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Programa Criança Alfabetizada -

Educação Infantil

LEITURA E ESCRITA COM


CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS:
CADERNO DE MEDIAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Acolhida:

Dinâmica da música com colher


de pau.
Nosso roteiro para os 2
encontros de formação
• Dia 1 – Retomada dos conceitos de alfabetização e
letramento; Reflexões sobre diferentes concepções de
alfabetização e as práticas associadas a elas; Exemplos
de boas práticas de alfabetização.

• Dia 2 – Retomada dos conceitos de consciência


fonológica e fonêmica; Possibilidades de trabalho com
letras e análise fonológica.
– Reflexões sobre as atividades com lápis e papel
Roteiro para o dia 2

1. Discussão teórica: conceitos de consciência fonológica e


fonêmica; papel do conhecimento das letras na
alfabetização

2. Possibilidades de trabalho com letras e análise


fonológica:
• O trabalho com jogos
• Atividades com textos da tradição oral
• Leitura de livros de literatura infantil
Retomando os três aspectos para pensar
sobre o processo de alfabetização que se
inicia na EI, derivados das pesquisas de
Ferreiro e Teberosky

• As crianças pensam sobre a língua escrita e elaboram,


ativamente, conhecimentos na sua relação com esse objeto
da nossa cultura
• As crianças precisam descobrir que para escrever é
preciso prestar atenção aos sons das palavras que
pronunciamos
• As crianças precisam ter muitas oportunidades de escrever
como pensam (e de refletir sobre essa escrita a partir das
intervenções que podem e devem ser feitas pela professora)
Retomando o poema de José de Nicola,
as crianças precisam entender que a “palavra”
é riqueza de som e significado –
Texto 4 – Caderno do Criança Alfabetizada. p. 113

Palavras Entre ecos e outros trecos


José de é fácil encontrar a antiga
Nicola rima
Entre ecos e outros ímã
trecos percebo o brilho a unir palavras:
do ouro do flor, amor e dor
tesouro do olho natureza e
do piolho do risco beleza sol e
do corisco. girassol.
Entre ecos e outros trecos
Entre ecos e outros trecos descubro a palavra PALAVRA
entendo que quando se diz e em sua lavra
- CERTAMENTE - (riqueza de
na certa, também se som e
mente, não se cultiva a significado)
melhor semente. encontro sempre a
Mas ....
Para entender que a escrita representa a pauta
sonora das palavras, é importante desenvolver
a consciência fonológica.

E o que é “consciência
fonológica”?

Qual a diferença entre consciência fonológica


e consciência fonêmica?
Vamos fazer algumas atividades?
• Conte quantas sílabas tem a palavra

• Conte quantos fonemas tem a palavra

• Qual foi a atividade mais fácil?


• Quando vocês contaram os fonemas, vocês se apoiaram
nos sons da palavra ou nas letras que a compõem?
• Vamos brincar de dizer os nomes dos colegas
segmentando em sílabas? Vou começar!

• Vamos brincar de dizer os nomes dos colegas


segmentando em fonemas? Vou começar!

• Qual foi a atividade mais fácil?


• Identifique as figuras cujas palavras começam com a mesma
sílaba
• Identifique as figuras cujas palavras começam com o mesmo
fonema
• Identifique as figuras cujas palavras rimam

• Qual foi a atividade mais fácil?


• Qual foi a atividade mais
difícil?
Consciência fonológica: “grande
conjunto ou uma 'grande
constelação' de habilidades de
refletir sobre os
segmentos sonorospodem
Tais habilidades das palavras”.
variar
em
função da:

unidade sonora e operação que fazemos


da posição que ela quando refletimos
ocupa na palavra sobre tais unidades.
(MORAIS,
2012)

Sílaba Fonema Rima Contar


Identificar Produzir Comparar
segmentar , entre
outras
Algumas dessas habilidades podem ser
desenvolvidas desde a Educação
Infantil.

Porém, em relação às habilidades


envolvendo fonemas, sabemos
que ...
Os fonemas são representações abstratas,
segmentos sonoros não pronunciáveis e,
portanto, de difícil manipulação. (SOARES,
2016; MORAIS, 2019).

A capacidade de manipular fonemas,


diferentemente das sílabas e rimas é
desenvolvida de forma mais tardia. (SOARES,
2016; MORAIS, 2019).

Crianças brasileiras já alfabetizadas não


conseguem facilmente isolar/contar fonemas
(Morais, 2012, 2019)
Dessa forma, a consciência fonêmica, tratada como a
manipulação intencional dos fonemas nas palavras, não
é necessária para que a criança se alfabetize.
Com isso, o ensino explícito/transmissivo das relações
entre letras e sons não precisa ser realizado em turmas
de Educação Infantil e também do ciclo de
alfabetização.
Aprender o nome das letras e seus sons (como propõe o
método fônico) NÃO ajuda no processo de alfabetização!

Vejamos um exemplo de ensino explícito das relações


letra som:
https://youtu.be/pBsfpU9zWNI
Aprender de forma isolada o som (os sons)
de cada letra além de não ajudar no
processo de apropriação da escrita
alfabética, dependendo da situação (como a
da música), pode até atrapalhar.

Mais importante do que aprender a recitar de


cor o alfabeto, ou memorizar que o A é de
Abacaxi, o B de Bola, o C de Casa... é chamar a
atenção das crianças sobre as letras presentes
em diferentes palavras, em contextos
significativos.
Portanto, com relação ao ensino das letras, o
importante é propor atividades que façam as
crianças pensar sobre alguns princípios do SEA

• Escreve-se com letras, que não podem ser inventadas, que


têm um repertório finito e que são diferentes de números e
de outros símbolos.
• Uma letra pode se repetir no interior de uma palavra e em
diferentes palavras, ao mesmo tempo em que distintas
palavras compartilham as mesmas letras.
• As letras notam ou substituem a pauta sonora das palavras
que pronunciamos e nunca levam em conta as
características físicas ou funcionais dos referentes que
substituem.
• As letras notam segmentos sonoros menores que as sílabas
orais que pronunciamos.
Vejamos o relato de uma atividade realizada
pela professora Sandra Vasconvelos (CMEI
Paulo Rosas) – Texto 3, p. 105 do Caderno
Criança Alfabetizada
A professora Sandra estava sentada no chão numa roda com as crianças.
Ela segura um grande pote com cartões com nomes de cada uma,
escritos em letra bastão. Em um clima de brincadeira ela tirava um nome
do pote e entregava às crianças. Muitas ainda não conheciam seus
nomes. Quando cada criança já tinha o seu cartão na mão, ela foi
pedindo que cada uma delas mostrasse o seu e foi escrevendo uma lista
em uma folha grande que ao final seria colada em um suporte afixado na
parede. Enquanto escrevia, perguntava o nome da primeira letra e
destacava que essa letra também era a mesma letra de outros nomes da
sala. Por exemplo, ao escrever Liliane e Letícia, ela destacou para o grupo
que os dois nomes têm a mesma letra L. Nesse ponto, Miguel comenta
que também tem “L” no seu nome e acrescenta: “ELEFANTE, também
tem L!”.
O conhecimento do nome das letras do alfabeto
pode ajudar as crianças nas suas tentativas
iniciais de escrita na medida em que ela
estabelece certas conexões entre o nome da
letra e o som que quer representar (L de
ELEFANTE, como falou Miguel)

Desde a Educação Infantil vemos crianças


escrevendo palavras usando o nome das letras,
como GATO ou GALINHA iniciando com a letra H
(agá); ou escrevendo TAPETE das seguintes
formas: API, APE ou TAPTI.
Como desenvolver atividades
de análise fonológica e com
letras de forma significativa na
Educação Infantil?
LIVROS DE
LITERATUR
A

TEXTOS DA
JOGOS TRADIÇÃO ORAL
TEXTOS DA TRADIÇÃO
ORAL

TRAVA-
LÍNGUAS
PARLENDAS
CANTIGAS
Atividade

• Analisem a sequência de atividades extraída do Caderno


de atividades no 8 (2020), da Secretaria de Educação da
cidade do Recife, proposta para crianças do Grupo V.

• Quais atividades vocês mais gostaram? Por quê?


• Como essas atividades contribuem para o processo
de apropriação do sistema de escrita alfabética?
Vejamos uma sequência de atividades
com um texto da tradição oral
Atividade
s
Atividade
s
Atividade
s
Atividade
s
Atividade
s
Atividade
s
Atividade
s
Sobre o trabalho com textos
da tradição oral...
Araujo (2016) destaca que “uma vez memorizados para constituir
um repertório de brincadeiras, os textos da tradição oral são
privilegiados também para o reconhecimento de palavras, a
reflexão sobre a notação escrita e a relação entre a escrita e a
pauta sonora da língua”. (p. 2336)

A ênfase, inicialmente, deve ser na brincadeira e na


memorização da parlenda

Não faz sentido algum investir na interpretação de parlendas


ou trava-línguas.

Uma vez que o texto tenha sido vivenciado, muitas atividades


envolvendo letras e reflexão fonológica podem ser propostas.
JOGOS
Jogos de Alfabetização: Manual
didático e 10 jogos para você levar
para sala de aula

Autores: e
professores
pesquisadores
Acessível em: do CEEL
http://www.portalceel.com.br/pu

blicacoes/#ancora
Trabalho com jogos: BINGO DOS SONS
INICIAIS
Observação da professora Sandra Vasconcelos
conduzindo o jogo Bingo dos sons iniciais com o
Grupo 4 do CMEI Prof. Paulo Rosas (p. 127 e
128). senta no chão e explica as regras do jogo. As crianças nunca
A professora
haviam jogado com esse jogo e cada uma pega uma cartela. A professora
começa a chamar as palavras dizendo que elas devem encontrar na cartela
uma figura que comece com o mesmo som da palavra chamada por ela. As
crianças gostam muito do jogo. Algumas levam um tempinho maior para
entender a proposta. Por exemplo, quando Sandra chama a palavra CHULÉ,
a criança quer colocar o pino na figura de um SAPATO. Muitas também
precisam de um empurrãozinho, por exemplo, “olha aí tua cartela
direitinho, olha aí... eu chamei CHULÉ, vê se não tem uma figura que
começa com CHU” (havia o desenho de uma CHUPETA em uma das
cartelas). Uma criança em especial pedia sempre a fichinha com a palavra
que havia sido chamada pela professora e passava a ficha bem devagar ao
lado das palavras de sua cartela, comparando com muita atenção as letras
inicias da palavra chamada com as letras iniciais das palavras de sua cartela.
Observação da professora Sandra Vasconcelos
conduzindo o jogo Bingo dos sons iniciais com
o Grupo 4 do CMEI Prof. Paulo Rosas (p. 127 e
128). que o jogo vai avançando, duas crianças do grupo começam a
À medida
dizer novas palavras que não estão nas cartelas, mas que
começam com a mesma sílaba da palavra chamada. Por exemplo, a
professora chamou a palavra MELECA, que deveria combinar com a figura
de uma MEDALHA presente em uma das cartelas. Nesse ponto, uma
criança diz MEGERA, a professora diz: “isso mesmo, MEGERA e MELECA!”
(enfatizando a semelhança do som inicial). Sandra se espanta dele conhecer
essa palavra, e a criança diz sorrindo: “meu pai chama minha mãe de
megera...”
Nesse dia, o almoço atrasou no CMEI, e o Bingo de sons durou pouco mais
de uma hora. As crianças que iam batendo, seguiam para o banho, mas
quando voltavam, pegavam outra cartela e continuavam a jogar, mostrando
muito interesse e satisfação com a proposta.
Trabalho com jogos: CAÇA-
RIMAS
Trabalho com jogos: BATALHADE
PALAVRAS
Livros literários
Vocês conhecem o livro “Era uma vez o Gato xadrez”, de
Bia Villela? (Fazer a leitura do livro)

- Que atividades poderiam ser realizadas a partir da leitura desse


livro com crianças dos Grupos 4 e 5 da Educação Infantil?
Algumas possibilidades de atividades
apoiadas no livro “Era uma vez o gato
xadrez”

• Montar, com o alfabeto móvel, a palavra GATO


• Escrever a palavra Gato
• Brincar com as palavras que rimam
• Propor novas rimas com as diferentes cores do GATO
• Completar partes do texto
Atividade proposta pela profa. Rosângela
Veloso (Grupo 5, Escola Municipal 14 Bis),
extraído do texto 5, p. 149 do Caderno
Criança Alfabetizada
Ao perceber que as crianças se
divertiram com a história rimada do
gato xadrez, a professora elaborou
uma série de propostas de reflexão
sobre a escrita envolvendo o livro. A
palavra GATO terminou se tornando
uma palavra estável para o grupo,
servindo de referência para a escrita
de outras e ampliando o repertório
de nomes que as crianças sabiam
de cor.
Uma das atividades que a
professora propôs às crianças foi a
ficha ao lado.

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