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AGRADECIMENTOS
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo informar aos profissionais de Direito que
a boa redação forense torna-se fundamental como ferramenta para realização de um
trabalho coerente, claro, coeso e adequado. O ato de falar e escrever bem são
essenciais para o exercício profissional nesta área. A Língua Portuguesa é um
instrumento eficaz que visa a auxiliar os profissionais de Direito na comunicação. O
conhecimento das regras gramaticais tornam os textos jurídicos mais claros e objetivos.
É importante para o profissional de Direito consultar um bom livro da Língua Portuguesa
e estudar gramática, eliminando os erros gramaticais existentes nos textos jurídicos que
causam incoerência, ambigüidade, obscuridade, impedindo a compreensão da
mensagem transmitida. Este trabalho é composto de dois capítulos: A Linguagem
Forense e A importância da gramática nos textos jurídicos. A Linguagem Forense é o
meio de comunicação utilizado entre os profissionais de Direito, uma linguagem técnica
que deve respeitar a linguagem padrão. A Importância da Gramática nos Textos
Jurídicos mostra o quanto é necessário o texto forense estar de acordo com a norma
culta, respeitando as regras gramaticais, evitando desta forma dúvidas na interpretação
das mensagens transmitidas.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
1 A LINGUAGEM FORENSE 9
1.1 O que é linguagem? 9
1.2 A linguagem forense 9
1.3 Os níveis de linguagem e a linguagem forense 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS 23
REFERÊNCIAS 24
ANEXOS 25
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INTRODUÇÃO
1 A LINGUAGEM FORENSE
forma oral. Ela é, portanto, o resultado do trabalho do lingüista que, partindo de suas
observações, descreve e registra a forma pela qual são construídas as estruturas
lingüísticas no contexto por ele escolhido, podendo, eventualmente, formular hipóteses
que expliquem essas construções.
Segundo Bechara (2006, p. 14 e 15), a gramática descritiva é:
Uma disciplina científica que registra e descreve um sistema lingüístico
homogêneo e unitário em todos os seus aspectos (fonético-fonológico,
morfossintático e léxico), segundo um modelo teórico escolhido para
descrição. Cabe tão-somente à gramática descritiva registrar como se
diz numa língua funcional, numa determinada variedade que integra uma
língua histórica: o português do Brasil; o português de Portugal; o
português do século XVI ou do século XX; o português de uma
comunidade urbana ou rural; o português de Eça de Queirós ou de
Machado de Assis, e assim por diante.
A linguagem utilizada nos textos jurídicos deve estar de acordo com a norma
culta, obedecendo às regras gramaticais. É importante conhecê-las para redigir bons
textos jurídicos. Os erros gramaticais causam obscuridade e ambigüidade e prejudicam
a comunicação redacional. O conhecimento da gramática é fundamental para o
exercício da profissão, é importante consultar sempre um livro de gramática.
Os profissionais do Direito buscam sempre ampliar seus conhecimentos
jurídicos, o que é relevante para o desempenho de suas atividades, no entanto, o ato
de escrever e organizar idéias é técnica essencial a quem deseja demonstrar o
conhecimento adquirido e sua habilidade profissional. É muito comum, infelizmente, que
os textos produzidos fiquem mal elaborados, incoerente, cujos defeitos provocam
dúvidas e falta de clareza, impedindo a compreensão da mensagem vinculada. Sem
dúvida alguma, a inadequação na linguagem compromete o pensamento jurídico.
É importante que o profissional se expresse, cada vez mais de forma correta,
objetiva e eficiente em seu trabalho. Seja em órgão público, escritório de advocacia ou
áreas afins, um dos primeiros cuidados é evitar a linguagem rebuscada.
O escrever corretamente assume no campo do Direito valor maior do que em
qualquer outro setor. O profissional do Direito que sentencia, despacha ou peticiona
têm de empregar linguagem correta e técnica. A boa linguagem é um dever do
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Aluguel aluguer
Assobiar assoviar
Bêbado bêbedo
Bílis bile
Cãibra câimbra
Carácter caráter
Cociente quociente
Contacto contato
Cota quota
Cotidiano quotidiano
Espuma escuma
Flecha frecha
Infarto infarte
Laje lajem
Loiro louro
Piaçaba piaçava
Porcentagem percentagem
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Na linguagem jurídica devemos ter cuidado com os sinônimos, uma vez que
substituída uma palavra pela outra pode transmitir uma idéia diferente daquela que se
pretendia, ou não definir corretamente o intuito jurídico, a repetição da mesma palavra é
mais adequada do que um sinônimo, sobretudo palavras técnicas.
Conforme, observação de Viana (2007 p.51):
As palavras sinônimas podem ser usadas na linguagem jurídica desde
que não prejudiquem a linguagem técnica. Por exemplo, furto e roubo
não são palavras sinônimas.
O art. 155 do CP define furto como subtração de coisa móvel alheia para
si, enquanto roubo é subtração de coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Embora as pessoas comuns considerem furto e roubo palavras
sinônimas, o profissional do Direito sabe que se trata de dois tipos
penais diferentes.
Não ocorre o mesmo problema se o profissional do Direito usar
advogado, causídico, patrono etc., para expressar a mesma idéia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
VIANA, J.M. Manual de Redação Forense e Prática Jurídica. 3.ed. – 2 tir. – São
Paulo: Oliveira, 2007.
ANEXOS
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ANEXO 1
São Paulo, 16 de Setembro de 2008 - Escrever é a arte de cortar palavras, já dizia o poeta
Carlos Drummond de Andrade. Essa máxima, no entanto, não é respeitada pela maioria dos
advogados e magistrados brasileiros. Textos rebuscados, com citação de termos em latim e
inglês, prolixos e redundantes são facilmente encontrados numa busca rápida pelos sites dos
tribunais. Os advogados garantem que o juridiquês, termo usado para a linguagem jurídica, está
com os dias contados. Enquanto isso não ocorre, leigos e até advogados recorrem ao velho e
bom dicionário para decifrar o que os colegas escreveram.
O advogado Leonardo Morato, do Veirano Advogados, que o diga. Mesmo exercendo a
profissão há mais de dez anos, ele afirma que tem dificuldade em entender alguns textos,
principalmente os que têm expressões em latim. "Como não estudei a língua (latina) na
faculdade, muitas vezes tenho que recorrer ao dicionário", diz. A advogada Gisele de Lourdes
Friso, do G. Friso Consultoria Jurídica, formada há dez anos, não teve latim na faculdade. Hoje,
ela diz que somente em algumas palavras precisa buscar o dicionário, mas reconhece a
dificuldade. "Há muito tempo não tem aula de latim nas faculdades”.
Morato diz acreditar que tanto as expressões em latim quanto a linguagem mais rebuscada
estão caindo em desuso.Mas reconhece que ainda há resistência. "Um termo bastante usado é
o ‘exception noum adimpleti contractus’, que significa contrato não cumprido. Às vezes até é
bom usar essas expressões, mas tentamos evitar”.
Para juízes, a simplificação dos textos pode representar mais agilidade na análise do caso e,
conseqüentemente, uma decisão mais rápida. "Quanto mais claro e conciso forem os textos, o
resultado de um julgamento, por exemplo, será mais ágil e fácil", constata o juiz Fernando
Mattos, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). Ele afirma que os textos
jurídicos estão evoluindo. "Principalmente em juizados especiais vemos linguagens mais
concisas”.
O advogado Marco Antônio Bevilaqua, do Demarest & Almeida, concorda. "Imagina usar a
expressão em latim ‘nemo venire contra factum proprium’ (ninguém pode pleitear em Juízo
contra os próprios atos), acho muito difícil alguém saber o que significa, a tradução deixa mais
simples”.
Simplificação
“Há uma tendência em simplificar e tornar os textos jurídicos mais claros", diz Bevilaqua. Para
ele, a narração feita em petições (material entregue a juízes) está mudando para agilizar o
trabalho dos magistrados. "Tudo é uma questão de tempo. As decisões têm que ser tomadas de
forma mais rápida. E se o texto for simples, facilita o julgamento, por exemplo”.
"O advogado precisa saber usar períodos (frases) mais curtos", comenta o advogado Leonardo
Corrêa, do Machado, Meyer, Sendacz e Opice. "Normalmente, quando escrevemos algum texto
mostramos para os nossos estagiários do primeiro ano para ver se eles entendem", explica
Corrêa. "A utilização (de termos em latim) é mais uma questão de tradição, não sendo uma
necessidade" diz.
Já o advogado Rodrigo M. Carneiro de Oliveira, do Pinheiro Neto, diz que alguns termos são
necessários porque são ricos em conteúdo. "Como o texto tem que ser mais curto e direto, há
expressões propícias direcionadas somente a magistrados. O erro mais comum, na verdade, é
não haver uma adequação conforme o público", diz.
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Treinamento
Treinar, periodicamente, os seus profissionais foi a saída encontrada por muitos escritórios para
evitar o uso do juridiquês. Além de facilitar o julgamento, os próprios clientes (cada vez mais
exigentes e com mais alternativa de bons profissionais no mercado) fizeram os advogados
mudarem a postura e escrever de forma clara e objetiva.
O Demarest & Almeida, por exemplo, treina periodicamente seus advogados com palestras
sobre o uso do português jurídico (termos técnicos) e informações repassadas, por meio de
memorando, sobre técnicas de narrativas. No Machado, Meyer a linguagem didática é treinada
já com os estagiários.
Para garantir uma linguagem mais simples e objetiva, o Tozzini Freire tem uma diretoria técnica
e contrata especialistas em linguagem para instruir seus advogados. Mas o sócio da banca,
Fernando Serec, reconhece que ainda usa termos em latim. "O uso de expressões em latim
podem simplificar petições, por exemplo”.O presidente da Ajufe discorda. Para ele, não há
necessidade de expressões em latim ou inglês (outro modismo adotado pelos advogados). "Não
é verdade que o uso simplifica o texto ou a fala. É importante saber desde a faculdade, mas a
tradução para o português é suficiente", finaliza Mattos.
(Fernanda Bompan).
"Acredito que quando começam a trabalhar usam muitos termos técnicos como um porto-seguro
para mostrarem que têm conhecimento, mas falamos para eles agirem justamente de forma
contrária", explica o professor e advogado da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Alexis
Couto de Brito. A universidade possui aulas de latim e de técnica de redação. "Ensinamos o
conhecimento das técnicas. Eles precisam saber quando aparecer alguma no dia-a-dia dele,
mas sempre dizemos para ter um estilo próprio", conta.
"Eu sei da necessidade de ser o mais claro possível. Muitas vezes, tive que usar um dicionário
para entender uma expressão. Principalmente em textos de pessoas cultas como
desembargadores, a linguagem é bem rebuscada", analisa o professor.
A Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), também instrui seus alunos a escrever textos de
forma mais simples. "O objetivo é deixar claro que quanto mais conciso o texto for, melhor é",
afirma a professora de redação jurídica da PUC, Maria Tereza Rego da França. No caso da PUC
não há aulas de latim. "Sabemos que existem várias expressões a serem usadas e que não dá
para dispensar, mas textos concisos, estes sim são necessários", conclui Maria Tereza. (F.B.)
ANEXO 2
1)Não use a expressão Senão, vejamos. Tanto a contestação quanto a petição inicial
são redigidas em terceira pessoa. A expressão Senão, vejamos é primeira pessoa do
plural, pois a expressão completa é: “Senão, vejamos nós”. A permuta de pessoas do
discurso, na produção textual jurídica, é considerada erro gramatical. As peças
processuais devem ser redigidas em terceira pessoa. Expressões do tipo: “Vejamos,
pois”, “Senão, vejamos”, “Podemos perceber que”, estão incorretas. Tais expressões
precisam ser corrigidas para: “Veja-se, pois”, “Senão, veja-se”, “Pode-se perceber” etc.
2) A expressão infra-assinado escreve-se com hífen, enquanto abaixo assinado escreve-
se sem hífen. A regra é clara: usa-se hífen depois do prefixo infra somente após as
vogais e palavras iniciadas por h, r, e s. Exemplos: infra-escrito, infra-hepático, infra-
regimental, infra-social. O termo abaixo-assinado é o nome dado ao documento e a
pessoa que o assina é um abaixo assinado, sem hífen. Cuidado com a grafia das
seguintes palavras: infraconstitucional, contra-razões, e contrafé.
3) As palavras anexo, incluso, apenso são adjetivos e devem variar de acordo com o
substantivo a que se referem. Exemplos: “Seguem os documentos anexos”, “A
procuração ‘ad judicia’ encontra-se anexa”, “As cópias reprográficas inclusas devem ser
juntadas ao processo”, “Os documentos apensos foram enviados a Vossa Excelência”.
Pode-se substituir anexo (adjetivo) pela expressão em ¬anexo (advérbio). Nesse caso, o
advérbio não deve variar. Exemplos: “Seguem os documentos em anexo”, “A procuração
‘ad judicia’ encontra-se em anexo” etc. As palavras anexo e em anexo são sinônimas.
Ambas são corretas na linguagem jurídica e não há diferença de significado.
4) Não se pode confundir foro com fórum. Foro é o lugar em que o Poder Judiciário
desempenha suas funções, isto é, lugar competente para conhecer e julgar determinada
causa. Fórum é o prédio onde funcionam os órgãos do Poder Judiciário.
5) O pronome de tratamento Vossa Excelência exige o verbo na terceira pessoa. O
pronome possessivo correspondente é seu e sua. Por isso, não construa esta frase:
“Vossa Excelência resolveu o vosso problema?”. Corrija para: “Vossa Excelência
resolveu o seu problema?” Da mesma forma, é incorreto elaborar a seguinte oração: “O
autor vem, mui respeitosamente, à vossa presença”. Corrija para: “O autor vem, mui
respeitosamente, a sua presença” ou “O autor vem, à presença de Vossa Excelência,
requerer o julgamento antecipado da lide”.
6) O verbo elencar não existe na Língua Portuguesa. Os dicionários não o registram.
Existe apenas o substantivo elenco. Substitua elencar pelos verbos enumerar, indicar
etc. A oração “Os requisitos da petição inicial estão elencados no art. 282 do CPC” está
incorreta. Corrija para: “Os requisitos da petição inicial estão enumerados no art. 282 do
CPC”.
7) Os verbos ter e vir fazem o plural, acrescentando-se o acento circunflexo (^) no
primeiro “e”, sem dobrá-lo. Por exemplo: “Os opostos vêm, mui respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência”.Assim, deve-se formar o plural correto dos verbos ter e
vir: ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm. Os compostos desses verbos levam acento
agudo – no singular – e circunflexo – no plural. Por exemplo: manter – ele mantém, eles
mantêm; ele convém – eles convêm.
8) Os verbos dar, crer, ler e ver fazem o plural dobrando o “e” e colocando o acento
circunflexo no primeiro “e”. Exemplos: crer – ele crê, eles crêem; ler – ele lê, eles lêem;
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ver – ele vê, eles vêem; dar – ele vê, eles vêem.
9) Usa-se senão, quando puder ser substituída por do contrário, mas sim; a não ser, de
outro modo. Por exemplo: “A oposição precisa ser oferecida antes da audiência, senão
ela será processada como procedimento autônomo”, “Razão assiste ao opoente, senão
vejam-se os arestos colacionados”. Ao usar o se não (separado), deve-se observar que
seu significado equivale a caso não, pois equivale a incerteza, condição, precisão. Por
exemplo: “Se não chover, o opoente irá ao fórum”, “A resposta está correta? Se não,
vejamos”.
10) Escreve-se separadamente a locução a fim de. Trata-se de uma conjunção
subordinativa adverbial final. Por exemplo: “Ajuíza-se a oposição, a fim de o opoente
litigar em face dos opostos sobre o mesmo objeto da lide em que estes demandavam”. O
termo afim é um adjetivo e significa semelhante, por afinidade. Por exemplo: “O opoente
e o oposto não possuem idéias afins”.
Sobre o texto:
Texto inserido na Academia Brasileira de Direito em 11 de setembro de 2006.
Bibliografia:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), o texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado
da seguinte forma:
VIANA, Joseval. Dez regras gramaticais para melhorar a linguagem forense.
Disponível em
<http://www.abdir.com.br/doutrina/ver.asp?art_id=599&categoria=Linguagem
Forense> Acesso em :22 de julho de 2008
Autor:
mailto:www.josevalviana.pro.br
ANEXO 3
Principais erros de regência verbal na petição inicial
Prof. Joseval Viana
Entende-se por regência verbal a relação de subordinação existente entre duas palavras
ligadas entre si (verbo e preposição), de tal modo que uma dependa gramaticalmente da outra.
No caso da regência verbal, alguns verbos exigem determinadas preposições e não podem ser
usadas com outras preposições sob pena de ocorrer erro gramatical ou mudança de sentido.
Leia, atentamente, este exemplo retirado do art. 344, parágrafo único do CPC: "É defeso, a
quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte." Note-se que o verbo "assistir"
exige a preposição "a". Ele é verbo transitivo indireto no sentido de "ver", "presenciar", portanto
exige objeto indireto, representado pela preposição "a", por isso, deve-se escrever: "assistir ao
depoimento", "assistir ao filme", "assistir à audiência" etc.
Se o legislador tivesse escrito: "É defeso, a quem ainda não depôs, assistir o interrogatório", o
sentido da frase seria outro. O verbo "assistir" também é transitivo direto, na acepção de
"acompanhar", "socorrer", "ajudar". Por esse motivo, ele não exige preposição "a". Assim, a
interpretação do artigo seria outra: a testemunha que ainda não depôs, não pode ajudar o
interrogatório da outra parte. Imagine uma testemunha ajudando o juiz a interrogar a
testemunha que está depondo. Existirão aquelas pessoas que, certamente, afirmariam que o
legislador, na verdade, proibiu que uma testemunha ajudasse a outra em seu depoimento.
Observe-se que uma única preposição ligada ao verbo pode causar problema de correção
gramatical com reflexos na interpretação da lei.
Com a petição inicial acontece o mesmo. Se o operador do Direito não cuidar da regência
verbal, pode escrever incorretamente ou, dependendo do verbo que aceita ou não preposição
de acordo com a frase, pode dar sentido diverso à sua redação.
O erro de regência verbal mais comum encontrado nas petições iniciais é com a utilização dos
verbos "residir" e "domiciliar". Estes verbos exigem a preposição "em" e não exigem a
preposição "a". Leia este exemplo retirado do art. 953 do CPC: "Os réus que residirem na
comarca serão citados pessoalmente; os demais, por edital." O legislador utilizou corretamente
a gramática: "residir na comarca" e não da forma incorreta: "residir à comarca".
Utiliza-se a mesma regência verbal com relação ao verbo "domiciliar". Observe-se este exemplo
retirado do art. 88, inc. I, do CPC: "É competente a autoridade judiciária brasileira quando: I - o
réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil". Infere-se, portanto,
destes exemplos que se deve escrever, na petição inicial, "residente e domiciliado na Rua...".
Outro verbo utilizado freqüentemente de forma incorreta é o "visar". Com o sentido de "ter por
finalidade", "objetivar", ele é transitivo indireto com a preposição "a". Por exemplo: "Os
bacharéis em direito visam à aprovação no exame da OAB". Os bacharéis visam a quê?
Resposta: à aprovação no exame da OAB.
O verbo "visar" apresenta-se também como verbo transitivo direto, no entanto, muda-se o
significado. Será transitivo direto quando significar "apontar a arma contra". Exemplo: "O Policial
Militar visou o alvo com segurança". Também será verbo transitivo direto quando significar "pôr
o sinal de visto em", "rubricar", "assinar" etc. Exemplo: "O gerente do banco visou o cheque do
industrial".
Por fim, o verbo "despachar". Com o sentido de "pôr despacho em um documento", "atender",
"resolver", é verbo transitivo direto. Exemplo retirado do art. 644 do CPC: "Na execução de
obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial,
fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será
devida”.
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Como se pôde observar, a regência verbal influencia na redação das peças processuais,
sobretudo na petição inicial, por isso, o livro de gramática é indispensável ao operador do
Direito, a fim de consultar os verbos e verificar quais são as preposições corretas e seus vários
sentidos no uso redacional.
Sobre o texto:
Bibliografia:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), o texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado
da seguinte forma:
VIANA, Joseval. Principais erros de regência verbal na petição inicial.
Disponível em
<http://www.abdir.com.br/doutrina/ver.asp?art_id=665&categoria=> Acesso
em :25 de junho de 2008
Autor:
Prof. Joseval Viana
mailto:www.josevalviana.pro.br