Homicídio simples: “Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos”.
Bem jurídico tutelado (objeto jurídico): vida humana.
B – Homicídio privilegiado (§1º - caso de diminuição de pena): “§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. C – Homicídio qualificado (§2º):
O §2º do art. 121 descreve qualificadoras, sendo que umas
estão ligadas aos motivos determinantes do crime, indicativos de depravação espiritual do agente (incisos I, II, V, VI e VII – circunstâncias subjetivas), e outras com o modo perverso que acompanham o ato ou fato em prática (incisos III e IV – circunstâncias objetivas). I – Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: Motivo torpe= ignóbil, vil, repugnante, abjeto. # - A qualificadora em estudo se comunica ao mandante? É circunstância simples ou elementar do crime? 1ª C: Não necessariamente se comunica ao mandante. Ex: pai que manda matar traficante da região que estuprou sua filha de 15 anos – pai responderá por homicídio simples, com a diminuição de pena relativa ao motivo de relevante valor moral; já o executor pela modalidade qualificada em estudo (Rogério Greco); 2ª C: Entende que é elementar do crime e, portanto, se comunica ao mandante (Tribunais Superiores). # - A vingança é motivo torpe?
R: Depende. A constatação de vingança, por si só, não tem
o condão de aplicar a qualificadora em estudo, necessitando de análise das peculiaridades do caso concreto (STJ e STF). II – Por motivo fútil: III – Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: IV – À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: V – Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: VI – Feminicídio: A Lei 13.104/15 incluiu o feminicídio como qualificadora do homicídio, entendido como a morte de mulher em razão da condição do sexo feminino (violência de gênero).
O §2º-A foi acrescentado para informar quando a morte
da mulher deve ser considerada em razão da condição do sexo feminino: “I – violência doméstica e familiar; II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. VII – Contra autoridade ou agente de segurança pública (homicídio funcional): A Lei nº 13.142/15 acrescentou o inciso VII ao §2º do art. 121 com a seguinte redação: “VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Pena - reclusão, de doze a trinta anos”. (a) Art. 142 da CF/88: abrange as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e pela Aeronáutica; (b) Art. 144 da CF/88: disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militardes; # - e os guardas municipais?
(c) Integrantes do sistema prisional: abrangidos, além dos
agentes presentes no dia a dia da execução penal (diretor da penitenciária, agentes penitenciários, guardas, etc.), mas também aqueles que atuam em certas etapas da execução penal. (d) Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública: o Departamento da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) é, em resumo, um agrupamento de polícia da União, composta pelos quadros mais destacados das polícias de cada Estado e da Polícia Federal, que assume o papel de polícia militar em distúrbios sociais ou em situações excepcionais nos estados brasileiros, sempre que a ordem pública é posta em situação concreta de risco. (e) Contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o 3º grau de algum dos agentes acima mencionados.
Obs: para estes personagens, é indispensável que o crime
tenha sido praticado em razão da ligação familiar com o agente de segurança pública (ex: morte de senhora pelo simples fato de ser mãe de policial militar). D – Homicídio culposo (§3º): “§ 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos”. E – Causas de aumento de pena: §4º, primeira parte – homicídio culposo majorado (1/3):
(a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício: nesta hipótese, diferentemente da imperícia (modalidade de culpa), o agente tem aptidão técnica para desempenhar o seu trabalho, porém acaba por causar a morte de alguém em razão do seu descaso, deliberadamente desatendendo aos conhecimentos técnicos que possui. Ex: médico especialista em cirurgia cardíaca que, por descuido, corta um nervo do paciente, causando-lhe a morte; (b) Omissão de socorro: se o agente, agindo com culpa, deixa de prestar socorro à vítima, podendo fazê-lo e não havendo qualquer risco pessoal a ele, responderá por homicídio culposo com o presente aumento de pena. (c) Não procurar diminuir as consequências do comportamento: trata-se de expressão redundante, na medida em que não deixa de ser uma forma de omitir socorro;
(d) Foge para evitar a prisão em flagrante:
§4º, segunda parte – homicídio doloso majorado (1/3):
A pena será aumentada de 1/3 se o homicídio é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. §6º - Milícia privada ou grupo de extermínio: A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Grupo de extermínio: reunião de pessoas, matadores, “justiceiros”
(civis ou não) que atuam na ausência do poder público, cuja finalidade é a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente etiquetadas como marginais ou perigosas;
Milícia armada: grupo de pessoas armado (civis ou não), tendo como
finalidade anunciada desenvolver a segurança retirada das comunidades mais carentes, “restaurando a paz”. §7º Feminicídio:
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
a metade se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto. II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência: o conceito de pessoa portadora de deficiência física é trazida pelo art. 2º da Lei nº 13.146/15; III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima:
# a “presença” deve ser necessariamente física ou pode
ser virtual? F – Perdão judicial (§5º): “§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. Art. 122 – INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO. “Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave”. B – Majorantes de pena (parágrafo único): A pena será duplicada:
I – se o crime é praticado por motivo egoístico: quando o
agente procura satisfazer interesses pessoais.
Ex: objetiva herança do suicida; busca ocupar o cargo do
suicida; etc. II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência: sobre o menor, prevalece o entendimento de que se trata de todo aquele com idade inferior a dezoito anos, que não tenha suprimida, por completo, a sua capacidade de resistência, pois, do contrário, estaremos diante de homicídio; sobre a vítima com capacidade de resistência diminuída, poderá ser o ébrio, o enfermo, o senil, erc., pois, assim como a hipótese anterior, se a vítima tiver sua capacidade de resistência totalmente suprimida, estaremos diante de homicídio. Art. 123 – INFANTICÍDIO. “Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos.”.
Sujeitos do crime: sujeito ativo somente pode ser a mãe
parturiente sob influência do estado puerperal (crime próprio), já o sujeito passivo deve ser o ser humano logo após o parto, ou seja, o nascente ou recém-nascido (crime próprio). A morte pode ser causada de forma livre (ação ou omissão).
A circunstância de tempo (durante ou logo após) deve ser
compreendida como todo o período em que perdurar o estado puerperal.
Estado puerperal “é aquele que envolve a parturiente
durante a expulsão da criança do ventre materno. Neste momento, há intensas alterações psíquicas e físicas, que chegam a transformar a mãe, deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo, razão pela qual se trata de situação de semi-imputabilidade”. Obs: não basta a presença do estado puerperal, pois é preciso que haja relação de causalidade entre tal estado e o crime, pois nem sempre o estado puerperal produz perturbações psíquicas na parturiente. ARTS. 124 A 128 – ABORTO:
Conceito: trata-se da interrupção da gravidez com a
destruição do produto da concepção.
Bem jurídico tutelado (objeto material): a vida
intrauterina.
A doutrina classifica o aborto em (a) natural (interrupção
espontânea da gravidez, geralmente causados por problemas de saúde – indiferente penal); (b) acidental (quedas, traumatismos, etc., em regra, é atípico); (c) criminoso (arts. 124 a 127 do CP); e, (d) legal ou permitido (art. 128 do CP). Art. 124 do CP: Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento:
“Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que
outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos”. Art. 125 do CP: Aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante: “Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos”. Art. 126 do CP: Aborto provocado por terceiro, com o consentimento da gestante: “Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos.”. Não consentimento presumido: o parágrafo único do art. 126 desconsidera a vontade positiva da gestante quando menor de 14 anos, “alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência”. Nessa hipótese, o terceiro provocador responderá pelo crime do art. 125, ficando a gestante isenta de sanção penal por não ter responsabilidade. Art. 127 do CP: Aborto majorado pelo resultado: “Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte”. Art. 128 do CP: Aborto legal – causas especiais de exclusão da ilicitude. “Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”. I – Aborto necessário: Para a presente modalidade, indispensável o preenchimento de três requisitos: (a) Aborto praticado por médico: (b) Perigo de vida da gestante:
(c) Impossibilidade do uso de outro meio para salvar a
gestante:
Prevalece na doutrina que não é necessário o
consentimento da gestante para realizar o aborto necessário. II – Aborto sentimental:
Ao contrário da modalidade anterior que protege a
vida da gestante, nesta o motivo consiste na falta de justificativa em impor à vítima de estupro, ofendida em sua honra, uma maternidade que talvez lhe fosse odiosa e sempre lhe trouxesse à memória o triste acontecimento da violência sexual. Depende de três requisitos: (a) Que o aborto seja praticado por médico:
(b) Que a gravidez seja proveniente de estupro:
(c) Prévio consentimento da gestante ou seu representante legal:
Preferencialmente formal (acompanhado de boletim de
ocorrência), inclusive com testemunhas. Não são necessárias a sentença condenatória do crime de estupro ou a autorização judicial. # - e o aborto do feto anencefálico? Feto anencefálico: embrião, feto ou recém-nascido que, por malformação congênita, não possui a parte do sistema nervoso central, faltando-lhe os hemisférios cerebrais e possui apenas parcela do tronco encefálico.
STF se manifestou de forma a permitir o aborto e tal caso, seguido por
diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina. Atualmente, no caso de diagnóstico de anencefalia, o laudo terá que ser assinado, obrigatoriamente, por dois médicos. A gestante será informada do resultado e poderá optar livremente por fazer o aborto ou manter a gravidez e, ainda, se gostaria de ouvir a opinião de uma junta médica ou de outro profissional. O aborto poderá ser realizado em hospital privado ou público e em clínicas, desde que haja estrutura adequada.