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Objetivos
Objetivo geral
Objetivos específicos
Metodologia
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Crimes contra a liberdade das pessoas; crimes contra a liberdade sexual; e
colocação de pessoas em perigo.
Ameaça
Ameaça consiste no ato de ameaçar alguém, por palavras, gestos ou outros meios, de lhe
causar mal injusto e grave. A promessa de mal pode ser contra a própria vítima, contra
pessoa próxima ou até contra seus bens. ameaça é o prenúncio de um mal futuro.
Ameaçar será, pois, coagir alguém a algo através da promessa ou anúncio de um evento
que a pessoa ameaçada não procurou nem quer.
Tendo por objeto de proteção o bem jurídico liberdade pessoal, protegido nos termos
dos artigos 56º e 59.º da Constituição da República de Moçambique, o crime de ameaça
encontra-se previsto no artigo 195.º do Código Penal. O tipo criminal em questão
envolve a conduta de ameaçar outra pessoa com a prática de crime contra a vida, a
integridade física, a liberdade pessoal, a liberdade e autodeterminação sexual ou bens
patrimoniais de considerável valor, de forma adequada a provocar-lhe medo ou
inquietação ou a prejudicar a sua liberdade de determinação. É punido com pena de
prisão até 1 ano e multa correspondente. No n° 2 do mesmo artigo o legislador
acrescenta ainda que quando a ameaça for de morte é punido com pena de prisão de 6
meses a 2 anos e multa correspondente, no intuito de proteger a vida o legislador agrava
a pena quando estiver em causa a morte.
Da simples leitura deste normativo resulta clara a conclusão de que o bem jurídico
protegido é a liberdade de decisão e de acção, sendo que bastará a conduta do agente
que seja apta a provocar medo ou inquietação ou a prejudicar a liberdade de
determinação da sua vítima para que o crime se deva considerar consumado.
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Figueiredo Dias diz que, o que se exige, para preenchimento do tipo legal de crime, é
que a ação reuna certas circunstâncias, não sendo necessário que em concreto se chegue
a provocar o medo ou a inquietação. Por exemplo: preenche o tipo legal de crime, o
indivíduo que ameaça outro com uma arma, embora este último esteja no interior de
uma casa perfeitamente defendido da acção, pois tal acção é normalmente adequada
quer do ponto de vista do agente, quer do que é geralmente reconhecido.
Conforme referem Simas Santos e Leal-Henriques medo é o temor ou receio que o mal
ameaçado ou prometido venha a acontecer, enquanto inquietação é a intranquilidade, o
desassossego que a ameaça provoca no destinatário, sendo que há prejuízo na liberdade
de determinação quando o ameaçado fica constrangido pela ameaça e em vez de agir de
acordo com a sua livre vontade atua por forma a não desagradar o ameaçador, ainda que
isso lhe custe.
Coação física
A coação é o ato de constranger alguém para que, sob fundado temor, este alguém
pratique ação ou omissão contra sua vontade.
A coação poderá ser física, quando o agente utilizar da força para obrigar a vítima.
Nos termos do artigo 196° Código Penal que dispõe; quem, por meio de violência física
constranger outra pessoa a uma ação ou omissão, ou a suportar uma atividade, é punido
com pena de prisão de 1 mês a 1 ano e multa até 1 ano. O legislador acrescenta ainda
que se o constrangimento for feito com recurso a arma branca a integridade física ou
patrimonial da pessoa, a pena é de prisão de 2 a 8 anos, se pena mais grave lhe não
couber por força d outra disposição legal, significa isso que sempre que a coação for
feita com recurso a arma tanto branca como a de fogo a pena já não será de 1 mês a 1
ano, mas sim irá variar de 2 a 8 anos.
acrescentando o n.º 3 do mesmo artigo diz que a tentativa é punível,
Paralelamente, o n.º 4 do mesmo artigo consagra situações de não punibilidade, assim
dispondo que o facto não é punível; mediante primeiro:
Se a utilização do meio para atingir o fim não for censurável; ou
Se visar evitar o suicídio ou a prática de facto ilícito típico.
Quanto à específica situação em que o facto tenha lugar entre, ascendentes e
descendentes ou adotantes e adotados, ou entre pessoas que vivam em situações
análogas, dispõe o n.º 5 do mesmo artigo que o procedimento criminal depende de
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queixa do ofendido, ou seja, em tais casos o crime reveste a natureza de crime
particular.
Da simples leitura deste artigo e do seu confronto com o crime de ameaça ressalta,
desde logo, uma distinção essencial entre ambos os ilícitos é que no crime de coação a
conduta do agente pode consistir na ameaça com mal importante (o qual tanto pode ser
ilícito como não ilícito, como, por exemplo, o revelar de um segredo de família, ou o
caso do empregador que ameaça um seu contratado a termo que não lhe renovará o
contrato de trabalho se ele se sindicalizar) enquanto no crime de ameaça, conforme
oportunamente se salientou, a ameaça tem de ser a da prática de um crime, isto é, de um
facto ilícito típico.
Paralelamente, no crime de coação (consistindo a coação na imposição a uma pessoa de
uma conduta contrária à respetiva vontade) o constrangimento da vontade da vítima
pode ser alcançado também através de violência, entendendo-se que esta tanto
compreende a força física como abrange também a violência psíquica.
Rapto
Rapto, com origem etimológica no latim ráptus, é um termo que admite várias
excepções. Pode-se tratar do arrebatamento que leva uma pessoa a actuar de forma
impulsiva ou irracional a uma dada altura. O conceito de rapto também é utilizado para
evocar a acção que consiste em sequestrar um indivíduo com o objetivo, em geral, de
exigir um resgate para sua libertação.
O rapto consiste na privação ilegítima da liberdade de outra pessoa, recorrendo ao uso
da violência ou da intimidação. O artigo 197° do C. Penal dispõe que quem, por meio
da violência, ameaça ou qualquer fraude raptar outra pessoa com o fim de submete-lo à
extorsão, a violação, obter resgate, recompensa, constranger o Estado, uma organização
internacional, uma pessoa coletiva, um agrupamento de pessoas ou uma pessoa singular
a uma ação ou omissão, ou a suportar uma atividade, é punido com pena de prisão de 16
a 20 anos. Salientar ainda que a pena prevista para o crime de Rapto pode ser agravado
desde ocorram as seguintes circunstâncias
O rapto for precedido ou acompanhado de ofensas graves a integridade física da
vítima;
O rapto for acompanhado de tortura ou outro tratamento cruel, degradante ou
desumano;
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O rapto for praticado contra pessoa indefesa em razão da idade, doença,
deficiência ou gravidez;
O rapto for praticado mediante simulação de qualidade de autoridade pública,
por servidor público com grave abuso de autoridade;
O rapto for acompanhado de crime contra a liberdade sexual da vítima;
O rapto for seguido de suicídio da vítima.
Ocorrendo as circunstâncias acima enumeradas a moldura penal é agravada, pode ainda
ser agravada se da privação da liberdade resultar a morte da vítima, o agente é punido
na pena de 20 a 24 anos de prisão.
Conforme resulta nítido da leitura da norma em referência, também o crime de rapto
consubstancia uma agressão à liberdade de movimentos da vítima, embora esta
agressão, contrariamente ao que sucede com o crime de sequestro, vise um objetivo
específico que não se esgota na própria privação da liberdade, relativamente ao local em
que se encontrava antes da actuação do agente, ao pressupondo o rapto, também, por via
de regra, a deslocação da vítima contrário do que sucede no sequestro.
Agente do crime pode ser qualquer pessoa, assim como vítima do crime pode ser
qualquer pessoa, independentemente da respetiva idade ou sexo, embora a
qualidade da vítima seja apta a qualificar este crime, nos termos do disposto na alínea c)
do n.º 2 do artigo 197° C. Penal. Consagram situações que agravam a pena de rapto
quando, respetivamente, a vítima seja pessoa particularmente indefesa, em razão de
idade, deficiência, doença ou gravidez, ou quando a vítima tenha qualidade pública. O
crime de rapto é um crime público e por ser público não depende da queixa do ofendido.
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Atenuação a crime de rapto
Mediante o exposto no artigo 199° do C. Penal, quem praticar o crime de rapto pode ter
atenuante desde que voluntariamente renunciar a sua pretensão e libertar a vítima, ou se
esforçar seriamente por consegui -lo, pode a pena ser especialmente atenuada. A
libertação da vítima referida anteriormente não deve ser determinada pela ação reativa
das autoridades públicas. Se houver comparticipação, basta que o agente do crime tenha
feito um esforço para conseguir a libertação da vítima.
Sequestro
No direito penal, sequestro é o confinamento ilegal de uma pessoa contra sua vontade.
O perpetrador pode usar uma arma para forçar a vítima a entrar em um veículo, mas
ainda é sequestro se a vítima for induzida a entrar no veículo voluntariamente.
O sequestro pode ser feito para pedir resgate em troca da libertação da vítima, ou para
outros fins ilegais. O sequestro pode ser acompanhado de lesão corporal que eleva o
crime a sequestro qualificado. Segundo o artigo 198° do C. Penal que diz, quem
ilicitamente detiver, prender, mantiver presa ou detida qualquer pessoa ou de qualquer
forma ilicitamente a privar da sua liberdade, até 24 horas, é punido com pena de prisão
de 1 a 2 anos e multa correspondente. Se a privação da liberdade durar por mais de
dois dias, for precedida ou acompanhada de ofensa a integridade física grave, tortura ou
outro tratamento cruel, degradante ou desumano, for precedida com falso pretexto de
que a vítima sofria de anomalia psíquica; e outros motivos ou circunstâncias prevista
nas várias alíneas do n° 2 do artigo 198° do C. Penal. Se da privação da liberdade
resultar a morte da vítima o agente é punido com pena de prisão de 20 a 24 anos. O
crime de sequestro é revestido de natureza público e por ser um crime público não
depende da queixa do ofendido.
Conforme resulta da leitura da norma ora em apreço (assim como da respetiva inserção
sistemática) no crime de sequestro tutela-se a liberdade pessoal, embora sob um prisma
específico, qual seja, o da liberdade ambulatória, isto é, a liberdade de ir e de vir, ou,
como referem Vital Moreira e Gomes Canotilho, a liberdade física, liberdade de
movimentos, ou seja, direito de não ser aprisionado ou de qualquer modo fisicamente
confinado a um determinado espaço ou impedido de se movimentar.
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Refira-se que o n.º 2 rege situações de agressão à liberdade que dão lugar ao
agravamento da pena, importando realçar que o elenco da lei é taxativo, pois que
apenas as circunstâncias indicadas no mesmo poderão conduzir àquele
agravamento.
Violação
De acordo com o artigo 201° do C. Penal que dispõe que, quem tiver cópula, introdução
vacinal ou anal com partes do corpo ou objetos com qualquer pessoa de um ou de outro
sexo, contra sua vontade, por meio de violência física ou de veemente intimidação ou
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achando-se a vítima privada do uso da razão ou dos sentidos, comete o crime de
violação e é punido com a pena de prisão de 2 a 8 anos. É um crime de natureza
particular isso quer dizer que o procedimento criminal depende da queixa do ofendido.
Conforme resulta da simples leitura do normativo agora em apreço, o crime de violação
pode, agora, ser perpetrado contra qualquer pessoa, independentemente do respetivo
sexo (quer a vítima seja mulher, quer seja homem) e agente do crime pode ser, sob
qualquer forma de comparticipação uma pessoa de qualquer sexo. Apesar de a natureza
do ato exigir sempre a intervenção de um homem.
Importa agora precisar os conceitos de cópula, coito anal e coito oral.
No que concerne ao conceito de cópula o mesmo corresponderá à penetração da vagina
pelo pénis, ou seja, à conjugação carnal entre órgão sexual masculino e feminino, assim
se exigindo sempre a introdução, total ou parcial, da vagina pelo pénis.
Atentado ao pudor
Atentado ao pudor é de certa forma qualquer ato sexual forçado sem penetração e é
descrito no código penal como qualquer violação da integridade sexual. A vítima não dá
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o seu consentimento para este ato. Por exemplo: toques, carícias ou beijos não
desejados, forçar alguém a despir-se ou a mostrar os seus genitais.
O atentado ao pudor pode acontecer sem violência física ou ameaças. Por exemplo: se a
vítima não resiste e permite que aconteça porque tem medo.
O artigo 204° do C. Penal fundamenta que, quem importunar outra pessoa, praticando
perante ela atos de caráter exibicionista, formulando proposta de teor sexual ou
constrangendo-a a contacto de natureza sexual não consumado, é punido com pena de
prisão até 2 anos e multa correspondente, se pena mais grave couber por força de outra
disposição legal. O legislador acrescenta ainda dizendo que se a pessoa ofendida for
menor de dezasseis anos, a pena é agravada em metade no limite máximo.
Portanto atentado ao pudor é atentar contra a vergonha de outra pessoa ou seja trazer a
vergonha de alguém ao público. É um crime de natureza particular o procedimento
criminal depende da queixa do ofendido.
Assédio sexual
O artigo 205° do C. Penal diz, quem, abusando da autoridade que lhe conferem as suas
funções ou prevalecendo-se da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerente ao exercício de emprego, vantagem ou favorecimento sexual, é punido com
pena de prisão até 2 anos e multa correspondente. Salienta ainda que na mesma pena
incorre quem constranger sexualmente alguém com promessa de benefício de qualquer
natureza, valendo -se o agente de relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade. É
um crime de natureza particular o procedimento criminal depende da queixa do
ofendido.
Conforme resulta da simples leitura normativa agora em apreço O assédio sexual pode
ser definido como avanços de carácter sexual, não aceitáveis e não requeridos,
favores sexuais ou contactos verbais ou físicos que criam uma atmosfera ofensiva
e hostil. Pode também ser visto como uma forma de violência contra mulheres ou
homens e também como tratamento discriminatório. A palavra chave da definição
é: Inaceitável.
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sexual, convites constantes para sair ou inaceitável conversas de natureza
sexual.Pode também ser apenas um único acidente tocar ou apalpar alguém, de
forma inapropriada, ou até abuso sexual e violação.
Fraude sexual
O ato sexual previsto na lei ato sexual de relevo, cópula, coito anal ou coito oral
tem, pois, de ser praticado pela vítima como resultado de uma vontade iludida.
Pode se dizer que é uma situação em que o perpetrador engana a vítima para que
participe num ato sexual com o qual de outra forma não teria consentido, se não tivesse
sido enganada. O engano pode ocorrer de muitas formas, como percepções ilusórias,
declarações falsas e ações falsas.
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O artigo 207° do código penal diz que, quem praticar ato de procriação artificial em
mulher, sem o consentimento, é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. É um crime
de natureza particular o procedimento criminal depende da queixa do ofendido.
Face a esta configuração do bem jurídico tutelado, evidente se torna que o crime em
apreço se encontrará sistematicamente deslocado, a não ser que se entendesse que aqui
tudo se passa como se existisse uma violação sem pénis.
Pornografia de menores
Pornografia de menores é qualquer material, seja qual for o suporte ou plataforma, que
represente visualmente um menor ou pessoa aparentando ser menor envolvendo em
comportamento sexualmente explícito. Segundo artigo 211° do C. Penal. É punido com
pena de prisão de 1 a 5 anos quem utilizar menor de 18 anos em fotografia, filme ou
gravação pornográficos, independentemente do seu suporte, ou o aliciar para esse fim;
ou utilizar menor de 18 anos em espetáculo pornográfico ou aliciar para esse fim. Porém
quem utilizar menor de 12 anos para os descritos anteriormente incorre pena de prisão
de 2 a 8 anos. Segundo os n° 1 e 2 do artigo 212° do C. Penal. É um crime público o
procedimento criminal não depende da queixa do ofendido.
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Salientar ainda que é também punido a distribuição ou posse de pornografia de menores
segundo o artigo 213° do C. Penal, que diz, quem distribuir, importar, divulgar, exibir
ou ceder profissionalmente ou com finalidade de lucro, a qualquer título ou por qualquer
meio, materiais de fotografia, filme ou gravação pornográfica de menores de dezoito
anos é punido com pena de prisão até 2 anos e multa até 1 ano. O legislador acrescenta
ainda dizendo que a mera partilha, exibição, cedência, importação, exportação ou
distribuição do material de que trata o número anterior, quando não tem os fins
lucrativos ou profissional, da lugar a pena de prisão de 1 a 2 anos e multa
correspondente. Incorre ainda na pena de prisão até 1 ano e multa correspondente,
quem, independentemente do suporte ou plataforma, adquirir, detiver ou conservar os
materiais referidos neste artigo, ainda que para uso pessoal. Salientar ainda que a
tentativa é punível.
Prostituição
Prostituição é um termo que vem do latim prostitutio. Trata-se da atividade que realiza a
pessoa que cobra por manter relações íntimas com outros indivíduos. Prostituir-se
consiste portanto em ter sexo a troco de dinheiro.
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Quem, posto que não haja ofensa individual a dignidade sexual de alguma pessoa,
praticar ato material de caráter sexual explícito em lugar público, ou aberto ou exposto
ao público, será punido com pena de prisão até 6 meses é multa até 1 mês. Também
incorre sobre a mesma pena quem; fazer, importar, adquirir, colocar em veículos,
imóveis, muros, paredes ou em qualquer lugar público ou de acesso público escrito,
desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto sexualmente explícito para fim de
comércio, distribuição ou exposição pública; ou emitir, exibir ou difundir, em lugar
público ou acessível ao público, representação teatral, radiofônica, televisiva ou
cinematográfica de caráter sexual explícito ou realizar qualquer espetáculo com mesmo
caráter. É um crime público o procedimento criminal não depende da queixa do
ofendido.
Sendo certo que o próprio tipo legal se refere a uma situação de perigo, importa ter
presente que delitos de perigo são aqueles cujo facto constitutivo não causa um dano
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efectivo e direto em interesses juridicamente protegidos, mas criam para os mesmos um
perigo efectivo, sendo que por perigo deve entender-se a probabilidade de produção,
mais ou menos próxima, de um resultado danoso.
Conclusão
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crime doloso, devendo o dolo do agente abarcar não só a privação da liberdade da
vítima, como também o deslocamento espacial desta, e ainda qualquer das finalidades.
Referência bibliográficas
DIAS, Figueiredo, Direito Penal, Parte especial, Tomo I, Coimbra, Coimbra Editora
2004;
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