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Alfaletrar – Magda Soares

O despertar da Consciência Fonológica

Como visto nos capítulos anteriores, as crianças não alfabetizadas entendem a escrita no
começo como “marcas”, elevando de rabiscos para letras, levando a entender nesse processo o
entendimento das palavras, para só depois, aprender que o que elas veem escrito é a mesma
coisa que o que elas ouvem ser lidas, junto com o devido som de cada letra e palavra.
A consciência fonológica é a capacidade de entender a cadeia sonora que faz parte de uma
palavra, por exemplo: suas sílabas, rimas e fonemas. A palavra é uma cadeia de sons que podem
ser segmentadas em sílabas, essas sílabas são feitas de pequenos sons, os fonemas. Dito isso, o
desenvolvimento da consciência fonológica é ligado a aprendizagem das letras (consciência
lexical), logo em seguida, a criança se torna capaz de dividir as palavras em sílabas (consciência
silábica), e em seguida ela entende e identifica os fonemas nas sílabas (consciência fonêmica).
A consciência lexical é o assunto tratado nesse capitulo, ela está presente na compreensão do
conceito de palavra. Diz respeito a habilidade de dividir a linguagem falada em palavras, como o
conceito de palavra só é entendido uma vez que a criança se alfabetiza, ela tem dificuldades para
isolar as palavras que expressam significados, como substantivos, adjetivos e verbos das palavras
que articulam ideias. Por isso, é normal encontras nas primeiras produções textuais das crianças
algumas tentativas de junção desses 2 tipos de palavras.
Nessa etapa, se torna importante trabalhar diversas palavras de tamanhos diferentes, para a
criança entender que a relação entre o tamanho da palavra e de seu significado não são a mesma
coisa. É apresentada a fábula de “O Leão e o Ratinho”, para um grupo de crianças de 4 anos,
como exemplo. Outro aspecto é relacionado com a compreensão e dificuldade da criança em
dirigir a atenção para a cadeia sonora. Para isso, deve-se voltar a atenção da criança para os
sons da palavra, com atividades de rimas e aliterações. Mesmo que não saibam ler, observar a
escrita das palavras pode leva-las a um melhor entendimento estrutural e fonético.
Quando a criança se torna capaz de dividir a cadeia das palavras em sílabas, e dessas silabas
apresenta-las com apenas uma letra, já pode-se entender que sua consciência entendeu que a
palavra é feita de segmentos sonoros (letras). Porém, as letras que a criança escolhe para
representar as sílabas não tem relação com os fonemas. Isso se da pela capacidade de
fonetização que ainda não foi adquirida, ou seja, a capacidade de perceber os fonemas dentro da
sílaba e das letras que a compõem. Geralmente as crianças escrevem uma letra para cada sílaba
da palavra, sendo na maioria das vezes a letra que corresponde ao som de maior destaque da
palavra. Essas crianças já são capazes de escrever pequenos textos representando as palavras
por letras, mas não são capazes de lê-los.
Em um dos exemplos do texto, uma criança representa as palavras por suas vogais, em uma
delas, a palavra “sentado” é escrita com a sílaba inicial “C”, seguido da segunda sílaba “TA”, além
de ter dificuldades com as vogais nasais, por exemplo “lendo”, se transformou em “EO”. Algum
tempo depois, a criança não conseguiu ler o texto que escreveu, sem as figuras para apoio, sendo
assim, para avançar, a criança precisa entender o esquema fonológico, para ser capaz de
identificar todos os fonemas das sílabas.

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