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1.

O "furto famélico", define-se pelo ato da subtração realizado para garantir


necessidades vitais e urgentes, também definidas como de ordem fisiológica,
como a fome. O furto famélico depende do entendimento do caso concreto,
visto que, não necessariamente podemos interpretar todo furto cujo princípio
da insignificância incida, como por exemplo, o furto de um cobertor.
Dependendo do crime, o réu pode ser beneficiado com a chamada "exclusão de
ilicitude", artigos 23 e 24 do CP. Alguns atos enquadram-se como: os de estado
de necessidade, legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal ou
exercício regular de direito.

2. O Homicídio Privilegiado pode ser definido pela conduta ilícita, ocorrendo a


atenuante da diminuição de pena. Causa de diminuição (art. 121, § 1º) cominado
com atenuante (art. 65, III, c). São circunstâncias que atenuam a pena: agente ter
cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, ou ainda, sob a influência de violenta emoção. Aponta-se
ainda, agente que comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima. No caso da causa de diminuição, o agente deve ter agido
sob o domínio da violenta emoção logo em seguida à injusta provocação.
Já o Homicídio qualificado incide: I – mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe; II – por motivo fútil; V – para assegurar a
execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; VI – contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino; e VII – contra autoridade ou
agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
grau, em razão dessa condição.
O homicídio será considerado como “privilegiado” se os motivos que levaram a
pessoa a praticá-lo forem relevantes, o que afasta as qualificadores relacionadas
aos motivos (qualificados) que impulsionaram o agente a delinquir. Assim, é
possível reconhecer o homicídio privilegiado no caso das qualificadoras objetivas,
relacionadas aos meios e modos, como no caso dos incisos:

III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; e
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Reconhecido o homicídio
privilegiado-qualificado, o crime deixa de ser hediondo.
Apesar da existência desse entendimento que considera possível o homicídio
privilegiado-qualificado (que eu acho correto), há quem diga que é impossível tal
figura, pois o privilégio afasta a qualificadora, tanto que vem (topicamente) antes
no Código, o privilégio está no § 1º enquanto as qualificadoras no § 2º, e que se
fosse de interesse do legislador possibilitar que homicídios qualificados fossem
considerados privilegiados, teria invertido a ordem dos parágrafos.
3. Crimes sexuais contra menor

O Estupro de Vulnerável está tipificado no art. 217-A que diz: ter conjunção
carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos, a pena -
reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. Com essa inovação a lei quis proteger aqueles,
em especial os menores que não tem capacidade plena para exercer sua sexualidade,
ou seja, aqueles que não podem resistir e não sabem as possíveis consequências pelo
ato de fazer. O tipo Penal é descrito no art. 218 do CP.

Já o art. 218, tipifica o ato de induzir menor de 14 anos a satisfazer a lascívia


de outrem. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. No caso desse tipo penal, o
induzimento refere-se a convencer o menor de 14 anos a se submeter à lascívia de
terceiro em troca de vantagens pecuniárias, ou não, mas que aparentemente lhe traria
benefícios. Esse tipo Penal é novo e destaca-se como uma ramificação do tipo penal
anteriormente comentado. Trata-se do artigo 218 – A do CP, que diferentemente do
artigo 218, submete ou induz a criança ou o adolescente não a prática do ato, mas a
presenciar os atos sexuais, abrangendo tanto a conjunção carnal, quanto os atos
libidinosos em geral, tudo isso como forma de satisfação de lascívia própria ou de
outrem. Para uma melhor análise das referidas indagações, apresenta-se o artigo ipsis
litteris: “Artigo 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou
induzi-o a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer
lascívia própria ou de outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos”. O artigo
218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar
que a abandone. Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.

     Percebe-se da leitura do citado artigo, que o legislador traz outra inovação.
Primeiro por também ser uma ramificação do artigo 218 e depois por inserir o delito
de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.
Novamente destacando a questão do vulnerável, dessa vez ampliando o rol para os
menores de 18 anos, diferente do que preceitua o artigo anterior que faz referência
apenas aos menores

4. Aborto

O aborto ocorre quando a gravidez é interrompida com a consequente


destruição do produto da concepção, a eliminação da vida intrauterina.
O aborto pode ocorrer entre a concepção e o início do parto. Depois
disso avistam-se as figuras típicas do homicídio ou do infanticídio.
Aborto natural ou espontâneo: É o aborto oriundo de causas patológicas
decorrentes de um processo fisiológico espontâneo do organismo
feminino.
Aborto acidental: Deriva de causas exteriores e traumáticas. Exemplo:
escorregão.
Aborto culposo: É o aborto que resulta de culpa, de uma conduta
imprudente, negligente ou imperita.

Aborto terapêutico (artigo 128, inciso I): É realizado quando não há


outro meio de salvar a vida da gestante.

Aborto sentimental e humanitário (artigo 128, inciso II): É o aborto


autorizado quando a gravidez é resultante de estupro.

Aborto doloso: é realizado pela própria gestante, ou por terceiro com ou


sem seu consentimento (artigos 124 a 126). O dolo é a vontade livre e
consciente de interromper a gravidez com a eliminação do produto da
concepção ou com a assunção do risco de provocá-lo.

Nas figuras do autoaborto e do consentimento para abortar (artigo 124),


o sujeito ativo é a gestante. Trata-se de crimes próprios, pois exigem
especial atributo do agente, ou seja, SÓ a gestante pode praticar.

O terceiro que induz, instiga ou auxilia a gestante ao autoaborto é


participe (artigo 124, 1ª parte). Portanto, admite concurso eventual de
agentes, exclusivamente na modalidade participação. Exemplo: fornecer
medicamento de efeito abortivo.

A figura do consentimento para abortar (artigo 124, parte final) não


admite o concurso de pessoas, por se tratar de crime de mão própria.

Nas figuras típicas do aborto praticado por terceiro, sem ou com o


consentimento da gestante (artigos 125 e 126) o sujeito ativo é qualquer
pessoa, exceto a gestante.

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