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CRIMES DE TORTURA

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997


MATÉRIA DE HOJ E
INTRODUÇÃO
- É uma resposta (atrasada!) contra as atrocidades cometidas no período da ditadura militar;
- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] III - ninguém será submetido a
tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...] XLIII - a lei considerará crimes
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (CF/88);
- A Lei n. 9.455/97 não descreveu, no crime de tortura, as hipóteses de a motivação do
agente ser vingança, maldade ou simples sadismo (prazer de ver a vítima sofrer). Por isso, em
razão da ausência de previsão legal, etc. as condutas não poderão ser enquadradas nessa lei,
restando, apenas, eventual responsabilização por crime de lesões corporais, constrangimento
ilegal, abuso de autoridade
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou
confissão da vítima ou de terceira pessoa;

TORTURA
PRIMEIRA PARTE
b) para provocar ação ou omissão de natureza
criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
[...]
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
[...] § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a
dezesseis anos.
TORTURA, PRIMEIRA PARTE
- Bem jurídico penalmente tutelado: a incolumidade física e mental
das pessoas;
- Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa;
- A motivação de cada uma das três condutas é o que as diferencia;
- No caso da segunda modalidade, o sujeito ativo responde pela
tortura e pelo crime que o sujeito passivo tenha eventualmente
praticado. O sujeito passivo, obviamente, não responde pelo crime;
- Se dá por consumado com a provocação do sofrimento físico ou
mental da vítima, sendo possível a tentativa;
Art. 1º Constitui crime de tortura:
[...] II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de

TORTURA
SEGUNDA PARTE
caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
[...]
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a
dezesseis anos.
TORTURA, SEGUNDA PARTE
- Bem jurídico penalmente tutelado: a incolumidade física e mental das
pessoas;
- Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa, desde que haja o vínculo de
guarda, poder ou autoridade entre os sujeitos, isto é, do sujeito ativo
para o sujeito passivo;  Logo, o cônjuge não pode ser vítima do crime
de tortura (nesta modalidade) praticado pelo outro cônjuge!
- É crime de ação livre, ou seja, pode se dar das mais diversas maneiras;
- Se diferencia do crime de maus-tratos (artigo 136 do Código Penal)
pelo fato de que, na tortura, a vítima é exposta ao elemento normativo
“intenso sofrimento físico e mental”, o que não ocorre nos maus-tratos;
- Se dá por consumado com a provocação do sofrimento físico ou mental
da vítima, sendo possível a tentativa;
Art. 1º, §1º Na mesma pena incorre quem submete
pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante

TORTURA
TERCEIRA PARTE
de medida legal.
[...]
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a
dezesseis anos.
TORTURA, TERCEIRA PARTE
- Se difere da modalidade de abuso de autoridade, prevista no art. 13, II, da Lei n.
13.869/2019, pois aqui a finalidade do agente é provocar sofrimento físico ou mental na
vítima; já no abuso de autoridade, o agente público constrange o preso ou o detento,
mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a submeter-
se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei. A finalidade, portanto, é
submeter o preso a vexame ou constrangimento;
- Bem jurídico: incolumidade física e mental das pessoas;
- Sujeito ativo: qualquer pessoa (geralmente o carcereiro, o agente penitenciário, o diretor do
estabelecimento, etc.);
- Sujeito passivo: quem está preso ou submetido a medida de segurança. Não é o caso do
adolescente submetido a medida socioeducativa!
DIFERENÇA ENTRE TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO MORTE
(ART. 1º, §3º) E HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA PRÁTICA DA
TORTURA (ART. 121, §2º, III DO CP)
O que as diferencia é o elemento volitivo:
No primeiro caso, o agente deseja unicamente causar
intenso sofrimento à vítima, que, contudo, vem a falecer
em decorrência de tal sofrimento;
No segundo caso, o agente deseja matar a vítima e o
faz empregando intenso sofrimento a ela, ou seja, a
tortura é mero meio para obtenção do resultado
pretendido.
ANOTAÇÕES FINAIS
•§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou
apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
•§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente
público; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
2003) III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
•§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
•§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
•§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado.  Nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei n.
8.072/90, regime inicial deve ser necessariamente o fechado. O Plenário do STF,
todavia, declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo. Assim, devem ser seguidas as
regras comuns do Código Penal para a fixação do regime inicial.

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