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SUMÁRIO
CRIMES CONTRA A VIDA................................................................................ 2
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .............................................................. 33
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................... 68
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO .................................................................... 105
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CRIMES CONTRA A VIDA
Os crimes contra a pessoa estão previstos no Título I da Parte
Especial do CP e podem ser divididos em seis grandes grupos:
• Crimes contra a vida;
• Lesões corporais;
• Periclitação da vida e saúde;
• Da Rixa;
• Crimes contra a honra;
• Crimes contra a Liberdade Individual
Vamos estudar cada um destes subgrupos de crimes contra a
pessoa isoladamente.
*Dos crimes contra a vida
Os crimes contra a vida são aqueles nos quais o bem jurídico
tutelado é a vida humana. A vida é o bem jurídico mais importante
do ser humano. Não é à toa que os crimes contra a vida são os
primeiros crimes da parte especial do CP.
A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida
intrauterina quanto a vida extrauterina, de forma que não só a
vida de quem já nasceu é tutelada, mas também será tutelada a
vida daqueles que ainda estão no ventre materno (nascituros).
Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA (De
quem já nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da
tutela da vida INTRAUTERINA (Dos nascituros).
VAMOS LÁ;
Homicídio
O art. 121 do CP diz:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena ‐ reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de
pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
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§ 2° Se o homicídio é cometido:
I‐mediante paga ou promessa de recompensa ,ou por outro
motivo torpe;
II ‐ por motivo fútil;
III ‐ com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
IV ‐ à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
ofendido;
V ‐ para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
ou vantagem de outro crime:
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI ‐ contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei
nº 13.142, de 2015)
Pena ‐ reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2º‐A Considera‐se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
I ‐ violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
II ‐ menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena ‐ detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
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político, estaremos diante de um crime previsto na Lei de
Segurança Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89).
O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) é TIRAR A
VIDA DE ALGUÉM. Mas para isso, precisamos saber quando se
inicia a vida humana.
A vida humana se inicia com o início do parto. Para a maioria da
Doutrina, o início do parto (que gera início da vida) se dá com o
início do processo de parto, no qual o feto passa a ter contato
com a vida extrauterina.
Não há necessidade de que o feto seja viável , bastando que fique
provado que nasceu com vida, basta isso!
Assim, se for tirada a vida de alguém que ainda não nasceu
(ainda não há vida extrauterina, não há homicídio, podendo
haver aborto).
Semelhantemente, se o fato for praticado contra quem já não tem
mais vida (cadáver), estaremos diante de UM CRIME IMPOSSÍVEL
(Por absoluta impropriedade do objeto).
O homicídio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de
fogo, facada, pancadas, etc.), podendo ser praticado de forma
comissiva (ação) ou omissiva (omissão). Como assim? Isso mesmo,
pode ser que alguém responda por homicídio sem ter agido, mas
tendo se omitido.
EXEMPLO: Mãe que, mesmo sabendo que o padrasto irá matar
seu filho, nada faz para impedi‐lo, ainda que pudesse agir para
evitar o crime sem prejuízo de sua integridade física. Neste caso,
se o padrasto vem a praticar o homicídio, e ficar provado que a
mãe sabia e nada fez para impedir, ela responderá por
HOMICÍDIO DOLOSO (mesmo sem ter praticado qualquer ato!), na
qualidade de crime omissivo IMPRÓPRIO (recomendo a leitura do
art. 13, §2o do CP).
CUIDADO! O homicídio pode ser praticado, ainda, por meios
psicológicos, não sendo obrigatório o uso de meios materiais.
EXEMPLO: Imagine que a filha, desejosa de ver sua mãe morta, a
fim de herdar seu patrimônio, e sabendo que a mãe possui
problemas cardíacos, simula uma situação de sequestro de seu
irmão caçula. A mãe, ao receber a ligação, tem um infarto do
miocárdio, fulminante, vindo a óbito. Nesse caso, a conduta
dolosa e planejada da filha pode ser considerada homicídio, pois
o meio foi hábil para alcançar o resultado pretendido.
O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo qualquer
finalidade específica de agir (dolo específico). Pode ser dolo direto
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ou dolo indireto (eventual ou alternativo).
O crime se consuma quando a vítima vem a falecer, sendo,
portanto, um crime material. Como o delito pode ser fracionado
em vários atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de
tentativa, desde que, iniciada a execução, o crime não se consume
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
O homicídio simples, ainda quando praticado por apenas uma
pessoa MAS EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO É
CRIME HEDIONDO (art. 1º, I da Lei 8.072/90).
B) Homicídio privilegiado (§1°) 62930902337
O Homicídio privilegiado possui as mesmas características do
homicídio simples, com a peculiaridade de que a motivação do
crime, neste caso, é NOBRE. Ou seja, o crime é praticado em
circunstâncias nas quais a Lei entende que a conduta do agente
NÃO É TÃO GRAVE. Pode ocorrer em três situações:
• Motivo de relevante valor social – Por exemplo, matar o
estuprador do bairro.
• Motivo de relevante valor MORAL – Por exemplo, matar por
compaixão (eutanásia).
• Sob o domínio de violenta emoção, LOGO APÓS injusta
provocação da vítima – Agente pratica o crime movido por um
sentimento de violenta raiva, imediatamente após a criação
desse sentimento pela própria vítima. Ex.: Imagine que o
marido mate a própria esposa após ela o ter xingado,
afirmando que ele era um frouxo e fracassado, e que ela já teria
dormido com toda a vizinhança. Nesse caso, se o marido agir de
supetão, dando‐lhe um tiro, por exemplo, HÁ CRIME DE
HOMICÍDIO, mas em razão da provocação da vítima (injusta)
que criou a violenta emoção no infrator, o crime é privilegiado.
Mas quais as consequências do crime privilegiado? A pena, nesse
caso, é diminuída de 1/6 a 1/3.
CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a
circunstância pessoal (violenta emoção) não se comunica entre os
agentes, respondendo por homicídio simples aquele que não
estava sob violenta emoção.
C) Homicídio qualificado
O homicídio qualificado é aquele para o qual se prevê uma pena
mais grave (12 a 30 anos), em razão da maior reprovabilidade da
conduta do agente. O homicídio será qualificado quando for
praticado:
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Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO
TORPE – Aqui se pune mais severamente o homicídio praticado
por motivo torpe, que é aquela motivação repugnante, abjeta,
dando‐se, como exemplo, a realização do crime mediante paga ou
promessa de recompensa. Trata‐se do mercenário. Na modalidade
de “paga”, o pagamento acontece antes. Na modalidade
“promessa de recompensa”, o pagamento deverá ocorrer depois
do crime, mas a sua efetiva concretização (do pagamento) é
IRRELEVANTE. Aqui há o chamado concurso necessário, pois é
imprescindível que pelo menos duas pessoas participem (quem
paga ou promete e quem executa).
OBS: Os Tribunais entendem que TANTO O MANDANTE QUANTO
O EXECUTOR RESPONDEM PELA MODALIDADE QUALIFICADA.
A Doutrina diverge sobre a natureza da “recompensa”, mas
prevalece o entendimento de que deva ter natureza econômica,
embora a recompensa de outra natureza também possa ser
enquadrada como “outro motivo torpe” (Há interpretação
ANALÓGICA aqui). A “vingança” pode ou não ser considerada
motivo torpe, isso depende do caso concreto (posição dos
Tribunais).
Por motivo fútil – Aqui temos o motivo banal, aquele no qual o
agente retira a vida de alguém por um motivo bobo, ridículo, ou
seja, há uma desproporção gigante entre o motivo do crime e o
bem lesado (vida). MOTIVO INJUSTO É DIFERENTE DE MOTIVO
FÚTIL. O motivo injusto é inerente ao homicídio (se fosse justo,
não seria crime). A Doutrina majoritária entende que o crime
praticado “SEM MOTIVO ALGUM” (ausência de motivo) também é
qualificado. O STJ, entretanto, vem firmando entendimento no
sentido contrário, ou seja, de que seria homicídio simples.
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
comum – Aqui temos mais uma hipótese de INTERPRETAÇÃO
ANALÓGICA, pois o legislador dá uma série de exemplos e no final
abre a possibilidade para que outras condutas semelhantes sejam
punidas da mesma forma. Temos aqui, não uma qualificadora
decorrente dos MOTIVOS DO CRIME, mas uma qualificadora
decorrente dos MEIOS UTILIZADOS para a prática do delito. A
Doutrina entende que a qualificadora do “emprego de veneno”
só incide se a vítima NÃO SABE QUE ESTÁ INGERINDO O VENENO
Se a vítima NÃO souber, o crime poderá ser qualificado pelo
meio cruel.
OBS: A utilização de tortura como MEIO para se praticar o
homicídio, qualifica o crime. Entretanto, se o agente pretende
TORTURAR (esse é o objetivo), mas se excede (culposamente) e
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acaba matando a vítima, NÃO HÁ HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA
TORTURA, mas TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO
MORTE (art. 1°, §3° da Lei 9.455/97).
À traição, de emboscada, ou qualquer outro meio que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido – Nesse caso, o crime é
qualificado em razão, também, DO MEIO UTILIZADO ,pois ele
dificulta a defesa da vítima.
OBS: A idade da vítima (idoso ou criança, por exemplo), NÃO É
MEIO PROCURADO PELO AGENTE, LOGO não qualifica o crime,
embora, no caso concreto, torne mais difícil a defesa, em alguns
casos.
Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime – Aqui há o que chamamos de conexão
instrumental, ou seja, o agente pratica o homicídio para assegurar
alguma vantagem referente a outro crime, que pode consistir na
execução do outro crime, na ocultação do outro crime, na
impunidade do outro crime ou na vantagem do outro crime. A
conexão instrumental pode ser TELEOLÓGICA (assegurar a
execução FUTURA de outro crime) OU CONSEQUENCIAL
(assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem do outro
crime, que JÁ OCORREU). O “outro crime” NÃO PRECISA SER
PRATICADO OU TER SIDO PRATICADO PELO AGENTE, pode ter
sido praticado por outra pessoa.
FEMINICÍDIO – Aqui teremos um homicídio qualificado em razão
de ter sido praticado contra mulher, em situação denominada de
“violência de gênero”. Não basta, assim, que a vítima seja mulher,
deve ficar caracterizada a violência de gênero. Mas como se
caracteriza a violência de gênero? O §2o‐A do art. 121, também
incluído pela Lei 13.104/2015, estabelece que será considerada
violência de gênero quando o crime envolver violência doméstica
e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher.
CONTRA AGENTES DE SEGURANÇA E DAS FORÇAS ARMADAS – O
homicídio também será considerado “qualificado” quando for
praticado contra integrantes das Forças Armadas (Marinha,
Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícias
federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e corpo
de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes
penitenciários) e integrantes da Força Nacional de Segurança.
Contudo, não basta que o homicídio seja praticado contra alguma
destas pessoas para que seja qualificado, é necessário que o crime
tenha sido praticado em razão da função exercida pelo agente. Se
o crime não tem qualquer relação com a função pública exercida,
não se aplica esta qualificadora!
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Resulta de inobservância de regra técnica ou profissão, arte ou
ofício
Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima
Não procura diminuir as consequências de seu ato
Foge para evitar prisão em flagrante
No homicídio doloso:
Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou
maior de 60 anos (aumento de 1/3)
Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio
(aumento de 1/3 até a metade)
Se o crime, no caso de FEMINICÍDIO, for praticado:
a) durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
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parto;
b) contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos ou com deficiência;
c) na presença de descendente ou de ascendente da vítima
(aumento de 1/3 até a metade).
Perdão Judicial
§ 5º ‐ Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº
6.416, de 24.5.1977)
Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator
(Não confundir perdão judicial com perdão do ofendido), por
entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado
“perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de
homicídio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém
querido.
§ 5º ‐ Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº
6.416, de 24.5.1977)
Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará
extinta a punibilidade. Além disso, o art. 120 do CP diz que se
houver o perdão judicial, esta sentença que concede o perdão
judicial não é considerada para fins de reincidência.
O perdão judicial, diferentemente do perdão do ofendido, não
precisa ser aceito pelo infrator para produzir seus efeitos. A
sentença que concede o perdão judicial é declaratória da extinção
da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório
(Conforme súmula n° 18 do STJ).
Instigação ou auxílio ao suicídio
Este crime está previsto no art. 122 do CP. Vejamos:
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar‐se ou a
praticar automutilação ou prestar‐lhe auxílio material para
que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena ‐ reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos
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dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019)
Pena ‐ reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei
nº 13.968, de 2019)
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei
nº 13.968, de 2019)
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de
2019)
I ‐ se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou
fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II ‐ se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019)
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
realizada por meio da rede de computadores, de rede social
ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968,
de 2019)
§ 5º Aumenta‐se a pena em metade se o agente é líder ou
coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei
nº 13.968, de 2019)
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em
lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra
menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste
Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem
o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do
art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
O suicídio é a eliminação direta e voluntária da própria vida. O
suicídio não é crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro
que auxilia outra pessoa a se matar (material ou moralmente) é
crime. Ademais, o legislador também passou a considerar crime a
conduta do terceiro de participar da automutilação de outrem.
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responder pelo mesmo crime). Assim, este crime é um crime DE
MÃO PRÓPRIA.
O sujeito passivo é o feto (nascituro). Como se vê, pode ser
praticado de duas formas distintas:
• Gestante pratica o aborto em si própria
• Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto nela.
O crime só é punido na forma dolosa. Se o aborto é culposo, a
gestante não comete crime (Ex.: Gestante pratica esportes
radicais, vindo a se acidentar e causar a morte do filho).
O crime se consuma com a morte do feto, é claro. A tentativa é
plenamente possível.
Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante
Nesse crime o terceiro pratica o aborto na gestante, sem que
esta concorde com a conduta. Vejamos o que diz o art. 125:
Art. 125 ‐ Provocar aborto, sem o consentimento da
gestante: Pena ‐ reclusão, de três a dez anos.
A conduta aqui é bem simples, não havendo muitas observações a
se fazer.
Não é necessário que se trate de um médico, podendo ser
praticado por qualquer pessoa (CRIME COMUM). O sujeito
passivo, aqui, como em todos os outros delitos de aborto, é o feto.
Entretanto, nesse crime específico também será vítima (sujeito
passivo) a gestante.
Embora o crime ocorra quando não houver o consentimento da
gestante, também ocorrerá o crime quando o consentimento for
prestado por quem não possua condições de prestá‐lo (menor de
14 anos, ou alienada mental), ou se o parte do agente (infrator).
consentimento é obtido mediante fraude por O crime se consuma
com a morte do feto, sendo plenamente possível a tentativa.
Se o agente pretende matar a mãe, sabendo que está grávida, e
ambos os resultados ocorrem, responderá por ambos os crimes
(homicídio e aborto) em concurso.
Aborto praticado com o consentimento da gestante
Art. 126 ‐ Provocar aborto com o consentimento da
gestante:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica‐se a pena do artigo anterior, se a
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I ‐ se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II ‐ se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal.
Não se exige que haja sentença reconhecendo o estupro; basta
que haja, ao menos, boletim de ocorrência registrado na
Delegacia.
Obs: Ação Penal
TODOS os crimes contra VIDA são de ação PENAL PÚBLICA
INCONDICIONADA.
Das lesões corporais
As lesões corporais podem ser definidas como quaisquer danos
provocados no sistema de funcionalidade normal do corpo
humano.
O crime de lesões corporais está previsto no art. 129 do CP, e
possui diversas variantes, que estão previstas nos seus §§:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I ‐ Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
trinta dias;
II ‐ perigo de vida;
III ‐ debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV ‐ aceleração de parto:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I ‐ Incapacidade permanente para o trabalho;
II ‐ enfermidade incurável;
III ‐ perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV ‐ deformidade permanente;
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V ‐ aborto:
Pena ‐ reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de
produzí‐lo:
Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos
mil réis a dois contos de réis:
I ‐ se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II ‐ se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena
‐ detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7° No caso de lesão culposa, aumenta‐se a pena de um
terço, se ocorre qualquer das hipóteses do art. 121, § 4°.
§ 7º ‐ Aumenta‐se a pena de um terço, se ocorrer qualquer
das hipóteses do art. 121, § 4º. (Redação dada pela Lei nº
8.069, de 1990)
§ 8º ‐ Aplica‐se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo‐
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena ‐ detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação
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dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as
circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
aumenta‐se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº
10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será
aumentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº
11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015).
A lesão corporal é um crime que pode ser praticado por qualquer
sujeito ativo, também podendo ser qualquer pessoa o sujeito
passivo. Em alguns casos, no entanto, somente pode ser sujeito
passivo a mulher grávida (art. 129, §§1°, IV e 2°, V).
Trata‐se de crime que pode ser praticado de diversas maneiras,
pancadas, perfurações, cortes, etc.
O bem jurídico tutelado é a incolumidade física da pessoa
(integridade física).
A autolesão não é crime (causar lesões corporais em si mesmo),
por ausência de lesividade a bem jurídico de terceiro.
A lesão corporal pode ser classificada como:
* Simples (caput)
* Qualificada (§§ 1°, 2° e 3°)
* Privilegiada (§§ 4° e 5°)
* Culposa (§ 6°)
A lesão corporal simples é a prevista no art. 129, caput, e ocorrerá
sempre que não resultar em lesões de natureza mais grave ou
morte.
A lesão qualificada pode se dar pela ocorrência de resultado grave
(lesões graves) ou em decorrência do resultado morte (Lesão
corporal seguida de morte).
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O CP trata ambas como lesões graves, mas em razão da pena
diferenciada para cada uma delas, a Doutrina chama as primeiras
de LESÕES GRAVES e as segundas de LESÕES GRAVÍSSIMAS.
A lesão corporal seguida de morte é um crime qualificado pelo
resultado, mais especificamente, um crime PRETERDOLOSO (dolo
na conduta inicial e culpa na ocorrência do resultado) pois o
agente começa praticando dolosamente um crime (lesão corporal)
e acaba por cometer, culposamente, outro crime mais grave
(homicídio). Nesse caso, temos a lesão corporal seguida de morte,
prevista no §3° do art. 129, à qual se prevê pena de 04 A 12 ANOS.
Há, ainda, a figura da lesão corporal privilegiada, que ocorre em
duas situações:
• Agente comete o crime movido por relevante valor moral ou
social, ou movido por violenta emoção, logo em seguida à
injusta provocação da vítima – A pena é diminuída de 1/6 a 1/3
(aplicam‐se as mesmas considerações acerca do homicídio
privilegiado).
• Não sendo graves as lesões:
a) Ocorrer a situação anterior; ou
b) se tratar de lesões recíprocas entre infrator e ofendido
A lesão corporal na modalidade culposa está prevista no §6° do
art. 129, e é praticada quando há violação a um dever objetivo de
cuidado (negligência, imprudência ou imperícia). Lembrando que o
crime de lesões corporais culposas em direção de veículo
automotor é crime especial, previsto no CTB, logo, não se aplica
o CP nesse caso.
É possível, ainda, que havendo lesão corporal
culposa, o Juiz conceda o perdão judicial ao infrator, conforme
também ocorre no homicídio culposo, quando as consequências
do crime atingirem o infrator de tal forma que a pena se torne
desnecessária.
Finalizando o crime de lesões corporais o CP tra da violência
doméstica. A violência doméstica é aquela praticada em face de
ascendente, descendente, irmão, cônjuge, companheiro, pessoa
com quem conviva, OU TENHA CONVIVIDO, ou, ainda, quando o
agente se prevalece de relações domésticas de convivência ou
hospitalidade.
Em casos como este, a pena é de 03 meses a 03 anos. Além disso:
• SE O CRIME FOR QUALIFICADO (LESÕES GRAVES,
GRAVÍSSIMAS OU MORTE) – A PENA É AUMENTADA DE 1/3.
• SE A VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, NO CASO DO §9°, É
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PORTADORA DE DEFICIÊNCIA (FÍSICA OU MENTAL) – A PENA É
AUMENTADA DE 1/3.
Em caso de violência doméstica, só se aplicam as disposições
específicas se a lesão for dolosa. Se a lesão for culposa, a regra é a
mesma das lesões comuns (não domésticas).
OBS: No crime de violência doméstica, é possível o
enquadramento, por exemplo, da Babá, que se prevalece da
convivência com a criança para agredi‐la.
OBS: Nos crimes de lesão corporal, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA
INCONDICIONADA.
No entanto, em caso de LESÃO LEVE OU LESÃO CORPORAL
CULPOSA, A AÇÃO SERÁ PÚBLICA CONDICIONADA À
REPRESENTAÇÃO (art. 88 da Lei 9.099/95).
CUIDADO: A Lei 12.720/12 alterou a redação do §7º do art. 129
do CP, de forma a estabelecer uma causa de aumento de pena
(em 1/3) no caso de o crime de lesão corporal, em sendo culposa,
resultar de inobservância de regra técnica da profissão ou no caso
de o agente não prestar socorro ou fugir. Incidirá a mesma causa
de aumento de pena no caso de, em sendo lesão dolosa, o crime
for praticado:
a) Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos;
b) Por milícia privada ou grupo de extermínio.
ATENÇÃO:A Lei 13.142/15 incluiu o §12 no art. 129 do CP,
trazendo uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A pena será
aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de lesões corporais for
praticado contra integrantes das Forças Armadas (Marinha,
Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícias
federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e corpo
de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes
penitenciários) e integrantes da Força Nacional de Segurança.
Contudo, não basta que o crime seja praticado contra alguma
destas pessoas para a causa de aumento de pena seja aplicada, é
necessário que o crime tenha sido praticado em razão da função
exercida pelo agente. Se o crime não tem qualquer relação com a
função pública exercida, não se aplica esta causa de aumento de
pena!
Além dos próprios agentes, o §12 relaciona também os parentes
destes funcionários públicos (cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau). Assim, o crime de lesões
corporais praticado contra qualquer destas pessoas, desde que
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mediante portaria do Ministério da Saúde.
É IRRELEVANTE SE A OUTRA PESSOA CONCORDA!
A Doutrina entende que ela não pode dispor de sua saúde, sendo,
portanto, irrelevante a anuência da vítima (CONTROVERTIDO
ISTO).
A efetiva contaminação é irrelevante para a consumação do delito,
que se dá com a mera ocorrência da relação, que é o ato que gera
a exposição a perigo. A tentativa é possível, pois o crime é
plurissubsistente. O elemento subjetivo exigido é o dolo (direto ou
eventual). Não se exige o dolo de QUERER CONTAMINAR (dolo
específico), mas apenas o dolo de querer MANTER RELAÇÕES
SEXUAIS, pouco importando se o agente quer ou não contaminar
o parceiro. Não se admite na forma culposa.
Embora não se exija um dolo específico do agente, caso o infrator
possua intenção de efetivamente contaminar a vítima, incidirá a
qualificadora do §1° (pena mais grave).
A ação penal neste crime é PÚBLICA CONDICIONADA À
REPRESENTAÇÃO.
OBS: A transmissão do vírus da AIDS não caracteriza este delito.
Segundo a doutrina majoritária, tal conduta poderá caracterizar
perigo de contágio de moléstia grave, lesão corporal grave ou
homicídio, a depender do dolo do agente e do resultado obtido
(há FORTE divergência doutrinária). CUNHA, Rogério Sanches. Op.
Cit., p. 122.
Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131 ‐ Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
produzir o contágio:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
O bem jurídico tutelado aqui também é a saúde da pessoa,
entendendo alguns autores que a vida também é tutelada nesse
tipo penal.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que contaminada
com moléstia grave (crime PRÓPRIO). Essa é a posição
predominante. Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa QUE
NÃO ESTEJA CONTAMINADA PELA MESMA MOLÉSTIA.
O elemento subjetivo aqui exigido é o dolo, mas exige‐se, ainda, o
chamado, que consiste numa vontade além da mera vontade de
praticar o ato que expõe a perigo. Aqui o CP exige que o agente
QUEIRA TRANSMITIR A DOENÇA. Havendo necessidade de que o
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praticar o ato que gera o perigo). Não se admite na forma culposa.
Se o agente pratica o ato como meio para obter um resultado
mais grave (tentativa de homicídio, por exemplo), responde pelo
crime mais grave (Trata‐se, aqui, de um crime subsidiário,
conforme podemos ver da redação do art., que fala “se o fato não
constitui crime mais grave”).
O crime se consuma com a mera exposição da vítima ao RISCO DE
DANO (perigo). Caso o resultado ocorra, duas hipóteses podem
ocorrer:
• O resultado gera um delito mais grave – Responde pelo delito
mais grave.
• O resultado é menos grave do que o crime de exposição a
perigo – Responde pelo crime de exposição a perigo.
Na forma comissiva (mediante uma ação), o crime é
plurissubsistente (pode ser fracionado em vários atos), admitindo,
portanto, a tentativa.
O crime possui, ainda, uma causa de aumento de pena, prevista
no § único, que incidirá sempre que o crime ocorrer em
decorrência de transporte irregular de pessoas para prestação de
serviços em estabelecimentos.
EXEMPLO: Transporte de “boias‐frias” na caçamba do caminhão,
sem qualquer proteção.
Abandono de incapaz
Art. 133 ‐ Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
incapaz de defender‐se dos riscos resultantes do abandono:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º ‐ Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
grave: Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º ‐ Se resulta a morte:
Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º ‐ As penas cominadas neste artigo aumentam‐se de
um terço:
I ‐ se o abandono ocorre em lugar ermo;
II ‐ se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima.
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III ‐ se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela
Lei nº 10.741, de 2003)
A conduta punida aqui é a de deixar ao relento pessoa incapaz que
esteja sob a guarda do agente, de forma a proteger a vida e a
integridade daquele que não tem meio de se proteger.
O crime é PRÓPRIO, pois se exige que o sujeito ativo tenha uma
qualidade especial: Ter o dever de guarda e vigilância da pessoa
abandonada.
A condição de “incapaz” não é a mesma que se tem no direito
civil. Incapaz, para os fins deste delito é qualquer pessoa que não
tenha condições de se proteger sozinha, seja ela incapaz
civilmente ou não.
O elemento subjetivo é o dolo, consistente na intenção de
abandonar o incapaz, causando perigo a ele, ainda que não se
pretenda que com ele aconteça qualquer coisa. Não se admite na
forma culposa.
Caso o agente tenha dolo de produzir algum dano (abandonou o
incapaz para que lhe ocorresse algo de ruim, como a morte),
responderá pelo crime na modalidade tentada (caso o resultado
não ocorra) ou consumada, caso o resultado ocorra.
A consumação do delito se dá com o mero ato de abandonar o
incapaz, sendo indiferente, para a consumação do delito, a
ocorrência de algum dano.
No entanto, caso ocorram lesões graves, ou morte, as penas serão
diferentes, conforme previsão dos §§ 1° e 2° do CP (Formas
qualificadas pelo resultado).
Poderá, ainda, haver uma causa de aumento de pena (de 1/3),
caso:
• O abandono ocorra em local ermo (deserto)
• O agente for ascendente (pai, mãe), descendente (filho, neto),
irmão, cônjuge, tutor ou curador da vítima, se a vítima possuir
mais de 60 anos
Exposição ou abandono de recém‐nascido
Omissão de socorro
Nos termos do art. 135 do CP:
Art. 135 ‐ Deixar de prestar assistência, quando possível
fazê‐lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
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ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos,
o socorro da autoridade pública:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único ‐ A pena é aumentada de metade, se da
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.
Aqui o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (CRIME COMUM),
podendo ser qualquer pessoa, também, o sujeito passivo, desde
que se enquadre numa das situações previstas no tipo penal. Não
há necessidade de que haja nenhum vínculo específico entre os
sujeitos.
A conduta somente pode ser praticada na forma omissiva (Crime
omissivo puro).
Com relação ao CONCURSO DE AGENTES, a Doutrina se divide:
1 – Parte entende que NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE COAUTORIA
OU PARTICIPAÇÃO (Concurso de agentes), pois TODAS AS
PESSOAS PRATICAM O NÚCLEO DO TIPO, DE MANEIRA
AUTÔNOMA.
2 – Outra parte da Doutrina entende que é possível tanto a
coautoria quanto a participação, quando, por exemplo, duas
pessoas combinam de não socorrer a vítima, de forma que
poderia haver concurso de pessoas, na modalidade de coautoria,
mas é minoritário.
3 – A Doutrina ligeiramente majoritária entende que é possível
PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA.
A Doutrina exige, ainda, que o sujeito ativo esteja PRESENTE na
situação de perigo, ou seja, que esteja presenciando a situação em
que a vítima se encontra e deixe de prestar socorro, QUANDO
PODIA FAZER ISTO SEM CRIAR RISCO PARA SI. Assim, se o agente
apenas sabe que outra pessoa está em risco, mas não se move até
o lugar para salvá‐la, não há crime de omissão de socorro (Só
egoísmo mesmo, rs.).
Além disso, aquele que causou a situação de perigo de dano, NÃO
RESPONDE PELO CRIME, pois seria um absurdo punir alguém por
criar uma situação e por não socorrer a vítima.
EXEMPLO: Imagine que A esfaqueie B, com vontade de matar, e o
veja agonizando, mas nada faça para salvá‐lo. Nesse caso, A
responderá apenas pelo homicídio (consumado ou tentado), mas
não pela omissão de socorro.
O agente pode praticar a conduta de duas formas:
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• Deixando de prestar o socorro imediato à pessoa
• Caso não possa fazê‐lo, deixando de comunicar à autoridade
pública para que proceda ao socorro da pessoa
O AGENTE NÃO PODE ESCOLHER! Se ele tem condições de prestar
o socorro, deve prestá‐lo, não podendo escolher por chamar o
socorro da autoridade pública.
O elemento subjetivo é o dolo (que pode ser direto ou eventual),
não se admitindo na forma culposa.
O crime se consuma quando o agente efetivamente se omite na
prestação do socorro e, sendo um crime omissivo próprio, não
admite tentativa.
A Doutrina entende que no caso de “criança abandonada ou
extraviada”, o perigo é presumido (perigo concreto), devendo ser
provada, nos demais casos, a efetiva exposição, da pessoa não
socorrida, a perigo.
O § único traz uma causa de aumento de pena, que estabelece o
aumento da pena em METADE, caso ocorra lesões graves na
pessoa que não foi socorrida, ou, no caso de sobrevir a morte da
pessoa não socorrida, a pena será TRIPLICADA.
A Doutrina exige que se comprove que o socorro (não prestado
pelo agente) tivesse o condão de evitar estes resultados para que
se apliquem as causas de aumento de pena.
A omissão de socorro nos acidentes de trânsito (caso o agente
esteja envolvido no acidente) é regulada pelo CTB. Caso o agente
não tenha se envolvido no acidente, tendo apenas presenciado
pessoa que necessitava de ajuda por ter se envolvido em
acidente de trânsito, responde pelo art. 135 do CP.
EXEMPLO: José se envolve num acidente de trânsito com Juliana.
Juliana fica em situação crítica, mas José, que saiu bem, se omite
no socorro. Marcelo, que passava pelo local, também se omite.
Nesse caso, José responde pelo delito previsto no CTB e Marcelo
pelo delito do art. 135 do CP.
A omissão de socorro à pessoa idosa é crime específico previsto
no Estatuto do Idoso.
A Lei 12.653/12 trouxe uma modalidade “especial” de omissão
de socorro, que é a de condicionamento para atendimento
médico‐hospitalar emergencial, novo tipo penal previsto no art.
135‐A do CP:
Condicionamento de atendimento médico‐hospitalar
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
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Ação penal
Nos crimes de Periclitação da vida e saúde, somente o crime de
perigo de contágio de doença VENÉREA é crime de ação penal
CONDICIONADA à representação. TODOS OS DEMAIS SÃO
CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
Da rixa
O capítulo IV do Título I do CP pune apenas o crime de rixa, que
pode ser conceituado como a briga, contenda, entre MAIS DE
DUAS PESSOAS, cada um agindo por conta própria, na qual há
prática de vias‐ de‐fato ou violência recíproca. Aqui, o CP visa a
evitar que o delito fique impune, por não se saber quem deu início
à briga (pois se não houvesse o crime de rixa, e não se soubesse
quem deu início às agressões, não seria possível condenar
ninguém).
Está previsto no art. 137 do CP:
Art. 137 ‐ Participar de rixa, salvo para separar os
contendores:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único ‐ Se ocorre morte ou lesão corporal de
natureza grave, aplica‐se, pelo fato da participação na rixa,
a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
O elemento subjetivo, obviamente, é o dolo, não se punindo a
conduta culposa.
Além disso, é plenamente possível o concurso de pessoas. Aliás, o
crime é de CONCURSO NECESSÁRIO, pois necessariamente deve
ser praticado por mais de duas pessoas. A participação pode
ocorrer tanto na forma material (quem empresta um pedaço de
pau, por exemplo) quanto moral (quem incentiva os contendores).
O elemento subjetivo é o dolo de participar da rixa, salvo se entrar
nela para separar os brigões. Não há previsão de modalidade
culposa.
A consumação se dá com o início da rixa, ou com a entrada do
agente na rixa, com a efetiva troca de agressões ou vias‐de‐fato
entre os rixosos. A ocorrência de lesões é mero exaurimento,
irrelevante para a consumação do delito. Por ser crime que se
consuma num único ato (unissubsistente), não há possibilidade de
tentativa.
O § único prevê a forma qualificada, que ocorrerá caso
sobrevenha a ALGUMA PESSOA (que participa ou não da rixa),
lesão grave ou morte. Nesse caso, a pena será de seis meses a dois
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anos.
Entretanto, todos os participantes da rixa respondem pela forma
qualificada ou somente aqueles (ou aquele) que efetivamente
causaram as lesões graves ou morte? É bastante dividido na
Doutrina, existindo várias posições. PREVALECE O
ENTENDIMENTO DE QUE todos os participantes da rixa
respondem na modalidade qualificada.
A ação penal é pública incondicionada.
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Os crimes contra o patrimônio estão previstos nos arts. 155 a 183
do CP.
Estes delitos estão divididos em sete capítulos:
• Do Furto;
• Do Roubo e da Extorsão;
• Da Usurpação;
• Do Dano;
• Da Apropriação Indébita;
• Do Estelionato e outras fraudes;
• Da Receptação
Existe ainda o capítulo VIII, mas este não prevê figuras típico‐
penais, apenas estabelece algumas regrinhas gerais aplicáveis aos
crimes contra o patrimônio.
Vamos estudar os crimes contra o patrimônio dividindo‐os de
acordo com os capítulos do CP, para aperfeiçoarmos o
aprendizado de vocês!
Furto
O bem jurídico tutelado no crime de furto é APENAS o
patrimônio, ou seja, o furto é um crime que lesa apenas um bem
jurídico. Entretanto, a Doutrina é PACÍFICA ao entender que não
se tutela apenas a propriedade, mas qualquer forma de
dominação sobre a coisa (propriedade, posse e detenção
legítimas). Está previsto no art. 155 do CP:
Art. 155 ‐ Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel: Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º ‐ A pena aumenta‐se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno.
§ 2º ‐ Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
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Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º ‐ Somente se procede mediante representação.
§ 2º ‐ Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
O crime aqui é, também, de furto, motivo pelo qual se aplicam as
mesmas considerações relativas ao crime de furto comum.
No entanto, o crime aqui é PRÓPRIO (exige qualidade especial do
infrator), ou seja, somente pode ser cometido pela pessoa que
possua uma daquelas características (seja sócio, condômino, etc.).
O sujeito passivo também só poderá ser alguma daquelas pessoas.
Vejam que a pena é menor que a do furto comum, exatamente
porque a coisa não é de outrem (alheia), mas é comum, ou seja,
também é do infrator.
Vejam, ainda, que se a coisa é FUNGÍVEL, e a subtração não
excede a quota‐parte do infrator, não há crime.
Coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da
mesma espécie, qualidade e quantidade, sem prejuízo algum
(exemplo: dinheiro). EXEMPLO: Imagine que três pessoas são
condôminas de uma parcela em dinheiro no valor de R$
90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para cada). Se um dos
condôminos furtar R$ 30.000,00 não comete crime, pois a coisa é
fungível e o montante não excede à sua cota‐parte do infrator,
não há crime.
Coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da
mesma espécie, qualidade e quantidade, sem prejuízo algum
(exemplo: dinheiro). EXEMPLO: Imagine que três pessoas são
condôminas de uma parcela em dinheiro no valor de R$
90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para cada). Se um dos
condôminos furtar R$ 30.000,00 não comete crime, pois a coisa é
fungível (dinheiro) e o montante não excede à sua cota‐parte.
A ação penal é pública, MAS DEPENDE DE REPRESENTAÇÃO DA
VÍTIMA.
Do roubo e da extorsão
Aqui se tutelam, além do patrimônio, a integridade física, mental e
a vida da vítima, pois as condutas não violam somente o
patrimônio destas, mas colocam em risco, também, estes bens
jurídicos.
Vejamos cada um deles.
Roubo
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Art. 157 ‐ Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
depois de havê‐la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena ‐ reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º ‐ Na mesma pena incorre quem, logo depois de
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta‐se de 1/3 (um terço) até metade:
(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
II ‐ se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III ‐ se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância.
IV ‐ se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V ‐ se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)
VII ‐ se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13964, de
2019)
§ 2º‐A A pena aumenta‐se de 2/3 (dois terços):
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de
arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 3.654, de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo
mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo
que cause perigo comum.(Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
§ 2º‐B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
aplica‐se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
; (Incluído pela Lei nº 13964, de 2019)
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§ 3º Se da violência resulta:(Redação dada pela Lei nº
13.654, de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a
18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta)
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
BEM
O patrimônio e a integridade física e
JURÍDICO
psíquica da vítima.
TUTELADO
SUJEITO Trata‐se de crime comum, podendo ser
ATIVO praticado por qualquer pessoa.
Aquele que teve a coisa subtraída
SUJEITO mediante violência ou grave ameaça, ou
PASSIVO ainda, depois de ter sido reduzida à
impossibilidade de defesa.
A conduta prevista é a de subtrair, PARA SI
OU PARA OUTREM, coisa alheia móvel,
MEDIANTE VIOLÊNCIA, GRAVE AMEAÇA,
OU APÓS REDUZIR A VÍTIMA A UMA
SITUAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE
DEFESA. Com relação à lesão ao
patrimônio, aplicam‐se as mesmas regras
ditas em relação ao furto. Mas, por se
TIPO OBJETIVO tratar de crime complexo, devemos
(conduta) analisar, ainda, sob o aspecto da violência
ou grave ameaça à pessoa. A violência
pode ser própria, quando o agente aplica
força física sobre a vítima, ou imprópria,
quando aplica alguma medida que torna a
vítima indefesa (Boa‐noite‐cinderela, por
exemplo). Aqui entende‐se que não se
aplica o privilégio previsto para o furto e
nem o princípio da insignificância.
TIPO SUBJETIVO
Dolo. Não se admite na forma culposa. O agente deverá possuir o
ânimo, a intenção de SE APODERAR DA COISA furtada, MEDIANTE
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Também se aplica o disposto no §3° do art. 157 (roubo qualificado
pelo resultado), ou seja, ocorrendo lesão grave ou morte, teremos
o crime de EXTORSÃO QUALIFICADA PELO RESULTADO, com as
mesmas penas previstas no §3° do art. 157 do CP.
O §3° do art. 158 representa uma inovação legislativa (realizada
em 2009) que criou a figura do SEQUESTRO RELÂMPAGO. A pena
é mais elevada (seis a doze anos). O crime também será
considerado qualificado (com penas mais severas) no caso de
ocorrência de lesões graves ou morte.
A ação penal no crime de extorsão, em qualquer hipótese, é
PÚBLICA INCONDICIONADA.
O art. 160, por sua vez, cria a figura da EXTORSÃO INDIRETA, que
ocorre quando um credor EXIGE ou RECEBE, do devedor,
DOCUMENTO QUE POSSA DAR CAUSA À INSTAURAÇÃO DE
PROCESSO CRIMINAL CONTRA ELE. Vejamos:
Art. 160 ‐ Exigir ou receber, como garantia de dívida,
abusando da situação de alguém, documento que pode dar
causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra
terceiro:
Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa.
Exige‐se, nesse caso, o dolo específico, consistente na intenção de
exigir ou receber o documento COMO GARANTIA DE DÍVIDA.
Necessário, ainda, que o agente SE VALHA DA CONDIÇÃO DA
VÍTIMA, que se encontra em situação de fragilidade (desesperada,
aflita), de forma a exigir dela esta garantia abusiva.
O crime se consuma com a mera realização da exigência (nesse
caso, crime formal) ou com o efetivo recebimento (nesse caso,
material) do documento. A tentativa é possível.
A ação penal é pública incondicionada.
Extorsão mediante sequestro
Art. 159 ‐ Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate:
Pena ‐ reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas,
se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
(sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha.
Pena ‐ reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
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§ 3º ‐ Se resulta a morte:
§ 4º ‐ Se o crime é cometido em concurso, o concorrente
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
BEM
O patrimônio e a liberdade individual da
JURÍDICO
vítima
TUTELADO
Trata‐se de crime comum, podendo ser
SUJEITO ATIVO
praticado por qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO
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lesão grave ou morte. No entanto, a maioria da Doutrina entende
que o resultado (lesão grave ou morte) qualifica o crime,
QUALQUER QUE SEJA A PESSOA QUE SOFRA A LESÃO, ainda que
não seja o próprio
sequestrado, mas desde que ocorra no contexto fático do delito
de extorsão mediante sequestro.
O §4° prevê a chamada DELAÇÃO PREMIADA, ou seja, um
abatimento na pena daquele que delata os demais cúmplices
(redução de 1/3 a 2/3). É indispensável que dessa delação decorra
uma facilitação na liberação do sequestrado (Doutrina
majoritária).
A ação pena será pública incondicionada.
Da usurpação
Os crimes previstos neste capítulo são pouco exigidos, motivo
pelo qual abordaremos o tema de forma menos aprofundada
que os crimes anteriores, para que vocês não tenham que estudar
aquilo que não será objeto de cobrança na prova.
Alteração de limites
Art. 161 ‐ Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer
outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar‐se,
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º ‐ Na mesma pena incorre quem: Usurpação de águas
I ‐ desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias; Esbulho possessório
II ‐ invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º ‐ Se o agente usa de violência, incorre também na
pena a esta cominada.
§ 3º ‐ Se a propriedade é particular, e não há emprego de
violência, somente se procede mediante queixa.
No crime previsto no caput do artigo é aquele no qual o agente,
valendo‐se do deslocamento ou supressão de alguma marca
divisória, BUSCA SE APODERAR de bem imóvel que não lhe
pertence (mas que é divisório com o seu).
É necessário o dolo específico, CONSISTENTE NA VONTADE DE SE
APODERAR DA COISA ALHEIA ATRAVÉS DA CONDUTA.
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Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162 ‐ Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou
rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Aqui se pune a conduta do agente que retira (suprime) ou altera
marca ou sinal referente à propriedade de gado ou rebanho
alheio.
A Doutrina exige o dolo, mas não é pacífica quanto à necessidade
de dolo específico (especial fim de agir).
O crime se consuma com a mera realização da supressão ou
alteração da marca ou sinal, não havendo necessidade de que o
agente se apodere dos animais cujas marcas foram adulteradas.
No entanto, se o agente se apoderar dos animais, teremos o crime
de furto mediante fraude (art. 155, §4°, II do CP), que absorve este
crime de usurpação. A tentativa é plenamente possível.
A ação penal será sempre pública incondicionada.
Do dano
Os crimes de dano são crimes nos quais não há necessidade de um
aumento patrimonial do agente, ou seja, não há necessidade que
ele se apodere de algo pertencente a outrem, bastando que ele
provoque um prejuízo à vítima. Vejamos:
(a) Dano
Art. 163 ‐ Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa.
47
Dano qualificado
Parágrafo único ‐ Se o crime é cometido:
I ‐ com violência à pessoa ou grave ameaça;
II ‐ com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
o fato não constitui crime mais grave
III ‐ contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito
Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos;(Redação
dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
IV ‐ por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para
a vítima:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa, além
da pena correspondente à violência.
O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a destruição (danificação
total), a inutilização (danificação, ainda que parcial, mas que torna
o bem inútil) ou deterioração (danificação parcial do bem) da
coisa.
O crime deve ser praticado na forma comissiva (ação). Nada
impede, contudo, que alguém responda pelo delito em razão de
uma omissão, desde que seja o responsável por evitar o resultado
(ex.: Um vigia que vê alguém destruir o patrimônio que ele deve
zelar e nada faz, responderá pelo crime de dano, na forma do art.
13, §2º do CP).
Exige‐se o dolo. NÃO HÁ CRIME DE DANO CULPOSO (não havendo
necessidade de qualquer especial fim de agir).
CUIDADO! O crime de “pichação” é definido como CRIME
CONTRA O MEIO AMBIENTE (ambiente urbano), nos termos do
art. 65 da Lei 9.605/98.
Aliás, este crime de dano é bastante genérico, ocorrendo apenas
quando não houver uma hipótese específica.
EXEMPLO: Danificar objeto destinado a culto religioso. Esta
conduta configura o crime do art. 208 do CP, e não o crime de
dano.
O crime se consuma com a ocorrência do dano. Não havendo a
ocorrência do dano, o crime será tentado.
O §1° do art. 163 traz algumas formas qualificadas do delito, que
elevam a pena para seis meses a três anos, patamares bem mais
altos que os do caput do artigo.
48
Se o dano é praticado contra OBJETO TOMBADO pela autoridade
competente, em razão de seu valor histórico, artístico ou
arqueológico, o crime SERIA o do art. 165 do CP:
Art. 165 ‐ Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada
pela autoridade competente em virtude de valor artístico,
arqueológico ou histórico:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
No entanto, CUIDADO! Este artigo foi TACITAMENTE REVOGADO
pelo art. 62, I da Lei de Crimes Ambientais.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164 ‐ Introduzir ou deixar animais em propriedade
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o
fato resulte prejuízo:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
Percebam que o final da redação do artigo menciona que é
INDISPENSÁVEL A OCORRÊNCIA DE PREJUÍZO. Sim, pois a mera
conduta do agente, por si só, não causa dano. Aqui podemos ter o
que se chama de “pastagem indevida”, que é aquela na qual se
levam os animais para outro terreno, de propriedade alheia, para
pastar.
O crime é comum e pode ser praticado na modalidade “introduzir”
ou “deixar” (manter) animais na propriedade alheia. O termo
“sem o consentimento de quem de direito” é ELEMENTO
NORMATIVO DO TIPO PENAL. Se houver o consentimento, não há
fato típico.
O crime se consuma, como vimos, com a ocorrência do efetivo
prejuízo. A Doutrina não é pacífica quanto à tentativa, mas a
maioria entende ser impossível, ao argumento de que o tipo exige
o dano, de forma que, ou ele ocorre, ou o crime sequer é tentado
(É o que prevalece).
Alteração de local especialmente protegido
Art. 166 ‐ Alterar, sem licença da autoridade competente, o
aspecto de local especialmente protegido por lei:
A ação penal será, em todos os crimes de dano, PÚBLICA
INCONDICIONADA. No entanto, se o crime é o de dano simples
(art. 163), ou se é praticado por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável à vítima (163, § único, IV), ou no caso de introdução
ou abandono de animais em propriedade alheia, o crime será de
AÇÃO PENAL PRIVADA:
49
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Aqui temos a conduta daquele que altera os aspectos (internos ou
externos) de algum local que esteja protegido por lei (um bem
tombado, por exemplo). Não há necessidade de deterioração ou
dano, mas é necessário que o agente altere o aspecto (aparência)
do local.
No entanto, este artigo também foi revogado pela Lei de Crimes
Ambientais, que trouxe, em seu art. 63, normatização acerca da
conduta.
Da apropriação indébita
Os crimes de apropriação indébita diferem dos crimes de furto e
roubo, pois aqui o agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM, mas se
RECUSA A DEVOLVÊ‐LO ou REPASSÁ‐LO a quem de direito. Ou
seja, aqui o crime se dá pela INVERSÃO DO ANIMUS DO AGENTE,
QUE ANTES ESTAVE DE BOA‐FÉ, e passa a estar de má‐fé.
Apropriação indébita
Art. 168 ‐ Apropriar‐se de coisa alheia móvel, de que tem a
posse ou a detenção:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, quando o agente
recebeu a coisa:
I ‐ em depósito necessário;
II ‐ na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III ‐ em razão de ofício, emprego ou profissão.
Vejam que a coisa lhe foi entregue espontaneamente, e o agente
deveria devolvê‐la, mas3não o faz. Há, portanto, violação à
confiança eu lhe fora depositada. O crime é comum, podendo ser
praticado por qualquer pessoa.
Trata‐se, ainda, de crime genérico, podendo ser afastada sua
aplicação no caso de haver norma específica, como ocorre no caso
de funcionário público que se apropria de bens que lhe foram
confiados em razão da função (crime de peculato, art. 312 do CP).
A posse que o infrator tem sobre a coisa deve ser “DESVIGIADA”,
ou seja, sem vigilância, decorrendo de confiança entre o dono da
coisa e o infrator. Caso haja mera detenção (sem relação de
confiança entre dono e infrator) , estaremos diante do crime de
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furto.
EXEMPLO: Caixa da loja que aproveita a distração do dono para
surrupiar alguns reais do caixa. Temos aqui, crime de furto. Não há
apropriação indébita.
A “detenção” apontada no tipo penal é aquela clássica do Código
Civil, ou seja, aquela decorrente de uma relação de confiança
entre o dono e o detentor.
O elemento exigido é o dolo, não se punindo a forma culposa.
O crime se consuma com a inversão da intenção do agente.
A intenção, que antes era boa (a de apenas guardar a coisa), agora
não é tão boa assim, pois se torna em intenção de ter a coisa
como sua, se apoderar de algo que lhe fora confiado. Trata‐se,
portanto, de crime unissubsistente, sendo inviável a tentativa
(embora Doutrina minoritária entenda o contrário).
O §1° traz causas de aumento de pena (1/3), quando o agente
tiver recebido a coisa em determinadas situações específicas.
Apropriação indébita previdenciária
Art. 168‐A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
forma legal ou convencional:
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I ‐ recolher, no prazo legal, contribuição ou outra
importância destinada à previdência social que tenha sido
descontada de pagamento efetuado a segurados, a
terceiros ou arrecadada do público;
II ‐ recolher contribuições devidas à previdência social que
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à
venda de produtos ou à prestação de serviços;
III ‐ pagar benefício devido a segurado, quando as
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à
empresa pela previdência social.
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente,
espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento
das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida
em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
51
52
tempo (antes do trânsito em julgado) extingue a punibilidade.
O §3° traz o chamado “perdão judicial”, ao afirmar que o Juiz
poderá deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa
(nesse último caso teremos um crime privilegiado) quando:
• Réu seja primário e de bons antecedentes
• Tenha promovido, após o início da execução fiscal e antes do
oferecimento da denúncia, o pagamento da contribuição social
devida; ou
• O valor do débito seja igual ou inferior ao estabelecido pela
previdência como sendo o mínimo para ajuizamento das ações
fiscais.
Ora, se o valor é insignificante para o Estado (previdência social)
cobrá‐lo do indivíduo, com muito mais razão será considerado
insignificante para ensejar a punição penal. Vem se entendendo
que, neste último caso (débitos de valor insignificante), o FATO É
ATÍPICO, aplicando‐se o princípio da insignificância.
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força maior
Art. 169 ‐ Apropriar‐se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único ‐ Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro 2106922973
I ‐ quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no
todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário
do prédio;
“Apropriação de coisa achada”
II ‐ quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
ou parcialmente, deixando de restituí‐la ao dono ou
legítimo possuidor ou de entregá‐la à autoridade
competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
Aqui se pune a conduta daquele que se apodera de algo que não é
seu, mas veio ao seu poder em razão de caso fortuito, força maior,
ou erro, e não em razão da confiança depositada nele.
EXEMPLO: Imagine o caso de alguém que entrega uma mercadoria
em local errado. Se aquele que recebeu a mercadoria por erro
dela se apropriar, comete este crime.
Aplicam‐se a este crime as demais disposições já faladas acerca
53
do crime de apropriação indébita.
O § único traz duas hipóteses interessantes de apropriação
indébita. A primeira é a da apropriação de tesouro, que pode
ocorrer quando alguém se apodera da parte relativa ao DONO DO
PRÉDIO (TERRENO) NO QUAL FOI ACHADO O TESOURO.
A segunda hipótese é a que muita gente não deve conhecer.
Também é crime se apoderar de algo que foi achado, desde que
esta coisa tenha sido perdida por alguém, caso o infrator não
entregue a coisa achada em 15 dias.
Portanto, a máxima de que “achado não é roubado” até que está
certa, pois não há roubo, mas poderíamos alterá‐la para “achado
é indebitamente apropriado” (rsrs).
O art. 170, por sua vez, estabelece que:
Art. 170 ‐ Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica‐se o
disposto no art. 155, § 2º.
Ora, o art. 155, §2° trata da possibilidade do furto privilegiado,
quando ocorrer em determinadas circunstâncias. Vejamos:
§ 2º ‐ Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí‐la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.
Estas disposições se aplicam aos delitos de apropriação indébita.
Do estelionato e outras fraudes
Este capítulo cuida dos crimes de estelionato e fraudes diversas,
que são aqueles nos quais há lesão patrimonial, mas com a
peculiaridade de que o infrator se vale de algum meio ardiloso
para obter a vantagem indevida em prejuízo da vítima.
Estelionato
Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 1º ‐ Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no
art. 155, § 2º.
§ 2º ‐ Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa
alheia como própria
54
55
ser qualquer vantagem.
Temos aqui outro crime genérico, que terá sua aplicação afastada
quando estivermos diante de um caso em que haja
regulamentação em norma penal específica.
Estelionato previdenciário
O §3° prevê o chamado estelionato contra entidade de direito
público, que é aquele cometido contra qualquer das instituições
previstas na norma penal citada. Nesses casos, a pena aumenta‐se
de 1/3.
Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.
(...)
§ 3º ‐ A pena aumenta‐se de um terço, se o crime é
cometido em detrimento de entidade de direito público ou
de instituto de economia popular, assistência social ou
beneficência.
Contudo, geralmente este tipo de estelionato é cometido em
face do INSS (mediante fraude para obtenção de benefícios
previdenciários indevidos).
O bem jurídico tutelado, neste caso, é o erário (patrimônio
público), pois a fraude causa prejuízo ao Estado.
O ponto mais controvertido a respeito deste delito é o momento
consumativo. Houve muita discussão a respeito de se tratar de
crime permanente ou de crime instantâneo de efeitos
permanentes.
Firmou‐se entendimento no sentido de que tal delito possui
natureza binária, e a consumação dependerá, portanto, do sujeito
ativo do delito:
Momento consumativo para o próprio beneficiário dos valores
indevidos – Trata‐se de crime permanente, que se “renova” a
cada saque do benefício indevido.
Momento consumativo para terceira pessoa que participou do
delito – Ocorre com o recebimento da vantagem indevida pela
primeira vez (já que o delito de estelionato é material, pois o tipo
penal exige o efetivo recebimento da vantagem indevida), seja
pelo próprio ou por outra pessoa.
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Estelionato contra idoso
Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.
(...)
§4º Aplica‐se a pena em dobro se o crime for cometi
do contra idoso.
A pena é duplicada se a vítima do crime de estelionato for pessoa
idosa, ou seja, com mais de 60 anos de idade.
Natureza da ação penal
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falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de
Duplicatas.
Aqui se pune a conduta daquele que emite fatura, duplicata ou
nota de venda que não corresponda à realidade. O sujeito ativo
será aquele que emite o título em desconformidade com a
realidade. O sujeito passivo será o sacado, quando aceita o título
de boa‐fé ou o tomador, que é aquele desconta a duplicata.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não existindo forma
culposa.
O crime se consuma com a mera emissão do título, não sendo
necessária sua colocação em circulação. Logo, mais dispensável
ainda é a efetiva obtenção da vantagem. A tentativa é possível.
O § único traz a forma equiparada, que é a daquela pessoa que
falsifica ou adultera o livro de registro das duplicatas. Embora seja
um crime de falsidade, a lei decidiu por bem colocá‐la no Título
relativo aos crimes contra o patrimônio. O sujeito passivo aqui é o
Estado!
Abuso de incapazes
Art. 173 ‐ Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena ‐ reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Tutela‐se aqui o patrimônio destas pessoas que possuem uma
fragilidade maior, ou seja, que estão mais vulneráveis a serem
enganadas. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mas o
sujeito passivo só poderá ser uma das pessoas descritas no caput
do artigo.
Na verdade, aqui não há propriamente fraude, mas abuso de uma
condição de vulnerabilidade, sendo, portanto, dispensável o
emprego de algum meio ardiloso, pois a vítima é bastante
vulnerável.
O elemento subjetivo, mais uma vez, é o dolo, não havendo forma
culposa. A lei não exclui a possibilidade de DOLO EVENTUAL.
Art. 174 ‐ Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de
outrem, induzindo‐o à prática de jogo ou aposta, ou à
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
devendo saber que a operação é ruinosa:
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Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa.
Aqui temos um crime no qual também há abuso de uma condição
de vulnerabilidade da vítima. O sujeito ativo pode ser qualquer
pessoa. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa,
desde que se enquadre numa das características estabelecidas
(pessoa inexperiente, mentalmente inferior, etc.).
A conduta é muito similar à anterior, com a diferença de que, aqui,
o agente não induz a vítima a praticar ato jurídico, mas a induz à
prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
mercadorias, sabendo OU DEVENDO SABER que a operação será
ruinosa.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, com a finalidade especial
de agir consistente na INTENÇÃO de obter proveito próprio ou
alheio. Quando a lei fala em “devendo saber” estabelece uma
espécie de dolo eventual em relação à possibilidade de a operação
à qual a vítima foi induzida ser ruinosa.
O crime se consuma com a prática do jogo ou aposta ou com a
especulação, independentemente da obtenção do proveito pelo
infrator. A tentativa é plenamente possível.
Fraude no comércio
Art. 175 ‐ Enganar, no exercício de atividade comercial, o
adquirente ou consumidor:
I ‐ vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada;
II ‐ entregando uma mercadoria por outra:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º ‐ Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade
ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra
verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender
pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal
de ou outra qualidade:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º ‐ É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Aqui se busca tutelar a boa‐fé nas relações comerciais, bem como
o patrimônio daquele que for lesado. O sujeito ativo só pode ser
aquele que
EXERÇA A ATIVIDADE COMERCIAL (com habitualidade e
profissionalismo), sendo sujeito passivo somente o consumidor ou
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adquirente.
Parte da Doutrina entende que este artigo foi revogado pelas Leis
8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) e 8.137/90 (Crimes
contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de
consumo). Entretanto, para a maioria da Doutrina, ele continua
em vigor, e deve ser aplicado como norma geral. Havendo
enquadramento em norma específica, ficará afastada sua
aplicação.
A conduta pode ser praticada mediante a VENDA (somente esta
forma comercial) de mercadoria FALSA OU DETERIORADA, desde
que tenha sido informado ao comprador que se tratava de
mercadoria verdadeira ou perfeita. Caso o consumidor saiba que
se trata de mercadoria falsa ou com defeito, e tenha pagado o
preço a menor, sabendo disso, não há crime, pois não houve lesão
à boa‐fé nos contratos.
A segunda é aquela na qual o agente entrega uma mercadoria
quando deveria entregar outra.
O elemento subjetivo é somente o dolo, não havendo forma
culposa.
O crime se consuma com a efetiva entrega ou venda da
mercadoria, através da fraude sobre a vítima. A tentativa é
admitida.
O § 1 prevê uma forma qualificada do delito, que ocorrerá nas
hipóteses ali previstas, cuja pena será de UM A CINCO ANOS E
MULTA.
Já o §2° estabelece que se aplica o disposto no §2° do art. 155,
que nada mais é que a aplicação do PRIVILÉGIO, referente à
possibilidade de diminuição de pena ou aplicação somente da
multa, nas hipóteses em que o réu seja primário e a lesão seja de
pequeno valor.
Outras fraudes
Art. 176 ‐ Tomar refeição em restaurante, alojar‐se em
hotel ou utilizar‐se de meio de transporte sem dispor de
recursos para efetuar o pagamento: Pena ‐ detenção, de
quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único ‐ Somente se procede mediante
representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
deixar de aplicar a pena.
Aqui se pune a conduta daquele que se alimenta, se hospeda ou
toma transporte, cujo pagamento deva se dar ao final do serviço
prestado, mas que NÃO DISPONHA DE RECURSOS PARA PAGAR.
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O crime é COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
O sujeito passivo também poderá ser qualquer pessoa.
As expressões “restaurante” e “hotel” devem ser interpretadas de
maneira extensiva, de forma a abarcar “motéis”, “pousadas”,
“lanchonetes”, “bares”, etc.
CUIDADO! O agente não deve dispor dos recursos necessários.
Caso o agente disponha dos recursos e se recuse a pagar, por
algum motivo (ex.: má prestação do serviço), não há crime. Na
verdade, ainda que o agente não possua nenhum motivo justo,
apenas se negando ao pagamento, não há crime, desde que tenha
recursos para tal.
Mas, e o que fazer se o agente não quiser pagar? O que resta é
mover ação civil para cobrança dos valores devidos, nada mais.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se admitindo a forma
culposa. Se há erro sobre um dos elementos do tipo, como
sabemos, não há crime. Portanto, se o agente utiliza os serviços,
acreditando possuir os recursos e, ao final, verifica que teve sua
carteira furtada, ou que deixou cair o dinheiro na rua, não pratica
crime.
A consumação é controvertida, mas a maioria da Doutrina
entende que o crime é formal, consumando‐se com a mera
realização das condutas, independentemente de haver efetivo
prejuízo ou do pagamento posterior da conta. No entanto, há
posições em contrário. A tentativa é admissível.
A ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO, e o
Juiz pode conceder o PERDÃO JUDICIAL, nos termos do § único do
artigo.
Fraudes ou abusos na fundação ou administração de de
sociedades por ações
Fraudes e abusos na fundação ou administração de
sociedade por ações
Art. 177 ‐ Promover a fundação de sociedade por ações,
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à
assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da
sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela
relativo:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
não constitui crime contra a economia popular.
§ 1º ‐ Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
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crime contra a economia popular:
I ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações,
que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou
comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação
falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou
oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas
relativo;
II ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros
títulos da sociedade;
III ‐ o diretor ou o gerente que toma empréstimo à
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos
bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da
assembleia geral;
IV ‐ o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta
da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o
permite;
V ‐ o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito
social, aceita em penhor ou em caução ações da própria
sociedade;
VI ‐ o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui
lucros ou dividendos fictícios;
VII ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação
de conta ou parecer;
VIII ‐ o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX ‐ o representante da sociedade anônima estrangeira,
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos
mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao
Governo.
§ 2º ‐ Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem
para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de
assembleia geral.
A conduta prevista no caput do artigo visa a proteger o patrimônio
e a boa‐fé dos futuros sócios da sociedade por ações. O sujeito
ativo SOMENTE PODE SER SÓCIO‐FUNDADOR da sociedade por
ações.
Sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa.
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as formalidades legais. Trata‐se de norma penal em branco, pois
deve ser complementada por outra norma.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, direto ou eventual.
O crime se consuma com a mera emissão do conhecimento de
depósito ou warrant, não importando se há ou não prejuízo a
terceiros. A tentativa NÃO É ADMITIDA, eis que o crime é
UNISSUBSISTENTE .
Fraude à execução
Art. 179 ‐ Fraudar execução, alienando, desviando,
destruindo ou danificando bens, ou simulando
dívidas:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa. Parágrafo único ‐ Somente se procede mediante
queixa.
Aqui se pune a conduta daquele que deliberadamente se desfaz
dos seus bens, seja alienando‐os, desviando‐os, destruindo‐os ou
danificando‐os, com a finalidade de FRUSTRAR A SATISFAÇÃO DO
CRÉDITO QUE ESTÁ SENDO COBRADO EM SEDE DE EXECUÇÃO. A
conduta pode ser praticada, ainda, na modalidade de SIMULAÇÃO
DE DÍVIDAS.
O sujeito ativo é o devedor que está sendo executado, e o sujeito
passivo será o credor prejudicado na satisfação do seu crédito.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na vontade de
se desfazer dos seus bens ou simular dívidas, com a finalidade de
frustrar a solvência do crédito de seu credor.
O crime se consuma quando o agente pratica efetivamente o ato
de alienação ou destruição do bem, ou simula a existência das
dívidas, não importando se há o efetivo prejuízo.
CUIDADO! Este crime só poderá ser praticado se JÁ ESTIVER EM
CURSO A AÇÃO NO JUÍZO CÍVEL, E JÁ TIVER SIDO O DEVEDOR
CITADO, conforme posição da Jurisprudência.
A ação penal é PRIVADA, nos termos do § único.
Da receptação
Art. 180 ‐ Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa‐fé, a
adquira, receba ou oculte:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada
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• RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA (2° parte do caput do artigo) – Aqui
o agente não adquire o bem, mas, sabendo que é produto de
crime, INFLUI PARA QUE TERCEIRO DE BOA‐FÉ O ADQUIRA,
RECEBA OU OCULTE.
E se a coisa for produto de ato infracional (praticado por
adolescente) e não crime? Haverá o crime de receptação? A
Doutrina majoritária entende que sim.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, aliado ao dolo específico,
consistente na intenção de obter vantagem, ainda que para
terceira pessoa. Se não houver intenção de obtenção de
vantagem, mas mera intenção de ajudar aquele que praticou o
crime anterior, poderemos estar diante do crime de
FAVORECIMENTO REAL (art. 349 do CP).
A consumação, na RECEPTAÇÃO PRÓPRIA, se dá com a efetiva
inclusão da coisa na esfera de posse do agente (CRIME
MATERIAL). Já a RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA É CRIME FORMAL,
bastando que o infrator influencie o terceiro a praticar a conduta,
pouco importando se este vem a praticá‐la ou não. A Doutrina só
admite a tentativa na receptação própria (mas existem posições
em contrário).
A receptação QUALIFICADA está prevista no § 1° do art. 180, e
traz uma série de condutas que se assemelham à RECEPTAÇÃO
PRÓPRIA, mas o artigo traz um rol de condutas bem maior.
A diferença na receptação qualificada é, basicamente, que a
conduta deva ter sido praticada NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE
COMERCIAL, sendo, portanto, crime PRÓPRIO. A atividade
comercial se equipara qualquer forma de comércio, ainda que
irregular ou clandestino (camelôs), nos termos do §2°.
O elemento subjetivo aqui é tanto o dolo DIRETO QUANTO O
DOLO EVENTUAL, pois a lei usa a expressão “deva saber...”.
Entretanto, há um impasse. A receptação qualificada (mais grave)
é punida até mesmo quando há apenas DOLO EVENTUAL, já a
receptação simples (própria e imprópria) só é punida a título de
dolo direto. Assim, teríamos a possibilidade de aplicar uma pena
mais grave àquele que apenas deveria saber (embora não
soubesse) que a coisa era produto de crime e uma pena mais
branda àquele que SABIA ser produto de crime.
O §3° prevê a receptação culposa, que ocorre quando o agente
age com imprudência, adquirindo um bem em circunstâncias
anômalas, sem atentar para o fato e que é bem provável que seja
produto de crime.
O §4° estabelece que a receptação seja punível ainda que seja
66
67
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
01. O Código Penal trata dos crimes funcionais, praticados
funcionários públicos contra a Administração Pública em geral
(direta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços
públicos, contratadas ou conveniadas). Crimes dessa natureza
afetam a probidade administrativa, ferindo, dentre outros, os
princípios norteadores da legalidade, impessoalidade, moralidade
e eficiência.
02. É interessante destacar que todo crime funcional é ato de
improbidade, mas nem todo ato de improbidade é crime funcional
(p.ex.: usar a viatura oficial para fins particulares é improbidade,
mas não é crime funcional).
Art. 30 ‐ Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime
03. Os crimes praticados por funcionários públicos estão
classificados como sendo CRIMES PRÓPRIOS, ou seja, exigem do
sujeito ativo uma qualidade especial, que no caso é ser
funcionário público.
04. O particular, mesmo não sendo servidor público, mas sabendo
desta condição, pratica na companhia deste qualquer crime contra
a Administração Pública, sofrerá as mesmas sanções, pois a
qualidade de funcionário público, por ser elementar do crime,
comunica‐se ao particular que é coautor ou partícipe do crime
contra a Administração Pública, nos termos do art. 30 do Código
Penal.
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05. Os crimes funcionais são divididos em duas espécies: próprios
e impróprios. Vejamos:
a) Próprios: faltando a qualidade de funcionário público ao autor,
o fato passa a ser tratado como um indiferente penal, não se
subsumindo a nenhum outro tipo incriminador – atipicidade
absoluta. Ex.: prevaricação (art. 319 do CP);
b) Impróprios: desaparecendo a qualidade de servidor do agente,
desaparece também o crime funcional, operando‐se, porém, a
desclassificação da conduta p/ outro delito, de natureza diversa
– atipicidade relativa. Ex: peculato furto (que deixa de ser
peculato e passa a ser furto).
2. PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
Art. 33, § 4º do CP ‐ condenado por crime contra a administração
pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena
condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução
do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
06. A progressão de regime prisional nos crimes contra a
Administração Pública está condicionada, além dos outros
requisitos previstos em lei, à prévia reparação do dano causado,
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
legais.
3. DEFINIÇÃO LEGAL DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO:
Funcionário público
Art. 327 ‐ Considera‐se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º ‐ Equipara‐se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º ‐ A pena será aumentada da terça parte quando os autores
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de
órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
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70
Peculato
Art. 312 ‐ Apropriar‐se o funcionário público de dinheiro, valor
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
a posse em razão do cargo, ou desviá‐lo, em proveito próprio ou
alheio:
Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º ‐ Aplica‐se a mesma pena, se o funcionário público, embora
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo‐se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.
Peculato culposo
§ 2º ‐ Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano.
§ 3º ‐ No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
COMENTÁRIOS:
01. O artigo 312 prevê quatro modalidades do delito de peculato:
a) peculato‐apropriação (primeira parte do caput do art. 312) b)
peculato‐desvio (segunda parte do caput do art. 312) c) peculato‐
furto (§1º); e d) peculato culposo (§2º).
02. A palavra deriva do termo latino peculatus, que no direito
romano se caracterizava como o desvio de bens pertencentes ao
Estado.
03. O peculato próprio é composto pelas modalidades de
peculato‐apropriação e pelo peculato desvio. Essa qualidade de
próprio se dá pelo fato do funcionário público ter a posse sobre o
dinheiro, valor ou qualquer outro bem, em virtude do seu cargo,
emprego ou função.
a) Peculato‐apropriação: neste primeiro tipo, o funcionário
público toma para si dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tenha a posse em razão do
cargo. O núcleo do tipo é o verbo apropriar, que deve ser
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entendido no sentido de tornar como propriedade, tomar para
si, apoderar‐se indevidamente de dinheiro ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou a
detenção, em razão do vínculo que mantém com a
administração. Aqui o agente inverte o título da posse, agindo
como se fosse dono, vale dizer, com o chamado animus rem
sibi habendi.
b) Peculato‐desvio: no peculato‐desvio, o funcionário público
aplica à coisa, da qual teve acesso em razão do seu cargo,
destino diverso que lhe foi determinado, em benefício próprio
ou de outrem.
§ 1º ‐ Aplica‐se a mesma pena, se o funcionário público, embora
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo‐se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.
04. O §1 do art. 312 do Código Penal, que traz a conduta
denominada de peculato‐furto, hipótese em que o funcionário
público não tem a posse do dinheiro, valor ou bem, mas o subtrai
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou
alheio, valendo‐se da facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcionário.
05. Assim, pode o agente, ele próprio, levar a efeito a subtração,
retirando, por exemplo, o bem pertencente à Administração
Pública, ou simplesmente concorrer para que terceiro o subtraia
(p.ex.: aquele funcionário público que convence o vigia de
determinada repartição a sair do local onde o bem se encontrava
guardado, com a desculpa de irem tomar um café, a fim de que o
terceiro possa ali ingressar e subtrair o bem).
06. No peculato impróprio (peculato‐furto), diferentemente do
que ocorre no peculato próprio (peculato‐apropriação e peculato‐
desvio), basta que o agente, funcionário público, tenha se valido
dessa qualidade para fins de praticar a subtração ou concorrido
para que terceiro praticasse.
07. No peculato‐apropriação o delito se consuma quando o agente
inverte a posse, agindo como se fosse dono. No que diz respeito
ao peculato‐desvio, seu momento consumativo ocorre quando o
agente dá a coisa destino diverso, quando a emprega em fins
outros que não o próprio ou regular, agindo em proveito dele
mesmo ou de terceiros. Já no peculato‐furto, ocorre a
consumação quando o agente consegue levar a efeito a subtração
72
do dinheiro, valor ou bem, ainda que de forma não pacífica, tal
como no crime de furto.
08. Os delitos de peculato‐apropriação, peculato‐desvio e
peculato‐furto podem ser praticados dolosamente, devendo o
funcionário público atuar no sentido de levar a efeito a
apropriação, o desvio ou qualquer subtração do dinheiro, valor ou
bem móvel, público ou particular. Existe previsão da modalidade
culposa, tal como verificaremos na análise do §2º do art. 312 do
Código Penal.
§ 2º ‐ Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano.
09. Ocorre o delito quando, por negligencia ou imperícia, o
funcionário público concorre para prática de crime de outrem,
seja funcionário público ou particular.
10. Nessa hipótese o funcionário público age com falta de cautela
especial na preservação do bem público que lhe é confiado,
facilitando a subtração, apropriação ou desvio do mesmo. O crime
se aperfeiçoa com a conduta dolosa de outrem, sendo
indispensável nexo causal no sentido de que o primeiro tenha
permitido a prática do segundo (p.ex.: Funcionário público
esquece aberta a porta da frente da repartição e ocorre furto de
bem público porque o ladrão ingressou pela porta dos fundos ou
pela janela, significando que nessa hipótese não ocorreu relação
de causa e efeito entre a negligencia do funcionário público e a
subtração do patrimônio público.
§3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
11. O §3º estabelece benefícios ao agente que incorre no peculato
culposo, condicionando sua concessão a reparação do dano.
Assim, como se percebe, se a reparação do dano for anterior à
sentença irrecorrível, estará extinta a punibilidade. Se a reparação
do dano for posterior à sentença irrecorrível, reduzirá a pena
imposta pela metade.
12. Aplica‐se exclusivamente ao peculato culposo e a extinção da
punibilidade penal não gera qualquer efeito na via administrativa,
podendo acarretar sanção administrativa.
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13. Por sentença irrecorrível devemos entender tanto a decisão de
primeiro grau, emanada pelo juízo monocrático, como, também, a
decisão proferida em grau de recurso, por meio do acórdão do
Tribunal.
COMENTÁRIOS:
01. A conduta é a mesma da primeira modalidade típica do
peculato: apropriar‐se, que significa agir como se dono fosse de
coisa que não lhe pertence, dela dispondo, alienando,
emprestando, ocultando, destruindo ou não restituindo quando
instado a fazê‐lo, enfim, praticando atos próprios de quem é dono.
02. O objeto material é dinheiro ou qualquer outra utilidade.
Dinheiro é a moeda metálica ou o papel moeda com curso legal no
Brasil ou no exterior. Por utilidade deve‐se entender qualquer
outro bem móvel, uma coisa material suscetível de apreensão que
tenha valor juridicamente relevante.
03. A coisa é entregue ao agente por erro de alguém. Uma
hipótese é aquela em que a pessoa entrega coisa que não devia
entregar. A outra ocorre quando a entrega é feita ao agente, em
vez de a outro funcionário. Por fim, também há erro quando é
entregue coisa diversa da que deveria.
05. Assim, recebida a coisa o agente, verificando que ela foi
entregue por erro, aproveita‐se disso e dela se apropria,
realizando, assim, o tipo. Ademais, é importante que o agente
saiba que se apropria indevidamente da coisa que lhe foi entregue
por erro, pois,
06. O crime é doloso. O agente deve estar consciente de que
recebeu a coisa em razão do exercício da função pública, saber
que ela lhe foi entregue por erro e dela se apropriar com vontade
livre, sem qualquer outra finalidade especial.
07. A consumação acontece no instante em que o agente se
apropria da coisa, desviando‐a, alienando‐a, retendo‐a, doando‐a,
emprestando‐a, ocultando‐a ou destruindo‐a, enfim, agindo como
se fosse o seu dono. Admite‐se a tentativa, se não consegue
apropriar‐se por circunstâncias alheias a sua vontade, como, por
exemplo, quando é surpreendido no instante em que vai aliená‐la.
74
Inserção de dados falsos em sistema de informações
Art. 313‐A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000))
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
COMENTÁRIOS:
01. A Lei n. 9.983/2000 criou esse novo tipo penal com essa
rubrica. No entanto, a situação tópica do crime entre aqueles
praticados por funcionário público contra a Administração Pública
poderia ter recebido o nome de peculato previdenciário ou
peculato eletrônico, nome dado ao projeto enviado ao Congresso
02. O novo tipo do artigo 313‐A deve ser comparado com o
peculato impróprio ou o peculato‐estelionato. Neste (figura do art.
313), o sujeito apropria‐se de dinheiro ou outra utilidade que,
exercendo um cargo, recebeu por engano de outrem. É de se
considerar que o dinheiro deveria ter ido para os cofres da
Administração Pública, mas termina com o funcionário (sujeito
ativo específico).
03. Assim, ao inserir dados falsos em banco de dados da
Administração Pública, pretendendo obter vantagem indevida,
está, do mesmo modo, visando apossar‐se do que não lhe
pertence ou simplesmente desejando causar algum dano. Pelo
ardil utilizado (alteração de banco de dados ou sistema
informatizado), verifica‐se a semelhança com o estelionato.
04. Esse tipo penal, com relação ao seu modus operandi, é novo,
já que se utiliza dos sistemas informatizados ou bancos de dados.
Vale ressaltar, que ainda não existe leis específicas que
criminalizem condutas praticadas por meio da informática, então
o Código Penal é aplicado para puni‐las.
05. No tipo penal em estudo a prática da conduta típica reveste‐se
de quatro modalidades: a) inserir (introduzir, implantar, intercalar,
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incluir) dados falsos; b) facilitar (auxiliar, tornar fácil, criar modos
de acesso à prática do ato) a inserção de dados falsos; c) alterar
(mudar, modificar) indevidamente dados corretos; d) excluir
(eliminar) indevidamente dados corretos.
06. Todas essas condutas têm por objeto os sistemas
informatizados ou banco de dados da Administração Pública. Nas
condutas c e d exige‐se o elemento normativo do tipo, qual seja,
indevidamente.
07. O núcleo do tipo pode ser tanto uma como outra conduta,
desde que tenha a finalidade de obter vantagem ilícita para si ou
para outrem ou de causar dano. Como se observa, trata‐se de um
tipo misto alternativo, em que a ocorrência de mais de um dos
núcleos, num mesmo contexto fático, constitui crime único, em
razão do princípio da alternatividade.
09. O tipo subjetivo é o dolo, ou seja, vontade livre e consciente
dirigida à inserção ou à facilitação da inclusão de dados falsos e à
alteração ou exclusão indevida em dados corretos em sistema de
informações da Administração Pública. Além do dolo, o tipo
requer um fim especial de agir, o elemento subjetivo do tipo
contido na expressão com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem, qualquer que seja ela, ou para causar dano à
Administração Pública. À guisa é de todo oportuno ressaltar que,
se a conduta, ainda que típica, não tiver essa finalidade, não está
sendo praticado tal crime. Este é um entendimento pacífico na
doutrina. Portanto, na doutrina clássica, é o dolo específico.
10. Essa incriminação tem por objetividade jurídica a
Administração Pública, particularmente a segurança do seu
conjunto de informações, inclusive no meio informatizado, que,
para a segurança de toda a coletividade, devem ser modificadas
somente nos limites legais. Daí se punir o funcionário que, tendo
autorização para manipulação de tais dados, vem a maculá‐los
pela modificação falsa ou inclusão e exclusão de dados incorretos
11. O sujeito ativo é o funcionário público autorizado. O legislador
não inseriu o termo público, e sim autorizado, após a palavra
funcionário, em face da abrangência atual da equiparação dada
pela nova redação ao §1º do art. 327.
12. Por ser crime funcional próprio, só pode ser praticado por
funcionário público no exercício do cargo e devidamente
autorizado a operar com os sistemas informatizados ou com
bancos de dados da Administração Pública.
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13. O novo preceito particularizou ainda mais o sujeito do crime,
pois estabeleceu não ser qualquer funcionário que o pode
cometer, mas penas o funcionário autorizado, ou seja, somente
aquele que estiver lotado na repartição encarregada de manter os
sistemas informatizados ou banco de dados da Administração
Pública. Assim, aquele que não estiver autorizado a operar o
sistema, ainda que sua conduta se subsuma ao preceito, não
incidirá na sanção, livrando‐se da incidência da lei.
14. O sujeito passivo será sempre o Estado, pois trata‐se de crime
contra a Administração Pública. Indiretamente também o
particular que tenha sofrido o eventual dano causado
15. O delito se consuma quando o agente, efetivamente, insere ou
facilita que terceiro insira dados falsos, ou quando altera ou exclui
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
banco de dados da Administração Pública, com a finalidade de
obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar
dano. A tentativa é admissível.
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
informações
Art. 313‐B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
informações ou programa de informática sem autorização ou
solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
Administração Pública ou para o administrado. (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
COMENTÁRIOS:
01. O bem jurídico protegido é a segurança dos sistemas de
informação e programas de informática da Administração Pública.
02. O tipo contém dois verbos: modificar e alterar, empregados
alternativamente. Têm significados muito próximos, podendo ser
sinônimos um do outro. Querem dizer mudar, transformar,
adulterar.
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desaparecer. Sonegar é não exibir, não apresentar, não entregar,
relacionar ou mencionar quando isso é devido. Inutilizar é tornar
imprestável, inútil, ainda que não ocorra a destruição do livro ou
documento.
03. A conduta é dolosa. O agente deve ter consciência de que se
trata de livro oficial ou documento que esteja sob sua guarda em
razão da função pública que exerce e extraviá‐lo, sonegá‐lo ou
inutilizá‐lo com vontade livre, sem qualquer outro fim especial.
04. Sujeito ativo do crime é o funcionário público na sua acepção
para os efeitos penais, nada impedindo que o particular seja
responsabilizado quando houver concurso de agentes. Sujeito
passivo é o Estado e, eventualmente, o particular proprietário do
documento confiado à administração pública.
05; Importante ressaltar que não existindo a qualidade de
funcionário público poderá existir, dependendo da situação, outro
crime, como por exemplo, o do art. 337‐CP: subtração ou
inutilização de livro ou documento.
09. A ordem pública, ainda como simples objeto de cuidado da
administração, é um interesse a ser protegido por esta, e desde
que essa proteção se faz mediante preceitos jurídicos, tal
interesse é um bem jurídico.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 ‐ Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei:
Pena ‐ detenção, de um a três meses, ou multa.
COMENTÁRIOS:
01. Com o intuito de zelar pelo pleno funcionamento da atividade
administrativa e em obediência aos princípios que norteiam o
Direito Administrativo, sobretudo o da legalidade, o legislador
houve por punir às condutas descritas neste tipo penal: "dar às
verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em
lei".
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02. O núcleo do tipo é o verbo dar, no sentido de empregar ou
aplicar verbas ou rendas públicas. Verbas são os valores
monetários que, segundo a lei orçamentária, devem ser
empregados em determinados serviços ou fins de utilidade
pública.
03. A lei determina o serviço ou a finalidade em que devem ser
aplicadas as verbas e só a lei pode modificá‐lo. Ao administrador
cabe observar as regras impostas. Rendas são os valores que a
Administração Pública arrecada ou percebe de qualquer modo ou
os que lhe pertencem, a qualquer título.
04. Igualmente só poderão ser aplicadas em conformidade com as
leis que tratam dos orçamentos públicos. A realização do tipo não
exige a obtenção de vantagem para o agente ou outra pessoa,
podendo, inclusive, não haver qualquer lesão ao erário, porque o
fato incriminado é simplesmente a aplicação indevida das verbas
ou rendas públicas, que se dá em outros serviços ou fins públicos.
05. A aplicação é irregular, mas é feita em benefício da própria
Administração Pública. O que a norma pune é o desrespeito à lei
orçamentária, o que afeta a regularidade da ação administrativa.
06. Cuida‐se de crime doloso. O agente conhece a lei
orçamentária, sabe que está aplicando o dinheiro público em
finalidade diversa da estabelecida e atua com vontade livre, sem
qualquer outro fim especial.
07. Sujeito ativo é somente o funcionário público que tem poder
de decidir sobre a aplicação de verbas ou rendas públicas, o chefe
do poder executivo, seus ministros ou secretários, dirigentes de
empresas públicas etc. O não‐funcionário pode ser coautor ou
partícipe do crime. Sujeito passivo é o Estado, o ente público,
União, Estado, Município, autarquia, empresa pública etc.
09. O objeto jurídico do crime em tela é ainda a regularidade da
administração pública, no que concerne, agora, à aplicação dos
recursos públicos de conformidade com a destinação legal prévia.
Visa o referido preceito impedir o arbítrio administrativo no
tocante à discriminação das verbas, rendas e respectivas
aplicações, sem a qual haveria a anarquia nas finanças públicas,
não se cogitando do prejuízo resultante do seu emprego irregular.
10. A consumação acontece no instante em que a verba ou renda
pública é efetivamente aplicada. A tentativa é possível desde que
haja início de execução do procedimento típico, o que se dá, por
80
exemplo, quando o agente determina a aplicação irregular, a qual,
todavia, não é concretizada por circunstâncias alheias à sua
vontade.
OBSERVAÇÕES FINAIS:
Obs.: EXCLUDENTE DE ILICITUDE – SITUAÇÃO EMERGENCIAL ‐
CALAMIDADE PÚBLICA: Situações emergenciais, de calamidade
pública, por exemplo, podem levar o agente a modificar o destino
das verbas ou rendas públicas sem autorização legal, socorrendo
vítimas ou construindo obras exigidas pela situação, o que
constitui estado de necessidade, excludente da ilicitude.
Concussão
Art. 316 ‐ Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi‐la, mas em razão
dela, vantagem indevida:
Pena ‐ reclusão, de dois a 12 anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1º ‐ Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena ‐ reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º ‐ Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem,
o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa.
COMENTÁRIOS:
01. A conduta típica consiste em exigir o agente, por si ou por
interposta pessoa, explícita ou implicitamente, vantagem
indevida, abusando da sua autoridade pública como meio de
coação.
02. No ato de exigir sempre haverá sempre algum tipo de
constrição, intimidação sobre o particular ofendido. O funcionário
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mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
§ 2º ‐ Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa.
COMENTÁRIOS:
01. A intenção do legislador ao tornar crime a corrupção passiva
foi a manutenção do normal funcionamento da administração
pública, de modo a preservar princípios intrínsecos à instituição,
como legalidade ou moralidade, impedindo assim uma implosão
da estrutura das instituições públicas, caso haja a proliferação da
corrupção entre seus membros.
02. Assim, a partir do dispositivo legal, podemos entender que o
crime de corrupção passiva ocorre quando o funcionário público
solicita propina, vantagem ou similar para fazer ou deixar de fazer
algo relacionado com a sua função. Não importa que o indivíduo
concorde com o ato ilícito e dê aquilo o que o agente corrupto
peça. O crime já se configura no momento da solicitação da coisa
ou vantagem.
03. A corrupção passiva realiza‐se, alternativamente, por três
condutas distintas: solicitar ou receber vantagem indevida ou,
ainda, aceitar a promessa de vantagem. Solicitar, é pedir, pleitear,
postular. Receber, é obter, ter a vantagem. Aceitar a promessa é
anuir, concordar, consentir.
04. Trata‐se de vantagem indevida de natureza econômica,
patrimonial ou moral. Indevida é a vantagem não autorizada em
lei. Aquela que o funcionário não tem o direito de solicitar ou
receber. Se a vantagem é devida, o fato é atípico.
05. A vantagem solicitada ou recebida pode ser para o próprio
agente ou para outra pessoa. A promessa de vantagem aceita
também. De qualquer modo, a solicitação, o recebimento ou a
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§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
12. Incide a norma apenas quando, consumado o tipo básico, com
a solicitação, recebimento ou aceitação da promessa, o
funcionário realizar uma das seguintes condutas: retardar ou
deixar de praticar um ato de ofício ou praticá‐lo com infração de
dever funcional.
13. Retardar é somente praticar o ato a que estava obrigado após
o transcurso de um tempo juridicamente relevante. Deixar de
praticá‐lo é abster‐se de efetivá‐lo, no prazo legal ou
regulamentar. Cuida‐se de uma omissão por tempo juridicamente
relevante. Nesses casos, o ato funcional é legítimo, regular, lícito,
mas o agente não o pratica no momento em que a ele estava
obrigado. Trata‐se, pois, de corrupção passiva imprópria.
14. A última hipótese é a do agente, em razão da vantagem ou da
promessa, praticar um ato com infração de um dever funcional. É,
portanto, ato ilícito. Essa ilicitude deve ser verificada e
demonstrada à luz das normas legais e regulamentares que
presidem a atividade do funcionário.
§ 2º ‐ Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa.
15. É a chamada corrupção passiva privilegiada. Não há
solicitação, recebimento ou aceitação de promessa de vantagem,
mas simplesmente a prática, o retardamento ou a omissão de ato
de ofício com infração de dever funcional, por influência de outra
pessoa, ou a pedido desta. Trata‐se, assim, de um ato ilegítimo do
funcionário, realizado, omitido ou retardado, em atenção a uma
solicitação ou decorrente do induzimento ou instigação de terceira
pessoa.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 ‐ Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 334):
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07. De acordo com a orientação da Súmula 151 do Superior
Tribunal de Justiça, a competência para o processo e julgamento
por crime de contrabando ou descaminho define‐se pela
prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
Prevaricação
Art. 319 ‐ Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá‐lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, e multa.
COMENTÁRIOS:
01. É mais um dos crimes praticados por funcionário público
contra a administração em geral que consiste em retardar ou
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá‐lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.
02. A prevaricação realiza‐se mediante uma das seguintes
condutas: retardar, deixar de praticar ou praticar ato de ofício.
Retardar é protelar, procrastinar ou atrasar a realização do ato. É
não praticá‐lo no momento adequado e devido, para só fazê‐lo
posteriormente após um tempo juridicamente relevante. Deixar
de praticar é simplesmente não praticá‐lo, omitir sua realização.
Há diferença entre retardar e deixar de praticar. Na primeira
conduta o agente apenas pretende protelar, atrasar, adiar a
realização do ato para momento posterior. Na omissão, ele
simplesmente não o realiza porque não deseja, em tempo algum,
fazê‐lo. Essas duas condutas são, portanto, omissivas e devem ser
indevidas, no sentido de serem ilícitas, não justificadas. Assim, não
há fato típico quando o agente retarda ou deixa de praticar o ato
de ofício por uma razão justa, por um motivo justificado. A
terceira conduta típica é praticar ato de ofício contra disposição
expressa de lei. Praticar é realizar, concretizar, executar o ato.
03. Ato de ofício é aquele inserido no âmbito das atribuições
conferidas ao funcionário ou de sua competência. Pode, assim, ser
um ato administrativo, legislativo ou judicial. Deve ser praticado
contrariando dispositivo legal expresso. Não há incidência dessa
norma quando a infração é a uma norma regulamentar, uma
portaria, uma resolução etc.
04. Nas três o ato deve ser do ofício do agente, ou seja, de sua
atribuição ou competência, daí que não incorrerá na proibição se
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o ato que retarda, deixa de praticar ou pratica com infração a
norma legal não se encontra dentre aqueles a que estava obrigado
a realizar. Deve, pois, ser um ato próprio do agente que,
igualmente, deve encontrar‐se no pleno exercício de suas funções,
porque somente assim estará ele obrigado a praticá‐lo com
observância das normas legais incidentes.
05. EXEMPLOS: Um funcionário público se recusar a entregar
documentos solicitados por um cidadão de quem ele não gosta.
Um funcionário público se recusa a receber algum documento
(protocolado ou não) de um cidadão, solicitando informações,
alegando não poder receber por qualquer motivo (administrativo
e/ou pessoal). Um funcionário público adiar a entrega de
documentos solicitados por um cidadão de quem ele não gosta
até passar o prazo de entrega desses documentos.
06. Trata‐se de crime doloso. O agente deve retardar, deixar de
praticar ou praticar o ato de ofício com consciência e vontade livre
de realizar a conduta. Sua consciência deve alcançar a injustiça da
protelação ou da omissão do ato e a ilegalidade de sua prática.
07. Deve, além disso, agir com uma finalidade especial: satisfazer a
interesse ou sentimento pessoal. Significa dizer que só haverá
prevaricação quando o agente buscar a realização ou a
concretização de um interesse ou sentimento pessoal. Age,
portanto, com o fim de alcançar um desses objetivos. Interesse
pessoal é a relação entre o agente e o fato, podendo ser
patrimonial, material ou moral. É a vantagem que ele busca obter
com a realização da conduta. Sentimento pessoal é o estado
afetivo ou emocional, é o ódio ou o amor, a simpatia ou a aversão,
enfim, é o estado da alma que move o agente na concretização de
sua conduta.
08. O interesse ou sentimento pessoal pode ser positivo ou
negativo, nobre ou abjeto, pouco importa, realizando o tipo
aquele que agir com o fim de satisfazê‐lo, porque ao funcionário
público não é dado atuar movido por razões de natureza pessoal,
mas, sempre, por inspiração do cumprimento das leis. Comete
prevaricação quem realiza a conduta para agradar a um amigo ou
para fazer sofrer um desafeto.
09. Na prevaricação, o fim pretendido pelo agente não depende
da participação de qualquer outra pessoa, mormente a que será
beneficiada pela conduta, exigida na corrupção passiva.
10. A consumação, nas duas formas omissivas – retardar ou deixar
de praticar ato de ofício –, ocorre no instante em que o agente
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02. O dispositivo busca, em primeiro plano, a garantia do regular
desenvolvimento das atividades da administração pública,
seriamente afetada pela ação truculenta de seus representantes.
Secundariamente, tutela a integridade do particular afetado pela
ação violenta.
03. A conduta consiste em praticar violência no exercício da
função ou a pretexto de exercê‐la. A violência deverá ser
arbitrária, ou seja, desacompanhada de circunstâncias fáticas que
justifiquem a exaltação por parte do funcionário público.
04. Cuida‐se, portanto, de comportamento do funcionário público
que, exercendo função pública ou a pretexto de exercê‐la,
emprega a força física de modo arbitrário.
05. Consuma‐se no instante em que é empregada a violência, com
as vias de fato, a lesão corporal ou o homicídio. A tentativa é,
portanto, possível.
06. O agente responderá, necessariamente, em concurso material
com o crime correspondente à violência: lesões corporais, leves,
graves ou gravíssimas ou homicídio, tentado ou consumado. Vias
de fato ficarão absorvidas.
Art. 323 ‐ Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em
lei:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º ‐ Se do fato resulta prejuízo público:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º ‐ Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
fronteira:
Pena ‐ detenção, de um a três anos, e multa.
COMENTÁRIOS:
01. A conduta incriminada é abandonar cargo público. Abandonar
significa, no tipo, afastar‐se do cargo, deixando de exercê‐lo de
forma definitiva. Embora o nomen iuris do delito seja “abandono
de função”, o tipo refere‐se apenas ao cargo, criado por lei, com
denominação própria e vencimento pago pelos cargos públicos,
para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
02. Assim, só o titular de cargo público pode abandoná‐lo. Não se
aplica, a esse crime, a norma de equiparação do art. 327, que
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alcança pessoas que ocupam funções e empregos públicos ou em
entidades equiparadas e em empresas privadas conveniadas ou
contratadas para exercer atividade típica da Administração
Pública.
03. O abandono deve ser definitivo, não se realizando o tipo se há
simples afastamento temporário, exigindo a norma o transcurso
de tempo juridicamente relevante.
04. Há um elemento normativo: “fora dos casos permitidos em
lei”. Quer dizer, na verdade, sem justa causa, porquanto não há
norma legal expressa permitindo o abandono de cargo público.
Em consequência, se o funcionário abandona o cargo por estar em
estado de necessidade ou por um motivo de força maior, não
incidirá na proibição penal.
05. Deve atuar com dolo, com consciência de que abandona o
cargo, deixando‐o acéfalo, sabendo que faz injustificadamente, e
realizar a conduta com vontade livre, sem qualquer outro fim.
06. A consumação ocorre quando o funcionário tenha se afastado
do exercício do cargo por um tempo juridicamente relevante, de
modo a se ter como efetivado o abandono, numa situação em que
ocorre pelo menos risco de ocorrência de algum prejuízo
relevante para a Administração Pública. A tentativa é, portanto,
impossível.
07. O § 1º impõe pena de detenção de três meses a um ano “se do
fato resulta prejuízo público”. Esta é uma forma qualificada pelo
resultado que deve ser, necessariamente, um prejuízo de qualquer
natureza para os serviços públicos. O prejuízo deve resultar do
fato do abandono, ou seja, ser consequência do afastamento
definitivo do cargo pelo agente.
08. No § 2º a qualificadora diz respeito ao abandono de cargo
público realizado em lugar compreendido na faixa de fronteira.
Faixa de fronteira é a área situada a cento e cinquenta
quilômetros de largura ao longo das fronteiras nacionais,
conforme definição da Lei nº 6.634/79. A pena é detenção, de um
a três anos, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 ‐ Entrar no exercício de função pública antes de
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê‐la, sem
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado,
removido, substituído ou suspenso:
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Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
COMENTÁRIOS:
01. São duas as condutas típicas. A primeira é entrar o funcionário
no exercício de função pública antes da realização das exigências
contidas em normas legais. O agente, nomeado para determinado
cargo público, passa a exercê‐lo sem que sejam, previamente,
cumpridas todas as condições previstas em lei.
02. É norma em branco, que será complementada pelas contidas
nos dispositivos que regem o exercício dos cargos públicos. A Lei
nº 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, contém preceitos que devem ser
observados. Tratando‐se de funcionários estaduais ou municipais,
deve o intérprete socorrer‐se das leis locais para completar o
preceito penal. Requisito indispensável, em todos os níveis da
Administração, é a posse no cargo, mas há outros, como exames
médicos, inclusive psicológicos.
03. Entrar no exercício de função pública é praticar ato de ofício
que corresponda ao cargo. Assim, realiza o tipo o funcionário
público que praticar ato de ofício correspondente ao cargo para o
qual foi nomeado antes de ser empossado ou de cumprir qualquer
outra exigência legal. É o exercício funcional ilegalmente
antecipado.
04. A segunda forma típica consiste em o funcionário que tenha
sido exonerado, substituído, suspenso ou removido continuar a
exercer a função pública, isto é, praticar atos de ofício inerentes
ao cargo que ocupava, depois de ter sido dele exonerado,
suspenso ou removido. O fato será atípico se o funcionário
substituído, suspenso ou removido vier a ser autorizado, por
superior hierárquico competente, a permanecer no exercício do
cargo, em face do elemento normativo contido no tipo “sem
autorização”, a qual, é óbvio, não pode se dar quando se tratar de
funcionário exonerado. Este é o chamado exercício funcional
ilegalmente prolongado.
05. No exercício funcional ilegalmente prolongado o funcionário
deve ter consciência de que foi exonerado, substituído, suspenso
ou removido, bem assim de que não está autorizado a continuar
no exercício, atuando, igualmente, com vontade livre. Se não sabe
das exigências legais ou de que foi afastado do cargo, não
cometerá o crime, por exclusão do dolo decorrente de erro de
tipo.
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06. O crime é doloso. Na primeira modalidade a consciência do
agente deve alcançar as normas legais que contenham as
exigências necessárias para o início do exercício da função e atuar
com vontade livre, sem qualquer outra finalidade.
07. Consuma‐se o crime com a prática de um único ato de ofício
antes de satisfeitas as exigências legais, ou depois de saber que
fora exonerado, removido, substituído ou suspenso. A tentativa é
possível.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 ‐ Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e
que deva permanecer em segredo, ou facilitar‐lhe a revelação:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de
dados da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública
ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
COMENTÁRIOS:
01. A primeira conduta incriminada é revelar fato. Revelar significa
narrar a alguém, comunicar a outrem, contar a terceira pessoa.
Pode ser realizada por escrito ou verbalmente.
02. A segunda conduta típica consiste na facilitação da revelação.
Facilitar é tornar fácil, afastando obstáculos, criando condições
para que o fato entre no conhecimento de terceiro, para que seja
revelado. Neste caso, a conduta pode ser também omissiva,
quando o agente deixa de adotar medidas com vistas na
preservação do sigilo.
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03. A revelação deve ser de um fato que o agente tem ciência em
razão do cargo público que exerce e, ao mesmo tempo, que deve
ser mantido em segredo. Em outras palavras, o fato chega ao
conhecimento do agente em decorrência das atividades inerentes
ao seu cargo. Tem conhecimento dele por força da sua atuação
funcional. Assim, se o fato entra na esfera do conhecimento do
agente por outra razão que não o exercício do seu cargo, sua
revelação não constituirá esse delito do art. 325.
04. Além disso, o fato deve ser daqueles que devem permanecer
em segredo. Fato sigiloso, portanto. Sigiloso e que deve
permanecer em segredo é o fato de interesse público cuja
revelação possa causar dano a um interesse da Administração
Pública.
05. Crime doloso. O agente tem consciência de que o fato chegou
ao seu conhecimento em virtude da função que exerce, sabe que
deve permanecer em segredo e, ainda assim, revelam a alguém
com vontade livre, sem qualquer outra finalidade. A revelação ou
a sua facilitação por negligência não constitui crime.
06. O momento consumativo ocorre quando o segredo chega ao
conhecimento de qualquer pessoa, em consequência da conduta
dolosa do agente. A tentativa é possível.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de
dados da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
07. O inciso I contém duas condutas típicas. Permitir ou facilitar o
acesso de pessoas não autorizadas a sistema de informações ou a
banco de dados da Administração. Permitir é deixar, concordar,
autorizar, proporcionar o acesso. Facilitar é contribuir para que ele
ocorra.
08. A norma contém os meios de execução: mediante atribuição,
fornecimento ou empréstimo de senha ou por qualquer outra
forma análoga. O primeiro é a informação ao terceiro não
autorizado, por atribuição, fornecimento ou empréstimo da senha
ou código de acesso ao sistema informatizado ou ao banco de
dados.
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09. Pode o agente facilitar o acesso, através da eliminação de
dificuldades de acesso, quando, por exemplo, deixa o sistema
aberto para o acesso de terceiro que, então, não necessita de
utilização de senha para nele ingressar. Assim, a conduta pode ser
realizada por ação ou por omissão.
10. No inciso II está incriminada a conduta do funcionário público
que se utiliza indevidamente do acesso restrito. Nesse caso o
agente faz uso não autorizado do acesso restrito que tem ao
sistema de informações ou banco de dados.
11. Em todas as modalidades típicas deve o agente atuar
dolosamente, com consciência de que está atribuindo código de
acesso a terceiro ou sabendo que utiliza indevidamente o acesso
restrito, realizando a conduta com vontade livre, sem qualquer
outra finalidade especial. Não há modalidade culposa.
12. O momento consumativo acontece no instante em que o
terceiro recebe a senha ou código de acesso ao sistema de
informações ou ao banco de dados, ou quando o agente realiza a
conduta que facilita ou permite o acesso, não sendo necessário
que ele consiga obtê‐lo, ou, no caso do inciso II, quando o agente
faz uso indevido do acesso restrito. A tentativa é possível.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública
ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
O § 2º do art. 325 contém a forma qualificada pelo resultado,
cominada reclusão de dois a seis anos e multa. Deve a conduta ser
a causa de um resultado efetivamente e não apenas
potencialmente danoso para a Administração ou para qualquer
outra pessoa. Será assim um dano, patrimonial, econômico ou
moral. A norma não se refere a um dano para o governo ou para o
governante, mas para a Administração ou para um particular.
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 ‐ Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública,
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá‐lo:
Pena ‐ Detenção, de três meses a um ano, e multa.
100
COMENTÁRIOS:
O presente dispositivo foi tacitamente revogado pelo artigo 94 da
Lei 8.666/1993, que institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Usurpação de função pública
Art. 328 ‐ Usurpar o exercício de função pública:
Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único ‐ Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena ‐ reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Resistência
Art. 329 ‐ Opor‐se à execução de ato legal, mediante violência
ou ameaça a funcionário competente para executá‐lo ou a quem
lhe esteja prestando auxílio:
Pena ‐ detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º ‐ Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena ‐ reclusão, de um a três anos.
§ 2º ‐ As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
Desobediência
Art. 330 ‐ Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desacato
Art. 331 ‐ Desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
1995)
Art. 332 ‐ Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público no exercício da
função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Parágrafo único ‐ A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
101
Corrupção ativa
Art. 333 ‐ Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná‐lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em
razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena ‐ reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei
nº 13.008, de 26.6.2014)
I ‐ pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II ‐ pratica fato assimilado, em lei especial, a descami‐
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
III ‐ vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta
por parte de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
IV ‐ adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, merca‐doria de
procedência estrangeira, desacompanhada de documen‐tação
legal ou acompanhada de documentos que sabe serem
falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2o Equipara‐se às atividades comerciais, para os efeitos
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residên‐
cias. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 3o A pena aplica‐se em dobro se o crime de descaminho é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
102
Contrabando
Art. 334‐A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei
nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
I ‐ pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II ‐ importa ou exporta clandestinamente mercadoria que
dependa de registro, análise ou autorização de órgão público
competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
III ‐ reinsere no território nacional mercadoria brasileira
destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV ‐ vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei
brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
V ‐ adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)§ 2º ‐ Equipara‐se às atividades comerciais, para os
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
§ 3o A pena aplica‐se em dobro se o crime de contrabando é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela
Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335 ‐ Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
ou venda em hasta pública, promovida pela administra‐ção
federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal;
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
pena correspondente à violência.
Parágrafo único ‐ Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336 ‐ Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou cons‐
purcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou
inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
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ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer
objeto:
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Subtração ou inutilização de livro ou documento
Art. 337 ‐ Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcio‐
nário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena ‐ reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
crime mais grave.
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
Art. 337‐A. Suprimir ou reduzir contribuição social previ‐
denciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de docu‐
mento de informações previsto pela legislação previdenciária
segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou
trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros aufe‐
ridos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos gera‐
dores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
presta as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil,
104
quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço
até a metade ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste
dos benefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
DIREITO PENAL
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
PARTE GERAL
TÍTULO VII
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena ‐ reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I ‐ mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe;
II ‐ por motivo fútil;
III ‐ com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
comum;
IV ‐ à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
ofendido;
V ‐ para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
Pena ‐ reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI ‐ contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
105
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena ‐ reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o‐A Considera‐se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
2015)
I ‐ violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)
II ‐ menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena ‐ detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º ‐ Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar
de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se
o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
(Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
2015)
I ‐ durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II ‐ contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de
2015)
106
107
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Infanticídio
Art. 123 ‐ Matar, sob a influência do estado puerperal, o
próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena ‐ detenção, de dois a seis anos.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 ‐ Provocar aborto em si mesma ou consentir que
outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena ‐ detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 ‐ Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena ‐ reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 ‐ Provocar aborto com o consentimento da
gestante: (Vide ADPF 54)
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica‐se a pena do artigo anterior, se a
gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil
mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 ‐ As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
meios empregados para provocá‐lo, a gestante sofre lesão
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 ‐ Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide
ADPF 54)
Aborto necessário
I ‐ se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II ‐ se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal.
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
108
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I ‐ Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
trinta dias;
II ‐ perigo de vida;
III ‐ debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV ‐ aceleração de parto:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I ‐ Incapacidade permanente para o trabalho;
II ‐ enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV ‐ deformidade permanente;
V ‐ aborto:
Pena ‐ reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí‐lo:
Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois
contos de réis:
I ‐ se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II ‐ se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena ‐ detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta‐se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
109
§ 8º ‐ Aplica‐se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
convivido, ou, ainda, prevalecendo‐se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada
pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena ‐ detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação
dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta‐se a
pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois
terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Perigo de contágio venéreo
Art. 130 ‐ Expor alguém, por meio de relações sexuais ou
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que
sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º ‐ Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º ‐ Somente se procede mediante representação.
Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131 ‐ Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Art. 132 ‐ Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
iminente:
110
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, se o fato não
constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço
se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
transporte de pessoas para a prestação de serviços em
estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as
normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
Abandono de incapaz
Art. 133 ‐ Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz
de defender‐se dos riscos resultantes do abandono:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º ‐ Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
grave:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º ‐ Se resulta a morte:
Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º ‐ As penas cominadas neste artigo aumentam‐se de um
terço:
I ‐ se o abandono ocorre em lugar ermo;
II ‐ se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. (Incluído pela
Lei nº 10.741, de 2003)
Exposição ou abandono de recém‐nascido
Art. 134 ‐ Expor ou abandonar recém‐nascido, para ocultar
desonra própria:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º ‐ Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena ‐ detenção, de um a três anos.
§ 2º ‐ Se resulta a morte:
Pena ‐ detenção, de dois a seis anos.
Omissão de socorro
Art. 135 ‐ Deixar de prestar assistência, quando possível fazê‐
lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa.
111
112
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto
Art. 155 ‐ Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º ‐ A pena aumenta‐se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.
§ 2º ‐ Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí‐la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.
§ 3º ‐ Equipara‐se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º ‐ A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
crime é cometido:
I ‐ com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da coisa;
II ‐ com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
III ‐ com emprego de chave falsa;
IV ‐ mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º‐A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e
multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo
que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 5º ‐ A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração
for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela
Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e
multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
113
114
§ 2º‐A A pena aumenta‐se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma
de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º‐B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica‐se
em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela
Lei 13.964/19)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654,
de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
(dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta)
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Extorsão
Art. 158 ‐ Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de
fazer alguma coisa:
Pena ‐ reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º ‐ Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
com emprego de arma, aumenta‐se a pena de um terço até
metade.
§ 2º ‐ Aplica‐se à extorsão praticada mediante violência o
disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção
da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou
morte, aplicam‐se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
Extorsão mediante seqüestro
Art. 159 ‐ Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
115
resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de
2002)
Pena ‐ reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei
nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei
nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena ‐ reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei
nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 2º ‐ Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena ‐ reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º ‐ Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena ‐ reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 4º ‐ Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado,
terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela
Lei nº 9.269, de 1996)
Extorsão indireta
Art. 160 ‐ Exigir ou receber, como garantia de dívida,
abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa
a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa.
CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO
Alteração de limites
Art. 161 ‐ Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer
outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar‐se, no todo
ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º ‐ Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
116
I ‐ desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias;
Esbulho possessório
II ‐ invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício
alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º ‐ Se o agente usa de violência, incorre também na pena a
esta cominada.
§ 3º ‐ Se a propriedade é particular, e não há emprego de
violência, somente se procede mediante queixa.
Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162 ‐ Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou
rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa.
CAPÍTULO IV
DO DANO
Dano
Art. 163 ‐ Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único ‐ Se o crime é cometido:
I ‐ com violência à pessoa ou grave ameaça;
II ‐ com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o
fato não constitui crime mais grave
III ‐ contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito
Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária
de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
IV ‐ por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a
vítima:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da
pena correspondente à violência.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164 ‐ Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
prejuízo:
117
Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
Art. 165 ‐ Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico
ou histórico:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Alteração de local especialmente protegido
Art. 166 ‐ Alterar, sem licença da autoridade competente, o
aspecto de local especialmente protegido por lei:
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Ação penal
Art. 167 ‐ Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo
e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
CAPÍTULO V
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Apropriação indébita
Art. 168 ‐ Apropriar‐se de coisa alheia móvel, de que tem a
posse ou a detenção:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, quando o agente
recebeu a coisa:
I ‐ em depósito necessário;
II ‐ na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III ‐ em razão de ofício, emprego ou profissão.
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Art. 168‐A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal
ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000)
118
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
destinada à previdência social que tenha sido descontada de
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – recolher contribuições devidas à previdência social que
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda
de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
III ‐ pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela
previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,
importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes
do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social
previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica
aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive
dos acessórios, seja superior àquele estabelecido,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018)
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força
da natureza
Art. 169 ‐ Apropriar‐se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
119
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único ‐ Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I ‐ quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo
ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II ‐ quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
parcialmente, deixando de restituí‐la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá‐la à autoridade competente, dentro no
prazo de quinze dias.
Art. 170 ‐ Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica‐se o
disposto no art. 155, § 2º.
CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
Estelionato
Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos
mil réis a dez contos de réis.
§ 1º ‐ Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art.
155, § 2º.
§ 2º ‐ Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I ‐ vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em
garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II ‐ vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III ‐ defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse
do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
120
II ‐ criança ou adolescente;
III ‐ pessoa com deficiência mental; ou
IV ‐ maior de 70 anos de idade ou incapaz.
Duplicata simulada
Art. 172 ‐ Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade,
ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
Pena ‐ detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de
Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
Abuso de incapazes
Art. 173 ‐ Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação
ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à
121
prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo
próprio ou de terceiro:
Pena ‐ reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Induzimento à especulação
Art. 174 ‐ Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de
outrem, induzindo‐o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação
com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a
operação é ruinosa:
Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa.
Fraude no comércio
Art. 175 ‐ Enganar, no exercício de atividade comercial, o
adquirente ou consumidor:
I ‐ vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada;
II ‐ entregando uma mercadoria por outra:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º ‐ Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira
por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por
verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º ‐ É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Outras fraudes
Art. 176 ‐ Tomar refeição em restaurante, alojar‐se em hotel
ou utilizar‐se de meio de transporte sem dispor de recursos para
efetuar o pagamento:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único ‐ Somente se procede mediante
representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar
de aplicar a pena.
Fraudes e abusos na fundação ou administração de
sociedade por ações
Art. 177 ‐ Promover a fundação de sociedade por ações,
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à
assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou
ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
122
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não
constitui crime contra a economia popular.
§ 1º ‐ Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)
I ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que,
em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao
público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições
econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo
ou em parte, fato a elas relativo;
II ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
III ‐ o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade
ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres
sociais, sem prévia autorização da assembleia geral;
IV ‐ o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V ‐ o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito
social, aceita em penhor ou em caução ações da própria
sociedade;
VI ‐ o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou
dividendos fictícios;
VII ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de
conta ou parecer;
VIII ‐ o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX ‐ o representante da sociedade anônima estrangeira,
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados
nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º ‐ Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
"warrant"
Art. 178 ‐ Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
desacordo com disposição legal:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Fraude à execução
123
Art. 179 ‐ Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo
ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único ‐ Somente se procede mediante queixa.
CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO
Receptação
Art. 180 ‐ Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de
crime, ou influir para que terceiro, de boa‐fé, a adquira, receba ou
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
§ 1º ‐ Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda,
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve
saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Pena ‐ reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º ‐ Equipara‐se à atividade comercial, para efeito do
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º ‐ Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
oferece, deve presumir‐se obtida por meio criminoso: (Redação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º ‐ A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 5º ‐ Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
124
pena. Na receptação dolosa aplica‐se o disposto no § 2º do art.
155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o Tratando‐se de bens do patrimônio da União, de Estado,
do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos, aplica‐se em dobro a
pena prevista no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)
Receptação de animal
Art. 180‐A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de
comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Peculato
Art. 312 ‐ Apropriar‐se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo, ou desviá‐lo, em proveito próprio
ou alheio:
Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º ‐ Aplica‐se a mesma pena, se o funcionário público,
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai,
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou
alheio, valendo‐se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º ‐ Se o funcionário concorre culposamente para o crime
de outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano.
125
§ 3º ‐ No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 ‐ Apropriar‐se de dinheiro ou qualquer utilidade que,
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313‐A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000))
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313‐B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
informações ou programa de informática sem autorização ou
solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314 ‐ Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá‐lo ou inutilizá‐lo,
total ou parcialmente:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 ‐ Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa
da estabelecida em lei:
Pena ‐ detenção, de um a três meses, ou multa.
Concussão
126
Art. 316 ‐ Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi‐la,
mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena ‐ reclusão, de 2 a 8 anos, e multa (incluído pela
Lei13964/19)
Excesso de exação
§ 1º ‐ Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena ‐ reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º ‐ Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
públicos:
Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Corrupção passiva
Art. 317 ‐ Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi‐la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em consequência
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
§ 2º ‐ Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
ou influência de outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 ‐ Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena ‐ reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Prevaricação
Art. 319 ‐ Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá‐lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, e multa.
127
128
Art. 325 ‐ Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar‐lhe a revelação:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o
fato não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de
dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 ‐ Devassar o sigilo de proposta de concorrência
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá‐lo:
Pena ‐ Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Funcionário público
Art. 327 ‐ Considera‐se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º ‐ Equipara‐se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º ‐ A pena será aumentada da terça parte quando os
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público.(Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Usurpação de função pública
Art. 328 ‐ Usurpar o exercício de função pública:
Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, e multa.
129
Parágrafo único ‐ Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena ‐ reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Resistência
Art. 329 ‐ Opor‐se à execução de ato legal, mediante violência
ou ameaça a funcionário competente para executá‐lo ou a quem
lhe esteja prestando auxílio:
Pena ‐ detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º ‐ Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena ‐ reclusão, de um a três anos.
§ 2º ‐ As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
Desobediência
Art. 330 ‐ Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desacato
Art. 331 ‐ Desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
1995)
Art. 332 ‐ Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público no exercício da
função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Parágrafo único ‐ A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Corrupção ativa
Art. 333 ‐ Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná‐lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em
razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Descaminho
130
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena ‐ reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei
nº 13.008, de 26.6.2014)
I ‐ pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II ‐ pratica fato assimilado, em lei especial, a
descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
III ‐ vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta
por parte de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
IV ‐ adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal
ou acompanhada de documentos que sabe serem
falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2o Equipara‐se às atividades comerciais, para os efeitos
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 3o A pena aplica‐se em dobro se o crime de descaminho é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Contrabando
Art. 334‐A. Importar ou exportar mercadoria
proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei
nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
I ‐ pratica fato assimilado, em lei especial, a
contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II ‐ importa ou exporta clandestinamente mercadoria que
dependa de registro, análise ou autorização de órgão público
competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
131
132
133
Corrupção ativa em transação comercial internacional
Art. 337‐B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
indiretamente, vantagem indevida a funcionário público
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná‐lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial
internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se,
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público
estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de
11.6.2002)
Tráfico de influência em transação comercial
internacional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Art. 337‐C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de
vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a
transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de
11.6.2002)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a
funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº 10467,
de 11.6.2002)
Art. 337‐D. Considera‐se funcionário público estrangeiro, para
os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
entidades estatais ou em representações diplomáticas de país
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. Equipara‐se a funcionário público estrangeiro
quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas,
diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 338 ‐ Reingressar no território nacional o estrangeiro que
dele foi expulso:
134
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova
expulsão após o cumprimento da pena.
Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de
processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra
alguém, imputando‐lhe crime de que o sabe inocente: (Redação
dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena ‐ reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º ‐ A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se
serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º ‐ A pena é diminuída de metade, se a imputação é de
prática de contravenção.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Art. 340 ‐ Provocar a ação de autoridade, comunicando‐lhe a
ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
verificado:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa.
Auto‐acusação falsa
Art. 341 ‐ Acusar‐se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem:
Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
§ 1o As penas aumentam‐se de um sexto a um terço, se o
crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
processo civil em que for parte entidade da administração pública
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a
verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
135
Pena ‐ reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. As penas aumentam‐se de um sexto a um
terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
parte entidade da administração pública direta ou
indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Coação no curso do processo
Art. 344 ‐ Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 ‐ Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da
pena correspondente à violência.
Parágrafo único ‐ Se não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.
Art. 346 ‐ Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou
convenção:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Fraude processual
Art. 347 ‐ Inovar artificiosamente, na pendência de processo
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único ‐ Se a inovação se destina a produzir efeito
em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam‐se
em dobro.
Favorecimento pessoal
Art. 348 ‐ Auxiliar a subtrair‐se à ação de autoridade pública
autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º ‐ Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena ‐ detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
§ 2º ‐ Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
Favorecimento real
136
Art. 349 ‐ Prestar a criminoso, fora dos casos de co‐autoria ou
de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do
crime:
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349‐A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou
facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel,
de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento
prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela
Lei nº 12.012, de 2009).
Exercício arbitrário ou abuso de poder
Art. 350 ‐ Ordenar ou executar medida privativa de liberdade
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único ‐ Na mesma pena incorre o funcionário que:
I ‐ ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
estabelecimento destinado a execução de pena privativa de
liberdade ou de medida de segurança;
II ‐ prolonga a execução de pena ou de medida de segurança,
deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar
imediatamente a ordem de liberdade;
III ‐ submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
IV ‐ efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
Art. 351 ‐ Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente
presa ou submetida a medida de segurança detentiva:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º ‐ Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão,
de dois a seis anos.
§ 2º ‐ Se há emprego de violência contra pessoa, aplica‐se
também a pena correspondente à violência.
§ 3º ‐ A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou
o internado.
§ 4º ‐ No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia
ou guarda, aplica‐se a pena de detenção, de três meses a um ano,
ou multa.
Evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352 ‐ Evadir‐se ou tentar evadir‐se o preso ou o indivíduo
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
contra a pessoa:
137
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, além da pena
correspondente à violência.
Arrebatamento de preso
Art. 353 ‐ Arrebatar preso, a fim de maltratá‐lo, do poder de
quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, além da pena
correspondente à violência.
Motim de presos
Art. 354 ‐ Amotinarem‐se presos, perturbando a ordem ou
disciplina da prisão:
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência.
Patrocínio infiel
Art. 355 ‐ Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o
dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em
juízo, lhe é confiado:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único ‐ Incorre na pena deste artigo o advogado ou
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou
sucessivamente, partes contrárias.
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Art. 356 ‐ Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que
recebeu na qualidade de advogado ou procurador:
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Exploração de prestígio
Art. 357 ‐ Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou
testemunha:
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único ‐ As penas aumentam‐se de um terço, se o
agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se
destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
Violência ou fraude em arrematação judicial
Art. 358 ‐ Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
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Pena ‐ detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da
pena correspondente à violência.
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão
de direito
Art. 359 ‐ Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
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