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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2. TORTURA É CRIME HEDIONDO? ........................................................................ 4
3. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .............................................................................. 7
3. HORA DE PRATICAR ........................................................................................... 10
5. GABARITO............................................................................................................ 12

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LEI DE TORTURA N° 9.455/97

1. INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 traz em seu texto que a prática de tortura não
possibilitaria o benefício da fiança, anistia ou graça. Porém, somente em 1997 o legislativo
brasileiro tipificou em lei extravagante este crime perverso e repugnante.

Guerreiro, veja o que nossa Carta Magna dispõe em seu artigo 5°:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

III – ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática


da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem;

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;”

OBSERVAÇÃO Apesar de sabermos que não existe direito absoluto, pois até
mesmo a pena de morte pode ser relativizada (no caso de guerra), existe uma parte da
doutrina que defende que o direito de não ser torturado é sim absoluto. Então, caso você

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esteja estudando para uma prova que tenha fase discursiva, vale levantar e desenvolver
o assunto, pois ganhará pontos com isso!

2. TORTURA É CRIME HEDIONDO?


NÃO! Cuidado nessa pegadinha na prova. Tortura é EQUIPARADO A HEDIONDO, mas não
hediondo.

PEGA O BIZU: T3 SÃO OS CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS. Isso cai bastante em


prova.

T ráfico de Drogas

T ortura T3

T errorismo

Agora vamos estudar e comentar efetivamente a lei seca e, ao final, quero que você treine
seu aprendizado com as questões que separei para o assunto fixar na sua mente.

TORTURA CONFISSÃO, INDAGATÓRIA, PERSECUTÓRIA OU PROVA (pode vai qualquer


um destes sinônimos)

“Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe


sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira


pessoa;”

c) em razão de discriminação racial ou religiosa; (motivo)

Guerreiro, quem constrange (coage, violenta, obriga) uma pessoa tem SEMPRE uma
finalidade, ninguém faz isso de graça. No caso da alínea “C”, tem um motivo, que é a
discriminação de raça ou religião.

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TORTURA-CRIME

“Art. 1º Constitui crime de tortura:

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa”

Não costuma ter muita incidência e é bem autoexplicativo. O agente pratica a tortura em
alguém com o objetivo de provocar um crime. Ex: Clóvis tortura Dulce para que ela roube
um banco.

TORTURA-CASTIGO

“Art. 1º Constitui crime de tortura:

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo.”

Ao contrário do inciso I que já estudamos, aqui temos um CRIME PRÓPRIO, que exige
uma condição especial do sujeito ativo e passivo!

O sujeito passivo tem que estar sob guarda, poder ou autoridade. Para o Direito Penal,
“guarda” compreende, além da situação em que alguém fica sob proteção de outrem, por
força de lei ou decisão judicial, como também a situação fática que leva a pessoa a ficar
responsável por outra (Silva Franco, 1997, p. 61). “Autoridade” é aquele que exerce
cargo, emprego ou função pública (Silva Franco, 1997, p. 61). Para Barros, autoridade
pode derivar de relação do direito privado, como diretor de colégio em relação aos alunos.
(Barros, 1997, p. 238) Poder indica uma situação de sujeição entre autor e vítima. (Silva
Franco, 1997, p. 61)

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TORTURA DO PRESO

“§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de


segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal.”

SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa

SUJEITO PASSIVO preso/med. De segurança

OMISSÃO FRENTE À TORTURA

“§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las
ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.”

Guerreiro, o art. 5º, XLIII, CF, preceitua que também deverá responder por crime de
tortura aquele que, podendo evitá-la, tiver se omitido. (Mirabete, 1997, p. 477)

Aqui, a lei pune com detenção de um a quatro anos — pena bem mais branda que a forma
principal —, tanto quem concorre para a prática de tortura, mediante omissão, como
quem deixa de investigar sua ocorrência.

VAI CAIR: O crime de tortura só se configura com o emprego de violência?

NÃO! Violência ou com grave ameaça.

VAI CAIR: O diferencia a tortura do abuso de autoridade?

É o sofrimento físico ou mental causado na vítima que não existe no abuso de autoridade.
Mas lembra que pode sim, no mesmo contexto fático, existir a tortura e o abuso de
autoridade.

VAI CAIR: O delito de tortura necessariamente absorve o abuso?

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Não. O delito de tortura não absorve o abuso. Tortura-confissão, persecutória ou prova é
um crime que pode ser cometido por qualquer pessoa. Trata-se, portanto, de um crime
comum. Não é um crime próprio. Crime Próprio é aquele que exige uma especial qualidade
do agente, enquanto o Crime Comum é aquele que qualquer pessoa pode praticar.

QUANTO AO RESULTADO é o sofrimento, seja físico ou mental, não


é a eventual lesão corporal. Lembra que o crime de tortura só existe no modo do DOLO,
tem que ter intenção, finalidade ou motivo (não é necessário que o escopo do torturador
se concretize).

3. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

“A consumação do crime de tortura ocorre no momento em que se dá o


sofrimento físico ou mental, independentemente da ocorrência do objetivo do agente. É
possível a tentativa, já que se trata de crime plurissubsistente”. (Coimbra, 2002, p. 179)

FORMA QUALIFICADA:

“§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de


quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.”

As formas qualificadas pelo resultado lesão corporal grave ou morte configuram crimes
preterdolosos.

Assim, para que haja tal delito, o resultado não pode ter sido causado dolosamente. Ou
seja, se houve dolo (direto ou eventual) no resultado morte, haverá crime de homicídio.

CAUSA DE AUMENTO DE PENA

“§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente


ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

III - se o crime é cometido mediante sequestro”.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

“§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição


para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.”

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Trata-se de efeito automático da condenação, que independe de expressa declaração na
sentença, (Mirabete, 1997, p. 480) de motivação ou da duração da pena (Silva Franco,
1997, p. 67). Não cabe ao juiz decidir se aplica ou não o efeito da condenação, mas lhe
cumpre apenas decretar a perda do cargo ou função. (Coimbra, 2002, p. 196) Está sujeito
a tal efeito quem for condenado por qualquer uma das figuras típicas (art. 1 o, I e II, §
1o e § 2o).

Além da perda do cargo, em razão da “interdição”, o condenado não poderá ingressar ou


retornar ao serviço público, por concurso, nomeação ou eleição, no prazo equivalente ao
dobro da condenação.

FIANÇA, GRAÇA OU ANISTIA

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado.

LEI SECA PARA LEITURA: indico que aqui você faça suas
próprias marcações e anotações.

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

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§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental,
por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
anos; '(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime
fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

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3. HORA DE PRATICAR

1. Analise as afirmativas abaixo com fundamento na Lei nº 9.455, de 7 de abril


de 1977, que define os crimes de tortura e dá outras providências.
1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um terço se o crime
é cometido mediante sequestro.
2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de reclusão de oito a
doze anos.
3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
B) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
C) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
D) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
E) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

2. No que diz respeito aos crimes tipificados na Lei de Tortura, assinale a opção
correta.
A) Constitui crime de tortura constranger alguém, com emprego de violência ou grave
ameaça, mediante a imposição de sofrimento físico ou mental, com o fim de obter
informação.
B) Constitui infração civil e não crime a omissão frente à prática do delito de tortura,
ainda que aquele que se omite tenha o dever de evitar ou apurar o fato delituoso.
C) Os dispositivos da Lei de Tortura aplicam-se somente a delitos ocorridos no território
brasileiro.
D) O fato de o agente do crime de tortura ser servidor público não constitui causa de
aumento de pena legalmente prevista.

3. O respeito à integridade física do preso é uma preocupação de diversos


documentos jurídicos nacionais e internacionais, destacando, por exemplo, “As
Regras Mínimas da ONU para o tratamento de pessoas presas” e o “Programa
Nacional de Direitos Humanos” (Decreto nº 7.037/09). Tendo por base esses
documentos jurídicos, o Código Penal e o disposto na Lei nº 9.455/97, imagine
a seguinte situação hipotética: Durante procedimento de rotina realizado em um
dos presídios do Estado de Roraima, os agentes penitenciários José e Paulo

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flagraram o detento João sendo agredido pelo seu companheiro de cela de nome
Afonso. Diante da situação, os agentes penitenciários foram em direção aos
detentos e conseguiram imobilizar Afonso, salvando João, que estava
gravemente ferido e foi encaminhado para a ala médica. Inconformados com a
atitude de Afonso, a fim de castigá-lo, José e Paulo levaram o detento para uma
das salas do estabelecimento prisional. Em seguida, enquanto José vigiava o
ambiente para evitar a aproximação de outros servidores, Paulo agrediu Afonso
com diversos socos e chutes, causando-lhe intenso sofrimento físico. Quando se
sentiram satisfeitos com o castigo pessoal aplicado, os agentes penitenciários
levaram Afonso para o setor hospitalar do estabelecimento prisional. Diante
dessa situação hipotética, no tocante à aplicação do direito penal, é correto
afirmar que
A) os agentes penitenciários José e Paulo não deverão responder penalmente pelo castigo
aplicado ao detento Afonso, pois agiram em legítima defesa de terceiro
B) o agente penitenciário Paulo deverá responder penalmente pelo crime de tortura
praticado contra o detento Afonso, enquanto o agente penitenciário José responderá
apenas por omissão de socorro.
C) os agentes penitenciários José e Paulo deverão responder penalmente pelo crime de
tortura praticado contra o detento Afonso.
D) os agentes penitenciários José e Paulo não deverão responder penalmente por terem
castigado o detento Afonso, pois a emoção exclui a imputabilidade penal.
E) os agentes penitenciários José e Paulo não deverão responder penalmente pelas
agressões praticadas contra o detento Afonso, pois agiram em estado de necessidade de
terceiro.

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5. GABARITO

1º C
2º A
3º C

“Não importa o quão devagar você vá,


desde que você não pare.”

MATERIAL AUTORAL ESCRITO POR CÍNTIA VERAS CANTO.2023.

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