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Os segmentos da fala
Importante ressaltar que os conceitos apresentados são óbvios para nós, adultos,
porém não são para as crianças. Por isso o ensino explícito e bem instruído é
importante. Se ninguém ensinar a criança não perceberá sozinha, ou levará muito
tempo para perceber o que é uma frase, palavra ou sílaba. E mesmo que saiba não
será capaz de dar os nomes corretos. Por isso é importante mostrar claramente. É
comum que após a exposição dos conceitos a criança ainda se confunda. Por exemplo,
ao pedir para ela contar as palavras da frase, ela começar a bater palmas e contar as
sílabas. Isso ocorre pois são conceitos novos, nesse caso basta retomar os conceitos e
orientará a fazer o correto. Agora chegamos no ponto alto da consciência fonológica,
que é a consciência fonêmica. Percebo muita confusão entre consciência fonológica e
fonêmica, é comum as pessoas pensarem que se tratam da mesma habilidade.
Enquanto a consciência fonológica refere-se as habilidades de manipular e identificar
os sons de todos os segmentos da fala, sendo eles, palavras, frases, sílabas e
fonemas, a consciência fonêmica é a habilidade de conscientizar a criança das
menores unidades constituintes de uma palavra, os fonemas, ou usualmente
chamado aqui de sons das letras. Dessa forma a criança é conduzida a perceber que
os fonemas têm identidades separadas em uma palavra e reconhecer e distingui-los
uns dos outros é essencial nessa etapa da consciência fonêmica. Então atenção,
consciência fonêmica não é apenas saber os sons das letras. Isso é o ponto de partida,
depois da consolidação do conhecimento dos sons das letras e a devida memorização,
a criança deve ser conduzida a identificar os sons na palavra. Inicialmente através da
identificação do fonema inicial e avançando até a análise e síntese de fonemas. Um
exemplo seria escolher objetos diversos e entre eles alguns que comecem com o
mesmo som e pedir para a criança selecioná-los a partir da identificação do som inicial.
Atividades orais também pode ser feitas, onde se retira um fone da palavra e pergunta
o que restou dela, por exemplo: com a palavra MALA, se retira o fonema M, o que
ficou? Assim como adição de fonema, por exemplo: na palavra ASA se adicionar o
fonema C, o que formou? CASA. Atenção para sempre evidenciar o som da letra, não
dizer o nome da letra, e orientar a criança a fazer o mesmo.
Por onde começar: Tem uma ordem para as atividades de consciência fonológica?
Naturalmente começamos com exposição a rimas e aliterações com o apoio de leituras
em voz alta, sabendo dessa necessidade agora voltamos a leitura mais específicas,
como parlendas, poesias, estratégias para chamar atenção as palavras rimadas. Você
percebeu que a estrutura da linguagem é composta por frases e palavras, sílabas e
fonemas. Dessa forma uma alternativa é trabalhar com a conscientização dessas
habilidades progressivamente. Mas perceba que tudo pode estar envolvido. Uma vez
que serão apresentados os conceitos de frases e palavras, as sílabas já podem ser
apresentadas também. Atividades simultâneas podem ser realizadas. Assim como a
base da consciência fonêmica, que são os sons das letras, pode começar desde
sempre. Ou seja, a organização dependerá do educador.
Por onde começar: qual habilidade a criança desenvolve primeiro? Por ser mais óbvio,
a criança desenvolve primeiro as rimas e aliterações, também por estar exposta a
esses temas mais frequentemente. Jenkins e Bowen (1994) citaram que há crianças
que a consciência de sílabas se firmará antes e outras que será a palavra. Mas o
consenso geral é que a consciência fonêmica é a última habilidade a surgir.
Nesse momento também apresento as sílabas? Não, quando fala-se sobre consciência
de sílabas é permitir que a criança perceba que as palavras são formadas pelas sílabas.
Mas não deve-se apresentar as formações das sílabas, as conhecidas famílias silábicas.
Essa apresentação é feita na alfabetização.
Para crianças acima de 7/8 anos como fazer? Não se trata de uma questão de idade,
mas de habilidade, sempre repito essa frase. Ou seja, sabendo-se que o melhor
caminho para preparar a criança para a alfabetização é a consciência fonológica, logo
se uma criança não tem essas habilidades consolidadas é preciso identificar o que é
deficiente e reforçar. Tal como se fosse feito com uma criança em idade habitual da
pré-alfabetização, entre 4 e 5 anos.
Referências
Seabra e Capovilla. 2010. Alfabetização: método fônico. São Paulos, SP: Memnom,
FAPESP.
Wimmer, H.; Landerl, K.; Linortner, R.; Hummer, P. 1991. The relationship of phonemic
awareness to reading acquisition: more consequence than precondition but still
important. Cognition, 40, 219-249.