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Dos crimes contra a vida

Prof. Ms. Marcelo Lima de Oliveia


Crimes contra
a pessoa
•No estabelecimento das
prioridades de tutela do direito
penal prepondera a proteção
da pessoa, pois seja sob o
ponto de vista moral ou
material, esta é o centro do
universo jurídico, por
indeclinável interesse público
ao que é essencial para a vida
em sociedade e, portanto, ao
próprio Estado.
Crimes
contra a vida
•A constituição federal prevê
como um dos direitos
fundamentais o direito à vida,
por isso, necessária a sua
proteção pela norma penal,
ainda que sob determinadas
situações também seja (como
todo direito) relativizado
quando em conflito com outras
relativas, por exemplo, ao
próprio Estado, ou outra vida.
Crimes contra a vida

•Homicídio
•Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio
ou a automutilação *
•Infanticídio
•Aborto.
Crimes contra a vida
Consequências jurídicas

A competência para julgamento desses crimes, conforme


disposição constitucional é do Tribunal do Júri, à exceção do
homicídio culposo.
Exceto o incentivo à automutilação.
Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada,
pela indisponibilidade do bem tutelado.
Matar alguém

Homicídio

•É a supressão, aniquilação da vida.

•Nelson Hungria - ocisão violenta de um


homem injustamente praticada por
outro homem.
Homicídio
•O sujeito passivo do homicídio é o
“ser vivo, nascido de mulher”. A
destruição do embrião ou feto
humano no útero é crime distinto.

•Existem, porém, algumas situações


especiais da vítima.

•É indiferente o grau de vitalidade


ou da capacidade de viver da vítima.
Homicídio
Objeto jurídico

A vida humana exterior ao útero. Somente pode ser sujeito passivo do


homicídio o ser humano com vida

Para efeitos penais começa com a respiração.


Homicídio
Crime comum quanto ao sujeito

Coautoria
autoria mediata
domínio do fato

Participação
Autoria colateral
Homicídio
Crime comum quanto ao sujeito

Também qualquer pessoa pode ser vítima. Existem algumas


situações de agravam a pena por conta da condição do
ofendido.
Homicídio
Elemento subjetivo

Animus necandi

Pode ser direto ou eventual

Dolo simples, não é exigida qualquer finalidade específica


Dolo direto e indireto

Dolo direto – o agente deseja o resultado

Dolo indireto – o agente é indiferente ao resultado, mas o aceita quando pratica a conduta

Atentar para a distinção entre dolo indireto e culpa consciente


Homicídio
consumação

Com a morte do ofendido.


Lei 9434/97, artigo 3º define como a cessação da atividade encefálica.

Admite a forma tentada

Cruenta
incruenta
Homicídio

Desistência voluntária
Crime impossível
absoluta ineficácia do meio
absoluta impropriedade do objeto
Homicídio
classificação

Comissivo ou comissivo por omissão

Dano

Forma livre

Progressivo

plurissubistente
Homicídio
formas

Simples
Privilegiado
Qualificado
Culposo
Homicídio privilegiado

- relevante valor moral – é o aprovado pela moralidade média,


considerado nobre e altruísta.
- relevante valor social – interesse da coletividade
- domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação
da vítima.
Distinção de outros institutos

Deve ser distinguida da atenuante genérica prevista no artigo 65, III, C:


sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima;
e, também, da legítima defesa.
A eutanásia se verifica quando o agente mata a vítima para abreviar
seu sofrimento decorrente de alguma grave enfermidade.

A ortotanásia não constitui crime. Nesta, o médico deixa de lançar


mão de tratamentos paliativos que só prolongariam por pouco tempo
a vida de pessoa com doença irreversível e fatal,
Homicídio privilegiado

O privilégio é compatível com o dolo eventual e com o erro


na execução (aberratio ictus).
No caso de concurso de pessoas, a causa de privilégio deve
ser analisada individualmente, pois não se transmitem.
Homicídio Qualificado

Tem a pena de 12 a 30 anos, quando se apresentarem


algumas das circunstâncias qualificadoras.
Qualificadoras subjetivas – incisos I, II, V, VI e VII
Qualificadoras objetivas – incisos III e IV
Motivos determinantes

Meios

Homicídio Forma de execução


qualificado
Conexão

Qualidade do sujeito
passivo
Mediante paga ou promessa de
recompensa outro motivo torpe
Nas duas primeiras figuras é o crime mercenário
Paga – recebimento prévio
Promessa – posterior
Mediante paga ou promessa de
recompensa outro motivo torpe
Divergência sobre a possibilidade de transmissão da
circunstância pessoal

Plurissubjetivo ou de concurso necessário


Motivo torpe

é o motivo vil, ignóbil, repugnante. Vingança pode ser ou


não.
Motivo fútil

é o insignificante, de pouca importância, desproporcional.


Revela egoísmo, intolerância, prepotência, mesquinhez.

Ausência de motivos e ciúmes


Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum
Venefício pode ser feito com qualquer substância capaz de perturbar ou destruir as funções
vitais do organismo humano.
Fogo – combustão de produtos inflamáveis de que decorre calor.
Explosivo – é o que causa detonação e estrondo, quase sempre de perigo comum.
Asfixia é o impedimento (mecânico ou tóxico) da passagem de ar pelas vias respiratórias ou
pulmões, acarretando a falta de oxigênio.
Emprego de tortura – ato pelo qual são dispensadas dores ou sofrimentos agudos, físicos ou
mentais, intencionalmente a uma pessoa para obtenção de informações, como forma de
castigo, intimidação.
À traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido

A traição pode ser física ou moral.


Emboscada é a tocaia.
Dissimulação é a atuação disfarçada, hipócrita, também
pode ser física ou moral.
Exemplos

Vítima dormindo,
Linchamento
Surpresa
Para assegura a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime

Conexão teleológica –
Consequencial –
Ocasional – quando o homicídio é cometido por ocasião da prática de
outro delito – não responde pela qualificadora, mas por concurso
material.
Feminicídio
Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino

Considera-se que há razões de condição de sexo feminino


quando o crime envolve:     
I - violência doméstica e familiar;      
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.     
Feminicídio
Violência doméstica ou familiar – artigo 5º, Lei 11.340

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de


pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação
Feminicídio

Contra pessoas homossexuais (homoafetivas) ou


transexuais, em razão de sua orientação sexual ou
identidade de gênero (ADO 26 – é motivo torpe).

Se praticado contra a mulher fora dessas hipóteses é


chamado femicídio
Feminicídio
Causas de aumento de pena – 1/3

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;   


II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade
física ou mental;  
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;   
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e 
III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.   
Contra integrantes dos órgão de segurança
pública

contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 


144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública
no exercício da função ou em decorrência dela
Contra familiares dos integrantes dos órgão
de segurança pública

contra seu cônjuge, companheiro


Parente consanguíneo até terceiro grau
em razão dessa condição:
Contra menor de 14 anos

Criança – menor de 12 anos


Adolescente – maior de 12 anos
Contra menor de 14 anos

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é


aumentada de:      
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com
deficiência ou com doença que implique o aumento de sua
vulnerabilidade;  
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título
tiver autoridade sobre ela.  
VIII - com emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido

Normal penal em branco.


A lei de desarmamento e seus decretos define o que são armas de
uso restrito (
Contra menor de 14 anos

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é


aumentada de:      
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com
deficiência ou com doença que implique o aumento de sua
vulnerabilidade;  
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título
tiver autoridade sobre ela.  
Causas de aumento de pena
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
Causas de aumento de pena
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:     
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;      
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou
mental;    
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;   
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II
 e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.   
Por enquanto é só!

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