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Direito Penal

Homicídio
Homicídio
Eliminação da vida humana extrauterina (bem
jurídico tutelado);
Se intrauterina: aborto (arts. 124 -126 do CP);
Vida intrauterina: entre a nidação e o início do
parto;
Vida extrauterina: início do parto (fora do útero).
Disciplina Legal do Homicídio
- Art. 121, caput – homicídio doloso simples;
- Art. 121, § 1º – homicídio doloso privilegiado;
- Art. 121, § 2º – homicídio doloso qualificado;
- Art. 121, § 3º – homicídio culposo;
Disciplina Legal do Homicídio
- Art. 121, § 4º, primeira parte – homicídio
culposo majorado;
- Art. 121, § 4º, segunda parte – homicídio
doloso majorado;
- Art. 121, § 5º – perdão judicial;
Disciplina Legal do Homicídio
- Art. 121, § 6º – milícia privada/grupo de
extermínio (majorante);
- Art. 121, § 7º – feminicídio (majorante).
Homicídio Simples
Art. 121. Matar Alguém:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.

Bem Jurídico: Vida.


Objeto Material: Pessoa.
Homicídio Simples
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (admite co-
autoria e participação);
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa viva
(sujeito passivo especial nas qualificadoras -
art. 121, §2°, VI e VII).
Homicídio Simples
Exame de Corpo de Delito: Cadavérico (crime
material – indispensabilidade do exame de
corpo de delito direto ou indireto – arts. 158 e
167 do CPP).
Homicídio Simples
Tipo Objetivo: “Matar alguém” = ceifar a vida
extrauterina.
Tipo Subjetivo: Dolo (“animus necandi”).
Conduta – Espécies: Ação ou Omissão
Imprópria.
Homicídio Simples
Consumação: Morte.
Tentativa: Admissível.
Homicídio Privilegiado
Art. 121, § 1º, CP: Se o agente comete o crime
impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
Homicídio Privilegiado
a) Motivo de relevante valor social:
interesses de toda uma coletividade ou
sociedade.
Ex: morte de traidor da pátria.
Homicídio Privilegiado
b) Motivo de relevante valor moral:
interesses individuais, particulares, próprios
do agente.
Ex: eutanásia.
Homicídio Privilegiado
c) Sob domínio de violenta emoção, logo
em seguida à injusta provocação da vítima:
- estado anímico do agente;
- “homicídio emocional”;
- “domínio”: completamente tomado;
- se apenas influenciado (art. 65, III, “c”, CP).
- “logo em seguida”: relação de imediatidade.
Homicídio Qualificado
Art. 121, § 2º, CP. Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe; II -
por motivo fútil; III - com emprego de veneno,
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum; [...]
Homicídio Qualificado
[...] IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido; V -
para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime; VI -
contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino; [...]
Homicídio Qualificado
[...] VII - contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
grau, em razão dessa condição: Pena: reclusão de
12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Homicídio Qualificado
Classificação das qualificadoras:
- Quanto aos motivos: incisos I, II, VI e VII.
- Quanto ao meio empregado: inciso III.
- Quanto ao modo de execução: inciso IV.
- Quanto aos fins: inciso V.
Homicídio Qualificado
I - mediante paga ou promessa de recompensa,
ou por outro motivo torpe:
- motivo torpe: razão abjeta (ou repugnante)
para a prática do crime;
- na paga (prévia) ou promessa de recompensa
(posterior) há a figura do mandante e do
executor;
Homicídio Qualificado
II – por motivo fútil:
- motivo insignificante ou desproporcional;
- ciúmes (motivo fútil ou motivo torpe?
polêmica).
Homicídio Qualificado
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum:
- qualificadora: tortura como causa direta da
morte/“animus necandi” (do contrário: crime
de tortura qualificado pelo resultado morte -
art. 1º, § 3º, da Lei n. 9.455/97);
Homicídio Qualificado
- “meio insidioso”: meio ardiloso (fraude com
objetivo de aparentar um acidente);
- “meio cruel”: meios geradores de intenso
sofrimento físico ou mental na vítima (ex.:
apedrejamento);
- “meio possível de perigo comum”: risco de lesão
a um número indeterminado de pessoas.
Homicídio Qualificado
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido:
- traição: abuso da confiança;
- emboscada: tocaia;
- dissimulação: fraude para aproximação;
- outro recurso: ex.: disparo pelas costas ou
enquanto a vítima dormia.
Homicídio Qualificado
V – para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime:
- qualificadoras por conexão;
- execução: realização objetiva;
- ocultação: encobrimento objetivo;
- impunidade: não identificação da autoria;
- vantagem: fruição do produto ou proveito.
Homicídio Qualificado
VI - contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino:
- feminicídio (Lei n. 13.104/15);
Homicídio Qualificado
- sujeito ativo: qualquer pessoa (homem ou
mulher);
- sujeito passivo: mulher / natureza
psicológica (ex.: transsexual e homossexual
masculino e feminino) / natureza biológica /
natureza jurídica (registro oficial);
Homicídio Qualificado
- razões de condição de sexo feminino: “o que
efetivamente ocorrerá quando envolver: I –
violência doméstica e familiar; II –
menosprezo ou discriminação à condição de
mulher” (Rogério Greco).
Homicídio Qualificado
VII - contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição:
Homicídio Qualificado
- parentes consaguíneos: pai, mãe e filhos
(primeiro grau), irmãos, avós e netos
(segundo grau), bem como tios, sobrinhos,
bisavós e bisnetos (terceiro grau);
- parentes por afinidade não abrangidos;
Homicídio Qualificado
- filho adotivo? Não constitui parente
consangüíneo (apesar da vedação
constitucional à discriminação - art. 227, § 6º);
logo, inaplicável a qualificadora, pois seria
analogia em prejuízo do imputado;
- nexo funcional: homicídio em razão da função
ainda que fora do exercício.
Homicídio Culposo
Art. 121, §3º, CP: Se o homicídio é culposo: Pena:
detenção de 1 (um) a 3 (três) anos.
- imprudência: ação objetivamente descuidada;
- negligência: omissão quanto ao dever objetivo
de cuidado;
- imperícia: inaptidão técnica, isto é, no exercício
de atividade, ofício ou profissão.
- homicídio culposo no trânsito (art. 302 do CTB).
Perdão Judicial
Art. 121, §5º, CP: Na hipótese de homicídio
culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as consequências da infração atingirem o
próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
Perdão Judicial
- distinção: o perdão judicial, diferentemente
do perdão do ofendido (aplicação restrita às
ações penais privadas), não depende de
prévia aceitação do beneficiário;
- beneficiários: o CP não restringe a concessão
do perdão judicial a parentes próximos;
Perdão Judicial
- personalíssimo: não se estende
automaticamente aos demais coautores ou
partícipes;
- natureza jurídica: causa extintiva da
punibilidade (art. 107, IX, do CP).
Majorantes
Homicídio culposo (art. 121, §4º, CP):
A pena será aumentada de 1/3 (um terço):
- Se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima;
- Se o agente foge para evitar o flagrante;
Majorantes
- Se o agente não procurar diminuir as
consequências de seu ato;
- Se o crime resulta da inobservância de regra
técnica de arte, profissão ou ofício.
Majorantes
Homicídio doloso (art. 121, §4º, CP):
Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Majorantes
- homicida deve ter consciência da idade da
vítima (dolo abranja a faixa etária);
- a idade deve ser aferida no momento da conduta
criminosa (teoria da atividade art. 4º do CP);
- aplica-se ao homicídio simples, qualificado e
privilegiado.
Majorantes
Milícia privada ou grupo de extermínio (art.
121, §6º, CP):
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço
de segurança, ou por grupo de extermínio.
Majorantes
- milícia privada: unidade paramilitar: órgão
não estatal que atua à margem da lei,
- conforme estrutura militarizada e emprego
de violência, normalmente com o uso de
armas, exercendo domínio sob certas
localidades;
Majorantes
- crime de constituição de milícia privada (art.
288-A do CP);
- grupo de extermínio: grupo de mortandade
sob a bandeira de justiceiros.
Majorantes
Feminicídio (art. 121, §7º, do CP):
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
terço) até a metade se o crime for praticado: I –
durante a gestação ou nos 3 (três) meses
posteriores ao parto; II – contra pessoa menor de
14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta anos) ou
com deficiência; III – na presença de descendente
ou de ascendente da vítima.
Direito Penal
Homicídio

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