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SUMÁRIO 
CRIMES CONTRA A VIDA................................................................................ 2 
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .............................................................. 33 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................... 68 
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO .................................................................... 105 
 

   


 

 
CRIMES CONTRA A VIDA 
 
Os crimes contra a pessoa estão previstos no Título I da Parte  
Especial do CP e podem ser divididos em seis grandes grupos:  
•  Crimes contra a vida; 
•  Lesões corporais; 
•  Periclitação da vida e saúde; 
•  Da Rixa; 
•  Crimes contra a honra; 
•  Crimes contra a Liberdade Individual  
Vamos  estudar  cada  um  destes  subgrupos  de  crimes  contra  a 
pessoa isoladamente.  
*Dos crimes contra a vida 
Os  crimes  contra  a  vida  são  aqueles  nos  quais  o  bem  jurídico 
tutelado é a vida humana. A vida é o bem jurídico mais importante 
do  ser  humano.  Não  é  à  toa  que  os  crimes  contra  a  vida  são  os 
primeiros crimes da parte especial do CP.  
A  vida  humana,  para  efeitos  penais,  pode  ser  tanto  a  vida 
intrauterina  quanto  a  vida  extrauterina,  de  forma  que  não  só  a 
vida de quem já nasceu é tutelada, mas também será tutelada a 
vida daqueles que ainda estão no ventre materno (nascituros).  
Os  arts.  121  a  123  cuidam  da  tutela  da  vida  EXTRAUTERINA  (De 
quem já nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da 
  
tutela da vida INTRAUTERINA (Dos nascituros).
VAMOS LÁ; 

Homicídio 
O art. 121 do CP diz:  
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena ‐ reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de 
pena  
§  1º  Se  o  agente  comete  o  crime  impelido  por  motivo  de 
relevante  valor  social  ou  moral,  ou  sob  o  domínio  de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.  
Homicídio qualificado  


 

§ 2° Se o homicídio é cometido:   
I‐mediante paga ou promessa de recompensa ,ou por outro 
 
motivo torpe;   
II ‐ por motivo fútil;  
III  ‐  com  emprego  de  veneno,  fogo,  explosivo,  asfixia, 
tortura  ou  outro  meio  insidioso  ou  cruel,  ou  de  que  possa 
resultar perigo comum;  
IV ‐ à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do 
ofendido;  
V ‐ para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade 
ou vantagem de outro crime:  
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)  
VI  ‐  contra  a  mulher  por  razões  da  condição  de  sexo 
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)  
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 
144  da  Constituição  Federal,  integrantes  do  sistema 
prisional  e  da  Força  Nacional  de  Segurança  Pública,  no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu 
cônjuge,  companheiro  ou  parente  consanguíneo  até 
terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei 
nº 13.142, de 2015)  
Pena ‐ reclusão, de doze a trinta anos.  
§  2º‐A  Considera‐se  que  há  razões  de  condição  de  sexo 
feminino  quando  o  crime  envolve:  (Incluído  pela  Lei  nº 
13.104, de 2015)  
I  ‐  violência  doméstica  e  familiar;  (Incluído  pela  Lei  nº 
13.104, de 2015)  
II  ‐  menosprezo  ou  discriminação  à  condição  de  mulher. 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)  
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)  
Pena ‐ detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena  
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica 
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 


 

imediato  socorro  à  vítima,  não  procura  diminuir  as 


consequências  do  seu  ato,  ou  foge  para  evitar  prisão  em 
flagrante.  Sendo  doloso  o  homicídio,  a  pena  é  aumentada 
de  1/3  (um  terço)  se  o  crime  é  praticado  contra  pessoa 
menor  de  14  (quatorze)  ou  maior  de  60  (sessenta)  anos. 
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)  
§  5º  ‐  Na  hipótese  de  homicídio  culposo,  o  juiz  poderá 
deixar  de  aplicar  a  pena,  se  as  consequências  da  infração 
atingirem  o  próprio  agente  de  forma  tão  grave  que  a 
sanção  penal  se  torne  desnecessária.  (Incluído  pela  Lei  nº 
6.416, de 24.5.1977)  
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade 
se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto 
de  prestação  de  serviço  de  segurança,  ou  por  grupo  de 
extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)  
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) 
até  a  metade  se  o  crime  for  praticado:  (Incluído  pela  Lei 
nº 13.104, de 2015)  
I ‐ durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao 
parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)  
I ‐ contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60  
(sessenta)  anos  ou  com  deficiência;  (Incluído  pela  Lei  no 
13.104, de 2015)  
III  ‐  na  presença  de  descendente  ou  de  ascendente  da 
vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)  
O  bem  jurídico  tutelado,  como  disse,  é  a  vida  humana.  O 
Homicídio, entretanto, pode ocorrer nas seguintes modalidades:  
a)  Homicídio Simples; 
b)  Homicídio privilegiado (§1°); 
c)  Homicídio qualificado (§2°); 
d)  Homicídio culposo (§3°); 
e)  Homicídio culposo majorado (§4°, primeira parte); 
f)   Homicídio doloso majorado (§4°, segunda parte e §§ 6º e 7º);  
A)  Homicídio simples  
É  aquele  previsto  no  caput  do  art.  121  (“matar  alguém”).  O 
sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física, bem como qualquer 
pessoa física pode ser sujeito passivo do delito. Entretanto, se o 
sujeito passivo for o Presidente da República, do Senado Federal, 
da  Câmara  dos  Deputados  ou  do  STF,  e  o  ato  possuir  cunho 


 

político,  estaremos  diante  de  um  crime  previsto  na  Lei  de 
 
Segurança Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89).  
O  tipo  objetivo  (conduta  descrita  como  incriminada)  é  TIRAR  A 
VIDA  DE  ALGUÉM.  Mas  para  isso,  precisamos  saber  quando  se 
inicia a vida humana.  
A vida humana se inicia com o início do parto. Para a maioria da 
Doutrina,  o  início  do  parto  (que  gera  início  da  vida)  se  dá  com  o 
início  do  processo  de  parto,  no  qual  o  feto  passa  a  ter  contato  
 
com a vida extrauterina.
Não há necessidade de que o feto seja viável , bastando que fique 
provado que nasceu com vida, basta isso!  
Assim,  se  for  tirada  a  vida  de  alguém  que  ainda  não  nasceu 
(ainda  não  há  vida  extrauterina,  não  há  homicídio,  podendo 
haver aborto).  
Semelhantemente, se o fato for praticado contra quem já não tem 
mais vida (cadáver), estaremos diante de UM CRIME IMPOSSÍVEL 
(Por absoluta impropriedade do objeto).  
O homicídio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de 
fogo,  facada,  pancadas,  etc.),  podendo  ser  praticado  de  forma 
comissiva (ação) ou omissiva (omissão). Como assim? Isso mesmo, 
pode ser que alguém responda por homicídio sem ter agido, mas 
 
tendo se omitido.  
EXEMPLO:  Mãe  que,  mesmo  sabendo  que  o  padrasto  irá  matar 
seu  filho,  nada  faz  para  impedi‐lo,  ainda  que  pudesse  agir  para 
evitar o crime sem prejuízo de sua integridade física. Neste caso, 
se  o  padrasto  vem  a  praticar  o  homicídio,  e  ficar  provado  que  a 
mãe  sabia  e  nada  fez  para  impedir,  ela  responderá  por 
HOMICÍDIO DOLOSO (mesmo sem ter praticado qualquer ato!), na 
qualidade de crime omissivo IMPRÓPRIO (recomendo a leitura do 
art. 13, §2o do CP).  
CUIDADO!  O  homicídio  pode  ser  praticado,  ainda,  por  meios 
  
psicológicos, não sendo obrigatório o uso de meios materiais.
EXEMPLO: Imagine que a filha, desejosa de ver sua mãe morta, a 
fim  de  herdar  seu  patrimônio,  e  sabendo  que  a  mãe  possui 
problemas  cardíacos,  simula  uma  situação  de  sequestro  de  seu 
irmão  caçula.  A  mãe,  ao  receber  a  ligação,  tem  um  infarto  do 
miocárdio,  fulminante,  vindo  a  óbito.  Nesse  caso,  a  conduta 
dolosa e planejada da filha pode ser considerada homicídio, pois 
o meio foi hábil para alcançar o resultado pretendido.  
O  elemento  subjetivo  é  o  dolo,  não  se  exigindo  qualquer 
finalidade específica de agir (dolo específico). Pode ser dolo direto 


 

ou dolo indireto (eventual ou alternativo).  
O  crime  se  consuma  quando  a  vítima  vem  a  falecer,  sendo, 
portanto, um crime material. Como o delito pode ser fracionado 
em vários atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de 
tentativa, desde que, iniciada a execução, o crime não se consume 
por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
O  homicídio  simples,  ainda  quando  praticado  por  apenas  uma 
pessoa MAS EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO É 
CRIME HEDIONDO (art. 1º, I da Lei 8.072/90). 
B) Homicídio privilegiado (§1°) 62930902337  
O  Homicídio  privilegiado  possui  as  mesmas  características  do 
homicídio  simples,  com  a  peculiaridade  de  que  a  motivação  do 
crime,  neste  caso,  é  NOBRE.  Ou  seja,  o  crime  é  praticado  em 
circunstâncias  nas  quais  a  Lei  entende  que  a  conduta  do  agente 
NÃO É TÃO GRAVE. Pode ocorrer em três situações:  
•  Motivo  de  relevante  valor  social  –  Por  exemplo,  matar  o 
estuprador do bairro.  
•  Motivo  de  relevante  valor  MORAL  –  Por  exemplo,  matar  por 
compaixão (eutanásia).  
•  Sob  o  domínio  de  violenta  emoção,  LOGO  APÓS  injusta 
provocação da vítima – Agente pratica o crime movido por um 
sentimento  de  violenta  raiva,  imediatamente  após  a  criação 
desse  sentimento  pela  própria  vítima.  Ex.:  Imagine  que  o 
marido  mate  a  própria  esposa  após  ela  o  ter  xingado, 
afirmando que ele era um frouxo e fracassado, e que ela já teria 
dormido com toda a vizinhança. Nesse caso, se o marido agir de 
supetão,  dando‐lhe  um  tiro,  por  exemplo,  HÁ  CRIME  DE 
HOMICÍDIO,  mas  em  razão  da  provocação  da  vítima  (injusta) 
que criou a violenta emoção no infrator, o crime é privilegiado.  
Mas quais as consequências do crime privilegiado? A pena, nesse 
caso, é diminuída de 1/6 a 1/3.  
CUIDADO!  Se  o  crime  for  praticado  em  concurso  de  pessoas,  a 
circunstância pessoal (violenta emoção) não se comunica entre os 
agentes,  respondendo  por  homicídio  simples  aquele  que  não 
  
estava sob violenta emoção.
C)  Homicídio qualificado  
O homicídio qualificado é aquele para o qual se prevê uma pena 
mais grave (12 a 30 anos), em razão da maior reprovabilidade da 
conduta  do  agente.  O  homicídio  será  qualificado  quando  for 
praticado:  


 

Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO 
TORPE  –  Aqui  se  pune  mais  severamente  o  homicídio  praticado 
por  motivo  torpe,  que  é  aquela  motivação  repugnante,  abjeta, 
dando‐se, como exemplo, a realização do crime mediante paga ou 
promessa de recompensa. Trata‐se do mercenário. Na modalidade 
de  “paga”,  o  pagamento  acontece  antes.  Na  modalidade 
“promessa  de  recompensa”,  o  pagamento  deverá  ocorrer  depois 
do  crime,  mas  a  sua  efetiva  concretização  (do  pagamento)  é 
IRRELEVANTE.  Aqui  há  o  chamado  concurso  necessário,  pois  é 
imprescindível  que  pelo  menos  duas  pessoas  participem  (quem 
paga ou promete e quem executa). 
OBS: Os Tribunais entendem que TANTO O MANDANTE QUANTO 
O EXECUTOR RESPONDEM PELA MODALIDADE QUALIFICADA. 
A  Doutrina  diverge  sobre  a  natureza  da  “recompensa”,  mas 
prevalece  o  entendimento  de  que  deva  ter  natureza  econômica, 
embora  a  recompensa  de  outra  natureza  também  possa  ser 
enquadrada  como  “outro  motivo  torpe”  (Há  interpretação 
ANALÓGICA  aqui).  A  “vingança”  pode  ou  não  ser  considerada 
motivo  torpe,  isso  depende  do  caso  concreto  (posição  dos 
Tribunais). 
 Por  motivo  fútil  –  Aqui  temos  o  motivo  banal,  aquele  no  qual  o 
agente  retira  a  vida  de  alguém  por  um  motivo  bobo,  ridículo,  ou 
seja,  há  uma  desproporção  gigante  entre  o  motivo  do  crime  e  o 
bem  lesado  (vida).  MOTIVO  INJUSTO  É  DIFERENTE  DE  MOTIVO 
FÚTIL.  O  motivo  injusto  é  inerente  ao  homicídio  (se  fosse  justo, 
não  seria  crime).  A  Doutrina  majoritária  entende  que  o  crime 
praticado “SEM MOTIVO ALGUM” (ausência de motivo) também é 
qualificado.  O  STJ,  entretanto,  vem  firmando  entendimento  no 
sentido contrário, ou seja, de que seria homicídio simples.  
Com  emprego  de  veneno,  fogo,  explosivo,  asfixia,  tortura  ou 
outro  meio  insidioso  ou  cruel,  ou  de  que  possa  resultar  perigo 
comum  –  Aqui  temos  mais  uma  hipótese  de  INTERPRETAÇÃO 
ANALÓGICA, pois o legislador dá uma série de exemplos e no final 
abre a possibilidade para que outras condutas semelhantes sejam 
punidas  da  mesma  forma.  Temos  aqui,  não  uma  qualificadora 
decorrente  dos  MOTIVOS  DO  CRIME,  mas  uma  qualificadora 
decorrente  dos  MEIOS  UTILIZADOS  para  a  prática  do  delito.  A 
Doutrina  entende  que  a  qualificadora  do  “emprego  de  veneno” 
só incide se a vítima NÃO SABE QUE ESTÁ INGERINDO O VENENO 
Se  a  vítima  NÃO  souber,  o  crime  poderá  ser  qualificado  pelo 
meio cruel. 
OBS:  A  utilização  de  tortura  como  MEIO  para  se  praticar  o 
homicídio,  qualifica  o  crime.  Entretanto,  se  o  agente  pretende 
TORTURAR  (esse  é  o  objetivo),  mas  se  excede  (culposamente)  e 


 

acaba matando a vítima, NÃO HÁ HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA 
TORTURA,  mas  TORTURA  QUALIFICADA  PELO  RESULTADO 
MORTE (art. 1°, §3° da Lei 9.455/97).  
À  traição,  de  emboscada,  ou  qualquer  outro  meio  que  dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido – Nesse caso, o crime é 
qualificado  em  razão,  também,  DO  MEIO  UTILIZADO  ,pois  ele 
dificulta a defesa da vítima.  
OBS:  A  idade  da  vítima  (idoso  ou  criança,  por  exemplo),  NÃO    É 
MEIO  PROCURADO  PELO  AGENTE,  LOGO  não  qualifica  o  crime, 
embora,  no  caso  concreto,  torne  mais  difícil  a  defesa,  em  alguns 
casos.  
Para  assegurar  a  execução,  ocultação,  a  impunidade  ou 
vantagem de outro crime – Aqui há o que chamamos de conexão 
instrumental, ou seja, o agente pratica o homicídio para assegurar 
alguma  vantagem  referente  a  outro  crime,  que pode  consistir  na 
execução  do  outro  crime,  na  ocultação  do  outro  crime,  na 
impunidade  do  outro  crime  ou  na  vantagem  do  outro  crime.  A 
conexão  instrumental  pode  ser  TELEOLÓGICA  (assegurar  a 
execução  FUTURA  de  outro  crime)  OU  CONSEQUENCIAL 
(assegurar  a  ocultação,  a  impunidade  ou  a  vantagem  do  outro 
crime,  que  JÁ  OCORREU).  O  “outro  crime”  NÃO  PRECISA  SER 
PRATICADO  OU  TER  SIDO  PRATICADO  PELO  AGENTE,  pode  ter 
sido praticado por outra pessoa.  
FEMINICÍDIO  –  Aqui  teremos  um  homicídio  qualificado  em  razão 
de ter sido praticado contra mulher, em situação denominada de 
“violência de gênero”. Não basta, assim, que a vítima seja mulher, 
deve  ficar  caracterizada  a  violência  de  gênero.  Mas  como  se 
caracteriza a  violência de  gênero? O  §2o‐A  do  art.  121,  também 
incluído  pela  Lei  13.104/2015,  estabelece  que  será  considerada 
violência de gênero quando o crime envolver violência doméstica 
e  familiar  ou  menosprezo  ou  discriminação  à  condição  de 
mulher.  
CONTRA AGENTES DE SEGURANÇA E DAS FORÇAS ARMADAS – O 
homicídio  também  será  considerado  “qualificado”  quando  for 
praticado  contra  integrantes  das  Forças  Armadas  (Marinha, 
Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícias 
federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e corpo 
de  bombeiros  militar),  dos  agentes  do  sistema  prisional  (agentes 
penitenciários)  e  integrantes  da  Força  Nacional  de  Segurança. 
Contudo, não basta que o homicídio seja praticado contra alguma 
destas pessoas para que seja qualificado, é necessário que o crime 
tenha sido praticado em razão da função exercida pelo agente. Se 
o crime não tem qualquer relação com a função pública exercida, 
não se aplica esta qualificadora!  


 

Além  dos  próprios  agentes,  o  inciso  VII  relaciona  também  os 


parentes  destes  funcionários  públicos  (cônjuge,  companheiro  ou 
parente  consanguíneo  até  terceiro  grau).  Assim,  o  homicídio 
praticado  contra  qualquer  destas  pessoas,  desde  que  guarde 
relação  com  a  função  pública  do  agente,  será  considerado 
qualificado.  
E se houver mais de uma circunstância qualificadora (meio cruel 
motivo  torpe,  por  exemplo)?  Nesse  caso,  não  existe  HOMICÍDIO 
DUPLA  OU  TRIPLAMENTE  QUALIFICADO  .O  crime  é  apenas 
qualificado.  Se  houver  mais  de  uma  qualificadora,  uma  delas 
qualifica  o  crime,  e  a  outra  (ou  outras)  é  considerada  como 
agravante  genérica  (se  houver  previsão)  ou  circunstância  judicial 
desfavorável(art.  59  do  CP),  caso  não  seja  prevista  como 
AGRAVANTE , POSIÇÃO DO STF. 
E  se  o  crime  for,  ao  mesmo  tempo,  privilegiado  e  qualificado 
(praticado  por  relevante  valor  moral  e  mediante  emprego  de 
veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homicídio 
qualificado‐privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso só será possível se a 
qualificadora  for  objetiva  (relativa  ao  meio  utilizado),  pois  a 
circunstância  privilegiadora  é  sempre  subjetiva  (relativa  aos 
motivos  do  crime).  Assim,  um  crime  nunca  poderá  ser  praticado 
por motivo torpe e por motivo de relevante valo moral ou social, 
são coisas colidentes! O STF e o STJ entendem assim!  
OBS:E sendo o crime qualificado‐privilegiado, será ele hediondo?  
NÃO, Pois sendo o motivo deste crime, um motivo nobre, embora 
a  execução  não  o  seja,  o  motivo  prepondera  sobre  o  meio 
utilizado, por analogia ao art. 67 do CP. POSIÇÃO MAJORITÁRIA . 
D)  Homicídio culposo  
O  homicídio  culposo  ocorre  não  quando  o  agente  quer  a  morte, 
mas  quando  o  agente  pratica  uma  conduta  direcionada  a  outro 
fim  (que  pode  ou  não  ser  lícito),  mas  por  inobservância  de  um 
dever  de  cuidado  (negligência,  imprudência  ou  imperícia),  acaba 
por causar a morte da pessoa.  
A imprudência é a precipitação, é o ato praticado com afobação, 
típico dos AFOITOS. A negligência, por sua vez, é a imprudência na 
forma  omissiva,  ou  seja,  é  a  ausência  de  precaução.  O  agente 
deixa de fazer alguma coisa que deveria para evitar o ocorrido. Na 
imperícia,  por  sua  vez,  o  agente  comete  o  crime  por  não  possuir 
aptidão técnica para realizar o ato.  
EXEMPLOS:  Imagine  que  numa  mesa  de  cirurgia,  um  MÉDICO‐ 
CIRURGIÃO esqueça uma pinça na barriga do paciente, que vem a 
falecer  em  razão  disso.  Nesse  caso,  não  houve  imperícia,  pois  o 


 

MÉDICO  É  APTO  PARA  REALIZAR  A  CIRURGIA,  tendo  havido 


negligência (o camarada não tomou os cuidados devidos antes de 
dar os pontos na cirurgia). Houve, portanto, negligência.  
Imaginem, agora, que no mesmo exemplo, o médico que realizou 
a  conduta  foi  o  clínico  geral  que  não  sabia  fazer  uma  cirurgia,  e 
tenha  feito  algo  errado  no  procedimento.  Aqui  sim  teríamos 
imperícia.  
OBS:  Não  existe  compensação  de  culpas!  Assim,  se  a  vítima 
também  contribuiu  para  o  resultado,  o  agente  responde  mesmo 
assim,  mas  essa  circunstância  (culpa  da  vítima)  será  considerada 
em favor do réu na fixação da pena. 
EXEMPLO: Imagine que Rodrigo esteja dirigindo sua Ferrari a 300 
km/h  na  Av.  Paulista,  de  madrugada,  acreditando  que  não  vai 
atropelar ninguém, porque é muito “bom de roda” (Imprudência). 
Eis que, de repente, Nathalia atravessa a rua com o sinal fechado 
para  ela  (imprudência),  vindo  a  ser  atropelada  por  Rodrigo, 
falecendo. Nesse caso, Rodrigo responderá por homicídio culposo, 
sim,  mas  o  fato  de  Nathalia  ter  agido  com  culpa  também,  será 
considerado favoravelmente a Rodrigo quando da fixação da pena 
base (“comportamento da vítima”, art. 59 do CP). 
CUIDADO!  Apenas  para  fins  de  registro,  o  homicídio  culposo  na 
direção de veículo automotor, desde o advento da Lei 9.503/97, é 
crime previsto no art. 302 da referida lei (Código de Trânsito). 
E)  Homicídio majorado  
O  homicídio  pode  ser  majorado  (ter  a  pena  aumentada)  no  caso 
de ter sido cometido em algumas circunstâncias. São elas:  
No homicídio culposo (aumento de 1/3):  

 Resulta de inobservância de regra técnica ou profissão, arte ou 
ofício  
 Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima  
 Não procura diminuir as consequências de seu ato  
 Foge para evitar prisão em flagrante  
No homicídio doloso:  

 Se  o  crime  for  cometido  contra  pessoa  menor  de  14  anos  ou 
maior de 60 anos (aumento de 1/3)  
 Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de 
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio 
(aumento de 1/3 até a metade)  
 Se o crime, no caso de FEMINICÍDIO, for praticado:  
a)  durante  a  gestação  ou  nos  3  (três)  meses  posteriores  ao 

10 
 

parto;  
b)  contra  pessoa  menor  de  14  (catorze)  anos,  maior  de  60 
(sessenta) anos ou com deficiência;  
c)  na  presença  de  descendente  ou  de  ascendente  da  vítima 
(aumento de 1/3 até a metade).  
Perdão Judicial  
§  5º  ‐  Na  hipótese  de  homicídio  culposo,  o  juiz  poderá 
deixar  de  aplicar  a  pena,  se  as  consequências  da  infração 
atingirem  o  próprio  agente  de  forma  tão  grave  que  a 
sanção  penal  se  torne  desnecessária.  (Incluído  pela  Lei  nº 
6.416, de 24.5.1977) 
Em  determinados  crimes  o  Estado  confere  o  perdão  ao  infrator 
(Não  confundir  perdão  judicial  com  perdão  do  ofendido),  por 
entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado 
“perdão  judicial”.  É  o  que  ocorre,  por  exemplo,  no  caso  de 
homicídio  culposo  no  qual  o  infrator  tenha  perdido  alguém 
querido. 
§  5º  ‐  Na  hipótese  de  homicídio  culposo,  o  juiz  poderá 
deixar  de  aplicar  a  pena,  se  as  consequências  da  infração 
atingirem  o  próprio  agente  de  forma  tão  grave  que  a 
sanção  penal  se  torne  desnecessária.  (Incluído  pela  Lei  nº 
6.416, de 24.5.1977) 
Então,  nesse  caso,  ocorrendo  o  perdão  judicial,  também  estará 
extinta  a  punibilidade.  Além  disso,  o  art.  120  do  CP  diz  que  se 
houver  o  perdão  judicial,  esta  sentença  que  concede  o  perdão 
judicial não é considerada para fins de reincidência.  
O  perdão  judicial,  diferentemente  do  perdão  do  ofendido,  não 
precisa  ser  aceito  pelo  infrator  para  produzir  seus  efeitos.  A 
sentença que concede o perdão judicial é declaratória da extinção 
da  punibilidade,  não  subsistindo  qualquer  efeito  condenatório 
(Conforme súmula n° 18 do STJ).  
Instigação ou auxílio ao suicídio 
Este crime está previsto no art. 122 do CP. Vejamos:  
Art.  122.  Induzir  ou  instigar  alguém  a  suicidar‐se  ou  a 
praticar  automutilação  ou  prestar‐lhe  auxílio  material  para 
que o faça:   (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Pena ‐ reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação 
dada pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta 
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos 

11 
 

dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:   (Incluído pela Lei nº 
13.968, de 2019) 
Pena ‐ reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.   (Incluído pela Lei 
nº 13.968, de 2019) 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta 
morte:    (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.   (Incluído pela Lei 
nº 13.968, de 2019) 
§  3º  A  pena  é  duplicada:   (Incluído  pela  Lei  nº  13.968,  de 
2019) 
I  ‐  se  o  crime  é  praticado  por  motivo  egoístico,  torpe  ou 
fútil;   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
II  ‐  se  a  vítima  é  menor  ou  tem  diminuída,  por  qualquer 
causa,  a  capacidade  de  resistência.   (Incluído  pela  Lei  nº 
13.968, de 2019) 
§  4º  A  pena  é  aumentada  até  o  dobro  se  a  conduta  é 
realizada por meio da rede de computadores, de rede social 
ou transmitida em tempo real.   (Incluído pela Lei nº 13.968, 
de 2019) 
§  5º  Aumenta‐se  a  pena  em  metade  se  o  agente  é  líder  ou 
coordenador de grupo ou de rede virtual.   (Incluído pela Lei 
nº 13.968, de 2019) 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em 
lesão  corporal  de  natureza  gravíssima  e  é  cometido  contra 
menor  de  14  (quatorze)  anos  ou  contra  quem,  por 
enfermidade  ou  deficiência  mental,  não  tem  o  necessário 
discernimento  para  a  prática  do  ato,  ou  que,  por  qualquer 
outra  causa,  não  pode  oferecer  resistência,  responde  o 
agente  pelo  crime  descrito  no  §  2º  do  art.  129  deste 
Código.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido 
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem 
o  necessário  discernimento  para  a  prática  do  ato,  ou  que, 
por  qualquer  outra  causa,  não  pode  oferecer  resistência, 
responde  o  agente  pelo  crime  de  homicídio,  nos  termos  do 
art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
O  suicídio  é  a  eliminação  direta  e  voluntária  da  própria  vida.  O 
suicídio não é crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro 
que  auxilia  outra  pessoa  a  se  matar  (material  ou  moralmente)  é 
crime. Ademais, o legislador também passou a considerar crime a 
conduta do terceiro de participar da automutilação de outrem.  

12 
 

Aqui,  a  participação  no  suicídio  ou  na  automutilação  de  outrem 


não é uma conduta acessória (porque o suicídio não é crime!), mas 
conduta principal, ou seja, o próprio núcleo do tipo penal. Assim, 
quem auxilia outra pessoa a se matar não é partícipe deste crime, 
mas AUTOR.  
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e é admitido o concurso 
de  pessoas  (duas  ou  mais  pessoas  se  reunirem  para  auxiliarem 
outra a se suicidar). No entanto, somente a PESSOA QUE POSSUA 
ALGUM  DISCERNIMENTO  pode  ser  sujeito  passivo  do  crime,  eis 
que  se  a  pessoa  (suicida)  não  tiver  qualquer  discernimento, 
estaremos  diante  de  um  homicídio,  tendo  o  agente  se  valido  da 
ausência de autocontrole da vítima para induzi‐la a se matar (sem 
que  esta  quisesse  esse  resultado).  Pessoa  sem  discernimento,  a 
exemplo do doente mental inimputável e do menor de 14 anos, 
não será vítima desse crime.  
EXEMPLO:  Imagine  que  A,  desejando  a  morte  de  B  (um  doente 
mental, completamente alienado), o induz a se jogar do 20° andar 
de  um  prédio,  B,  maluco  (coitado!),  se  joga,  achando  que  é  o 
“superman”. Nesse caso, não houve instigação ou induzimento ao 
suicídio,  mas  HOMICÍDIO,  pois  A  se  valeu  da  ausência  de 
discernimento de B para matá‐lo. 
•  induzimento  –  O  agente  faz  nascer  na  vítima  a  ideia  de  se 
matar.
  
•  Instigação – O agente reforça a ideia já existente na cabeça da 
vítima, que está pensando em se matar
 
•  Auxílio  –  O  agente  presta  algum  tipo  de  auxílio  material  à 
vítima (empresta uma arma de fogo, por exemplo) 
O  elemento  subjetivo  exigido  é  o  dolo,  não  sendo  admitido  na 
forma  culposa.  É  possível  a  prática  do  crime  mediante  dolo 
eventual.  Imagine  o  pai  que  coloca  a  filha,  jovem  grávida,  para 
fora  de  casa,  sabendo  que  a  filha  é  descontrolada  e  havia 
ameaçado  se  matar,  não  se  importando  como  resultado  (não  é 
pacífico na Doutrina). 
A  consumação  é  bastante  discutida  na  Doutrina,  mas  vem  se 
fixando o seguinte entendimento:  
•   A vítima não morre e sofre apenas lesão leve ou nada sofre – 
Crime  consumado  na  forma  simples  (pena  de  06  meses    a  02 
anos de reclusão)  
•   Vítima  não  morre,  mas  sofre  lesões  graves  ou  gravíssimas– 
Crime  consumado  na  forma  qualificada  do  parágrafo  primeiro 
(pena de 01 a 03 anos de reclusão)  

13 
 

•   Vítima  morre  –  Crime  consumado  na  forma  qualificada  do 


parágrafo segundo (pena de 02 a 06 anos de reclusão) 
O parágrafo terceiro prevê causas de aumento de pena, casos em 
que a pena será aplicada em dobro. No primeiro caso, a causa de 
aumento de pena consiste em ter o agente praticado o crime por 
motivo  egoístico,  torpe ou  fútil.  O  motivo  egoístico  é  aquele  que 
atende  a  um  interesse  exclusivo  do  próprio  agente  em  clara 
afronta  ao  direito  de  terceiro.  O  motivo    torpe  é  o  abjeto.  O 
motivo fútil, por seu turno, é o insignificante. A segunda causa de 
aumento  de  pena  se  dá  quando  a  vítima  tem  reduzida  a 
capacidade  de  entendimento.  Importante  destacar  que,  como  já 
dito, se a vítima não tiver nenhuma capacidade  de discernimento 
o  crime  será  homicídio  ou  tentativa  de  homicídio,  caso  o  agente 
tenha  induzido,  instigado  ou  auxiliado  a  vítima  a  se  matar,  ou 
lesão  corporal  ou  tentativa  de  lesão  corporal  (leve,  grave  ou 
gravíssima,  a depender do resultado), se o agente tiver induzido, 
instigado  ou  auxiliado  a  vítima a  se  automutilar.  Daí,  o  legislador 
ter  previsto  no  §6º  que  se  a  conduta  do  agente  se  volta  contra 
vítima  menor  de  14  anos,  enferma  ou  deficiente  mental  sem 
discernimento  e a vítima sofre lesão corporal gravíssima, o crime 
será de lesão corporal gravíssima. Da mesma forma, o §7º prevê a 
responsabilidade  penal  do  agente  pelo  crime  de  homicídio  se  a 
vítima  menor  de  14  anos,  enferma  ou  deficiente  mental  sem 
discernimento  vier a morrer. Esses parágrafos apenas positivaram 
o que já era entendimento uniforme na doutrina acerca do tema.  
O parágrafo quarto prevê outra causa  de aumento de pena, caso 
em  que  a  pena  será  aumentada  ATÉ  o  dobro.  No  parágrafo 
anterior, as causas de aumento de pana geram acréscimo da pena 
EM DOBRO, E NÃO ATÉ O DOBRO. A causa de aumento incide se o 
crime for cometido em ambiente virtual.  
O parágrafo quinto prevê causa de aumento de pena, caso em que 
a  pena  será  aumentada  da  metade,  em  desfavor  do  líder  do 
ambiente  virtual  em  que  é  praticado  o  crime.  Observe‐se  que  o 
agente que figurar como líder do ambiente virtual se sujeitará às à 
causa  de  aumento  de  pena  do  parágrafo  anterior  e  a  esta 
cumulativamente.  
O motivo Se a vítima é menor ou tem diminuída a capacidade de 
resistência  (Se  a  vítima  não  tem  nenhum  discernimento,  é 
homicídio, lembram‐se?)  
Infanticídio 
O infanticídio é o crime mediante o qual a mãe, sob influência do 
estado  puerperal,  mata  o  próprio  filho  recém‐nascido,  durante 
ou logo após o parto:  

14 
 

Art.  123  ‐  Matar,  sob  a  influência  do  estado  puerperal,  o 


próprio filho, durante o parto ou logo após:  
Pena ‐ detenção, de dois a seis anos.  
O objeto jurídico tutelado aqui também é a vida humana. Trata‐se, 
na  verdade,  de  uma  “espécie  de  homicídio”  que  recebe  punição 
mais  branda  em  razão  da  comprovação  científica  acerca  dos 
transtornos que o estado puerperal pode causar na mãe.  
O sujeito ativo, aqui, somente pode ser a mãe da vítima, e ainda, 
desde  que  esteja  sob  influência  do  estado  puerperal  (CRIME 
PRÓPRIO). O sujeito passivo é o ser humano, recém‐nascido, logo 
após o parto ou durante ele.  
CUIDADO! Embora seja crime próprio, é plenamente admissível o 
concurso  de  agentes,  que  responderão  por  infanticídio  (desde 
que  conheçam  a  condição  do  agente,  de  mãe  da  vítima),  nos 
termos do art. 30 do CP.  
É  necessário  que  a  gestante  pratique  o  fato  sob  a  influência  do 
estado  puerperal  e  que  esse  estado  emocional  seja  a  causa  do 
fato.  Mas  até  quando  vai  o  estado  puerperal?  Não  há  certeza 
médica, devendo ser objeto de perícia no caso concreto.
O crime 
só é admitido na forma dolosa (dolo direto e dolo eventual), não 
sendo  admitido  na  forma  culposa.  A  pergunta  que  fica  é:  E  se  a 
mãe, durante o estado puerperal, culposamente mata o próprio 
filho? Nesse caso, temos simplesmente um homicídio culposo.  
E se a mãe, por equívoco, acaba por matar filho de outra pessoa 
(confunde  com  seu  próprio  filho)?  Nesse  caso,  responde 
normalmente  por  infanticídio,  como  se  tivesse  praticado  o  delito 
efetivamente contra seu filho, por se tratar de erro sobre a pessoa 
 
(nos termos do art. 20, §3o do CP).  
O  crime  se  consuma  com  a  morte  da  criança  e  a  tentativa  é 
plenamente possível.  
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento  
Art.  124  ‐  Provocar  aborto  em  si  mesma  ou  consentir  que 
outrem lho provoque:  
Pena ‐ detenção, de um a três anos.  
 
Nesse caso, o sujeito ativo só pode ser a mãe (gestante). No caso 
de  estarmos  diante  da  segunda  hipótese  (permitir  que  outra 
pessoa pratique o aborto em si), o crime é praticado somente pela 
mãe,  respondendo  o  terceiro  pelo  crime  do  art.  126  (Exceção  à 
teoria monista, que é a teoria segundo a qual os comparsas devem 

15 
 

responder  pelo  mesmo  crime).  Assim,  este  crime  é  um  crime  DE 
MÃO PRÓPRIA.  
O  sujeito  passivo  é  o  feto  (nascituro).  Como  se  vê,  pode  ser 
praticado de duas formas distintas:  
•  Gestante pratica o aborto em si própria 
•  Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto  nela.  
O  crime  só  é  punido  na  forma  dolosa.  Se  o  aborto  é  culposo,  a 
gestante  não  comete  crime  (Ex.:  Gestante  pratica  esportes 
radicais, vindo a se acidentar e causar a morte do filho).  
O  crime  se  consuma  com  a  morte  do  feto,  é  claro.  A  tentativa  é 
plenamente possível.  
Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante  
Nesse  crime  o  terceiro  pratica  o  aborto  na  gestante,  sem  que 
esta concorde com a conduta. Vejamos o que diz o art. 125:  
Art.  125  ‐  Provocar  aborto,  sem  o  consentimento  da 
gestante: Pena ‐ reclusão, de três a dez anos.  
A conduta aqui é bem simples, não havendo muitas observações a 
se fazer.  
Não  é  necessário  que  se  trate  de  um  médico,  podendo  ser 
praticado  por  qualquer  pessoa  (CRIME  COMUM).  O  sujeito 
passivo, aqui, como em todos os outros delitos de aborto, é o feto. 
Entretanto,  nesse  crime  específico  também  será  vítima  (sujeito 
passivo) a gestante.  
Embora  o  crime  ocorra  quando  não  houver  o  consentimento  da 
gestante,  também  ocorrerá  o  crime  quando  o  consentimento  for 
prestado por quem não possua condições de prestá‐lo (menor de 
14 anos, ou alienada mental), ou se o parte do agente (infrator). 
consentimento é obtido mediante fraude por O crime se consuma 
com a morte do feto, sendo plenamente possível a tentativa.  
Se  o  agente  pretende  matar  a  mãe,  sabendo  que  está  grávida,  e 
ambos  os  resultados  ocorrem,  responderá  por  ambos  os  crimes 
(homicídio e aborto) em concurso.  
Aborto praticado com o consentimento da gestante  
Art.  126  ‐  Provocar  aborto  com  o  consentimento  da 
gestante:  
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos.  
Parágrafo  único.  Aplica‐se  a  pena  do  artigo  anterior,  se  a 

16 
 

gestante  não  é  maior  de  quatorze  anos,  ou  é  alienada  ou 


débil  mental,  ou  se  o  consentimento  é  obtido  mediante 
fraude, grave ameaça ou violência  
Aqui,  embora  o  aborto  seja  praticado  por  terceiro,  há  o 
consentimento  da  gestante.  Trata‐se  da  figura  do  camarada  que 
praticou  o  aborto  na  gestante,  com  a  concordância  ou  a  pedido 
desta.  
A gestante responde pelo crime do art. 124 e o terceiro responde 
por este delito.  
Como  disse  a  vocês,  o  consentimento  só  é  válido  (de  forma  a 
caracterizar  ESTE  crime)  quando  a  gestante  tem  condições  de 
manifestar  vontade.  Quando  a  gestante  não  tiver  condições  de 
manifestar  a  própria  vontade,  ou  o  faz  em  razão  de  ter  sido 
enganada pela fraude do agente, o crime cometido (pelo agente, 
não pela gestante) é o do art. 125, conforme podemos extrair da 
redação do art. 125 c/c art. 126, § único do CP.  
O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, COM EXCEÇÃO DA 
PRÓPRIA GESTANTE! O sujeito passivo é apenas o feto.  
O  elemento  subjetivo  aqui,  como  nos  demais  casos  de  aborto,  é 
SOMENTE O DOLO.  
O  crime  se  consuma  com  a  morte  do  feto,  podendo  ocorrer  a 
modalidade tentada, quando, embora praticada a conduta, o feto 
não falece, sobrevivendo. 
OBS:  Se  no  aborto  provocado  por  terceiro  (arts.  125  e  126),  em 
decorrência dos meios utilizados pelo terceiro, ou em decorrência 
do  aborto  em  si,  a  gestante  sofre  lesão  corporal  grave,  as  penas 
são  aumentadas  de  1/3;  se  sobrevém  a  morte  da  gestante  as 
penas são duplicadas. Vejamos:  
Art.  127  ‐  As  penas  cominadas  nos  dois  artigos  anteriores 
são  aumentadas  de  um  terço,  se,  em  conseqüência  do 
aborto  ou  dos  meios  empregados  para  provocá‐lo,  a 
gestante  sofre  lesão  corporal  de  natureza  grave;  e  são 
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a 
morte.  
O aborto PRATICADO POR MÉDICO, quando for a única forma de 
salvar  a  VIDA  da  gestante,  ou  QUANDO  A  GESTAÇÃO  FOR 
DECORRENTE  DE  ESTUPRO  (e  houver  prévia  autorização  da 
gestante), NÃO É CRIME:  
Art. 128 ‐ Não se pune o aborto praticado por médico:  
Aborto necessário  

17 
 

I ‐ se não há outro meio de salvar a vida da gestante;  
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro  
II ‐ se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido 
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu 
representante legal.  
Não  se  exige  que  haja  sentença  reconhecendo  o  estupro;  basta 
que  haja,  ao  menos,  boletim  de  ocorrência  registrado  na 
 
Delegacia.  
Obs: Ação Penal 
TODOS  os  crimes  contra  VIDA  são  de  ação  PENAL  PÚBLICA 
INCONDICIONADA.  
Das lesões corporais  
As  lesões  corporais  podem  ser  definidas  como  quaisquer  danos 
provocados  no  sistema  de  funcionalidade  normal  do  corpo 
humano.  
O  crime  de  lesões  corporais  está  previsto  no  art.  129  do  CP,  e 
possui diversas variantes, que estão previstas nos seus §§:  
Art.  129.  Ofender  a  integridade  corporal  ou  a  saúde  de 
outrem:  
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta:  
I ‐ Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 
trinta dias;  
II ‐ perigo de vida;  
III ‐ debilidade permanente de membro, sentido ou função;  
IV ‐ aceleração de parto:  
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos.  
§ 2° Se resulta:  
I ‐ Incapacidade permanente para o trabalho;  
II ‐ enfermidade incurável;  
III ‐ perda ou inutilização do membro, sentido ou função;  
IV ‐ deformidade permanente;  

18 
 

V ‐ aborto:  
Pena ‐ reclusão, de dois a oito anos.  
Lesão corporal seguida de morte  
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o 
agente  não  quís  o  resultado,  nem  assumiu  o  risco  de 
produzí‐lo:  
Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos.  
Diminuição de pena  
§  4°  Se  o  agente  comete  o  crime  impelido  por  motivo  de 
relevante  valor  social  ou  moral  ou  sob  o  domínio  de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.  
Substituição da pena  
§  5°  O  juiz,  não  sendo  graves  as  lesões,  pode  ainda 
substituir  a  pena  de  detenção  pela  de  multa,  de  duzentos 
mil réis a dois contos de réis:  
I ‐ se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;  
II ‐ se as lesões são recíprocas. 
Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena 
‐ detenção, de dois meses a um ano.  
Aumento de pena  
§  7°  No  caso  de  lesão  culposa,  aumenta‐se  a  pena  de  um 
terço, se ocorre qualquer das hipóteses do art. 121, § 4°.  
§ 7º ‐ Aumenta‐se a pena de um terço, se ocorrer qualquer 
das hipóteses do art. 121, § 4º. (Redação dada pela Lei nº 
8.069, de 1990) 
§  8º  ‐  Aplica‐se  à  lesão  culposa  o  disposto  no  §  5º  do  art. 
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)  
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)  
§  9º  Se  a  lesão  for  praticada  contra  ascendente, 
descendente,  irmão,  cônjuge  ou  companheiro,  ou  com 
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo‐
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)  
Pena ‐ detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação 

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dada pela Lei nº 11.340, de 2006)  
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as 
circunstâncias  são  as  indicadas  no  §  9º  deste  artigo, 
aumenta‐se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 
10.886, de 2004)  
§  11.  Na  hipótese  do  §  9º  deste  artigo,  a  pena  será 
aumentada  de  um  terço  se  o  crime  for  cometido  contra 
pessoa  portadora  de  deficiência.  (Incluído  pela  Lei  nº 
11.340, de 2006)  
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente 
descrito  nos  arts.  142  e  144  da  Constituição  Federal, 
integrantes  do  sistema  prisional  e  da  Força  Nacional  de 
Segurança  Pública,  no  exercício  da  função  ou  em 
decorrência  dela,  ou  contra  seu  cônjuge,  companheiro  ou 
parente  consanguíneo  até  terceiro  grau,  em  razão  dessa 
condição,  a  pena  é  aumentada  de  um  a  dois  terços. 
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015). 
A lesão corporal é um crime que pode ser praticado por qualquer 
sujeito  ativo,  também  podendo  ser  qualquer  pessoa  o  sujeito 
passivo. Em alguns casos, no entanto, somente pode ser sujeito 
passivo a mulher grávida (art. 129, §§1°, IV e 2°, V).  
Trata‐se  de  crime  que  pode  ser  praticado  de  diversas  maneiras, 
pancadas, perfurações, cortes, etc.  
O  bem  jurídico  tutelado  é  a  incolumidade  física  da  pessoa 
(integridade física).  
A  autolesão  não  é  crime  (causar  lesões  corporais  em  si  mesmo), 
por ausência de lesividade a bem jurídico de terceiro.  
A lesão corporal pode ser classificada como:  
*   Simples (caput) 
*   Qualificada (§§ 1°, 2° e 3°)  
*   Privilegiada (§§ 4° e 5°) 
*   Culposa (§ 6°)  
A lesão corporal simples é a prevista no art. 129, caput, e ocorrerá 
sempre  que  não  resultar  em  lesões  de  natureza  mais  grave  ou 
morte.  
A lesão qualificada pode se dar pela ocorrência de resultado grave 
(lesões  graves)  ou  em  decorrência  do  resultado  morte  (Lesão 
corporal seguida de morte).  

20 
 

O  CP  trata  ambas  como  lesões  graves,  mas  em  razão  da  pena 
diferenciada para cada uma delas, a Doutrina chama as primeiras 
 
de LESÕES GRAVES e as segundas de LESÕES GRAVÍSSIMAS.  
A  lesão  corporal  seguida  de  morte  é  um  crime  qualificado  pelo 
resultado, mais especificamente, um crime PRETERDOLOSO (dolo 
na  conduta  inicial  e  culpa  na  ocorrência  do  resultado)  pois  o 
agente começa praticando dolosamente um crime (lesão corporal) 
e  acaba  por  cometer,  culposamente,  outro  crime  mais  grave 
(homicídio). Nesse caso, temos a lesão corporal seguida de morte, 
prevista no §3° do art. 129, à qual se prevê pena de 04 A 12 ANOS.  
Há,  ainda,  a  figura  da  lesão  corporal  privilegiada,  que  ocorre  em 
duas situações:  
•  Agente comete o crime movido por relevante valor moral ou 
social,  ou  movido  por  violenta  emoção,  logo  em  seguida  à 
injusta provocação da vítima – A pena é diminuída de 1/6 a 1/3 
(aplicam‐se  as  mesmas  considerações  acerca  do  homicídio 
privilegiado).  
•  Não sendo graves as lesões:  
a)  Ocorrer a situação anterior; ou  
b)  se tratar de lesões recíprocas entre infrator e ofendido  
A  lesão  corporal  na  modalidade  culposa está  prevista  no  §6°  do 
art. 129, e é praticada quando há violação a um dever objetivo de 
cuidado (negligência, imprudência ou imperícia). Lembrando que o 
crime  de  lesões  corporais  culposas  em  direção  de  veículo 
automotor é crime especial, previsto no CTB, logo, não se aplica 
o CP nesse caso. 
É possível, ainda, que havendo lesão corporal 
culposa,  o  Juiz  conceda  o  perdão  judicial  ao  infrator,  conforme 
também  ocorre  no  homicídio  culposo,  quando  as  consequências 
do  crime  atingirem  o  infrator  de  tal  forma  que  a  pena  se  torne 
desnecessária.  
Finalizando  o  crime  de  lesões  corporais  o  CP  tra  da  violência 
doméstica.  A  violência  doméstica  é  aquela  praticada  em  face  de 
ascendente,  descendente,  irmão,  cônjuge,  companheiro,  pessoa 
com  quem conviva,  OU  TENHA  CONVIVIDO,  ou,  ainda,  quando  o 
agente  se  prevalece  de  relações  domésticas  de  convivência  ou 
hospitalidade.  
Em casos como este, a pena é de 03 meses a 03 anos. Além disso:  
•  SE  O  CRIME  FOR  QUALIFICADO  (LESÕES  GRAVES, 
GRAVÍSSIMAS OU MORTE) – A PENA É AUMENTADA DE 1/3.  
•  SE  A  VÍTIMA  DE  VIOLÊNCIA  DOMÉSTICA,  NO  CASO  DO  §9°,  É 

21 
 

PORTADORA DE DEFICIÊNCIA (FÍSICA OU MENTAL) – A PENA É 
AUMENTADA DE 1/3.  
Em  caso  de  violência  doméstica,  só  se  aplicam  as  disposições 
específicas se a lesão for dolosa. Se a lesão for culposa, a regra é a 
mesma das lesões comuns (não domésticas).  
 
OBS:  No  crime  de  violência  doméstica,  é  possível  o 
enquadramento,  por  exemplo,  da  Babá,  que  se  prevalece  da 
convivência com a criança para agredi‐la.  
OBS: Nos  crimes  de  lesão  corporal,  a  AÇÃO  PENAL  É  PÚBLICA 
INCONDICIONADA.  
No  entanto,  em  caso  de  LESÃO  LEVE  OU  LESÃO  CORPORAL 
CULPOSA,  A  AÇÃO  SERÁ  PÚBLICA  CONDICIONADA  À 
REPRESENTAÇÃO (art. 88 da Lei 9.099/95).  
CUIDADO:  A  Lei  12.720/12  alterou  a  redação  do  §7º  do  art.  129 
do  CP,  de  forma  a  estabelecer  uma  causa  de  aumento  de  pena 
(em 1/3) no caso de o crime de lesão corporal, em sendo culposa, 
resultar de inobservância de regra técnica da profissão ou no caso 
de o agente não prestar socorro ou fugir. Incidirá a mesma causa 
de aumento de pena no caso de, em sendo lesão dolosa, o crime 
for praticado:  
a)  Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos;  
b)  Por milícia privada ou grupo de extermínio.  
ATENÇÃO:A  Lei  13.142/15  incluiu  o  §12  no  art.  129  do  CP, 
trazendo uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A pena será 
aumentada  de  1/3  a  2/3  se  o  crime  de  lesões  corporais  for 
praticado  contra  integrantes  das  Forças  Armadas  (Marinha, 
Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícias 
federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e corpo 
de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes 
penitenciários)  e  integrantes  da  Força  Nacional  de  Segurança. 
Contudo,  não  basta  que  o  crime  seja  praticado  contra  alguma 
destas pessoas para a causa de aumento de pena seja aplicada, é 
necessário que o crime tenha sido praticado em razão da função 
exercida pelo agente. Se o crime não tem qualquer relação com a 
função pública exercida, não se aplica esta causa de aumento de 
pena!  
Além  dos  próprios  agentes,  o  §12  relaciona  também  os  parentes 
destes  funcionários  públicos  (cônjuge,  companheiro  ou  parente 
consanguíneo  até  terceiro  grau).  Assim,  o  crime  de  lesões 
corporais  praticado  contra  qualquer  destas  pessoas,  desde  que 

22 
 

guarde  relação  com  a  função  pública  do  agente,  será  majorado 


(haverá aplicação da causa de aumento de pena). 
Periclitação da vida e saúde 
Aqui  o  CP  cuida  de  crimes  de  “perigo”,  ou  seja,  atos  praticados 
pelo  agente  que,  embora  não  causando  danos,  expõem  a  perigo 
de  dano  outra  ou  outras  pessoas.  Temos  aqui,  portanto,  crimes 
FORMAIS,  pois  a  ocorrência  do  dano  é  irrelevante  para  a 
consumação destes delitos.  
Alguns  Doutrinadores  entendem  que  há,  nos  crimes  deste 
capítulo,  crimes  de  perigo  concreto  (em  que  se  exige 
demonstração de quem sofreu a exposição real de perigo de dano) 
e  crimes  de  perigo  abstrato  (nos  quais  a  lei  presume  que  a 
conduta exponha a perigo de dano, não sendo necessário provar 
que alguém foi exposto a este risco).  
O debate existe, pois parte da Doutrina entende que os crimes de 
perigo abstrato não foram recepcionados pela Constituição, pois, 
pelo  PRINCÍPIO  DA  LESIVIDADE,  uma  conduta  só  pode  ser 
penalmente  tutelada  se  causar  dano  ou  pelo  menos  perigo 
concreto de dano a alguém.  
Vamos analisar cada um dos delitos: 
Perigo de Contágio venéreo  
Art.  130  ‐  Expor  alguém,  por  meio  de  relações  sexuais  ou 
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de 
que sabe ou deve saber que está contaminado:  
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa.  
§ 1º ‐ Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena ‐ 
reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º ‐ Somente se procede mediante representação.  
Nesse  crime,  tutela‐se  a  saúde  da  pessoa  (alguns  Doutrinadores 
entendem que se tutela também a vida).  
Sujeito  ativo  e  passivo  podem  ser  qualquer  pessoa.  Parte  da 
Doutrina  entende  que  o  crime  é  próprio,  pois  exige  do  sujeito 
ativo  uma  condição  especial  (estar  contaminado  com  moléstia 
grave que possa ser transmitida sexualmente).  
O  tipo  objetivo  (conduta)  é  a  prática  de  relação  sexual  ou  ato 
libidinoso,  por  pessoa  portadora  de  moléstia  venérea  com  outra 
 
pessoa, expondo‐a a risco de se contaminar.   
O  CP  não  diz  o  que  é  moléstia  venérea  (NORMA  PENAL  EM 
BRANCO),  devendo  a  norma  ser  complementada,  o  que  ocorre 

23 
 

mediante portaria do Ministério da Saúde.  
É IRRELEVANTE SE A OUTRA PESSOA CONCORDA!  
A Doutrina entende que ela não pode dispor de sua saúde, sendo, 
portanto,  irrelevante  a  anuência  da  vítima  (CONTROVERTIDO 
ISTO).  
A efetiva contaminação é irrelevante para a consumação do delito, 
que se dá com a mera ocorrência da relação, que é o ato que gera 
a  exposição  a  perigo.  A  tentativa  é  possível,  pois  o  crime  é 
plurissubsistente. O elemento subjetivo exigido é o dolo (direto ou 
eventual).  Não  se  exige  o  dolo  de  QUERER  CONTAMINAR  (dolo 
específico),  mas  apenas  o  dolo  de  querer  MANTER  RELAÇÕES 
SEXUAIS, pouco importando se o agente quer ou não contaminar 
o parceiro. Não se admite na forma culposa. 
Embora não se exija um dolo específico do agente, caso o infrator 
possua  intenção  de  efetivamente  contaminar  a  vítima,  incidirá  a 
qualificadora do §1° (pena mais grave).  
A  ação  penal  neste  crime  é  PÚBLICA  CONDICIONADA  À 
REPRESENTAÇÃO.  
OBS: A transmissão do vírus da AIDS não caracteriza este delito. 
Segundo  a  doutrina  majoritária,  tal  conduta  poderá  caracterizar 
perigo  de  contágio  de  moléstia  grave,  lesão  corporal  grave  ou 
homicídio,  a  depender  do  dolo  do  agente  e  do  resultado  obtido 
(há FORTE divergência doutrinária). CUNHA, Rogério Sanches. Op. 
Cit., p. 122. 
Perigo de contágio de moléstia grave  
Art.  131  ‐  Praticar,  com  o  fim  de  transmitir  a  outrem 
moléstia  grave  de  que  está  contaminado,  ato  capaz  de 
produzir o contágio:  
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.  
O  bem  jurídico  tutelado  aqui  também  é  a  saúde  da  pessoa, 
entendendo  alguns  autores  que  a  vida  também  é  tutelada  nesse 
tipo penal.  
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que contaminada 
com  moléstia  grave  (crime  PRÓPRIO).  Essa  é  a  posição 
predominante.  Sujeito  passivo  pode  ser  qualquer  pessoa  QUE 
NÃO ESTEJA CONTAMINADA PELA MESMA MOLÉSTIA.  
O elemento subjetivo aqui exigido é o dolo, mas exige‐se, ainda, o 
chamado,  que  consiste  numa  vontade  além  da  mera  vontade  de 
praticar  o  ato  que  expõe  a  perigo.  Aqui  o  CP  exige  que  o  agente 
QUEIRA TRANSMITIR A DOENÇA. Havendo necessidade de que o 

24 
 

AGENTE  QUEIRA  O  RESULTADO,  NÃO  CABE  DOLO  EVENTUAL, 


tampouco CULPA.  
Não  se  exige  que  o  agente  se  utilize  da  relação  sexual  para 
transmitir a moléstia grave, podendo ser QUALQUER MEIO APTO 
PARA TRANSMITIR A DOENÇA.  
O crime se consuma com a mera realização do ato (crime formal), 
não se exigindo que o resultado ocorra (contaminação).  
A tentativa é admissível.  
Se o resultado ocorrer, duas situações podem se mostrar:  
•  A doença que contaminou a vítima causou lesão leve – Nesse 
caso,  fica  absorvida  pelo  crime  de  perigo  de  contágio  de 
moléstia grave.  
•  A doença que contaminou a vítima causou lesões graves ou a 
morte – O agente responde por estes crimes (lesões corporais 
graves ou morte).  
 
ELEMENTO  SUBJETIVO  ESPECÍFICO  (OU  DOLO  ESPECÍFICO  OU 
ESPECIAL FIM DE AGIR)  
A ação penal aqui é PÚBLICA INCONDICIONADA.  
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art.  132  ‐  Expor  a  vida  ou  a  saúde  de  outrem  a  perigo 
direto e iminente:  
Pena  ‐  detenção,  de  três  meses  a  um  ano,  se  o  fato  não 
constitui crime mais grave.  
Parágrafo  único.  A  pena  é  aumentada  de  um  sexto  a  um 
terço  se  a  exposição  da  vida  ou  da  saúde  de  outrem  a 
perigo  decorre do  transporte  de  pessoas  para a  prestação 
de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em 
desacordo  com  as  normas  legais.  (  Incluído  pela  Lei  nº 
9.777, de 29.12.1998)  
Trata‐se  da  conduta  da  pessoa  que,  mediante  qualquer  ação  ou 
omissão, expõe a perigo a vida ou a saúde de outra pessoa. Pode 
ser  na  forma  omissiva,  como  disse,  quando  o  infrator  deixa  de 
fazer algo para evitar a exposição de perigo (Patrão que deixa de 
fornecer equipamentos de segurança, por exemplo).  
Os  sujeitos,  ativo  e  passivo,  podem  ser  quaisquer  pessoas.  O 
elemento  subjetivo  exigido  é  o  dolo,  mas  não  o  dolo  de  causar 
dano,  e  sim  o  dolo  de  expor  a  perigo  (intenção  meramente  de 

25 
 

praticar o ato que gera o perigo). Não se admite na forma culposa.  
Se  o  agente  pratica  o  ato  como  meio  para  obter  um  resultado 
mais  grave  (tentativa  de  homicídio,  por  exemplo),  responde  pelo 
crime  mais  grave  (Trata‐se,  aqui,  de  um  crime  subsidiário, 
conforme podemos ver da redação do art., que fala “se o fato não 
constitui crime mais grave”).  
O crime se consuma com a mera exposição da vítima ao RISCO DE 
DANO  (perigo).  Caso  o  resultado  ocorra,  duas  hipóteses  podem 
ocorrer:  
•  O resultado gera um delito mais grave – Responde pelo delito 
mais grave.  
•  O  resultado  é  menos  grave  do  que  o  crime  de  exposição  a 
perigo – Responde pelo crime de exposição a perigo.  
Na  forma  comissiva  (mediante  uma  ação),  o  crime  é 
plurissubsistente (pode ser fracionado em vários atos), admitindo, 
portanto, a tentativa.  
O  crime  possui,  ainda,  uma  causa  de  aumento  de  pena,  prevista 
no  §  único,  que  incidirá  sempre  que  o  crime  ocorrer  em 
decorrência de transporte irregular de pessoas para prestação de 
serviços em estabelecimentos.  
EXEMPLO:  Transporte  de  “boias‐frias”  na  caçamba  do  caminhão, 
sem qualquer proteção.  
Abandono de incapaz  
Art.  133  ‐  Abandonar  pessoa  que  está  sob  seu  cuidado, 
guarda,  vigilância  ou  autoridade,  e,  por  qualquer  motivo, 
incapaz de defender‐se dos riscos resultantes do abandono:  
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos. 
§  1º  ‐  Se  do  abandono  resulta  lesão  corporal  de  natureza 
grave: Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos.  
§ 2º ‐ Se resulta a morte:  
Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos.  
Aumento de pena  
§  3º  ‐  As  penas  cominadas  neste  artigo  aumentam‐se  de 
um terço:  
I ‐ se o abandono ocorre em lugar ermo;  
II  ‐  se  o  agente  é  ascendente  ou  descendente,  cônjuge, 
irmão, tutor ou curador da vítima.  

26 
 

III ‐ se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela 
Lei nº 10.741, de 2003)  
 
A conduta punida aqui é a de deixar ao relento pessoa incapaz que 
esteja  sob  a  guarda  do  agente,  de  forma  a  proteger  a  vida  e  a 
integridade daquele que não tem meio de se proteger.  
O  crime  é  PRÓPRIO,  pois  se  exige que  o  sujeito  ativo  tenha  uma 
qualidade  especial:  Ter  o  dever  de  guarda  e  vigilância  da  pessoa 
abandonada.  
A  condição  de  “incapaz”  não  é  a  mesma  que  se  tem  no  direito 
civil. Incapaz, para os fins deste delito é qualquer pessoa que não 
tenha  condições  de  se  proteger  sozinha,  seja  ela  incapaz 
 
civilmente ou não.  
O  elemento  subjetivo  é  o  dolo,  consistente  na  intenção  de 
abandonar  o  incapaz,  causando  perigo  a  ele,  ainda  que  não  se 
pretenda que com ele aconteça qualquer coisa. Não se admite na 
forma culposa.  
Caso o agente tenha dolo de produzir algum dano (abandonou o 
incapaz  para  que  lhe  ocorresse  algo  de  ruim,  como  a  morte), 
responderá pelo crime na modalidade tentada (caso o resultado 
não ocorra) ou consumada, caso o resultado ocorra.  
A  consumação  do  delito  se  dá  com  o  mero  ato  de  abandonar  o 
incapaz,  sendo  indiferente,  para  a  consumação  do  delito,  a 
 
ocorrência de algum dano.  
No entanto, caso ocorram lesões graves, ou morte, as penas serão 
 
diferentes,  conforme  previsão  dos  §§  1°  e  2°  do  CP  (Formas 
qualificadas pelo resultado).  
Poderá,  ainda,  haver  uma  causa  de  aumento  de  pena  (de  1/3), 
caso:  

•  O abandono ocorra em local ermo (deserto)
  
•  O agente for ascendente (pai, mãe), descendente (filho, neto), 
irmão, cônjuge, tutor ou curador da vítima, se a vítima possuir 
mais de 60 anos  
Exposição ou abandono de recém‐nascido 
Omissão de socorro  
Nos termos do art. 135 do CP:  
Art.  135  ‐  Deixar  de  prestar  assistência,  quando  possível 
fazê‐lo  sem  risco  pessoal,  à  criança  abandonada  ou 
extraviada,  ou  à  pessoa  inválida  ou  ferida,  ao  desamparo 

27 
 

ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, 
o socorro da autoridade pública:  
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa.  
Parágrafo  único  ‐  A  pena  é  aumentada  de  metade,  se  da 
omissão  resulta  lesão  corporal  de  natureza  grave,  e 
triplicada, se resulta a morte.  
Aqui  o  sujeito  ativo  pode  ser  qualquer  pessoa  (CRIME  COMUM), 
podendo  ser  qualquer  pessoa,  também,  o  sujeito  passivo,  desde 
que se enquadre numa das situações previstas no tipo penal. Não 
há necessidade de que haja nenhum vínculo específico entre os 
sujeitos. 
A conduta somente pode ser praticada na forma omissiva (Crime 
omissivo puro).  
Com relação ao CONCURSO DE AGENTES, a Doutrina se divide:  
1  –  Parte  entende  que  NÃO  HÁ  POSSIBILIDADE  DE  COAUTORIA 
OU  PARTICIPAÇÃO  (Concurso  de  agentes),  pois  TODAS  AS 
PESSOAS  PRATICAM  O  NÚCLEO  DO  TIPO,  DE  MANEIRA 
AUTÔNOMA.  
2  –  Outra  parte  da  Doutrina  entende  que  é  possível  tanto  a 
coautoria  quanto  a  participação,  quando,  por  exemplo,  duas 
pessoas  combinam  de  não  socorrer  a  vítima,  de  forma  que 
poderia haver concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, 
mas é minoritário.  
3  –  A  Doutrina  ligeiramente  majoritária  entende  que  é  possível 
PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA.  
A  Doutrina  exige,  ainda,  que  o  sujeito  ativo  esteja  PRESENTE  na 
situação de perigo, ou seja, que esteja presenciando a situação em 
que  a  vítima  se  encontra  e  deixe  de  prestar  socorro,  QUANDO 
PODIA FAZER ISTO SEM CRIAR RISCO PARA SI. Assim, se o agente 
apenas sabe que outra pessoa está em risco, mas não se move até 
o  lugar  para  salvá‐la,  não  há  crime  de  omissão  de  socorro  (Só 
egoísmo mesmo, rs.).  
Além disso, aquele que causou a situação de perigo de dano, NÃO 
RESPONDE PELO CRIME, pois seria um absurdo punir alguém por 
criar uma situação e por não socorrer a vítima.  
EXEMPLO: Imagine que A esfaqueie B, com vontade de matar, e o 
veja  agonizando,  mas  nada  faça  para  salvá‐lo.  Nesse  caso,  A 
responderá apenas pelo homicídio (consumado  ou tentado), mas 
não pela omissão de socorro.  
O agente pode praticar a conduta de duas formas:  

28 
 

•  Deixando de prestar o socorro imediato à pessoa  
•  Caso  não  possa  fazê‐lo,  deixando  de  comunicar  à  autoridade 
pública para que proceda ao socorro da pessoa 
O AGENTE NÃO PODE ESCOLHER! Se ele tem condições de prestar 
o  socorro,  deve  prestá‐lo,  não  podendo  escolher  por  chamar  o 
 
socorro da autoridade pública.  
O elemento subjetivo é o dolo (que pode ser direto ou eventual), 
não se admitindo na forma culposa.  
O crime se consuma quando o agente efetivamente se omite na 
prestação  do  socorro  e,  sendo  um  crime  omissivo  próprio,  não 
admite tentativa.  
A  Doutrina  entende  que  no  caso  de  “criança  abandonada  ou 
extraviada”, o perigo é presumido (perigo concreto), devendo ser 
provada,  nos  demais  casos,  a  efetiva  exposição,  da  pessoa  não 
socorrida, a perigo.  
O § único traz uma causa de aumento de pena, que estabelece o 
aumento  da  pena  em  METADE,  caso  ocorra  lesões  graves  na 
pessoa que não foi socorrida, ou, no caso de sobrevir a morte da 
pessoa não socorrida, a pena será TRIPLICADA.  
A  Doutrina  exige  que  se  comprove  que  o  socorro  (não  prestado 
pelo agente) tivesse o condão de evitar estes resultados para que 
se apliquem as causas de aumento de pena.  
A  omissão  de  socorro  nos  acidentes  de  trânsito  (caso  o  agente 
esteja envolvido no acidente) é regulada pelo CTB. Caso o agente 
não  tenha  se  envolvido  no  acidente,  tendo  apenas  presenciado 
pessoa  que  necessitava  de  ajuda  por  ter  se  envolvido  em 
acidente de trânsito, responde pelo art. 135 do CP.  
EXEMPLO: José se envolve num acidente de trânsito com Juliana. 
Juliana fica em situação crítica, mas José, que saiu bem, se omite 
no  socorro.  Marcelo,  que  passava  pelo  local,  também  se  omite. 
Nesse caso, José responde pelo delito previsto no CTB e Marcelo 
pelo delito do art. 135 do CP.  
A omissão de socorro à pessoa idosa é crime específico previsto 
no Estatuto do Idoso.  
A  Lei  12.653/12  trouxe  uma  modalidade  “especial”  de  omissão 
de  socorro,  que  é  a  de  condicionamento  para  atendimento 
médico‐hospitalar  emergencial,  novo  tipo  penal  previsto  no  art. 
135‐A do CP:  
Condicionamento  de  atendimento  médico‐hospitalar 
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).  

29 
 

Art.  135‐A.  Exigir  cheque‐caução,  nota  promissória  ou 


qualquer  garantia,  bem  como  o  preenchimento  prévio  de 
formulários  administrativos,  como  condição  para  o 
atendimento médico‐hospitalar emergencial: (Incluído pela 
Lei nº 12.653, de 2012).  
Pena ‐ detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).  
Parágrafo  único.  A  pena  é  aumentada  até  o  dobro  se  da 
negativa  de  atendimento  resulta  lesão  corporal  de 
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído 
pela Lei no 12.653, de 2012).  
Ainda não há forte Doutrina sobre o tema, mas entende‐se que o 
sujeito ativo, no caso, seria o responsável pelo estabelecimento.  
É de se ressaltar que a conduta somente será típica no caso de se 
tratar  de  atendimento  EMERGENCIAL.  A  exigência  não  precisa 
ser,  necessariamente,  de  garantia  financeira,  pode  se  tratar  de 
exigência  de  preenchimento  de  formulários  administrativos,  de 
forma que se verifica que o tipo penal pretende abarcar uma gama 
elevada de condutas.  
Percebam que o § único traz causa especial de aumento de pena, 
elevando‐se  a  pena  aplicada  até  o  DOBRO  no  caso  de  LESÃO 
GRAVE e até o TRIPLO, no caso de MORTE.  
Maus‐tratos  
Art. 136 ‐ Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob 
sua  autoridade,  guarda  ou  vigilância,  para  fim  de 
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando‐a 
de  alimentação  ou  cuidados  indispensáveis,  quer 
sujeitando‐  a  a  trabalho  excessivo  ou  inadequado,  quer 
abusando de meios de correção ou disciplina:  
Pena ‐ detenção, de dois meses a um ano, ou multa.  
§ 1º ‐ Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:  
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos.  
§ 2º ‐ Se resulta a morte:  
Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos.  
 
§  3º  ‐  Aumenta‐se  a  pena  de  um  terço,  se  o  crime  é 
praticado  contra  pessoa  menor  de  14  (catorze)  anos. 
(Incluído pela Lei no 8.069, de 1990)  

30 
 

O  crime  de  maus‐tratos  é  um  crime  PRÓPRIO  (só  pode  ser 


praticado por quem detenha a guarda ou vigilância da vítima).  
Tutela‐se,  aqui,  a  saúde  e  a  vida  da  pessoa  sob  guarda  ou 
vigilância de outrem.  
O  elemento  subjetivo  exigido  é  o  dolo,  devendo  haver  A 
FINALIDADE ESPECIAL DE AGIR (Dolo específico), consistente NA 
INTENÇÃO DE EDUCAR, ENSINAR, TRATA OU CUSTODIAR. Não se 
admite, obviamente, na forma culposa.  
O tipo objetivo (conduta incriminada) é PLURINUCLEAR, ou seja, o 
crime pode ser praticado de diversas maneiras diferentes:  
•  Privar de alimentação 
•  Privar de cuidados indispensáveis 
•  Sujeitar a trabalho excessivo ou inadequado  
•  Abusar dos meios de correção ou disciplina 
Assim,  se  o  agente,  mediante  alguma  destas  condutas,  expõe  a 
perigo de lesão (à saúde ou à vida) pessoa sob sua guarda, e o faz, 
COM  A  INTENÇÃO  específica  prevista  no  tipo  penal,  comete  o 
crime em estudo. 
O  momento  da  consumação  varia  conforme  cada  uma  das 
modalidades  de  conduta  possíveis.  Se  a  conduta  for  comissiva 
(praticar  alguma  lesão),  o  crime  se  consuma  com  efetiva 
ocorrência da lesão, podendo haver tentativa, em razão de ser o 
crime plurissubsistente, ou seja, é possível que o agente venha a 
ser  impedido  de  consumar  o  delito  no  momento  em  que  estava 
prestes a praticá‐lo.  
Em  se  tratando  de  conduta  omissiva,  não  há  possibilidade  de 
tentativa  (deixar  de  alimentar,  deixar  de  prestar  cuidados 
básicos, etc.). A Doutrina majoritária exige, ainda, que no caso de 
“deixar  de  alimentar  ”a  conduta  seja  HABITUAL,  ou  seja,  deve 
ocorrer  frequentemente,  não  configurando  o  crime  o  castigo  de 
“deixar sem jantar”, por exemplo.  
Os  §§  1°  e  2°  trazem  hipóteses  nas  quais  a  conduta  do  agente 
acaba por causar lesões graves ou morte. No primeiro caso (lesões 
graves),  a  pena  será  de  1  a  4  anos.  No  segundo  caso  (morte)  a 
pena será de 4 a 12 anos.  
Mas e se o agente apenas causar lesões leves? Entende‐se que as 
lesões leves estão englobadas neste tipo penal, ficando absorvidas 
por ele. Assim, havendo lesões leves, a pena é a prevista no caput 
do artigo.  
O  §  3°  traz  UMA  CAUSA  DE  AUMENTO  DE  PENA,  no  caso  de  a 
vítima ser menor de 14 anos (a pena é aumentada 1/3).  

31 
 

Ação penal  
Nos  crimes  de  Periclitação  da  vida  e  saúde,  somente  o  crime  de 
perigo  de  contágio  de  doença  VENÉREA  é  crime  de  ação  penal 
CONDICIONADA  à  representação.  TODOS  OS  DEMAIS  SÃO 
CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.  
Da rixa  
O capítulo IV do  Título  I do CP pune apenas o crime de rixa, que 
pode  ser  conceituado  como  a  briga,  contenda,  entre  MAIS  DE 
DUAS  PESSOAS,  cada  um  agindo  por  conta  própria,  na  qual  há 
prática  de  vias‐  de‐fato  ou  violência  recíproca.  Aqui,  o  CP  visa  a 
evitar que o delito fique impune, por não se saber quem deu início 
à briga (pois se não houvesse o crime de rixa, e não se soubesse 
quem  deu  início  às  agressões,  não  seria  possível  condenar 
ninguém).  
Está previsto no art. 137 do CP:  
Art.  137  ‐  Participar  de  rixa,  salvo  para  separar  os 
contendores:  
Pena ‐ detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.  
Parágrafo  único  ‐  Se  ocorre  morte  ou  lesão  corporal  de 
natureza grave, aplica‐se, pelo fato da participação na rixa, 
a pena de detenção, de seis meses a dois anos.  
O  elemento  subjetivo,  obviamente,  é  o  dolo,  não  se  punindo  a 
conduta culposa.  
Além disso, é plenamente possível o concurso de pessoas. Aliás, o 
crime  é  de  CONCURSO  NECESSÁRIO,  pois  necessariamente  deve 
ser  praticado  por  mais  de  duas  pessoas.  A  participação  pode 
ocorrer  tanto  na  forma  material  (quem  empresta  um  pedaço  de 
pau, por exemplo) quanto moral (quem incentiva os contendores).  
O elemento subjetivo é o dolo de participar da rixa, salvo se entrar 
nela  para  separar  os  brigões.  Não  há  previsão  de  modalidade 
culposa.  
A  consumação  se  dá  com  o  início  da  rixa,  ou  com  a  entrada  do 
agente  na  rixa,  com  a  efetiva  troca  de  agressões  ou  vias‐de‐fato 
entre  os  rixosos.  A  ocorrência  de  lesões  é  mero  exaurimento, 
irrelevante  para  a  consumação  do  delito.  Por  ser  crime  que  se 
consuma num único ato (unissubsistente), não há possibilidade de 
tentativa.  
O  §  único  prevê  a  forma  qualificada,  que  ocorrerá  caso 
sobrevenha  a  ALGUMA  PESSOA  (que  participa  ou  não  da  rixa), 
lesão grave ou morte. Nesse caso, a pena será de seis meses a dois 

32 
 

anos.  
Entretanto, todos os participantes da rixa respondem pela forma 
qualificada  ou  somente  aqueles  (ou  aquele)  que  efetivamente 
causaram  as  lesões  graves  ou  morte?  É  bastante  dividido  na 
Doutrina,  existindo  várias  posições.  PREVALECE  O 
ENTENDIMENTO  DE  QUE  todos  os  participantes  da  rixa 
respondem na modalidade qualificada. 
A ação penal é pública incondicionada. 

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
Os crimes contra o patrimônio estão previstos nos arts. 155 a 183 
do CP.  
Estes delitos estão divididos em sete capítulos: 
•  Do Furto;  
•  Do Roubo e da Extorsão;  
•  Da Usurpação;  
•  Do Dano;  
•  Da Apropriação Indébita;  
•  Do Estelionato e outras fraudes;  
•  Da Receptação  
 
Existe  ainda  o  capítulo  VIII,  mas  este  não  prevê  figuras  típico‐ 
penais, apenas estabelece algumas regrinhas gerais aplicáveis aos 
crimes contra o patrimônio. 
Vamos  estudar  os  crimes  contra  o  patrimônio  dividindo‐os  de 
acordo  com  os  capítulos  do  CP,  para  aperfeiçoarmos  o 
aprendizado de vocês! 
Furto 
O  bem  jurídico  tutelado  no  crime  de  furto  é  APENAS  o 
patrimônio, ou seja, o furto é um crime que lesa apenas um bem 
jurídico. Entretanto,  a Doutrina é PACÍFICA ao entender que não 
se  tutela  apenas  a  propriedade,  mas  qualquer  forma  de 
dominação  sobre  a  coisa  (propriedade,  posse  e  detenção 
legítimas). Está previsto no art. 155 do CP: 
Art.  155  ‐  Subtrair,  para  si  ou  para  outrem,  coisa  alheia 
móvel: Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.  
§  1º  ‐  A  pena  aumenta‐se  de  um  terço,  se  o  crime  é 
praticado durante o repouso noturno.  
§  2º  ‐  Se  o  criminoso  é  primário,  e  é  de  pequeno  valor  a 
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela 

33 
 

de  detenção,  diminuí‐la  de  um  a  dois  terços,  ou  aplicar 


somente a pena de multa.  
§  3º  ‐  Equipara‐se  à  coisa  móvel  a  energia  elétrica  ou 
qualquer outra que tenha valor econômico.  
Furto qualificado 
§ 4º ‐ A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se 
o crime é cometido: 
I ‐ com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração 
da coisa; 
II ‐ com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada 
ou destreza; 
III ‐ com emprego de chave falsa; 
IV ‐ mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 § 4º‐A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos 
e  multa,  se houver  emprego  de  explosivo ou de  artefato 
análogo  que  cause  perigo  comum. (Incluído  pela  Lei  nº 
13.654, de 2018) 
 
§  5º  ‐  A  pena  é  de  reclusão  de  três  a  oito  anos,  se  a 
subtração  for  de  veículo  automotor  que  venha  a  ser 
transportado  para  outro  Estado  ou  para  o 
exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
§ 6o  A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a 
subtração  for  de  semovente  domesticável  de  produção, 
ainda  que  abatido  ou  dividido  em  partes  no  local  da 
subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
§ 7º  A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e 
multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de 
acessórios  que,  conjunta  ou  isoladamente,  possibilitem 
sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei 
nº 13.654, de 2018) 
 
Trata‐se  de  crime  comum, 
SUJEITO 
podendo  ser  praticado  por 
ATIVO 
qualquer pessoa.  
SUJEITO 
Aquele que teve a coisa subtraída.  
PASSIVO 
TIPO  A conduta prevista é a de subtrair, 
OBJETIVO  PARA SI OU PARA OUTREM, coisa 
(conduta)  alheia  móvel.  O  conceito  de 

34 
 

“móvel”  aqui  é  “tudo  aquilo  que 


pode ser movido de um lugar para 
 
outro sem  perda  de  suas 
características  ou 
funcionalidades”. A coisa subtraída  
não  pode  ser  de  propriedade  do 
infrator,  caso  contrário,  não  há 
furto,  podendo  haver,  se  for  o 
caso, EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS 
PRÓPRIAS    RAZÕES  (art.  345  do 
CP).  Este  é  um  crime  comum  e  
genérico.  Nada  impede  que,  em 
determinadas  circunstâncias,  a 
subtração  de  coisa  móvel  alheia 
configure  outro  crime,  como 
ocorre,  por  exemplo,  quando  um 
funcionário  público,  no  exercício 
de  suas  funções,  subtrai  bem  da 
administração público, hipótese na 
qual  teremos  um  PECULATO‐
FURTO  (art.  312,  §1°  do  CP).  A 
maioria da Doutrina entende que a 
coisa  não  precisa  ter  valor 
econômico  significativo  (embora  a 
ausência  de  valor  significativo 
possa  gerar  a  atipicidade  da 
conduta  por  ausência  de 
lesividade).  
 
CUIDADO!  O  cadáver  pode  ser 
objeto  do  furto,  desde  que 
pertença  a  alguém  (ex.:  Cadáver 
pertencente  a  uma  faculdade  de 
medicina).  
Dolo.  Não  se  admite  na  forma 
culposa. O agente deverá possuir o 
ânimo,  a  intenção  de  SE 
APODERAR DA COISA furtada.  
 
  Essa  intenção  é  chamada  de 
TIPO  animus  rem  sibi  habendi.Não 
SUBJETIVO  havendo  essa  intenção,  sendo  a 
intenção somente a de usar a coisa 
e  logo  após  devolvê‐la,  teremos  o 
que  se  chama  de  FURTO  DE  USO, 
que NÃO É CRIME .  
 

35 
 

Se  o  agente  pratica  o  crime  para 


saciar  a  fome  (furto  famélico),  a 
Jurisprudência  reconhece  a 
excludente  de  ilicitude  do  estado 
de  necessidade  (art.  24  do  CP), 
podendo,  a  depender  das 
circunstâncias,  caracterizar 
atipicidade  por  reconhecimento 
do princípio da insignificância.  
 
CUIDADO!  O  crime  de  furto  de  energia  elétrica  só  ocorrerá  se  o 
agente  se  apodera  daquilo  que  não  está  em  sua  posse,  daquilo 
que  não  é  seu.  Se  o  agente  altera  o  medidor  de  Luz  (fraude), 
  
haverá o crime de estelionato.
O §4° e seus incisos, bem como o §5° do art. 155 estabelecem as 
hipóteses em que o furto será considerado QUALIFICADO, ou seja, 
mais  grave,  sendo  previstas  penas  mínimas  e  máximas  mais 
elevadas.  
Vejamos as hipóteses:  
 
•  Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa
–  Aquela  conduta  do  agente  que  destrói  ou  rompe  um 
obstáculo  colocado  de forma  a  impedir  o  furto  (Há  parcela  da 
Doutrina  que  inclui,  no  conceito  de  obstáculo,  os  cães  de 
guarda.) 
Ex.:  Quebra  de  cadeado.  Se  a  violência  for  exercida  contra  o 
próprio bem furtado, não há a qualificadora (ex.: Quebrar o vidro 
 
do carro para furtar o próprio carro).   
•  Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza – No abuso 
de  confiança  o  agente  se  aproveita  da  confiança  nele 
depositada,  de  forma  que  o  proprietário  não  exerce  vigilância  
sobre  o  bem,  por  confiar  no  infrator.  Na  fraude  o  infrator 
emprega algum artifício para enganar o agente e furtá‐lo. Não 
se  deve  confundir  com  o  estelionato.  No  estelionato  o  agente 
emprega  algum  ardil,  artifício  para fazer com  que  a  vítima lhe 
entregue  a  vantagem.  Aqui  o  agente  emprega  o  artifício  para 
criar a situação que lhe permita subtrair a coisa (ex.: Camarada 
se  veste  de  instalador  da  TV  a  Cabo  para,  mediante  a 
enganação  realizada,  adentrar  na  casa  e  furtar  alguns 
pertences).  Na  escalada  o  agente  realiza  um  esforço  fora  do 
comum  para  superar  uma  barreira  física  (ex.:  Saltar  um  muro 
ALTO).  Vale  ressaltar,  contudo,  que  a  Doutrina  entende  que  a 
superação  da  barreira  pode  se  dar  de  qualquer  forma,  não 
apenas  pelo  alto  (ex.:  Escavação  de  um  túnel  subterrâneo), 
desde  que  não  ocorra  a  destruição  da  barreira  (Neste  caso, 

36 
 

teríamos  a  qualificadora  do  rompimento  de  obstáculo).  Na 


destreza  o  agente  se  vale  de  alguma  habilidade  peculiar  (ex.: 
Batedor  de  carteira,  que  furta  com  extrema  destreza,  sem  ser 
percebido).  Vale  ressaltar  que  se  a  vítima  percebe  a  ação,  o 
agente  responde  por  tentativa  de  furto  simples,  e  não  por 
tentativa  de  furto  qualificado,  pois  o  agente  não  agiu  com 
 
destreza alguma, já que sua ação foi notada.  
•  Chave falsa – Aqui o agente pratica o delito mediante o uso de 
alguma chave falsificada. O conceito de “chave falsa” abrange:  
a)  A  cópia  da  chave  verdadeira,  mas  obtida  sem  autorização  do 
dono;  
b)  uma  chave  diversa  da  verdadeira,  mas  alterada  com  a 
finalidade de abrir a fechadura; 
c)  Qualquer  objeto  capaz  de  abrir  uma  fechadura  sem  provocar 
sua destruição (pode ser um grampo de cabelo, por exemplo).  
A  LIGAÇÃO  DIRETA  EM  VEÍCULO  NÃO  É  CONSIDERADA  CHAVE 
FALSA!  
Furto  de  veículo  automotor  (§  5°)  que  venha  A  SER 
TRANSPORTADO PARA OUTRO ESTADO OU PARA O EXTERIOR – 
Aqui  se  pune,  com  a  qualificadora,  aquele  que  furta  veículo 
automotor que é levado para longe (outro estado ou país). Visa a 
punir  mais  drasticamente  aquelas  pessoas  ligadas  à  máfia  do 
desmanche de veículos. CUIDADO!  Se o veículo não chegar a ser 
levado  para  outro  estado  ou  país,  embora  essa  tenha  sido  a 
intenção,  NÃO  HÁ  FURTO  QUALIFICADO  TENTADO,  mas  furto 
comum CONSUMADO, pois a subtração se consumou.  
Furto  de  coisas  perdidas,  abandonadas  e  que  nunca  tiveram 
dono –  
a)  Furto  de  coisas  perdidas  (res  desperdicta)  –  Incabível,  pois  o 
agente,  neste  caso,  pratica  o  crime  de  apropriação  de  coisa 
achada, prevista no art. 169, § único do CP;  
b)  Furto  de  coisas  abandonadas  e  que  nunca  tiveram  dono  (res 
derelicta  e  res  nullius,  respectivamente)  –  Incabível,  pois  o 
agente,  ao  se  apossar  da  coisa,  torna‐se  seu  dono,  já  que  a 
coisa não pertence a ninguém. 
Furto de coisa comum 
O art. 156 trata do FURTO DE COISA COMUM, vejamos:  
Art. 156 ‐ Subtrair o condômino, co‐herdeiro ou sócio, para 
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa 
comum:  

37 
 

Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.  
§ 1º ‐ Somente se procede mediante representação.  
§ 2º ‐ Não é punível a subtração de coisa comum fungível, 
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.  
O crime aqui é, também, de furto, motivo pelo qual se aplicam as 
mesmas considerações relativas ao crime de furto comum.  
No entanto, o crime aqui é PRÓPRIO (exige qualidade especial do 
infrator),  ou  seja,  somente  pode  ser  cometido  pela  pessoa  que 
possua uma daquelas características (seja sócio, condômino, etc.). 
O sujeito passivo também só poderá ser alguma daquelas pessoas.  
Vejam  que  a  pena  é  menor  que  a  do  furto  comum,  exatamente  
porque a coisa não é de outrem (alheia), mas é comum, ou seja, 
também é do infrator.  
Vejam,  ainda,  que  se  a  coisa  é  FUNGÍVEL,  e  a  subtração  não 
excede a quota‐parte do infrator, não há crime.  
Coisa  fungível  é  aquela  que  pode  ser  substituída  por  outra  da 
mesma  espécie,  qualidade  e  quantidade,  sem  prejuízo  algum 
(exemplo:  dinheiro).  EXEMPLO:  Imagine  que  três  pessoas  são 
condôminas  de  uma  parcela  em  dinheiro  no  valor  de  R$ 
90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para cada). Se um dos 
condôminos furtar R$ 30.000,00 não comete crime, pois a coisa é 
fungível  e  o  montante  não  excede  à  sua  cota‐parte  do  infrator, 
não há crime.  
Coisa  fungível  é  aquela  que  pode  ser  substituída  por  outra  da 
mesma  espécie,  qualidade  e  quantidade,  sem  prejuízo  algum 
(exemplo:  dinheiro).  EXEMPLO:  Imagine  que  três  pessoas  são 
condôminas  de  uma  parcela  em  dinheiro  no  valor  de  R$ 
90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para cada). Se um dos 
condôminos furtar R$ 30.000,00 não comete crime, pois a coisa é 
fungível (dinheiro) e o montante não excede à sua cota‐parte.  
A  ação  penal  é  pública,  MAS  DEPENDE  DE  REPRESENTAÇÃO  DA 
VÍTIMA.  
Do roubo e da extorsão  
Aqui se tutelam, além do patrimônio, a integridade física, mental e 
a  vida  da  vítima,  pois  as  condutas  não  violam  somente  o 
patrimônio  destas,  mas  colocam  em  risco,  também,  estes  bens 
jurídicos.  
Vejamos cada um deles.  
Roubo  

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Art.  157  ‐  Subtrair  coisa  móvel  alheia,  para  si  ou  para 
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou 
depois  de  havê‐la,  por  qualquer  meio,  reduzido  à 
impossibilidade de resistência:  
Pena ‐ reclusão, de quatro a dez anos, e multa.  
§  1º  ‐  Na  mesma  pena  incorre  quem,  logo  depois  de 
subtraída  a  coisa,  emprega  violência  contra  pessoa  ou 
grave  ameaça,  a  fim  de  assegurar  a  impunidade  do  crime 
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.  
§  2º    A  pena  aumenta‐se  de  1/3  (um  terço)  até  metade:  
(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
I – (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
              II ‐ se há o concurso de duas ou mais pessoas;  
III ‐ se a vítima está em serviço de transporte de valores e o 
agente conhece tal circunstância.  
IV  ‐  se  a  subtração  for  de  veículo  automotor  que  venha  a 
ser transportado para outro Estado ou para o exterior;  
V  ‐  se  o  agente  mantém  a  vítima  em  seu  poder, 
restringindo sua liberdade.  
VI  –  se  a  subtração  for  de  substâncias  explosivas  ou  de 
acessórios  que,  conjunta  ou  isoladamente,  possibilitem 
sua fabricação, montagem ou emprego.                 (Incluído 
pela Lei nº 13.654, de 2018) 
VII  ‐  se  a  violência  ou  grave  ameaça  é  exercida  com 
emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13964, de 
2019) 
§  2º‐A    A  pena  aumenta‐se  de  2/3  (dois  terços):                 
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de 
arma de fogo; (Incluído pela Lei nº  3.654, de 2018) 
II  –  se  há  destruição  ou  rompimento  de  obstáculo 
mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo 
que  cause  perigo  comum.(Incluído  pela  Lei  nº  13.654,  de 
2018) 
§ 2º‐B. Se a violência ou grave ameaça é exercida      com 
emprego  de  arma  de  fogo  de  uso  restrito  ou  proibido, 
aplica‐se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 
; (Incluído pela Lei nº 13964, de 2019) 

39 
 

 
§  3º    Se  da  violência  resulta:(Redação  dada  pela  Lei  nº 
13.654, de 2018) 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 
18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 
2018) 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) 
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 

BEM 
O  patrimônio  e  a  integridade  física  e 
JURÍDICO 
psíquica da vítima.  
TUTELADO 
 
SUJEITO  Trata‐se  de  crime  comum,  podendo  ser 
ATIVO  praticado por qualquer pessoa.  
 
Aquele  que  teve  a  coisa  subtraída 
SUJEITO  mediante  violência  ou  grave  ameaça,  ou 
PASSIVO  ainda,  depois  de  ter  sido  reduzida  à 
impossibilidade de defesa.  

A conduta prevista é a de subtrair, PARA SI 
OU  PARA  OUTREM,  coisa  alheia  móvel, 
MEDIANTE  VIOLÊNCIA,  GRAVE  AMEAÇA, 
OU  APÓS  REDUZIR  A  VÍTIMA  A  UMA 
SITUAÇÃO  DE  IMPOSSIBILIDADE  DE 
DEFESA.  Com  relação  à  lesão  ao 
patrimônio,  aplicam‐se  as  mesmas  regras 
  ditas  em  relação  ao  furto.  Mas,  por  se 
TIPO OBJETIVO  tratar  de  crime  complexo,  devemos 
(conduta)  analisar,  ainda,  sob  o  aspecto  da  violência 
  ou  grave  ameaça  à  pessoa.  A  violência 
pode  ser  própria,  quando  o  agente  aplica 
força  física  sobre  a  vítima,  ou  imprópria, 
quando aplica alguma medida que torna a 
vítima  indefesa  (Boa‐noite‐cinderela,  por 
exemplo).  Aqui  entende‐se  que  não  se 
aplica  o  privilégio  previsto  para  o  furto  e 
nem o princípio da insignificância. 

 
TIPO SUBJETIVO  
Dolo. Não se admite na forma culposa. O agente deverá possuir o 
ânimo, a intenção de SE APODERAR DA COISA furtada, MEDIANTE 

40 
 

VIOLÊNCIA,  GRAVE  AMEAÇA  OU  REDUÇÃO  DA  VÍTIMA  À 


SITUAÇÃO  DE  IMPOSSIBILIDADE  DE  DEFESA.  Não  se  admite  na 
forma  culposa.  O  roubo  de  uso  é  crime!  Ou  seja,  o  agente  que 
rouba alguma coisa para somente usá‐la e devolver, comete crime 
de roubo. Parte da Doutrina entende, entretanto, que nesse, caso, 
haveria  apenas  constrangimento  ilegal  ou  lesões  corporais,  não 
 
havendo roubo (minoritário).  
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA  
O  §1°  traz  a  figura  do  roubo  IMPRÓPRIO.  O  roubo  impróprio 
ocorre  quando  a  violência  ou  ameaça  é  praticada  APÓS  A 
SUBTRAÇÃO  DA  COISA,  como  meio  de  garantir  a  impunidade  do 
crime ou assegurar o proveito do crime.  
EXEMPLO: Imagine que o agente subtraia uma TV de uma loja de 
eletroeletrônicos.  Até  aí,  nada  de  roubo,  apenas  furto.  No 
entanto, ao ser abordado pelos seguranças, já do lado de fora da 
loja,  tenta  fugir  e  acaba  agredindo  os  seguranças,  fugindo  com  a 
coisa. Nesse caso, diz‐se que o roubo é IMPRÓPRIO, pois a grave 
ameaça  ou  violência  é  posterior,  e  não  tem  como  finalidade 
efetivar a  subtração  (que  já  ocorreu),  mas  garantir  a  impunidade 
ou a posse tranquila sobre o bem.  
O  §  2°  prevê  majorantes  (causas  de  aumento  de  pena),  que  se 
aplicam  tanto  ao  roubo  PRÓPRIO  (caput)  quanto  ao  roubo 
IMPRÓPRIO. Algumas observações quanto às majorantes do §2°:  
O  termo  “arma”,  no  inciso  VII,  é  considerado  QUALQUER 
INSTRUMENTO QUE POSSA LESAR A INTEGRIDADE FÍSICA DESDE 
QUE  NÃO  SEJA  MOVIDA  A  UMA  AÇÃO  PNEUMÁTICA 
PROVOCADA  PELA  EXPANSÃO  DE  GASES  RESULTANTES  DA 
QUEIMA  DE  UM  PROPELENTE  DE  ALTA  VELOCIDADE, 
independentemente de ter sido fabricado para esse fim (faca, por 
exemplo).  Em  se  tratando  de  arma  de  fogo  de  uso  permitido,  a 
majorante  aplicável  será  a  prevista  no  §2‐A.  Por  fim,  se  se  tratar 
de  arma  de  fogo  de  uso  restrito  ou  proibido,  a  majorante  será  a 
prevista no §2‐B. 
Ainda com relação à arma, a Doutrina e Jurisprudência entendem 
que deve haver o USO EFETIVO DA ARMA ou, ao menos, o PORTE 
OSTENSIVO  da  arma.  Se  o  agente  está  portando  a  arma,  mas  a 
vítima  não  chega  a  ter  conhecimento  deste  fato,  não  incide  a 
causa de aumento de pena. 
 
OBS:O USO DE ARMA DE BRINQUEDO NÃO GERA APLICAÇÃO DA 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA.  
É necessário que haja perícia para apurar a potencialidade lesiva 
da arma? Em regra, sim. Contudo, se não for possível, as demais 

41 
 

provas  podem  ser  utilizadas  para  comprovar  o  fato  (Posição  do 


 
STJ).  
Com  relação  à  majorante  do  roubo  praticado  em  concurso  de 
pessoas, e se estivermos diante de uma associação criminosa? O 
STJ entende que os agentes  respondem tanto pelo roubo com a 
causa de aumento de pena do concurso de pessoas quanto pela 
associação criminosa, em concurso MATERIAL.  
O  inciso  V  traz  a  hipótese  na  qual  a  vítima  é  privada  de  sua 
liberdade, sendo mantida em poder do criminoso. Temos aqui, na 
verdade, a questão do “refém”. Havendo utilização de refém para 
garantir sucesso na fuga, por exemplo, haverá a causa de aumento 
de pena.  
O §3°, por sua vez, traz o que se chama de ROUBO QUALIFICADO 
PELO  RESULTADO  (Lesão  corporal  grave  ou  morte).  Não  se  exige 
que o resultado tenha sido querido pelo agente, bastando que ele 
tenha  agido  pelo  menos  de  maneira  culposa  em  relação  a  eles 
(pois a redação do § diz: “se da violência resulta...”). Além disso, 
não  incide  essa  QUALIFICADORA  quando  o  roubo  é  realizado 
mediante GRAVE AMEAÇA. 
Ao  crime  de  ROUBO  QUALIFICADO  PELO  RESULTADO  NÃO  SE 
APLICAM AS MAJORANTES DO §2°.  
A  segunda  parte  do  roubo  qualificado  pelo  resultado  trata  do 
LATROCÍNIO,  que  é  o  roubo  qualificado  pelo  resultado  MORTE. 
Ele  ocorrerá  sempre  que  o  agente,  VISANDO  A  SUBTRAÇÃO  DA 
COISA,  praticar  a  conduta  (empregando  violência)  e  ocorrer 
(dolosa  ou  culposamente)  a  morte  de  alguém.  Caso  o  agente 
deseje  a  morte  da  pessoa,  e,  somente  após  realizar  a  conduta 
homicida,  resolva  furtar  seus  bens,  estaremos  diante  de  um 
HOMICÍDIO em concurso com FURTO.  
A ação penal, neste crime, É PÚBLICA INCONDICIONADA 
Art.  158  ‐  Constranger  alguém,  mediante  violência  ou 
grave  ameaça,  e  com  o  intuito  de  obter  para  si  ou  para 
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que 
se faça ou deixar fazer alguma coisa:  
Pena ‐ reclusão, de quatro a dez anos, e multa.  
§ 1º ‐ Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou 
com emprego de arma, aumenta‐se a pena de um terço até 
metade.  
§  2º  ‐  Aplica‐se  à extorsão  praticada  mediante  violência o 
disposto no § 3º do artigo anterior.  
 

42 
 

§  3º  Se  o  crime  é  cometido  mediante  a  restrição  da 


liberdade  da  vítima,  e  essa  condição  é  necessária  para  a 
obtenção  da  vantagem  econômica,  a  pena  é  de  reclusão, 
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão 
corporal grave ou morte, aplicam‐se as penas previstas no 
art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.   
BEM JURÍDICO TUTELADO  
O patrimônio e a liberdade individual da vítima  
SUJEITO ATIVO  
Trata‐se  de  crime  comum,  podendo  ser  praticado  por  qualquer 
pessoa.  
SUJEITO PASSIVO  
Aquele que teve a sua liberdade individual ou patrimônio lesados 
pela conduta do agente. Pode ser qualquer pessoa.  
TIPO OBJETIVO (conduta)  
Aqui  o  constrangimento  é  mero  “meio”  para  a  obtenção  da 
vantagem  indevida.  O  verbo  é  “constranger”,  que  é  sinônimo  de 
forçar, obrigar alguém a fazer o que não deseja. Não se confunde 
com o delito de roubo, pois naquele o agente se vale da violência 
ou grave ameaça para subtrair o bem da vítima. Neste o agente se 
vale destes meios para fazer com que a vítima  
LHE  ENTREGUE  A  COISA,  ESPONTANEAMENTE,  ou  seja,  deve 
haver a colaboração da vítima.  
TIPO SUBJETIVO  
Dolo. Não se admite na forma culposa. Se a vantagem for:  
•  Devida  –  Teremos  crime  de  exercício  arbitrário  das  próprias 
razões (art. 345 do CP).  
•  Sexual – Teremos estupro.  
•  Meramente  moral,  sem  valor  econômico  –  Constrangimento 
ilegal (art. 146 do CP);  
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA  
O  §1°  traz  uma  causa  de  aumento  de  pena  (1/3  até  a  metade), 
caso o crime seja cometido por duas ou mais pessoas ou mediante 
o uso de arma. Aplicam‐se as mesmas observações feitas no crime 
de roubo.  
 

43 
 

Também se aplica o disposto no §3° do art. 157 (roubo qualificado 
pelo resultado), ou seja, ocorrendo lesão grave ou morte, teremos 
o  crime  de  EXTORSÃO  QUALIFICADA  PELO  RESULTADO,  com  as 
mesmas penas previstas no §3° do art. 157 do CP.  
O  §3°  do  art.  158  representa  uma  inovação  legislativa  (realizada 
em 2009) que criou a figura do SEQUESTRO RELÂMPAGO. A pena 
é  mais  elevada  (seis  a  doze  anos).  O  crime  também  será 
considerado  qualificado  (com  penas  mais  severas)  no  caso  de 
ocorrência de lesões graves ou morte.  
A  ação  penal  no  crime  de  extorsão,  em  qualquer  hipótese,  é 
PÚBLICA INCONDICIONADA.  
O art. 160, por sua vez, cria a figura da EXTORSÃO INDIRETA, que 
ocorre  quando  um  credor  EXIGE  ou  RECEBE,  do  devedor, 
DOCUMENTO  QUE  POSSA  DAR  CAUSA  À  INSTAURAÇÃO  DE 
PROCESSO CRIMINAL CONTRA ELE. Vejamos:  
Art.  160  ‐  Exigir  ou  receber,  como  garantia  de  dívida, 
abusando da situação de alguém, documento que pode dar 
causa  a  procedimento  criminal  contra  a  vítima  ou  contra 
terceiro:  
Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa.  
Exige‐se, nesse caso, o dolo específico, consistente na intenção de 
exigir  ou  receber  o  documento  COMO  GARANTIA  DE  DÍVIDA. 
Necessário,  ainda,  que  o  agente  SE  VALHA  DA  CONDIÇÃO  DA 
VÍTIMA, que se encontra em situação de fragilidade (desesperada, 
aflita), de forma a exigir dela esta garantia abusiva.  
O  crime  se  consuma  com  a  mera  realização  da  exigência  (nesse 
caso,  crime  formal)  ou  com  o  efetivo  recebimento  (nesse  caso, 
material) do documento. A tentativa é possível.  
A ação penal é pública incondicionada.  
Extorsão mediante sequestro 
Art. 159 ‐ Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou 
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço 
do resgate:  
Pena ‐ reclusão, de oito a quinze anos.  
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, 
se  o  sequestrado  é  menor  de  18  (dezoito)  ou  maior  de  60 
(sessenta)  anos,  ou  se  o  crime  é  cometido  por  bando  ou 
quadrilha.  
Pena ‐ reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.  

44 
 

§ 3º ‐ Se resulta a morte:  
 
§  4º  ‐  Se  o  crime  é  cometido  em  concurso,  o  concorrente 
que  o  denunciar  à  autoridade,  facilitando  a  libertação  do 
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.  

BEM 
O  patrimônio  e  a  liberdade  individual  da 
JURÍDICO 
vítima  
TUTELADO 
 
Trata‐se  de  crime  comum,  podendo  ser 
SUJEITO ATIVO 
praticado por qualquer pessoa.  
 
 
 
SUJEITO PASSIVO  

que  teve  a  sua  liberdade  individual  ou  aquele
patrimônio 


lesados pela conduta do agente. Pode ser qualquer pessoa. 
TIPO OBJETIVO (conduta)  
O  verbo  (núcleo  do  tipo)  é  sequestrar,  ou  seja,  impedir,  por 
qualquer  meio,  que  a  pessoa  exerça  seu  direito  de  ir  e  vir.  O 
CRIME OCORRERÁ AINDA QUE A VÍTIMA NÃO SEJA TRANSFERIDA 
PARA  OUTRO  LOCAL.  Aqui  a  privação  da  liberdade  se  dá  como 
meio  para  se  obter  um  RESGATE,  que  é  um  pagamento  pela 
liberdade  de  alguém.  Embora  a  lei  diga  “qualquer  vantagem”,  a 
Doutrina  entende  que  a  vantagem  deve  ser  PATRIMONIAL  e 
INDEVIDA,  pois  se  for  DEVIDA,  teremos  o  crime  de  exercício 
arbitrário das próprias razões.  
TIPO SUBJETIVO  
Dolo.  Exige‐se  a  FINALIDADE  ESPECIAL  DE  AGIR,  consistente  na 
intenção de obter uma vantagem patrimonial como resgate.  
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA  
Segundo o §1°, a pena será de DOZE A VINTE ANOS SE: 
•  O sequestro dura mais de 24 horas; 
•  Se o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos;  
•  Se o crime for cometido por quadrilha ou bando;  
Se do crime resultar lesão corporal GRAVE ou morte, também há 
formas QUALIFICADAS, cujas penas, nos termos dos §§ 2° e 3° do 
art.  159,  serão  de  16  a  24  anos  e  de  24  a  30  anos, 
RESPECTIVAMENTE.  
A  Doutrina  não  é  unânime  quanto  a  quem  possa  ser  a  vítima  da 

45 
 

lesão grave ou morte. No entanto, a maioria da Doutrina entende 
que  o  resultado  (lesão  grave  ou  morte)  qualifica  o  crime, 
QUALQUER QUE SEJA A PESSOA QUE SOFRA A LESÃO, ainda que 
não seja o próprio 
sequestrado,  mas  desde  que  ocorra  no  contexto  fático  do  delito 
de extorsão mediante sequestro.  
O  §4°  prevê  a  chamada  DELAÇÃO  PREMIADA,  ou  seja,  um 
abatimento  na  pena  daquele  que  delata  os  demais  cúmplices 
(redução de 1/3 a 2/3). É indispensável que dessa delação decorra 
uma  facilitação  na  liberação  do  sequestrado  (Doutrina 
 
majoritária).  
A ação pena será pública incondicionada.  
Da usurpação  
Os  crimes  previstos  neste  capítulo  são  pouco  exigidos,  motivo 
pelo  qual  abordaremos  o  tema  de  forma  menos  aprofundada 
que os crimes anteriores, para que vocês não tenham que estudar 
aquilo que não será objeto de cobrança na prova.  
Alteração de limites  
Art. 161 ‐ Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer 
outro  sinal  indicativo  de  linha  divisória,  para  apropriar‐se, 
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:  
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º ‐ Na mesma pena incorre quem: Usurpação de águas 
I  ‐  desvia  ou  represa,  em  proveito  próprio  ou  de  outrem, 
águas alheias; Esbulho possessório  
II  ‐  invade,  com  violência  a  pessoa  ou  grave  ameaça,  ou 
mediante  concurso  de  mais  de  duas  pessoas,  terreno  ou 
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.  
§  2º  ‐  Se  o  agente  usa  de  violência,  incorre  também  na 
pena a esta cominada.  
§ 3º ‐ Se a propriedade é particular, e não há emprego de 
violência, somente se procede mediante queixa.  
No  crime  previsto  no  caput  do  artigo  é  aquele no  qual  o  agente, 
valendo‐se  do  deslocamento  ou  supressão  de  alguma  marca 
divisória,  BUSCA  SE  APODERAR  de  bem  imóvel  que  não  lhe 
pertence (mas que é divisório com o seu).  
É necessário o dolo específico, CONSISTENTE NA VONTADE DE SE 
APODERAR DA COISA ALHEIA ATRAVÉS DA CONDUTA.  

46 
 

O  §1°  traz  formas  equiparadas,  relativas  à  conduta  daqueles  que 


realizam  a  usurpação  de  águas  alheias,  mediante  o  desvio  ou 
represamento  (inciso  I)  e  a  conduta  daqueles  que  promovem  a 
invasão, mediante violência à pessoa, grave ameaça, ou concurso 
de MAIS DE DUAS PESSOAS (mínimo de três, então), DE TERRENO 
OU EDIFÍCIO ALHEIO, COM O FIM DE ESBULHO POSSESSÓRIO.  
Esbulhar  a  posse  significa  TOMAR  A  POSSE,  retirar  a  posse  de 
quem  a  exerça  sobre  o  bem.  Se  o  agente  se  valer  de  violência, 
responde, ainda, pelo crime relativo à violência.  
A  ação  penal,  em  regra,  é  PÚBLICA  INCONDICIONADA.  No 
entanto, se a propriedade lesada for particular e não tiver havido 
emprego de violência, A AÇÃO PENAL SERÁ PRIVADA (§3° do art. 
161).  

Supressão ou alteração de marca em animais
 
Art. 162 ‐ Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou 
rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: 
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa.  
Aqui se pune a conduta do agente que retira (suprime) ou altera 
marca  ou  sinal  referente  à  propriedade  de  gado  ou  rebanho 
alheio.  
A Doutrina exige o dolo, mas não é pacífica quanto à necessidade 
de dolo específico (especial fim de agir).  
O  crime  se  consuma  com  a  mera  realização  da  supressão  ou 
alteração  da  marca  ou  sinal,  não  havendo  necessidade  de  que  o 
agente se apodere dos animais cujas marcas foram adulteradas.  
No entanto, se o agente se apoderar dos animais, teremos o crime 
de furto mediante fraude (art. 155, §4°, II do CP), que absorve este 
crime de usurpação. A tentativa é plenamente possível.  
A ação penal será sempre pública incondicionada.  
Do dano 
Os crimes de dano são crimes nos quais não há necessidade de um 
aumento patrimonial do agente, ou seja, não há necessidade que 
ele  se  apodere  de  algo  pertencente  a  outrem,  bastando  que  ele 
provoque um prejuízo à vítima. Vejamos:  
(a)   Dano  
Art. 163 ‐ Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:  
Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa.  

47 
 

Dano qualificado  
Parágrafo único ‐ Se o crime é cometido:  
I ‐ com violência à pessoa ou grave ameaça;  
II ‐ com emprego de substância inflamável ou explosiva, se 
o fato não constitui crime mais grave  
III ‐ contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito  
Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, 
empresa  pública,  sociedade  de  economia  mista  ou 
empresa  concessionária  de  serviços  públicos;(Redação 
dada pela Lei nº 13.531, de 2017) 
IV ‐ por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para 
a vítima:  
Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa, além 
da pena correspondente à violência.  
O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a destruição (danificação 
total), a inutilização (danificação, ainda que parcial, mas que torna 
o  bem  inútil)  ou  deterioração  (danificação  parcial  do  bem)  da 
coisa.  
O  crime  deve  ser  praticado  na  forma  comissiva  (ação).  Nada 
impede,  contudo,  que  alguém  responda  pelo  delito  em  razão  de 
uma omissão, desde que seja o responsável por evitar o resultado 
(ex.:  Um  vigia  que  vê  alguém  destruir  o  patrimônio  que  ele  deve 
zelar e nada faz, responderá pelo crime de dano, na forma do art. 
13, §2º do CP).  
Exige‐se o dolo. NÃO HÁ CRIME DE DANO CULPOSO (não havendo 
  
necessidade de qualquer especial fim de agir).
CUIDADO!  O  crime  de  “pichação”  é  definido  como  CRIME 
CONTRA  O  MEIO  AMBIENTE  (ambiente  urbano),  nos  termos  do 
art. 65 da Lei 9.605/98.  
Aliás, este crime de dano é bastante genérico, ocorrendo apenas 
quando não houver uma hipótese específica.  
EXEMPLO:  Danificar  objeto  destinado  a  culto  religioso.  Esta 
conduta    configura  o  crime  do  art.  208  do  CP,  e  não  o  crime  de 
dano.  
O  crime  se  consuma  com  a  ocorrência  do  dano.  Não  havendo  a 
ocorrência do dano, o crime será tentado.  
O §1° do art. 163 traz algumas formas qualificadas do delito, que 
elevam a pena para seis meses a três anos, patamares bem mais 
altos que os do caput do artigo.  

48 
 

Se o dano é praticado contra OBJETO TOMBADO pela autoridade 
competente,  em  razão  de  seu  valor  histórico,  artístico  ou 
arqueológico, o crime SERIA o do art. 165 do CP:  
Art.  165  ‐  Destruir,  inutilizar  ou  deteriorar  coisa  tombada 
pela  autoridade  competente  em  virtude  de  valor  artístico, 
arqueológico ou histórico:   
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, e multa.  
No entanto, CUIDADO! Este artigo foi TACITAMENTE REVOGADO 
 
pelo art. 62, I da Lei de Crimes Ambientais.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia 
Art.  164  ‐  Introduzir  ou  deixar  animais  em  propriedade 
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o 
fato resulte prejuízo:  
Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.  
Percebam  que  o  final  da  redação  do  artigo  menciona  que  é 
INDISPENSÁVEL  A  OCORRÊNCIA  DE  PREJUÍZO.  Sim,  pois  a  mera 
conduta do agente, por si só, não causa dano. Aqui podemos ter o 
que  se  chama  de  “pastagem  indevida”,  que  é  aquela  na  qual  se 
levam os animais para outro terreno, de propriedade alheia, para 
pastar.  
O crime é comum e pode ser praticado na modalidade “introduzir” 
ou  “deixar”  (manter)  animais  na  propriedade  alheia.  O  termo 
“sem  o  consentimento  de  quem  de  direito”  é  ELEMENTO 
NORMATIVO DO TIPO PENAL. Se houver o consentimento, não há 
fato típico.  
O  crime  se  consuma,  como  vimos,  com  a  ocorrência  do  efetivo 
prejuízo.  A  Doutrina  não  é  pacífica  quanto  à  tentativa,  mas  a 
maioria entende ser impossível, ao argumento de que o tipo exige 
o dano, de forma que, ou ele ocorre, ou o crime sequer é tentado 
(É o que prevalece).  

Alteração de local especialmente protegido
 
Art. 166 ‐ Alterar, sem licença da autoridade competente, o 
aspecto de local especialmente protegido por lei:  
A  ação  penal  será,  em  todos  os  crimes  de  dano,  PÚBLICA 
INCONDICIONADA.  No  entanto,  se  o  crime  é  o  de  dano  simples 
(art. 163), ou se é praticado por motivo egoístico ou com prejuízo 
considerável à vítima (163, § único, IV), ou no caso de introdução 
ou abandono de animais em propriedade alheia, o crime será de 
AÇÃO PENAL PRIVADA:  

49 
 

Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa.  
Aqui temos a conduta daquele que altera os aspectos (internos ou 
externos)  de  algum  local  que  esteja  protegido  por  lei  (um  bem 
tombado,  por  exemplo).  Não  há  necessidade  de  deterioração  ou 
dano, mas é necessário que o agente altere o aspecto (aparência) 
do local.  
No  entanto,  este  artigo  também  foi  revogado  pela  Lei  de  Crimes 
Ambientais,  que  trouxe,  em  seu  art.  63,  normatização  acerca  da 
conduta.  
Da apropriação indébita  
Os crimes de apropriação indébita diferem dos crimes de furto e 
roubo, pois aqui o agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM, mas se 
RECUSA  A  DEVOLVÊ‐LO  ou  REPASSÁ‐LO  a  quem  de  direito.  Ou 
seja, aqui o crime se dá pela INVERSÃO DO ANIMUS DO AGENTE, 
QUE ANTES ESTAVE DE BOA‐FÉ, e passa a estar de má‐fé.  
Apropriação indébita 
Art. 168 ‐ Apropriar‐se de coisa alheia móvel, de que tem a 
posse ou a detenção:  
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.  
Aumento de pena  
§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, quando o agente 
recebeu a coisa:  
I ‐ em depósito necessário;  
II  ‐  na  qualidade  de  tutor,  curador,  síndico,  liquidatário, 
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;  
III ‐ em razão de ofício, emprego ou profissão.  
Vejam que a coisa lhe foi entregue espontaneamente, e o agente 
deveria  devolvê‐la,  mas3não  o  faz.  Há,  portanto,  violação  à 
confiança eu lhe fora depositada. O crime é comum, podendo ser 
praticado por qualquer pessoa.  
Trata‐se,  ainda,  de  crime  genérico,  podendo  ser  afastada  sua 
aplicação no caso de haver norma específica, como ocorre no caso 
de  funcionário  público  que  se  apropria  de  bens  que  lhe  foram 
confiados em razão da função (crime de peculato, art. 312 do CP).  
A posse que o infrator tem sobre a coisa deve ser “DESVIGIADA”, 
ou seja, sem vigilância, decorrendo de confiança entre o dono da 
coisa  e  o  infrator.  Caso  haja  mera  detenção  (sem  relação  de 
confiança  entre  dono  e  infrator) ,  estaremos diante  do  crime  de 

50 
 

furto.  
EXEMPLO:  Caixa  da  loja  que  aproveita  a  distração  do  dono  para 
surrupiar alguns reais do caixa. Temos aqui, crime de furto. Não há 
apropriação indébita.  
A “detenção” apontada no tipo penal é aquela clássica do Código 
Civil,  ou  seja,  aquela  decorrente  de  uma  relação  de  confiança 
entre o dono e o detentor.  
O elemento exigido é o dolo, não se punindo a forma culposa.  
O crime se consuma com a inversão da intenção do agente. 
A intenção, que antes era boa (a de apenas guardar a coisa), agora 
não  é  tão  boa  assim,  pois  se  torna  em  intenção  de  ter  a  coisa 
como  sua,  se  apoderar  de  algo  que  lhe  fora  confiado.  Trata‐se, 
portanto,  de  crime  unissubsistente,  sendo  inviável  a  tentativa 
(embora Doutrina minoritária entenda o contrário).  
O  §1°  traz  causas  de  aumento  de  pena  (1/3),  quando  o  agente 
tiver recebido a coisa em determinadas situações específicas.  
Apropriação indébita previdenciária  
Art.  168‐A.  Deixar  de  repassar  à  previdência  social  as 
contribuições  recolhidas  dos  contribuintes,  no  prazo  e 
forma legal ou convencional:  
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.  
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:  
I  ‐  recolher,  no  prazo  legal,  contribuição  ou  outra 
importância  destinada à  previdência  social  que  tenha  sido 
descontada  de  pagamento  efetuado  a  segurados,  a 
terceiros ou arrecadada do público;  
II ‐ recolher contribuições devidas à previdência social que 
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à 
venda de produtos ou à prestação de serviços;  
III  ‐  pagar  benefício  devido  a  segurado,  quando  as 
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à 
empresa pela previdência social.  
§  2º  É  extinta  a  punibilidade  se  o  agente, 
espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento 
das  contribuições,  importâncias  ou  valores  e  presta  as 
informações devidas à previdência social, na forma definida 
em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar 

51 
 

somente  a  d!e  multa  se  o  agente  for  primário  e  de  bons 


antecedentes, desde que:  
I ‐ tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de 
oferecida  a  denúncia,  o  pagamento  da  contribuição  social 
previdenciária, inclusive acessórios; ou / 
II  ‐  o  valor  das  contribuições  devidas,  inclusive  acessórios, 
seja  igual  ou  inferior  àquele  estabelecido  pela  previdência 
social,  administrativamente,  como  sendo o  mínimo  para o 
ajuizamento de suas execuções fiscais.  
 
§  4º  ‐  A  faculdade  prevista  no  §  3o  deste  artigo  não  se 
aplica  aos  casos  de  parcelamento  de  contribuições  cujo 
valor,  inclusive  dos  acessórios,  seja  superior  àquele 
estabelecido,  administrativamente,  como  sendo  o  mínimo 
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela 
Lei nº 13.606, de 2018) 
O  sujeito  ativo  aqui  é  o  RESPONSÁVEL  TRIBUTÁRIO,  aquele  que 
por lei está obrigado a reter na fonte a contribuição previdenciária 
ao INSS e repassá‐la, mas não o faz. O sujeito passivo é a UNIÃO.  
A conduta é apenas uma: “deixar de repassar”, ou seja, reter, mas 
não  repassar  ao  órgão  responsável,  os  valores  referentes  às 
contribuições previdenciárias.  
Trata‐se  de  norma  penal  em  branco,  pois  deve  haver  a 
complementação  com  as  normas  previdenciárias,  que 
estabelecem  o  prazo  para  repasse  das  contribuições  retidas  pelo 
responsável tributário.  
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se punindo a conduta 
culposa,  daquele  que  apenas  se  esqueceu  de  repassar  as 
contribuições. 
O crime se consuma no momento em que se exaure o prazo para 
o  repasse  dos  valores.  Tratando‐se  de  CRIME  OMISSIVO  PURO, 
não  é  possível  o  fracionamento  da  conduta,  de  forma  que  É 
INCABÍVEL A TENTATIVA.  
O §1° traz formas equiparadas (assemelhadas), nas quais o agente 
estará sujeito às mesmas penas previstas no caput do artigo.  
Se  o  agente  se  arrepende  e  resolve  a  situação,  declarando  o 
débito  e  pagando  o  que  for  necessário,  ANTES  DO  INÍCIO  DA 
AÇÃO  FISCAL  (a  atividade  desenvolvida  pelo  Fisco),  estará 
EXTINTA A PUNIBILIDADE, nos termos do §2° do art. 168‐A.  
Entretanto, o STF e o STJ entendem que o pagamento, a qualquer 

52 
 

 
tempo (antes do trânsito em julgado) extingue a punibilidade.  
O  §3°  traz  o  chamado  “perdão  judicial”,  ao  afirmar  que  o  Juiz 
poderá  deixar  de  aplicar  a  pena  ou  aplicar  somente  a  de  multa 
(nesse último caso teremos um crime privilegiado) quando:  
•  Réu seja primário e de bons antecedentes  
•  Tenha  promovido,  após  o  início  da  execução  fiscal  e  antes  do 
oferecimento da denúncia, o pagamento da contribuição social 
devida; ou 
•  O  valor  do  débito  seja  igual  ou  inferior  ao  estabelecido  pela 
previdência como sendo o mínimo para ajuizamento das ações 
fiscais.  
Ora,  se  o  valor  é  insignificante  para  o  Estado  (previdência  social) 
cobrá‐lo  do  indivíduo,  com  muito  mais  razão  será  considerado 
insignificante  para  ensejar  a  punição  penal.  Vem  se  entendendo 
que, neste último caso (débitos de valor insignificante), o FATO É 
 
ATÍPICO, aplicando‐se o princípio da insignificância.  
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força maior  
Art. 169 ‐ Apropriar‐se alguém de coisa alheia vinda ao seu 
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:  
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa.  
Parágrafo único ‐ Na mesma pena incorre:  
Apropriação de tesouro 2106922973  
I  ‐  quem  acha  tesouro  em  prédio  alheio  e  se  apropria,  no 
todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário 
do prédio;  
“Apropriação de coisa achada” 
II ‐ quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total 
ou  parcialmente,  deixando  de  restituí‐la  ao  dono  ou 
legítimo  possuidor  ou  de  entregá‐la  à  autoridade 
competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.  
Aqui se pune a conduta daquele que se apodera de algo que não é 
seu, mas veio ao seu poder em razão de caso fortuito, força maior, 
ou erro, e não em razão da confiança depositada nele.  
EXEMPLO: Imagine o caso de alguém que entrega uma mercadoria 
em  local  errado.  Se  aquele  que  recebeu  a  mercadoria  por  erro 
dela se apropriar, comete este crime. 
Aplicam‐se a  este crime  as  demais  disposições  já  faladas acerca 

53 
 

do crime de apropriação indébita.  
O  §  único  traz  duas  hipóteses  interessantes  de  apropriação 
indébita.  A  primeira  é  a  da  apropriação  de  tesouro,  que  pode 
ocorrer quando alguém se apodera da parte relativa ao DONO DO 
PRÉDIO (TERRENO) NO QUAL FOI ACHADO O TESOURO.  
A  segunda  hipótese  é  a  que  muita  gente  não  deve  conhecer. 
Também  é  crime  se  apoderar  de  algo  que  foi  achado,  desde  que 
esta  coisa  tenha  sido  perdida  por  alguém,  caso  o  infrator  não 
entregue a coisa achada em 15 dias.  
Portanto, a máxima de que “achado não é roubado” até que está 
certa, pois não há roubo, mas poderíamos alterá‐la para “achado 
é indebitamente apropriado” (rsrs).  
O art. 170, por sua vez, estabelece que:  
Art.  170  ‐  Nos  crimes  previstos  neste  Capítulo,  aplica‐se  o 
disposto no art. 155, § 2º.  
Ora,  o  art.  155,  §2°  trata  da  possibilidade  do  furto  privilegiado, 
quando ocorrer em determinadas circunstâncias. Vejamos:  
§  2º  ‐  Se  o  criminoso  é  primário,  e  é  de  pequeno  valor  a 
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela 
de  detenção,  diminuí‐la  de  um  a  dois  terços,  ou  aplicar 
somente a pena de multa.  
Estas disposições se aplicam aos delitos de apropriação indébita.  
Do estelionato e outras fraudes 
Este  capítulo  cuida  dos  crimes  de  estelionato  e  fraudes  diversas, 
que  são  aqueles  nos  quais  há  lesão  patrimonial,  mas  com  a 
peculiaridade  de  que  o  infrator  se  vale  de  algum  meio  ardiloso 
para obter a vantagem indevida em prejuízo da vítima.  
Estelionato  
Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, 
em  prejuízo  alheio,  induzindo  ou  mantendo  alguém  em 
erro,  mediante  artifício,  ardil,  ou  qualquer  outro  meio 
fraudulento:  
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.  
§  1º  ‐  Se  o  criminoso  é  primário,  e  é  de  pequeno  valor  o 
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no 
art. 155, § 2º.  
§ 2º ‐ Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa 
alheia como própria  

54 
 

I  ‐  vende,  permuta,  dá em  pagamento,  em  locação  ou  em 


garantia coisa alheia como própria;  
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria  
II  ‐  vende,  permuta,  dá  em  pagamento  ou  em  garantia 
coisa  própria  inalienável,  gravada  de  ônus  ou  litigiosa,  ou 
imóvel  que  prometeu  vender  a  terceiro,  mediante 
pagamento  em  prestações,  silenciando  sobre  qualquer 
dessas circunstâncias;  
Defraudação de penhor  
III  ‐  defrauda,  mediante  alienação  não  consentida  pelo 
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando 
tem a posse do objeto empenhado;  
Fraude na entrega de coisa  
IV ‐ defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa 
que deve entregar a alguém;  
Fraude  para  recebimento  de  indenização  ou  valor  de 
seguro  
V ‐ destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, 
ou  lesa  o  próprio  corpo  ou  a  saúde,  ou  agrava  as 
consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver 
indenização ou valor de seguro;  
Fraude no pagamento por meio de cheque  
VI  ‐  emite  cheque,  sem  suficiente  provisão  de  fundos  em 
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.  
§  3º  ‐  A  pena  aumenta‐se  de  um  terço,  se  o  crime  é 
cometido em detrimento de entidade de direito público ou 
de  instituto  de  economia  popular,  assistência  social  ou 
beneficência.  
O  bem  jurídico  tutelado  aqui  é  o  patrimônio  e  a  boa‐fé  que  se 
deve  ter  nas  relações  sociais.  O  sujeito  ativo  pode  ser  qualquer 
pessoa, sendo, portanto, CRIME COMUM. O sujeito passivo pode 
ser  tanto  aquele  que  foi  enganado  pela  fraude  do  agente  ou 
aquele  que  teve  a  efetiva  lesão  patrimonial  (pois  podem  ser 
pessoas distintas).  
O elemento subjetivo exigido  é O DOLO, e, além dele, se exige a 
finalidade  especial  de  agir,  consistente  na  intenção  de  obter 
vantagem ilícita em detrimento (prejuízo) de outrem.  
A vantagem perquirida pelo agente deve ser patrimonial (maioria 
da Doutrina), embora haja Doutrinadores que entendam que pode 

55 
 

ser qualquer vantagem.  
Temos aqui outro crime genérico, que terá sua aplicação afastada 
quando  estivermos  diante  de  um  caso  em  que  haja 
regulamentação em norma penal específica.  
Estelionato previdenciário  
O  §3°  prevê  o  chamado  estelionato  contra  entidade  de  direito 
público,  que  é  aquele  cometido  contra  qualquer  das  instituições 
previstas na norma penal citada. Nesses casos, a pena aumenta‐se 
de 1/3.  
Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, 
em  prejuízo  alheio,  induzindo  ou  mantendo  alguém  em 
erro,  mediante  artifício,  ardil,  ou  qualquer  outro  meio 
fraudulento:  
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.  
(...)  
§  3º  ‐  A  pena  aumenta‐se  de  um  terço,  se  o  crime  é 
cometido em detrimento de entidade de direito público ou 
de  instituto  de  economia  popular,  assistência  social  ou 
beneficência.  
Contudo,  geralmente  este  tipo  de  estelionato  é  cometido  em 
face  do  INSS  (mediante  fraude  para  obtenção  de  benefícios 
previdenciários indevidos).  
O  bem  jurídico  tutelado,  neste  caso,  é  o  erário  (patrimônio 
público), pois a fraude causa prejuízo ao Estado.  
O ponto mais controvertido a respeito deste delito é o momento 
consumativo.  Houve  muita  discussão  a  respeito  de  se  tratar  de 
crime  permanente  ou  de  crime  instantâneo  de  efeitos 
permanentes.  
Firmou‐se  entendimento  no  sentido  de  que  tal  delito  possui 
natureza binária, e a consumação dependerá, portanto, do sujeito 
ativo do delito:  
Momento  consumativo  para  o  próprio  beneficiário  dos  valores 
indevidos  –  Trata‐se  de  crime  permanente,  que  se  “renova”  a 
cada saque do benefício indevido. 
Momento  consumativo  para  terceira  pessoa  que  participou  do 
delito  –  Ocorre  com  o  recebimento  da  vantagem  indevida  pela 
primeira vez (já que o delito de estelionato é material, pois o tipo 
penal  exige  o  efetivo  recebimento  da  vantagem  indevida),  seja 
pelo próprio ou por outra pessoa.  

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Estelionato contra idoso 

Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, 
em  prejuízo  alheio,  induzindo  ou  mantendo  alguém  em 
erro,  mediante  artifício,  ardil,  ou  qualquer  outro  meio 
fraudulento:  
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.  
(...)  
§4º  Aplica‐se  a  pena  em  dobro  se  o  crime  for  cometi                  
do contra idoso. 

A pena é duplicada se a vítima do crime de estelionato for pessoa 
idosa, ou seja, com mais de 60 anos de idade.  

Natureza da ação penal 

Art.  171.  §  5º  Somente  se  procede  mediante 


representação, salvo se a vítima for: 
I ‐ a Administração Pública, direta ou indireta; 
II ‐ criança ou adolescente; 
III ‐ pessoa com deficiência mental; ou 
IV ‐ maior de 70 anos de idade ou incapaz. 
 
Em  regra,  o  crime  de  estelionato  é  de  ação  penal  pública 
condicionada à representação da vítima, salvo de a vítima for uma 
das pessoas elencadas no parágrafo acima transcrito. Note‐se que 
se  a  vítima  for  idosa  não  necessariamente  o  crime  será  de  ação 
penal  pública  incondicionada,  pois  a  pessoa  idosa  é  aquela  com 
mais  de  60  anos  e  para  o  crime  ser  de  ação  penal  pública 
condicionada  à  representação  será  preciso  que  a  vítima  tenha 
mais de 70 anos de idade.  
 
Duplicata simulada 
Art.  172  ‐  Emitir  fatura,  duplicata  ou  nota  de  venda  que 
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou 
qualidade, ou ao serviço prestado.  
Pena ‐ detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.  
Parágrafo  único.  Nas  mesmas  penas  incorrerá  aquêle  que 

57 
 

falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de 
Duplicatas.  
Aqui  se  pune  a  conduta  daquele  que  emite  fatura,  duplicata  ou 
nota  de  venda  que  não  corresponda  à  realidade.  O  sujeito  ativo 
será  aquele  que  emite  o  título  em  desconformidade  com  a 
realidade. O sujeito passivo será o sacado, quando aceita o título 
de boa‐fé ou o tomador, que é aquele desconta a duplicata.  
O  elemento  subjetivo  exigido  é  o  dolo,  não  existindo  forma 
culposa.  
O  crime  se  consuma  com  a  mera  emissão  do  título,  não  sendo 
necessária  sua  colocação  em  circulação.  Logo,  mais  dispensável 
ainda é a efetiva obtenção da vantagem. A tentativa é possível.  
O  §  único  traz  a  forma  equiparada,  que  é  a  daquela  pessoa  que 
falsifica ou adultera o livro de registro das duplicatas. Embora seja 
um  crime  de  falsidade,  a  lei  decidiu  por  bem  colocá‐la  no  Título 
relativo aos crimes contra o patrimônio. O sujeito passivo aqui é o 
Estado!  
Abuso de incapazes  
Art.  173  ‐  Abusar,  em  proveito  próprio  ou  alheio,  de 
necessidade,  paixão  ou  inexperiência  de  menor,  ou  da 
alienação  ou  debilidade  mental  de  outrem,  induzindo 
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito 
jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:  
Pena ‐ reclusão, de dois a seis anos, e multa.  
Tutela‐se  aqui  o  patrimônio  destas  pessoas  que  possuem  uma 
fragilidade  maior,  ou  seja,  que  estão  mais  vulneráveis  a  serem 
enganadas.  O  sujeito  ativo  pode  ser  qualquer  pessoa,  mas  o 
sujeito passivo só poderá ser uma das pessoas descritas no caput 
do artigo.  
Na verdade, aqui não há propriamente fraude, mas abuso de uma 
condição  de  vulnerabilidade,  sendo,  portanto,  dispensável  o 
emprego  de  algum  meio  ardiloso,  pois  a  vítima  é  bastante 
vulnerável.  
O elemento subjetivo, mais uma vez, é o dolo, não havendo forma 
culposa. A lei não exclui a possibilidade de DOLO EVENTUAL.  
Art.  174  ‐  Abusar,  em  proveito  próprio  ou  alheio,  da 
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de 
outrem,  induzindo‐o  à  prática  de  jogo  ou  aposta,  ou  à 
especulação  com  títulos  ou  mercadorias,  sabendo  ou 
devendo saber que a operação é ruinosa:  

58 
 

Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa.  
Aqui temos um crime no qual também há abuso de uma condição 
de  vulnerabilidade  da  vítima.  O  sujeito  ativo  pode  ser  qualquer 
pessoa.  O  sujeito  passivo  também  pode  ser  qualquer  pessoa, 
desde  que  se  enquadre  numa  das  características  estabelecidas 
(pessoa inexperiente, mentalmente inferior, etc.).  
A conduta é muito similar à anterior, com a diferença de que, aqui, 
o agente não induz a vítima a praticar ato jurídico, mas a induz à 
prática  de  jogo  ou  aposta,  ou  à  especulação  com  títulos  ou 
mercadorias,  sabendo  OU  DEVENDO  SABER  que  a  operação  será 
ruinosa.  
O  elemento  subjetivo  exigido  é  o  dolo,  com  a  finalidade  especial 
de  agir  consistente  na  INTENÇÃO  de  obter  proveito  próprio  ou 
alheio.  Quando  a  lei  fala  em  “devendo  saber”  estabelece  uma 
espécie de dolo eventual em relação à possibilidade de a operação 
à qual a vítima foi induzida ser ruinosa.  
O  crime  se  consuma  com  a  prática  do  jogo  ou  aposta  ou  com  a 
especulação,  independentemente  da  obtenção  do  proveito  pelo 
infrator. A tentativa é plenamente possível.  
Fraude no comércio 
Art.  175  ‐  Enganar,  no  exercício  de  atividade  comercial,  o 
adquirente ou consumidor:  
I  ‐  vendendo,  como  verdadeira  ou  perfeita,  mercadoria 
falsificada ou deteriorada;  
II ‐ entregando uma mercadoria por outra:  
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.  
§ 1º ‐ Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade 
ou  o  peso  de  metal  ou  substituir,  no  mesmo  caso,  pedra 
verdadeira  por  falsa  ou  por  outra  de  menor  valor;  vender 
pedra  falsa  por  verdadeira;  vender,  como  precioso,  metal 
de ou outra qualidade:  
Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa.  
§ 2º ‐ É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.  
 
Aqui se busca tutelar a boa‐fé nas relações comerciais, bem como 
o patrimônio daquele que for lesado. O sujeito ativo só pode ser 
aquele que  
EXERÇA  A  ATIVIDADE  COMERCIAL  (com  habitualidade  e 
profissionalismo), sendo sujeito passivo somente o consumidor ou 

59 
 

adquirente.  
Parte da Doutrina entende que este artigo foi revogado pelas Leis 
8.078/90  (Código  de  Defesa  do  Consumidor)  e  8.137/90  (Crimes 
contra  a  ordem  tributária,  econômica  e  contra  as  relações  de 
consumo).  Entretanto,  para  a  maioria  da  Doutrina,  ele  continua 
em  vigor,  e  deve  ser  aplicado  como  norma  geral.  Havendo 
enquadramento  em  norma  específica,  ficará  afastada  sua 
aplicação.  
A  conduta  pode  ser  praticada  mediante  a  VENDA  (somente  esta 
forma comercial) de mercadoria FALSA OU DETERIORADA, desde 
que  tenha  sido  informado  ao  comprador  que  se  tratava  de 
mercadoria  verdadeira  ou  perfeita.  Caso  o  consumidor  saiba  que 
se  trata  de  mercadoria  falsa  ou  com  defeito,  e  tenha  pagado  o 
preço a menor, sabendo disso, não há crime, pois não houve lesão 
à boa‐fé nos contratos. 
A  segunda  é  aquela  na  qual  o  agente  entrega  uma  mercadoria 
quando deveria entregar outra.  
O  elemento  subjetivo  é  somente  o  dolo,  não  havendo  forma 
culposa.  
O  crime  se  consuma  com  a  efetiva  entrega  ou  venda  da 
mercadoria,  através  da  fraude  sobre  a  vítima.  A  tentativa  é 
admitida.  
O  §  1  prevê  uma  forma  qualificada  do  delito,  que  ocorrerá  nas 
hipóteses  ali  previstas,  cuja  pena  será  de  UM  A  CINCO  ANOS  E 
MULTA.  
Já  o  §2°  estabelece  que  se  aplica  o  disposto  no  §2°  do  art.  155, 
que  nada  mais  é  que  a  aplicação  do  PRIVILÉGIO,  referente  à 
possibilidade  de  diminuição  de  pena  ou  aplicação  somente  da 
multa, nas hipóteses em que o réu seja primário e a lesão seja de 
pequeno valor.  
Outras fraudes 
Art.  176  ‐  Tomar  refeição  em  restaurante,  alojar‐se  em 
hotel  ou  utilizar‐se  de  meio  de  transporte  sem  dispor  de 
recursos  para  efetuar  o  pagamento:  Pena  ‐  detenção,  de 
quinze dias a dois meses, ou multa.  
Parágrafo  único  ‐  Somente  se  procede  mediante 
representação,  e  o  juiz  pode,  conforme  as  circunstâncias, 
deixar de aplicar a pena.  
Aqui se pune a conduta daquele que se alimenta, se hospeda ou 
toma transporte, cujo pagamento deva se dar ao final do serviço 
prestado, mas que NÃO DISPONHA DE RECURSOS PARA PAGAR.  

60 
 

O crime é COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
O sujeito passivo também poderá ser qualquer pessoa.  
As expressões “restaurante” e “hotel” devem ser interpretadas de 
maneira  extensiva,  de  forma  a  abarcar  “motéis”,  “pousadas”, 
“lanchonetes”, “bares”, etc.  
CUIDADO!  O  agente  não  deve  dispor  dos  recursos  necessários. 
Caso  o  agente  disponha  dos  recursos  e  se  recuse  a  pagar,  por 
algum  motivo  (ex.:  má  prestação  do  serviço),  não  há  crime.  Na 
verdade,  ainda  que  o  agente  não  possua  nenhum  motivo  justo, 
apenas se negando ao pagamento, não há crime, desde que tenha 
recursos para tal.  
Mas, e o que fazer se o agente não quiser pagar? O que resta é 
mover ação civil para cobrança dos valores devidos, nada mais.  
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se admitindo a forma 
culposa.  Se  há  erro  sobre  um  dos  elementos  do  tipo,  como 
sabemos,  não  há  crime.  Portanto,  se  o  agente  utiliza  os  serviços, 
acreditando  possuir  os  recursos  e,  ao  final,  verifica  que  teve  sua 
carteira furtada, ou que deixou cair o dinheiro na rua, não pratica 
crime.  
A  consumação  é  controvertida,  mas  a  maioria  da  Doutrina 
entende  que  o  crime  é  formal,  consumando‐se  com  a  mera 
realização  das  condutas,  independentemente  de  haver  efetivo 
prejuízo  ou  do  pagamento  posterior  da  conta.  No  entanto,  há 
posições em contrário. A tentativa é admissível.  
A ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO, e o 
Juiz pode conceder o PERDÃO JUDICIAL, nos termos do § único do 
artigo.  
Fraudes  ou  abusos  na  fundação  ou  administração  de  de 
sociedades por ações  
Fraudes  e  abusos  na  fundação  ou  administração  de 
sociedade por ações  
 
Art.  177  ‐  Promover  a  fundação  de  sociedade  por  ações, 
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à 
assembleia,  afirmação  falsa  sobre  a  constituição  da 
sociedade,  ou  ocultando  fraudulentamente  fato  a  ela 
relativo:  
Pena  ‐  reclusão,  de  um  a  quatro  anos,  e  multa,  se  o  fato 
não constitui crime contra a economia popular.  
§  1º  ‐  Incorrem  na  mesma  pena,  se  o  fato  não  constitui 

61 
 

crime contra a economia popular:  
I ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, 
que,  em  prospecto,  relatório,  parecer,  balanço  ou 
comunicação  ao  público  ou  à  assembleia,  faz  afirmação 
falsa  sobre  as  condições  econômicas  da  sociedade,  ou 
oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas 
relativo;  
II  ‐  o  diretor,  o  gerente  ou  o  fiscal  que  promove,  por 
qualquer  artifício,  falsa  cotação  das  ações  ou  de  outros 
títulos da sociedade;  
III  ‐  o  diretor  ou  o  gerente  que  toma  empréstimo  à 
sociedade  ou  usa,  em  proveito  próprio  ou  de  terceiro,  dos 
bens  ou  haveres  sociais,  sem  prévia  autorização  da 
assembleia geral;  
IV ‐ o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta 
da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o 
permite;  
V  ‐  o  diretor  ou  o  gerente  que,  como  garantia  de  crédito 
social,  aceita  em  penhor  ou  em  caução  ações  da  própria 
sociedade;  
VI  ‐  o  diretor  ou  o  gerente  que,  na  falta  de  balanço,  em 
desacordo  com  este,  ou  mediante  balanço  falso,  distribui 
lucros ou dividendos fictícios;  
VII  ‐  o  diretor,  o  gerente  ou  o  fiscal  que,  por  interposta 
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação 
de conta ou parecer;  
VIII ‐ o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;  
IX  ‐  o  representante  da  sociedade  anônima  estrangeira, 
autorizada  a  funcionar  no  País,  que  pratica  os  atos 
mencionados  nos  ns.  I  e  II,  ou  dá  falsa  informação  ao 
Governo.  
§  2º  ‐  Incorre  na  pena  de  detenção,  de  seis  meses  a  dois 
anos,  e  multa,  o  acionista  que,  a  fim  de  obter  vantagem 
para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de 
assembleia geral.  
A conduta prevista no caput do artigo visa a proteger o patrimônio 
e  a  boa‐fé  dos  futuros  sócios  da  sociedade  por  ações.  O  sujeito 
ativo  SOMENTE  PODE  SER  SÓCIO‐FUNDADOR  da  sociedade  por 
ações.  
Sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa.  

62 
 

A  conduta  é  a  de  fazer  afirmação  falsa  ou  ocultar 


FRAUDULENTAMENTE  fato  relativo  à  sociedade  por  ações  a  ser 
constituída.  Portanto,  são  duas  as  condutas  incriminadas  no  tipo 
penal do caput.  
O elemento subjetivo exigido é somente o dolo, não se admitindo 
forma culposa.  
O crime se consuma com a mera realização das condutas (CRIME 
FORMAL),  sendo  irrelevante  a  efetiva  ocorrência  de  prejuízo.  A 
tentativa  é  admissível  somente  na  forma  comissiva  (Fazer 
declaração falsa...).  
O preceito secundário (aquele que prevê a sanção penal) diz que 
só haverá crime se o fato não constituir crime contra a economia 
popular. Na verdade, a Doutrina entende que os crimes contra a 
economia  popular  tutelam  a  coletividade,  as  boas  práticas  na 
economia  como  direito  de  todos  nós  e,  portanto,  o  crime  que 
afetasse  pessoas  incertas  e  indeterminadas  seria  crime  contra  a 
economia  popular,  e  aquele  que  lesasse  pessoas  certas  e 
determinadas seria este crime contra o patrimônio.  
O  §1°  prevê  as  formas  equiparadas,  que  não  se  referem  mais  à 
fundação  da  sociedade  por  ações,  mas  à  sua  ADMINISTRAÇÃO. 
Naquelas  hipóteses,  sendo  uma  figura  equiparada  ao  caput, 
aplicam‐se as mesmas penas.  
O §2°, por sua vez, trata da conduta do acionista que negocia seu 
voto nas assembleias, com a finalidade de obter vantagem para si 
ou  para  outrem.  Há  necessidade,  aqui,  do  dolo  específico, 
referente à intenção de obter vantagem através da negociação de 
seu voto.  
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant  
Art. 178 ‐ Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em 
desacordo  com  disposição  legal:Pena  ‐  reclusão,  de  um  a 
quatro anos, e multa.  
O crime é COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito  passivo  será  o  endossatário  do  título,  que  ignore  a  sua 
natureza de título emitido ilegalmente.  
O conhecimento de depósito e  o  warrant são título emitidos por 
donos de estabelecimentos de guarda de mercadoria (geralmente, 
os  armazéns‐gerais)  quando  uma  mercadoria  é  deixada  no 
estabelecimento,  de  forma  que  este  título  é  representativo  dos 
bens  ali  deixados,  podendo  ser  negociado  pelo  depositante  no 
mercado (pois possui valor econômico). 
A conduta é a de “emitir”, ou seja, pôr em circulação o título, sem 

63 
 

as  formalidades  legais.  Trata‐se  de  norma  penal  em  branco,  pois 
deve ser complementada por outra norma.  
O elemento subjetivo exigido é o dolo, direto ou eventual.  
O  crime  se  consuma  com  a  mera  emissão  do  conhecimento  de 
depósito  ou  warrant,  não  importando  se  há  ou  não  prejuízo  a 
terceiros.  A  tentativa  NÃO  É  ADMITIDA,  eis  que  o  crime  é 
UNISSUBSISTENTE . 
Fraude à execução 
Art.  179  ‐  Fraudar  execução,  alienando,  desviando, 
destruindo  ou  danificando  bens,  ou  simulando 
dívidas:
Pena  ‐  detenção,  de  seis  meses  a  dois  anos,  ou 
multa.  Parágrafo  único  ‐  Somente  se  procede  mediante 
queixa.  
Aqui  se  pune  a  conduta  daquele  que  deliberadamente  se  desfaz 
dos seus bens, seja alienando‐os, desviando‐os, destruindo‐os  ou 
danificando‐os, com a finalidade de FRUSTRAR A SATISFAÇÃO DO 
CRÉDITO QUE ESTÁ SENDO COBRADO EM SEDE DE EXECUÇÃO. A 
conduta pode ser praticada, ainda, na modalidade de SIMULAÇÃO 
DE DÍVIDAS.  
O sujeito ativo é o devedor que está sendo executado, e o sujeito 
passivo será o credor prejudicado na satisfação do seu crédito.  
O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na vontade de 
se desfazer dos seus bens ou simular dívidas, com a finalidade de 
frustrar a solvência do crédito de seu credor.  
O crime se consuma quando o agente pratica efetivamente o ato 
de  alienação  ou  destruição  do  bem,  ou  simula  a  existência  das 
dívidas, não importando se há o efetivo prejuízo.  
CUIDADO!  Este  crime  só  poderá  ser  praticado  se  JÁ  ESTIVER  EM 
CURSO  A  AÇÃO  NO  JUÍZO  CÍVEL,  E  JÁ  TIVER  SIDO  O  DEVEDOR 
CITADO, conforme posição da Jurisprudência.  
A ação penal é PRIVADA, nos termos do § único.  
Da receptação  
Art.  180  ‐  Adquirir,  receber,  transportar,  conduzir  ou 
ocultar,  em  proveito  próprio  ou  alheio,  coisa  que  sabe  ser 
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa‐fé, a 
adquira, receba ou oculte:  
Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa.  
Receptação qualificada  

64 
 

§  1º  ‐  Adquirir,  receber,  transportar,  conduzir,  ocultar,  ter 


em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor 
à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, 
coisa que deve saber ser produto de crime  
Pena ‐ reclusão, de três a oito anos, e multa  
§  2º  ‐  Equipara‐se  à  atividade  comercial,  para  efeito  do 
parágrafo  anterior,  qualquer  forma  de  comércio  irregular 
ou clandestino, inclusive o exercício em residência.  
§  3º  ‐  Adquirir  ou  receber  coisa  que,  por  sua  natureza  ou 
pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição 
de  quem  a  oferece,  deve  presumir‐  se  obtida  por  meio 
criminoso:  
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas 
as penas.  
§  4º  ‐  A  receptação  é  punível,  ainda  que  desconhecido  ou 
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.  
§ 5º ‐ Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode 
o  juiz,  tendo  em  consideração  as  circunstâncias,  deixar  de 
aplicar  a  pena.  Na  receptação  dolosa  aplica‐se  o  disposto 
no § 2º do art. 155.  
 §  6º  Tratando‐se  de  bens  do  patrimônio  da  União,  de 
Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, 
fundação  pública,  empresa  pública,  sociedade  de 
economia  mista  ou  empresa  concessionária  de  serviços 
públicos,  aplica‐se  em  dobro  a  pena  prevista  no  caput 
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017) 
A  figura  prevista  no  caput  do  artigo  possui  como  sujeito  ativo 
QUALQUER  PESSOA,  sendo,  portanto,  crime  comum,  exceto 
aquele  que  participou  do  crime  anterior,  pois  a  obtenção,  pelo 
cúmplice,  da  sua  cota‐parte  no  delito,  não  configura  o  crime  de 
receptação, sendo considerada como PÓS‐FATO IMPUNÍVEL (Pós‐
factum impunível). O sujeito passivo pode ser o terceiro de boa‐fé 
que adquire o bem sem saber ser produto de crime ou a vítima do 
crime anterior.  
A conduta (tipo objetivo) pode ser dividida em duas partes:  
•  RECEPTAÇÃO PRÓPRIA (1° parte do caput do artigo) – Aqui o 
agente  sabe  que  a  coisa  é  produto  de  crime  e  a  adquire, 
recebe,  transporta,  conduz  ou  oculta.  NÃO  É  NECESSÁRIO  
AJUSTE, CONLUIO ENTRE O ADQUIRENTE (RECEPTADOR)  E O 
VENDEDOR (O QUE PRATICOU O CRIME ANTERIOR);  

65 
 

•  RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA (2° parte do caput do artigo) – Aqui 
o  agente  não  adquire  o  bem, mas, sabendo  que  é  produto  de 
crime,  INFLUI  PARA  QUE  TERCEIRO  DE  BOA‐FÉ  O  ADQUIRA, 
RECEBA OU OCULTE.  
E  se  a  coisa  for  produto  de  ato  infracional  (praticado  por 
adolescente)  e  não  crime?  Haverá  o  crime  de  receptação?  A 
Doutrina majoritária entende que sim.  
O  elemento  subjetivo  exigido  é  o  dolo,  aliado  ao  dolo  específico, 
consistente  na  intenção  de  obter  vantagem,  ainda  que  para 
terceira  pessoa.  Se  não  houver  intenção  de  obtenção  de 
vantagem,  mas  mera  intenção  de  ajudar  aquele  que  praticou  o 
crime  anterior,  poderemos  estar  diante  do  crime  de 
FAVORECIMENTO REAL (art. 349 do CP).  
A  consumação,  na  RECEPTAÇÃO  PRÓPRIA,  se  dá  com  a  efetiva 
inclusão  da  coisa  na  esfera  de  posse  do  agente  (CRIME 
MATERIAL).  Já  a  RECEPTAÇÃO  IMPRÓPRIA  É  CRIME  FORMAL, 
bastando que o infrator influencie o terceiro a praticar a conduta, 
pouco importando se este vem a praticá‐la ou não. A Doutrina só 
admite  a  tentativa  na  receptação  própria  (mas  existem  posições 
em contrário).  
A  receptação  QUALIFICADA  está  prevista  no  §  1°  do  art.  180,  e 
traz  uma  série  de  condutas  que  se  assemelham  à  RECEPTAÇÃO 
PRÓPRIA, mas o artigo traz um rol de condutas bem maior.  
A  diferença  na  receptação  qualificada  é,  basicamente,  que  a 
conduta  deva  ter  sido  praticada  NO  EXERCÍCIO  DE  ATIVIDADE 
COMERCIAL,  sendo,  portanto,  crime  PRÓPRIO.  A  atividade 
comercial  se  equipara  qualquer  forma  de  comércio,  ainda  que 
irregular ou clandestino (camelôs), nos termos do §2°.  
O  elemento  subjetivo  aqui  é  tanto  o  dolo  DIRETO  QUANTO  O 
DOLO  EVENTUAL,  pois  a  lei  usa  a  expressão  “deva  saber...”. 
Entretanto, há um impasse. A receptação qualificada (mais grave) 
é  punida  até  mesmo  quando  há  apenas  DOLO  EVENTUAL,  já  a 
receptação  simples  (própria  e  imprópria)  só  é  punida  a  título  de 
dolo  direto.  Assim,  teríamos  a  possibilidade  de  aplicar  uma  pena 
mais  grave  àquele  que  apenas  deveria  saber  (embora  não 
soubesse)  que  a  coisa  era  produto  de  crime  e  uma  pena  mais 
branda àquele que SABIA ser produto de crime.  
O  §3°  prevê  a  receptação  culposa,  que  ocorre  quando  o  agente 
age  com  imprudência,  adquirindo  um  bem  em  circunstâncias 
anômalas, sem atentar para o fato e que é bem provável que seja 
produto de crime.  
O  §4°  estabelece  que  a  receptação  seja  punível  ainda  que  seja 

66 
 

desconhecido  ou  isento  de  pena  o  autor  do  CRIME  ANTERIOR. 


Entretanto,  deve  haver  prova  da  ocorrência  do  crime  anterior, 
ainda que não se exija a condenação de qualquer pessoa por ele. 
Porém,  se  tiver  havido  a  absolvição  no  CRIME  ANTERIOR,  em 
razão  do  reconhecimento  da  INEXISTÊNCIA  DE  CRIME,  da 
existência de circunstância que exclui o crime ou pelo fato de não 
constituir infração penal, a receptação não será punível.  
Aquele  que  comete  QUALQUER  DOS  CRIMES  CONTRA  O 
PATRIMÔNIO é isento de pena se pratica o fato contra:  
Art.  181  ‐  É  isento  de  pena  quem  comete  qualquer  dos 
crimes previstos neste título, em prejuízo:  
I ‐ do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;  
II  ‐  de  ascendente  ou  descendente,  seja  o  parentesco 
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.  
A  norma  do  inciso  I  se  estende,  também,  àqueles  que  vivam  em 
União Estável.  
Este  artigo  cuida  do  que  a  doutrina  chama  de  escusas 
absolutórias. 
Os  crimes  contra  o  patrimônio  são,  em  regra,  DE  AÇÃO  PENAL 
PÚBLICA  INCONDICIONADA.  No  entanto,  caso  sejam  praticados 
contra  determinadas  pessoas,  embora  sejam  puníveis,  serão 
crimes  de  AÇÃO  PENAL  PÚBLICA  CONDICIONADA  À 
REPRESENTAÇÃO. Vejamos o que diz o art. 182 do CP:  
Art. 182 ‐ Somente se procede mediante representação, se 
o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:  
I ‐ do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;  
II ‐ de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III ‐ de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.  
Porém,  se  mesmo  se  enquadrando  a  vítima  numa  destas 
circunstâncias,  o  CRIME  SERÁ  DE  AÇÃO  PENAL  PÚBLICA 
INCONDICIONADA nos seguintes casos:  
Art.  183  ‐  Não  se  aplica  o  disposto  nos  dois  artigos 
anteriores:  
I  ‐  se  o  crime  é  de  roubo  ou  de  extorsão,  ou,  em  geral, 
quando  haja  emprego  de  grave  ameaça  ou  violência  à 
pessoa;  
II ‐ ao estranho que participa do crime. 

67 
 

III  ‐  se  o  crime  é  praticado  contra  pessoa  com  idade  igual 


ou superior a 60 (sessenta) anos.  
Vejam, portanto, que se o crime é praticado contra pessoa maior 
de  60  anos  e  se  o  crime  é  de  roubo  ou  extorsão  (ou  praticado 
com violência ou grave ameaça em geral), não se aplica a regra 
dos  arts.  181  e  182,  que,  no  primeiro  caso,  traz  uma  causa  de 
imunidade  absoluta  (isenção  de  pena)  e,  no  segundo,  que  exige 
representação como condição de procedibilidade da ação penal.  
O inciso II, por sua vez, retira do raio de aplicação dos arts. 181 e 
182,  a  figura  do  comparsa,  ou  seja,  se  duas  pessoas  praticam  o 
delito, os arts. 181 e 182 só se aplicam ao parente da vítima, e não 
 
ao seu comparsa que não tenha vínculo com a vítima.  

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:  
 
01.  O  Código  Penal  trata  dos  crimes  funcionais,  praticados 
funcionários  públicos  contra  a  Administração  Pública  em  geral 
(direta,  indireta  e  empresas  privadas  prestadoras  de  serviços 
públicos,  contratadas  ou  conveniadas).  Crimes  dessa  natureza 
afetam  a  probidade  administrativa,  ferindo,  dentre  outros,  os 
princípios norteadores da legalidade, impessoalidade, moralidade 
e eficiência. 
 
02.  É  interessante  destacar  que  todo  crime  funcional  é  ato  de 
improbidade, mas nem todo ato de improbidade é crime funcional 
(p.ex.:  usar  a  viatura  oficial  para  fins  particulares  é  improbidade, 
mas não é crime funcional). 
 
Art. 30 ‐ Não se comunicam as circunstâncias e as condições de 
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime 
 
03.  Os  crimes  praticados  por  funcionários  públicos  estão 
classificados  como  sendo  CRIMES  PRÓPRIOS,  ou  seja,  exigem  do 
sujeito  ativo  uma  qualidade  especial,  que  no  caso  é  ser 
funcionário público.  
 
04. O particular, mesmo não sendo servidor público, mas sabendo 
desta condição, pratica na companhia deste qualquer crime contra 
a  Administração  Pública,  sofrerá  as  mesmas  sanções,  pois  a 
qualidade  de  funcionário  público,  por  ser  elementar  do  crime, 
comunica‐se  ao  particular  que  é  coautor  ou  partícipe  do  crime 
contra  a  Administração  Pública,  nos  termos  do  art.  30  do  Código 
Penal. 
 

68 
 

05. Os crimes funcionais são divididos em duas espécies: próprios 
e impróprios. Vejamos:  
 
a)  Próprios: faltando a qualidade de funcionário público ao autor, 
o  fato  passa  a  ser  tratado  como  um  indiferente  penal,  não  se 
subsumindo  a  nenhum  outro  tipo  incriminador  –  atipicidade 
absoluta. Ex.: prevaricação (art. 319 do CP);  
 
b)  Impróprios: desaparecendo a qualidade de servidor do agente, 
desaparece também o crime funcional, operando‐se, porém, a 
desclassificação da conduta p/ outro delito, de natureza diversa 
–  atipicidade  relativa.  Ex:  peculato  furto  (que  deixa  de  ser 
peculato e passa a ser furto). 
 
2.  PROGRESSÃO  DE  REGIME  NOS  CRIMES  CONTRA  A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 
 
Art. 33, § 4º do CP ‐ condenado por crime contra a administração 
pública  terá  a  progressão  de  regime  do  cumprimento  da  pena 
condicionada  à  reparação  do  dano  que  causou,  ou  à  devolução 
do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
 
06.  A  progressão  de  regime  prisional  nos  crimes  contra  a 
Administração  Pública  está  condicionada,  além  dos  outros 
requisitos  previstos  em  lei,  à  prévia  reparação  do  dano  causado, 
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos 
legais. 
 
3. DEFINIÇÃO LEGAL DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO: 
 
Funcionário público 
 
Art.  327  ‐  Considera‐se  funcionário  público,  para  os  efeitos 
penais,  quem,  embora  transitoriamente  ou  sem  remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública. 
§  1º  ‐  Equipara‐se  a  funcionário  público  quem  exerce  cargo, 
emprego  ou  função  em  entidade  paraestatal,  e  quem  trabalha 
para  empresa  prestadora  de  serviço  contratada  ou  conveniada 
para  a  execução  de  atividade  típica  da  Administração  Pública.      
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
§ 2º ‐ A pena será aumentada da terça parte quando os autores 
dos  crimes  previstos  neste  Capítulo  forem  ocupantes  de  cargos 
em  comissão  ou  de  função  de  direção  ou  assessoramento  de 
órgão  da  administração  direta,  sociedade  de  economia  mista, 
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
 

69 
 

07.  Considera‐se  funcionário  público,  para  os  efeitos  penais, 


quem,  embora  transitoriamente  ou  sem  remuneração,  exerce 
cargo, emprego ou função pública (327, caput), doutrinariamente 
denominado como funcionário público típico. O conceito é amplo, 
abrangendo  qualquer  função  pública,  ainda  que  de  forma 
transitória e s/ remuneração (ex: o jurado, os mesários eleitorais). 
 
08.  O  §1  criou  a  figura  do  funcionário  público  por  equiparação, 
passando  a  gozar  desse  status  o  agente  que  exerce  cargo, 
emprego  ou  função  em  entidades  paraestatais  (aqui 
compreendidas  as  autarquias,  sociedades  de  economia  mista, 
empresas  públicas  e  fundações  instituídas  pelo  Poder  Público), 
bem  como  aquele  que  trabalha  para  empresa  prestadora  de 
serviço  contratada  ou  conveniada  para  a  execução  de  atividade 
típica da Administração Pública. 
 
09.  O  §2º  estabelece  uma  majorante  na  hipótese  em  que  os 
autores  dos  crimes  praticados  por  funcionário  público  contra  a 
administração  pública  em  geral  forem  ocupantes  de  cargos  em 
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração  direta,  sociedade  de  economia  mista,  empresa 
pública  ou  fundação  instituída  pelo  poder  público.  CUIDADO:  o 
legislador  esqueceu  da  autarquia,  sendo  incabível  analogia  (por 
ser in malam partem). 
 
10.  Obs.:  ADVOGADO  CONVENIADO  COM  O  PODER  PÚBLICO:  O 
advogado  que,  por  força  de  convênio  celebrado  com  o  Poder 
Público, atua de forma remunerada em defesa dos agraciados com 
o  benefício  da  Justiça  Pública,  enquadra‐se  no  conceito  de 
funcionário público para fins penais. 
 
11.  Obs.:  O  exercício  de  uma  função  pública  não  pode  ser 
confundido com múnus público, entendido como encargo ou ônus 
conferido  pela  lei  e  imposto  pelo  Estado  em  determinadas 
situações, a exemplo do que ocorre com os tutores, curadores etc. 
 
12.  Administrador  judicial,  inventariante  dativo,  curador  dativo  e 
tutor  dativo  exercem  encargo  público  (e  não  função  pública). 
Médico  que  atende  pelo  SUS  é  funcionário  público  para  fins 
penais.  O  advogado  contratado  por  meio  de  convênio  entre  o 
Estado e a OAB, p/ atuar na justiça gratuita, exerce, de acordo c/ o 
STJ, função pública. 
 
 
 
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA 
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 

70 
 

 
Peculato 
 
Art.  312  ‐  Apropriar‐se  o  funcionário  público  de  dinheiro,  valor 
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem 
a posse em razão do cargo, ou desviá‐lo, em proveito próprio ou 
alheio: 
 
Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º ‐ Aplica‐se a mesma pena, se o funcionário público, embora 
não  tendo  a  posse  do  dinheiro,  valor  ou  bem,  o  subtrai,  ou 
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, 
valendo‐se  de  facilidade  que  lhe  proporciona  a  qualidade  de 
funcionário. 
 
Peculato culposo 
 
§  2º  ‐  Se  o  funcionário  concorre  culposamente  para  o  crime  de 
outrem: 
 
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano. 
 
§  3º  ‐  No  caso  do  parágrafo  anterior,  a  reparação  do  dano,  se 
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01. O artigo 312 prevê quatro modalidades do delito de peculato: 
a)  peculato‐apropriação  (primeira  parte  do  caput  do  art.  312)  b) 
peculato‐desvio (segunda parte do caput do art. 312) c) peculato‐
furto (§1º); e d) peculato culposo (§2º). 
 
02.  A  palavra  deriva  do  termo  latino  peculatus,  que  no  direito 
romano se caracterizava como o desvio de bens pertencentes ao 
Estado. 
 
03.  O  peculato  próprio  é  composto  pelas  modalidades  de 
peculato‐apropriação  e  pelo  peculato  desvio.  Essa  qualidade  de 
próprio se dá pelo fato do funcionário público ter a posse sobre o 
dinheiro, valor ou qualquer outro bem, em virtude do seu cargo, 
emprego ou função. 
 
a)  Peculato‐apropriação:  neste  primeiro  tipo,  o  funcionário 
público  toma  para  si  dinheiro,  valor  ou  qualquer  outro  bem 
móvel, público ou particular, de que tenha a posse em razão do 
cargo.  O  núcleo  do  tipo  é  o  verbo  apropriar,  que  deve  ser 

71 
 

entendido no sentido de tornar como propriedade, tomar para 
si,  apoderar‐se  indevidamente  de  dinheiro  ou  qualquer  outro 
bem  móvel,  público  ou  particular,  de  que  tem  a  posse  ou  a 
detenção,  em  razão  do  vínculo  que  mantém  com  a 
administração. Aqui o agente inverte o título da posse, agindo 
como  se  fosse  dono,  vale  dizer,  com  o  chamado  animus  rem 
sibi habendi. 
 
b)  Peculato‐desvio:  no  peculato‐desvio,  o  funcionário  público 
aplica  à  coisa,  da  qual  teve  acesso  em  razão  do  seu  cargo, 
destino diverso que lhe foi determinado, em benefício próprio 
ou de outrem.  
 
§ 1º ‐ Aplica‐se a mesma pena, se o funcionário público, embora 
não  tendo  a  posse  do  dinheiro,  valor  ou  bem,  o  subtrai,  ou 
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, 
valendo‐se  de  facilidade  que  lhe  proporciona  a  qualidade  de 
funcionário. 
 
04.  O  §1  do  art.  312  do  Código  Penal,  que  traz  a  conduta 
denominada  de  peculato‐furto,  hipótese  em  que  o  funcionário 
público não tem a posse do dinheiro, valor ou bem, mas o subtrai 
ou  concorre  para  que  seja  subtraído,  em  proveito  próprio  ou 
alheio,  valendo‐se  da  facilidade  que  lhe  proporciona  a  qualidade 
de funcionário.  
 
05. Assim, pode o agente, ele próprio, levar a efeito a subtração, 
retirando,  por  exemplo,  o  bem  pertencente  à  Administração 
Pública,  ou  simplesmente  concorrer  para  que  terceiro  o  subtraia 
(p.ex.:  aquele  funcionário  público  que  convence  o  vigia  de 
determinada repartição a sair do local onde o bem se encontrava 
guardado, com a desculpa de irem tomar um café, a fim de que o 
terceiro possa ali ingressar e subtrair o bem). 
06.  No  peculato  impróprio  (peculato‐furto),  diferentemente  do 
que ocorre no peculato próprio (peculato‐apropriação e peculato‐
desvio),  basta  que  o  agente,  funcionário  público,  tenha  se  valido 
dessa  qualidade  para  fins  de  praticar  a  subtração  ou  concorrido 
para que terceiro praticasse.  
 
07. No peculato‐apropriação o delito se consuma quando o agente 
inverte a posse, agindo como se fosse dono. No que diz respeito 
ao  peculato‐desvio,  seu  momento  consumativo  ocorre  quando  o 
agente  dá  a  coisa  destino  diverso,  quando  a  emprega  em  fins 
outros  que  não  o  próprio  ou  regular,  agindo  em  proveito  dele 
mesmo  ou  de  terceiros.  Já  no  peculato‐furto,  ocorre  a 
consumação quando o agente consegue levar a efeito a subtração 

72 
 

do  dinheiro,  valor  ou  bem,  ainda  que  de  forma  não  pacífica,  tal 
como no crime de furto. 
 
08.  Os  delitos  de  peculato‐apropriação,  peculato‐desvio  e 
peculato‐furto  podem  ser  praticados  dolosamente,  devendo  o 
funcionário  público  atuar  no  sentido  de  levar  a  efeito  a 
apropriação, o desvio ou qualquer subtração do dinheiro, valor ou 
bem  móvel,  público  ou  particular.  Existe  previsão  da  modalidade 
culposa,  tal como  verificaremos  na análise  do  §2º  do  art.  312  do 
Código Penal. 
 
§  2º  ‐  Se  o  funcionário  concorre  culposamente  para  o  crime  de 
outrem: 
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano. 
 
09.  Ocorre  o  delito  quando,  por  negligencia  ou  imperícia,  o 
funcionário  público  concorre  para  prática  de  crime  de  outrem, 
seja funcionário público ou particular.  
 
10. Nessa hipótese o funcionário público age com falta de cautela 
especial  na  preservação  do  bem  público  que  lhe  é  confiado, 
facilitando a subtração, apropriação ou desvio do mesmo. O crime 
se  aperfeiçoa  com  a  conduta  dolosa  de  outrem,  sendo 
indispensável  nexo  causal  no  sentido  de  que  o  primeiro  tenha 
permitido  a  prática  do  segundo  (p.ex.:  Funcionário  público 
esquece aberta a porta da frente da repartição e ocorre furto de 
bem público porque o ladrão ingressou pela porta dos fundos ou 
pela  janela,  significando  que  nessa  hipótese  não  ocorreu  relação 
de  causa  e  efeito  entre  a  negligencia  do  funcionário  público  e  a 
subtração do patrimônio público. 
 
§3º  No  caso  do  parágrafo  anterior,  a  reparação  do  dano,  se 
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
11. O §3º estabelece benefícios ao agente que incorre no peculato 
culposo,  condicionando  sua  concessão  a  reparação  do  dano. 
Assim,  como  se  percebe,  se  a  reparação  do  dano  for  anterior  à 
sentença irrecorrível, estará extinta a punibilidade. Se a reparação 
do  dano  for  posterior  à  sentença  irrecorrível,  reduzirá  a  pena 
imposta pela metade. 
 
12. Aplica‐se exclusivamente ao peculato culposo e a extinção da 
punibilidade penal não gera qualquer efeito na via administrativa, 
podendo acarretar sanção administrativa. 
 

73 
 

13. Por sentença irrecorrível devemos entender tanto a decisão de 
primeiro grau, emanada pelo juízo monocrático, como, também, a 
decisão  proferida  em  grau  de  recurso,  por  meio  do  acórdão  do 
Tribunal. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  A  conduta  é  a  mesma  da  primeira  modalidade  típica  do 
peculato:  apropriar‐se,  que  significa  agir  como  se  dono  fosse  de 
coisa  que  não  lhe  pertence,  dela  dispondo,  alienando, 
emprestando,  ocultando,  destruindo  ou  não  restituindo  quando 
instado a fazê‐lo, enfim, praticando atos próprios de quem é dono.  
 
02.  O  objeto  material  é  dinheiro  ou  qualquer  outra  utilidade. 
Dinheiro é a moeda metálica ou o papel moeda com curso legal no 
Brasil  ou  no  exterior.  Por  utilidade  deve‐se  entender  qualquer 
outro bem móvel, uma coisa material suscetível de apreensão que 
tenha valor juridicamente relevante. 
 
03.  A  coisa  é  entregue  ao  agente  por  erro  de  alguém.  Uma 
hipótese  é  aquela  em  que  a  pessoa  entrega  coisa  que  não  devia 
entregar. A outra ocorre quando a entrega é feita ao agente, em 
vez  de  a  outro  funcionário.  Por  fim,  também  há  erro  quando  é 
entregue coisa diversa da que deveria.  
 
05.  Assim,  recebida  a  coisa  o  agente,  verificando  que  ela  foi 
entregue  por  erro,  aproveita‐se  disso  e  dela  se  apropria, 
realizando,  assim,  o  tipo.  Ademais,  é  importante  que  o  agente 
saiba que se apropria indevidamente da coisa que lhe foi entregue 
por erro, pois,  
 
06.  O  crime  é  doloso.  O  agente  deve  estar  consciente  de  que 
recebeu  a  coisa  em  razão  do  exercício  da  função  pública,  saber 
que ela lhe foi entregue por erro e dela se apropriar com vontade 
livre, sem qualquer outra finalidade especial. 
 
07.  A  consumação  acontece  no  instante  em  que  o  agente  se 
apropria da coisa, desviando‐a, alienando‐a, retendo‐a, doando‐a, 
emprestando‐a, ocultando‐a ou destruindo‐a, enfim, agindo como 
se  fosse  o  seu  dono.  Admite‐se  a  tentativa,  se  não  consegue 
apropriar‐se  por  circunstâncias  alheias  a  sua  vontade,  como,  por 
exemplo, quando é surpreendido no instante em que vai aliená‐la. 
 
 
 
 
 

74 
 

 
Inserção de dados falsos em sistema de informações 
 
Art.  313‐A.  Inserir  ou  facilitar,  o  funcionário  autorizado,  a 
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados 
corretos  nos  sistemas  informatizados  ou  bancos  de  dados  da 
Administração  Pública  com  o  fim  de  obter  vantagem  indevida 
para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000)) 
 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
Modificação  ou  alteração  não  autorizada  de  sistema  de 
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  A  Lei  n.  9.983/2000  criou  esse  novo  tipo  penal  com  essa 
rubrica.  No  entanto,  a  situação  tópica  do  crime  entre  aqueles 
praticados por funcionário público contra a Administração Pública 
poderia  ter  recebido  o  nome  de  peculato  previdenciário  ou 
peculato eletrônico, nome dado ao projeto enviado ao Congresso 
 
02.  O  novo  tipo  do  artigo  313‐A  deve  ser  comparado  com  o 
peculato impróprio ou o peculato‐estelionato. Neste (figura do art. 
313),  o  sujeito  apropria‐se  de  dinheiro  ou  outra  utilidade  que, 
exercendo  um  cargo,  recebeu  por  engano  de  outrem.  É  de  se 
considerar  que  o  dinheiro  deveria  ter  ido  para  os  cofres  da 
Administração  Pública,  mas  termina  com  o  funcionário  (sujeito 
ativo específico). 
 
03.  Assim,  ao  inserir  dados  falsos  em  banco  de  dados  da 
Administração  Pública,  pretendendo  obter  vantagem  indevida, 
está,  do  mesmo  modo,  visando  apossar‐se  do  que  não  lhe 
pertence  ou  simplesmente  desejando  causar  algum  dano.  Pelo 
ardil  utilizado  (alteração  de  banco  de  dados  ou  sistema 
informatizado), verifica‐se a semelhança com o estelionato. 
 
04. Esse tipo penal, com relação ao seu modus operandi, é novo, 
já que se utiliza dos sistemas informatizados ou bancos de dados. 
Vale  ressaltar,  que  ainda  não  existe  leis  específicas  que 
criminalizem condutas praticadas por meio da informática, então 
o Código Penal é aplicado para puni‐las. 
 
05. No tipo penal em estudo a prática da conduta típica reveste‐se 
de quatro modalidades: a) inserir (introduzir, implantar, intercalar, 

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incluir) dados falsos; b) facilitar (auxiliar, tornar fácil, criar modos 
de  acesso  à  prática  do  ato)  a  inserção  de  dados  falsos;  c)  alterar 
(mudar,  modificar)  indevidamente  dados  corretos;  d)  excluir 
(eliminar) indevidamente dados corretos. 
 
06.  Todas  essas  condutas  têm  por  objeto  os  sistemas 
informatizados ou banco de dados da Administração Pública. Nas 
condutas c e d exige‐se o elemento normativo do tipo, qual seja, 
indevidamente.  
 
07.  O  núcleo  do  tipo  pode  ser  tanto  uma  como  outra  conduta, 
desde que tenha a finalidade de obter vantagem ilícita para si ou 
para outrem ou de causar dano. Como se observa, trata‐se de um 
tipo  misto  alternativo,  em  que  a  ocorrência  de  mais  de  um  dos 
núcleos,  num  mesmo  contexto  fático,  constitui  crime  único,  em 
razão do princípio da alternatividade. 
 
09.  O  tipo  subjetivo  é  o  dolo,  ou  seja,  vontade livre e consciente 
dirigida à inserção ou à facilitação da inclusão de dados falsos e à 
alteração ou exclusão indevida em dados corretos em sistema de 
informações  da  Administração  Pública.  Além  do  dolo,  o  tipo 
requer  um  fim  especial  de  agir,  o  elemento  subjetivo  do  tipo 
contido na expressão com o fim de obter vantagem indevida para 
si  ou  para  outrem,  qualquer  que  seja  ela,  ou  para  causar  dano  à 
Administração Pública. À guisa é de todo oportuno ressaltar que, 
se a conduta, ainda que típica, não tiver essa finalidade, não está 
sendo  praticado  tal  crime.  Este  é  um  entendimento  pacífico  na 
doutrina. Portanto, na doutrina clássica, é o dolo específico. 
 
10.  Essa  incriminação  tem  por  objetividade  jurídica  a 
Administração  Pública,  particularmente  a  segurança  do  seu 
conjunto  de  informações,  inclusive  no  meio  informatizado,  que, 
para  a  segurança  de  toda  a  coletividade,  devem  ser  modificadas 
somente nos limites legais. Daí se punir o funcionário que, tendo 
autorização  para  manipulação  de  tais  dados,  vem  a  maculá‐los 
pela modificação falsa ou inclusão e exclusão de dados incorretos 
 
11. O sujeito ativo é o funcionário público autorizado. O legislador 
não  inseriu  o  termo  público,  e  sim  autorizado,  após  a  palavra 
funcionário,  em  face  da  abrangência  atual  da  equiparação  dada 
pela nova redação ao §1º do art. 327. 
 
12.  Por  ser  crime  funcional  próprio,  só  pode  ser  praticado  por 
funcionário  público  no  exercício  do  cargo  e  devidamente 
autorizado  a  operar  com  os  sistemas  informatizados  ou  com 
bancos de dados da Administração Pública. 
 

76 
 

13. O novo preceito particularizou ainda mais o sujeito do crime, 
pois  estabeleceu  não  ser  qualquer  funcionário  que  o  pode 
cometer,  mas  penas  o  funcionário  autorizado,  ou  seja,  somente 
aquele que estiver lotado na repartição encarregada de manter os 
sistemas  informatizados  ou  banco  de  dados  da  Administração 
Pública.  Assim,  aquele  que  não  estiver  autorizado  a  operar  o 
sistema,  ainda  que  sua  conduta  se  subsuma  ao  preceito,  não 
incidirá na sanção, livrando‐se da incidência da lei.  
 
14. O sujeito passivo será sempre o Estado, pois trata‐se de crime 
contra  a  Administração  Pública.  Indiretamente  também  o 
particular que tenha sofrido o eventual dano causado 
 
15. O delito se consuma quando o agente, efetivamente, insere ou 
facilita que terceiro insira dados falsos, ou quando altera ou exclui 
indevidamente  dados  corretos  nos  sistemas  informatizados  ou 
banco  de  dados  da  Administração  Pública,  com  a  finalidade  de 
obter  vantagem  indevida  para  si  ou  para  outrem  ou  para  causar 
dano. A tentativa é admissível. 
 
Modificação  ou  alteração  não  autorizada  de  sistema  de 
informações 
 
Art.  313‐B.  Modificar  ou  alterar,  o  funcionário,  sistema  de 
informações  ou  programa  de  informática  sem  autorização  ou 
solicitação  de  autoridade  competente:  (Incluído  pela  Lei  nº 
9.983, de 2000) 
 
Pena  –  detenção,  de  3  (três)  meses  a  2  (dois)  anos,  e  multa. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
Parágrafo  único.  As  penas  são  aumentadas  de  um  terço  até  a 
metade  se  da  modificação  ou  alteração  resulta  dano  para  a 
Administração Pública ou para o administrado. (Incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000) 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  O  bem  jurídico  protegido  é  a  segurança  dos  sistemas  de 
informação e programas de informática da Administração Pública.  
 
02.  O  tipo  contém  dois  verbos:  modificar  e  alterar,  empregados 
alternativamente.  Têm  significados  muito  próximos,  podendo  ser 
sinônimos  um  do  outro.  Querem  dizer  mudar,  transformar, 
adulterar.  
  

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03.  O  objeto  material  é  o  sistema  ou  programa  de  informática. 


Não se trata das informações contidas no sistema, mas do próprio 
sistema operacional ou de um dos programas nele utilizados, que 
é  modificado  ou  alterado  pelo  agente.  Para  incorrer  na 
incriminação, o agente deve agir sem autorização ou solicitação da 
autoridade  competente.  Ou  seja,  não  haverá  delito  quando  a 
modificação ou alteração do sistema operacional ou do programa 
tiver  sido  autorizada  ou  solicitada  pelo  funcionário  competente, 
aquele  que  tiver  a  atribuição  de  direção  sobre  o  sistema  de 
informática.  
 
04.  Deve  o  agente  atuar  com  dolo,  consciente  de  que  está 
modificando  ou  alterando  o  sistema  ou  o  programa,  não  se 
exigindo  qualquer  outra  finalidade  especial.  Se  resultar  dano, 
incidirá  o  aumento  de  pena  do  parágrafo  único,  adiante 
comentado. 
 
05. Sujeito ativo é o funcionário público. O não‐funcionário pode 
ser coautor ou partícipe do crime. Sujeito passivo é o Estado e, se 
houver, o particular que sofre lesão. 
 
06.  Há  crime  consumado  quando  o  sistema  ou  o  programa  é 
modificado  ou  alterado,  sem  autorização  ou  solicitação  de 
autoridade competente. A tentativa é possível. 
 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
 
Art. 314 ‐ Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que 
tem a guarda em razão do cargo; sonegá‐lo ou inutilizá‐lo, total 
ou parcialmente: 
 
Pena  ‐  reclusão,  de  um  a  quatro  anos,  se  o  fato  não  constitui 
crime mais grave. 
 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01. Aquele que inutiliza documento ou objeto de valor probatório 
que  recebe  na  qualidade  de  advogado  ou  procurador  comete  o 
crime do art. 356 do Código Penal. Por outro lado, o particular que 
subtrai ou inutiliza, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou 
documento confiado à Administração comete o crime do art. 337 
do Código Penal. 
 
02. Três são as ações inscritas neste tipo penal: extraviar, sonegar 
e  inutilizar.  Extraviar  é  desviar,  ocultar,  desencaminhar,  fazer 

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desaparecer. Sonegar é não exibir, não apresentar, não entregar, 
relacionar ou mencionar quando isso é devido. Inutilizar é tornar 
imprestável, inútil, ainda que não ocorra a destruição do livro ou 
documento. 
 
03. A conduta é dolosa. O agente deve ter consciência de que se 
trata de livro oficial ou documento que esteja sob sua guarda em 
razão  da  função  pública  que  exerce  e  extraviá‐lo,  sonegá‐lo  ou 
inutilizá‐lo com vontade livre, sem qualquer outro fim especial. 
 
04. Sujeito ativo do crime é o funcionário público na sua acepção 
para  os  efeitos  penais,  nada  impedindo  que  o  particular  seja 
responsabilizado  quando  houver  concurso  de  agentes.  Sujeito 
passivo é o Estado e, eventualmente, o particular proprietário do 
documento confiado à administração pública. 
 
05;  Importante  ressaltar  que  não  existindo  a  qualidade  de 
funcionário público poderá existir, dependendo da situação, outro 
crime,  como  por  exemplo,  o  do  art.  337‐CP:  subtração  ou 
inutilização de livro ou documento. 
 
 
 
09.  A  ordem  pública,  ainda  como  simples  objeto  de  cuidado  da 
administração,  é  um  interesse  a  ser  protegido  por  esta,  e  desde 
que  essa  proteção  se  faz  mediante  preceitos  jurídicos,  tal 
interesse é um bem jurídico. 
 
 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
 
Art. 315 ‐ Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da 
estabelecida em lei: 
 
Pena ‐ detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01. Com o intuito de zelar pelo pleno funcionamento da atividade 
administrativa  e  em  obediência  aos  princípios  que  norteiam  o 
Direito  Administrativo,  sobretudo  o  da  legalidade,  o  legislador 
houve  por  punir  às  condutas  descritas  neste  tipo  penal:  "dar  às 
verbas  ou  rendas  públicas  aplicação  diversa  da  estabelecida  em 
lei". 
 

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02.  O  núcleo  do  tipo  é  o  verbo  dar,  no  sentido  de  empregar  ou 
aplicar  verbas  ou  rendas  públicas.  Verbas  são  os  valores 
monetários  que,  segundo  a  lei  orçamentária,  devem  ser 
empregados  em  determinados  serviços  ou  fins  de  utilidade 
pública.  
 
03.  A  lei  determina  o  serviço  ou  a  finalidade  em  que  devem  ser 
aplicadas as verbas e só a lei pode modificá‐lo. Ao administrador 
cabe  observar  as  regras  impostas.  Rendas  são  os  valores  que  a 
Administração Pública arrecada ou percebe de qualquer modo ou 
os que lhe pertencem, a qualquer título.  
 
04. Igualmente só poderão ser aplicadas em conformidade com as 
leis que tratam dos orçamentos públicos. A realização do tipo não 
exige  a  obtenção  de  vantagem  para  o  agente  ou  outra  pessoa, 
podendo, inclusive, não haver qualquer lesão ao erário, porque o 
fato  incriminado  é  simplesmente  a  aplicação  indevida  das  verbas 
ou rendas públicas, que se dá em outros serviços ou fins públicos.  
 
05.  A  aplicação  é  irregular,  mas  é  feita  em  benefício  da  própria 
Administração Pública. O que a norma pune é o desrespeito à lei 
orçamentária, o que afeta a regularidade da ação administrativa. 
 
06.  Cuida‐se  de  crime  doloso.  O  agente  conhece  a  lei 
orçamentária,  sabe  que  está  aplicando  o  dinheiro  público  em 
finalidade  diversa  da  estabelecida  e  atua  com  vontade  livre,  sem 
qualquer outro fim especial. 
 
07. Sujeito ativo é somente o funcionário público que tem poder 
de decidir sobre a aplicação de verbas ou rendas públicas, o chefe 
do  poder  executivo,  seus  ministros  ou  secretários,  dirigentes  de 
empresas  públicas  etc.  O  não‐funcionário  pode  ser  coautor  ou 
partícipe  do  crime.  Sujeito  passivo  é  o  Estado,  o  ente  público, 
União, Estado, Município, autarquia, empresa pública etc. 
 
 
09.  O  objeto  jurídico  do  crime  em tela  é  ainda  a  regularidade  da 
administração  pública,  no  que  concerne,  agora,  à  aplicação  dos 
recursos públicos de conformidade com a destinação legal prévia. 
Visa  o  referido  preceito  impedir  o  arbítrio  administrativo  no 
tocante  à  discriminação  das  verbas,  rendas  e  respectivas 
aplicações,  sem  a  qual  haveria  a  anarquia  nas  finanças  públicas, 
não se cogitando do prejuízo resultante do seu emprego irregular. 
 
10. A consumação acontece no instante em que a verba ou renda 
pública é efetivamente aplicada. A tentativa é possível desde que 
haja início de execução do procedimento típico, o que se dá, por 

80 
 

exemplo, quando o agente determina a aplicação irregular, a qual, 
todavia,  não  é  concretizada  por  circunstâncias  alheias  à  sua 
vontade. 
 
 
 
OBSERVAÇÕES FINAIS: 
 
Obs.:  EXCLUDENTE  DE  ILICITUDE  –  SITUAÇÃO  EMERGENCIAL  ‐ 
CALAMIDADE  PÚBLICA:  Situações  emergenciais,  de  calamidade 
pública, por exemplo, podem levar o agente a modificar o destino 
das  verbas  ou  rendas  públicas  sem  autorização  legal,  socorrendo 
vítimas  ou  construindo  obras  exigidas  pela  situação,  o  que 
constitui estado de necessidade, excludente da ilicitude. 
 
Concussão 
 
Art. 316 ‐ Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda  que  fora  da  função  ou  antes  de  assumi‐la,  mas  em  razão 
dela, vantagem indevida: 
 
Pena ‐ reclusão, de dois a 12 anos, e multa. 
 
Excesso de exação 
 
§  1º  ‐  Se  o  funcionário  exige  tributo  ou  contribuição  social  que 
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na 
cobrança  meio  vexatório  ou  gravoso,  que  a  lei  não  autoriza: 
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
 
Pena  ‐  reclusão,  de  3  (três)  a  8  (oito)  anos,  e  multa.  (Redação 
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
 
§ 2º ‐ Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, 
o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
 
Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  A  conduta  típica  consiste  em  exigir  o  agente,  por  si  ou  por 
interposta  pessoa,  explícita  ou  implicitamente,  vantagem 
indevida,  abusando  da  sua  autoridade  pública  como  meio  de 
coação.  
 
02.  No  ato  de  exigir  sempre  haverá  sempre  algum  tipo  de 
constrição, intimidação sobre o particular ofendido. O funcionário 

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público  impõe,  ordena,  de  forma  intimidativa  ou  coativa,  a 


vantagem  indevida  que  almeja.  Nesse  sentido,  não  podemos 
confundir  com  o  crime  de  corrupção  passiva  (art.  317  do  CP), 
porque, no caso, o funcionário público faz apenas uma solicitação 
de vantagem, sem qualquer tipo de imposição. 
 
03.  Segundo  a  doutrina,  o  agente  deve  ter  competência  para  a 
prática  do  mal  prometido.  Faltando‐lhe  poderes  para  tanto, 
mesmo que o servidor, o crime será de extorsão (art. 158 do CP). 
Também será crime de extorsão o caso em que o agente apenas 
simula  a  qualidade  de  funcionário  público  e  exige  vantagem 
indevida. 
 
04.  Ao  se  referir  em  vantagem  indevida,  a  doutrina  majoritária 
entende como qualquer tipo de proveito, econômico ou não.  Já a 
expressão  “ainda  que  fora  da  função  ou  antes  de  assumi‐la,  mas 
em  razão  dela”,  deve  ser  interpretada  de  forma  que  o  agente, 
quando  da  prática  do  comportamento  típico,  já  gozava  do  status 
de  funcionário  público,  mesmo  não  estando  no  exercício  de  sua 
função.  
 
05.  Discute‐se  se  a  vantagem  deve  ser  econômica  /  patrimonial. 
Há  duas  correntes  doutrinárias,  prevalecendo  a  corrente  de  que 
basta a exigência de qualquer vantagem indevida, ainda que não 
econômica/patrimonial (sentimental, moral, sexual etc.) 
 
06.  Exemplos:  Comete  o  delito  de  concussão  o  policial  que  exige 
dinheiro  de  preso  para  libertá‐lo.  Também,  a  cobrança  ou  a 
complementação,  “por  fora”,  do  preço  do  serviço  prestado  a 
segurado,  por  médico  ou  por  dirigente  de  hospital  privado, 
conveniado  com  o  SUS,  configura  crime  de  concussão.  Outro 
exemplo é o de agente de polícia federal, em serviço no aeroporto 
internacional, que exige determinada quantia de dono de agencia 
de  turismo  para  permitir  o  embarque  de  passageiros  sob  a 
alegação de irregularidades. Policial militar em serviço no depósito 
da guarda municipal, ao exigir certa importância em dinheiro para 
liberação de um veículo, pratica o delito de concussão. 
 
07.  O  crime  é  doloso.  O  agente  deve  estar  consciente  de  que  a 
vantagem  que  exige  é  indevida  e  saber  que  age  abusando  da 
condição de funcionário público. Além do dolo, deve atuar com a 
finalidade  de  obter  a  vantagem,  para  si  ou  para  outra  pessoa, 
funcionária ou não.  
 
08.  O  Sujeito  ativo  é  o  funcionário  público,  ainda  quando  não 
tenha  assumido  a  função  pública.  O  não‐funcionário  pode  ser 

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coautor  ou  partícipe  do  crime.  Sujeito  passivo  é  o  Estado  e 


também o particular a quem é exigida a vantagem. 
 
09. O crime consuma‐se no momento em que a exigência é feita à 
pessoa. No instante em que esta toma conhecimento da exigência, 
por  escrito,  oralmente  ou  por  qualquer  meio  de  comunicação,  o 
delito  está  consumado.  Não  há  necessidade  de  que  a  vantagem 
seja auferida efetivamente. Se o agente a obtiver, haverá apenas o 
exaurimento do crime.  
 
10.  É  crime  de  consumação  antecipada  ou  de  resultado  cortado. 
Crime  formal,  portanto.  A  tentativa  só  será  possível  quando  a 
exigência  for  feita  por  meio  escrito,  não  chegando  ao 
conhecimento da pessoa a quem é feita por circunstâncias alheias 
à vontade do agente. 
 
Excesso de exação 
 
§  1º  ‐  Se  o  funcionário  exige  tributo  ou  contribuição  social  que 
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na 
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
 
Pena ‐ reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.  
 
11.  A  conduta  é  a  mesma  do  delito  de  concussão:  exigir,  que 
significa  intimar,  impor,  ordenar,  obrigar  ou  constranger  o 
particular, desta feita, ao recolhimento de tributo ou contribuição 
social. 
 
12. Exação é a cobrança rigorosa de uma dívida ou de um imposto. 
A norma pune o funcionário que se exceder na cobrança, porque 
deve  ser  exato  no  cumprimento  de  seu  dever,  não  podendo  ir 
além.  A  norma  alcança  a  cobrança  de  tributo  ou  de  contribuição 
indevido ou a cobrança realizada de modo vexatório ou gravoso.  
 
13. As espécies de tributos são os impostos, taxas e contribuições 
de  melhoria  que  o  particular  está  obrigado  a  recolher  aos  cofres 
públicos, por determinação legal.  
 
Obs.:  Conforme  precedentes  do  STF  e  STJ,  as  custas  e 
emolumentos  concernentes  aos  serviços  notariais  e  registrais 
possuem  natureza  tributária,  qualificando‐se  como  taxas 
remuneratórias de serviços públicos. Desta forma, comete o crime 
de  excesso  de  exação  aquele  que  exige  custas  ou  emolumentos 
que sabe ou deveria saber indevido. 
 

83 
 

14.  Na  primeira  modalidade  típica  o  agente  exige  tributo  ou 


contribuição  indevido,  aquele  a  que  o  sujeito  passivo  não  está 
obrigado,  seja  porque  não  é  exigido  por  lei  ou  porque  já  foi 
recolhido ou, ainda, porque é devido em menor valor. Na segunda 
forma  típica  o  tributo  ou  a  contribuição  é  devido,  porém  o 
funcionário  emprega  meio  vexatório  ou  gravoso.  Vexatório  é  o 
meio  humilhante,  que  desmoraliza.  Gravoso  o  que  impõe  maior 
ônus para o contribuinte. São meios não autorizados pela lei para 
a cobrança do tributo ou da contribuição 
 
15. Na primeira modalidade típica o crime se consuma no instante 
em que o sujeito passivo é comunicado da exigência. Na segunda 
modalidade  típica  a  consumação  ocorre  no  momento  em  que  é 
empregado o meio vexatório ou gravoso. 
 
16. Não é necessário que o sujeito efetue o recolhimento. Basta, 
portanto,  a  exigência  do  tributo  ou  contribuição  indevido  ou  o 
emprego do meio proibido de cobrança. A tentativa é possível se, 
por  circunstâncias  alheias  à  vontade  do  agente,  a  exigência  não 
chega ao conhecimento do contribuinte. 
 
§ 2º ‐ Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, 
o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
 
Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
17.  Essa  norma  diz  respeito  apenas  à  primeira  forma  típica  do 
excesso  de  exação  contida  no  §  1º  do  art.  316.  O  agente  exige 
tributo  ou  contribuição  social  indevido,  recebe‐o  do  contribuinte 
para  recolhê‐lo  aos  cofres  públicos  mas,  em  vez  de  recolhê‐lo, 
desvia‐o  em  proveito  próprio  ou  alheio.  Incide  a  qualificadora, 
portanto,  quando,  após  consumado  o  crime  do  §  1º  com  a 
exigência  feita  ao  contribuinte,  este  cede  e  entrega  o  valor  ao 
funcionário  que,  então,  desvia‐o  em  proveito  próprio  ou  alheio. 
Age  com  dolo  de  exigir  o  que  não  era  devido,  recebe  o  valor 
indevidamente,  mas  não  efetua  o  recolhimento,  ficando  com  ele 
ou dando‐o a outra pessoa.  
 
18. Consuma‐se com o desvio do valor do tributo ou contribuição 
sendo, portanto, possível a tentativa. A pena mínima é menor que 
a cominada ao tipo do § 1º, o que é uma incongruência. 
 
Corrupção passiva 
 
Art. 317 ‐ Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi‐la, 

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mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de 
tal vantagem: 
 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da 
vantagem  ou  promessa,  o  funcionário  retarda  ou  deixa  de 
praticar  qualquer  ato  de  ofício  ou  o  pratica  infringindo  dever 
funcional. 
 
§  2º  ‐ Se o funcionário  pratica,  deixa  de  praticar  ou  retarda  ato 
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou 
influência de outrem: 
 
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  A  intenção  do  legislador  ao  tornar  crime  a  corrupção  passiva 
foi  a  manutenção  do  normal  funcionamento  da  administração 
pública,  de  modo  a  preservar  princípios  intrínsecos  à  instituição, 
como  legalidade  ou  moralidade,  impedindo  assim  uma  implosão 
da estrutura das instituições públicas, caso haja a proliferação da 
corrupção entre seus membros. 
 
02.  Assim,  a  partir  do  dispositivo  legal,  podemos  entender  que  o 
crime  de  corrupção  passiva  ocorre  quando  o  funcionário  público 
solicita propina, vantagem ou similar para fazer ou deixar de fazer 
algo relacionado com a sua função. Não importa que o indivíduo 
concorde  com  o  ato  ilícito  e  dê  aquilo  o  que  o  agente  corrupto 
peça. O crime já se configura no momento da solicitação da coisa 
ou vantagem.  
 
03.  A  corrupção  passiva  realiza‐se,  alternativamente,  por  três 
condutas  distintas:  solicitar  ou  receber  vantagem  indevida  ou, 
ainda, aceitar a promessa de vantagem. Solicitar, é pedir, pleitear, 
postular. Receber, é obter, ter a vantagem. Aceitar a promessa é 
anuir, concordar, consentir. 
 
04.  Trata‐se  de  vantagem  indevida  de  natureza  econômica, 
patrimonial  ou  moral.  Indevida  é  a  vantagem  não  autorizada  em 
lei.  Aquela  que  o  funcionário  não  tem  o  direito  de  solicitar  ou 
receber. Se a vantagem é devida, o fato é atípico.  
 
05.  A  vantagem  solicitada  ou  recebida  pode  ser  para  o  próprio 
agente  ou  para  outra  pessoa.  A  promessa  de  vantagem  aceita 
também.  De  qualquer  modo,  a  solicitação,  o  recebimento  ou  a 

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aceitação  da  promessa  deve  estar  relacionado  à  função  pública 


exercida  pelo  agente,  mas  não  é  necessário  que,  ao  realizar  a 
conduta,  esteja  ele  em  seu  exercício,  podendo,  inclusive,  agir 
antes  de  assumi‐la.  Em  outras  palavras,  o  agente  busca  a 
vantagem,  recebe‐a  ou  aceita  sua  promessa  prevalecendo‐se  da 
função pública que exerce, exerceu ou exercerá.  
 
06. A pessoa que oferece ou promete a vantagem ao funcionário 
público comete o crime de corrupção ativa, definido no art. 333. É 
o  chamado  corruptor.  É  óbvio  que  para  se  realizar  o  tipo  de 
corrupção  passiva  a  vantagem  é  solicitada,  recebida  ou  a  sua 
promessa é aceita com a finalidade de que o funcionário pratique, 
retarde ou deixe de praticar um ato de seu ofício. 
 
07. Assim, não há crime quando o funcionário recebe, de qualquer 
pessoa,  algum  presente  ofertado  desinteressadamente,  sem 
qualquer relação com a prática de qualquer ato funcional ou como 
gratidão  por  ato  legítimo  e  lícito  praticado  anteriormente.  Isso 
pode apenas configurar alguma infração administrativa ou ato de 
improbidade administrativa, a depender do caso, mas não possui 
relevância para o Direito Penal. 
 
08.  Quando  a  vantagem  é  solicitada,  recebida  ou  prometida 
relativamente  a  ato  ilícito,  ilegal  ou  irregular  do  funcionário,  a 
corrupção passiva é denominada própria. É imprópria a corrupção 
passiva quando se tratar de ato funcional lícito.  
 
09.  É  crime  doloso.  O  agente  deve  ter  consciência  de  que  a 
vantagem  que  solicita,  recebe,  ou  cuja  promessa  aceita,  é 
indevida, e atuar com vontade livre de realizar o tipo, solicitando, 
recebendo ou aceitando a promessa de vantagem. Além do dolo é 
necessário  o  elemento  subjetivo  contido  na  expressão  para  si  ou 
para outrem, relativo à vantagem indevida. 
 
10.  A  solicitação  da  vantagem  consuma‐se  no  instante  em  que  o 
pedido  chega  ao  conhecimento  da  pessoa  à  quem  é  feita.  Na 
modalidade  de  recebimento,  a  consumação  acontece  no 
momento em que o funcionário tem, a seu dispor, a vantagem. A 
aceitação  de  promessa  consuma‐se  com  a  manifestação  da 
vontade do agente de anuir ou concordar com a promessa feita. 
 
11. Em qualquer das modalidades típicas, não é necessário que o 
agente  pratique,  deixe  de  praticar  ou  retarde  a  prática  de 
qualquer ato funcional. Basta, portanto, a conduta, a solicitação, o 
recebimento  ou  a  aceitação  da  promessa.  É,  portanto,  um  crime 
formal,  de  resultado  cortado  ou  de  consumação  antecipada,  não 
exigindo o tipo a produção de qualquer resultado naturalístico. 

86 
 

 
§ 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da 
vantagem  ou  promessa,  o  funcionário  retarda  ou  deixa  de 
praticar  qualquer  ato  de  ofício  ou  o  pratica  infringindo  dever 
funcional. 
 
12. Incide a norma apenas quando, consumado o tipo básico, com 
a  solicitação,  recebimento  ou  aceitação  da  promessa,  o 
funcionário  realizar  uma  das  seguintes  condutas:  retardar  ou 
deixar de praticar um ato de ofício ou praticá‐lo com infração de 
dever funcional.  
 
13. Retardar é somente praticar o ato a que estava obrigado após 
o  transcurso  de  um  tempo  juridicamente  relevante.  Deixar  de 
praticá‐lo  é  abster‐se  de  efetivá‐lo,  no  prazo  legal  ou 
regulamentar. Cuida‐se de uma omissão por tempo juridicamente 
relevante. Nesses casos, o ato funcional é legítimo, regular, lícito, 
mas  o  agente  não  o  pratica  no  momento  em  que  a  ele  estava 
obrigado. Trata‐se, pois, de corrupção passiva imprópria.  
 
14. A última hipótese é a do agente, em razão da vantagem ou da 
promessa, praticar um ato com infração de um dever funcional. É, 
portanto,  ato  ilícito.  Essa  ilicitude  deve  ser  verificada  e 
demonstrada  à  luz  das  normas  legais  e  regulamentares  que 
presidem a atividade do funcionário. 
 
§  2º  ‐ Se o funcionário  pratica,  deixa  de  praticar  ou  retarda  ato 
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou 
influência de outrem: 
 
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
15.  É  a  chamada  corrupção  passiva  privilegiada.  Não  há 
solicitação, recebimento ou aceitação de promessa de vantagem, 
mas simplesmente a prática, o retardamento ou a omissão de ato 
de ofício com infração de dever funcional, por influência de outra 
pessoa, ou a pedido desta. Trata‐se, assim, de um ato ilegítimo do 
funcionário,  realizado,  omitido  ou  retardado,  em  atenção  a  uma 
solicitação ou decorrente do induzimento ou instigação de terceira 
pessoa. 
 
Facilitação de contrabando ou descaminho 
 
Art. 318 ‐ Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de 
contrabando ou descaminho (art. 334): 
 

87 
 

Pena  ‐  reclusão,  de  3  (três)  a  8  (oito)  anos,  e  multa.  (Redação 


dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  Entendeu  o  legislador  que  quando  esta  é  praticada  por 
funcionário público, com infração especial do dever funcional, não 
deve  ser  disciplinada  segundo  a  regra  do  art.  29,  mas  constituir 
crime  autônomo,  sujeito  a  pena  mais  grave  do  que  a  cominada 
pelo art. 334 e art. 334‐A 
 
02.  O  núcleo  do  tipo  é  o  verbo  facilitar.  Significa  tornar  fácil, 
prestar  auxílio,  colaborar,  afastando  obstáculos  ou  deixando  de 
impor dificuldades ou fazer exigências. A conduta pode, assim, ser 
comissiva  ou  simplesmente  omissiva,  quando  o  agente,  tendo  o 
dever  de  impedir  o  contrabando  ou  descaminho,  omite‐se, 
facilitando sua prática. 
 
03.  Por  contrabando  entende‐se  a  importação  ou  exportação  de 
mercadorias  cuja  entrada  no  país  ou  saída  dele  é  absoluta  ou 
relativamente  proibida,  enquanto  descaminho  é  toda  a  fraude 
empregada  para  iludir,  total  ou  parcialmente,  o  pagamento  de 
impostos de importação, exportação ou consumo.  
 
04.  O  agente  deve  ser  o  funcionário  a  quem  incumbe  fiscalizar  a 
importação  ou  a  exportação,  zelando  pelo  cumprimento  das 
normas  proibitivas  ou  relativas  ao  recolhimento  do  imposto 
devido,  e  deve  agir  com  violação  do  seu  dever  funcional.  Se  é 
funcionário público, mas não tem a atribuição legal para fiscalizar 
ou exigir o recolhimento do tributo, coibindo assim o contrabando 
ou o descaminho, e vier facilitá‐lo, responderá como partícipe de 
um desses delitos.  
 
05.  O  crime  é  punido  apenas  a  título  de  dolo.  Deve,  por  isso,  o 
agente estar consciente de que viola o dever funcional, sabendo, 
ademais,  que  contribui,  facilitando,  para  o  contrabando  ou 
descaminho. Não exige o tipo qualquer outro elemento subjetivo. 
 
06.  A  consumação  coincide  com  a  realização  da  conduta, 
comissiva ou omissiva, consistente na facilitação, no auxílio ou na 
colaboração  para  o  contrabando  ou  descaminho, 
independentemente  da  consumação  de  um  desses  crimes.  A 
tentativa  somente  é  possível  quando  a  conduta  for  positiva  e 
desde  que,  iniciada,  não  venha  a  se  consumar  por  circunstâncias 
alheias à vontade do funcionário público. 
 

88 
 

07.  De  acordo  com  a  orientação  da  Súmula  151  do  Superior 
Tribunal  de  Justiça,  a  competência para  o  processo  e  julgamento 
por  crime  de  contrabando  ou  descaminho  define‐se  pela 
prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. 
 
Prevaricação 
 
Art. 319 ‐ Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de 
ofício,  ou  praticá‐lo  contra  disposição  expressa  de  lei,  para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
 
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  É  mais  um  dos  crimes  praticados  por  funcionário  público 
contra  a  administração  em  geral  que  consiste  em  retardar  ou 
deixar  de  praticar,  indevidamente,  ato  de  ofício,  ou  praticá‐lo 
contra  disposição  expressa  de  lei,  para  satisfazer  interesse  ou 
sentimento pessoal. 
 
02.  A  prevaricação  realiza‐se  mediante  uma  das  seguintes 
condutas:  retardar,  deixar  de  praticar  ou  praticar  ato  de  ofício. 
Retardar é protelar, procrastinar ou atrasar a realização do ato. É 
não  praticá‐lo  no  momento  adequado  e  devido,  para  só  fazê‐lo 
posteriormente  após  um  tempo  juridicamente  relevante.  Deixar 
de  praticar  é  simplesmente  não  praticá‐lo,  omitir  sua  realização. 
Há  diferença  entre  retardar  e  deixar  de  praticar.  Na  primeira 
conduta  o  agente  apenas  pretende  protelar,  atrasar,  adiar  a 
realização  do  ato  para  momento  posterior.  Na  omissão,  ele 
simplesmente não o realiza porque não deseja, em tempo algum, 
fazê‐lo. Essas duas condutas são, portanto, omissivas e devem ser 
indevidas, no sentido de serem ilícitas, não justificadas. Assim, não 
há fato típico quando o agente retarda ou deixa de praticar o ato 
de  ofício  por  uma  razão  justa,  por  um  motivo  justificado.  A 
terceira  conduta  típica  é  praticar  ato  de  ofício  contra  disposição 
expressa de lei. Praticar é realizar, concretizar, executar o ato.  
 
03.  Ato  de  ofício  é  aquele  inserido  no  âmbito  das  atribuições 
conferidas ao funcionário ou de sua competência. Pode, assim, ser 
um  ato  administrativo,  legislativo  ou  judicial.  Deve  ser  praticado 
contrariando  dispositivo  legal  expresso.  Não  há  incidência  dessa 
norma  quando  a  infração  é  a  uma  norma  regulamentar,  uma 
portaria, uma resolução etc.  
 
04.  Nas  três  o  ato  deve  ser  do  ofício  do  agente,  ou  seja,  de  sua 
atribuição ou competência, daí que não incorrerá na proibição se 

89 
 

o  ato  que  retarda,  deixa  de  praticar  ou  pratica  com  infração  a 
norma legal não se encontra dentre aqueles a que estava obrigado 
a  realizar.  Deve,  pois,  ser  um  ato  próprio  do  agente  que, 
igualmente, deve encontrar‐se no pleno exercício de suas funções, 
porque  somente  assim  estará  ele  obrigado  a  praticá‐lo  com 
observância das normas legais incidentes. 
 
05.  EXEMPLOS:  Um  funcionário  público  se  recusar  a  entregar 
documentos  solicitados  por  um  cidadão  de  quem  ele  não  gosta. 
Um  funcionário  público  se  recusa  a  receber  algum  documento 
(protocolado  ou  não)  de  um  cidadão,  solicitando  informações, 
alegando não poder receber por qualquer motivo (administrativo 
e/ou  pessoal).  Um  funcionário  público  adiar  a  entrega  de 
documentos  solicitados  por  um  cidadão  de  quem  ele  não  gosta 
até passar o prazo de entrega desses documentos. 
 
06.  Trata‐se  de  crime  doloso.  O  agente  deve  retardar,  deixar  de 
praticar ou praticar o ato de ofício com consciência e vontade livre 
de realizar a conduta. Sua consciência deve alcançar a injustiça da 
protelação ou da omissão do ato e a ilegalidade de sua prática.  
 
07. Deve, além disso, agir com uma finalidade especial: satisfazer a 
interesse  ou  sentimento  pessoal.  Significa  dizer  que  só  haverá 
prevaricação  quando  o  agente  buscar  a  realização  ou  a 
concretização  de  um  interesse  ou  sentimento  pessoal.  Age, 
portanto,  com  o  fim  de  alcançar  um  desses  objetivos.  Interesse 
pessoal  é  a  relação  entre  o  agente  e  o  fato,  podendo  ser 
patrimonial, material ou moral. É a vantagem que ele busca obter 
com  a  realização  da  conduta.  Sentimento  pessoal  é  o  estado 
afetivo ou emocional, é o ódio ou o amor, a simpatia ou a aversão, 
enfim, é o estado da alma que move o agente na concretização de 
sua conduta.  
 
08.  O  interesse  ou  sentimento  pessoal  pode  ser  positivo  ou 
negativo,  nobre  ou  abjeto,  pouco  importa,  realizando  o  tipo 
aquele  que agir  com  o  fim  de  satisfazê‐lo,  porque  ao  funcionário 
público não é dado atuar movido por razões de natureza pessoal, 
mas,  sempre,  por  inspiração  do  cumprimento  das  leis.  Comete 
prevaricação quem realiza a conduta para agradar a um amigo ou 
para fazer sofrer um desafeto.  
 
09.  Na  prevaricação,  o  fim  pretendido  pelo  agente  não  depende 
da  participação  de  qualquer  outra  pessoa,  mormente  a  que  será 
beneficiada pela conduta, exigida na corrupção passiva. 
 
10. A consumação, nas duas formas omissivas – retardar ou deixar 
de  praticar  ato  de  ofício  –,  ocorre  no  instante  em  que  o  agente 

90 
 

não  realiza  o  ato.  Impossível,  aí,  a  tentativa.  Na  forma  comissiva 


consuma‐se  quando  o  ato  é  praticado  com  infração  de  norma 
legal,  possível  a  tentativa  quando,  iniciada  a  execução,  não  se 
conclui  a  prática  por  circunstâncias  alheias  à  vontade  do  agente. 
Em  qualquer  caso,  não  é  necessário  que  o  funcionário  consiga 
satisfazer a interesse ou sentimento pessoal que o moveu. 
 
Prevaricação imprópria 
 
Art.  319‐A.  Deixar  o  Diretor  de  Penitenciária  e/ou  agente 
público,  de  cumprir  seu  dever  de  vedar  ao  preso  o  acesso  a 
aparelho  telefônico,  de  rádio  ou  similar,  que  permita  a 
comunicação  com  outros  presos  ou  com  o  ambiente  externo: 
(Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). 
 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  A  inclusão  no  Código  Penal  do  art.  319‐A,  sem  nomen  iuris 
(também chamado de rubrica marginal), do novo tipo penal, pode 
levar  ao  entendimento  que  se  trata  de  uma  espécie  de 
prevaricação,  pois  descreve  conduta  na  qual  o  servidor  deixa  de 
cumprir um ato de seu ofício.   
 
02.  A  conduta  é  omissiva,  própria  do  Diretor  da  Penitenciária  ou 
de outro agente público que esteja exercendo as suas funções.   
 
03.  O  núcleo  verbal  é  “deixar  de”,  o  que  significa  que  se  realiza 
com  a  não  realização  de  um  comportamento  positivo.  É  não 
praticar  a  ação  física  que  a  norma  impõe.  É  não  cumprir o  dever 
de impedir que o preso tenha acesso a aparelho telefônico que lhe 
permita comunicar‐se com outro preso ou com o mundo exterior 
ao  presídio.  Certo,  entretanto,  que  para  tal  ocorra,  que  exista, 
previamente, outra norma impondo comportamentos positivos ao 
sujeito ativo, no âmbito do estabelecimento prisional.   
 
04. Ou seja, o tipo do art. 319‐A contém norma penal em branco, 
cujo  complemento  é  a  norma  do  art.  50,  inciso  VII,  da  Lei  de 
Execução  Penal  que  estabelece,  como  falta  grave  do  condenado: 
“Tiver  em  sua  posse,  utilizar  ou  fornecer  aparelho  telefônico,  de 
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou 
com o ambiente externo” 
 
05. Exige o tipo penal que o indevido acesso seja sobre aparelho 
telefônico  (seja  ele  fixo,  como  nos  casos  dos  telefones  públicos 
instalados nos presídios, ou móveis, como ocorre com os telefones 

91 
 

celulares),  de  rádio  (radiocomunicadores,  walkie‐talkies  etc.),  ou 


similares, que permita a comunicação com outros presos ou com o 
ambiente externo. 
 
06. É crime doloso. Diferentemente da prevaricação, não se exige 
qualquer  outra  motivação  especial,  ou  seja,  o  chamado  dolo 
específico, bastando que o agente tenha consciência e vontade de 
omitir‐se, admitindo‐se o dolo eventual. 
 
07.  Consuma‐se  com  a  simples  omissão  do  agente.  Basta  que  se 
constate que o preso está na posse do aparelho, ou que se prove 
tenha  ele  se  comunicado  com  outra  pessoa,  utilizando‐se  do 
aparelho, para a consumação.  Por se tratar de um crime omissivo 
próprio, é impossível a tentativa. 
 
08. O sujeito ativo do delito deve ser o Diretor Penitenciário e/ou 
agente público que, no exercício de sua função, tenha o dever de 
impedir que o preso tenha acesso aos mencionados aparelhos de 
comunicação, como ocorre com os agentes penitenciários. Sujeito 
passivo é o Estado. 
 
09.  Não  podemos  confundir  a  situação  do  agente  que, 
simplesmente,  se  omite  em  fazer  a  apreensão  de  um  aparelho 
telefônico,  de  rádio  ou  similar,  que  está  sendo  indevidamente 
utilizado  por  um  preso,  com  aquele  que  se  corrompe,  obtendo 
vantagem  indevida  (ou  mesmo  promessa  de  tal  vantagem),  para 
que o preso tenha acesso aos mencionados aparelhos, pois, nesta 
hipótese, o crime será de corrupção passiva. 
 
Obs.: A pessoa que ingressa, promove, auxilia ou facilita a entrada 
de  aparelho  telefônico  de  comunicação  móvel  em 
estabelecimento prisional comete o crime do art. 349‐A do Código 
Penal. Tipo pela incluído pela lei 12.012/09. 
 
Condescendência criminosa 
 
Art.  320  ‐  Deixar  o  funcionário,  por  indulgência,  de 
responsabilizar  subordinado  que  cometeu  infração  no  exercício 
do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao 
conhecimento da autoridade competente: 
 
Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01. Cuida‐se de crime omissivo puro. Realiza‐se por duas formas. 
Na primeira o agente, superior hierárquico de um funcionário que 

92 
 

cometeu  infração  no  exercício  do  cargo,  deixa  de  responsabilizá‐


lo.  Na  segunda,  não  tendo  a  agente  competência  administrativa 
para  promover  a  responsabilização  do  funcionário  faltoso,  deixa 
de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente para 
tal.  
 
02. O agente – tendo o dever de promover a responsabilização do 
subordinado, instaurando o procedimento com vistas na apuração 
dos fatos e na aplicação das sanções cabíveis – comete o delito ao 
omitir‐se em seu dever legal. Ou, não sendo o competente, tem o 
superior  hierárquico  o  dever  de  comunicar  o  fato  à  autoridade 
competente, mas omite‐se, cometendo o crime em comento.  
 
03. A omissão deve ser dolosa, portanto, consciente o agente de 
que  o  subalterno  praticou  infração,  penal  ou  administrativa,  no 
exercício  do  cargo,  agindo  com  vontade  livre  de  omitir‐se.  Além 
disso,  deve  atuar  por  indulgência,  que  é  a  compaixão,  a 
condescendência, a complacência, a tolerância.  
 
04. Se agir por interesse ou sentimento pessoal, o crime será o de 
prevaricação.  Se  para  obter  vantagem  indevida,  a  pedido  de 
alguém, poderá realizar o tipo de corrupção passiva. 
 
05. Consuma‐se a condescendência criminosa no instante em que 
o  agente,  tomando  conhecimento  da  infração  praticada  pelo 
subordinado,  deixa,  por  indulgência,  de  praticar  os  atos  iniciais 
visando a sua responsabilização ou, não sendo competente, deixa 
de comunicar ao funcionário competente para agir. Não é possível 
a tentativa, como acontece em todo crime omissivo puro. 
 
Advocacia administrativa 
 
Art. 321 ‐ Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado 
perante  a  administração  pública,  valendo‐se  da  qualidade  de 
funcionário: 
 
Pena ‐ detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
Parágrafo único ‐ Se o interesse é ilegítimo: 
 
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  A  proteção  recai  sobre  a  Administração  Pública,  sobre  a 
honestidade  e  probidade  de  seus  funcionários  no  trato  com  os 

93 
 

interesses  dos  particulares.  Enfim,  protege  a  moralidade 


administrativa. 
 
02.  A  conduta  incriminada  é  patrocinar,  verbo  empregado  no 
sentido  de  advogar,  defender,  postular  perante  órgão  da 
administração  um  interesse  de  um  particular.  É  conduta 
necessariamente  comissiva  e  pode  ser  realizada  por  meio  direto, 
formal e explícito, através da formulação de requerimento escrito, 
da  adução  de  razões  em  favor  do  interesse  patrocinado  ou  de 
modo dissimulado, indireto – por interposta pessoa, que participa 
do  crime  –,  verbal,  acompanhando  o  andamento  de 
procedimentos,  solicitando  urgência  ou  sugerindo  providências, 
enfim,  defendendo,  perante  a  Administração  Pública,  o  interesse 
do particular.  
 
03.  O  legislador  pune  a  conduta  do  funcionário  público  por  que 
este  não  é  permitida  a  defesa  de  interesses  de  particulares.  Seu 
dever é o de unicamente defender o interesse público. Na forma 
típica  básica  o  interesse  do  particular  é  legítimo,  isto  é,  lícito  do 
ponto  de  vista  formal  e  material.  Se  o  interesse  for  ilegítimo, 
incidirá a norma do parágrafo único, que qualifica o crime. 
 
04.  É  crime  doloso.  O  agente  deve  estar  consciente  de  que 
patrocina  um  interesse  legítimo  de  um  particular,  realizando  a 
conduta de modo livre e sem qualquer outro fim especial. 
 
05.  Consuma‐se  o  crime  com  a  realização  do  primeiro  ato  de 
defesa  do  interesse  privado,  ainda  que  não  venha  o  particular  a 
obter  sucesso  em  sua  postulação.  A  tentativa  é  possível  se,  por 
circunstâncias  alheias  à  vontade  do  funcionário  público,  sua 
atuação não chega a se concretizar perante quem seria formulada 
a defesa do particular. 
 
Violência arbitrária 
 
Art. 322 ‐ Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto 
de exercê‐la: 
 
Pena  ‐  detenção,  de  seis  meses  a  três  anos,  além  da  pena 
correspondente à violência. 
COMENTÁRIOS: 
 
01.  Até  pouco  tempo  atrás,  o  entendimento  dominante  era  o  de 
que esse artigo havia sido revogado tacitamente pela Lei de Abuso 
de  Autoridade  (Lei  4.898/65).  No  entanto,  recentes  decisões  dos 
Tribunais Superiores reconheceram a plena vigência deste artigo. 
 

94 
 

02. O dispositivo busca, em primeiro plano, a garantia do regular 
desenvolvimento  das  atividades  da  administração  pública, 
seriamente afetada  pela  ação  truculenta  de  seus  representantes. 
Secundariamente,  tutela  a  integridade  do  particular  afetado  pela 
ação violenta. 
 
03.  A  conduta  consiste  em  praticar  violência  no  exercício  da 
função  ou  a  pretexto  de  exercê‐la.  A  violência  deverá  ser 
arbitrária, ou seja, desacompanhada de circunstâncias fáticas que 
justifiquem a exaltação por parte do funcionário público. 
 
04. Cuida‐se, portanto, de comportamento do funcionário público 
que,  exercendo  função  pública  ou  a  pretexto  de  exercê‐la, 
emprega a força física de modo arbitrário.  
 
05. Consuma‐se no instante em que é empregada a violência, com 
as  vias  de  fato,  a  lesão  corporal  ou  o  homicídio.  A  tentativa  é, 
portanto, possível. 
 
06. O agente responderá, necessariamente, em concurso material 
com  o  crime  correspondente  à  violência:  lesões  corporais,  leves, 
graves ou gravíssimas ou homicídio, tentado ou consumado. Vias 
de fato ficarão absorvidas.  
 
Art. 323 ‐ Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em 
lei: 
 
Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
§ 1º ‐ Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
§  2º  ‐  Se  o  fato  ocorre  em  lugar  compreendido  na  faixa  de 
fronteira: 
Pena ‐ detenção, de um a três anos, e multa. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01. A conduta incriminada é abandonar cargo público. Abandonar 
significa,  no  tipo,  afastar‐se  do  cargo,  deixando  de  exercê‐lo  de 
forma definitiva. Embora o nomen iuris do delito seja “abandono 
de função”, o tipo refere‐se apenas ao cargo, criado por lei, com 
denominação  própria  e  vencimento  pago  pelos  cargos  públicos, 
para provimento em caráter efetivo ou em comissão.  
 
02. Assim, só o titular de cargo público pode abandoná‐lo. Não se 
aplica,  a  esse  crime,  a  norma  de  equiparação  do  art.  327,  que 

95 
 

alcança pessoas que ocupam funções e empregos públicos ou em 
entidades  equiparadas  e  em  empresas  privadas  conveniadas  ou 
contratadas  para  exercer  atividade  típica  da  Administração 
Pública.  
 
03. O abandono deve ser definitivo, não se realizando o tipo se há 
simples  afastamento  temporário,  exigindo  a  norma  o  transcurso 
de tempo juridicamente relevante.  
 
04.  Há  um  elemento  normativo:  “fora  dos  casos  permitidos  em 
lei”.  Quer  dizer,  na  verdade,  sem  justa  causa,  porquanto  não  há 
norma  legal  expressa  permitindo  o  abandono  de  cargo  público. 
Em consequência, se o funcionário abandona o cargo por estar em 
estado  de  necessidade  ou  por  um  motivo  de  força  maior,  não 
incidirá na proibição penal.  
 
05.  Deve  atuar  com  dolo,  com  consciência  de  que  abandona  o 
cargo,  deixando‐o  acéfalo,  sabendo  que  faz  injustificadamente,  e 
realizar a conduta com vontade livre, sem qualquer outro fim. 
 
06. A consumação ocorre quando o funcionário tenha se afastado 
do  exercício  do  cargo  por  um  tempo  juridicamente  relevante,  de 
modo a se ter como efetivado o abandono, numa situação em que 
ocorre  pelo  menos  risco  de  ocorrência  de  algum  prejuízo 
relevante  para  a  Administração  Pública.  A  tentativa  é,  portanto, 
impossível. 
 
07. O § 1º impõe pena de detenção de três meses a um ano “se do 
fato  resulta  prejuízo  público”.  Esta  é  uma  forma  qualificada  pelo 
resultado que deve ser, necessariamente, um prejuízo de qualquer 
natureza  para  os  serviços  públicos.  O  prejuízo  deve  resultar  do 
fato  do  abandono,  ou  seja,  ser  consequência  do  afastamento 
definitivo do cargo pelo agente.  
 
08.  No  §  2º  a  qualificadora  diz  respeito  ao  abandono  de  cargo 
público  realizado  em  lugar  compreendido  na  faixa  de  fronteira. 
Faixa  de  fronteira  é  a  área  situada  a  cento  e  cinquenta 
quilômetros  de  largura  ao  longo  das  fronteiras  nacionais, 
conforme definição da Lei nº 6.634/79. A pena é detenção, de um 
a três anos, e multa. 
 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
 
Art.  324  ‐  Entrar  no  exercício  de  função  pública  antes  de 
satisfeitas  as  exigências  legais,  ou  continuar  a  exercê‐la,  sem 
autorização,  depois  de  saber  oficialmente  que  foi  exonerado, 
removido, substituído ou suspenso: 

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Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
01. São duas as condutas típicas. A primeira é entrar o funcionário 
no exercício de função pública antes da realização das exigências 
contidas em normas legais. O agente, nomeado para determinado 
cargo  público,  passa  a  exercê‐lo  sem  que  sejam,  previamente, 
cumpridas todas as condições previstas em lei.  
 
02. É norma em branco, que será complementada pelas contidas 
nos dispositivos que regem o exercício dos cargos públicos. A Lei 
nº  8.112/90,  que  dispõe  sobre  o  regime  jurídico  dos  servidores 
públicos  civis  da  União,  contém  preceitos  que  devem  ser 
observados. Tratando‐se de funcionários estaduais ou municipais, 
deve  o  intérprete  socorrer‐se  das  leis  locais  para  completar  o 
preceito  penal.  Requisito  indispensável,  em  todos  os  níveis  da 
Administração, é a posse no cargo, mas há outros, como exames 
médicos, inclusive psicológicos.  
 
03.  Entrar  no  exercício  de  função  pública  é  praticar  ato  de  ofício 
que  corresponda  ao  cargo.  Assim,  realiza  o  tipo  o  funcionário 
público que praticar ato de ofício correspondente ao cargo para o 
qual foi nomeado antes de ser empossado ou de cumprir qualquer 
outra  exigência  legal.  É  o  exercício  funcional  ilegalmente 
antecipado.  
 
04.  A  segunda  forma  típica  consiste  em  o  funcionário  que  tenha 
sido  exonerado,  substituído,  suspenso  ou  removido  continuar  a 
exercer  a  função  pública,  isto  é,  praticar  atos  de  ofício  inerentes 
ao  cargo  que  ocupava,  depois  de  ter  sido  dele  exonerado, 
suspenso  ou  removido.  O  fato  será  atípico  se  o  funcionário 
substituído,  suspenso  ou  removido  vier  a  ser  autorizado,  por 
superior  hierárquico  competente,  a  permanecer  no  exercício  do 
cargo,  em  face  do  elemento  normativo  contido  no  tipo  “sem 
autorização”, a qual, é óbvio, não pode se dar quando se tratar de 
funcionário  exonerado.  Este  é  o  chamado  exercício  funcional 
ilegalmente prolongado.  
 
05.  No  exercício  funcional  ilegalmente  prolongado  o  funcionário 
deve ter consciência de que foi exonerado, substituído, suspenso 
ou removido, bem assim de que não está autorizado a continuar 
no exercício, atuando, igualmente, com vontade livre. Se não sabe 
das  exigências  legais  ou  de  que  foi  afastado  do  cargo,  não 
cometerá  o  crime,  por  exclusão  do  dolo  decorrente  de  erro  de 
tipo. 

97 
 

 
06.  O  crime  é  doloso.  Na  primeira  modalidade  a  consciência  do 
agente  deve  alcançar  as  normas  legais  que  contenham  as 
exigências necessárias para o início do exercício da função e atuar 
com vontade livre, sem qualquer outra finalidade. 
 
07. Consuma‐se o crime com a prática de um único ato de ofício 
antes  de  satisfeitas  as  exigências  legais,  ou  depois  de  saber  que 
fora exonerado, removido, substituído ou suspenso. A tentativa é 
possível. 
 
Violação de sigilo funcional 
 
Art.  325  ‐  Revelar  fato  de  que  tem  ciência  em  razão  do  cargo  e 
que deva permanecer em segredo, ou facilitar‐lhe a revelação: 
 
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato 
não constitui crime mais grave. 
 
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
 
I  –  permite  ou  facilita,  mediante  atribuição,  fornecimento  e 
empréstimo  de  senha  ou  qualquer  outra  forma,  o  acesso  de 
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de 
dados da Administração Pública;  
 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.  
 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública 
ou a outrem:  
 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.  
 
COMENTÁRIOS: 
 
01. A primeira conduta incriminada é revelar fato. Revelar significa 
narrar  a  alguém,  comunicar  a  outrem,  contar  a  terceira  pessoa. 
Pode ser realizada por escrito ou verbalmente.  
 
02. A segunda conduta típica consiste na facilitação da revelação. 
Facilitar  é  tornar  fácil,  afastando  obstáculos,  criando  condições 
para que o fato entre no conhecimento de terceiro, para que seja 
revelado.  Neste  caso,  a  conduta  pode  ser  também  omissiva, 
quando  o  agente  deixa  de  adotar  medidas  com  vistas  na 
preservação do sigilo.  
 

98 
 

03. A revelação deve ser de um fato que o agente tem ciência em 
razão do cargo público que exerce e, ao mesmo tempo, que deve 
ser  mantido  em  segredo.  Em  outras  palavras,  o  fato  chega  ao 
conhecimento do agente em decorrência das atividades inerentes 
ao  seu  cargo.  Tem  conhecimento  dele  por  força  da  sua  atuação 
funcional.  Assim,  se  o  fato  entra  na  esfera  do  conhecimento  do 
agente  por  outra  razão  que  não  o  exercício  do  seu  cargo,  sua 
revelação não constituirá esse delito do art. 325.  
 
04. Além disso, o fato deve ser daqueles que devem permanecer 
em  segredo.  Fato  sigiloso,  portanto.  Sigiloso  e  que  deve 
permanecer  em  segredo  é  o  fato  de  interesse  público  cuja 
revelação  possa  causar  dano  a  um  interesse  da  Administração 
Pública.  
 
 
05. Crime doloso. O agente tem consciência de que o fato chegou 
ao seu conhecimento em virtude da função que exerce, sabe que 
deve  permanecer  em  segredo  e,  ainda  assim,  revelam  a  alguém 
com vontade livre, sem qualquer outra finalidade. A revelação ou 
a sua facilitação por negligência não constitui crime. 
 
06.  O  momento  consumativo  ocorre  quando  o  segredo  chega  ao 
conhecimento  de  qualquer  pessoa,  em  consequência  da  conduta 
dolosa do agente. A tentativa é possível. 
 
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
 
I  –  permite  ou  facilita,  mediante  atribuição,  fornecimento  e 
empréstimo  de  senha  ou  qualquer  outra  forma,  o  acesso  de 
pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de 
dados da Administração Pública;  
 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.  
 
07. O inciso I contém duas condutas típicas. Permitir ou facilitar o 
acesso de pessoas não autorizadas a sistema de informações ou a 
banco  de  dados  da  Administração.  Permitir  é  deixar,  concordar, 
autorizar, proporcionar o acesso. Facilitar é contribuir para que ele 
ocorra.  
 
08. A norma contém os meios de execução: mediante atribuição, 
fornecimento  ou  empréstimo  de  senha  ou  por  qualquer  outra 
forma  análoga.  O  primeiro  é  a  informação  ao  terceiro  não 
autorizado, por atribuição, fornecimento ou empréstimo da senha 
ou  código  de  acesso  ao  sistema  informatizado  ou  ao  banco  de 
dados.  

99 
 

 
09.  Pode  o  agente  facilitar  o  acesso,  através  da  eliminação  de 
dificuldades  de  acesso,  quando,  por  exemplo,  deixa  o  sistema 
aberto  para  o  acesso  de  terceiro  que,  então,  não  necessita  de 
utilização de senha para nele ingressar. Assim, a conduta pode ser 
realizada por ação ou por omissão.  
 
10. No inciso II está incriminada a conduta do funcionário público 
que  se  utiliza  indevidamente  do  acesso  restrito.  Nesse  caso  o 
agente  faz  uso  não  autorizado  do  acesso  restrito  que  tem  ao 
sistema de informações ou banco de dados.  
 
11.  Em  todas  as  modalidades  típicas  deve  o  agente  atuar 
dolosamente,  com  consciência  de  que  está  atribuindo  código  de 
acesso a terceiro ou sabendo que utiliza indevidamente o acesso 
restrito,  realizando  a  conduta  com  vontade  livre,  sem  qualquer 
outra finalidade especial. Não há modalidade culposa. 
 
12.  O  momento  consumativo  acontece  no  instante  em  que  o 
terceiro  recebe  a  senha  ou  código  de  acesso  ao  sistema  de 
informações ou ao banco de dados, ou quando o agente realiza a 
conduta  que  facilita  ou  permite  o  acesso,  não  sendo  necessário 
que ele consiga obtê‐lo, ou, no caso do inciso II, quando o agente 
faz uso indevido do acesso restrito. A tentativa é possível. 
 
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública 
ou a outrem:  
 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
O  §  2º  do  art.  325  contém  a  forma  qualificada  pelo  resultado, 
cominada reclusão de dois a seis anos e multa. Deve a conduta ser 
a  causa  de  um  resultado  efetivamente  e  não  apenas 
potencialmente  danoso  para  a  Administração  ou  para  qualquer 
outra  pessoa.  Será  assim  um  dano,  patrimonial,  econômico  ou 
moral. A norma não se refere a um dano para o governo ou para o 
governante, mas para a Administração ou para um particular. 
 
 
Violação do sigilo de proposta de concorrência 
 
Art. 326 ‐ Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, 
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá‐lo: 
 
Pena ‐ Detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
 

100 
 

COMENTÁRIOS: 
 
O presente dispositivo foi tacitamente revogado pelo artigo 94 da 
Lei 8.666/1993, que institui normas para licitações e contratos da 
Administração Pública. 
 
CAPÍTULO II 
DOS CRIMES PRATICADOS POR 
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
        Usurpação de função pública 
        Art. 328 ‐ Usurpar o exercício de função pública: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
        Parágrafo único ‐ Se do fato o agente aufere vantagem: 
        Pena ‐ reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
        Resistência 
        Art. 329 ‐ Opor‐se à execução de ato legal, mediante violência 
ou ameaça a funcionário competente para executá‐lo ou a quem 
lhe esteja prestando auxílio: 
        Pena ‐ detenção, de dois meses a dois anos. 
        § 1º ‐ Se o ato, em razão da resistência, não se executa: 
        Pena ‐ reclusão, de um a três anos. 
         §  2º  ‐  As  penas  deste  artigo  são  aplicáveis  sem  prejuízo  das 
correspondentes à violência. 
        Desobediência 
        Art. 330 ‐ Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
        Desacato 
         Art.  331  ‐  Desacatar  funcionário  público  no  exercício  da 
função ou em razão dela: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
         Tráfico  de  Influência (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.127,  de 
1995) 
        Art.  332  ‐  Solicitar,  exigir,  cobrar  ou  obter,  para  si  ou  para 
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir 
em  ato  praticado  por  funcionário  público  no  exercício  da 
função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
        Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação 
dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
        Parágrafo único ‐ A pena é aumentada da metade, se o agente 
alega  ou  insinua  que  a  vantagem  é  também  destinada  ao 
funcionário.  (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 

101 
 

        Corrupção ativa 
         Art.  333  ‐  Oferecer  ou  prometer  vantagem  indevida  a 
funcionário  público,  para  determiná‐lo  a  praticar,  omitir  ou 
retardar ato de ofício: 
         Pena  –  reclusão,  de  2  (dois)  a  12  (doze)  anos,  e  multa. 
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
         Parágrafo  único  ‐  A  pena  é  aumentada  de  um  terço,  se,  em 
razão  da  vantagem  ou  promessa,  o  funcionário  retarda  ou  omite 
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 
        Descaminho 
Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito 
ou  imposto  devido  pela  entrada,  pela  saída  ou  pelo  consumo  de 
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena  ‐  reclusão,  de  1  (um)  a  4  (quatro)  anos. (Redação  dada 
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  1o  Incorre  na  mesma  pena  quem:  (Redação  dada  pela  Lei 
nº 13.008, de 26.6.2014) 
I ‐ pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos 
em lei;  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II  ‐  pratica  fato  assimilado,  em  lei  especial,  a  descami‐
nho;  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III  ‐  vende,  expõe  à  venda,  mantém  em  depósito  ou,  de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de  atividade  comercial  ou  industrial,  mercadoria  de  procedência 
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou 
fraudulentamente  ou  que  sabe  ser  produto  de  introdução 
clandestina  no  território  nacional  ou  de  importação  fraudulenta 
por  parte  de  outrem; (Redação  dada  pela  Lei  nº  13.008,  de 
26.6.2014) 
IV ‐ adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, 
no  exercício  de  atividade  comercial  ou  industrial,  merca‐doria  de 
procedência  estrangeira,  desacompanhada  de  documen‐tação 
legal  ou  acompanhada  de  documentos  que  sabe  serem 
falsos.  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  2o Equipara‐se  às  atividades  comerciais,  para  os  efeitos 
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino 
de  mercadorias  estrangeiras,  inclusive  o  exercido  em  residên‐
cias.  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  3o A  pena  aplica‐se  em  dobro  se  o  crime  de  descaminho  é 
praticado  em  transporte  aéreo,  marítimo  ou  fluvial.  (Redação 
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
 
 

102 
 

Contrabando 
Art.  334‐A.  Importar  ou  exportar  mercadoria  proibida: 
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.  (Incluído pela Lei 
nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  1o Incorre  na  mesma  pena  quem:  (Incluído  pela  Lei  nº 
13.008, de 26.6.2014) 
I  ‐  pratica  fato  assimilado,  em  lei  especial,  a  contrabando; 
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II  ‐  importa  ou  exporta  clandestinamente  mercadoria  que 
dependa  de  registro,  análise  ou  autorização  de  órgão  público 
competente;  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III  ‐  reinsere  no  território  nacional  mercadoria  brasileira 
destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
IV  ‐  vende,  expõe  à  venda,  mantém  em  depósito  ou,  de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela  lei 
brasileira;  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
V ‐ adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, 
no  exercício  de  atividade  comercial  ou  industrial,  mercadoria 
proibida  pela  lei  brasileira.  (Incluído  pela  Lei  nº  13.008,  de 
26.6.2014)§  2º  ‐  Equipara‐se  às  atividades  comerciais,  para  os 
efeitos  deste  artigo,  qualquer  forma  de  comércio  irregular  ou 
clandestino  de  mercadorias  estrangeiras,  inclusive  o  exercido  em 
residências.  (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) 
§ 3o A pena aplica‐se em dobro se o crime de contrabando é 
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela 
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência 
Art. 335 ‐ Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública 
ou  venda  em  hasta  pública,  promovida  pela  administra‐ção 
federal,  estadual  ou  municipal,  ou  por  entidade  paraestatal; 
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de 
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: 
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da 
pena correspondente à violência. 
Parágrafo único ‐ Incorre na mesma pena quem se abstém de 
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. 
Inutilização de edital ou de sinal 
Art.  336  ‐  Rasgar  ou,  de  qualquer  forma,  inutilizar  ou  cons‐
purcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou 
inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por 

103 
 

ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer 
objeto: 
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Subtração ou inutilização de livro ou documento 
Art.  337  ‐  Subtrair,  ou  inutilizar,  total  ou  parcialmente,  livro 
oficial,  processo  ou  documento  confiado  à  custódia  de  funcio‐
nário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: 
Pena ‐ reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui 
crime mais grave. 
Sonegação  de  contribuição  previdenciária (Incluído  pela  Lei 
nº 9.983, de 2000) 
Art.  337‐A.  Suprimir  ou  reduzir  contribuição  social  previ‐
denciária  e  qualquer  acessório,  mediante  as  seguintes  condutas: 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
I  –  omitir  de  folha  de  pagamento  da  empresa  ou  de  docu‐
mento  de  informações  previsto  pela  legislação  previdenciária 
segurados  empregado,  empresário,  trabalhador  avulso  ou 
trabalhador  autônomo  ou  a  este  equiparado  que  lhe  prestem 
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
II  –  deixar  de  lançar  mensalmente  nos  títulos  próprios  da 
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados 
ou  as  devidas  pelo  empregador  ou  pelo  tomador  de 
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
III  –  omitir,  total  ou  parcialmente,  receitas  ou  lucros  aufe‐
ridos,  remunerações  pagas  ou  creditadas  e  demais  fatos  gera‐
dores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§  1o É  extinta  a  punibilidade  se  o  agente,  espontaneamente, 
declara  e  confessa  as  contribuições,  importâncias  ou  valores  e 
presta  as  informações  devidas  à  previdência  social,  na  forma 
definida  em  lei  ou  regulamento,  antes  do  início  da  ação  fiscal. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§  2o É  facultado  ao  juiz  deixar  de  aplicar  a  pena  ou  aplicar 
somente  a  de  multa  se  o  agente  for  primário  e  de  bons 
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
II  –  o  valor  das  contribuições  devidas,  inclusive  acessórios, 
seja  igual  ou  inferior  àquele  estabelecido  pela  previdência  social, 
administrativamente,  como  sendo  o  mínimo  para  o  ajuizamento 
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§  3o Se  o  empregador  não  é  pessoa  jurídica  e  sua  folha  de 
pagamento  mensal  não  ultrapassa  R$  1.510,00  (um  mil, 

104 
 

quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço 
até  a  metade  ou  aplicar  apenas  a  de  multa. (Incluído  pela  Lei  nº 
9.983, de 2000) 
§  4o O  valor  a  que  se  refere  o  parágrafo  anterior  será 
reajustado  nas  mesmas  datas  e  nos  mesmos  índices  do  reajuste 
dos benefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
 
DIREITO PENAL 
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO 
PARTE GERAL 

TÍTULO VII 
 
        Homicídio simples 
        Art. 121. Matar alguém: 
        Pena ‐ reclusão, de seis a vinte anos. 
        Caso de diminuição de pena 
         §  1º  Se  o  agente  comete  o  crime  impelido  por  motivo  de 
relevante  valor  social  ou  moral,  ou  sob  o  domínio  de  violenta 
emoção,  logo  em  seguida  a  injusta  provocação  da  vítima,  o  juiz 
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
        Homicídio qualificado 
        § 2° Se o homicídio é cometido: 
        I ‐ mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe; 
        II ‐ por motivo fútil; 
        III ‐ com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura 
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum; 
         IV  ‐  à  traição,  de  emboscada,  ou  mediante  dissimulação  ou 
outro  recurso  que  dificulte  ou  torne  impossível  a  defesa  do 
ofendido; 
        V ‐ para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime: 
        Pena ‐ reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio  (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI  ‐  contra  a  mulher  por  razões  da  condição  de  sexo 
feminino:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 

105 
 

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 
da  Constituição  Federal, integrantes  do  sistema  prisional  e  da 
Força  Nacional  de  Segurança  Pública,  no  exercício  da  função  ou 
em  decorrência  dela,  ou  contra  seu  cônjuge,  companheiro  ou 
parente  consanguíneo  até  terceiro  grau,  em  razão  dessa 
condição:  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena ‐ reclusão, de doze a trinta anos. 
§  2o‐A  Considera‐se  que  há  razões  de  condição  de  sexo 
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
I ‐ violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, 
de 2015) 
II  ‐  menosprezo  ou  discriminação  à  condição  de  mulher. 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
        Homicídio culposo 
        § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
        Pena ‐ detenção, de um a três anos. 
        Aumento de pena 
        §  4o No  homicídio  culposo,  a  pena  é  aumentada  de  1/3  (um 
terço),  se  o  crime  resulta  de  inobservância  de  regra  técnica  de 
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato 
socorro  à  vítima,  não  procura  diminuir  as  conseqüências  do  seu 
ato,  ou  foge  para  evitar  prisão  em  flagrante.  Sendo  doloso  o 
homicídio,  a  pena  é  aumentada  de  1/3  (um  terço)  se  o  crime  é 
praticado  contra  pessoa  menor  de  14  (quatorze)  ou  maior  de  60 
(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
        § 5º ‐ Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar 
de  aplicar  a  pena,  se  as  conseqüências  da  infração  atingirem  o 
próprio  agente  de  forma  tão  grave  que  a  sanção  penal  se  torne 
desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
         § 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se 
o  crime  for  praticado  por  milícia  privada,  sob  o  pretexto  de 
prestação  de  serviço  de  segurança,  ou  por  grupo  de  extermínio. 
(Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até 
a metade se o crime for praticado:  (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
I  ‐  durante  a  gestação  ou  nos  3  (três)  meses  posteriores  ao 
parto;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II  ‐  contra  pessoa  menor  de  14  (catorze)  anos,  maior  de  60 
(sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 

106 
 

III  ‐  na  presença  de  descendente  ou  de  ascendente  da 


vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
Induzimento,  instigação  ou  auxílio  a  suicídio   ou  a 
automutilação   (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar‐se ou a praticar 
automutilação  ou  prestar‐lhe  auxílio  material  para  que  o 
faça:   (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Pena ‐ reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.   (Redação 
dada pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§  1º  Se  da  automutilação  ou  da  tentativa  de  suicídio  resulta 
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 
1º e 2º do art. 129 deste Código:   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 
2019) 
Pena ‐ reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.   (Incluído pela Lei 
nº 13.968, de 2019) 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta 
morte:    (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.   (Incluído pela Lei 
nº 13.968, de 2019) 
§  3º  A  pena  é  duplicada:   (Incluído  pela  Lei  nº  13.968,  de 
2019) 
I  ‐  se  o  crime  é  praticado  por  motivo  egoístico,  torpe  ou 
fútil;   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
II ‐ se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, 
a capacidade de resistência.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada 
por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida 
em tempo real.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§  5º  Aumenta‐se  a  pena  em  metade  se  o  agente  é  líder  ou 
coordenador  de  grupo  ou  de  rede  virtual.   (Incluído  pela  Lei  nº 
13.968, de 2019) 
§  6º  Se  o  crime  de  que  trata  o  §  1º  deste  artigo  resulta  em 
lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor 
de  14  (quatorze)  anos  ou  contra  quem,  por  enfermidade  ou 
deficiência  mental,  não  tem  o  necessário  discernimento  para  a 
prática  do  ato,  ou  que,  por  qualquer  outra  causa,  não  pode 
oferecer  resistência,  responde  o  agente  pelo  crime  descrito  no  § 
2º do art. 129 deste Código.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§  7º  Se  o  crime  de  que  trata  o  §  2º  deste  artigo  é  cometido 
contra  menor  de  14  (quatorze)  anos  ou  contra  quem  não  tem  o 
necessário  discernimento  para  a  prática  do  ato,  ou  que,  por 
qualquer  outra  causa,  não  pode  oferecer  resistência,  responde  o 

107 
 

agente  pelo  crime  de  homicídio,  nos  termos  do  art.  121  deste 
Código.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
         
Infanticídio 
         Art.  123  ‐  Matar,  sob  a  influência  do  estado  puerperal,  o 
próprio filho, durante o parto ou logo após: 
        Pena ‐ detenção, de dois a seis anos. 
        Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
         Art.  124  ‐  Provocar  aborto  em  si  mesma  ou  consentir  que 
outrem lho provoque:  (Vide ADPF 54) 
        Pena ‐ detenção, de um a três anos. 
        Aborto provocado por terceiro 
        Art. 125 ‐ Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
        Pena ‐ reclusão, de três a dez anos. 
         Art.  126  ‐  Provocar  aborto  com  o  consentimento  da 
gestante:  (Vide ADPF 54) 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos. 
         Parágrafo  único.  Aplica‐se  a  pena  do  artigo  anterior,  se  a 
gestante  não  é  maior  de  quatorze  anos,  ou  é  alienada  ou  debil 
mental,  ou  se  o  consentimento  é  obtido  mediante  fraude,  grave 
ameaça ou violência 
        Forma qualificada 
        Art. 127 ‐ As penas cominadas nos dois artigos anteriores são 
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos 
meios  empregados  para  provocá‐lo,  a  gestante  sofre  lesão 
corporal  de  natureza  grave;  e  são  duplicadas,  se,  por  qualquer 
dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
        Art. 128 ‐ Não se pune o aborto praticado por médico:  (Vide 
ADPF 54) 
        Aborto necessário 
        I ‐ se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
        Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
        II ‐ se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de 
consentimento  da  gestante  ou,  quando  incapaz,  de  seu 
representante legal. 
CAPÍTULO II 
DAS LESÕES CORPORAIS 
        Lesão corporal 
         Art.  129.  Ofender  a  integridade  corporal  ou  a  saúde  de 
outrem: 

108 
 

        Pena ‐ detenção, de três meses a um ano. 
        Lesão corporal de natureza grave 
        § 1º Se resulta: 
         I  ‐  Incapacidade  para  as  ocupações  habituais,  por  mais  de 
trinta dias; 
        II ‐ perigo de vida; 
        III ‐ debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
        IV ‐ aceleração de parto: 
        Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos. 
        § 2° Se resulta: 
        I ‐ Incapacidade permanente para o trabalho; 
        II ‐ enfermidade incurável; 
        III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
        IV ‐ deformidade permanente; 
        V ‐ aborto: 
        Pena ‐ reclusão, de dois a oito anos. 
        Lesão corporal seguida de morte 
         §  3°  Se  resulta  morte  e  as  circunstâncias  evidenciam  que  o 
agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí‐lo: 
        Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos. 
        Diminuição de pena 
         §  4°  Se  o  agente  comete  o  crime  impelido  por  motivo  de 
relevante  valor  social  ou  moral  ou  sob  o  domínio  de  violenta 
emoção,  logo  em  seguida  a  injusta  provocação  da  vítima,  o  juiz 
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
        Substituição da pena 
        § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a 
pena  de  detenção  pela  de  multa,  de  duzentos  mil  réis  a  dois 
contos de réis: 
        I ‐ se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
        II ‐ se as lesões são recíprocas. 
        Lesão corporal culposa 
        § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
        Pena ‐ detenção, de dois meses a um ano. 
        Aumento de pena 
        §  7o  Aumenta‐se  a  pena  de  1/3  (um  terço)  se  ocorrer 
qualquer  das  hipóteses  dos  §§  4o e  6o do  art.  121  deste  Código. 
(Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 

109 
 

         §  8º  ‐  Aplica‐se  à  lesão  culposa  o  disposto  no  §  5º  do  art. 
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) 
        Violência Doméstica    (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
        § 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, 
irmão,  cônjuge  ou  companheiro,  ou  com  quem  conviva  ou  tenha 
convivido,  ou,  ainda,  prevalecendo‐se  o  agente  das  relações 
domésticas,  de  coabitação  ou  de  hospitalidade: (Redação  dada 
pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena ‐ detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação 
dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
         §  10.  Nos  casos  previstos  nos  §§  1o a  3o deste  artigo,  se  as 
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta‐se a 
pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
         §  11.   Na  hipótese  do  §  9o deste  artigo,  a  pena  será 
aumentada  de  um  terço  se  o  crime  for  cometido  contra  pessoa 
portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§  12.  Se  a  lesão  for  praticada  contra  autoridade  ou  agente 
descrito  nos arts.  142 e 144  da  Constituição  Federal, integrantes 
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício  da  função  ou  em  decorrência  dela,  ou  contra  seu 
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, 
em  razão  dessa  condição,  a  pena  é  aumentada  de  um  a  dois 
terços.  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
CAPÍTULO III 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 
        Perigo de contágio venéreo 
         Art.  130  ‐  Expor  alguém,  por  meio  de  relações  sexuais  ou 
qualquer  ato  libidinoso,  a  contágio  de  moléstia  venérea,  de  que 
sabe ou deve saber que está contaminado: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
        § 1º ‐ Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
        § 2º ‐ Somente se procede mediante representação. 
        Perigo de contágio de moléstia grave 
        Art. 131 ‐ Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia 
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
        Perigo para a vida ou saúde de outrem 
        Art. 132 ‐ Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e 
iminente: 

110 
 

         Pena  ‐  detenção,  de  três  meses  a  um  ano,  se  o  fato  não 
constitui crime mais grave. 
        Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço 
se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do 
transporte  de  pessoas  para  a  prestação  de  serviços  em 
estabelecimentos  de  qualquer  natureza,  em  desacordo  com  as 
normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) 
        Abandono de incapaz  
         Art.  133  ‐  Abandonar  pessoa  que  está  sob  seu  cuidado, 
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz 
de defender‐se dos riscos resultantes do abandono: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos. 
         §  1º  ‐  Se  do  abandono  resulta  lesão  corporal  de  natureza 
grave: 
        Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos. 
        § 2º ‐ Se resulta a morte: 
        Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos. 
        Aumento de pena 
        § 3º ‐ As penas cominadas neste artigo aumentam‐se de um 
terço: 
        I ‐ se o abandono ocorre em lugar ermo; 
        II ‐ se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, 
tutor ou curador da vítima. 
        III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. (Incluído pela 
Lei nº 10.741, de 2003) 
        Exposição ou abandono de recém‐nascido 
         Art.  134  ‐  Expor  ou  abandonar  recém‐nascido,  para  ocultar 
desonra própria: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos. 
        § 1º ‐ Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
        Pena ‐ detenção, de um a três anos. 
        § 2º ‐ Se resulta a morte: 
        Pena ‐ detenção, de dois a seis anos. 
        Omissão de socorro 
        Art. 135 ‐ Deixar de prestar assistência, quando possível fazê‐
lo  sem  risco  pessoal,  à  criança  abandonada  ou  extraviada,  ou  à 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo;  ou  não  pedir,  nesses  casos,  o  socorro  da  autoridade 
pública: 
        Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa. 

111 
 

         Parágrafo  único  ‐  A  pena  é  aumentada  de  metade,  se  da 


omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se 
resulta a morte. 
        Condicionamento  de  atendimento  médico‐hospitalar 
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
         Art. 135‐A.   Exigir  cheque‐caução,  nota  promissória  ou 
qualquer  garantia,  bem  como  o  preenchimento  prévio  de 
formulários  administrativos,  como  condição  para  o  atendimento 
médico‐hospitalar  emergencial:   (Incluído  pela  Lei  nº  12.653,  de 
2012). 
         Pena  ‐  detenção,  de  3  (três)  meses  a  1  (um)  ano,  e 
multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
         Parágrafo  único.   A  pena  é  aumentada  até  o  dobro  se  da 
negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, 
e  até  o  triplo  se  resulta  a  morte. (Incluído  pela  Lei  nº  12.653,  de 
2012). 
        Maus‐tratos 
        Art. 136 ‐ Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua 
autoridade,  guarda  ou  vigilância,  para  fim  de  educação,  ensino, 
tratamento  ou  custódia,  quer  privando‐a  de  alimentação  ou 
cuidados indispensáveis, quer sujeitando‐a a trabalho excessivo ou 
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
        Pena ‐ detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
        § 1º ‐ Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos. 
        § 2º ‐ Se resulta a morte: 
        Pena ‐ reclusão, de quatro a doze anos. 
        § 3º ‐ Aumenta‐se a pena de um terço, se o crime é praticado 
contra  pessoa  menor  de  14  (catorze)  anos.  (Incluído  pela  Lei  nº 
8.069, de 1990) 
CAPÍTULO IV 
DA RIXA 
        Rixa 
         Art.  137  ‐  Participar  de  rixa,  salvo  para  separar  os 
contendores: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
         Parágrafo  único  ‐  Se  ocorre  morte  ou  lesão  corporal  de 
natureza grave, aplica‐se, pelo fato da participação na rixa, a pena 
de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
 

112 
 

TÍTULO II 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
CAPÍTULO I 
DO FURTO 
        Furto 
        Art. 155 ‐ Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
        § 1º ‐ A pena aumenta‐se de um terço, se o crime é praticado 
durante o repouso noturno. 
        § 2º ‐ Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa 
furtada,  o  juiz  pode  substituir  a  pena  de  reclusão  pela  de 
detenção,  diminuí‐la  de  um  a  dois  terços,  ou  aplicar  somente  a 
pena de multa. 
        § 3º ‐ Equipara‐se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer 
outra que tenha valor econômico. 
        Furto qualificado 
        § 4º ‐ A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o 
crime é cometido: 
         I  ‐  com  destruição  ou  rompimento  de  obstáculo  à  subtração 
da coisa; 
        II ‐ com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou 
destreza; 
        III ‐ com emprego de chave falsa; 
        IV ‐ mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
        §  4º‐A  A  pena  é  de  reclusão  de  4  (quatro)  a  10  (dez)  anos  e 
multa,  se  houver  emprego  de  explosivo  ou  de  artefato  análogo 
que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
        § 5º ‐ A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração 
for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro 
Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
        §  6o  A  pena  é  de  reclusão  de  2  (dois)  a  5  (cinco)  anos  se  a 
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que 
abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela 
Lei nº 13.330, de 2016) 
        §  7º   A  pena  é  de  reclusão  de  4  (quatro)  a  10  (dez)  anos  e 
multa,  se  a  subtração  for  de  substâncias  explosivas  ou  de 
acessórios  que,  conjunta  ou  isoladamente,  possibilitem  sua 

113 
 

fabricação,  montagem  ou  emprego. (Incluído  pela  Lei  nº  13.654, 


de 2018) 
        Furto de coisa comum 
        Art. 156 ‐ Subtrair o condômino, co‐herdeiro ou sócio, para si 
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
        § 1º ‐ Somente se procede mediante representação. 
         §  2º  ‐  Não  é  punível  a  subtração  de  coisa  comum  fungível, 
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. 
CAPÍTULO II 
DO ROUBO E DA EXTORSÃO 
        Roubo 
        Art. 157 ‐ Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê‐
la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
        Pena ‐ reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
        § 1º ‐ Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída 
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim 
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para 
si ou para terceiro. 
        §  2º   A  pena  aumenta‐se  de  1/3  (um  terço)  até 
metade:  (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
        I – (revogado);   (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
        II ‐ se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
        III ‐ se a vítima está em serviço de transporte de valores e o 
agente conhece tal circunstância. 
        IV ‐ se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior;   (Incluído pela 
Lei nº 9.426, de 1996) 
        V ‐ se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo 
sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
        VI  –  se  a  subtração  for  de  substâncias  explosivas  ou  de 
acessórios  que,  conjunta  ou  isoladamente,  possibilitem  sua 
fabricação,  montagem  ou  emprego. (Incluído  pela  Lei  nº  13.654, 
de 2018) 
        VII ‐ se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego 
de arma branca. (Incluído pela Lei 13.964/19) 

114 
 

        § 2º‐A A pena aumenta‐se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela 
Lei nº 13.654, de 2018) 
        I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma 
de fogo;  (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
        II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o 
emprego  de  explosivo  ou  de  artefato  análogo  que  cause  perigo 
comum.  (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
       §  2º‐B.  Se  a  violência  ou  grave  ameaça  é  exercida  com 
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica‐se 
em  dobro  a  pena  prevista  no  caput  deste  artigo.  (Incluído  pela 
Lei 13.964/19) 
        § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, 
de 2018) 
        I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 
(dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
        II  –  morte,  a  pena  é  de  reclusão  de  20  (vinte)  a  30  (trinta) 
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
        Extorsão 
         Art.  158  ‐  Constranger  alguém,  mediante  violência  ou  grave 
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida 
vantagem  econômica,  a  fazer,  tolerar  que  se  faça  ou  deixar  de 
fazer alguma coisa: 
        Pena ‐ reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
         §  1º  ‐  Se  o  crime  é  cometido  por  duas  ou  mais  pessoas,  ou 
com  emprego  de  arma,  aumenta‐se  a  pena  de  um  terço  até 
metade. 
         §  2º  ‐  Aplica‐se  à  extorsão  praticada  mediante  violência  o 
disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
§  3o   Se  o  crime  é  cometido  mediante  a  restrição  da 
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção 
da  vantagem  econômica,  a  pena  é  de  reclusão,  de  6  (seis)  a  12 
(doze)  anos,  além  da  multa;  se  resulta  lesão  corporal  grave  ou 
morte,  aplicam‐se  as  penas  previstas  no  art.  159,  §§  2o e  3o, 
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) 
        Extorsão mediante seqüestro 
        Art.  159  ‐  Seqüestrar  pessoa  com  o  fim  de  obter,  para  si  ou 
para  outrem,  qualquer  vantagem,  como  condição  ou  preço  do 

115 
 

resgate:  Vide  Lei  nº  8.072,  de  25.7.90  (Vide  Lei  nº  10.446,  de 
2002) 
        Pena ‐ reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei 
nº 8.072, de 25.7.1990) 
        § 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se 
o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) 
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.   Vide Lei 
nº 8.072, de 25.7.90  (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
        Pena ‐ reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei 
nº 8.072, de 25.7.1990) 
 
         §  2º  ‐  Se  do  fato  resulta  lesão  corporal  de  natureza 
grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
        Pena ‐ reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação 
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
        § 3º ‐ Se resulta a morte:  Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
        Pena  ‐  reclusão,  de  vinte  e  quatro  a  trinta  anos.  (Redação 
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
        § 4º ‐ Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que 
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, 
terá  sua  pena  reduzida  de  um  a  dois  terços.  (Redação  dada  pela 
Lei nº 9.269, de 1996) 
         Extorsão indireta 
         Art.  160  ‐  Exigir  ou  receber,  como  garantia  de  dívida, 
abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa 
a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: 
        Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa. 
CAPÍTULO III 
DA USURPAÇÃO 
        Alteração de limites 
         Art.  161  ‐  Suprimir  ou  deslocar  tapume, marco,  ou  qualquer 
outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar‐se, no todo 
ou em parte, de coisa imóvel alheia: 
        Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa. 
        § 1º ‐ Na mesma pena incorre quem: 
        Usurpação de águas 

116 
 

         I  ‐  desvia  ou  represa,  em  proveito  próprio  ou  de  outrem, 
águas alheias; 
        Esbulho possessório 
         II  ‐  invade,  com  violência  a  pessoa  ou  grave  ameaça,  ou 
mediante  concurso  de  mais  de  duas  pessoas,  terreno  ou  edifício 
alheio, para o fim de esbulho possessório. 
        § 2º ‐ Se o agente usa de violência, incorre também na pena a 
esta cominada. 
         §  3º  ‐  Se  a  propriedade  é  particular,  e  não  há  emprego  de 
violência, somente se procede mediante queixa. 
        Supressão ou alteração de marca em animais 
         Art.  162  ‐  Suprimir  ou  alterar,  indevidamente,  em  gado  ou 
rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
CAPÍTULO IV 
DO DANO 
        Dano 
        Art. 163 ‐ Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
        Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa. 
        Dano qualificado 
        Parágrafo único ‐ Se o crime é cometido: 
        I ‐ com violência à pessoa ou grave ameaça; 
        II ‐ com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o 
fato não constitui crime mais grave 
       III  ‐  contra  o  patrimônio  da  União,  de  Estado,  do  Distrito 
Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa 
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária 
de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017) 
        IV ‐ por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a 
vítima: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da 
pena correspondente à violência. 
        Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia 
        Art. 164 ‐ Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, 
sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte 
prejuízo: 

117 
 

        Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
        Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico 
        Art. 165 ‐ Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela 
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico 
ou histórico: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
        Alteração de local especialmente protegido 
         Art.  166  ‐  Alterar,  sem  licença  da  autoridade  competente,  o 
aspecto de local especialmente protegido por lei: 
        Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
        Ação penal 
        Art. 167 ‐ Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo 
e do art. 164, somente se procede mediante queixa. 
CAPÍTULO V 
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
        Apropriação indébita 
         Art.  168  ‐  Apropriar‐se  de  coisa  alheia  móvel,  de  que  tem  a 
posse ou a detenção: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
        Aumento de pena 
         §  1º  ‐  A  pena  é  aumentada  de  um  terço,  quando  o  agente 
recebeu a coisa: 
        I ‐ em depósito necessário; 
         II  ‐  na  qualidade  de  tutor,  curador,  síndico,  liquidatário, 
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; 
        III ‐ em razão de ofício, emprego ou profissão. 
         Apropriação  indébita  previdenciária (Incluído  pela  Lei  nº 
9.983, de 2000) 
        Art.  168‐A.  Deixar  de  repassar  à  previdência  social  as 
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal 
ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 

118 
 

        I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância 
destinada  à  previdência  social  que  tenha  sido  descontada  de 
pagamento  efetuado  a  segurados,  a  terceiros  ou  arrecadada  do 
público;  (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         II  –  recolher  contribuições  devidas  à  previdência  social  que 
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda 
de  produtos  ou  à  prestação  de  serviços;  (Incluído  pela  Lei  nº 
9.983, de 2000) 
        III ‐ pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas 
cotas  ou  valores  já  tiverem  sido  reembolsados  à  empresa  pela 
previdência social.  (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         §  2o É  extinta  a  punibilidade  se  o  agente,  espontaneamente, 
declara,  confessa  e  efetua  o  pagamento  das  contribuições, 
importâncias  ou  valores  e  presta  as  informações  devidas  à 
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes 
do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         §  3o É  facultado  ao  juiz  deixar  de  aplicar  a  pena  ou  aplicar 
somente  a  de  multa  se  o  agente  for  primário  e  de  bons 
antecedentes, desde que:  (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         I  –  tenha  promovido,  após  o  início  da  ação  fiscal  e  antes  de 
oferecida  a  denúncia,  o  pagamento  da  contribuição  social 
previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
         II  –  o  valor  das  contribuições  devidas,  inclusive  acessórios, 
seja  igual  ou  inferior  àquele  estabelecido  pela  previdência  social, 
administrativamente,  como  sendo  o  mínimo  para  o  ajuizamento 
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§  4o  A  faculdade  prevista  no  §  3o deste  artigo  não  se  aplica 
aos  casos  de  parcelamento  de  contribuições  cujo  valor,  inclusive 
dos  acessórios,  seja  superior  àquele  estabelecido, 
administrativamente,  como  sendo  o  mínimo  para  o  ajuizamento 
de suas execuções fiscais.   (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018) 
 
 
        Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força 
da natureza 
         Art.  169  ‐  Apropriar‐se  alguém  de  coisa  alheia  vinda  ao  seu 
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: 

119 
 

        Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
        Parágrafo único ‐ Na mesma pena incorre: 
        Apropriação de tesouro 
        I ‐ quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo 
ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; 
        Apropriação de coisa achada 
        II ‐ quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou 
parcialmente,  deixando  de  restituí‐la  ao  dono  ou  legítimo 
possuidor  ou  de  entregá‐la  à  autoridade  competente,  dentro  no 
prazo de quinze dias. 
         Art.  170  ‐  Nos  crimes  previstos  neste  Capítulo,  aplica‐se  o 
disposto no art. 155, § 2º. 
CAPÍTULO VI 
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES 
        Estelionato 
        Art. 171 ‐ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em 
prejuízo  alheio,  induzindo  ou  mantendo  alguém  em  erro, 
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
       Pena  ‐  reclusão,  de  um  a  cinco  anos,  e  multa,  de  quinhentos 
mil réis a dez contos de réis. 
         §  1º  ‐  Se  o  criminoso  é  primário,  e  é  de  pequeno  valor  o 
prejuízo,  o  juiz  pode  aplicar  a  pena  conforme  o  disposto  no  art. 
155, § 2º. 
        § 2º ‐ Nas mesmas penas incorre quem: 
        Disposição de coisa alheia como própria 
        I  ‐  vende,  permuta,  dá  em  pagamento,  em  locação  ou  em 
garantia coisa alheia como própria; 
        Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
        II  ‐ vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa 
própria  inalienável,  gravada  de  ônus  ou  litigiosa,  ou  imóvel  que 
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, 
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; 
        Defraudação de penhor 
        III ‐ defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor 
ou  por  outro  modo,  a  garantia  pignoratícia,  quando  tem  a  posse 
do objeto empenhado; 
        Fraude na entrega de coisa 

120 
 

         IV  ‐  defrauda  substância,  qualidade  ou  quantidade  de  coisa 


que deve entregar a alguém; 
        Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro 
        V ‐ destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou 
lesa  o  próprio  corpo  ou  a  saúde,  ou  agrava  as  consequências  da 
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de 
seguro; 
        Fraude no pagamento por meio de cheque 
         VI  ‐  emite  cheque,  sem  suficiente  provisão  de  fundos  em 
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
        § 3º ‐ A pena aumenta‐se de um terço, se o crime é cometido 
em  detrimento  de  entidade  de  direito  público  ou  de  instituto  de 
economia popular, assistência social ou beneficência. 
Estelionato contra idoso 
       §  4o   Aplica‐se  a  pena  em  dobro  se  o  crime  for  cometido 
contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) 
          § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se 
a vítima for: . (Incluído pela Lei 13.964/19). 
           I ‐ a Administração Pública, direta ou indireta; 

           II ‐ criança ou adolescente; 

           III ‐ pessoa com deficiência mental; ou 

IV ‐ maior de 70 anos de idade ou incapaz. 
         Duplicata simulada 
        Art. 172 ‐ Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não 
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, 
ou  ao  serviço  prestado. (Redação  dada  pela  Lei  nº  8.137,  de 
27.12.1990) 
         Pena  ‐  detenção,  de  2  (dois)  a  4  (quatro)  anos,  e 
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
         Parágrafo  único.  Nas  mesmas  penas  incorrerá  aquêle  que 
falsificar  ou  adulterar  a  escrituração  do  Livro  de  Registro  de 
Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) 
        Abuso de incapazes 
         Art.  173  ‐  Abusar,  em  proveito  próprio  ou  alheio,  de 
necessidade,  paixão  ou  inexperiência  de  menor,  ou  da  alienação 
ou  debilidade  mental  de  outrem,  induzindo  qualquer  deles  à 

121 
 

prática  de  ato  suscetível  de  produzir  efeito  jurídico,  em  prejuízo 
próprio ou de terceiro: 
        Pena ‐ reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
        Induzimento à especulação 
         Art.  174  ‐  Abusar,  em  proveito  próprio  ou  alheio,  da 
inexperiência  ou  da  simplicidade  ou  inferioridade  mental  de 
outrem, induzindo‐o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação 
com  títulos  ou  mercadorias,  sabendo  ou  devendo  saber  que  a 
operação é ruinosa: 
        Pena ‐ reclusão, de um a três anos, e multa. 
        Fraude no comércio 
         Art.  175  ‐  Enganar,  no  exercício  de  atividade  comercial,  o 
adquirente ou consumidor: 
         I  ‐  vendendo,  como  verdadeira  ou  perfeita,  mercadoria 
falsificada ou deteriorada; 
        II ‐ entregando uma mercadoria por outra: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
        § 1º ‐ Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou 
o  peso  de  metal  ou  substituir,  no  mesmo  caso,  pedra  verdadeira 
por  falsa  ou  por  outra  de  menor  valor;  vender  pedra  falsa  por 
verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: 
        Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
        § 2º ‐ É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. 
        Outras fraudes 
        Art. 176 ‐ Tomar refeição em restaurante, alojar‐se em hotel 
ou utilizar‐se de meio de transporte sem dispor de recursos para 
efetuar o pagamento: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
         Parágrafo  único  ‐  Somente  se  procede  mediante 
representação,  e  o  juiz  pode,  conforme  as  circunstâncias,  deixar 
de aplicar a pena. 
         Fraudes  e  abusos  na  fundação  ou  administração  de 
sociedade por ações 
         Art.  177  ‐  Promover  a  fundação  de  sociedade  por  ações, 
fazendo,  em  prospecto  ou  em  comunicação  ao  público  ou  à 
assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou 
ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: 

122 
 

        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não 
constitui crime contra a economia popular. 
        § 1º ‐ Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime 
contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951) 
        I ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, 
em  prospecto,  relatório,  parecer,  balanço  ou  comunicação  ao 
público  ou  à  assembleia,  faz  afirmação  falsa  sobre  as  condições 
econômicas  da  sociedade,  ou  oculta  fraudulentamente,  no  todo 
ou em parte, fato a elas relativo; 
        II ‐ o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer 
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; 
        III ‐ o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade 
ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres 
sociais, sem prévia autorização da assembleia geral; 
        IV ‐ o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da 
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; 
         V  ‐  o  diretor  ou  o  gerente  que,  como  garantia  de  crédito 
social,  aceita  em  penhor  ou  em  caução  ações  da  própria 
sociedade; 
         VI  ‐  o  diretor  ou  o  gerente  que,  na  falta  de  balanço,  em 
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou 
dividendos fictícios; 
         VII  ‐  o  diretor,  o  gerente  ou  o  fiscal  que,  por  interposta 
pessoa,  ou  conluiado  com  acionista,  consegue  a  aprovação  de 
conta ou parecer; 
        VIII ‐ o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; 
         IX  ‐  o  representante  da  sociedade  anônima  estrangeira, 
autorizada  a  funcionar  no  País,  que  pratica  os  atos  mencionados 
nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. 
        § 2º ‐ Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, 
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para 
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral. 
        Emissão  irregular  de  conhecimento  de  depósito  ou 
"warrant" 
         Art.  178  ‐  Emitir  conhecimento  de  depósito  ou  warrant,  em 
desacordo com disposição legal: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
        Fraude à execução 

123 
 

        Art. 179 ‐ Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo 
ou danificando bens, ou simulando dívidas: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
        Parágrafo único ‐ Somente se procede mediante queixa. 
CAPÍTULO VII 
DA RECEPTAÇÃO 
        Receptação 
        Art. 180 ‐ Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, 
em  proveito  próprio  ou  alheio,  coisa  que  sabe  ser  produto  de 
crime, ou influir para que terceiro, de boa‐fé, a adquira, receba ou 
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
         Receptação  qualificada (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.426,  de 
1996) 
        § 1º ‐ Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em 
depósito,  desmontar,  montar,  remontar,  vender,  expor  à  venda, 
ou  de  qualquer  forma  utilizar,  em  proveito  próprio  ou  alheio,  no 
exercício  de  atividade  comercial  ou  industrial,  coisa  que  deve 
saber  ser  produto  de  crime:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.426,  de 
1996) 
        Pena ‐ reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
         §  2º  ‐  Equipara‐se  à  atividade  comercial,  para  efeito  do 
parágrafo  anterior,  qualquer  forma  de  comércio  irregular  ou 
clandestino,  inclusive  o  exercício  em  residência.  (Redação  dada 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
        § 3º ‐ Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela 
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a 
oferece,  deve  presumir‐se  obtida  por  meio  criminoso: (Redação 
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
        Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as 
penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
         §  4º  ‐  A  receptação  é  punível,  ainda  que  desconhecido  ou 
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação 
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
        § 5º ‐ Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o 
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a 

124 
 

pena.  Na  receptação  dolosa  aplica‐se  o  disposto  no  §  2º  do  art. 
155.  (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
        § 6o  Tratando‐se de bens do patrimônio da União, de Estado, 
do  Distrito  Federal,  de  Município  ou  de  autarquia,  fundação 
pública,  empresa  pública,  sociedade  de  economia  mista  ou 
empresa concessionária de serviços públicos, aplica‐se em dobro a 
pena  prevista  no caput deste  artigo. (Redação  dada  pela  Lei  nº 
13.531, de 2017) 
         Receptação de animal 
Art. 180‐A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, 
ter  em  depósito  ou  vender,  com  a  finalidade  de  produção  ou  de 
comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que 
abatido  ou  dividido  em  partes,  que  deve  saber  ser  produto  de 
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
Pena  ‐  reclusão,  de  2  (dois)  a  5  (cinco)  anos,  e 
multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
 
TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES PRATICADOS 
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
 
        Peculato 
         Art.  312  ‐  Apropriar‐se  o  funcionário  público  de  dinheiro, 
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que 
tem a posse em razão do cargo, ou desviá‐lo, em proveito próprio 
ou alheio: 
        Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
         §  1º  ‐  Aplica‐se  a  mesma  pena,  se  o  funcionário  público, 
embora  não  tendo  a  posse  do  dinheiro,  valor  ou  bem,  o  subtrai, 
ou  concorre  para  que  seja  subtraído,  em  proveito  próprio  ou 
alheio,  valendo‐se  de  facilidade  que  lhe  proporciona  a  qualidade 
de funcionário. 
        Peculato culposo 
         §  2º  ‐  Se  o  funcionário  concorre  culposamente  para  o  crime 
de outrem: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a um ano. 

125 
 

        § 3º ‐ No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se 
precede  à  sentença  irrecorrível,  extingue  a  punibilidade;  se  lhe  é 
posterior, reduz de metade a pena imposta. 
        Peculato mediante erro de outrem 
        Art. 313 ‐ Apropriar‐se de dinheiro ou qualquer utilidade que, 
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
         Inserção  de  dados  falsos  em  sistema  de 
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        Art.  313‐A.  Inserir  ou  facilitar,  o  funcionário  autorizado,  a 
inserção  de  dados  falsos,  alterar  ou  excluir  indevidamente  dados 
corretos  nos  sistemas  informatizados  ou  bancos  de  dados  da 
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para 
si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000)) 
         Pena  –  reclusão,  de  2  (dois)  a  12  (doze)  anos,  e 
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         Modificação  ou  alteração  não  autorizada  de  sistema  de 
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        Art.  313‐B.  Modificar  ou  alterar,  o  funcionário,  sistema  de 
informações  ou  programa  de  informática  sem  autorização  ou 
solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
         Pena  –  detenção,  de  3  (três)  meses  a  2  (dois)  anos,  e 
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a 
metade  se  da  modificação  ou  alteração  resulta  dano  para  a 
Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
        Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
         Art.  314  ‐  Extraviar  livro  oficial  ou  qualquer  documento,  de 
que  tem  a  guarda  em  razão  do  cargo;  sonegá‐lo  ou  inutilizá‐lo, 
total ou parcialmente: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui 
crime mais grave. 
        Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
        Art. 315 ‐ Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa 
da estabelecida em lei: 
        Pena ‐ detenção, de um a três meses, ou multa. 
        Concussão 

126 
 

         Art.  316  ‐  Exigir,  para  si  ou  para  outrem,  direta  ou 
indiretamente,  ainda  que  fora  da  função  ou  antes  de  assumi‐la, 
mas em razão dela, vantagem indevida: 
        Pena ‐ reclusão, de 2 a 8 anos, e multa (incluído pela 
Lei13964/19) 
 
        Excesso de exação 
        § 1º ‐ Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que 
sabe  ou  deveria  saber  indevido,  ou,  quando  devido,  emprega  na 
cobrança  meio  vexatório  ou  gravoso,  que  a  lei  não 
autoriza:  (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
        Pena ‐ reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação 
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
         §  2º  ‐  Se  o  funcionário  desvia,  em  proveito  próprio  ou  de 
outrem,  o  que  recebeu  indevidamente  para  recolher  aos  cofres 
públicos: 
        Pena ‐ reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
        Corrupção passiva 
        Art. 317 ‐ Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta 
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi‐la, 
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem: 
         Pena  –  reclusão,  de  2  (dois)  a  12  (doze)  anos,  e 
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
        § 1º ‐ A pena é aumentada de um terço, se, em consequência 
da  vantagem  ou  promessa,  o  funcionário  retarda  ou  deixa  de 
praticar  qualquer  ato  de  ofício  ou  o  pratica  infringindo  dever 
funcional. 
         §  2º  ‐  Se  o  funcionário  pratica,  deixa  de  praticar  ou  retarda 
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido 
ou influência de outrem: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
        Facilitação de contrabando ou descaminho 
        Art. 318 ‐ Facilitar, com infração de dever funcional, a prática 
de contrabando ou descaminho (art. 334): 
        Pena ‐ reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação 
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
        Prevaricação 
        Art. 319 ‐ Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato 
de  ofício,  ou  praticá‐lo  contra  disposição  expressa  de  lei,  para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, e multa. 

127 
 

         Art.  319‐A.   Deixar  o  Diretor  de  Penitenciária  e/ou  agente 


público,  de  cumprir  seu  dever  de  vedar  ao  preso  o  acesso  a 
aparelho  telefônico,  de  rádio  ou  similar,  que  permita  a 
comunicação  com  outros  presos  ou  com  o  ambiente 
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). 
        Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
        Condescendência criminosa 
         Art.  320  ‐  Deixar  o  funcionário,  por  indulgência,  de 
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do 
cargo  ou,  quando  lhe  falte  competência,  não  levar  o  fato  ao 
conhecimento da autoridade competente: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
        Advocacia administrativa 
         Art.  321  ‐  Patrocinar,  direta  ou  indiretamente,  interesse 
privado perante a administração pública, valendo‐se da qualidade 
de funcionário: 
        Pena ‐ detenção, de um a três meses, ou multa. 
        Parágrafo único ‐ Se o interesse é ilegítimo: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
        Violência arbitrária 
         Art.  322  ‐  Praticar  violência,  no  exercício  de  função  ou  a 
pretexto de exercê‐la: 
         Pena  ‐  detenção,  de  seis  meses  a  três  anos,  além  da  pena 
correspondente à violência. 
        Abandono de função 
        Art. 323 ‐ Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos 
em lei: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
        § 1º ‐ Se do fato resulta prejuízo público: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a um ano, e multa. 
         §  2º  ‐  Se  o  fato  ocorre  em  lugar  compreendido  na  faixa  de 
fronteira: 
        Pena ‐ detenção, de um a três anos, e multa. 
        Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
         Art.  324  ‐  Entrar  no  exercício  de  função  pública  antes  de 
satisfeitas  as  exigências  legais,  ou  continuar  a  exercê‐la,  sem 
autorização,  depois  de  saber  oficialmente  que  foi  exonerado, 
removido, substituído ou suspenso: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
        Violação de sigilo funcional 

128 
 

        Art. 325 ‐ Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo 
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar‐lhe a revelação: 
         Pena  ‐  detenção,  de  seis  meses  a  dois  anos,  ou  multa,  se  o 
fato não constitui crime mais grave. 
         §  1o Nas  mesmas  penas  deste  artigo  incorre  quem: (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         I  –  permite  ou  facilita,  mediante  atribuição,  fornecimento  e 
empréstimo  de  senha  ou  qualquer  outra  forma,  o  acesso  de 
pessoas  não  autorizadas  a  sistemas  de  informações  ou  banco  de 
dados  da  Administração  Pública; (Incluído  pela  Lei  nº  9.983,  de 
2000) 
        II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
         §  2o Se  da  ação  ou  omissão  resulta  dano  à  Administração 
Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        Violação do sigilo de proposta de concorrência 
         Art.  326  ‐  Devassar  o  sigilo  de  proposta  de  concorrência 
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá‐lo: 
        Pena ‐ Detenção, de três meses a um ano, e multa. 
        Funcionário público 
         Art.  327  ‐  Considera‐se  funcionário  público,  para  os  efeitos 
penais,  quem,  embora  transitoriamente  ou  sem  remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública. 
         §  1º  ‐  Equipara‐se  a  funcionário  público  quem  exerce  cargo, 
emprego  ou  função  em  entidade  paraestatal,  e  quem  trabalha 
para  empresa  prestadora  de  serviço  contratada  ou  conveniada 
para  a  execução  de  atividade  típica  da  Administração  Pública. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        §  2º  ‐  A  pena  será  aumentada  da  terça  parte  quando  os 
autores  dos  crimes  previstos  neste  Capítulo  forem  ocupantes  de 
cargos em comissão ou  de função de direção ou assessoramento 
de  órgão  da  administração  direta,  sociedade  de  economia  mista, 
empresa  pública  ou  fundação  instituída  pelo  poder 
público.(Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) 
CAPÍTULO II 
DOS CRIMES PRATICADOS POR 
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
        Usurpação de função pública 
        Art. 328 ‐ Usurpar o exercício de função pública: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, e multa. 

129 
 

        Parágrafo único ‐ Se do fato o agente aufere vantagem: 
        Pena ‐ reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
        Resistência 
        Art. 329 ‐ Opor‐se à execução de ato legal, mediante violência 
ou ameaça a funcionário competente para executá‐lo ou a quem 
lhe esteja prestando auxílio: 
        Pena ‐ detenção, de dois meses a dois anos. 
        § 1º ‐ Se o ato, em razão da resistência, não se executa: 
        Pena ‐ reclusão, de um a três anos. 
         §  2º  ‐  As  penas  deste  artigo  são  aplicáveis  sem  prejuízo  das 
correspondentes à violência. 
        Desobediência 
        Art. 330 ‐ Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
        Desacato 
         Art.  331  ‐  Desacatar  funcionário  público  no  exercício  da 
função ou em razão dela: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
         Tráfico  de  Influência (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.127,  de 
1995) 
        Art.  332  ‐  Solicitar,  exigir,  cobrar  ou  obter,  para  si  ou  para 
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir 
em  ato  praticado  por  funcionário  público  no  exercício  da 
função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
        Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação 
dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
        Parágrafo único ‐ A pena é aumentada da metade, se o agente 
alega  ou  insinua  que  a  vantagem  é  também  destinada  ao 
funcionário.  (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
        Corrupção ativa 
         Art.  333  ‐  Oferecer  ou  prometer  vantagem  indevida  a 
funcionário  público,  para  determiná‐lo  a  praticar,  omitir  ou 
retardar ato de ofício: 
         Pena  –  reclusão,  de  2  (dois)  a  12  (doze)  anos,  e 
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
         Parágrafo  único  ‐  A  pena  é  aumentada  de  um  terço,  se,  em 
razão  da  vantagem  ou  promessa,  o  funcionário  retarda  ou  omite 
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 
        Descaminho 

130 
 

Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito 
ou  imposto  devido  pela  entrada,  pela  saída  ou  pelo  consumo  de 
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena  ‐  reclusão,  de  1  (um)  a  4  (quatro)  anos.  (Redação  dada 
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  1o  Incorre  na  mesma  pena  quem:  (Redação  dada  pela  Lei 
nº 13.008, de 26.6.2014) 
I ‐ pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos 
em lei;  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II  ‐  pratica  fato  assimilado,  em  lei  especial,  a 
descaminho;  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III  ‐  vende,  expõe  à  venda,  mantém  em  depósito  ou,  de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de  atividade  comercial  ou  industrial,  mercadoria  de  procedência 
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou 
fraudulentamente  ou  que  sabe  ser  produto  de  introdução 
clandestina  no  território  nacional  ou  de  importação  fraudulenta 
por  parte  de  outrem; (Redação  dada  pela  Lei  nº  13.008,  de 
26.6.2014) 
IV ‐ adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, 
no  exercício  de  atividade  comercial  ou  industrial,  mercadoria  de 
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal 
ou  acompanhada  de  documentos  que  sabe  serem 
falsos.  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  2o Equipara‐se  às  atividades  comerciais,  para  os  efeitos 
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino 
de  mercadorias  estrangeiras,  inclusive  o  exercido  em 
residências.  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  3o A  pena  aplica‐se  em  dobro  se  o  crime  de  descaminho  é 
praticado  em  transporte  aéreo,  marítimo  ou  fluvial.  (Redação 
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Contrabando 
Art.  334‐A.  Importar  ou  exportar  mercadoria 
proibida:  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena ‐ reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei 
nº 13.008, de 26.6.2014) 
§  1o Incorre  na  mesma  pena  quem:  (Incluído  pela  Lei  nº 
13.008, de 26.6.2014) 
I  ‐  pratica  fato  assimilado,  em  lei  especial,  a 
contrabando;  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II  ‐  importa  ou  exporta  clandestinamente  mercadoria  que 
dependa  de  registro,  análise  ou  autorização  de  órgão  público 
competente;  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 

131 
 

III  ‐  reinsere  no  território  nacional  mercadoria  brasileira 


destinada  à  exportação;  (Incluído  pela  Lei  nº  13.008,  de 
26.6.2014) 
IV  ‐  vende,  expõe  à  venda,  mantém  em  depósito  ou,  de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela  lei 
brasileira;  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
V ‐ adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, 
no  exercício  de  atividade  comercial  ou  industrial,  mercadoria 
proibida  pela  lei  brasileira.  (Incluído  pela  Lei  nº  13.008,  de 
26.6.2014)§  2º  ‐  Equipara‐se  às  atividades  comerciais,  para  os 
efeitos  deste  artigo,  qualquer  forma  de  comércio  irregular  ou 
clandestino  de  mercadorias  estrangeiras,  inclusive  o  exercido  em 
residências.  (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) 
§ 3o A pena aplica‐se em dobro se o crime de contrabando é 
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela 
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência 
Art. 335 ‐ Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública 
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, 
estadual  ou  municipal,  ou  por  entidade  paraestatal;  afastar  ou 
procurar  afastar  concorrente  ou  licitante,  por  meio  de  violência, 
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: 
Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da 
pena correspondente à violência. 
Parágrafo único ‐ Incorre na mesma pena quem se abstém de 
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. 
Inutilização de edital ou de sinal 
Art.  336  ‐  Rasgar  ou,  de  qualquer  forma,  inutilizar  ou 
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar 
ou  inutilizar  selo  ou  sinal  empregado,  por  determinação  legal  ou 
por  ordem  de  funcionário  público,  para  identificar  ou  cerrar 
qualquer objeto: 
Pena ‐ detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Subtração ou inutilização de livro ou documento 
Art.  337  ‐  Subtrair,  ou  inutilizar,  total  ou  parcialmente,  livro 
oficial,  processo  ou  documento  confiado  à  custódia  de 
funcionário,  em  razão  de  ofício,  ou  de  particular  em  serviço 
público: 
      Pena ‐ reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui 
crime mais grave. 
         Sonegação  de  contribuição  previdenciária (Incluído  pela  Lei 
nº 9.983, de 2000) 

132 
 

        Art.  337‐A.  Suprimir  ou  reduzir  contribuição  social 


previdenciária  e  qualquer  acessório,  mediante  as  seguintes 
condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         I  –  omitir  de  folha  de  pagamento  da  empresa  ou  de 
documento de informações previsto pela legislação previdenciária 
segurados  empregado,  empresário,  trabalhador  avulso  ou 
trabalhador  autônomo  ou  a  este  equiparado  que  lhe  prestem 
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         II  –  deixar  de  lançar  mensalmente  nos  títulos  próprios  da 
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados 
ou  as  devidas  pelo  empregador  ou  pelo  tomador  de 
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         III  –  omitir,  total  ou  parcialmente,  receitas  ou  lucros 
auferidos,  remunerações  pagas  ou  creditadas  e  demais  fatos 
geradores  de  contribuições  sociais  previdenciárias: (Incluído  pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         §  1o É  extinta  a  punibilidade  se  o  agente,  espontaneamente, 
declara  e  confessa  as  contribuições,  importâncias  ou  valores  e 
presta  as  informações  devidas  à  previdência  social,  na  forma 
definida  em  lei  ou  regulamento,  antes  do  início  da  ação 
fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         §  2o É  facultado  ao  juiz  deixar  de  aplicar  a  pena  ou  aplicar 
somente  a  de  multa  se  o  agente  for  primário  e  de  bons 
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
        I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         II  –  o  valor  das  contribuições  devidas,  inclusive  acessórios, 
seja  igual  ou  inferior  àquele  estabelecido  pela  previdência  social, 
administrativamente,  como  sendo  o  mínimo  para  o  ajuizamento 
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
         §  3o Se  o  empregador  não  é  pessoa  jurídica  e  sua  folha  de 
pagamento  mensal  não  ultrapassa  R$  1.510,00  (um  mil, 
quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço 
até  a  metade  ou  aplicar  apenas  a  de  multa. (Incluído  pela  Lei  nº 
9.983, de 2000) 
         §  4o O  valor  a  que  se  refere  o  parágrafo  anterior  será 
reajustado  nas  mesmas  datas  e  nos  mesmos  índices  do  reajuste 
dos benefícios da previdência social.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
CAPÍTULO II‐A  
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) 
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA  
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA 

133 
 

        Corrupção ativa em transação comercial internacional 
         Art.  337‐B.  Prometer,  oferecer  ou  dar,  direta  ou 
indiretamente,  vantagem  indevida  a  funcionário  público 
estrangeiro,  ou  a  terceira  pessoa,  para  determiná‐lo  a  praticar, 
omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial 
internacional:  (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
        Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
        Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, 
em  razão  da  vantagem  ou  promessa,  o  funcionário  público 
estrangeiro  retarda  ou  omite  o  ato  de  ofício,  ou  o  pratica 
infringindo  dever  funcional. (Incluído  pela  Lei  nº  10467,  de 
11.6.2002) 
         Tráfico  de  influência  em  transação  comercial 
internacional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
         Art.  337‐C.  Solicitar,  exigir,  cobrar  ou  obter,  para  si  ou  para 
outrem,  direta  ou  indiretamente,  vantagem  ou  promessa  de 
vantagem  a  pretexto  de  influir  em  ato  praticado  por  funcionário 
público  estrangeiro  no  exercício  de  suas  funções,  relacionado  a 
transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 
11.6.2002) 
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
        Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente 
alega  ou  insinua  que  a  vantagem  é  também  destinada  a 
funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
         Funcionário  público  estrangeiro (Incluído  pela  Lei  nº  10467, 
de 11.6.2002) 
       Art. 337‐D. Considera‐se funcionário público estrangeiro, para 
os  efeitos  penais,  quem,  ainda  que  transitoriamente  ou  sem 
remuneração,  exerce  cargo,  emprego  ou  função  pública  em 
entidades  estatais  ou  em  representações  diplomáticas  de  país 
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
        Parágrafo único. Equipara‐se a funcionário público estrangeiro 
quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, 
diretamente  ou  indiretamente,  pelo  Poder  Público  de  país 
estrangeiro  ou  em  organizações  públicas  internacionais. (Incluído 
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
CAPÍTULO III 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
        Reingresso de estrangeiro expulso 
        Art. 338 ‐ Reingressar no território nacional o estrangeiro que 
dele foi expulso: 

134 
 

        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova 
expulsão após o cumprimento da pena. 
        Denunciação caluniosa 
        Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de 
processo  judicial,  instauração  de  investigação  administrativa, 
inquérito  civil  ou  ação  de  improbidade  administrativa  contra 
alguém,  imputando‐lhe  crime  de  que  o  sabe  inocente: (Redação 
dada pela Lei nº 10.028, de 2000) 
        Pena ‐ reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
         §  1º  ‐  A  pena  é  aumentada  de  sexta  parte,  se  o  agente  se 
serve de anonimato ou de nome suposto. 
         §  2º  ‐  A  pena  é  diminuída  de  metade,  se  a  imputação  é  de 
prática de contravenção. 
        Comunicação falsa de crime ou de contravenção 
        Art. 340 ‐ Provocar a ação de autoridade, comunicando‐lhe a 
ocorrência  de  crime  ou  de  contravenção  que  sabe  não  se  ter 
verificado: 
        Pena ‐ detenção, de um a seis meses, ou multa. 
        Auto‐acusação falsa 
         Art.  341  ‐  Acusar‐se,  perante  a  autoridade,  de  crime 
inexistente ou praticado por outrem: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
        Falso testemunho ou falsa perícia 
         Art.  342.  Fazer  afirmação  falsa,  ou  negar  ou  calar  a  verdade 
como  testemunha,  perito,  contador,  tradutor  ou  intérprete  em 
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo 
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
        Pena  ‐  reclusão,  de  2  (dois)  a  4  (quatro)  anos,  e  multa. 
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) 
         §  1o As  penas  aumentam‐se  de  um  sexto  a  um  terço,  se  o 
crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de 
obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em 
processo civil em que for parte entidade da administração pública 
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
         §  2o O  fato  deixa  de  ser  punível  se,  antes  da  sentença  no 
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a 
verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
         Art.  343.  Dar,  oferecer  ou  prometer  dinheiro  ou  qualquer 
outra  vantagem  a  testemunha,  perito,  contador,  tradutor  ou 
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em 
depoimento,  perícia,  cálculos,  tradução  ou  interpretação: 
(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 

135 
 

        Pena ‐ reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada 
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
         Parágrafo  único.  As  penas  aumentam‐se  de  um  sexto  a  um 
terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a 
produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for 
parte  entidade  da  administração  pública  direta  ou 
indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
        Coação no curso do processo 
         Art.  344  ‐  Usar  de  violência  ou  grave  ameaça,  com  o  fim  de 
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou 
qualquer  outra  pessoa  que  funciona  ou  é  chamada  a  intervir  em 
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: 
        Pena ‐ reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência. 
        Exercício arbitrário das próprias razões 
         Art.  345  ‐  Fazer  justiça  pelas  próprias  mãos,  para  satisfazer 
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da 
pena correspondente à violência. 
        Parágrafo único ‐ Se não há emprego de violência, somente se 
procede mediante queixa. 
         Art.  346  ‐  Tirar,  suprimir,  destruir  ou  danificar  coisa  própria, 
que  se  acha  em  poder  de  terceiro  por  determinação  judicial  ou 
convenção: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
        Fraude processual 
        Art. 347 ‐ Inovar artificiosamente, na pendência de processo 
civil ou administrativo,  o estado de lugar, de coisa ou de  pessoa, 
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
         Parágrafo  único  ‐  Se  a  inovação  se  destina  a  produzir  efeito 
em  processo  penal,  ainda  que  não  iniciado,  as  penas  aplicam‐se 
em dobro. 
        Favorecimento pessoal 
        Art. 348 ‐ Auxiliar a subtrair‐se à ação de autoridade pública 
autor de crime a que é cominada pena de reclusão: 
        Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa. 
        § 1º ‐ Se ao crime não é cominada pena de reclusão: 
        Pena ‐ detenção, de quinze dias a três meses, e multa. 
         §  2º  ‐  Se  quem  presta  o  auxílio  é  ascendente,  descendente, 
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. 
        Favorecimento real 

136 
 

        Art. 349 ‐ Prestar a criminoso, fora dos casos de co‐autoria ou 
de  receptação,  auxílio  destinado  a  tornar  seguro  o  proveito  do 
crime: 
        Pena ‐ detenção, de um a seis meses, e multa. 
        Art.  349‐A.   Ingressar,  promover,  intermediar,  auxiliar  ou 
facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, 
de  rádio  ou  similar,  sem  autorização  legal,  em  estabelecimento 
prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
        Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela 
Lei nº 12.012, de 2009). 
        Exercício arbitrário ou abuso de poder 
        Art. 350 ‐ Ordenar ou executar medida privativa de liberdade 
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder: 
        Pena ‐ detenção, de um mês a um ano. 
        Parágrafo único ‐ Na mesma pena incorre o funcionário que: 
         I  ‐  ilegalmente  recebe  e  recolhe  alguém  a  prisão,  ou  a 
estabelecimento  destinado  a  execução  de  pena  privativa  de 
liberdade ou de medida de segurança; 
        II ‐ prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, 
deixando  de  expedir  em  tempo  oportuno  ou  de  executar 
imediatamente a ordem de liberdade; 
         III  ‐  submete  pessoa  que  está  sob  sua  guarda  ou  custódia  a 
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; 
        IV ‐ efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. 
        Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança 
        Art. 351 ‐ Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente 
presa ou submetida a medida de segurança detentiva: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a dois anos. 
        § 1º ‐ Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de 
uma  pessoa,  ou  mediante  arrombamento,  a  pena  é  de  reclusão, 
de dois a seis anos. 
         §  2º  ‐  Se  há  emprego  de  violência  contra  pessoa,  aplica‐se 
também a pena correspondente à violência. 
        § 3º ‐ A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é 
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou 
o internado. 
        § 4º ‐ No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia 
ou guarda, aplica‐se a pena de detenção, de três meses a um ano, 
ou multa. 
        Evasão mediante violência contra a pessoa 
        Art. 352 ‐ Evadir‐se ou tentar evadir‐se o preso ou o indivíduo 
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência 
contra a pessoa: 

137 
 

         Pena  ‐  detenção,  de  três  meses  a  um  ano,  além  da  pena 
correspondente à violência. 
        Arrebatamento de preso 
        Art. 353 ‐ Arrebatar preso, a fim de maltratá‐lo, do poder de 
quem o tenha sob custódia ou guarda: 
         Pena  ‐  reclusão,  de  um  a  quatro  anos,  além  da  pena 
correspondente à violência. 
        Motim de presos 
         Art.  354  ‐  Amotinarem‐se  presos,  perturbando  a  ordem  ou 
disciplina da prisão: 
         Pena  ‐  detenção,  de  seis  meses  a  dois  anos,  além  da  pena 
correspondente à violência. 
        Patrocínio infiel 
        Art.  355 ‐  Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o 
dever  profissional,  prejudicando  interesse,  cujo  patrocínio,  em 
juízo, lhe é confiado: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
        Patrocínio simultâneo ou tergiversação 
        Parágrafo único ‐ Incorre na pena deste artigo o advogado ou 
procurador  judicial  que  defende  na  mesma  causa,  simultânea  ou 
sucessivamente, partes contrárias. 
        Sonegação de papel ou objeto de valor probatório 
         Art.  356  ‐  Inutilizar,  total  ou  parcialmente,  ou  deixar  de 
restituir  autos,  documento  ou  objeto  de  valor  probatório,  que 
recebeu na qualidade de advogado ou procurador: 
        Pena ‐ detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
 
         
Exploração de prestígio 
         Art.  357  ‐  Solicitar  ou  receber  dinheiro  ou  qualquer  outra 
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério 
Público,  funcionário  de  justiça,  perito,  tradutor,  intérprete  ou 
testemunha: 
        Pena ‐ reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
         Parágrafo  único  ‐  As  penas  aumentam‐se  de  um  terço,  se  o 
agente  alega  ou  insinua  que  o  dinheiro  ou  utilidade  também  se 
destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. 
        Violência ou fraude em arrematação judicial 
        Art. 358 ‐ Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; 
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de 
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: 

138 
 

        Pena ‐ detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da 
pena correspondente à violência. 
         Desobediência  a  decisão  judicial  sobre  perda  ou  suspensão 
de direito 
         Art.  359  ‐  Exercer  função,  atividade,  direito,  autoridade  ou 
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: 
        Pena ‐ detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
 
 
 
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