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DIREITO PENAL – PENAL III

1. Dos Crimes Contra à Vida.

Homicídio: Art. 121 – Matar Alguém: Pena, Reclusão de 6 a 20 anos.

Se percebe que os crimes em espécie, são formados por um verbo núcleo


do Tipo penal, e por elementares, como acontecer com MATAR e ALGUÉM,
respectivamente.

Ressalte-se ainda que todos os crimes serão formados pela soma de um


preceito primário, que trará a descrição da conduta criminosa, e o preceito
secundário, qual seja, a sanção penal.

Contudo em relação ao crime de homicídio, é importante deduzir não o


verbo, mas sim o elementar que complementa o tipo penal, ou seja, “Alguém”.

Uma pessoa será considerada uma pessoa, a partir do momento que


houver uma vida extrauterina, sem que o autor da conduta, seja a mãe no
momento do estado puerperal, já que nesse caso, haverá a especialidade do
delito, respondendo, nesse caso, a mãe, por infanticídio.

Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, que não seja uma mãe praticando a
conduta criminosa de “matar” seu filho, no momento do seu nascimento e
enquanto estiver em seu estado puerperal, quando configurará o crime de
infanticídio;

Sujeito Passivo: Qualquer Pessoa com vida;

Obs.: As afirmações quanto as pessoas que não possuem viabilidade de vida


(paciente terminal) de que não haverá o crime de homicídio, não podem
prosperar, uma vez que em que pese a ausência de viabilidade, ainda possui a
vida.

Crime Comum: Porque qualquer pessoa pode praticar o delito;

Elemento Subjetivo: O crime de homicídio pode ser praticado, por dolo


direto / animus necandi, ou seja a intenção específica de matar uma pessoa; por
dolo eventual, quando o agente pratica a conduta sem se importar com o
resultado, assumindo o resultado deste caso ocorra; ou ainda mediante culpa,
se dando por negligência, imperícia ou imprudência;

Consumação: Crime material, produz resultado naturalístico, ou seja,


resultado vem causar mudança no mundo, admitindo-se a tentativa; além disso
é um crime Instantâneo, ou seja, se consuma no momento da morte;

Obs.: Há doutrinadores que afirmam que o homicídio é um crime instantâneo


de efeitos permanentes, ou seja, há o ato de matar, e o resultado se produz com
a pessoa permanecendo morta.

Competência: Se homicídio doloso, a competência será do tribunal do


júri, enquanto o homicídio culposo, é do juízo comum;

Tentativa: Admite-se a tentativa, podendo ser branca / incruenta, ou


vermelha / cruenta;

Hediondo: No Brasil adota-se o sistema legal em relação a lei 8.072/90,


ou seja, somente será considerado hediondo aquilo previsto como tal, sendo
descabido a análise subjetiva dos crimes para enquadrá-lo, assim, o crime de
homicídio somente será considerado crime hediondo, os crimes praticados por
grupo de extermínio, ou os crimes qualificados;

Obs.: A modalidade da tentativa de homicídio qualificado m NÃO exclui a


hediondez do crime.

Homicídio Privilegiado: Há um benefício para quem comete o crime de


comício no caso de ter praticado por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, LOGO EM seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz PODE reduzir a pena de um 1/6 a um 1/3;

Obs.: Em que pese a expressão pode na hipótese do homicídio privilegiado


deve-se ser entender como DEVER e não discricionariedade, restando escrito a
faculdade, uma vez que dependerá do julgamento do júri, quando a partir do
conhecimento da privilegiadora pelo júri.

Obs.: O privilégio tem caráter subjetivo, ou seja, na hipótese de concurso de


pessoas, este não será aplicado para todos que participarem da conduta
criminosa.
Obs.: A premeditação no caso da terceira hipótese (logo após) do privilégio, é
incompatível, sendo, conduto, nada impedindo a premeditação nas demais
hipóteses.

Obs.: Na hipótese de erro na execução, ou seja, querendo atingir alguém e


acaba tingindo outra, responderá como se o alvo tivesse atingido, sendo
alcançado pelo privilégio, vide o art. 73 do CP, se tratando de aberratio ictus.

Homicídio Privilegiado Qualificado: A doutrina se divide, a primeira a


firma que não, uma vez que pela interpretação sistemática, o homicídio
privilegiado somente se aplica aos crimes previstos acima dele, antes do §1º; já a
segunda afirma que é possível o homicídio híbrido, desde que a qualificadora
for de natureza objetiva (Art. 121, inciso III – todas as hipóteses do inciso –, IV –
menos a traição - e VI – segundo entendimento do STF depois de 2019), não
sendo, entretendo hediondo.

Obs.: A natureza objetiva da qualificadora, ocorre quando é possível sua


aplicação no concurso de pessoas, uma vez que a qualificadora subjetiva não se
comunica na hipótese de concurso de pessoas.

Homicídio Qualificado:

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - Mediante paga ou promessa de recompensa (não necessariamente dinheiro) -


fórmula casuística –, ou por outro motivo torpe (nojo) – fórmula genérica –;

Também chamado de homicídio mercenário;

Tem-se uma fórmula genérica, uma vez que não seria possível o
legislador saber todas as formas de motivo torpe, utilizando a primeira parte
como exemplo que pode ou não ser utilizado, não sendo taxativo;

O Concurso de pessoas é necessário no caso de paga ou promessa de


recompensa, uma vez que alguém promete ou paga, e outra recebe o
pagamento ou a promessa, contudo se quem promete ou paga se estiver em
homicídio privilégio, não será alcançado pela qualificadora, aplicando somente
ao executor, não impedindo que se o motivo do mandante for torpe, também
tenha tal qualificadora;
II - Por motivo fútil (Razão Banal);

A fim de ter a aplicação do motivo fútil, é necessário saber o motivo sob


pena de não haver a qualificadora (HC 152.548/STJ), bem como deve ser
imediata, no momento da prática do delito, ou seja, se A nega vender fiado para
B, e B mata A, será fútil, mas se B entre em luta corporal, e somente depois da
luta mata A, será homicídio simples;

Devendo ser considerado fútil, qualquer motivo “bobo”;

O informativo 711/2013 do STJ afirma ser os ciúmes, a depender de sua


razão, ser considerado motivo fútil;

O Dolo Eventual não afasta a possibilidade de qualificador apor motivo


fútil;

III - com emprego de veneno, (venefício) fogo, explosivo, asfixia, tortura (meio
casuístico) ou outro meio insidioso ou cruel (meio genérico), ou de que possa
resultar perigo comum (meio genérico);

Veneno não necessariamente é uma substância química ou biológica que


faz mal para todos, como remédio de rato, mas se a substância também fizer
mal para determinada pessoa, como por exemplo dar camarão em comida para
pessoa que o agente sabe ter alergia;

A Asfixia pode ser mecânica (enforcamento) ou tóxica (enterrar viva);

IV - à traição (qualificadora Subjetiva), de emboscada, ou mediante


dissimulação (meio casuístico) ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido (meio genérico);

A qualificadora pela traição é um crime próprio, uma vez que somente


poderá praticar o crime aquele q tem a confiança da vítima;

Emboscada se apresenta pela tocaia, o ato de aguardar a chegada da


vítima;

A dissimulação é alguém que engana alguém, por meio da fraude, a fim


de colocar uma pessoa em circunstância que impossibilite sua defesa;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:

Denominada de qualificadora de conexão, podendo ser conexão


teleológica quando visa assegurar a execução de outro crime que não seja o
crime de roubo;

As demais hipóteses denominam-se de conexão sequencial, praticado


após a pratica do delito;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Feminicídio

VI - contra a mulher por razões da condição de ‘”sexo feminino”;

O FEMICÍDIO é todo homicídio contra mulher, sendo o feminicídio


quando a mulher é morta em razão de sua condição;

Poderá ser o Sujeito Ativo Qualquer Pessoa;

§ 2o A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o


crime envolve:

I - Violência doméstica e familiar (homem contra mulher – Hipótese Marida da


Penha ou Até mesmo uma Mulher contra sua Companheira);

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Causas de aumento de Pena ao Feminicídio.

§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço)


até a metade se o crime for praticado:

I - Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao


parto;

II - Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60


(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de
ascendente da vítima;

IV - em descumprimento das medidas protetivas de


urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006;

Obs.: Não há bis in idem no reconhecimento da qualificados do motivo torpe e


do Feminicídio praticado em situação de violência doméstica, podendo ser
combinada a primeira, por ser qualificadora objetiva, e a última subjetiva2,
conforme o informativo nº 625 do STJ

VII – contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 (não se limita ao
caput) da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição:

Obs.: Houve acréscimo do Policial Penal no rol dos agentes integrantes no art.
144 da CF/88.

Obs.: Não se aplica quando da aposentadoria, exoneração ou demissão dos


agentes de segurança.

Obs.: Exclui os parentes por afinidade, filhos adotivos (impossibilidade de


analogia in malan parten no Direito Penal).

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido (armas


proibidas dissimuladas, que aprecem ser objetos inofensivos ou proibidas por
tratado, como armas biológicas):

Obs.: Houve o veto presidencial, e posteriormente (30.04.2021) fora derrubado


pelo congresso, tratando-se de lei penal do tempo, podendo ser aplicado o veto
aos crimes praticados da publicação até o dia 30.04.2021.

Obs.: Tal qualificadora é objetiva, podendo ser combinado com o homicídio


privilegiado, além de se tratar de norma penal em branco, uma vez que exige
complementação por ato normativo complementar, qual seja, Decreto
Presidencial.
Obs.: A depender do caso concreto, uma vez que se a arma de fogo for utilizada
somente para cometer o crime de homicídio, se aplicará o Princípio da
Consunção.

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Informações Adicionais:

Em relação ao Homicídio Familiar (parricídio, matricídio, filicídio), este,


por sí só, não qualifica o homicídio, sendo uma agravante genérica do Art. 61, II
do CP;

Não existe homicídio qualificado pelo homicídio premeditado, contudo,


pode levar como circunstância para a dosimetria da pena;

Homicídio Culposo:

§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos

Crime de médio potencial ofensivo, sendo cabível o SURSI processual


prevista no art. 89 da Lei 9.099/95, já que o crime tem a pena mínima igual à 01
ano;

O homicídio culposo se dar por Negligência (culpa negativa);


Imprudência (culpa positiva – ação de risco); Imperícia (culpa profissional pela
falta de aptidão técnica);

Não admite Tentativa;

Crime Preterdoloso: Crime em que o agente tem dolo no crime


antecedente, e culpa no crime resultado;

Perdão Judicial: §5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá


deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária;

Obs.: Somente é possível no homicídio Culposo; é Causa Extintiva de


Punibilidade (Art. 107, IX CPB c/c Súmula 18 STJ); análise do caso concreto
pelo magistrado; cabe perdão judicial no homicídio no Art. 302 CTB.
Homicídio Circunstanciado / Majorado:

Homicídio Culposo: No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3


(um terço), se:

1. O crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou


ofício (Médico que não se atenta ao tipo sanguíneo do paciente em mesa de
cirurgia, não podendo se confundir com a imperícia);

2. Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima (O agente que


gera algum tipo de lesão à vítima e deixa de prestar socorro);

Obs.: Não se aplica ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, vez


que há previsão específica no Art. 302, §1º do CTB.

Obs.: Não se aplica quando é impossível ao agente a prestar socorro, bem como
a morte é imediata.

3. Não procura diminuir as consequências do seu ato (quando possível);

4. Foge para evitar prisão em flagrante (parte da doutrina diz que é


inconstitucional, já que ninguém é obrigado a se entregar).

Homicídio Doloso: Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3


(um terço) se o crime é praticado contra pessoa (que sabendo o Autor do fato
ser) menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos; A pena é
aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.

Obs.: Conforme a lei penal no tempo, aplica-se o Art. 4º do CP, de acordo com a
Teoria da Atividade, ou seja, ainda que a consumação do crime somente se dê
quando a vítima completa 14 anos, se o exaurimento da conduta se deu quando
esta tinha 13, será alcançado pela majorante.

SEMANA 02

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou automutilação:


Art. 122 Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
automutilação (vigor em 26.12.2019) ou prestar-lhe auxílio material para que o
faça:

Automutilação: Qualquer comportamento intencional praticado pelo


agente que quer infringir na sua pessoa algum tipo de lesão a sua integridade
física, sem visar a prática do suicídio, não é crime doloso contra a vida;

O Suicídio: De acordo com o princípio da alteridade, só há crime quando


fato praticado contra bem jurídico de alheios, não sendo, para tanto, crime no
Brasil o Suicídio;

Condutas: Induzir (criar a ideia na mente da vítima), instigar (fomenta


sentimento já existente) – participação moral pelo infrator – ou prestar-lhe
auxílio – participação material –;

Obs.: Quanto ao auxílio material, este deve ser secundário, não podendo o
agente praticar conduta principal (como por exemplo pegar arma e atirar em
alguém que quer se matar); assim como um auxílio eficaz, ou seja, o auxílio
deve ser utilizado à quem pretende se matar ou se automutilar.

Obs.: Se o agente infrator induz ou instiga, além disso presta auxílio à vítima
dentro de um mesmo contexto fático, este cometerá apenas um delito, sendo
por isso um tipo misto alternativo (diferente do misto cumulativo – Art. 242 CP)
ou seja, por haver vários verbos, se o agente cometer mais de um deles, ainda
assim responderá por apenas um crime.

Obs.: O crime só existe se praticado contra pessoa determinada, ou seja, se


alguém grita mandando todo mundo se matar para se salvar, não haverá o
crime.

Crime de Menor Potencial Ofensivo: Pena máxima igual à 02 anos;

Crime Formal: Basta praticar o verbo de Instigar ou Auxiliar, que o crime


restará praticado;

Obs.: O crime era condicionado a produção do resultado naturalístico, e por


isso considerava um crime material, sendo alterado, na sua modalidade
simples, um crime formal.
Admite a Tentativa: A doutrina afirma ser possível uma vez que, se
alguém pretende induzir ou instigar por meio de uma carta, e esta nunca chega
no destinatário por razões alheias à vontade, restará configurada a tentativa;

Natureza Subjetiva: Se admite somente na modalidade dolosa;

Qualificadoras: §1º (crime de médio potencial ofensivo, cabendo o SURS) e


§2º (crime de elevado potencial ofensivo) do art. 122 do CP (ambos são crimes
materiais);

Duplicação da Pena: §3º, I e II (menor de 18 anos e maior de 14 anos);

Obs.: Se a vítima for menor de 14 anos ou por qualquer causa que gere
vulnerabilidade, responderá pelo resultado (ver §§6º e 7º);

Pena em Dobro e Metade: § 4º do §5º art. 122 CP.

Características de Ações Conhecidas:

Roleta Russa e Duelo Americano: Quem fica vivo responde pelo Art. 122 em
relação ao auxílio.

Desafio Baleia Azul: Quem participou diretamente e indiretamente, seja


administradores, responsáveis, demais participantes, responderá pelo Art. 122;

Infanticídio: Art. 123 do CPB;

Em que pese se subsumir a norma do Art. 12, devido o princípio da


especialidade da norma, se caracterizará o crime do Art. 123;

Crime Próprio: Mãe sob a influência do estado puerperal;

Obs.: Quanto ao estado puerperal se entende que é presumido, sendo


desnecessário atestado ou laudo psiquiátrico, devendo levar em consideração
quanto ao lapso temporal, os termos “durante o parto” ou “logo depois”,
levando em consideração a razoabilidade e proporcionalidade.

Obs.: Se houver menção quanto ao estado psicológico severo, este, se gerar


desvio psicológico ao ponto de afastar a capacidade, a mãe será inimputável.

Elemento Subjetivo: Dolo;


Circunstâncias Agravantes: Quantos os agravantes previstos no Art. 61, II,
“e” e “h”, não será aplicada, uma vez a especialidade do crime de infanticídio, o
que, se aplicado os agravantes, gerariam afronta ao non bis in idem;

Erro Contra a Pessoa: No caso da mãe que mata o bebê de outra pessoa
acreditando ser o seu, em estado puerperal, ela responderá pelo infanticídio
conforme o Art. 20, §3º do CP;

Concurso de Pessoas: No caso de terceiro, que participa (partícipe ou


coautor) do infanticídio não se encontra no estado puerperal, mesmo se
caracterizando como condição de caráter pessoal (Art. 30 CP), como se trata de
elementar do crime, este responderá pelo crime de infanticídio, justificando pela
teoria monista em relação ao partícipe;

Obs.: Quando a mãe em estado puerperal, atua como participe, o autor do


crime, ainda assim, responderá pelo infanticídio.

Crime de Aborto: (Art. 124 a 128)

Objeto Jurídico: Vida Humana (perspectiva de vida);

Objeto Material: O Feto;

Obs. No caso do Art. 125, teremos também a integridade física da gestante;

Termo Inicial da Gravidez: A partir da fecundação do espermatozoide no


óvulo;

Obs.: A pílula do dia seguinte e demais métodos contraceptivos que atuam


após a fecundação, caracteriza como excludente de ilicitude do exercício regular
do direito, havendo crime de aborto, mas excluindo sua ilicitude.

Elemento Subjetivo: Dolo;

Crime Omissivo: Poderá responder o crime na modalidade de omissão


imprópria (comissivo por omissão) como na hipótese de parar de se alimentar
com a intenção de abortar, vide o Art. 13, §2º do CPB;

Aborto provocado pela gestante (Autoaborto) ou com seu consentimento


(Exceção Pluralística): (Art. 124);
Crime de Mão Própria: Não há possibilidade de delegar a contudo,
diferente do crime próprio;

Autoaborto: Não admite coautoria uma vez que somente pode ser
praticado pela mãe, mas admite a participação;

Exceção Pluralística: A regra é que quando todos os participes atuarem


para um delito, todos responderão pelo mesmo crime, nesta exceção, cada um
responderá pelo seu crime, ou seja a mãe pelo consentimento, e o terceiro
responderá pelo crime de aborto (Art. 126), logo também terá a mesma exceção;

Crime de Médio Potencial Ofensivo: Adimite o SURSI Processual, assim


como o Crime do art. 126;

Aborto Provocado com Consentimento da Gestante: (Art. 126).

Crime de Médio Potencial Ofensivo;

Possui Exceção Pluralística;

Aplicação do Art. 125: Quando o aborto é praticado em vulnerável;

Aborto Provocado Por Terceiro: (Art. 125).

Elevado Potencial Ofensivo;

Dupla Subjetividade Passiva: O Feto e a Gestante;

Aborto Qualificado*: (Art. 127).

Em que pese o texto trazer o termo “qualificado”, não se trata de


qualificadora, uma vez que o texto trata de causa de aumento de pena;

Aumento de 1/3: Caso haja lesão corporal de natureza grave, entendo


como grave ou gravíssima;

Respondendo apenas o terceiro;

Pena Duplicada: Hipótese de morte;

Preterdoloso;

Causas Especiais de Exclusão de Ilicitude: (Art. 128 CPB);


Aborto Necessário / Terapêutico: Art. 128, I, devendo ter dois requisitos: a
vida da gestante em risco (ainda que não seja atual), somado a ausência de
outro meio de salvá-la, além de ser praticado exclusivamente por médico;

Obs.: Se o risco for para a saúde da gestante (diabetes) não poderá ser feito o
aborto.

Aborto Humanitário / Sentimental / Ético: Art. 128, II, podendo ser aplicado
também no caso do crime de estupro de vulnerável;

Não exige autorização judicial;

Não exige a condenação do autor do fato;

Consentimento da Gestante ou representante legal;

Obs.: De acordo com o entendimento do STF, no caso do feto anencefálo, no


julgamento da ADPF 54/DF, se entendeu a possibilidade de exclusão de
ilicitude no caso do aborto praticado por esta causa, conforme o entendimento
do Conselho Federal de Medicina, em ser o anencefálo um natimorto cerebral,
além da dignidade da pessoa humana da gestante.

Homicídio de mulher visivelmente grávida ou que o agente tem


conhecimento da gravidez: Responderá e, concurso formal impróprio entre o
homicídio e o aborto provocado por terceiro;

Aborto de Gêmeos ou Trigêmeos: A doutrina entende que haverá dois ou


três crimes de aborto em concurso formal impróprio ou imperfeito, desde que
tenha o agente conhecimento dessa condição;

Lesão Corporal:

Art. 129. Ofender a integridade corporal (é necessário a existência de vestígios,


caso contrário se considerará como vias de fato) ou a saúde de outrem:

Leve: Será leve todas que não forem graves, gravíssima ou em razão de
violência doméstica, sendo subsidiária;

Elemento Subjetivo: Dolo e Culpa (§6º);


Crime Não Transeunte: Deixa vestígio, sendo indispensável a perícia (ver
Art. 158 CPP) como principal meio de prova, não excluindo outros meios de
prova (Art. 167 CPP);

Ação Penal Pública: Condicionada se leve (Art. 88 Lei 9.099/95) e


Incondicionada se Grave ou Gravíssima;

Não há crime de lesão corporal: Se com consentimento da vítima (Leve –


tatuagem); Autolesão (princípio da alteridade); Prática de Esporte que envolve
ou que se tolera a violência (MMA exercício regular do direito); Princípio da
Insignificância (aplica-se desde que não seja em contexto de violência domestica
contra mulher);

Lesão Corporal Grave:

Em que pese não haver no texto da lei a lesão corporal “gravíssima”, a doutrina
e a jurisprudência informa que o §1º Tratará sobre a Lesão corporal grave (ou
em sentido estrito), e o §2º trará a lesão corporal de natureza gravíssima;

Hipóteses de Lesão Corporal Grave:

PIDA – 1 a 5 anos.

Perigo de vida;

Incapacidade para ocupações por mais de 30 dias;

Debilidade permanente de membro, sentido ou função; e

Aceleração de parto;

Lesão Grave:

I - Incapacidade para ocupações por mais de 30 dias:

Crime a prazo: A consumação somente com decurso de prazo, dependendo de


dois corpos de delito;

Ocupação Habitual: É diferente de atividade laborativa, devendo se observar de


forma mais ampla, não apenas o trabalho, desde que seja atividade legal;
II – Perigo de Vida: Deve ser uma análise diagnóstica do que aconteceu, e
não do que poderia acontecer, afastando a hipótese de uma provável tentativa
de um crime mais grave;

III - Debilidade permanente de membro (braços, mãos, pernas e pés),


sentido (visão, olfato, tato, audição e paladar; ou função (sistema respiratório,
reprodutor, urinário);

Obs.: Diferencia-se da perda ou inutilização, já que a debilidade apenas causa


parte do uso da função, como por exemplo amputar alguns dedos da mão, ou
ficar cego apenas de um olho.

Obs.: Ainda que houver procedimento cirúrgico em que houver a cura da


debilidade, não afastará a configuração da lesão.

IV – Aceleração de Parto: O agente deve saber que a vítima está gravida,


além de seu dolo não estar voltado para causar aborto;

Hipóteses de Lesão Corporal Grave:

PEIDA – 2 a 8 anos.

Perda, ou inutilização do membro, sentido ou função; Enfermidade Incurável;


Incapacidade permanente para o trabalho; Deformidade Permanente; Aborto
(preterdoloso e não doloso, sob pena de responder pelo aborto);

Lesão Gravissima:

I – Incapacidade Permanente para o Trabalho;

II – Enfermidade incurável: Física ou psíquica;

Obs.: Na hipótese em que a medicina descobre a cura para a enfermidade


incurável, esta não “retroagirá”, ainda que o julgamento do crime se tenha
posteriormente ao julgamento do agente. Ou seja, se analisa a enfermidade no
momento da consumação do crime.

III – Perda ou inutilização do membro, sentido ou função:

Concurso de Pessoas: PEIDO e PIDA são objetivos, e se comunicam no


concurso de pessoas;
IV – Deformidade Permanente: Dano Estético;

Obs.: A cirurgia plástica não afasta a condenação pelo crime.

V – Aborto: O agente deve saber que a vítima está gravida, além de seu dolo não
estar voltado para causar aborto

Lesão Corporal Seguida de Morte §3º:

Tipo Preterdoloso;

Lesão Corporal Privilegiado §4º;

Obs.: Aplica-se apenas para a lesão corporal dolosa, aplicando a todas as


modalidades de lesão corporal.

Substituição da Pena:

Substitui a pena de multa, quando da lesão corporal leve, se as lesões


forem recíprocas, e nas modalidades do parágrafo anterior;

Obs.: Não se aplica a legítima defesa na lesão corporal recíproca, ou seja,


quando dois agentes, marcam de se encontrar para brigar, respondendo cada
um deles pelas lesões que causarem.

Lesão Corporal Culposa:

Pratica-se APENAS pela Negligência, Imprudência ou Imperícia, se


aplicando a mesma pena mesmo que o crime seja leve, gravou gravíssima;

Obs.: As lesões corporais culposas na direção de veículo automotor, serão


atraídas pelo princípio da especialidade do CTB.

Obs.: Aplica-se as causas de aumento de pena do homicídio se ocorrer as


hipóteses do §4º e 6º do Art. 121, bem como a hipótese do §8º do mesmo artigo.

Lesão Corporal em Violência Doméstica:

Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge


ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido (não precisa morar
junto), ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade;
Sujeito Passivo: Qualquer Pessoa, seja homem ou mulher. Contudo na
prática a aplicação se perde em relação a vítima mulher, não estando revogado.
STJ entende que se aplica em relação a mulheres trans e travestis;

Lesão em Violência Doméstica Leve: Pena do §9º;

Lesão em Violência Doméstica Grave: Pena do §10º c/c §1º;

Lesão em Violência Doméstica Gravíssima: Pena do §10º c/c §1º;

Lesão em Violência Doméstica Seguida de Morte: Pena do §10º c/c §1º;

Aumento da Pena do §9º: Aplica-se o §11

Obs.: O parágrafo 13 foi novatio legis in pejus em relação ao §9º tendo aplicação
apenas após a data de 29.07.2021, quando entrou em vigor.

Obs.: Nem sempre se aplica a lei maria da pena, uma vez que a aplicação da
maria da pena apenas será na hipótese em que se configurará a agressão em
decorrência a violência doméstica e familiar, segundo o Art. 121, §2º-A.

Obs.: Não se aplica nos crimes no âmbito de violência doméstica, a lei 9.099/95
no que diz respeito a transação penal, e o Suspensão Condicional do Processo,
assim como não será condicionada a representação ainda que lesão corporal
leve. Súmula 536 c/c Súmula 542 (STJ).

Obs.: Poderá o Delegado de Polícia o arbitramento de fiança nas hipóteses do


art. 322 do CPP, afastando a possibilidade na hipótese de concurso material,
hipóteses em que somam as penas.

Dos Crimes contra a Honra:

A Honra:

1. Objetiva: Se relaciona com a reputação social do agente; Calúnia (Art. 138) e


Difamação (Art. 139);

Sujeito Passivo: Pessoas Físicas; Pessoas Jurídicas (No caso da calúnia,


somente se relacionará aos crimes que a PJ pode praticar);

2. Subjetiva: Se relaciona com a autoestima do sujeito; Injúria (Art. 140)

Sujeito Passivo: Pessoas Físicas


Pontos Em Comum entre CDJ:

1. Dolo com especial fim de agir (atingir a honra de alguém);

2. Crimes Formais / Resultado Cortado: Consumam ainda que não atingem o objeto
naturalístico;

Obs.: Ainda que o terceiro não acredite e não se abale com o que foi falado, ou
ainda que o sujeito também não se ofenda, o crime restará consumado.

3. Consumação: C e D se consumam quando 3º toma conhecimento; e a I quando


a vítima toma conhecimento;

4. Crimes de Forma Livre: Podem ser praticados de qualquer forma, falada, gesto
etc;

5. Ação Penal: Em regra, a CDI se processa mediante queixa crime, ou seja, Ação
Penal Privada;

6. Tentativa: Não se aplica apenas se praticada no meio oral (Ato


Unissubsistente), admitindo por meio da carta (ato plurissubsistente);

Calúnia:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como


crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Crime de Menor Potencial Ofensivo;

Imputação Falsa: Aquele que calunia, TEM que saber que o fato é falso sob
a ótica do agente, caso contrário será erro de tipo, que afasta a modalidade
dolosa, e pela ausência de previsão de modalidade culposa, será conduta
atípica;

Fato Definido como Crime: Tem que imputar um fato específico;

Ex.: foi A quem roubou a caneta; o Fato tem que ser verossímil;

Caluniar Alguém: Esse alguém precisa ser pessoa determinada, ou pessoa


específica;

Imputar Contravenção: Será difamação e não calúnia;


§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.

Tipo Equiparado;

Falsa Imputação: Aquele que propaga TEM que saber ser falsa a
imputação;

Propala ou Divulga: Compartilha em rede social; espalha a conversa;


divulga postagem, etc;

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Sujeito Passivo: Os familiares do morto;

Exceção da verdade

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

Ainda que seja verdade, não poderá ser utilizado como defesa a exceção
da verdade nas hipóteses abaixo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no I do art. 141;

Presidente da República: Não se admite sob pena de desrespeitar a


previsão constitucional de obrigatoriedade de admissão pelo quórum de 2/3 da
Câmara de Deputados, de denúncia contra o presidente sobre crimes comuns;

Chefe de Governo Estrangeiro: Não se admite, por razões diplomáticas;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido


por sentença irrecorrível;

Calúnia (Art. 138 CPB) x Denunciação Caluniosa (Art. 339 CPB)

Difamação (Art. 139)

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena
- detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade: Ao contrário da Calúnia, na Difamação, a exceção
da verdade é exceção;

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é


funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Injúria (Art. 140)

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro: Pena -


detenção, de um a seis meses, ou multa.

Não se admite exceção da verdade;

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

Perdão Judicial (Art. 107, IX CPB)

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

Modalidade anômala de Legítima Defesa;

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou


pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Denominação Doutrinaria: Injúria Real;

Elemento Subjetivo: Dolo direcionado a atingir a honra subjetiva da vítima


pela violência ou vias de fato (tapa na cara);

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente


à violência.

Obs.: Se por acaso for praticado vias de fato, vai responder o agente apenas
pela pena do §2º, vez que a vias de fato vão restar absolvidas pela injúria.
Contudo, se gerar lesão corporal, o agente responderá pela injúria, assim com
pelo crime do Art. 129 na modalidade da prática da conduta em concurso
material obrigatório, ou seja, imposto pela lei.

Obs.: Se da injúria advir lesão, o Art. 145 afirma que a Ação Penal será Pública
Incondicionada.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

Injuria Qualificada / Preconceituosa / Racial: Leva em consideração o


CRREP +ID + HT

Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Crime de Média Potencial Ofensivo;

Imprescritível e Inafiançável: STF;

Ação Penal Pública Condicionada: Art. 145, § ú CPB;

Injúria Racial (Art. 140, §3º) x Crime de Racismo (Lei nº 7.716/89)

Hipótese de Aumento de Pena: Art. 141;

Competência: Nas redes sociais, será o local onde foi incluído o conteúdo
ofensivo; se por mensagens privadas, será competente o local onde a vítima
tomou conhecimento da injúria (STJ);

Exclusão do Crime: Não se aplica a calúnia;

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu


procurador;

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo


quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou


informação que preste no cumprimento de dever do ofício.

Parágrafo único - Nos casos dos incisos I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.

Retração:
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.

Não se aplica na hipótese do crime de injúria;

Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a


difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se
assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

DIREITO PENAL

Do Estupro a Oferta Pública

1. Dos Crimes Contra à Dignidade Sexual.

Introdução: Em que pese hoje termos no código penal um capítulo


direcionado para os “crimes contra a dignidade sexual”, há que se notar que
nem sempre assim ocorreu, uma vez que, antes da alteração dada pela Lei nº
12.015/09, o título se relacionava aos “crimes contra os costumes”;

Obs.: À título de exemplo a mudança foi essencial, uma vez que quando se
tratava no CPB dos crimes aqui estudados relacionados aos costumes, previa-se
estruturas normativas machistas, como a figura do estupro somente ser
cometido o sujeito passivo “mulher honesta”, bem como não se via o estupro
contra o homem com a mesma nomenclatura, sim com o nome de “atentado
violento ao pudor”, contudo hoje o sujeito passivo passará a ser “qualquer
pessoa”.

Título VI do CPB – Crimes Contra a Dignidade Sexual.

Divisão:

Capítulo I – Dos Crimes Contra a Art. 225 e 226;


Liberdade sexual.
Capítulo V – Do Lenocínio e do
Art. 213 – Estupro; Tráfico de Pessoa para
Prostituição.
Art. 215 – Violação sexual Mediante
Fraude; Art. 227 – Mediação para servir a
lascívia de outrem Art. 228 –
Art. 215-A – Importunação Sexual; e
Favorecimento da prostituição ou outra
Art. 216 – Assedio Sexual. forma de exploração sexual Art. 229 –
Casa de prostituição Art. 230 –
Capítulo I-A – Da Exposição da
Rufianismo Art. 232–A – Promoção de
Intimidade Sexual.
migração ilegal
Art. 2016-B – Registro não autorizado
Capítulo VII – Dioposições Gerais.
da intimidade sexual (Lei 13.772/18);

Capítulo II – Dos crimes Sexuais


Contra Vulnerável.

Art. 2017-A – Estupro de Vulnerável;

Art. 218 – Corrupção de Menores;

Art. 218-A – Satisfação de Lasciva


mediante presença de criança ou
adolescente;

Art. 218-B – Favorecimento da


Prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável;

Art. 218-C – Divulgação de cena de


estupro ou de cena de estupro de
vulnerável, de sena de sexo ou de
pornografia;

Capítulo IV - Disposições Gerais


(Específica)
2. Das Disposições Gerais:

Dos Crimes Hediondos:

Conforme a Lei nº 8.072/90, e pelo motivo do Brasil dotar o sistema legal


quanto aos crimes hediondos, o Art. 1º da citada lei, trará em seu rol os crimes
considerados hediondos conforme o desejo do legislador, incluindo entre eles o
crime de Estupro (inciso V); Estupro de Vulnerável (inciso VI); Favorecimento da
prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou de adolescente ou de
vulnerável (inciso VIII);

Da Ação Penal:

Conforme o Art. 225, definiu-se que nos crimes definidos nos Capítulos I
e II do Título VI, procede-se mediante ação penal pública incondicionada (Lei nº
13.718/18), devendo se atentar a lei penal e processual no tempo vide o Art. 2º
do CPP e o Art. 2º do CPB e a existência da norma penal hibrida, sem se
esquecer do prazo decadencial.

Soma-se a lei, ao fato da súmula nº 608 do STF, que surgiu anteriormente


da lei, afirmava que os crimes de estupro com violência real, se processava
mediante Ação Penal Pública Incondicionada;

Do Aumento de Pena:

- Conforme o Art. 234-A, definiu-se que nos crimes definidos nos Capítulos I e II
do Título VI, a pena é aumentada de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
gravidez;

Em relação a mulher que porventura vier a estuprar um homem, e desse


ato advenha uma gravidez, tem-se DUAS CORRENTES em que se discute a
questão de forma dicotómica, a primeira afirma que devido a norma não apresentar
qualquer distinção, por isso incide o aumento da pena; já a segundo a firma que não sob
pena de afrontar o princípio da alteridade, já que o crime não pode ser praticado uma
vez que o ato não atinge outra pessoa, ou seja, a conduta não sai da esfera da
própria pessoa que comete o ato; Não há uma majoritária;
No caso da gravidez como causa de aborto sentimental ou humanitário,
o Art. 128 do CPB traz um permissivo legal quanto o abroto na hipótese da
gravidez advinda de um ato de violência sexual, não se aplicando na hipótese
de uma mulher que é quem pratica o estupro.

- O Art. Ainda prevê o aumento de pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se
o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou
deveria saber ser portador;

Depende do Dolo Direto ou Eventual, em relação ao conhecimento, pelo


sujeito ativo do delito da doença sexualmente transmissível;

A incidência do aumento de pena afasta a aplicação do crime de perigo


de contágio venéreo (Art. 130 CPB);

- Ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência (desde que não seja deficiência
mental);

Da Publicidade: Os processos em que se apuram crimes sexuais, correrão


em segredo de justiça, havendo a publicidade reduzida apenas às partes e ao
magistrado (Art. 234-B CPB);

Termo Inicial da Prescrição: Segundo o Art. 111, em seu inciso V, afirma


que a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr,
nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste
Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18
(dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal;

Capítulo I – Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual.

Estupro: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência (vis absoluta) ou


grave ameaça (vis compulsiva), a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena de Reclusão 6 a 10 anos.

O crime de estupro, no passado, tinha como redação o ato de constranger


mulher a te conjunção carnal (sexo vaginal), existindo, para tanto, um crime
denominado de “Atentado Violento ao Pudor” (Art. 214 CPB), em que
criminalizava a prática de ato libidinoso DIVERSO de conjunção carnal, uma
vez que se entendia “conjunção carnal” como sexo vaginal, com a alteração
legislativa, tudo passou a ser estupro, não havendo abolitio criminis, em que pese
a revogação do artigo, vide tabela abaixo.

Tempo Da Lei Posterior (Ir) Retroatividade


Conduta
1 Fato Atípico Fato Típico Irretroatividade (Art. 1º CP)
2 Fato Típico Aumento da Pena Irretroatividade (Art. 1º CP)
3 Fato Típico Supressão do Retroatividade (Art. 2º CP)
Crime
4 Fato Típico Diminui a Pena Retroatividade (Art. 2º, §ú CP)
5 Fato Típico Migra o conteúdo. Princ. Continuidade normativa
típica.

Classificação:

Verbo Elementar do Tipo: Constranger (Coação);

Crime Pluriofensivo: Tutela dois bens jurídicos, sendo elas a liberdade


sexual e a liberdade; ou a liberdade sexual e a integridade física;

Crime Material: Independe de se colocar completamente o pênis ou ainda


a ejaculação;

Objeto Material do Crime: A pessoa contra quem se dirige a conduta;

Princípio da Consunção: A violência ou a ameaça é absolvida pelo estupro,


uma vez que este último é o objetivo final;

Tentativa: Desde que não se inicie os atos libidinosos, ao menos, será


possível a tentativa;

Grave Ameaça: Pode ser injusta (vou te matar) ou Justa (Se você não
transar comigo eu te entrego pra polícia);

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Bicomum: Pode ser praticado ou sofrer como vítima tanto por
homens quanto por mulheres;
Quanto ao Dolo: Apenas se admite na forma dolosa, não se admitindo na
modalidade culposa, por ausência normativa, conforme o Art. 18, II, parágrafo
único; independe de existir dolo específico para a conjunção carnal, uma vez
que, ainda que tenha tal dolo específico, se iniciado atos libidinosos, afasta-se a
tentativa (STJ);

Crime Material;

Quanto a Legítima defesa: Admitida desde que para repelir a agressão,


ainda que cause a morte do agressor;

Recusa Da Vítima: Deve ser séria e objetiva, não se admitindo o “não” que
faz parte do flerte, caso em que alguns doutrinadores entendem se tratar de
possibilidade de erro de tipo;

Alternância de Vontade da Vítima: Se no início do fato há a recusa, mas o


posterior a vítima consente, não há crime segundo a doutrina, mas se ocorrer o
contrário, o crime persistirá;

Obs.: É necessário que para configurar a conjunção carnal é necessário o contato


físico, contudo no ato libidinoso não é necessário o contato físico, podendo
ocorrer por meio da internet.

Obs.: Obrigar uma pessoa assistir uma relação sexual, não configura o crime de
estupro, contudo, se a vítima se tratar de vítima menor de 14 anos, se
enquadrará no Art. 218-CP (sexo na presença de criança ou adolescente); se a
vítima for maior de 14 anos teremos o crime do Art. 146 do CP
(constrangimento ilegal).

Vítimas: Qualquer pessoa, ainda que Prostituta; Esposa; Marido (afasta-se


o débito conjugal assim como qualquer hipótese de exercício regular do direito
quando do casamento), etc.;

Agentes Criminosos em Curra: Quando duas pessoas, estupram uma


vítima, usando o modus operandi onde um segura enquanto o outro estupra,
aquele quem segura alternando a conduta, todos responderão pelo estupro, e
como partícipe ou coautor de estupro;
No caput acima, vê-se o crime de estupro na modalidade simples, uma
vez que, em seus parágrafos é possível observar as modalidades mais gravosas,
com o contexto de aplicação de pena maior, senão vejamos:

Estupro Qualificado:

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18


(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena de Reclusão de 6 a 10 anos.

Percebe-se que há modalidade de qualificadora do Estupro em que,


apenas em um parágrafo, é possível extrair duas qualificadoras, a primeira na
hipótese de resultar lesão corporal grave (aqui incluindo grave ou gravíssima)
se apresentando como estupro qualificado pela lesão corporal, assim como a
segunda no caso do crime praticado contra adolescente menor de 18 e maior
de 14 anos de idade, nesse caso o estupro qualificado pela idade da vítima;

Obs.: As lesões corporais leves e a contravenção de via de fatos, são absolvidas


pelo estupro simples (Princípio da Consunção).

Obs.: Entende que, no estupro de adolescente no dia de seu aniversário de 14


anos, ela será vítima de estupro simples, uma vez que a lei não traz a
informação de idade maior ou igual a 14 anos.

Natureza: Preterdolosa, ou seja, dolo na conduta, culpa no resultado,


afastando o dolo direto para estuprar e para causar lesão corporal;

§ 2o Se da conduta resulta morte: Pena de Reclusão de 12 a 30 anos.

Nesta hipótese, há uma terceira qualificadora, está apresentando o crime


de estupro qualificado pela morte da vítima;
Dos Crimes Contra a Liberdade individual:

Art. 146 – Constrangimento Ilegal:

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe


haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda;

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa

Crime de menor potencial ofensivo;

Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Material;

Consumação: Quando a vítima faz o que a lei permite ou o que a lei não
manda;

Admite Tentativa;

Crime Subsidiário: Soldado de Reserva;

Aumento de pena:

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a


execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

Obs.: Trata-se do concurso material obrigatório de crimes, uma vez a aplicação


da pena de constrangimento ilegal mais a pena da violência.

Causas Especiais de Exclusão de ilicitude:

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de


seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio;

Art. 147 - Ameaça:

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto E grave:

Obs.: o conceito de grave é subjetivo, uma vez que deverá ser grave na
perspectiva da vítima.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Crime de Forma Livre;

Admite Tentativa: Desde que não seja oral ou gestual, dependendo do


modo em que o infrator pratica a ameaça;

Ação Penal Pública Condicionada;

Obs.: Não se confunde com a hipótese do Art. 88 da Lei 9.099/95 em relação ao


crime de lesão corporal leve nas hipóteses da lei Maria da penha, sendo
necessário a representação da vítima no crime de ameaça.

Ameaça Direta: Vou te matar;

Ameaça Indireta: Vou matar seu filho;

Art. 147-A – Perseguição / Stalking:

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-


lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de
liberdade ou privacidade.

Perseguir é o mesmo que importunar;

Crime Habitual;

Crime Bicomum;
Não Admite Tentativa;

Forma Livre;

Tipos de Perseguição:

1. Ameaçando a integridade Física;

2. Ameaçando a Integridade Psicológica;

3. Restringindo a capacidade de locomoção;

Obs.: Restringir é diferente de privar, já que, havendo privação haverá cárcere


privado.

4. De qualquer forma, invadindo ou perturbando a esfera de liberdade ou


privacidade;

Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa

Crime de Menor Potencial Ofensivo;

Elemento Subjetivo: Dolo;

Causas de Aumento de Pena:

1. Vítima o ECA + ID;

2. Vítima Mulher + §2ºA do Art. 121;

Obs.: Na hipótese do inciso I do art. 2ºA do Art. 121, aplica-se regra da lei maria
da penha, mas no caso do inciso II não.

3. Concurso de > 2 pessoas OU emprego de arma;

Obs.: Nessa hipótese o crime passa a ser de médio potencial ofensivo.

§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à


violência.

Se o crime é cometido com apenas a ameaça, o Art. 147 será absolvido pelo Art.
147-A, mas se houver violência, o agente responderá pelo concurso material
obrigatório.

Ação Penal Pública Condicionada: Art. 147-A, § 3º CPB;


Art. 147-B – Violência Psicológica Contra a Mulher:

Irretroatividade: Entrada em vigor no dia 29.07.2021;

Sujeito Ativo: Qualquer Pessoa – Crime Comum;

Sujeito Passivo: Mulher – Crime Próprio;

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não


constitui crime mais grave.

Crime Subsidiário;

Obs.: Poderá ser praticado fora do contexto da lei Maria da


penha (Caso Geisy Arruda), mas envolvendo, afasta-se a aplicação da Lei nº
9.099/95.

Crime Material;

Consumação: Efetivo dano emocional a mulher;

Hipóteses em que fica demonstrado o dano psicológico: Prejudicar ou


perturbar o pleno desenvolvimento da mulher; ou se visar degradar ou
controlar suas ações comportamentos, crenças e decisões;

Crime de Forma Livre: Praticado mediante ameaça, constrangimento,


humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização,
LIMITAÇÃO do direito de ir e vir; ou qualquer outro meio que cause prejuízo
à sua saúde psicológica e autodeterminação (interpretação analógica);

Art. 148 – Sequestro e cárcere privado:

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere


privado:

Pena - reclusão, de um a três anos

Sequestro: A privação não implica em confinamento;

Cárcere privado: A privação ocorrer em recinto fechado;

Crime Material;

Cabe Tentativa;
Consumação: Privação da liberdade;

Crime de Médio Potencial Ofensivo;

Cabe SURSI Processual: Art. 88 da Lei 9.099/95;

Dolo sem Finalidade Específica;

Crime Permanente;

§1º - Sequestro e Cárcere Privado Qualificado:

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente


ou maior de 60 (sessenta) anos;

Obs.: Se a vítima completa 60 anos após ser sequestrado ou mantido em cárcere


privado, por se tratar de crime permanente, o sequestro será qualificado.

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou


hospital;

A doutrina denomina de Internação Fraudulenta.

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias;

Crime a Prazo;

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;

Obs.: Se a vítima completa 18 anos após ser sequestrado ou mantido em cárcere


privado, devido o Tempus Regit Actum.

V – se o crime é praticado com fins libidinosos.

Obs.: Entende-se como crime formal uma vez que deverá ser levado em
consideração o dolo do agente, em que, havendo o ato libidinoso ou a
conjunção carnal, o exaurimento poderá ser subsumido em tipo penal mais
gravoso, respondendo o crime em concurso material.

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,


grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Dos Crimes Contra o Patrimônio:

Disposições Gerais: Art. 181 a 183;

Escusa Absolutória: São imunidades penais absolutas, ou seja, o agente


não responderá pelo crime (quanto a punibilidade);

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

Obs.: Parcela da Doutrina afirma que não se admite a isenção da pena quando
se referir a união estável, já outra entende que sim vez que é admitido analogia
in bonam partem, aplicando assim o Art. 226 do CP, prevalecendo o segundo
entendimento.

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo (do casamento) ou


ilegítimo (bastardo), seja civil (adotivo) ou natural.

Obs.: Não se adota quando envolver, madrasta, padrasto, enteado(a), Sogro(a).

Escusas Relativas ou Processuais:

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste


título é cometido em prejuízo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

Obs.: Não se aplica antes do casamento ou após o divórcio.

II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Obs.: Somente se aplica aos crimes de Ação Penal Pública Incondicionada, em


sendo crime de Iniciativa Privada (Dano Simples) permanecerá da mesma
forma.
Vedação as Escusas Absoluta e Relativa:

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave


ameaça ou violência à pessoa;

II - ao estranho que participa do crime.

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos.

Furto: Art. 155 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel;

Pena: Reclusão, de um a quatro anos, e multa – Crime de Médio Potencial


ofensivo Pena mínima menor ou igual à um ano, admitindo o SURSI (Art. 89 da
Lei 9.099/95);

Fiança: Admite a fiança, podendo o Delegado arbitrar quando da


lavratura do APF, uma vez a pena máxima ser menor que 04 anos (Art. 322 do
CPP);

Verbo Núcleo do Tipo: Subtrair, é o mesmo que se assenhorar com animus


definitivo da coisa – Animus Furandi;

Elemento Subjetivo: Dolo;

Obs.: No caso de furto “sem querer”, será incurso no erro de tipo, excluindo o
dolo e como não há furto culposo, será conduta atípica.

Objeto Material:

1. Coisa Alheia: Objeto que pertence à terceiro, e não de algo de


propriedade;

Obs.: Coisa que a ninguém pertence (não será furto como pegar água do mar);
Cadáver (não será furto salvo se pertencer à uma instituição); Bens do Falecido
(o furto será em relação aos herdeiros, e não ao cadáver); Coisas própria em
posse de terceiro (não será furto ainda que na posse de outrem); Sujeito passivo
não Identificado (responderá pelo crime de furto ainda que desconhecido a
vítima – Ação Pública incondicionada).

2. Móvel: Bens Móveis, corpóreos que podem ser transportados de um


lugar para outro;

Obs.: Não se comete crime de furto em relação à bens imóveis ou bens


imateriais.

Sujeito Passivo: Proprietário ou Possuidor;

DIREITO PENAL

Do Estupro a Oferta Pública

1. Dos Crimes Contra à Dignidade Sexual.

Introdução: Em que pese hoje termos no código penal um capítulo


direcionado para os “crimes contra a dignidade sexual”, há que se notar que
nem sempre assim ocorreu, uma vez que, antes da alteração dada pela Lei nº
12.015/09, o título se relacionava aos “crimes contra os costumes”;

Obs.: À título de exemplo a mudança foi essencial, uma vez que quando se
tratava no CPB dos crimes aqui estudados relacionados aos costumes, previa-se
estruturas normativas machistas, como a figura do estupro somente ser
cometido o sujeito passivo “mulher honesta”, bem como não se via o estupro
contra o homem com a mesma nomenclatura, sim com o nome de “atentado
violento ao pudor”, contudo hoje o sujeito passivo passará a ser “qualquer
pessoa”.

Título VI do CPB – Crimes Contra a Dignidade Sexual.

Divisão:
Capítulo I – Dos Crimes Contra a forma de exploração sexual Art. 229 –
Liberdade sexual. Casa de prostituição Art. 230 –
Rufianismo Art. 232–A – Promoção de
Art. 213 – Estupro;
migração ilegal
Art. 215 – Violação sexual Mediante
Capítulo VII – Dioposições Gerais.
Fraude;

Art. 215-A – Importunação Sexual; e

Art. 216 – Assedio Sexual.

Capítulo I-A – Da Exposição da


Intimidade Sexual.

Art. 2016-B – Registro não autorizado


da intimidade sexual (Lei 13.772/18);

Capítulo II – Dos crimes Sexuais


Contra Vulnerável.

Art. 2017-A – Estupro de Vulnerável;

Art. 218 – Corrupção de Menores;

Art. 218-A – Satisfação de Lasciva


mediante presença de criança ou
adolescente;

Art. 218-B – Favorecimento da


Prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável;

Art. 218-C – Divulgação de cena de


estupro ou de cena de estupro de
vulnerável, de sena de sexo ou de
pornografia;

Capítulo IV - Disposições Gerais


(Específica)

Art. 225 e 226;

Capítulo V – Do Lenocínio e do
Tráfico de Pessoa para
Prostituição.

Art. 227 – Mediação para servir a


lascívia de outrem Art. 228 –
Favorecimento da prostituição ou outra
2. Das Disposições Gerais:

Dos Crimes Hediondos:

Conforme a Lei nº 8.072/90, e pelo motivo do Brasil dotar o sistema legal


quanto aos crimes hediondos, o Art. 1º da citada lei, trará em seu rol os crimes
considerados hediondos conforme o desejo do legislador, incluindo entre eles o
crime de Estupro (inciso V); Estupro de Vulnerável (inciso VI); Favorecimento da
prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou de adolescente ou de
vulnerável (inciso VIII);

Da Ação Penal:

Conforme o Art. 225, definiu-se que nos crimes definidos nos Capítulos I
e II do Título VI, procede-se mediante ação penal pública incondicionada (Lei nº
13.718/18), devendo se atentar a lei penal e processual no tempo vide o Art. 2º
do CPP e o Art. 2º do CPB e a existência da norma penal hibrida, sem se
esquecer do prazo decadencial.

Soma-se a lei, ao fato da súmula nº 608 do STF, que surgiu anteriormente


da lei, afirmava que os crimes de estupro com violência real, se processava
mediante Ação Penal Pública Incondicionada;

Do Aumento de Pena:

- Conforme o Art. 234-A, definiu-se que nos crimes definidos nos Capítulos I e II
do Título VI, a pena é aumentada de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
gravidez;

Em relação a mulher que porventura vier a estuprar um homem, e desse


ato advenha uma gravidez, tem-se DUAS CORRENTES em que se discute a
questão de forma dicotómica, a primeira afirma que devido a norma não apresentar
qualquer distinção, por isso incide o aumento da pena; já a segundo afirma que não sob
pena de afrontar o princípio da alteridade, já que o crime não pode ser praticado uma
vez que o ato não atinge outra pessoa, ou seja, a conduta não sai da esfera da
própria pessoa que comete o ato; Não há uma majoritária;
No caso da gravidez como causa de aborto sentimental ou humanitário,
o Art. 128 do CPB traz um permissivo legal quanto o abroto na hipótese da
gravidez advinda de um ato de violência sexual, não se aplicando na hipótese
de uma mulher que é quem pratica o estupro.

- O Art. Ainda prevê o aumento de pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se
o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou
deveria saber ser portador;

Depende do Dolo Direto ou Eventual, em relação ao conhecimento, pelo


sujeito ativo do delito da doença sexualmente transmissível;

A incidência do aumento de pena afasta a aplicação do crime de perigo


de contágio venéreo (Art. 130 CPB);

- Ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência (desde que não seja deficiência
mental);

Da Publicidade: Os processos em que se apuram crimes sexuais, correrão


em segredo de justiça, havendo a publicidade reduzida apenas às partes e ao
magistrado (Art. 234-B CPB);

Termo Inicial da Prescrição: Segundo o Art. 111, em seu inciso V, afirma


que a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr,
nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste
Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18
(dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal;

Capítulo I – Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual.

Estupro: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência (vis absoluta) ou


grave ameaça (vis compulsiva), a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena de Reclusão 6 a 10 anos.

O crime de estupro, no passado, tinha como redação o ato de constranger


mulher a te conjunção carnal (sexo vaginal), existindo, para tanto, um crime
denominado de “Atentado Violento ao Pudor” (Art. 214 CPB), em que
criminalizava a prática de ato libidinoso DIVERSO de conjunção carnal, uma
vez que se entendia “conjunção carnal” como sexo vaginal, com a alteração
legislativa, tudo passou a ser estupro, não havendo abolitio criminis, em que pese
a revogação do artigo, vide tabela abaixo.

Tempo Da Lei Posterior (Ir) Retroatividade


Conduta
1 Fato Atípico Fato Típico Irretroatividade (Art. 1º CP)
2 Fato Típico Aumento da Pena Irretroatividade (Art. 1º CP)
3 Fato Típico Supressão do Retroatividade (Art. 2º CP)
Crime
4 Fato Típico Diminui a Pena Retroatividade (Art. 2º, §ú CP)
5 Fato Típico Migra o conteúdo. Princ. Continuidade normativa
típica.

Classificação:

Verbo Elementar do Tipo: Constranger (Coação);

Crime Pluriofensivo: Tutela dois bens jurídicos, sendo elas a liberdade


sexual e a liberdade; ou a liberdade sexual e a integridade física;

Crime Material: Independe de se colocar completamente o pênis ou ainda


a ejaculação;

Objeto Material do Crime: A pessoa contra quem se dirige a conduta;

Princípio da Consunção: A violência ou a ameaça é absolvida pelo estupro,


uma vez que este último é o objetivo final;

Tentativa: Desde que não se inicie os atos libidinosos, ao menos, será


possível a tentativa;

Grave Ameaça: Pode ser injusta (vou te matar) ou Justa (Se você não
transar comigo eu te entrego pra polícia);

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Bicomum: Pode ser praticado ou sofrer como vítima tanto por
homens quanto por mulheres;
Quanto ao Dolo: Apenas se admite na forma dolosa, não se admitindo na
modalidade culposa, por ausência normativa, conforme o Art. 18, II, parágrafo
único; independe de existir dolo específico para a conjunção carnal, uma vez
que, ainda que tenha tal dolo específico, se iniciado atos libidinosos, afasta-se a
tentativa (STJ);

Crime Material;

Quanto a Legítima defesa: Admitida desde que para repelir a agressão,


ainda que cause a morte do agressor;

Recusa Da Vítima: Deve ser séria e objetiva, não se admitindo o “não” que
faz parte do flerte, caso em que alguns doutrinadores entendem se tratar de
possibilidade de erro de tipo;

Alternância de Vontade da Vítima: Se no início do fato há a recusa, mas o


posterior a vítima consente, não há crime segundo a doutrina, mas se ocorrer o
contrário, o crime persistirá;

Obs.: É necessário que para configurar a conjunção carnal é necessário o contato


físico, contudo no ato libidinoso não é necessário o contato físico, podendo
ocorrer por meio da internet.

Obs.: Obrigar uma pessoa assistir uma relação sexual, não configura o crime de
estupro, contudo, se a vítima se tratar de vítima menor de 14 anos, se
enquadrará no Art. 218-CP (sexo na presença de criança ou adolescente); se a
vítima for maior de 14 anos teremos o crime do Art. 146 do CP
(constrangimento ilegal).

Vítimas: Qualquer pessoa, ainda que Prostituta; Esposa; Marido (afasta-se


o débito conjugal assim como qualquer hipótese de exercício regular do direito
quando do casamento), etc.;

Agentes Criminosos em Curra: Quando duas pessoas, estupram uma


vítima, usando o modus operandi onde um segura enquanto o outro estupra,
aquele quem segura alternando a conduta, todos responderão pelo estupro, e
como partícipe ou coautor de estupro;
No caput acima, vê-se o crime de estupro na modalidade simples, uma
vez que, em seus parágrafos é possível observar as modalidades mais gravosas,
com o contexto de aplicação de pena maior, senão vejamos:

Estupro Qualificado:

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18


(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena de Reclusão de 6 a 10 anos.

Percebe-se que há modalidade de qualificadora do Estupro em que,


apenas em um parágrafo, é possível extrair duas qualificadoras, a primeira na
hipótese de resultar lesão corporal grave (aqui incluindo grave ou gravíssima)
se apresentando como estupro qualificado pela lesão corporal, assim como a
segunda no caso do crime praticado contra adolescente menor de 18 e maior
de 14 anos de idade, nesse caso o estupro qualificado pela idade da vítima;

Obs.: As lesões corporais leves e a contravenção de via de fatos, são absolvidas


pelo estupro simples (Princípio da Consunção).

Obs.: Entende que, no estupro de adolescente no dia de seu aniversário de 14


anos, ela será vítima de estupro simples, uma vez que a lei não traz a
informação de idade maior ou igual a 14 anos.

Natureza: Preterdolosa, ou seja, dolo na conduta, culpa no resultado,


afastando o dolo direto para estuprar e para causar lesão corporal;

§ 2o Se da conduta resulta morte: Pena de Reclusão de 12 a 30 anos.

Nesta hipótese, há uma terceira qualificadora, está apresentando o crime


de estupro qualificado pela morte da vítima;

Violação Sexual Mediante Fraude: (Art. 215 CPB)

Noções Preliminares: Anteriormente o crime denominava-se como “posse


sexual mediante fraude de mulher honesta mediante fraude a ter conjunção
carnal”, bem como era previsto no Art. 216 o crime de “atentando ao pudor
mediante fraude para praticar ato libidinoso”, mudando, tal qual ocorreu com o
crime de atentado violento ao pudor e o estupro, após a reforma de 2009;
Tem como pena de reclusão de 02 a 06 anos, sendo considerado de crime de alto
potencial ofensivo, não podendo ser alcançado pela transação penal ou o
Acordo de não persecução Penal, tão pouco pelos SURSIs;

Art. 215 - Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima:

Obs.: Há que se ressaltar que a livre manifestação de vontade não pode ser por
completo, uma vez que, alcançando a sua totalidade, certo é que teremos o
crime de estupro de vulnerável, sendo considerado um soldado de reserva.

Classificação do Crime:

Crime Material: Consumação no momento da conjunção carnal ou prática


de ato libidinoso;

Admite-se a Tentativa;

Elemento Subjetivo: Dolo;

Sujeitos: Crime Bi comum, ou seja, serão os sujeitos qualquer pessoa,


desde que a vítima seja maior que 14 anos;

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada;

Características do Crime: Não é crime hediondo nem equiparada; não tem


violência ou grave ameaça; a fraude não pode retirar a capacidade de
resistência da vítima; a vítima não pode ser menor que 14 anos; e além da
fraude pode ter qualquer outro meio que impeça ou dificulte (fórmula genérica,
uma vez que o legislador não tem como prever todas as formas);

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem


econômica, aplica-se também multa.

Importunação Sexual: (Art. 215-A CPB)

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou


favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função
(em vigor desde 24.09.2018);
A lei 13.718/18 revogou a contravenção do Art. 61 da Lei das
contravenções penais, que tratava da contravenção de constrangimento em ato
ofensivo ao pudor;

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.

Ou seja, trata-se de um crime subsidiário, mais um soldado de reserva,


cabendo, diferente da fraude sexual, o SURSI, por possuir pena mínima de 01
ano, contudo não cabe arbitramento de fiança pelo Delegado, já que este
somente poderá arbitrar fiança em crimes com pena máxima de até 04 anos;

Classificação do Crime:

Sujeitos: Crime Bi comum, ou seja, serão os sujeitos qualquer pessoa,


desde que a vítima seja maior que 14 anos;

Características do Crime: Crime de médio potencial ofensivo (pena máxima


ultrapassa 02 anos e a pena mínima vai até 01 ano)

Elemento Subjetivo: Dolo com finalidade específica de satisfazer a própria


lascívia ou a de terceiro;

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Material;

Admite-se a Tentativa;

Obs.: Em que pese o crime ser bi comum, se o agente pratica um ato libidinoso
sem que seja contra uma pessoa específica, este cometerá o crime de ato
obsceno.

Assédio Sexual: (Art. 216-A CPB)

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou


favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico (âmbito da administração Pública) ou ascendência (Pessoa Jurídica
Privada) inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos


Crime de menor potencial ofensivo;

§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)


anos (leia-se: e maior ou igual a 14 anos).

Crime de elevado potencial ofensivo, uma vez que a pena mínima, com a
causa de aumento de pena, extrapola à 01 ano, ainda que o aumento seja apenas
de 1/6;

Obs.: Em que pese o §2º não trazer um quantitativo mínimo de aumento de


pena, para o direito penal se entende que não existe aumento de pena menor
que 1/6, logo, a doutrina entende que o amento de pena pode ser de 1/6 até
1/3.

Classificação do Crime:

Sujeitos: Crime Bi Próprio, já que em relação ao sujeito ativo precisa ser


alguém superior hierárquico, ou tenha ascendência, e a vítima também precisa
ser alguém subalterna ao autor do fato;

Características do Crime: Crime de médio potencial ofensivo (pena máxima


ultrapassa 02 anos e a pena mínima vai até 01 ano);

Elemento Subjetivo: Dolo;

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Formal;

Admite-se a Tentativa;

Crime Instantâneo: Em que pese parte da doutrina entender ser crime


habitual;

Obs.: De acordo com o entendimento majoritário quanto o professor e aluno, o


que se predomina, inclusive com entendimento do STJ (2019), é que poderá se
caracterizar o crime, em que pese a doutrina discordar, uma vez que não há
hierárquica ou ascendência.

Obs.: De acordo com o entendimento majoritário quanto o líder religioso e


seus fiéis, o que se predomina é que não se caracteriza o crime.
Registro não Autorizado da intimidade Sexual: (Art. 216-B CPB)

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio (ainda
que por meio de desenhos ou pinturas), conteúdo com cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado (veda-se sexo em público) sem
autorização dos participantes (em vigor desde 20.12.2018).

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em


fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro (ainda que não divulgue)
com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo.

Classificação do Crime:

Bem Jurídico: Intimidade Sexual;

Crime Tipo Misto Alternativo: Se vários verbos núcleos do crime vierem a


ser executados no mesmo contexto fático, haverá somente uma prática
criminosa;

Sujeitos: Crime Bi comum, ou seja, serão os sujeitos qualquer pessoa,


desde que não seja criança ou adolescente, se configurará o crime do Art. 240 do
ECA;

Características do Crime: Crime de médio potencial ofensivo (pena máxima


ultrapassa 02 anos e a pena mínima vai até 01 ano);

Elemento Subjetivo: Dolo;

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Formal;

Estupro de Vulnerável: (Art. 217-A CPB)

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos (Estupro de Vulnerável Simples ou Próprio):
Não há necessidade, tal como nos demais crimes, o constrangimento,
uma vez que há uma presunção absoluta quando a vulnerabilidade;

Se houver qualquer crime violento ou ameaça, o agente cometerá o crime


de estupro de vulnerável e o crime praticado com violência ou ameaça, desde
que não seja uma das hipóteses das qualificadoras (lesão corporal grave e
morte);

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com


alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência (denomina-se de “figura equiparada”).

Antes de 2009, quando passou a existir o crime em questão, o crime


praticado se tratava do crime de estupro, utilizando o Art. 224, que falava da
presunção de violência, ainda que não houvesse, nas condutas de ter conjunção
carnal ou ato libidinoso com criança ou adolescente menor que 14 anos;

Hipóteses de Vulnerabilidade:

Critério etário: menor de 14 anos (vulnerabilidade absoluta);

Critério biopsicológico: enfermos e doentes mentais que não possuem o


necessário discernimento para a prática do ato (vulnerabilidade relativa);

Critério Residual: Pessoa que, por qualquer outra causa não possa oferecer
resistência;

Qualificadoras:

§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.

§ 4o Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Norma Penal Explicativa:


5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime (em vigor desde 2018, em que pese a
jurisprudência já afirmar tal fato).

Todas as modalidades deste crime são consideradas Crime Hediondo;

Classificação do Crime:

Bem Jurídico: Dignidade Sexual do Vulnerável;

Objeto Material: Vulnerável;

Sujeitos: Sujeito Ativo qualquer pessoa; e o Sujeito Passivo, um


vulnerável;

Elemento Subjetivo: Dolo;

Crime de Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Material

Admite-se Tentativa;

Aumento de Pena: Se ascendente, padrasto, madrasta, tio, irmão, cônjuge,


companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador, ou qualquer um que
tenha título de autoridade sobre a vítima, seguirá o previsto no Art. 226, II,
aumentando à metade da pena;

Obs.: Há a possibilidade de erro de tipo em relação ao crime de estupro de


vulnerável, que pode ser praticado na possibilidade de erro de tipo invencível,
inevitável, escusável, excluindo o dolo ou a culpa. Contudo, se tratar de erro de
tipo inescusável, vencível, ou evitável, ou seja, quando deveria tomar cuidado,
ocorrendo uma negligência pelo agente, somente se excluirá o dolo.

Obs.: De acordo com a Exceção Romeu e Julieta, na hipótese do estupro de


vulnerável ocorrido entre pessoas jovens que praticam conjunção carnal ou ato
libidinoso, se preenchido os requisitos de consentimento da vítima, tenha
ocorrido no âmbito de um relacionamento amoroso, e a diferença de idade de
até 5 anos, a responsabilidade penal será excluída. Ocorre que o STJ não adota
tal exceção, vide Súmula 593 do STJ.

Presencialidade: Não há necessidade de haver contato físico, podendo


ocorrer a conduta criminosa de forma virtual;

Comprovação da Idade: Deve ser comprovado a idade da vítima por


documento público hábil, e na sua ausência o juiz deverá se valer de outros
meios de prova, como testemunha, compleição física, e outros elementos de
convicção (STJ);

Dolo Final: Ainda que o dolo final tenha sido a conjunção carnal, mesmo
que o agente não tenha atingido o dolo final, o fato do mesmo ter praticado atos
libidinosos, não haverá tentativa, tal qual não haverá dois crimes se o agente
atingir o dolo final (mesmo contexto fático), por ser o crime de tipo misto
alternativo;

Crime Continuado e Concurso Material: Ainda que o agente pratique


estupro de vulnerável contra duas vítimas no mesmo contexto fático, o mesmo
não será concurso material tão pouco crime continuado específico (Art. 71, § ú)
mas sim crime continuado (Art. 71, caput);

Dos Crimes Contra a Liberdade individual:

Art. 146 – Constrangimento Ilegal:

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe


haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda;

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa

Crime de menor potencial ofensivo;

Ação Penal Pública Incondicionada;

Crime Material;

Consumação: Quando a vítima faz o que a lei permite ou o que a lei não
manda;
Admite Tentativa;

Crime Subsidiário: Soldado de Reserva;

Aumento de pena:

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a


execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

Obs.: Trata-se do concurso material obrigatório de crimes, uma vez a aplicação


da pena de constrangimento ilegal mais a pena da violência.

Causas Especiais de Exclusão de ilicitude:

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de


seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio;

Art. 147 - Ameaça:

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto E grave:

Obs.: o conceito de grave é subjetivo, uma vez que deverá ser grave na
perspectiva da vítima.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Crime de Forma Livre;

Admite Tentativa: Desde que não seja oral ou gestual, dependendo do


modo em que o infrator pratica a ameaça;
Ação Penal Pública Condicionada;

Obs.: Não se confunde com a hipótese do Art. 88 da Lei 9.099/95 em relação ao


crime de lesão corporal leve nas hipóteses da lei Maria da penha, sendo
necessário a representação da vítima no crime de ameaça.

Ameaça Direta: Vou te matar;

Ameaça Indireta: Vou matar seu filho;

Art. 147-A – Perseguição / Stalking:

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-


lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de
liberdade ou privacidade.

Perseguir é o mesmo que importunar;

Crime Habitual;

Crime Bicomum;

Não Admite Tentativa;

Forma Livre;

Tipos de Perseguição:

1. Ameaçando a integridade Física;

2. Ameaçando a Integridade Psicológica;

3. Restringindo a capacidade de locomoção;

Obs.: Restringir é diferente de privar, já que, havendo privação haverá cárcere


privado.

4. De qualquer forma, invadindo ou perturbando a esfera de liberdade ou


privacidade;

Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa

Crime de Menor Potencial Ofensivo;


Elemento Subjetivo: Dolo;

Causas de Aumento de Pena:

1. Vítima o ECA + ID;

2. Vítima Mulher + §2ºA do Art. 121;

Obs.: Na hipótese do inciso I do art. 2ºA do Art. 121, aplica-se regra da lei maria
da penha, mas no caso do inciso II não.

3. Concurso de > 2 pessoas OU emprego de arma;

Obs.: Nessa hipótese o crime passa a ser de médio potencial ofensivo.

§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à


violência.

Se o crime é cometido com apenas a ameaça, o Art. 147 será absolvido pelo Art.
147-A, mas se houver violência, o agente responderá pelo concurso material
obrigatório.

Ação Penal Pública Condicionada: Art. 147-A, § 3º CPB;

Art. 147-B – Violência Psicológica Contra a Mulher:

Irretroatividade: Entrada em vigor no dia 29.07.2021;

Sujeito Ativo: Qualquer Pessoa – Crime Comum;

Sujeito Passivo: Mulher – Crime Próprio;

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não


constitui crime mais grave.

Crime Subsidiário;

Obs.: Poderá ser praticado fora do contexto da lei Maria da


penha (Caso Geisy Arruda), mas envolvendo, afasta-se a aplicação da Lei nº
9.099/95.

Crime Material;

Consumação: Efetivo dano emocional a mulher;


Hipóteses em que fica demonstrado o dano psicológico: Prejudicar ou
perturbar o pleno desenvolvimento da mulher; ou se visar degradar ou
controlar suas ações comportamentos, crenças e decisões;

Crime de Forma Livre: Praticado mediante ameaça, constrangimento,


humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização,
LIMITAÇÃO do direito de ir e vir; ou qualquer outro meio que cause prejuízo
à sua saúde psicológica e autodeterminação (interpretação analógica);

Art. 148 – Sequestro e cárcere privado:

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere


privado:

Pena - reclusão, de um a três anos

Sequestro: A privação não implica em confinamento;

Cárcere privado: A privação ocorrer em recinto fechado;

Crime Material;

Cabe Tentativa;

Consumação: Privação da liberdade;

Crime de Médio Potencial Ofensivo;

Cabe SURSI Processual: Art. 88 da Lei 9.099/95;

Dolo sem Finalidade Específica;

Crime Permanente;

§1º - Sequestro e Cárcere Privado Qualificado:

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente


ou maior de 60 (sessenta) anos;

Obs.: Se a vítima completa 60 anos após ser sequestrado ou mantido em cárcere


privado, por se tratar de crime permanente, o sequestro será qualificado.
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;

A doutrina denomina de Internação Fraudulenta.

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias;

Crime a Prazo;

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;

Obs.: Se a vítima completa 18 anos após ser sequestrado ou mantido em cárcere


privado, devido o Tempus Regit Actum.

V – se o crime é praticado com fins libidinosos.

Obs.: Entende-se como crime formal uma vez que deverá ser levado em
consideração o dolo do agente, em que, havendo o ato libidinoso ou a
conjunção carnal, o exaurimento poderá ser subsumido em tipo penal mais
gravoso, respondendo o crime em concurso material.

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,


grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Dos Crimes Contra o Patrimônio:

Disposições Gerais: Art. 181 a 183;

Escusa Absolutória: São imunidades penais absolutas, ou seja, o agente


não responderá pelo crime (quanto a punibilidade);

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

Obs.: Parcela da Doutrina afirma que não se admite a isenção da pena quando
se referir a união estável, já outra entende que sim vez que é admitido analogia
in bonam partem, aplicando assim o Art. 226 do CP, prevalecendo o segundo
entendimento.

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo (do casamento) ou


ilegítimo (bastardo), seja civil (adotivo) ou natural.

Obs.: Não se adota quando envolver, madrasta, padrasto, enteado(a), Sogro(a).

Escusas Relativas ou Processuais:

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste


título é cometido em prejuízo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

Obs.: Não se aplica antes do casamento ou após o divórcio.

II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Obs.: Somente se aplica aos crimes de Ação Penal Pública Incondicionada, em


sendo crime de Iniciativa Privada (Dano Simples) permanecerá da mesma
forma.

Vedação as Escusas Absoluta e Relativa:

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave


ameaça ou violência à pessoa;

II - ao estranho que participa do crime.

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos.

Furto: Art. 155 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel;
Pena: Reclusão, de um a quatro anos, e multa – Crime de Médio Potencial
ofensivo Pena mínima menor ou igual à um ano, admitindo o SURSI (Art. 89 da
Lei 9.099/95);

Fiança: Admite a fiança, podendo o Delegado arbitrar quando da


lavratura do APF, uma vez a pena máxima ser menor que 04 anos (Art. 322 do
CPP);

Verbo Núcleo do Tipo: Subtrair, é o mesmo que se assenhorar com animus


definitivo da coisa – Animus Furandi;

Elemento Subjetivo: Dolo;

Obs.: No caso de furto “sem querer”, será incurso no erro de tipo, excluindo o
dolo e como não há furto culposo, será conduta atípica.

Objeto Material:

1. Coisa Alheia: Objeto que pertence à terceiro, e não de algo de


propriedade;

Obs.: Coisa que a ninguém pertence (não será furto como pegar água do mar);
Cadáver (não será furto salvo se pertencer à uma instituição); Bens do Falecido
(o furto será em relação aos herdeiros, e não ao cadáver); Coisas própria em
posse de terceiro (não será furto ainda que na posse de outrem); Sujeito passivo
não Identificado (responderá pelo crime de furto ainda que desconhecido a
vítima – Ação Pública incondicionada).

2. Móvel: Bens Móveis, corpóreos que podem ser transportados de um


lugar para outro;

Obs.: Não se comete crime de furto em relação à bens imóveis ou bens


imateriais.

Sujeito Passivo: Proprietário ou Possuidor;

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