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455/1997- TORTURA
O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige qualidade ou
condição especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada
sujeito ativo desse crime.
Na tortura designada como tortura discriminatória, em que a violência ou a grave ameaça são
motivadas por discriminação racial, a ação penal é pública condicionada à representação da
vítima, nos moldes dos crimes de racismo, tipificados em legislação própria. A ação penal é
pública incondicionada.
Suponha que João, penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com emprego
de violência, a contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-lhe lesão corporal de natureza
gravíssima. Nessa situação, João deverá responder pelo crime de tortura e, se condenado,
deverá cumprir a pena em regime inicial fechado.
Considere a seguinte situação hipotética. Rui, que é policial militar, mediante violência e grave
ameaça, infligiu intenso sofrimento físico e mental a um civil, utilizando para isso as
instalações do quartel de sua corporação. A intenção do policial era obter a confissão da vítima
em relação a um suposto caso extraconjugal havido com sua esposa.
Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua condição de militar e
de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o crime de tortura na forma tipificada em lei
específica.
Como forma de punir um ex-membro de sua quadrilha que o havia delatado à polícia, um
traficante de drogas espancou um irmão do delator, em plena rua, quando ele voltava do
trabalho para casa. Nessa situação, o referido traficante praticou crime de tortura.
A denominada tortura para a prática de crime ocorre quando o agente usa de violência ou
grave ameaça para obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza criminosa. Assim,
essa forma de tortura não abrange a provocação de ação contravencional.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.
Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse
de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma
de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa
situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou
grave ameaça contra José.
É considerado crime de tortura submeter alguém, com emprego de violência ou grave ameaça,
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.
Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua
autoridade, com o objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem
para reclamar da qualidade da comida servida na penitenciária. Nessa situação, o referido
agente cometeu crime inafiançável.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de 1 a 4 anos.
O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime
de tortura somente pode ser praticado de forma comissiva. crime omissivo puro /segundo o
professor emerson castelo branco, essa forma do crime de tortura nao se equipara a crime
hediondo.
Daniel, delegado de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes de
polícia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia sido detida, sob a acusação
de porte de arma e de entorpecentes. O delegado permaneceu em sua sala, elaborando um
relatório, antes de lavrar o auto de prisão em flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos de
tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os agentes e a pessoa detida,
percebendo que os agentes determinavam ao detido que ele confessasse quem era o
verdadeiro proprietário da droga. Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou
que o detido apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que havia
guardado a droga para um conhecido traficante da região. O delegado, contudo, mesmo
constatando as lesões, resolveu nada fazer em relação aos seus agentes, uma vez que os
considerava excelentes policiais. Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de
forma que, sendo proferida sentença condenatória, ocorrerá, automaticamente, a perda do
cargo.
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§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três
anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei,
Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo prazo de seis anos.
Um agente de polícia civil foi condenado a 6 anos de reclusão pela prática de tortura contra
preso que estava sob sua autoridade. Nessa situação, o policial condenado deve perder seu
cargo público e, durante 12 anos, se-lhe-á vedado exercer cargos, funções ou empregos
públicos.
A perda da função pública e a interdição de seu exercício pelo dobro do prazo da condenação
decorrente da prática de crime de tortura previsto em lei especial são de imposição facultativa
do julgador, tratando-se de efeito genérico da condenação.
O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências do distrito
policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática do crime perderá
automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário, nessa situação, que o juiz sentenciante
motive a perda do cargo.
A pena para a prática do delito de tortura deve ser majorada caso o delito seja cometido por
agente público, ou mediante sequestro, ou ainda contra vítima maior de 60 anos de idade,
criança, adolescente, gestante ou portadora de deficiência.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena
em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico
brasileiro, mais uma hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o
delito não ter sido praticado no território e a vítima ser brasileira, ou encontrar-se o agente em
local sob a jurisdição nacional.
O condenado pela prática de crime de tortura, por expressa previsão legal, não poderá ser
beneficiado por livramento condicional, se for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual
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ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho
que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa,
a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinqüir.