Você está na página 1de 3

LEI DE TORTURA

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997

Constituição Federal
Art. 5º (...)
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
(...)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Lei Nº 8.072/90 - Lei dos crimes hediondos


Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado.

CARACTERIZAÇÃO DE TORTURA COMO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de


improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
STJ. 1ª Seção. REsp. 1177910 SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
26/08/2015 (Inf. 577).

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental:

Tortura-confissão, tortura-prova, tortura probatória ou tortura-persecutória


a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
terceira pessoa;

Tortura-crime

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

Tortura-preconceito ou tortura-discriminatória

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de


violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (Art. 1º, II, da Lei nº
9.455/97) aquele que detiver outra sob sua guarda, poder ou autoridade (crime
próprio). STJ 6ª Turma. REsp 1738264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 23/08/2018 (Info 633).

Tortura-castigo X Maus-tratos

Tortura-castigo

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de


segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda
ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a
de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo
ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (catorze) anos.

Tortura-omissão, Tortura-imprópria ou Tortura-anômala

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de


evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de


reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis
anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:


I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e


a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

“A perda do cargo, função ou emprego público constitui consequência


necessária que resulta, automaticamente, de pleno direito, da condenação
penal imposta ao agente público pela prática do crime de tortura (AI
769.637-ED-ED-AgR/MG, Info 730).

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado.

Prevalece na doutrina e nos tribunais superiores, embora exista essa previsão


legal, que caberá ao juiz analisando o caso concreto e a pena aplicada a
determinação do regime inicial de cumprimento de pena, em razão do Princípio da
individualização da pena.

Extraterritorialidade incondicionada

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido
cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o
agente em local sob jurisdição brasileira.

Você também pode gostar