásia (“morte provocada em paciente vítima de forte sofrimento e doença incurável, motivada por compaixão”), pode configurar, em nosso ordenamento, o crime de homicídio privilegiado (CP, art. 121, § 1o). Distanásia (conduta de se “prolongar artificial- mente o processo de morte”) Ortotanásia (“o doente já se encontra em processo natural de morte, processo este que recebe uma contribuição do médico no sentido de deixar que esse estado se desenvolva no seu curso natural”) O Conselho Federal de Medicina baixou a Resolução n° 1.995, de 9-8-2012, que disciplina a conduta ética do médico se o paciente, com plena consciência e liberdade, antecipadamente, decidir que não deseja ser submetido a prolongamento artificial de sua vida em fase terminal de doença incurável, limitando-se-lhe a garantir maior conforto em seus últimos dias. Consumação: Com o evento morte (crime instantâneo de efeitos permanentes). A morte ocorre com a cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório. O art. 3o da Lei no 9.434/97 (Transplantes) prevê que a retirada “post mortem” de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica. Tentativa: Pode haver, desde que seja inequívoca a intenção de matar. A tentativa incruenta ou branca acontece quando é aquela na qual a vítima não chega a ser fisicamente atingida, ou seja, quando ela fica incólume. Difere da tentativa vermelha ou cruenta, na qual a vítima sofre lesões, sendo certo que porém o crime não chega a ser consumado. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Ausência de animus necandi: Só se pode cogitar de tentativa, quando ficar positivada, claramente, a intenção direta e inequívoca de matar (TJSP, RT 613/294, 644/261). Se não houve ânimo de matar, tendo sido desferido um só golpe de faca pequena, desclassifica-se para lesão corporal seguida de morte (TJPR, PJ 41/190). Armadilhas de defesa (offendicula): Age com culpa, e não com dolo, quem coloca fio elétrico de baixa tensão em volta de sua casa, para impedir, só por choque, a invasão, mas ocorre morte em razão de o piso estar molhado pelas chuvas (TJRJ, RT 549/363). A colocação desses aparelhos é exercício regular de direito, desde que não se constituam perigo comum, capazes de lesar até incautos que deles se aproximem (TACrSP, RT 603/367) AIDS: Se alguém pratica ato capaz de transmitir não apenas moléstia grave, mas moléstia eminentemente mortal e o faz dolosamente, incide em tentativa de homicídio (TJSP, RT 784/587). Em havendo dolo de matar, a relação sexual forçada e dirigida à transmissão do vírus da AIDS é idônea para a caracterização da tentativa de homicídio (STJ, HC 9.378, j. 18.10.99, vu, DJU 23.10.2000) Legítima defesa: Não há amparo legal, doutrinário ou jurisprudencial, no direito ho- dierno, que sustente a legítima defesa da honra conjugal (TJRR, RT 765/693). Concurso com porte ilegal de arma: Em face do princípio da consunção é descabida a condenação do acusado por porte ilegal de arma de fogo, se o delito estava contido na mesma linha de ação do homicídio, tratando-se de crime progressivo que resta ab- sorvido pelo crime-fim (TJSP, RT 780/595; TJMG, RT 777/663). Crime hediondo: O crime de homicídio simples só é hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente (Lei no 8.072/90, art. 1o, I) (STJ, HC 43.775-RS, j. 4.10.2005, DJU 14.11.2005). HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (ART.121, §1º) Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Noção: Três são as hipóteses previstas:
a. o agente comete o homicídio impelido por motivo de
relevante (importante, considerável, digno de apreço) valor social (atinente a interesse coletivo); b. impelido por motivo de relevante valor moral (relativo a interesse particular); c. sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (injusta provocação + emoção violenta + reação em seguida). Relevante valor social: interesse de ordem geral, coletiva (agressão a traidor da pátria); Relevante valor moral: sentimento de ordem pessoal (agressão do pai da vítima ao estuprador da filha); Domínio de violenta emoção: o agente deve estar dominado pela excitação dos seus sentimentos (ódio, vingança, amor exacerbado, ciúme intenso) e foi injustamente provocado pela vítima, momentos antes de tirar-lhe a vida (casal de namorados passeando, vem um grupo de pessoas e agride o namorado, ele vai para casa, pega uma faca e mata um dos agressores). JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Cabe ao júri: Compete ao júri, e não ao juiz na pronúncia, declarar privilegiado o homicídio (TJSP, RT 518/348; TJRJ, RT 516/391). Violenta emoção: Homicídio de companheira infiel não configura legítima defesa da honra, mas pode caracterizar homicídio privilegiado (TJPR, RT 709/361). Concurso com qualificadoras: A jurisprudência do STF admite a possibilidade de homicídio privilegiado- qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias do caso. Tratando-se de qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), é possível o reconhecimento do privilégio sempre de natureza subjetiva (STF, 1a T., HC 97.034/MG, rel. Min. Ayres Britto, mv, j. 6.4.2010, DJe 7.5.2010). HOMICÍDIO DOLOSO QUALIFICADO (ART.121, §2º) Divisão: As circunstâncias que qualificam o homicídio podem ser divididas em: a. motivos (paga, promessa de recompensa ou outro motivo torpe e motivo fútil — incisos I e II); b. meios (veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio de que possa resultar perigo comum — inciso III); c. modos (traição, emboscada, mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido — inciso IV); d. finalidade (para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime — inciso V). § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Mediante paga ou promessa de recompensa: Mediante paga é o chamado homicídio mercenário, que o agente pratica por motivo de pagamento. Além dele, o CP também qualifica o cometido por motivo de promessa de recompensa, isto é, a expectativa de paga. Quanto ao caráter da paga ou recompensa, predomina o entendimento de que deve ter valor econômico. Motivo torpe: Torpe é o motivo baixo, repugnante, vil, ignóbil, que repugna à coletividade. Matar a esposa por não querer reatar o relacionamento, matar alguém com a intenção de ocupar o cargo da vítima, matar o pai para ficar com a herança, matar a esposa para receber o seguro de vida, matar em razão do preconceito, matar alguém por prazer ou sem motivo. Motivo fútil: É fútil o homicídio praticado por motivo insignificante, sem importância, totalmente desproporcionado em relação ao crime, em vista de sua banalidade. Pai mata o filho que estava chorando; quando um vizinho mata o outro em razão do volume alto do aparelho de som; o indivíduo que mata o outro porque a vítima falou mal do seu time de futebol; uma “fechada” no trânsito que resulta em morte imediata após o ocorrido. Emprego de veneno: É o chamado venefício, que só qualifica, porém, se praticado com dissimulação, insídia. Não há a qualificadora se o veneno é administrado à força ou com conhecimento da vítima. Emprego de fogo ou explosivo: Fogo. Como exemplo, cite-se o deitar combustível e atear fogo ao corpo da vítima. Explosivo. O meio usado é a dinamite ou substâncias de efeitos análogos. Emprego de asfixia: Pode ser mecânica (ex.: enforcamento, afogamento etc.) ou tóxica (ex.: gás asfixiante). Emprego de tortura: É o suplício, que causa atroz e desnecessário padecimento. A tortura, geralmente, é física, mas também pode ser moral, desde que exacerba o sofri- mento da vítima. Meio insidioso: É o meio dissimulado. Como exemplo, a armadilha mortífera, o meio fraudulento. Meio cruel: É o meio que faz sofrer além do necessário, a repetição de golpes ou tiros constitui meio cruel se o agente os repetiu por sadismo. Meio de que possa resultar perigo comum: É aquele que pode alcançar indefinido número de pessoas. À traição: É o ataque sorrateiro, praticado inesperadamente. Emboscada: É a tocaia, com o agente escondido à espera da vítima. Mediante dissimulação: Por este modo, o agente esconde ou disfarça o seu propósito, para atingir o ofendido desprevenido. Tanto qualifica a ocultação do propósito como o disfarce usado pelo próprio agente para se aproximar da vítima. Mediante outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa: O modo deve ser análogo aos outros do inciso IV (traição, emboscada ou dissimulação). A surpresa, para qualificar, é a insidiosa e inesperada para a vítima, dificultando ou impossibilitando sua defesa. Para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime: O outro crime pode ter sido praticado por terceira pessoa. As qualificadoras do inciso V trazem o elemento subjetivo do tipo, constituído pelo especial fim de agir. Como exemplos, o homicídio praticado para lograr o cometimento de outro crime ou evitar a sua descoberta. FEMINICÍDIO (ART.121, §2º, IV, §2º-A, §7º) O legislador editou a Lei no 13.104/2015 que criou a figura jurídica do feminicídio, ou seja, o homicídio praticado contra a mulher em casos de (a) violência doméstica e familiar (§ 2o-A, I) ou em razão de (b) menosprezo ou discriminação à condição do sexo feminino (§ 2o-A, II). Sujeito ativo: poderá ser tanto o homem quanto a mulher, já que a Lei Maria da Penha definiu o conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher prevendo que: “As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual” (art. 5o, parágrafo único). Situação idêntica ocorre nos casos de transexualismo, pouco importando se no registro civil do autor conste homem ou mulher, podendo, em ambos os casos, ser o sujeito ativo do feminicídio. Sujeito passivo: homicídio praticado contra mulher.
Nos casos de transexualismo, de pessoa que,
geneticamente homem, possui a psiquê de mulher, inclusive com cirurgia de órgãos genitais, e também, em situações mais raras, de pessoa hermafrodita, há entendimento de que deverá preponderar o registro civil da vítima como mulher na época dos fatos, para se configurar feminicídio. Violência doméstica e familiar (§ 2o-A, I): deve ser buscado no art. 5o, I, da Lei Maria da Penha, segundo o qual configura violência doméstica e familiar contra a mulher “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I — no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II — no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III — em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação Por menosprezo ou discriminação à condição do sexo feminino (§ 2o-A, II): Menosprezo tem o sentido de depreciar, desprezar, ao passo que discriminar alguém por ser mulher remete à ideia de preconceito, considerando-a inferior, não possuindo o mesmo valor, a mesma dignidade. Crime hediondo: A Lei no 13.104, de 3.3.2015, além de criar a figura do feminicídio neste art. 121 do CP, fez incluir tal figura no rol dos crimes considerados hediondos. Causas de aumento de pena do feminicídio: São quatro as circunstâncias que aumentarão a pena do feminicídio (art. 121, § 2o, VI), de um terço até metade: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 . (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) Contra autoridades, agentes e integrantes (§ 2o, VII): a Lei no 13.142, de 6.7.2015, acrescentou este inciso VII, tornando qualificado o homicídio quando praticado contra: a. autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal (vide nota abaixo); b. integrantes do sistema prisional, no exercício da função ou em decorrência dela; c. integrantes da Força Nacional de Segurança, no exercício da função ou em decorrência dela; d. contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, dos integrantes do sistema prisional e da Força Nacional, desde que o homicídio seja praticado em razão dessa condição. VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
vetado com a seguinte justificativa: "A propositura legislativa,
ao prever como qualificadora do crime de homicídio o emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, sem qualquer ressalva, viola o princípio da proporcionalidade entre o tipo penal descrito e a pena cominada, além de gerar insegurança jurídica, notadamente aos agentes de segurança pública, tendo em vista que estes servidores poderão ser severamente processados ou condenados criminalmente por utilizarem suas armas, que são de uso restrito, no exercício de suas funções para defesa pessoal ou de terceiros ou, ainda, em situações extremas para a garantia da ordem pública, a exemplo de conflito armado contra facções criminosas". HOMICÍDIO QUALIFICADO- PRIVILEGIADO A existência do crime de homicídio qualificado privilegiado é possível quando ocorre a combinação de uma qualificadora objetiva e uma privilegiadora subjetiva. As qualificadoras objetivas restringem-se às formas como o crime foi cometido, como por exemplo: emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo comum. Essas qualificadoras combinam-se com as privelegiadoras subjetivas, como: relevante valor social, relevante valor moral, domínio de violenta emoção ou injusta provocação da vítima. O feminicídio se trata de uma qualificadora de ordem objetiva ou subjetiva? Duas correntes: […] o próprio móvel do crime é o menosprezo ou a discriminação à condição de mulher, mas é, igualmente, a vulnerabilidade da mulher tida, física e psicologicamente, como mais frágil, que encoraja a prática da violência por homens covardes, na presumível certeza de sua dificuldade em oferecer resistência ao agressor machista. (Cezar Roberto Bitencourt) A qualificadora do feminicídio é subjetiva, na medida em que se enquadra na motivação do agente. Ou seja, é homicídio cometido por estritas razões relacionadas à condição de mulher, não havendo ligação com os meios ou modos de execução do crime. a) As qualificadoras subjetivas (artigo 121, incisos I, II, V, VI e VII) não se comunicam com os demais coautores ou partícipe no concurso de pessoas. As qualificadoras objetivas (artigo 121, incisos III e IV) comunicam-se, desde que ingressem na esfera de conhecimento dos envolvidos. b) Não é possível a qualificadora do feminicídio ser cumulada com o privilégio do artigo 121, § 1.º, do Código Penal, ou seja, não existe feminicídio qualificado privilegiado. c) As qualificadoras do feminicídio (natureza subjetiva) e as qualificadoras do motivo torpe e fútil (natureza subjetiva) não podem ser cumuladas, constituindo-se um verdadeiro bis in idem. Com o advento da Lei 13.104/2015, que incluiu mais uma qualificadora no crime de homicídio, cinco passam a ser as espécies de qualificadoras: 1) pelos motivos (incisos I a II – paga, promessa ou outro motivo torpe, e pelo motivo fútil); 2) meio empregado (inciso III – veneno, fogo, explosivo, asfixia etc.); 3) modo de execução (inciso IV – traição, emboscada, dissimulação etc.), 4) por conexão (inciso V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime); e, a novidade, 5) pelo sexo da vítima (inciso VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino) (Vicente de Paula Rodrigues Maggio.) Na mesma linha, vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça:
O Tribunal a quo decidiu em conformidade com o entendimento desta Corte
Superior, porquanto, tratando-se o motivo torpe (vingança contra ex-namorada) de qualificadora de natureza subjetiva, e o fato de a vítima e o acusado terem mantido relacionamento afetivo por anos, sendo certo que o crime se deu com violência contra a mulher na forma da Lei n.º 11.340/2006, ser uma agravante de cunho objetivo, não se pode falar em bis in idem no reconhecimento de ambas, de modo que não se vislumbra ilegalidade no ponto.
Nessa linha, trecho da decisão monocrática proferida pelo Ministro Felix
Fischer, REsp n.º 1.707.113/MG (DJ 07.12.2017), no qual destacou que, considerando as circunstâncias subjetivas e objetivas, temos a possibilidade de coexistência entre as qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio. Isso porque a natureza do motivo torpe é subjetiva, porquanto de caráter pessoal, enquanto o feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de análise. Agravo regimental não provido (AgRg no REsp 1741418/SP, 5.ª Turma, Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 07.06.2018). a) Sendo a qualificadora de feminicídio de natureza objetiva, é possível coexistir com a qualificadora de motivo torpe ou fútil. O feminicídio traz em sua essência o conceito de torpeza, caracterizando-se um verdadeiro bis in idem a cumulação das duas qualificadoras, feminicídio mais a torpeza.
b) Para essa posição, é possível um “feminicídio
qualificado privilegiado”. Dessarte, ao defender que o feminicídio é uma qualificadora objetiva, abre-se o temerário espaço para apresentação da tese de que o agente cometeu o feminicídio impelido por motivo de relevante valor moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA DO HOMICÍDIO QUALIFICADO Homicídio qualificado-privilegiado: Não é crime hediondo (STJ, HC 10.446/RS, DJU 19.2.2001, p. 242, in RBCCr 34/323; TJSP, RT 781/565; TJPB, RT 768/661; TJRN, RT 805/670; TJRJ, RT 804/648). Fútil: Motivo fútil é aquele tão destituído de razão que deixa o crime, por assim dizer, vazio de motivação (TJSC, JC 68/371); é o motivo sem importância, leviano, insignifican- te, desarrazoado, em avantajada desproporção entre a motivação e o crime (TJAC, RT 813/627). Ciúmes e motivo fútil: O ciúme não é motivo fútil, pois embora possa ser injusto para justificar a morte de alguém, não pode ser considerado desprezível ou insignificante (TJMG, 3a CCr, RvCr 1.0000.00.351957-6/000, rel. Des. Paulo Cezar Dias, j. 11.9.2006, DOMG 24.11.2006). Torpe: Torpe é o motivo repugnante, abjeto, ignóbil, que imprime ao crime um caráter de extrema vileza e imoralidade (TJSC, RCr 2005.012447-7, j. 5.7.2005). Configura motivo torpe se o impulso que dominava o agente era o de sentir prazer ao matar uma pessoa sedutora (TJSP, RT 789/602). Caracteriza-se o motivo torpe, se o acusado, para satisfazer reprovável ódio vingativo, age com o intuito de desforra, pelo fato de dias antes ter levado uma surra da vítima (TJAC, RT 771/632) Perigo comum: Se os agentes, para consumar o homicídio, dispararam diversas ve- zes na rua, atingindo transeuntes, fica caracterizada a qualificadora do art. 121, § 2o, III, do CP (TJSP, RT 771/583). Traição: Não há a qualificadora se houve tempo para a vítima iniciar a fuga (TJSP, RT 537/301), ainda que, nesta, seja atingida por disparos “nas costas”, e não “pelas costas” (TJMG, JM 125/269; TJSP, RT 482/338, 492/312). Não é traição, se a vítima viu o agen- te com arma escondida (TJMG, RT 521/463). Meio cruel: Dezenove facadas na vítima, finalizando com a faca cravada em seu peito, é cruel (TJGO, RT 783/673). É cruel a morte causada por prolongado e sofrido espancamento, através de socos, pontapés e golpes de palmatória (TJDF, Ap. 10.207, mv — DJU 20.2.91, p. 2474) ou por pontapés e pisoteio (TJSP, RT 532/341). Recurso que dificulta ou impossibilita a defesa: Configura-se o recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa, se o acusado, pelo fato de dias antes ter levado uma surra da vítima, obriga-a, antes de efetuar os disparos fatais, a ficar ajoelhada à espera da morte (TJAC, RT 771/632). Surpresa: Há surpresa se a vítima concordou em acompanhar o agente, sem a menor suspeita de que este tinha a intenção de matá-la (TJSP, RJTJSP 68/368). Configura a qualificadora se, de maneira sorrateira e inesperada, atinge a vítima com um tiro na nuca (TJAL, RT 791/640). Mais de uma qualificadora: Reconhecida mais de uma, a primeira qualifica e as de- mais atuam como agravantes dela (TJSP, RT 641/324; TJSC, JC 69/471; TJAP, RT 775/635). Contra: no caso de incidência de duas qualificadoras, não pode uma delas ser tomada como circunstância agravante, ainda que coincidente com uma das hipóteses do art. 61 do CP, mas sim como circunstância judicial do art. 59 do CP, integrando a pena-base (STJ, RT 754/577; TJMS, RT 810/661). HOMICÍDIO CULPOSO (ART.121, §3º, 4º E 5º) Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo.
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Culpa: A respeito do fundamento da culpa nas doutrinas moderna e tradicional, bem como a propósito da imprudência, negligência e imperícia. Elementos do homicídio culposo: Modernamente, são apontados: a. comportamento humano voluntário, positivo ou negativo; b. descumprimento do cuidado objetivo necessário, manifestado pela imprudência, negligência ou imperícia; c. previsibilidade objetiva do resultado; d. inexistência de previsão do resultado; e. morte involuntária. Concurso de pessoas: Pode haver excepcionalmente a coautoria em delitos culposos, desde que demonstrada a existência do vínculo subjetivo voltado à realização da conduta comum imprudente, negligente ou praticada com imperícia JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA DO HOMICÍDIO CULPOSO Arma de fogo: É imprudência crassa remuniciar arma de fogo, havendo pessoas nas proximidades, sem tomar a cautela elementar de dirigir o cano para local onde ninguém possa vir a ser atingido (TACrSP, RJDTACr 10/89). Pratica homicídio culposo o agente que entrega arma de fogo a adolescente, o qual, manuseando-a, dispara acidentalmen- te, restando absorvido o art. 242 da Lei no 8.069/90 (TACrSP, RT 777/616). Médico: Há culpa, se o erro de diagnóstico e terapia foi provocado pela omissão de procedimentos recomendados ante os sintomas exibidos (TARS, RT 710/334). Incorre nas penas do art. 121, §§ 3o e 4o, do CP se, após realizar operação, não prescreve nenhum medicamento à paciente a fim de evitar infecções e, quando procurado por familiares desta, diante da sua piora, nega imediato atendimento, informando que tal reação é normal (TACrSP, mv — RJDTACr24/250). Age com culpa o anestesista que, após ministrar a droga, afasta-se, mesmo que momentaneamente, da sala cirúrgica, quando, então, a vítima vai a óbito por parada cardiorrespiratória (TJRS, RT 779/656). Enfermeiro: Dada a previsibilidade do evento, respondem por homicídio culposo os enfermeiros que, negligentemente, se ausentam do berçário onde se encontrava prema- turo que vem a falecer pela ocorrência de incêndio causado por curto-circuito devido a superaquecimento na incubadora (TJBA, RT 759/660). Omissão no fornecimento de equipamentos de segurança: Configura homicídio culpo- so por omissão a falta de fornecimento de equipamentos de proteção individual e de fiscalização de seu uso obrigatório, a trabalhos com risco previsível (TARS, RT 631/344). AUMENTO DE PENA EM CASO DE MILÍCIA PRIVADA OU GRUPO DE EXTERMÍNIO (§6º) O aumento da criminalidade violenta entre nós, decorrente sobretudo da grave injustiça social que nos assola, mas também da ineficácia do aparelhamento policial, levou à criação dos chamados “justiceiros”. Mais recentemente, a título de garantir segurança a comunidades contra traficantes, grupos organizaram-se, como verdadeiras milícias privadas, passando a exigir dinheiro das pessoas em troca de “proteção” e “justiçamentos”, dominando regiões inteiras, inclusive o comércio de gás, ligações de TV a cabo ilegais etc. Milícia privada ou grupo de extermínio: Duas são as causas de aumento de pena aqui previstas para o homicídio doloso, simples (art. 121, caput) ou qualificado (art. 121, § 2o), consumado ou tentado, a. crime praticado por milícia (qualquer corporação sujeita a organização e disciplina militares; congregação ou agrupamento) privada (criada de forma paralela ao poder estatal), acrescido do elemento normativo: sob o pretexto (razão aparente que se alega para dissimular o motivo real de uma ação) de prestação de serviço de segurança, b. crime praticado por grupo (pequena associação de pessoas ligadas para um fim comum) de extermínio (chacina, aniquilamento). Constituição de milícia privada: O art. 288-A do CP, incluído pela Lei no 12.720/2012, pune, com reclusão de quatro a oito anos, a conduta de “constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código.