A Psicogênese da Língua Escrita é o caminho que as crianças percorrem na
apropriação da língua escrita. Volta-se para a compreensão de como elas aprendem - Pesquisa feita por Emília Ferreiro e Ana Teberosky. Nessa perspectiva, o aprendizado do sistema de escrita: concebido como resultado de processo ativo no qual o sujeito da aprendizagem, desde seus primeiros contatos com a escrita, constrói e reconstrói hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua escrita. Ler e escrever significa compreender como funciona O Sistema De Escrita Alfabética (SEA) e seu uso social, e não meramente juntar pedaços de escritas. No processo de alfabetização e letramento destacam-se três desenvolvimentos que ocorrem articuladamente, o Psicogenético, o do Conhecimento Das Letras e da Consciência Fonológica. Os momentos desses três desenvolvimentos variam para cada criança e classe, essas múltiplas articulações entre os desenvolvimentos devem ser levadas em conta pelo educador no planejamento de suas ações pedagógicas. Pensadores como Piaget, Vygotsky e Wallon entre outros se dedicaram a estudar a epistemologia genética (desenvolvimento psicogenético) da criança, ou seja, o desenvolvimento de seus processos mentais. A pesquisa de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, escrita na década de 1970 na Argentina e publicada no Brasil na década de 1980, descreve o que as crianças pensam em seus percursos de aprendizagem da língua escrita uma das Revelações mais importantes da pesquisa é que o percurso de aprendizagem da língua escrita é marcado por fases bem definidas. A consciência fonológica pode ser entendida como um conjunto de habilidades que vão desde a simples percepção global do tamanho da palavra e de semelhanças fonológicas entre as palavras até a segmentação e manipulação de sílabas e fonemas Entender e compreender que o nosso sistema de escrita alfabético tem uma representação entre letras, o nome das Letras (A, B, C, D, F, G, H ...) representam o som. Então para o indivíduo conseguir ler e escrever ele tem que ter a consciência de alguns processos envolvidos fonologicamente que a nossa língua está envolvida. Pictórica: Garatujas. (A criança pode imitar a escrita). Neste nível, escrever é reproduzir os traços típicos da escrita. Se esta forma básica é a escrita de imprensa, teremos grafismos separados entre si, compostos de linhas curvas e respostas ou de combinações entre ambas. Diferenças entre letras e números; nas primeiras tentativas de escrita - produz grafias que tentam se parecer com letras - Pseudoletras - Conhecimento de outras convenções: Alinhamento; Orientação esquerda-direita; Distribuição do espaço no texto. -Pré-Silábico Hipótese da quantidade mínima de letras em cada palavra (duas ou três); Hipótese de variedade de letras dentro de cada palavra Propriedade Intrafigural; Hipótese de variedade de letras entre palavras (mudança na ordem, quantidade e/ou repertório de letras) Propriedade Interfigural; A quantidade (e/ou tamanho) de letras está em função do tamanho do objeto. REALISMO NOMINAL - A criança não estabelece relações entre a escrita e a pronúncia. Nesta fase ela expressa sua escrita através de usadas aleatoriamente, sem repetição e com o critério de no mínimo três. A superação do realismo nominal é fundamental para a criança avançar. Para isso, o profissional poderá realizar intervenções pedindo para que ela assinale a palavra maior em uma lista com diferentes objetos representados. Esse tipo de intervenção pode desestabilizar a crença de que a escrita é uma representação direta do objeto e levar a criança a superar tal concepção. -Silábico Como a unidade de som que se percebe é a sílaba - cada sílaba é representada por uma letra ou uma grafia. A criança descobre a lógica da escrita, percebendo correspondência entre representação escrita das palavras e as propriedades sonoras das letras, usando, ao escrever, uma letra para cada emissão sonora. A criança apresenta conflitos nessa hipótese e tem dificuldade na escrita de monossílabos. Nas palavras com letras que se repetem como Batata, escreveria AAA, isso não pode ser lido e gera uma dificuldade; palavras diferentes são escritas da mesma maneira (???) Como bola e cola, ambas escreveriam OA, isso não e aceito; quando a criança utiliza as consoantes ela distingue melhor algumas palavras do que outras. -Silábico-Alfabético Cada sílaba pode ter mais de uma letra, mas não se põem todas (iniciais, finais, letras mais conhecidas, etc.) quando se descobre que uma sílaba pode ser escrita com a vogal ou com consoante, acaba-se por escrever ambas (ora escreve-se silabicamente, ora alfabeticamente). -Alfabético Caracteriza-se pela correspondência entre fonemas e grafemas, quando a criança compreende a organização e o funcionamento da escrita e começa a perceber que cada emissão sonora (sílaba) pode ser representada, na escrita, por uma ou mais letras. Neste nível, a criança, embora já alfabetizada, escreve ainda foneticamente (como se pronuncia), registrando os sons da fala, sem considerar as normas ortográficas da escrita padrão e da segmentação das palavras na frase. Constitui o final desta evolução. Compreendeu-se o sistema convencional de escrita. Porém, aparecem novos problemas, como as questões de: segmentação, ortografia, maiúsculas, minúsculas, acentuação, etc. O processo de aprendizagem da língua escrita não começa na escola. Em sociedades como a nossa a criança desenvolve desde muito cedo conhecimentos e conceitos sobre a escrita. Há um desenvolvimento de certa forma natural da criança quando ela convive em um mundo letrado, o indivíduo está cercado formas, letras e frases além da educação familiar mesmo que informalmente a criança tem contato com o texto escrito que sobretudo é um contato se chamar logográfico e nele não se vê as letras nem tem ideia de que as letras estejam representando os sons da fala mas ela vê a figura que já é o primeiro passo no sentido da leitura e a criança num determinado momento ela começa a tentar escrever por ver os outros escrevendo. Por ver a letra de todo lugar a criança começa a imitar esse comportamento, mas ainda sem perceber que a letra representa o som; no início ela acredita que escrever é desenhar. Por exemplo, ao pedimos para a criança escrever borboleta ela desenha uma borboleta aos poucos a criança percebe que desenhar e escrever são coisas diferentes começando a tentar imitar letras. Logo passa a fazer garatujas e depois são as letras e a escrever letras. Aos poucos ela percebe as letras representam os sons e enfim chega aos fonemas. Apesar da possibilidade deste desenvolvimento acontecer fora do contexto escolar a partir de um certo ponto é a instituição educativa que passará a orientar o processo de alfabetização e letramento da criança, de forma metódica sistemática e planejada.
Soares, Magda. "Alfabetização e letramento." (2003).
de Souza Cardoso Jr, V. (2020). A necessária integração entre alfabetização e letramento na aprendizagem inicial da língua escrita. Revista da ABRALIN, 1-6. Ana Claudia Lodi et al. - Letramento e minorias-Mediação (2013) Psicogênese da língua escrita - referência fundamental para a compreensão do processo de alfabetização